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TCC BPC Kelly

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6
50
Sistema de Ensino Presencial Conectado
SERVIÇO SOCIAL
KELLY SOARES DIAS
O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL FRENTE AO BPC
CRUZ DAS ALMAS - BAHIA
2018
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.
Orientador:
KELLY SOARES DIAS
CRUZ DAS ALMAS - BAHIA
2018
ADRIANA CIPÓ
O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL FRENTE AO BPC
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.
Orientador:
agradecimentos
Gostaria de agradecer primeiramente a Deus que nos dias de lágrimas ele enxugou e fez meu coração se acalmar. Obrigado ao meu irmão querido Cleber Soares por ser tão companheiro mesmo distante.
 Sou grata a minha orientadora Ana Mércia que contribuiu com minha trajetória acadêmica 
O meu muito obrigado a minha orientadora de estágio Laís Silveira por exigir de mim muito mais do que eu imaginava ser capaz de fazer. Manifesto minha gratidão eterna por compartilhar seu tempo sabedoria e suas experiências "saudades das nossas terças feiras".
Infinitamente grata ao meu marido Maílson e minha filha Lara Beatriz que me apoiaram em todos os momentos, souberam compreender quando eu não podia estar presente,
Amo vocês.
E agradeço imensamente a minha irmã Carmem soares que apoiou o tempo todo, sendo minha fonte de inspiração.
Agradeço a Deus e a todos que contribuíram diretamente ou indiretamente para realização desse sonho.
Dias, Kelly Soares. O Papel do Assistente Social Frente ao BPC. 2018. -- fls.50 Trabalho de conclusão de curso em serviço social – centro de ciências empresariais e sociais aplicadas, universidade norte do Paraná, cruz das almas - Bahia, 2018.
RESUMO
Este trabalho apresenta uma análise da atuação do Assistente Social destacando sua contribuição na concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), tendo em vista os limites e possibilidades contemporâneas postos à intervenção deste profissional. Nas lutas por transformações da assistência social em política pública, merece destaque o Benefício de Prestação Continuada (BPC), instituído pela Constituição Federal de 1988, regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) de 1993, tendo sua implantação iniciada em 1996. Trata-se de benefício de caráter temporário, equivalente a 1 (um) salário mínimo, destinado às pessoas com deficiência e comprovada incapacidade para a vida independente e para o trabalho, assim como para os idosos acima de 65 anos, cuja renda familiar per capita seja inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo vigente. A pesquisa que deu suporte a presente dissertação, tem como objetivo Compreender e Identificar os desafios postos ao Assistente Social frente ao BPC, tratando-se de pesquisa qualitativa, cujo percurso metodológico incluiu revisão bibliográfica, pesquisa de fontes documentais. 
Palavras-chave: Assistente Social; Benefício da Prestação Continuada (BPC); Política Pública; deficiência e Idosos.
Days, Kelly Soares. The Role of the Social Worker Faced with the BPC. 2018. - fls.50 Graduation work in social service - center of applied social and business sciences, university north of Paraná, cross of souls - Bahia, 2018.
ABSTRACT
This paper presents an analysis of the social worker acting highlighting its contribution to the grant of the Continuous Cash Benefit (BPC), in view of the limits and contemporary possibilities offered for intervention of this professional. In the struggle for transformation of social care in public policy, we should note the Continuous Cash Benefit (BPC), established by the 1988 Federal Constitution, regulated by the Organic Law of Social Assistance (LOAS) 1993 and its implementation started in 1996. It If the temporary benefit, equivalent to one (1) minimum wage for persons with disabilities and proven inability for independent life and work, as well as for seniors over 65, whose per capita income is less than ¼ (one quarter) of the minimum wage. The research that supports this thesis, aims to understand and identify the challenges posed to Social opposite the BPC Wizard, in the case of qualitative research, whose methodological approach included a literature review, research documentary sources.
Keywords: Social Worker; Benefit of Continuing Provision (BPC); Public policy; disabled and elderly.
	
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO..........................................................................................................7
CAPITULO I A EFETIVAÇÃO DO BPC E A LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL......................................................................................................................10
1.1 O BPC e seus critérios de acesso........................................................................14
CAPITULO II O BPC E SUA INTERFACE COM AS POLÍTICAS DE PREVIDÊNCIA E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL...................................................................................20
2.1 A Política Nacional De Assistência Social- PNAS................................................26
2.2 O papel do assistente social junto aos beneficiários do benefício de prestação continuada..................................................................................................................31
CAPITULO III AVALIAÇÃO SOCIAL: UMA NOVA FORMA DE RECONHECER A PROTEÇÃO SOCIAL ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA.......................................35
3.1 Os conceitos de deficiência e de incapacidade para o BPC................................40
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................45
6. REFERÊNCIAS......................................................................................................48
7
7
36
36
1. INTRODUÇÃO
Portanto o BPC veio preencher uma importante lacuna na proteção social brasileira ao garantir uma segurança de renda– essencial para a melhoria das condições de vida dos idosos e pessoas com deficiência. Essa segurança tem influenciado na redução da pobreza, na melhoria da qualidade de vida e independência dos beneficiários. Ainda assim, é preciso ampliar as condições para que as pessoas com deficiência tenham acesso a outras políticas públicas, adquiram autonomia e possam exercitar a cidadania. O BPC possui grande relevância na esfera da proteção social, tendo em vista que vivemos em uma sociedade cuja dimensão da cidadania sempre se deu pela via da inserção no mercado de trabalho, tarefa bastante difícil, quando não inviável, para pessoas com impedimentos corporais, as quais, muitas vezes, não possuem meios para suprir nem mesmo suas necessidades básicas.
O Benefício de Prestação Continuada - BPC é um direito constitucional que garante 1 (um) salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de garantir a própria manutenção e tê-la provida por suas famílias. Ele integra a Proteção Social Básica no âmbito do Sistema Único de Assistência Social – SUAS e visa ao enfrentamento da pobreza, à garantia da proteção social, ao provimento de condições para atender contingências sociais e à universalização dos direitos sociais. Porém vários são os pontos polêmicos da LOAS/1993,como o artigo 20,parágrafo 6º,ao afirmar que a concessão do benefício ficará sujeita a exame médico pericial e laudo realizados pelos serviços de perícia médica do INSS. As maiores controvérsias de elegibilidade do BPC dizem respeito à avaliação do que seja incapacidade para a vida independente das pessoas com deficiência requentes do benefício assistencial (MEDEIROS ET AL, 2006; SQUINCA, 2007; BRASIL, 2007 c). Pesquisas revelam que os médicos-perito responsáveis pela avaliação pericial das pessoas com deficiência possuem critérios diversificados para avaliar a elegibilidade dela ao benefício (DINIZ et. AL, 2007; MEDEIROS et. AL, 2006). Essa constataçãodos pesquisadores aponta para ausência de critérios objetivos na legislação, o que relega a responsabilidade de definir tais critérios somente às práticas individualizadas dos médicos-perito.
Este trabalho tem como objeto a análise do Benefício de Prestação Continuada – BPC, como direito adquirido pela pessoa idosa e pela pessoa portadora de deficiência.
Este trabalho justifica-se pela contribuição significativa para que se possa colocar em prática o que foi estudado no decorrer da vida acadêmica permitindo uma visão diversificada entre o pessoal e o profissional, visto que, há o interesse desse estudo pela sua relevância, pois o tema da pesquisa ainda é pouco debatido no cenário acadêmico por se tratar de uma temática com bibliografia escassa. Através desta pesquisa pretende-se fazer uma discussão entre o projeto ético-político do Serviço Social e a ação profissional através de um novo instrumento construído em resposta às demandas de Setores da Sociedade permitindo construir um debate sobre a importância da participação da sociedade civil nas decisões sobre as políticas Públicas.
À vontade para a elaboração deste projeto de pesquisa se deu no campo de estágio, quando no cotidiano permitiu-me vivenciar o sofrimento de pessoas com deficiência e muitos deles sem a proteção previdenciária. E percebo que muitos desconhecem alguns direitos ou confundem constantemente com aposentadoria, onde muitos vivem sem nenhuma condição adequada de uma vida digna e sem nenhuma renda, inclusive desconhecem o direito adquirido na Constituição federal, Benefício de Prestação Continuada – BPC é um direito constitucional para idosos e para pessoas com deficiência, regulamentado pela Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS, nº 8.742/93, e o Decreto nº 1.744/95.
Esta pesquisa fundamenta-se, por um estudo de revisão bibliográfica. O critério utilizado para realização desta pesquisa foi, a busca do referencial teórico através da consulta e leitura de artigos científicos, livros relacionados à definição do tema escolhido dentro do contexto do Sistema Único da Assistência Social – SUS, manuais, sites, bibliotecas virtuais, revistas científicas, principalmente as legislações que autenticam o referido beneficio. O trabalho tem cunho descritivo em função da busca pela relação entre variáveis, desenvolveu-se esta pesquisa a luz do referencial qualitativo, que se propõe a uma compreensão particular e profunda dos fenômenos sociais em questão. Mais especificamente, nossa proposta foi trabalhar de acordo com os pressupostos da pesquisa social, onde se referem aspectos do desenvolvimento e da dinâmica social assim como preocupações e interesses de classes e de grupos determinados (MINAYO, 1993 c).
