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Ações do Controle Concentrado de Constitucionalidade

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COMPARAÇÃO ENTRE AS AÇÕES DO CONTROLE CONCENTRADO DE 
CONSTITUCIONALIDADE NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO. 
 
 
No ordenamento jurídico brasileiro há dois tipos de controle de constitucionalidade, o 
controle difuso, conhecido também como via de exceção e o controle concentrado, conhecido 
por via de ação, o qual daremos enfoque no presente trabalho. 
Para introduzir, o controle concentrado de constitucionalidade nasceu na Áustria, na 
Constituição de 1920, quando da criação da Corte Constitucional para o controle das normas, 
sendo a norma, finalidade e objeto da ação, a qual tem efeito “erga omnes”, ou seja, vincula-se 
a todos. 
No Brasil, a “Corte Constitucional” que exerce o controle concentrado é o Supremo 
Tribunal Federal (STF), em regra, como previsto na Constituição Federal de 1988, através das 
ações constitucionais, as quais apresentaremos mais adiante. Porém, tendo cada unidade da 
Federação autonomia em determinados assuntos disciplinados pela a CF/88, sendo exceção à 
regra e tendo previsão na Constituição Estadual de cada Estado membro da Federação, tem 
competência o Tribunal de Justiça para fazer o controle de constitucionalidade concentrado das 
normas ou atos normativos, sejam eles estaduais ou municipais, que contrariam a Constituição 
Estadual, assim prevê o art. 125, §2º da CF/88. 
Como exposto inicialmente, há quatro ações previstas para o controle de 
constitucionalidade concentrado brasileiro, sendo elas: Ação Direta de Inconstitucionalidade 
(ADI), Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC), Arguição de Descumprimento de 
Preceito Fundamental (ADPF) e Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO). 
A Ação Direta de Inconstitucionalidade, conhecida também como ADI genérica ou 
ADIN, tem seu fundamento constitucional no art. 102, inciso I, alínea “a primeira parte, da 
Constituição Federal, além disso, é regulamentada pela lei 9.868/99, lei esta que regulamenta 
também a Ação Declaratória de Constitucionalidade e a Ação Direta de Inconstitucionalidade 
por Omissão. 
O objeto da Ação Direta de Inconstitucionalidade é a lei ou ato normativo federal ou 
estadual (a súmula 642 do STF disciplina que a lei distrital pode ser objeto de ADI em face da 
CF, desde que editada pela Câmara distrital, que tem competência estadual), como previsto no 
art. 102, inciso I, alínea “a”, primeira parte, da CF/88. 
Entende por lei, as espécies previstas no art. 59 da CF e por ato normativo, os atos 
primários da União ou dos Estados (MENDES;BRANCO, 2018), sendo atos editados por 
pessoas políticas, tendo como características a abstração, generalidade e autonomia, como por 
exemplo regimento interno dos Tribunais (DANTAS, 2019). 
Vejamos um exemplo de Ação Direta de Inconstitucionalidade, que tem por objeto a lei 
933/2005 do Estado do Amapá, a qual foi julgada a inconstitucionalidade da lei por afronte a 
uma norma constitucional que reserva a iniciativa de lei sobre custas judiciais aos órgãos 
superiores do Poder Judiciário: 
Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Lei 933/2005, do Estado do Amapá, de origem 
parlamentar. Concessão de isenção de taxa judiciária para pessoas com renda de até dez 
salários-mínimos. 3. Após a EC 45/2004, a iniciativa de lei sobre custas judiciais foi 
reservada para os órgãos superiores do Poder Judiciário. Precedentes. 4. Norma que 
reduz substancialmente a arrecadação da taxa judiciária atenta contra a autonomia e a 
independência do Poder Judiciário, asseguradas pela Constituição Federal, ante sua 
vinculação ao custeio da função judicante. 5. Ação direta de inconstitucionalidade 
julgada procedente. (ADI 3629, Relator (a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, 
julgado em 03/03/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-065 DIVULG 19-03-2020 
PUBLIC 20-03-2020) 
(STF - ADI: 3629 AP - AMAPÁ 0005904-39.2005.1.00.0000, Relator: Min. GILMAR 
MENDES, Data de Julgamento: 03/03/2020, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-
065 20-03-2020). 
