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TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO

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Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO 
INTRODUÇÃO 
O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) ocorre após experiência traumática que envolve risco de morte ou da 
integridade física do próprio indivíduo ou de terceiros. O paciente apresenta, após um período de 30 dias, sintomas como 
revivescência do evento traumático, hipervigilância, evitação e sintomas negativos cognitivos e afetivos, que levam a 
comprometimento em seu funcionamento em vários campos da vida social, familiar e de trabalho ou estudo 
DEFINIÇÃO 
O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é um tipo de distúrbio de ansiedade que se caracteriza por efeitos somáticos, 
com sinais e sintomas físicos, cognitivos, afetivos e comportamentais complexos decorrente de uma situação traumática. 
O TEPT se manifesta através de pensamentos intrusivos, pesadelos e flashbacks de eventos traumáticos passados, evitação de 
lembretes do evento, hipervigilância e distúrbios do sono, que causam considerável disfunção social, ocupacional e 
interpessoal. Comumente, ao se recordar do fato, o indivíduo revive o episódio e todos os sentimentos envolvidos como se 
estivesse vivenciando atualmente. Essa recordação é conhecida como revivescência. 
O diagnóstico de TEPT pode ser desafiador em virtude da heterogeneidade da apresentação e da resistência do paciente em 
discutir (e muitas vezes reviver) traumas anteriores. Associado a isso, muitas vezes esse distúrbio está associado a outras 
psicopatologias, como a depressão maior. 
PREVALÊNCIA 
A prevalência ao longo da vida varia de 6,8 a 12,3% na população adulta dos EUA, sendo maior no sexo feminino (2:1). 
Número semelhante foi encontrado por Ribeiro et al. 1 nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo (8,7 e 10,2%, 
respectivamente). Esse número é impressionante e é o primeiro estudo no Brasil, que não participa de guerras há décadas. 
Tais números são justificados pela alta prevalência de violência interpessoal. 
Nesse mesmo estudo, foram encontradas prevalências ao longo da vida para esse tipo de violência de 59,4 e 63,8%, nas 
mesmas cidades, ou seja, ser vítima desse tipo de violência é a regra. Também favorecem negativamente nesses índices as 
associações de condições ambientais e maior prevalência de TEPT, como baixo nível socioeconômico, negligência dos pais ou 
cuidadores e baixo suporte social. 
A frequência da ocorrência de TEPT é muito variável, além do subdiagnóstico pela resistência do indivíduo em abordar o 
assunto. Sabe-se que sua ocorrência está muito relacionada às características da pessoa e com as características do evento 
que desencadeou o trauma. 
Por exemplo, eventos traumáticos intencionais acarretam mais o desenvolvimento do distúrbio que traumas ocasionais/não 
intencionais. Também é de conhecimento que as taxas mais altas de desenvolvimento de TEPT estão associadas a estupro, 
sobreviventes de combate e captura militar, como em sobreviventes de campo de concentração. 
Esse transtorno pode ocorrer em qualquer faixa etária. 
FISIOPATOLOGIA 
A fisiopatologia exata do desenvolvimento de TEPT não é bem esclarecida. Alguns estudos que utilizaram imagens de 
ressonância magnética mostraram que ocorre diminuição do volume do hipocampo, da amígdala esquerda e do córtex 
cingulado anterior nestes pacientes. 
Além disso, detectaram também aumento dos níveis de norepinefrina central com receptores adrenérgicos centrais regulados 
para baixo e níveis reduzidos de glicocorticóides. Existe ainda a suspeita de influência genética no desenvolvimento desse 
transtorno. 
Outra suspeita, que também não possui o mecanismo de desenvolvimento claro, é que a exposição anterior ao trauma parece 
aumentar o risco de desenvolver TEPT com eventos traumáticos subsequentes. 
 
 
 
 
 
 
 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
QUADRO CLINICO 
Normalmente, o quadro clínico é dividido na manifestação de sintomas dentro de quatro categorias, após a ocorrência de um 
evento traumático. Esses sintomas costumam se manifestar nos primeiros três meses após o evento. Podem ser caracterizados 
como: 
• Sintomas intrusivos – são a marca registrada do TEPT, e incluem memórias indesejadas involuntárias ou pesadelos 
frequentes. Esses sintomas geralmente estão associados a sofrimento psicológico substancial, como medo ou pânico. 
• Sintomas de evitação – a pessoa evita qualquer tipo de pensamento, atividade, situação ou pessoas que possa lembrá-
la do evento traumático. Esse comportamento afeta sua vida pessoal e profissional, comprometendo o funcionamento 
da vida diária 
• Sintomas negativos sobre o pensamento e o humor – depressão e alterações negativas do humor costumam ser os 
sintomas iniciais. Também pode ocorrer a amnésia dissociativa, que é quando a pessoa não se lembra de partes do 
evento. Pode haver também uma percepção distorcida do trauma, que muitas vezes se manifesta associada ao 
sentimento de culpa. 
• Alterações de excitação e reatividade – a pessoa pode apresentar inicialmente sintomas de irritabilidade ou 
comportamentos físicos e verbais agressivos, além de comportamentos imprudentes e autodestrutivos. Também 
podem manifestar dificuldades para dormir ou para se concentrar em atividades cotidianas, podendo se tornar 
excessivamente vigilante. 
Alguns pacientes podem possuir um subtipo dissociativo de TEPT. Nesses casos, estão associados a níveis mais elevados de 
comprometimento, comorbidade e risco de suicídio do que no TEPT sem sintomas dissociativos. Esses sintomas incluem: 
• Despersonalização – A pessoa se sente desconectada de seu corpo, como se seu corpo não fosse dele (a). 
• Desrealização – A pessoa sente como se o mundo ao seu redor não fosse real, como se vivessem num constante 
sonho. 
DIAGNÓSTICO 
Antes era exigido que o evento traumático fosse vivenciado ou testemunhado pelo próprio indivíduo. Esse critério foi ampliado 
e, hoje, ter conhecimento de um evento traumático vivenciado por uma pessoa próxima ou ser exposto a detalhes repulsivos 
do trauma também pode satisfazer critérios diagnósticos. Vale ressaltar que esse critério não se aplica à exposição por meio 
da mídia. Não há exigência de que o evento seja vivenciado com intenso medo, desamparo ou horror. 
O diagnóstico, segundo o DSM-5, consiste em: 
• Exposição a episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violência sexual 
• Presença de um (ou mais) dos sintomas intrusivos associados ao evento traumático, começando depois de sua 
ocorrência 
• Evitação persistente de estímulos associados ao evento traumático 
• Alterações negativas em cognições e no humor associadas ao evento traumático começando ou piorando depois da 
ocorrência de tal evento 
• Alterações marcantes na excitação e na reatividade associadas ao evento traumático, começando ou piorando após 
o evento 
• Persistência das alterações por mais de 1 mês 
• A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo e prejuízo social, profissional ou em outras áreas 
importantes da vida do indivíduo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS (DSM -5) 
 