A pesquisa sobre o papel do assistente social frente ao BPC será realizada com a intenção de verificar compreender a importância de responder as duvidas frequentes de como funciona, quem tem direito, o que o Assistente Social propicia aos requerentes e qual o trabalho que é desenvolvido com os requerentes do beneficio. Através de pesquisas realizadas no campo de estágio e no decorrer dos estudos nestes quatro anos de faculdade, observaram-se várias mudanças nos critérios ao BPC que é o único benefício assistencial previsto na CF/1988 e para onde é destinada a maior parte dos recursos do FNAS. (BOSCHETTI e SALVADOR, 2006). Diante dessa nova e importante atribuição profissional no INSS, bem como a incipiente produção de conhecimento sobre o processo de avaliação social, surgiu o interesse em estudar como se dá esse processo que é realizado pelo serviço social do INSS.
CAPITULO I 
EFETIVAÇÃO DO BENEFICIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA E A LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
O Beneficio de Prestação Continuada é um direito constitucional assegurado a todos os idosos com sessenta e cinco anos ou mais, e a toda pessoa com algum tipo de deficiência que o impossibilite para o trabalho. A instituição do BPC foi realizada pela Constituição Federal de 1988 (CF/1988), artigo 203, inciso V, regulamentada em 1993 pela Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS (Lei n° 8.742, de 07 de dezembro de 1993). O Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social – BPC, Assegurado pela Constituição Federal de 1988, garante a transferência mensalde 1 salário mínimo ao idoso, com 65 anos ou mais, e à pessoa com deficiência incapacitada para a vida independente e para o trabalho, que nem de tê-la provida por sua família.
O BPC é um benefício individual, não vitalício e intransferível, que integra a Proteção Social Básica no âmbito do Sistema Único de Assistência Social – SUAS. É um direito de cidadania assegurado pela proteção social não contributiva da Seguridade Social. Para acessar o BPC, não é necessário que o beneficiário já tenha contribuído para a Previdência Social. O BPC é coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS e operacionalizado pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS. O benefício foi regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, Lei nº 8.742/93 e pelos Decretos nº 6.214/2007 e nº 6.564/2008.
Ele surge constituindo-se em um direito básico da assistência social que prevê a garantia de um salário mínimo mensal, sem nenhuma exigência de contribuição, como é definido na Constituição Federal “A assistência social é um direito social, será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social (BRASIL, 1988), a todas as pessoas com deficiência impossibilitadas para o trabalho e aos idosos que comprovem ter sessenta e cinco anos ou mais e que não estejam vinculados a nenhum beneficio previdenciário e cuja renda familiar não ultrapasse ¼ do salário mínimo por pessoa”. É importante fazer essa ressalva, visto que a excessiva seletividade deste benefício, somada à forma como o Serviço Social se inseriu na Previdência, implica limites à atuação do Assistente Social na concessão do BPC.
A constituição de 1988 é formulada, introduzindo no contexto histórico da sociedade brasileira profundas modificações no campo social e da cidadania. A Assistência Social conta com uma lei própria denominada de LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social), de 7 de Dezembro de 1993, trazendo para a sociedade a questão da Assistência Social evidenciando a proposta globalizada que assume na atualidade, haja vista que passa atuar nas três esferas de governo de forma articulada, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera Federal, e a coordenação e execução dos benefícios, serviços, programas e projetos aos Estados, municípios em suas respectivas esferas e Distrito Federal. 
Á luz desta questão, colocar para o debate a trajetória da Assistência Social como política pública é de fundamental importância, haja vista que é discutindo o seu conjunto contraditório que podemos vislumbrar a conquista da cidadania. Entretanto a LOAS consolida-se na sociedade brasileira a partir da necessidade da população em garantir seu espaço no contexto político-social. É neste bojo que a LOAS aparece como instrumento da conquista dos direitos sociais, porém inscrita dentro de um projeto político, determinado pela classe dominante que usa a justiça para demonstrar o tom democrático da sociedade capitalista. 
Além disso, priorizam os segmentos (idosos, portadores de necessidades especiais, crianças e adolescentes, desempregados de longa duração), esta lei busca construir um sistema de proteção social, voltado para as exclusões sociais garantindoassim a cidadania e fazendo da assistência social uma política de equidade, já que relega ao Estado a responsabilidade da garantia dos direitos sociais, bem como chama a atenção da sociedade como um todo, para a discussão em torno dos direitos de cidadania.
Seguindo a mesma linha de raciocínio a responsabilidade da parcela marginalizada está em reconhecer-se enquanto cidadãos de direitos que embora dentro da perspectiva de exclusão e opressão imposta pelo Estado e classe dominante há sempre o contraditório que permite aos subalternos se oporem ao projeto dominanteda classe burguesa. Portanto o benefício de prestação continuada se inscreve na perspectiva da garantia dos mínimos sociais, entretanto necessita ser avaliado em seu conjunto, tendo em vista as muitas dificuldades enfrentadas pelos requerentes deste benefício. Nesse sentido o Assistente Social em âmbito previdenciário desenvolve um trabalho frente à demanda usuária em geral, contribuindo para o acesso aos serviços disponíveis através de atividades como a socialização das informações previdenciárias, o fortalecimento do coletivo, assessoria, entre outras. Além disso, atua com sua demanda específica e na avaliação do BPC. 
O BPC, regulamentado após a aprovação da LOAS (Lei 8.742/93), assegurou em seus artigos 20 e 21 “a garantia de 1 (um) salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 70 (setenta) anos ou mais e que comprovem não possuir meios de prover sua própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família” (BRASIL, 1993). Porém, em 2004 com a aprovação do Estatuto do Idoso (Lei 10.741) em seu artigo 34 modificou o critério de concessão, passando de 70 (setenta) para 65 (sessenta e cinco) anos a idade mínima para a contemplação do beneficio. É um benefício assistencial, não contributivo, de um salário mínimo, Pago mensalmente a pessoas idosas de 65 anos ou mais e pessoas com deficiência, incapacitadas para a vida independente e para o trabalho. Em ambos os casos, devem pertencer a famílias com renda mensal inferior a ¼ do salário mínimo por pessoa. (BRASIL, LOAS, 1993).
Apesar de a sua concepção estar contida na Constituição Federal de 1988 e da sua regulamentação na LOAS de 1993, o BPC só foi implementado em janeiro de 1996, complementado e retificado pelo Decreto Federal n° 1.744, de 08 de dezembro de 1995, pela Medida Provisória n° 1.426/1996, posteriormente Lei n° 9.720, de 30 de novembro de 1998. Hoje, o BPC está regulamentado pelos Decretos n° 6.214, de 26 de setembro de 2007, e n° 6.564, de 12 de setembro de 2008. O BPC substituiu a Renda Mensal Vitalícia (RMV) que, no âmbito da previdência social, concedeu entre 1975 e 1996 uma renda a pessoas idosas e com deficiência que comprovassem sua incapacidade avaliada.
É entendida pessoa portadora de deficiência e incapacitada para a vida independente e para o trabalho, em razão das anomalias ou lesões irreversíveis quando o indivíduo com deficiência tiver possibilidade de reabilitação, o benefício será permitido durante a natureza hereditária, congênita ou adquirida que impeçam o desenvolvimento das atividades da vida diária e do trabalho (MARTINS de, 2001). O processo de reabilitação, ou habilitação, de caráter obrigatório, sendoque sua interrupção ocasionará o cancelamento do beneficio. Incapaz para a vida independente e para o trabalho é aquele que não pode se sustentar, necessitando do auxílio ou atenção de terceiro para a execução de tarefas que lhe exija maior esforço. Enfim, o conceito de vida independente não significa situação de prostração física que impeça por completo o deficiente de se locomover e realizar as atividades elementares do dia-a-dia (v. g. asseio pessoal, vestir-se e comer). Não será independente aquele que para gerir satisfatoriamente sua vida dependa, em razoável grau, da assistência de outrem (MIRANDA, 2007, p. 277).
Também encontra amparo legal na Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003, que institui o Estatuto do Idoso. O benefício é gerido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), a quem compete sua gestão, acompanhamento e avaliação. Ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), compete a sua operacionalização. Os recursos para custeio do BPC provêm do Fundo Nacional de Assistência Social. Sendo assim é possível afirmar que o perfil dos beneficiários do BPC é representado por indivíduos que não participam ativamente das relações econômicas e não contribuem produtivamente para a sociedade. Por conseguinte, vale ressaltar que este programa possui caráter assistencialista e visa compensar a situação de incapacidade dos indivíduos para o trabalho associada a situação de pobreza.
O grau de deficiência e o nível de incapacidade para a vida independente e o trabalho, são avaliados pela perícia médica do INSS. O BPC é intransferível, não gera pensão e não dá direito ao 13º como ocorre nos benefícios previdenciários.