Cabe destacar, que as súmulas não podem ser objeto de Ação Direta de 
Inconstitucionalidade, pois não possuem o grau de normatividade qualificada, não podendo ser 
questionada por controle concentrado no STF (LENZA, 2017). 
No art. 103, primeira parte, da Constituição Federal temos os legitimados para a 
propositura da Ação Direta de Inconstitucionalidade, sendo quatro pessoas: Presidente da 
República, Governador de Estado da Federação, Governador do Distrito Federal e Procurador-
Geral da República; quatro mesas: mesa do Senado Federal, mesa da Câmara Federal, mesa de 
Assembleia Legislativa dos Estados e ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal, e por fim, 
o partido político com representação no Congresso Nacional, a Ordem dos Advogados do Brasil 
(OAB), confederação sindical ou entidade de classe no âmbito nacional. 
Os legitimados são divididos em dois grupos, o primeiro é os legitimados universais e 
o outro são os legitimados que precisam de uma pertinência temática para postular a ADI, são 
eles: o Governador de Estado ou Distrito Federal, a mesa de Assembleia Legislativa ou da 
Câmara do Distrito Federal, a confederação sindical ou a entendida de classe no âmbito 
nacional. 
Importante pontuar, que essa pertinência temática é a demonstração de que o tema 
deduzido na ação faz relação direta com a finalidade institucional de tais legitimados 
(DANTAS, 2019). 
Como mencionado anteriormente, Ação Direta de Inconstitucionalidade tem sua 
regulamentação na lei 9.868/66, que dispõe de todo procedimento da ADI, como por exemplo, 
a existência da possibilidade da concessão de medida cautelar, salvo nas hipóteses elencadas 
no art. 10 da lei 9.868/99, a proibição de desistência da ação após a propositura, conforme o art. 
5º da mencionada lei. Ainda, temos a competência do julgamento da ação, que é do Pleno do 
Supremo Tribunal Federal, sendo a maioria absoluta, exceto em época de recesso Florence. 
Cabe destacar, que no art. 7º da lei 9.868/99 há uma proibição quanto a intervenção de 
terceiros na ADI, uma vez que a natureza da ação não é subjetiva, ou seja, não é julgado as 
particularidades. Porém o paragrafo segundo permite a figura do “amicus curiae”, sendo o 
terceiro de interesse geral. 
Além disso, cabe salientar a natureza da ADI é dúplice, pois uma vez declarada a 
improcedência da ação, a consequência é a Constitucionalidade da lei ou ato normativo, seja 
estadual ou federal. 
Ainda, as decisões da ADI produzirão efeitos vinculantes ao Poder Judiciário e a 
Administração Pública Direta e Indireta, desvinculando o Poder Legislativo, ou seja, não há 
impedimento para que o legislativo propõe um novo projeto de lei de determinado assunto que 
foi declarado inconstitucional. 
No mesmo artigo constitucional que fundamenta a ADI, temos na segunda parte do art. 
102, inciso I, alínea “a” da CF, a Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC OU 
ADECON), que foi instruída no texto Constitucional pela a emenda n. 3/93 (DANTAS, 2019), 
regulamentada também pela lei 9.868/99, como já mencionado. 
A Ação Declaratória de Constitucionalidade, segue quase todos os parâmetros da Ação 
Direta de Inconstitucionalidade. Sua finalidade é trazer maior segurança jurídica, além disso 
tem por objetivo transformar uma presunção relativa de constitucionalidade em absoluta, 
vinculando os órgãos inferiores do Poder Judiciário a não declarar tal lei ou ato normativo 
inconstitucional. 
Diferente da Ação Direta de Inconstitucionalidade, a Ação Declaratória de 
Constitucionalidade tem como objeto somente lei ou ato normativo federal, como previsto no 
art. 102, inciso I, alínea “a”, da CF/88, excluindo a lei ou ato normativo estadual. 
Em relação a competência e aos legitimados para a propositura da ação, a ADC segue 
os mesmos parâmetros que a ADI, tendo a competência originária do Supremo Tribunal Federal 
(STF) e os legitimados do art. 103 da CF/88. Importante destacar, que a emenda n. 45/2004, 
revogou o §4º doart. 103, que elencava os legitimados para a propositura da ADC. 
