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UMA REFLEXÃO SOBRE A AUTONOMIA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NA SUPERVISÃO DE ESTÁGIO

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1 
 
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
Curso de Serviço Social 
 
 
 
 
 
 
UMA REFLEXÃO SOBRE A AUTONOMIA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE 
SOCIAL NA SUPERVISÃO DE ESTÁGIO. 
 
 
 
Laís Linhares Mendes 
 
 
 
 
 
Florianópolis 
2021.1 
 
2 
 
 
 
LAÍS LINHARES MENDES 
 
 
 
 
UMA REFLEXÃO SOBRE A AUTONOMIA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE 
SOCIAL NA SUPERVISÃO DE ESTÁGIO. 
 
 
 
 
Monografia submetida ao Corpo Docente do Curso de Serviço Social 
da Universidade Estácio de Sá como parte dos requisitos necessários 
para obtenção do grau no Curso de Serviço Social. 
 
 
 
 
Florianópolis 
2021.1 
 
 
3 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
RESUMO ------------------------------------------------------ 04 
INTRODUÇÃO ---------------------------------------------- 05 
DESENVOLVIMENTO ------------------------------------ 10 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ----------------------------- 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
UMA REFLEXÃO SOBRE A AUTONOMIA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE 
SOCIAL NA SUPERVISÃO DE ESTÁGIO. 
Laís Linhares Mendes¹ 
 
 
 
RESUMO 
Este artigo descreve sobre a importância de reconhecer a supervisão de estágio no processo 
didático-pedagógico, capaz de sistematizar as dimensões teórico-metodológica, ético-
política e técnico-operativa, as quais constitui a formação e o exercício profissional. 
Apresenta considerações sobre a autonomia no âmbito do Serviço Social, destacando as 
principais barreiras que a perpassam, tendo como base o estágio supervisionado. Busca 
evidenciar o estágio como o momento intensificador dos grandes questionamentos sobre o 
sentido atribuído à relação entre autonomia e supervisão de estágio e as formas como se 
expressa essa relação no cotidiano profissional. Deseja fazer uma reflexão crítica sobre os 
novos desafios determinados à profissão num ponto de vista amplo de atuação e visando 
uma prática consciente e eficaz, voltada para uma formação qualificada. 
 
Palavras-chave: Serviço social, Autonomia, Supervisão de estágio, Processo de trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
¹ Aluna de Serviço Social da Universidade Estácio de Sá. 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A compreensão do serviço social como profissão prático-interventiva significou a 
criação, pelo Estado, de um conjunto de instituições prestadoras dos tipos de serviço que 
viessem suprir as necessidades de natureza social da grande maioria da sociedade excluída 
do acesso à riqueza. A partir daquele momento surgiram as condições históricas e materiais 
que determinaram à emergência do serviço social. (REZENDE, 2008). 
Na década de 1960, conforme Iamamoto (2005), o serviço social, em seu processo de 
desenvolvimento, aproximou-se do marxismo, trazendo contribuições significativas à 
categoria profissional. Isso fez com que se iniciasse uma reflexão sobre a prática profissional, 
sobre o papel da profissão na realidade social; seu posicionamento político diante da 
sociedade brasileira. Contribuiu para que o serviço social compreendesse o significado de 
sua prática profissional na sociedade e assumisse um posicionamento de classe favorável aos 
trabalhadores. 
Segundo Iamamoto (2005) a relativa autonomia na efetivação do trabalho do 
assistente social depende da organização da atividade pelo Estado, pela empresa, por 
entidades não governamentais que viabilizam aos usuários o acesso a seus serviços, forneçam 
meios e recursos para sua realização, estabelecem prioridades a serem cumpridas, interferem 
na definição de papéis, e funções que compõem o cotidiano do trabalho institucional. A 
instituição organiza o trabalho do qual ele participa. 
Este profissional tem uma relativa autonomia em suas ações, pois enquanto trabalha 
com Políticas Públicas, exerce sua profissão de acordo com as normas da Instituição com 
quem mantém vínculo empregatício, pois “[...] a instituição não é um condicionante a mais 
do trabalho do assistente social. Ela organiza o trabalho do qual ele participa” (IAMAMOTO, 
2005 p. 63). 
 