Pode ser cancelado, se a condição que deu início ao recebimento do benefício for superada, ou seja, a condição financeira ou a de deficiência. Para tanto, os beneficiários passam a cada dois anos por uma revisão para atestar a pertinência entre as condições de vida atuais do beneficiário e aquela quando do início da concessão do benefício.
1.1 O Benefício de Prestação Continuada e seus critérios de acesso
Como já foi mencionado o BPC é o primeiro mínimo social não contributivo garantido a idosos e deficientes brasileiros. Considerado dispositivo de proteção social, visa garantir um valor básico de renda às pessoas com deficiência consideradas incapacitadas para a vida independente e para o trabalho e às pessoas idosas acima de 65 anos de idade, cuja renda familiar mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.O BPC (Beneficio de Prestação continuada) é um beneficio pago pelo Governo Federal e assegurado por lei, que permite o acesso de idosos e pessoas com deficiência às condições mínimas de uma vida digna.
Por ser operacionalizado pelo INSS, o BPC teve uma trajetória inicial apartada da assistência social e desarticulada das demais ações, experimentando um distanciamento do ponto de vista da condução da política, sem visibilidade e sem sua apropriação. Não é sem razão que se confunde o BPC com a aposentadoria previdenciária, confusão feita tanto por beneficiários como pela sociedade em geral.
O idoso ou a pessoa com deficiência que se encaixarem nos critérios exigidos pela lei deve apresentar ao INSS os seguintes documentos: 
· Identidade do requerente e de todas as pessoas do núcleo familiar; 
· Declaração da composiçãoe da renda familiar;
· Documentação legal, quando se trata de procuração, guarda tutela ou curatela ou situações de casamento, separação, divórcio ou similares;
· Comprovação da renda; 
São considerados como grupo familiar, desde que vivam sob o mesmo teto: 
· O requerente, o pai, a mãe e os irmãos menores de 21 anos ou inválidos; 
· O requerente, a esposa (o) e os filhos menores de 21 anos ou inválidos; 
E os equiparados legalmente a estas condições.
Depois da avaliação ele terá direito a 01 (um) salário mínimo por mês os requisitos para os deficientes são:
· Não possuir atividade remunerada;
· Renda mensal familiar inferior a ¼ do salário mínimo;
· Não estar recebendo beneficio do INSS;
· Comprovar, por laudo do SUS ou INSS, incapacidade para vida independente e para o trabalho.
O CRAS também pode ser um local de partida para o encaminhamento do BPC. A Assistente Social dará as orientações no sentido de que o requerente providencie os documentos acima citados, bem como no caso de pessoa com deficiência um formulário onde o médico da família fará um laudo comprovando a deficiência da pessoa. A profissional após receber e conferir a documentação exigida fará o encaminhamento para o INSS.
Regulamentado atualmente pelos Decretos nº 6.214 de 26 de setembro de 2007 e nº 6. 564 de 12 de setembro de 2008 substituiu a Renda Mensal Vitalícia (RMV) que, no âmbito da Previdência, concedeu, entre 1975 e 1996, uma renda a pessoas idosas e com deficiência que comprovassem sua incapacidade para o trabalho. Dentre as iniciativas para imprimir um novo modo de conceber e gerir o BPC, o advento do Sistema Único de Assistência Social foi fundamental e, comesse, a nova Política Nacional de Assistência Social - PNAS/2004 e a Norma Operacional Básica - NOB/SUAS/2005, vislumbrando o lugar do BPC. Devido à sua natureza e grau de complexidade, o BPC passou a integrar o conjunto de ações da Proteção Social Básica que é a modalidade de atendimento, prevista na PNAS, destinada à população que vive em situação de vulnerabilidade social, decorrente de pobreza,privação ou fragilização de vínculos. Conforme Gomes (2005, p.61).
O BPC encontra sua identidade na proteção básica, pois visa garantir aos seus beneficiários o direito à convivência familiar e comunitária, bem como o trabalho social com suas famílias, contribuindo para o atendimento de suas necessidades e para o desenvolvimento de suas capacidades e de sua autonomia. (GOMES 2005, p.61).Entretanto, nem mesmo o advento da criação e implementação da Política Nacional e do SUAS alterou o “desvirtuamento” que sofreu o benefício desde sua regulamentação, diminuindo seu potencial de proteção social. Desde o início de sua concessão, há 15 anos, o acesso a esse benefício é submetido à forte seletividade de meios comprobatórios que vão além da manifesta necessidade, conforme o disposto na constituição. Contribui para isso a operacionalização desse benefício pelo INSS, que submete o acesso a um direito de cidadania a uma burocracia treinada para funcionar sob a lógica do seguro, retirando sua essência de direito e considerando-o ajuda, sendo, inclusive, denominado por este instituto de Amparo Assistencial.
Em relação ao critério de renda, a LOAS estabelece: “Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo”. (Art. 20 Parágrafo 3º) Considera-se incapaz de prover à manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1\4 do salário mínimo. Essa definição vai ao extremo da seletividade quando considera como capaz para manter uma pessoa com deficiência ou um idoso, a família em que cada um de seus membros sobreviva com um quarto do salário mínimo. Esse critério fica ainda mais perverso se levado em consideração que o público alvo deste benefício, geralmente, possui necessidades que demandam o emprego de recursos financeiros adicionais para a sua manutenção como, por exemplo, gastos com tratamento e medicação decorrentes de sua própria condição.
Dessa forma, o princípio que rege o benefício está fundado na lógica da exclusão social ao supor que uma família possa viver com um salário mínimo para suprir as situações de vulnerabilidade decorrentes da fase da vida, bem como cobrir despesas para a inserção da pessoa com deficiência em programas de habilitação e reabilitação, frente aos escassos serviços públicos de atendimento. É notório o salário mínimo brasileiro mal consegue prover as necessidades de alimentação de uma família composta de quatro pessoas, em média, deixando descobertas outras despesas necessárias para a manutenção da sobrevivência. Para contabilizar os rendimentos, o BPC não considera como membros da família os irmãos e filhos maiores de 21 anos, sogros, avós, netos e outros parentes dos beneficiários, desconsideração que não encontra respaldo legal nos princípios que regulam a assistência social no Brasil.
Na análise de Medeiros (2010, p. 116), Em nenhum caso a família do BPC é definida estritamente segundo a lógica da identificação da unidade de consumo. Na verdade, o BPC replica o conceito de família usado no sistema previdenciário, embora este tenha propósitos totalmente distintos: o objetivo principal do conceito previdenciário é identificar dependentes dos segurados e uma linha sucessória para a concessão de pensões no caso de falecimento de aposentados, ao passo que o BPC deve estimar a capacidade de uma família de prover a manutenção de seus membros, conforme determina a Constituição Federal.
Da mesma forma, entre as várias metodologias existentes no tratamento da pobreza, observa-se, não somente no caso do BPC, mas em quase todos os programas federais de transferência de renda atuais, a clara opção por uma das mais restritas definições de pobreza, que elege a renda como única variável, e principal sinalizador das condições de acesso a bens e serviços indispensáveis à manutenção de suas vidas.
Ainda em relação ao critério de renda, para ser incluído o requerente precisa passar pelo que Sposati (2008) chamou de dupla vitimização, pois submete o seu acesso à condição econômica da família e não a do cidadão individualmente considerado. Ou seja, antes de o Estado atuar, ele se certifica se o de mandatário não pode ser sustentado por outrem, tornando-se subsidiário nessa responsabilidade que, por imposição constitucional, é primeiramente sua. Segundo Penalva (2010), a exigência de comprovação da pobreza familiar, e não apenas da limitação da autonomia econômica individual, ocasionada pelo impedimento físico ou mental para a vida independente e para o trabalho, já atestada pela perícia médica, desloca o benefício do campo dos direitos individuais e o aproxima de uma política de transferência de renda familiar.
Muito embora o beneficiário do BPC seja a pessoa com deficiência, o critério de renda, ao exigir os rendimentos da família, pressupõe que o Estado somente deva reconhecer o direito ao benefício no caso de a família não ser capaz de garantir a sobrevivência dessa pessoa, tornando-se subsidiário nesta responsabilidade. Com relação à idade da pessoa idosa, vale lembrar que com o aparecimento da Lei nº 10.741/03 (Estatuto do Idoso), a idade mínima para o recebimento do benefício, passou de 70 (setenta) para 65 (sessenta e cinco) anos, ou seja, conforme o art. 34, do Estatuto, o benefício será devido aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover seu próprio sustento, nem de tê-la provida por sua família. 
Nas palavras de Martins (2009, p. 489), o benefício assistencial. Trata-se de um benefício de trato continuado, que é devido mensal e sucessivamente. São beneficiários desse direito os idosos ou os deficientes que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. O beneficiário não precisa ter contribuído para a Seguridade Social, desde que não tenha outra fonte de renda. Sposati (2008, p. 80) comenta que: A comprovação da idade não acarreta grandes dificuldades. Já com relação à prova da deficiência, a Lei nº 8.742/93 e o decreto que a regulamentou fixaram que o interessado será submetido a uma nova avaliação por equipe médica, da qual deverá resultar um laudo, que será o documento comprobatório da deficiência. 