Como anteriormente exposto, a Ação Declaratória de Constitucionalidade também se 
regulamenta pela Lei 9.868/99, além do procedimento fixado pelo STF antes da referida lei, 
disciplinando assim, o processamento da determinada ação, além de outras disposições como 
veremos. 
Assim como na ADI, a Ação Declaratória de Constitucionalidade tem previsão da 
concessão da medida cautelar, antes do julgamento, previsto no art. 21 da lei 9.868/99, sendo 
uma decisão por maioria absoluta do STF, além de ter prazo de 180 dias para o julgamento 
definitivo, como previsto no parágrafo único do referido dispositivo. 
A figura do “amicus curea” não é previsto na Ação Declaratória de Constitucionalidade, 
tendo o dispositivo vetado. Porém, por analogia ao art. 7º, §2º, da lei 9.868/99, que disciplina a 
figura do “amicus curea” na ADI, é possível a utilização do “amicus curea” na ADC. 
Segundo disposto no art. 14 da Lei 9.868/99, a petição inicial da Ação Declaratória de 
Constitucionalidade indicará a lei ou ato normativo federal questionado, os fundamentos, os 
pedidos específicos, a existência de controvérsia relevante, a procuração judicial quando 
subscrita por advogado, sendo acompanhada de duas vias, se for o caso. 
Ainda, cabe destacar que somente as petições propostas por partidos políticos e por 
confederações sindicais ou entidades de classe no âmbito nacional é que precisam de patrocínio 
do advogado (DANTAS, 2019). 
Como na Ação Direita de Inconstitucionalidade, na Ação Declaratória de 
Constitucionalidade não é permitida a desistência na ação, conforme se extrai do art. 16 da lei 
9.868/99. Ainda, não há prazo para a sua propositura e conforme o art. 26 da mencionada lei, a 
decisão é irrecorrível, podendo apenas opor embargos de declaratórios. 
 Vejamos uma ementa de uma decisão referente as Ações Declaratórias de 
Constitucionalidade 43 e 44: 
Ementa: “medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade. Art. 283 do 
código de processo penal. Execução da pena privativa de liberdade após o esgotamento 
do pronunciamento judicial em segundo grau. Compatibilidade com o princípio 
constitucional da presunção de inocência. Alteração de entendimento do supremo 
tribunal federal no julgamento do hc 126.292. Efeito meramente devolutivo dos recursos 
extraordinários e especial. Regra especial associada à disposição geral do art. 283 do 
CPP que condiciona a eficácia dos provimentos jurisdicionais condenatórios ao trânsito 
em julgado. Irretroatividade da lei penal mais gravosa. Inaplicabilidade aos precedentes 
judiciais. Constitucionalidade do art. 283 do código de processo penal. Medida cautelar 
indeferida...” 
 
A presente ementa, refere ao julgamento das Ações Declaratórias de 
Constitucionalidade 43 e 44, na qual o Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu pela 
Constitucionalidade da prisão após o trânsito em julgado, como previsto na Constituição 
Federal de 1988 e no Código de Processo Penal, decisão esta que gerou muita discussão em 
todos os âmbitos da sociedade. 
Além da Ação Direta de Inconstitucionalidade e da Ação Declaratória de 
Constitucionalidade, temos a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), 
tendo seu fundamento constitucional no art. 102, §1º da Constituição Federal de 1988, de acordo 
com a EC n. 3/93 e regulamentada pela lei 9.882/99. 
O art. 1º da lei 9.882/99 dispõe sobre a competência para a propositura e o objeto da 
ação, sendo do Supremo Tribunal Federal competente para processar e julgar a demanda e tendo 
como objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental. 
Em relação ao objeto, a Arguição se diferencia das outras duas ações já comentadas 
(ADI e ADC), pois aqui o objeto da demanda é um ato do poder público municipal, estadual ou 
federal, ainda que anteriores a Constituição Federal de 1988, conforme prevê o artigo supra 
mencionado. 