 
 
 
 
6 
 
 
É neste sentido que o profissional vive as contradições de uma sociedade de classes 
em que impera a exploração do trabalho. Mas existe outra discussão que difere da autora, 
esta defendida por Lessa (2006), onde afirma que o Serviço Social não pode ser considerado 
trabalho, pelo simples fato de não transformar a natureza. Não cumpre ele a função 
mediadora entre os homens e a natureza; pelo contrário, atua nas relações puramente sociais, 
nas relações entre os homens. 
Segundo Souza e Azevedo (2004) as situações cotidianas enfrentadas pelos 
assistentes sociais são múltiplas e diversificadas em função do espaço de trabalho no qual 
esteja inserido. Estes profissionais trabalham tanto no setor público quanto no privado, 
intermediando a garantia de direitos sociais entre as classes, através da prestação de serviços. 
São trabalhadores assalariados que buscam na perspectiva do fortalecimento da classe 
trabalhadora, garantir seus direitos, participar de suas lutas, consolidar a democracia, 
enfrentar junto com eles as manifestações da Questão Social. 
A profissão presta serviços sociais à classe trabalhadora, vive os mesmos dilemas da 
exploração capitalista e luta pelos direitos trabalhistas tanto seus como dos demais membros 
de classe. 
É na década de 1980 que se identifica importante inflexão na interpretação teórica da 
profissão, com a contribuição de Iamamoto e Carvalho (1982), a partir da teoria social de 
Marx, contemplam uma análise inaugural do Serviço Social no processo de produção e 
reprodução das relações sociais capitalistas, principalmente sua inserção na divisão social e 
técnica do trabalho e reconhecendo o assistente social como trabalhador assalariado. 
Afirmar que o Serviço Social é uma profissão inscrita na divisão social e técnica do 
trabalho como uma especialização do trabalho coletivo, e identificar o seu sujeito vivo como 
trabalhador assalariado, implica problematizar como se dá a relação de compra e venda dessa 
força de trabalho a empregadores diversos, como o Estado, as organizações privadas 
empresariais, não governamentais ou patronais. Trata-se de interpretar a profissão 
desvendando suas particularidades como parte do trabalho coletivo, uma vez que o trabalho 
não é a ação isolada de um indivíduo, mas é sempre atividade coletiva de caráter 
eminentemente social. (IAMAMOTO, 2007) 
7 
 
 
O profissional contratado pelas instituições empregadoras ingressa no mercado de 
trabalho como proprietário de sua força de trabalho especializada, conquistada por meio de 
formação universitária que o legitima a exercer um trabalho complexo em termos da divisão 
social do trabalho, dotado de qualificação específica para o seu desenvolvimento. 
O assistente social como um trabalhador assalariado, não gera um produto imediato 
como os profissionais inseridos na produção de mercadorias. O seu entendimento como 
trabalho ocorre nos processos de trabalho e do seu processo gerencial, influenciado pela 
lógica baseada na teoria de Taylor, de separação entre trabalho intelectual e manual. 
A categoria processo de trabalho envolve diversas questões do serviço social e da 
própria formação profissional. Essa discussão da relação entre trabalho e a prática 
profissional do serviço social só surgiu na profissão com o processo de reforma do currículo 
de seus cursos universitários, na década de 1990, com a implementação da nova diretriz 
curricular, em 1996. Isso pode se refletir na interpretação dos profissionais que se formaram 
com base nos currículos anteriores, sobre o que vem a ser processo de trabalho. 
As implicações desse processo incidem na autonomia relativa desse profissional, que 
não possui o poder de definir as prioridades nem o modo pelo qual pretende desenvolver o 
trabalho socialmente necessário, coletivo, combinado e cooperado com os demais 
trabalhadores sociais nos diferentes espaços sócios ocupacionais que demandamessa 
capacidade de trabalho especializada. (IAMAMOTO, 2007) 
De acordo com Iamamoto, (2009), o trabalho na perspectiva do projeto ético-politico, 
exige um sujeito profissional qualificado capaz de realizar um trabalho complexo, social e 
coletivo, que tenha competência para propor, negociar com os empregadores privados ou 
públicos, defender projetos que ampliem direitos das classes subalternas, seu campo de 
trabalho e sua autonomia técnica, atribuições e prerrogativas profissionais. 
Isto supõe muito mais do que apenas realizar rotinas institucionais, cumprir tarefas 
burocráticas ou a simples reiteração do instituído. Segundo Iamamoto (2009), envolve o 
assistente social como intelectual capaz de realizar a apreensão crítica da realidade e do 
trabalho no contexto dos interesses sociais e da correlação de forças políticas que o tencionam; 
a construção de estratégias coletivas e de alianças políticas que possam reforçar direitos nas 
8 
 