Vale ressaltar que o Estatuto do Idoso ainda passou a permitir que, no cálculo da renda per capita para o acesso da pessoa idosa, não seja considerado o valor do benefício já concedido à outra pessoa idosa da mesma família.
No caso das pessoas com deficiência, a restrição se assevera ainda mais, tendo em vista que, além de comprovar estarem dentro do critério de renda, os requerentes precisam comprovar também a incapacidade para a vida independente e para o trabalho, o que até maio de 2009 era comprovado através de uma perícia médica realizada pelo INSS.
Para fraseando Diniz (2007), é neste contexto desafiante, de uma política de transferência de renda para uma população em situação extremamente pobre, que este novo modelo de avaliação começou a ser operacionalizado com o importante papel de contribuir para um sistema mais uniforme e justo de seleção, que não prescinde ser continuamente revisto e aprimorado. Tais critérios de acesso indicam que o BPC tem caráter seletivo e focalizado nas pessoas absolutamente incapazes de prover sua subsistência, e se encontram em situação de vulnerabilidade social praticamente irreversível (GOMES, 2011). Essa autora citada destaca, ainda, que o BPC apresenta distorções no que tange sua qualidade de direito, pois não é prestado a todos que dele necessitam, alcançando somente aqueles que vivem abaixo da linha de indigência.
Em razão disso, Pereira, citada por Silva (2010) acrescenta, ainda, que o rigoroso critério de elegibilidade associado à inexistência de articulação com outros programas e serviços, acaba por privilegiar o seu caráter emergencial, constituindo-se numa “armadilha da pobreza” e, perversamente, reforço das desigualdades sociais. Santos (2010) concorda com Pereira, ao afirmar queas políticas de proteção social somente atacam as manifestações da pobreza e que não seria objetivo do Estado acabar, estruturalmente, as desigualdades, mas apenas desenvolver ações destinadas a amenizar seus impactos. Por tudo isso, o BPC é um direito que, na sua materialização, apresenta-se aprisionado, contido, encerrado pelos imperativos do comando da ideologia neoliberal. (GOMES, 2011, P.216).Conforme o MDS (2010), o BPC foi destinado a 346.219 idosos e pessoas com deficiência em 1996, ano de sua implantação. Em maio de 2010, o número de beneficiários aumentou aproximadamente 842% em comparação a todo o ano de 1996, sendo destinado a mais de 3,2 milhões de pessoas no Brasil. 
CAPITULO II O BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA E SUA INTERFACE COM AS POLÍTICAS DE PREVIDÊNCIA E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
A discussão da interface entre as políticas de Previdência e de Assistência Social, quando se busca analisar a implementação do Benefício de Prestação Continuada, requer reconhecê-las como políticas sociais, que compõem o tripé da Seguridade Social, junto com a política de Saúde, e que visam, através da intersetorialidade, garantir um sistema de proteção social universal e de qualidade.
O resgate do movimento da Seguridade Social brasileiro, principalmente, a partir da década de 1990, permite constatar a tentativa de redefinir o modelo de Seguridade, proposto pela Constituição Federal, de 1988, segundo imposições e ditames neoliberais. Nesse sentido, observam-se grandes ajustes nas políticas que compõem a Seguridade e a grande dificuldade de garantir a intersetorialidade entre as políticas, em prol do exercício da cidadania.
O BPC possui orçamento definido e regras próprias, contribuindo para a garantia e ampliação da proteção social, em forma de renda básica, pois, conforme preconizam os preceitos legais, “a assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade para garantir o atendimento às necessidades básicas” (LOAS, art.1º). A efetivação da assistência social, enquanto política de seguridade social de responsabilidade do Estado é o reconhecimento do direito, da cidadania e da negação da assistência social como uma dádiva. 
Apesar desse perfilhamento legal, ainda percebe-se a permanência da cultura do favor. Embora a legislação traduza um momento de afirmação e reconhecimento do direito, a prática traz à tona a força ideológica que submete a população à benesse. Assim, a regulamentação da assistência social em forma de lei e a ação responsável do poder público afirmam a importância de existir mecanismos de proteção legal contrapondo-se às ações voluntaristas. Contudo, o reconhecimento jurídico não significa a efetivação dos direitos.
A morosidade na regulamentação inicial, critérios restritivos e a desinformação tornaram-se os principais entraves de acesso aos direitos, dificultando a conquista da cidadania. Ressalte-se que o BPC foi regulamentado somente com o Decreto nº 1.744, de 5 de dezembro de 1995. Mediante a Orientação Normativa/INSS nº 14, de 22 de dezembro de 1995, disciplinaram-se as rotinas operacionais quanto ao requerimento, concessão e manutenção desse benefício. O BPC passa a ser realidade a partir de 1º de janeiro de 1996, oito anos após a promulgação da Constituição.
Acreditava-se que a introdução do modelo de Seguridade Social, no cenário brasileiro, viria permitir que um maior número de cidadãos tivesse acesso aos sistemas de proteção social e, consequentemente, que eles tivessem seus direitos de cidadania garantidos. Buscava-se, por meio de um modelo de proteção social mais democrático, romper tanto com o contrato formal de trabalho, para a garantia do acesso universal aos serviços, quanto com a ideia de que as ações assistenciais seriam baseadas em méritos individuais e realizadas com caráter filantrópico. Infelizmente, esse modelo democrático não conseguiu consolidar-se, em nosso país. Com a ofensiva neoliberal, o que se presenciou foi um desmonte desse aparato público de proteção social, diante de um crescimento da privatização e da mercantilização dos serviços sociais.
Como exemplos claros desse processo, podemos apontar as reformas da previdência e a grande focalização das ações assistenciais nos grupos mais vulnerabilizados, o que desqualifica o que havia sido definido pela Constituição, ou seja, políticas assistenciais destinadas a quem delas necessitar.
As análises até agora realizadas, neste trabalho, apontam que as políticas sociais representam um instrumento de neutralização da organização trabalhista. Com o neoliberalismo, a área de prestação dos serviços sociais passa a representar, segundo Iamamoto (1992, p.83), ”um campo de investimento do capital ou meio de obtenção de vantagens fiscais, fazendo com que a qualidade do serviço seja subordinada aos requisitos de rentabilidade das empresas que atuam no campo”.
De fato, observa-se que os serviços tendem a ser mercantilizados, perdendo seu caráter de direito e transformando-se em mercadoria. Além disso, o processo de privatização das estatais, que representam importantes financiadores de políticas sociais, dentro da sociedade civil, acaba dificultando a consolidação de serviços de qualidade, devido à submissão ao capital estrangeiro.
Em nosso atual contexto, marcado por grandes reformas nas políticas de proteção social, as análises de Mota (2004) demonstram que as políticas de Previdência e de Assistência Social não realizam a intersetorialidade de suas ações e: [...] passaram a constituir uma unidade contraditória (a negação de um sistema único de previdência social publica é, ao mesmo tempo, a base para afirmação de um sistema único de assistência social) no processo de constituição da seguridade social brasileira. (MOTA, 2004, p. 9).
Acredita-se que essa afirmação possa ser explicada pelo fato de que as grandes reformas, no sistema previdenciário brasileiro, e, principalmente, o incentivo ao crescimento da previdência privada, via fundos de pensão, tende a aumentar o número de cidadãos desprotegidos por aquele sistema. Nesse sentido, observa-se o aumento dos cidadãos merecedores da assistência social. Diante do exposto, a Assistência Social aparece como um instrumento fundamental para o desenvolvimento social e humano, em nosso país, devendo abranger não apenas as necessidades básicas dos mais pobres, mas, também, possibilitar-lhes o desenvolvimento de suas potencialidades.
No entanto, é preciso considerar que a sobrevalorização da política de assistência tende a ampliar a cidadania invertida já que vem ocorrendo, segundo Mota (2004, p.15), “uma regressão das políticas redistributivas de natureza publica e constitutiva de direitos, em prol de políticas compensatórias de combate a pobreza e de caráter seletivo e temporário”.
O estudo dessa lógica, que perpassa a tentativa de intersetorialidade entre as políticas de proteção social, e do movimento de reordenamento das políticas e programas sociais permite compreender o processo de implementação do Benefício de Prestação Continuada. Considerado como um direito de seguridade, esse programa, também, está inserido na lógica de retração dos direitos sociais, imposta pelos neoliberais.
Apresentando-se como um benefício que constitui provisão de renda e que traduz o princípio da Assistência Social como política não contributiva e de responsabilidade estatal, o BPC é um exemplo claro de um programa assistencial focalizado e emergencial, restrito aos mais pobres e aos considerados incapazes para o trabalho. Essa afirmação justifica a cobertura desse benefício sobre os idosos e as pessoas portadoras de deficiência, já que esses grupos se encontram, na maioria das vezes, em uma especial situação de vulnerabilidade e expostos a uma difícil inclusão no mercado de trabalho.