Ainda, o objetivo da ADPF é para evitar lesão a preceito fundamental por ato do Poder 
Público, reparar lesão a preceito fundamental resultado de ato do Poder Público, e quando 
houver relevante controvérsia constitucional sobre a lei ou ato normativo. (DANTAS, 2019) 
Os legitimados para a propositura da Arguição de Descumprimento de Preceito 
Fundamental são os mesmos da Ação Direita de Inconstitucionalidade e Ação Declaratória de 
Constitucionalidade, tendo o rol previsto no art. 103 da Constituição Federal. 
Importante destacar, que a ADPF é uma ação subsidiária, ou seja, não havendo outra 
forma de questionar determinado preceito fundamental, deve esta ação constitucional ser o meio 
de impugnação, conforme determina o art. 4º, §1º da lei 9.882/99. 
Seguindo a comparação dos procedimentos das ações constitucionais aqui discutidas, 
como já mencionado, a ADPF é regulamenta por uma lei diversa da ADI e da ADC, por tanto, 
tem um procedimento próprio. 
Em relação a petição inicial, a previsão está no art. 3º da lei 9.882/99, que dispõe da 
necessidade de indicação do preceito fundamental supostamente violado, a indicação do ato 
questionado, a prova da violação, o pedido, a controvérsia judicial, caso for relevante, o 
acompanhamento de instrumento de mandato, se for necessário e outros documentos. 
Assim, como nas ações constitucionais ADI e ADC, seguindo os parâmetros, na ADPF 
é previsto o pedido de medida liminar no art. 5º da Lei n. 9.882/99, na qual a decisão precisa 
da maioria dos votos absolutos dos ministros do STF, desde que esteja 2/3 dos ministros 
presentes, sendo que, em caso de urgência ou recesso, poderá a liminar ser concedida pelo 
relator, ouvindo o Advogado-Geral da União ou o Procurador-Geral da República. 
Além disso, a decisão do pedido da Ação de Arguição de Descumprimento de Preceito 
Fundamental é irrecorrível e não pode ser objeto de ação rescisória, como previsto no art. 12 da 
lei 9.882/99. E assim, como na ADI e a ADC que tem previsão na lei que as regulamenta (lei 
9.868/99), entende-se que por analogia, cabe os embargos declaratórios na ADPF. 
Por fim, os efeitos da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental seguem 
também os parâmetros da Ação Direta de Inconstitucionalidade e da Ação Declaratória de 
Constitucionalidade, tendo sua eficácia “erga omnes” e seu efeito vinculante, sendo a decisão 
imediatamente autoaplicável. 
Vejamos a ementa de uma decisão de Arguição de Descumprimento de Preceito 
Fundamental que foi julgada improcedente, que tinha como objeto atos que instituíram a reserva 
legal de cotas para o ingresso na instituição pública de ensino superior: 
Ementa: ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO 
FUNDAMENTAL. ATOS QUE INSTITUÍRAM SISTEMA DE RESERVA DE 
VAGAS COM BASE EM CRITÉRIO ÉTNICO-RACIAL (COTAS) NO 
PROCESSO DE SELEÇÃO PARA INGRESSO EM INSTITUIÇÃO PÚBLICA 
DE ENSINO SUPERIOR. ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 1º, III, 3º, IV, 4º, 
VIII, 5º, I, II XXXIII, XLI, LIV, 37, 205, 206, I, 207, 208, V, TODOS DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. AÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE. I Não 
contraria - ao contrário, prestigia o princípio da igualdade material, previsto no 
caput do art. 5º da Carta da Republica, a possibilidade de o Estado lançar mão 
seja de políticas de cunho universalista, que abrangem um número 
indeterminados de indivíduos, mediante ações de natureza estrutural, seja de 
ações afirmativas, que atingem grupos sociais determinados, de maneira pontual, 
atribuindo a estes certas vantagens, por um tempo limitado, de modo a permitir-
lhes a superação de desigualdades decorrentes de situações históricas 
particulares. II O modelo constitucional brasileiro incorporou diversos 
mecanismos institucionais para corrigir as distorções resultantes de uma 
aplicação puramente formal do princípio da igualdade. III – Esta Corte, em 
diversos precedentes, assentou a constitucionalidade das políticas de ação 
afirmativa. IV Medidas que buscam reverter, no âmbito universitário, o quadro 
históricode desigualdade que caracteriza as relações étnico-raciais e sociais em 
nosso País, não podem ser examinadas apenas sob a ótica de sua compatibilidade 
com determinados preceitos constitucionais, isoladamente considerados, ou a 
partir da eventual vantagem de certos critérios sobre outros, devendo, ao revés, 
ser analisadas à luz do arcabouço principiológico sobre o qual se assenta o 
próprio Estado brasileiro. V - Metodologia de seleção diferenciada pode 
perfeitamente levar em consideração critérios étnico-raciais ou 
socioeconômicos, de modo a assegurar que a comunidade acadêmica e a própria 
sociedade sejam beneficiadas pelo pluralismo de ideias, de resto, um dos 
fundamentos do Estado brasileiro, conforme dispõe o art. 1º, V, da Constituição. 