 
 
COMORBIDADES MAIS FREQUENTES ASSOCIADAS AO TEPT 
 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
FATORES DE RISCO 
 
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 
O tratamento de TEPT, de modo geral, inclui suporte psicossocial – principalmente através da terapia cognitivo 
comportamental -, proteção contra estresse e traumas adicionais e uso de psicofármacos. Os objetivos da terapia 
farmacológica consistem na diminuição de pensamentos e imagens intrusivas, evitação fóbica, hiperexcitação patológica, 
hipervigilância, irritabilidade e raiva e depressão. 
ANTIDEPRESSIVOS 
Nesse caso, os antidepressivos são considerados o tratamento de primeira linha, ainda que a pessoa não apresente o 
transtorno depressivo maior associado. Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs) – como a fluoxetina, 
sertralina, paroxetina, escitalopram– são eficazes na redução dos sintomas de TEPT. Os inibidores da recaptação da serotonina-
norepinefrina (IRSNs) também podem ser utilizados. 
• Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) são os medicamentos de primeira escolha para o 
tratamento de TEPT. A paroxetina e a sertralina são aprovadas pela Food and Drug Administration (FDA) para o 
tratamento de TEPT, demonstrando taxas de 62% e 53% de remissão dos sintomas, respectivamente. 
Outros ISRS, como fluoxetina, fluvoxamina e citalopram, mostraram efetividade em estudos controlados ou abertos. 
Entre os antidepressivos tricíclicos, a imipramina e a amitriptilina demonstraram redução nos sintomas de TEPT. 
A trazodona apresenta eficácia limitada para os sintomas de TEPT, porém é usada em associação com os ISRS em pacientes 
com insônia refratária. 
Os sintomas de TEPT remitiram em 64,5% em um estudo controlado com mirtazapina. Alguns estudos com venlafaxina 
demonstram resultados promissores (taxas de remissão de 50,9%), ao contrário da bupropiona, que não mostrou eficácia 
ANTIPSICÓTICOS 
Habitualmente, são usados como terapia adjuvante para pacientes refratários aos antidepressivos. Os antipsicóticos reduzem 
transtornos do sono, agressividade, agitação, ansiedade, hipervigilância, lembranças intrusivas, flashbacks dissociativos e 
sintomas psicóticos. Existem estudos com resultados positivos para risperidona, quetiapina e olanzapina 
Alguns sintomas, como insônia e os pesadelos, podem ser tratados com antipsicóticos, como a olanzapina e a quetiapina. 
Bloqueadores dos receptores alfa-adrenérgicos, como a prazosina, também parecem reduzir os sintomas gerais de TEPT, 
pesadelos e distúrbios do sono. 
BENZODIAZEPÍNICOS 
Não há evidências de que os benzodiazepínicos apresentem eficácia na prevenção do TEPT. Ao contrário, dois estudos 
demonstraram resultados negativos para uso em prevenção, devendo, portanto, ser evitados nas fases iniciais da exposição 
ao trauma. Não há evidência, também, de melhora dos sintomas específicos. Podem ser usados com terapia adjuvante, no 
controle dos sintomas ansiosos e transtorno do sono presentes em TEPT, preferencialmente por curtos intervalos de tempo, 
pelo risco de dependência 
ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS 
Clonidina, propranolol, prazosina e guanfacina podem ser utilizadas para redução do tônus adrenérgico, com consequente 
redução das lembranças recorrentes do evento traumático, dos sintomas ansiosos e da hiperexcitabilidade. A prazosina 
mostrou eficácia na redução dos pesadelos 
ANTICONVULSIVANTES 
Acredita-se que possam exercer efeitos terapêuticos por um mecanismo antikindling. Existem estudos abertos, retrospectivos 
e relatos de casos que demonstram eficácia de carbamazepina, ácido valproico e lamotrigina para sintomas de TEPT, porém 
são necessários estudos controlados. Um estudo controlado com topiramato não mostrou superioridade ao placebo, e a taxa 
de abandono foi muito alta

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