Dessa forma, ressalta-se a importância do BPC para a população pobre, idosa ou deficiente, especialmente em razãoda ausência de pleno emprego e da situação de falta de renda para grande parte da população. Nesse sentido, Mota (2008) afirma que, após a Constituição de 1988, há, realmente, uma tentativa de inclusão de trabalhadores anteriormente excluídos às políticas de assistência social, contudo a efetivação dessa proteção social é sempre condicionada por processos reais e que não estão subordinados aos estatutos legais, mas às relações de forças entre as classes. Gomes (2011) concorda Mota e acrescenta, dizendo que o BPC está condicionado à disponibilidade orçamentária, que depende de decisões políticas com base em prioridades, sendo, assim, guiado pelo princípio da rentabilidade econômica sobre a necessidade social.
Segundo Diniz, Medeiros e Squinca (2006), durante muito tempo, o BPC foi o maior programa não contributivo de transferências de renda no Brasil e, hoje, somente é menor do que o Programa Bolsa Família. Vale destacar, todavia, que o BPC não é o único mecanismo de transferência de renda para deficientes, funcionando no Brasil. Existe, também, a aposentadoria por invalidez, que funciona na forma de um seguro para trabalhadores do setor formal, ou seja, pessoas que contribuíram com o sistema de seguridade social, assim como da Renda Mensal Vitalícia – criada em 1974 e 1975 como benefício básico, direcionado aos inválidos ou pessoas com 70 anos de idade, ou mais, que não eram capazes de prover o próprio sustento ou de serem sustentados por suas famílias.
Para receber esse benefício, era necessário ter um mínimo de contribuições à Previdência Social, ou seja, somente as pessoas que já houvessem trabalhado tinham direito ao benefício. Por conseguinte, aqueles que nunca haviam trabalhado não tinham o direito ao benefício, bem como grande parte das pessoas com deficiência (QUERINO E SCHWARZER, 2002).Ao contrário da aposentadoria por invalidez e da Renda Mensal Vitalícia, o BPC não exige do interessado uma contrapartida, ou seja, uma contribuição financeira. Para recebê-la, basta que ele apresente os requisitos exigidos, quanto à idade, renda ou incapacidade para a vida e para o trabalho, no caso dos deficientes, conforme explicitado anteriormente.
Dessa forma, constata-se importância do BPC, que ultrapassa a segurança de renda, haja vista que amplia a proteção social brasileira, fortalecendo a perspectiva de seguridade social. Entretanto, é necessário que, simultaneamente ao recebimento da renda básica, exista o acesso dos beneficiários a outras políticas públicas, tais como as de assistência, educação e saúde, pois somente, assim, acredita-se que poderão ter acesso, realmente, à cidadania, à independência e à autonomia. Nesse sentido, Sen (2010, p. 33) destaca a relação de mão dupla existente entre capacidade e política pública, haja vista que as capacidades podem ser aumentadas pela política pública, mas, também, a direção da política pública pode ser influenciada pelo uso efetivo das capacidades participativas do povo. Por conseguinte, entende-se que o acesso integrado às políticas públicas implica uma melhora da qualidade de vida do indivíduo, assim como favorece o processo de desenvolvimento do mesmo, aumentando a sua liberdade, bem como a sua capacidade de participar da vida social, política e econômica da comunidade em que vive.
Em relação aos gastos do BPC, contam com recursos do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS), apreciados e aprovados pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). As receitas do fundo, em consonância com o artigo 195 da CF/1988, são constituídas por dotações orçamentárias da União; doações e outras contribuições de pessoas físicas e jurídicas; aplicações financeiras dos recursos do fundo, alienação de bens móveis da União, no âmbito da assistência social; além da contribuição social dos empregadores, incidentes sobre o faturamento e o lucro; e dos recursos provenientes dos concursos de prognósticos, sorteios e loterias, no âmbito do governo federal (SALVADOR, 2010a).No período compreendido entre 2000 a 2007, Salvador (2010a) verificou que as contribuições sociais apresentaram uma variação negativa de 26,08%. A COFINS contribuiu, em média, com 72,62% do total do custeio da assistência social, e a CSLL, que antes de 2000, tinha uma participação relevante do financiamento da assistência social, chegando a 12,5%.
Ofertado a pessoa idosa, benefício em apoio financeiro através de programas e projetos que são executados em todas as esferas governamentais, para idosos pobres a partir de 60 anos visando contribuir na promoção de sua autonomia além de fortalecer os vínculos familiares. Os municípios precisam esta dentro das normas de adequação do governo federal comprovando algumas exigências, ofertando diversos projetos para serem executados entre os usuários, recebem o aporte financeiro. É importante informar que ainda que o objetivo do Estado seja garantir a inclusão social do idoso na sociedade, com o mínimo de dignidade, o valor de recurso disposto pelo Estado encontra-se muito longe de dar possibilidade ao atendimento satisfatório das reais necessidades básicas dos usuários, enfatizando o setor social menos privilegiado e que justamente por esta condição, são mais suscetíveis em sua velhice, a patologias, precisando de muito mais recursos até por que não se pode contar com o aparato da família. Desta forma é necessário forçar um esforço político pela orientação além de direcionar as políticas que supram suas necessidades entenda-os como atores sociais diferentes que devem ser respeitados e resguardados em sua totalidade.
2.1 Política Nacional de Assistência Social- PNAS
Em 2004 o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) aprova a Política Nacional de Assistência Social (PNAS) que se constituiu um pilar do Sistema de Proteção Social Brasileiro, no âmbito da Seguridade Social.
A PNAS vem materializar em forma de política social, âmbito nacional o que a LOAS assegurava como direito, que a assistência social é um direito e todos e, portanto, um dever do Estado, sendo assim, ela “[...] aborda a questão da proteção social13 em uma perspectiva de articulação com outras políticas do campo social que são dirigidas a uma estrutura de garantias de direitos e de condições dignas de vida” (BRASIL, PNAS, 2004, p.479). 
A PNAS buscou incorporar as demandas presentes na sociedade brasileira no que tange a responsabilidade política de Estado, objetivando tornar claras suas diretrizes na efetivação da assistência social como direito de cidadania.
A política define que os destinatários da política de assistência social são os segmentos excluídos involuntariamente das políticas sociais básicas e das oportunidades de acesso a bens e serviços produzidos pela sociedade e determina que a proteção social tem como referência o indivíduo, suas condições sociais e a proteção à família.
Os objetivos contidos na PNAS complementam o disposto no art. 1º da LOAS afirmando que a Política Pública de Assistência Social deve realizar-se de forma integrada às políticas setoriais, ao provimento de atender contingencias sociais, bem como a universalização dos direitos sociais. Nesta perspectiva, objetiva:
(...) prover serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e, ou, especial para as famílias, indivíduos e grupos que deles necessitar; contribuir com a inclusão e a equidade dos usuários e grupos específicos, ampliando o acesso aos bens e serviços socioassistenciais básicos e especiais, em áreas urbana e rural; assegurar que as ações no âmbito da assistência social tenham centralidade na família, e que garantam a convivência familiar e comunitária (BRASIL, PNAS/2004, p.33). 
No ano de 1995, tendo como presidente Fernando Henrique Cardoso, foi realizada a I Conferência Nacional de Assistência Social. Nela foram debatidas as teses centrais da LOAS, “[...] o anúncio do sistema descentralizado e participativo, a municipalização, a renda mínima, a relação público/privado, o financiamento, o controle social. Enfim, tudo é colocado à mesa” (SPOSATI,2007,p.70).Já no governo do presidente Lula em dezembro de 2003, em Brasília, a sociedade civil realizou a IV Conferência Nacional de Assistência Social, que teve como finalidade avaliar a situação em que se encontrava a assistência social e também propor novas diretrizes para seu aprimoramento.
Assim sendo, essa conferência trouxe como organização da PNAS a aprovação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) “[...] modelo de gestão para todo território nacional, que integra os três entes federativos e objetiva consolidar um sistema descentralizado e participativo, instituído pela Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS [...]” (BRASIL, NOB/SUAS,2005, p.469).
O SUAS é um “sistema público, não contributivo, descentralizado e participativo, que tem por função a gestão do conteúdo específico da Assistência Social no campo da Proteção Social brasileira” ( NOB/SUAS, 2005, p. 86). Tem como objetivo regular e organizar os serviços, programas, projetos e benefícios, ou seja, as ações socioassistenciais na lógica de um sistema, o que significa planejar a Política de Assistência Social de forma articulada entre os diversos entes federados– União, Estados, Distrito Federal e municípios – tendo os mesmos princípios e diretrizes como fundamento, mas respeitando a diversidade e especificidades próprias de um país como o nosso. Assim, o SUAS regula e organiza, em todo o território nacional, os serviços, programas, projetos e benefícios assistenciais, estabelecendo que as famílias, seus membros e indivíduos são o foco prioritário para o atendimento, e este deve ter o território como base de organização.
A PNAS divide-se em Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de média e alta complexidade. A Proteção Social Especial é desenvolvida pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e define-se como:
A modalidade de atendimento assistencial destinada a famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social, por ocorrência de abandono, maus tratos físicos e\ou, psíquicos, abuso sexual, uso de substancias psicoativas, cumprimento de medidas socioeducativas, situação de rua, situação de trabalho infantil, entre outras. (PNAS,2004, p.593).