VI - Justiça social, hoje, mais do que simplesmente redistribuir riquezas criadas 
pelo esforço coletivo, significa distinguir, reconhecer e incorporar à sociedade 
mais ampla valores culturais diversificados, muitas vezes considerados 
inferiores àqueles reputados dominantes. VII No entanto, as políticas de ação 
afirmativa fundadas na discriminação reversa apenas são legítimas se a sua 
manutenção estiver condicionada à persistência, no tempo, do quadro de 
exclusão social que lhes deu origem. Caso contrário, tais políticas poderiam 
converter-se benesses permanentes, instituídas em prol de determinado grupo 
social, mas em detrimento da coletividade como um todo, situação – é escusado 
dizer – incompatível com o espírito de qualquer Constituição que se pretenda 
democrática, devendo, outrossim, respeitar a proporcionalidade entre os meios 
empregados e os fins perseguidos. VIII Arguição de descumprimento de preceito 
fundamental julgada improcedente. 
 
(STF - ADPF: 186 DF, Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Data de 
Julgamento: 26/04/2012, Tribunal Pleno, Data de Publicação: ACÓRDÃO 
ELETRÔNICO DJe-205 DIVULG 17-10-2014 PUBLIC 20-10-2014). 
 
A última ação constitucional que vamos discutir, é a Ação Direta de 
Inconstitucionalidade por Omissão, que tem seu fundamento constitucional no art. 103, §2º da 
Constituição Federal de 1988, que disciplina: “Declarada a inconstitucionalidade por omissão 
de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para 
a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo 
em trinta dias”, e sua regulamentação nas leis n. 12.063/2009 e n. 9.868/99. 
O objeto da Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão é conceder plena eficácia 
às normas constitucionais que dependam de complementação legislativa ou de atuação do Poder 
Público (DANTAS, 2019). Ou seja, o objeto da ADO, são as normas constitucionais de eficácia 
limitada, que depende de uma norma regulamentadora, seja ela uma lei ou regulamentos, para 
sua aplicabilidade. 
Importante destacar, que segundo Dantas (2019), a simples existência de projeto de lei 
para uma possível regulamentação da norma constitucional não é suficiente para afastar a 
inconstitucionalidade por omissão, pois é um projeto que vai seguir o seu trâmite e pode ou não 
ser aprovado. 
Assim como na Ação Direta de Inconstitucionalidade, na Ação Declaratória de 
Constitucionalidade e na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, na Ação 
Direta de Inconstitucionalidade por Omissão os legitimados são os mesmos previstos no art. 
103, “caput”, da CF/88, sendo na ADO disciplinado pelo art. 12-A da lei n. 12.063/2009. 
O “amicus curiae” na Ação Direita de Inconstitucionalidade por omissão tem previsão 
legal através da interpretação do art. 12-E, §1º da lei n. 9868/99, que foi incluído pela lei n. 
12.063/2009, estabelecendo as manifestações por escritos pelos interessados. 
Na Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão, diferente das outras, o art. 12-F 
da lei n. 9.686/99 estabelece que será concedida medida liminar em caso de excepcional 
urgência e relevância matéria, por decisão da maioria absoluta dos ministros do Supremo 
Tribunal Federal, respeitando o quórum de 2/3 dos ministros presentes, após audiência com os 
órgãos responsáveis pela omissão inconstitucional, estes que terão prazo de cinco dias para se 
manifestarem. 
Em comparação aos procedimentos das ações constitucionais, a ADO segue quase todos 
os parâmetros de procedimentos da Ação Direta de Inconstitucionalidade, acrescidas das regras 
do art. 12-E da lei 9.858/99 (artigo acrescentado pela lei 12.063/2009), que estabelece a 
manifestação por escrito dos titulares, a manifestação do Advogado-Geral da União que poderá 
ser solicitada pelo relator, a vista do processo pelo Procurador-Geral da República na ações em 
que não for autor. 
Como na Ação Direta de Inconstitucionalidade, na Ação Direta de Inconstitucionalidade 
por Omissão após sua propositura não é permitido a desistência da ação, conforme o art. 12-D 
da lei 9.868/99 e não há prazo para sua propositura, conforme dispositivo da mesma lei. 
Outra comparação importante, é que assim como nas outras ações, decisão que declara 
a existência de omissão inconstitucional, é irrecorrível, sendo passível apenas de embargos de 
declaração, não podendo ser objeto de ação rescisória. 
Os efeitos da decisão da ADO, estão previstos no art. 103, §2º da CF/88 e se diferencia 
das outras ações constitucionais. Sendo que para o poder competente, será dado ciência da 
decisão, enquanto para o órgão administrativo o prazo para que determinada omissão seja 
cumprida no prazo de 30 dias, sob pena de responsabilidade. 
Vejamos a ementa da decisão da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão n. 
26: 
E M E N T A: ação direta de inconstitucionalidade por omissão – exposição e 
sujeição dos homossexuais, transgêneros e demais integrantes da comunidade 
LGBTI+ a graves ofensas aos seus direitos fundamentais em decorrência de 
superação irrazoável do lapso temporal necessário à implementação dos 
mandamentos constitucionais de criminalização instituídos pelo texto 
constitucional (CF, ART. 5º, INCISOS XLI E XLII) – a ação direta de 
inconstitucionalidade por omissão como instrumento de concretização das 
cláusulas constitucionais frustradas, em sua eficácia, por injustificável inércia 
do poder público – a situação de inércia do estado em relação à edição de 
diplomas legislativos necessários à punição dos atos de discriminação 
praticados em razão da orientação sexual ou da identidade de gênero da vítima.. 
 
Neste caso, o Supremo Tribunal Federal julgou a omissão do Poder Legislativo em 
criminalizar a pratica de homofobia, configurando sua tipificação na lei de Racismo, até que se 
cria uma lei especifica para tal tema, uma vez que a atribuição de legislar, em regra, é do 
Legislativo e não do Poder Judiciário. 
Em síntese, após a abordagem das quatro ações constitucionais, verifica-se uma 
proximidade nos procedimentos e alguns parâmetros entre a Ação Direta de 
Inconstitucionalidade e a Ação Declaratória de Constitucionalidade, uma vez que ambas têm 
caráter dúplice, forma de propositura idêntica, proibição de desistência e outros. E apesar do 
objeto de ambas ser diferente, já que na ADI falamos em lei ou ato normativo estadual e federal 
e na ADC lei ou ato normativo federal, apenas, é de suma importância as duas ações no 
ordenamento jurídico. 
Em relação a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, além de seguir 
alguns parâmetros da ADI e ADC, tem suas particularidades, já que é uma ação subsidiária, 
devendo ser usado em último caso, como exposto. Mas, também de suma importância dentro 
do Estado Democrático de Direito. 
E por fim, a Ação Direita de Inconstitucionalidade por Omissão, que também segue os 
parâmetros da ADI e ADC, e tem como objetivo chamar a atenção do legislativo ou do órgão 
administrativo para determinadas demandas, os quais são omissos. 
 
Referências 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição Federal, de 05 de outubro de 1988. Brasília,Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso 
em: 20 maio 2020. 
LENZA, P. Direito Constitucional Esquematizado. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2017 
MENDES, G. F.; BRANCO, P. G. G. Curso de Direito Constitucional. 13. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2018 
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional / Alexandre de Moraes. - 34. ed. - São Paulo: 
Atlas, 2018.

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