Segundo a PNAS (2004) a proteção social de média complexidade são os serviços que oferecem atendimento às famílias e indivíduos cujos vínculos familiares e comunitários não foram rompidos. Neste caso, requerem serviços como: serviço de orientação e apoio sócio - familiar, plantão social, abordagem de rua, cuidado à domicilio, serviços de habilitação e reabilitação na comunidade, medidas socioeducativas em meio aberto, plano de violência sexual contra crianças e adolescentes, prevendo ações de atendimento e prevenção à violência sexual de crianças e adolescentes.
A proteção social especial de alta complexidade, ainda segundo a PNAS, são serviços que garantem proteção social integral de moradia, alimentação, tais como: atendimento integral institucional, casa lar, casa abrigo, repúblicas, casa de passagem, albergue, família substituta, família acolhedora, medidas socioeducativas, dentre outros.
Já a Proteção Social Básica define-se como:
A proteção social básica tem como objetivos prevenir situações de risco por meio de desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e\ou, fragilização de vínculos afetivo-relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras). Prevê o desenvolvimento de serviços, programas e projetos locais de acolhimento, convivência e socialização de famílias e de indivíduos conforme identificação da situação de vulnerabilidade apresentada.
(PNAS,2004, p.588)
Estes serviços devem ser executados no Centro de Referência de
Assistência Social (CRAS), uma unidade pública estatal de base territorial,
localizado em áreas de vulnerabilidade social do município.
O CRAS tem como metodologia de trabalho o enfoque pautado na PNAS centrado na matricialidade sócio familiar. Nessa perspectiva tem-se a família como central na prestação dos serviços sociais, o que implica em compreender a família como um conjunto de pessoas que se acham unido por laços consanguíneos, afetivos e, ou, de solidariedade, rompendo, portanto, com a perspectiva de família formada a partir da união de pai e mãe e filhos. Nesse sentido, a política situa a família em uma realidade em movimento de acordo com as transformações societárias e do mundo do trabalho e, portanto, também se redimensiona compondo novos arranjos familiares.
O CRAS atua com as famílias e indivíduos em seu contexto comunitário visando à orientação e o convívio sócio familiar ecomunitário. É responsável pelo Programa de Atenção Integral a Família (PAIF). Supera a ideia de família constituída por pais e filhos, pois deve considerar novas referências para a compreensão dos diferentes arranjos familiares. [...] além do PAIF a equipe do CRAS deve prestar informação e orientação para a população de sua abrangência, como articular-se com a rede de proteção social, visando a garantia dos direitos dos usuários para a garantia da cidadania. (PNAS,2004, p.591-592).
Outro elemento a considerar na operacionalização da PNAS é a divisão por território, considerando as particularidades regionais e os portes dos municípios.
Conforme esta lógica, os municípios ficam definidos como pequeno, médio e grande porte.
a) Municípios de pequeno porte I: até 20.000 habitantes; mínimo de 1 CRAS, para até 2.500 famílias referenciadas;
b) Municípios de pequeno porte II: entre 20.001 e 50.000 habitantes; mínimo de 1 CRAS para até 3.500 famílias referenciadas;
c) Municípios de médio porte: entre 50.001 e 100.000 habitantes; 2 CRAS, cada um para até 5.000 famílias referenciadas;
d) Municípios de grande porte: entre 100.001 e 900.000 habitantes; mínimo de 4 CRAS, cada um para até 5.000 famílias referenciadas;
e) Metrópole: mais de 900.000 habitantes; mínimo de 8 CRAS; cada um para até 5.000 famílias referenciadas (BRASIL, NOB/SUAS,2004,p.492).
Este direcionamento implica em não criar uma política generalizada em um país que possui grande diversidade cultural e econômica e, portanto, com necessidades e demandas diferenciadas afim de que se aprimore a capacidade gerencial e de arrecadação dos municípios, bem como, se construa instrumentos de gestão mais eficazes condizentes entre: as necessidades dos usuários, os recursos disponíveis e a melhoria das condições de vida, para além da garantia do direito como dever do Estado.
2.2 O papel do assistente social junto ao beneficio de prestação continuada
O Serviço Social na área previdenciária constitui uma importante referência para a população usuária e permitirá ao INSS maior alcance da sua missão institucional, ao oferecer serviços qualificados aos usuários que buscam os benefícios previdenciários e assistenciais, em especial o Benefício de Prestação Continuada (BPC). 
A luta em defesa do Serviço Social na Previdência Social não é recente e se vincula à garantia de um espaço de trabalho profissional comprometido com a defesa dos direitos sociais, com a efetivação da seguridade social pública e de qualidade, consonante com a direção do projeto ético-político do Serviço Social brasileiro. Em relação ao BPC, o assistente social atua na realização da avaliação da deficiência e do grau de incapacidade das pessoas com deficiência que buscam o BPC, juntamente com a perícia médica, conforme determina o Decreto 6214/07 e Lei 8742/93 e alterações. Além disso, realiza ações de socialização das informações junto aos usuários e à sociedade civil, por meio de abordagens individuais e grupais viabilizando articulações com instituições e os poderes públicos.
O trabalho desenvolvido pelos Assistentes Sociais no INSS tem respaldo na Lei nº 8.213/81, artigos 88 e89, no Decreto nº 3.048/99, artigos 137, §2º e 161, e muitas vezes divergem daqueles elencados no documento. O recente provimento de mais de 800 cargos de Analista do Seguro Social com formação específica em Serviço Social, decorrente de concurso público intensifica a necessidade de atualização da norma. O profissional do serviço social tem uma atuação ativa no que se refere ao Benefício de Prestação Continuada, podendo elaborar análise socioeconômica para a concessão do benefício, na revisão bienal do BPC e também quando interposto recurso, ou instaurado procedimento pelas partes através da Justiça Federal.
O Benefício de Prestação Continuada não é aposentadoria, nem Renda Mensal Vitalícia, também é intransferível, não gerando direito à pensão ou pagamento de resíduo a herdeiros sucessores, por isso deve ser revisto a cada 02 anos (LOAS, Artigo 21), a fim de que seja avaliada a continuidade das condições que lhe deram origem. O objetivo principal da revisão deve-se ao fato de procurar manter sob proteção àqueles que dependem do BPC para prover sua própria manutenção, não tendo condições de inserção no mercado de trabalho. O processo de revisão do BPC é executado exclusivamente por Assistentes Sociais, devidamente regularizados no CRESS, sendo essencial à realização de visitas nos domicílios dos beneficiários ou nas instituições onde estiveram abrigados.
A Secretaria de Estado da Assistência Social - SEAS indica a prioridade de contratação de Assistentes Sociais para esta tarefa, reconhecendo a necessidade de um amplo diagnóstico social que visa caracterizar os níveis de vulnerabilidade do beneficiário. A responsabilidade deste trabalho, normalmente é atribuída às prefeituras municipais, por ser este órgão o gestor das Ações descentralizadas. Isto posto, a municipalidade tem autonomia para delegar a entidades idôneas onde o profissional desenvolverá o procedimento de revisão. Nesta avaliação, o Assistente Social deverá verificar junto aos beneficiários, a possibilidade de participação em atividades que possam viabilizar a reabilitação, a qualificação profissional, e consequentemente as condições que possam remetê-lo a inclusão no mercado de trabalho, tornando-o independente.
Em se tratando deste benefício, o profissional do serviço social desenvolve a função autônoma de Perito Social, nos procedimentos instaurados nas subseções da  Justiça Federal de cada município ou região (se o município não contar com subseção da Justiça Federal), decorrente da negativa do INSS em liberar o benefício. O cadastramento do profissional se dá diretamente em cada município, onde existe Fórum da Justiça Federal através da apresentação de documentação pessoal, podendo se diversificar em cada subseção,  como, por exemplo: Xerox do RG; CPF; diploma do curso de graduação; declaração do Conselho Regional de Serviço Social afirmando que o profissional está quite com o órgão de classe e currículo vitae.
É neste contexto que se insere o Assistente Social, impelido no seu cotidiano de trabalho a lutar para a garantia do atendimento da demanda usuária dos serviços e benefícios da Previdência Social, especificadamente, na concessão de BPC. Contudo, a pesquisa aponta que a atuação do Assistente Social encontra-se situada num quadro contraditório, composto de limites e possibilidades, conforme percebido a partir dos depoimentos da profissional entrevistada. A pesquisa realizada aponta que o cotidiano de trabalho deste profissional está embasado no artigo 88 da lei nº 8.213/1991, que se direciona para atender todos os segurados, com informação, orientação sobre os benefícios, realizando também pesquisa de campo e visitas domiciliares e institucionais. Entretanto, a profissional também trabalha com uma demanda especifica, na avaliação social do BPC, para as pessoas com deficiência; pois a avaliação da concessão do beneficio para idosos é feita somente pelo técnico previdenciário.
Neste sentido, a intervenção do Assistente Social na realidade dos requerentes do BPC está ancorada nos aparatos legais que norteiam a profissão, e que devem se configurar como guias efetivos que devem trilhara atuação diariamente, para que haja a efetivação do direito. Estes aportes teórico-legais sinalizam as possibilidades de atuação do Assistente Social na contemporaneidade sob a ótica do direito. Resultado de lutas e conquistas da categoria, os aparatos teórico-legais da profissão são quem a impulsiona ao compromisso político e social com o atendimento das necessidades sociais da classe trabalhadora. Vale destacar a Lei de Regulamentação da Profissão (lei 8.662/1993), que rege as ações profissionais, repudia o conservadorismo que esteve presente na origem da profissão.
Ainda nesta direção, o Código de Ética Profissional (1993), expressão do surgimento de um compromisso ético nas ações profissionais, direciona o Serviço Social para a emancipação humana dos sujeitos, através de ações voltadas para a defesa intransigente dos direitos humanos, a recusa do arbítrio e do autoritarismo, entre outros princípios estabelecidos em seu texto. No campo previdenciário, o Assistente Social é um profissional privilegiado, pois dispõe de um documento matriz que orienta o seu fazer na perspectiva de assegurar os direitos dos usuários, sendo esta uma das maiores expressões da renovação profissional em torno da ruptura com o tradicionalismo em âmbito previdenciário. A Matriz Teórico-metodológica do Serviço Social na Previdência Social (1994) propõe um novo paradigma para a intervenção profissional, que tende a situar dentro das ações do Assistente Social um fazer profissional crítico, reflexivo, capaz de responder às demandas sócias institucionais face o ambiente adverso atual, de desmonte de direitos.
No entanto, o trabalho profissional, assim como fora sinalizado anteriormente, encontra-se permeado por limites que complexe ficam a atuação profissional, e dificultam a concessão do BPC. Conforme detectado na pesquisa, avaliação para efeito de concessão do BPC é feita em articulação com os demais profissionais. A paridade entre as avaliações profissionais frente ao BPC é necessária tendo em vista proporcionar uma visão multidisciplinar sobre a realidade a ser trabalhada. Tendo em vista o BPC se basear neste pressuposto, é importante que a ótica social seja vislumbrada neste processo, como é afirmada pela LOAS (BRASIL, 1993).Iamamoto (2005) afirma que a aparência imposta pela demanda usuária do Assistente Social de ser este um agente que apenas efetua a concessão dos benefícios, e não a de viabilizador de direitos e de seu acesso a eles acarreta à atuação profissional um caráter subalterno, reafirmando o legado da herança conservadora na profissão.
Atualmente, em tempos adversos, o neoliberalismo avança para a redução da prestação de serviços públicos por parte do Estado, que redimensionado, colocando para a sociedade civil a responsabilidade pela proteção social. Caminhando para a mercadorização dos serviços públicos, políticas sociais compensatórias, focalista e fragmentadas, que não dão conta de solucionar a raiz da Questão Social, as últimas décadas se configuram como uma ameaça aos direitos duramente conquistados pela sociedade. Este cenário é, sem dúvidas, um grande desafio à profissão, que diante dos limites que são postos à atuação profissional na contemporaneidade, é conclamada a ir à contramão desta marcha neoliberal, em luta para a afirmação dos direitos dos usuários, assegurando o compromisso do Assistente Social com a classe trabalhadora, concretizadas na direção social e política do projeto ético-político defendido pela categoria.
Considerando a relativa autonomia que o profissional de Serviço Social dispõe-nos diferentes espaços sócios institucionais, coloca-se como desafio para este profissional articular os limites e possibilidades direcionando sua ação para os interesses dos usuários, buscando expandir seu campo de trabalho através de suas possibilidades e competências técnico-operativa, respondendo as demandas de forma ética e política, efetivando suaatuação na direção social e política do projeto profissional (IAMAMOTO, 2005).
CAPITULO III AVALIAÇÃO SOCIAL: UMA NOVA FORMA DE RECONHECER A PROTEÇÃO SOCIAL ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
A partir da Constituição Federal de 1988, se desencadeou um processo de luta pelo desenvolvimento inclusivo, principalmente na questão das pessoas com deficiência, dessa forma criaram-se leis e decretos regulamentada em 1993 pela LOAS – (Lei nº 8.742) de 07 de dezembro de 1993, que preceitua que a assistência social, a par de ser um direito do cidadão e um dever do Estado, é política não contributiva de seguridade social, que prevê os mínimos sociais mediante um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, visando ao atendimento de necessidades básicas.
No Artigo 5º Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência é apresentado às seguintes diretrizes: 
I – estabelecer mecanismos que acelerem e favoreçam o desenvolvimento das pessoas portadoras de deficiência. 
II – adotar estratégias de articulação com órgãos públicos e entidades privadas, bem como com organismos internacionais e estrangeiros para a implantação desta Política; 
III – incluir a pessoa portadora de deficiência, respeitadas as suas peculiaridades, em todas as iniciativas governamentais relacionadas à educação, saúde, trabalho, à edificação pública, seguridade social, transporte, habitação, cultura, esporte e lazer. 
IV – viabilizar a participação das pessoas portadoras de deficiência em todas as fases de implementação desta Política, por intermédio de suas entidades representativas; 
V – ampliar as alternativas de absorção econômica das pessoas portadoras de deficiência; 
VI – garantir o efetivo atendimento à pessoa portadora de deficiência, sem o indesejável cunho de assistência protecionista; 
VII – promover medidas visando à criação de empregos, que privilegiem atividades econômicas de absorção de mão de obra de pessoas portadoras de deficiência; 
VIII – proporcionar ao portador de deficiência qualificação profissional e incorporação no mercado de trabalho. 
Com base no referido artigo, a Política aborda as diretrizes para os beneficiários com deficiência, mais que cabe a sociedade e os profissionais como um todo divulgar e fazer valer tais direitos a partir da conscientização não somente das pessoas envolvidas. O BPC pode ser considerado a principal política social voltada para as pessoas com deficiência no Brasil. Adota como critério de inclusão, além da comprovação da incapacidade, a renda, que somente permite a inclusão de deficientes muito pobres. Apesar de bastante criticado, por seu alto grau de seletividade, o critério de renda é objetivo e barra o acesso dos requerentes que possuam renda per capita igual ou superior a um quarto do salário mínimo. Já os critérios que analisam a comprovação da incapacidade para a vida independente e para o trabalho, não possuem a mesma objetividade.
Destinado ao idoso e deficiente, paga-se um salário mínimo a todo idoso de 65 anos de idade que não tenha remuneração e também aos portadores de deficiência que o incapacite ao trabalho, benefício este pago pelo Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). Este benéfico não requer a contribuição por parte do cidadão requerente. Para requerer este benefício é necessário que o idoso ou deficiente procure uma agência previdenciária mais próxima preenche um requerimento, ou através do próprio site do ministério da previdência ele pode fazer o requerimento, declarando todos componentes da sua família e comprovando renda inferior a um quarto do salário mínimo. Podemos verificar no Estatuto do Idoso Lei 10.741/2003, capítulo VIII, em seu artigo 35 onde afirma: “Aos idosos a partir de 65 anos e não de 67 como prevê a LOAS – os quais não possuam meios de prover sua subsistência e nem tê-la provida pela sua família, é assegurada um provento mensal de um salário mínimo de acordo com o que diz o artigo 33 da mesma lei”. Lei 10.741/2003 Estatuto do Idoso.
A forma do recebimento deste tipo de benefício se dá por meio de pagamento em dinheiro feito pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, e os recursos que servem para o pagamento deste benefício se original do Fundo Nacional de Assistência Social – FNAS, o usuário beneficiário recebe um cartão magnético, não é um direito vitalício, e pode ser extinto no momento que a condição imposta para este recebimento pelo usuário for superada. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), o Benefício de Prestação Continuada (BPC), já alcançou cerca de 3,1 milhão de beneficiários, sendo 1,5 milhão de idosos (...). Assim os programas e benefícios voltados para a garantia do direito à renda, pela primeira vez na história das políticas sociais no Brasil, alcançam uma escala próxima a de uma universalização. 
A perícia médica do INSS, até meados de 2009, era a única autoridade para dar o veredicto final para a concessão do benefício, situando-se, portanto, entre o anúncio como deficiente pobre e a inclusão no sistema de proteção social. Mas a inexistência de um consenso sobre o conceito de deficiência se mostra como uma das questões mais controversas para a garantia de acesso a esse direito. Essa dificuldade é reflexo das formas históricas de como o corpo da pessoa com deficiência foi tratado, sempre submetido a diversas narrativas que vão desde as religiosas, em que a compreensão da deficiência estava muito ligada ao sobrenatural, passando pelo modelo médico, que defende que o corpo com deficiência deve ser ajustado para se adequar às normas e padrões da sociedade, focalizando a necessidade de mudança quase que exclusivamente na pessoa com deficiência, até as recentes abordagens biopsicossociais, que levam em consideração a influência dos fatores ambientais para a compreensão do tema.
Portanto, não se pode negar que a compreensão sobre a deficiência em geral, bem como das pessoas com deficiência, tem se modificado no decorrer da história num processo contínuo de mudança de valores e dos consequentes paradigmas que permeiam e caracterizam a relação da sociedade com esse segmento populacional, embora, como chama atenção Bartalotti (2006), muitas ideias continuem arraigadas no imaginário social, influenciando os olhares sobre as pessoas com deficiência, como por exemplo, a atribuição de convulsões a possessões demoníacas.
No século XIX, o discurso biomédico representou um avanço em relação à narrativa religiosa que tratava a questão da deficiência como fruto do pecado ou da ira divina. Nesse modelo, o corpo com impedimentos deve se submeter a transformações para a normalidade, seja pela reabilitação, pela genética ou por práticas educacionais. Essa perspectiva norteou o desenho das políticas públicas voltadas para esse segmento durante muito tempo, inclusive influenciando as perícias médicas do INSS para acesso ao BPC, até bem recentemente.
Hoje é a autoridade biomédica que está sendo contestada pelo modelo social da deficiência. A tentativa de avançar no processo de construção de uma sociedade que respeite as diferenças busca suas bases no chamado “modelo social de deficiência”. Ao contrário do modelo biomédico que traduz a deficiência como tragédia pessoal, transformando o corpo com impedimentos em um objeto de intervenção e normalização, o modelo social compreende a deficiência como resultada da interação entre um corpo com impedimentos e um ambiente hostil à diversidade corporal.
Assim, o modelo social da deficiência sustenta que são as barreiras sociais que, ao ignorar os corpos com impedimentos, provocam a experiência da desigualdade. A opressão não é um atributo dos impedimentos corporais, mas resultado de sociedades não inclusivas. Nesta perspectiva, os impedimentos corporais somente ganham significado quando convertidos em experiências pela interação social. Desse modo, consoante pontificou Botelho (2004) apud Araújo (1997, p. 12):O que define a pessoa portadora de deficiência não é falta de um membro nem a visão ou audição reduzidas. O que caracteriza a pessoa portadorade deficiência é a dificuldade de relacionar, de se integrar na sociedade. O grau de dificuldade para a integração social é que definirá quem é ou não portador de deficiência.
É importante ressaltar que o modelo social não surgiu para desqualificar a autoridade médica sobre os impedimentos corporais, e sim para defender que tanto os saberes biomédicos devem atuar para melhorar as condições de vida da população com deficiência, quanto os ambientes devem ser modificados e tornados acessíveis a todas as pessoas. Através da CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade) a deficiência deixou de ser mera consequência de doenças para se tornar uma questão pertencente aos domínios da saúde, traduzindo-se numa tentativa de agregar os modelos médico e social. A partir da adoção dessa classificação, os critérios de definição da pessoa com deficiência foram alterados no Brasil em 2009, recaindo sobre os critérios de elegibilidade ao BPC.
Foi a partir desse novo paradigma que o Decreto 6.214/2007 passou a exigir um novo modelo de avaliação da incapacidade de pessoas com deficiência requerentes a esse benefício. Com a adoção da CIF, as perícias do corpo com impedimentos passaram a considerar os vários determinantes sociais da desigualdade pela deficiência, o que ampliou os desafios de proteção social do benefício, especialmente na questão da elegibilidade dos beneficiários.
3.1 Os conceitos de deficiência e de incapacidade para o BPC
A Lei no 8.742/1993, ao regulamentar a Constituição, estabelece em seu art. 20, § 2º, que a pessoa com deficiência que atende aos critérios para acesso ao Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC) é aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho.
O Decreto no 1.744/1995, que regulamenta o BPC, definiu como pessoa com deficiência “aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho em razão de anomalias ou lesões irreversíveis, de natureza hereditária, congênita ou adquirida que impeçam o desempenho das atividades da vida diária e do trabalho” (BRASIL, 1995).Observa-se uma restrição do conceito, no decreto, ao colocar a irreversibilidade da lesão ou anomalia e ao definir como sinônimo de incapacidade de vida independente o não desempenho das atividades de vida diária. Ressalta-se ainda que atos normativos internos do INSS substituíram a expressão vida diária, para vida autônoma.
A definição de incapacidade para o trabalho não é uma tarefa simples. Há uma prevalência, pela perícia médica do INSS, por exemplo, ao realizar essa análise visando o acesso aos benefícios previdenciários (auxílio doença e aposentadoria por invalidez), de privilegiar o diagnóstico da doença apenas, dentro do enfoque individual, sem considerar o meio e a própria relação com a atividade ocupacional enquanto atividade inserida na divisão social e técnica do trabalho, determinada historicamente. Ao realizar a avaliação de incapacidade para o trabalho da pessoa com deficiência, além dos obstáculos acima descritos, muitas vezes outros conflitos também são externados.
Entretanto a assistência social, enquanto direito social conquistado historicamente pela sociedade brasileira nas últimas décadas, traz na sua construção a tensão com a política previdenciária no que diz respeito do acesso ou não ao trabalho. Esforços têm sido realizados visando superar essa tensão. Assistência não é incompatível com o trabalho. Muitas ações voltadas para a pessoa com deficiência, sejam por meio de atos legais ou de programas governamentais e da sociedade, volta-se para incentivar a inserção no trabalho de parcelas consideráveis dessas pessoas, respeitando as diferenças e limitações, não só visando a geração de renda, mas principalmente buscando maior integração e qualidade de vida para esse segmento populacional. O acesso ao benefício não deveria ser um empecilho ao trabalho e sim um incentivo, um meio de favorecer, por exemplo, uma maior capacitação.
Em relação ao conceito de vida independente, o Decreto no 1.744/1995 é reducionista quando utiliza esse termo como a impossibilidade de desempenhar as atividades da vida diária. Estas deveriam compreender, entre outras: comunicação, atividades físicas, funções sensoriais, funções manuais, capacidade de usar meios de transporte, função sexual, sono e atividades sociais e de lazer. Todavia, o INSS, ao operacionalizar a avaliação do beneficiário, considera a incapacidade de vida independente apenas quando o usuário é incapaz de desempenhar as atividades relacionadas ao autocuidado, focalizando apenas a capacidade em vestir-se, comer, fazer a higiene pessoal e evitar riscos. Nessa lógica, consideram-se, muitas vezes, as atividades diárias voltadas apenas para atender às necessidades de um mínimo biológico de sobrevida. Exemplo: avalia-se a capacidade da pessoa com deficiência em alimentar-se sozinha, mas não a capacidade dessa mesma pessoa de preparar sua própria alimentação.
A definição de atividades de vida diária deve referir-se ao desenvolvimento de ações que garantam um patamar digno de qualidade de vida. Vida diária não deve ser sinonímia de sobrevida. As atividades analisadas não podem restringir-se às tarefas necessárias a garantir apenas a sobrevivência. Assim, sabe-se que uma das limitações da concessão do BPC às pessoas com deficiência refere-se à conceituação adotada e à carência de maior clareza e uniformidade, por ocasião da avaliação médico pericial.
O INSS buscou, em alguns momentos, estabelecer parâmetros de análise com a criação do instrumento denominado “Avaliemos” (Tabela 1), acróstico gerado pelos tópicos considerados durante o exame. A ausência ou presença de alterações, em diferentes graus, conferiria pontos e o somatório obtido definiria a concessão quando resultasse em 17 ou mais.
O “Avaliemos” foi um instrumento indicado no processo de avaliação da perícia médica e sua utilização não se deu de maneira uniforme, ficando a critério do médico perito. O atual sistema informatizado da perícia médica do INSS, Sistema de Administração dos Benefícios por Incapacidade (SABI), instalado nas Agências da Previdência Social (APS), considera na avaliação da incapacidade para a vida independente e para o trabalho, apenas alguns aspectos, que enfocam a capacidade de locomoção do beneficiário, o controle de esfíncteres e a capacidade de vestir-se, higienizar-se e alimentar-se.
Dessa forma, o conceito de vida independente adotado, além de privilegiar a análise do indivíduo, não considerando o meio no qual ele está inserido, restringe vida independente ao autocuidado, conforme já relatado. A incapacidade é definida em decorrência das limitações presentes nas pessoas com deficiência, sem atentar para os fatores sociais que cercam aquele potencial beneficiário.
É importante, ao se caracterizar a incapacidade para a vida independente e para o trabalho, levar em conta não somente a gravidade da doença/deficiência, mas também a qualidade de vida da pessoa em seu contexto sociofamiliar.
Outro questionamento é a realização dessa avaliação para acesso ao BPC quando se refere às crianças e aos adolescentes. O Ministério Público Federal, em 2001, levantou essa problemática ao determinar que o INSS não avaliasse a incapacidade para o trabalho no caso de crianças e adolescentes que não atingiram a idade laboral, já que essa incapacidade é presumida em função da tenra idade, bastando apenas que seja realizada a verificação da existência da deficiência. Assim, com o intuito de reduzir o grau de limitação e subjetividade existentes nos moldes atuais de avaliação da pessoa com deficiência, propõe-se um novo modelo de avaliação médica e social baseado na CIF. 
Percebeu-se que muitos foram os avanços nos dezoito anos de concessões do BPC, entre eles ressalta-se a auto declaração dos beneficiários em relação à renda; a sucessiva redução da idade, no caso de pessoas idosas; a permanência, mesmo a contra gosto dos tomadores de decisão, do benefício vinculado ao salário mínimo; a alteração do entendimento sobre a composição

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