diferentes áreas de atuação (Saúde, Previdência, Assistência Social, Judiciário, organizações 
empresariais, ONGs etc.), na perspectiva de ampliar o protagonismo das classes subalternas 
na esfera pública. 
Exige, portanto, um conhecimento mais amplo sobre os processos de trabalho, os 
meios de que dispõem o profissional para realizar sua atividade, a matéria sobre a qual recai 
a sua intervenção, e também um conhecimento mais profundo sobre o sujeito vivo 
responsável por esse trabalho, que é o próprio profissional. 
Baseado em Raichelis (2010), ainda que o Serviço Social tenha sido reconhecido 
como "profissão liberal" nos estatutos legais e éticos que definem a autonomia teórico-
metodológica, técnica e ético-política na condução do exercício profissional, o trabalho do 
assistente social é tensionado pela relação de compra e venda da sua força de trabalho 
especializada. A condição de trabalhador assalariado - seja nas instituições públicas ou nos 
espaços empresariais e privados "sem fins lucrativos", faz com que os profissionais não 
disponham nem tenham controle sobre todas as condições e os meios de trabalho postos à 
sua disposição no espaço institucional. 
São os empregadores que fornecem instrumentos e meios para o desenvolvimento das 
tarefas profissionais, são as instituições empregadoras que têm o poder de definir as 
demandas e as condições em que deve ser exercida a atividade profissional: o contrato de 
trabalho, a jornada, o salário, a intensidade, as metas de produtividade. 
Esses organismos empregadores, estatais ou privados, definem também a matéria 
(objeto) sobre a qual recai a ação profissional, ou seja, as dimensões, expressões ou recortes 
da questão social a serem trabalhadas, as funções e atribuições profissionais, além de 
oferecerem o suporte material para o desenvolvimento do trabalho - recursos humanos, 
técnicos, institucionais e financeiros -, decorrendo daí tanto as possibilidades como os limites 
à materialização do projeto profissional. 
 
 
 
 
 
9 
 
 
O trabalho do assistente social é, nesses termos, expressão de um movimento que 
articula conhecimentos e luta por espaços no mercado de trabalho; competências e 
atribuições privativas que têm reconhecimento legal nos seus estatutos normativos e 
reguladores (Lei de Regulamentação Profissional, Código de Ética, Diretrizes Curriculares 
da formação profissional), cujos sujeitos que a exercem, individual e coletivamente, se 
subordinam às normas de enquadramento institucional, mas também se organizam e se 
mobilizam no interior de um movimento dinâmico e dialético de trabalhadores que repensam 
a si mesmos e a sua intervenção no campo da ação profissional. (RAICHELIS, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
 
As transformações contemporâneas que afetam o mundo do trabalho, seus processos 
e sujeitos, provocam redefinições profundas no Estado e nas políticas sociais, desencadeando 
novas requisições, demandas e possibilidades ao trabalho do assistente social no âmbito das 
políticas sociais. 
É inegável o alargamento do mercado de trabalho profissional no campo das políticas 
sociais, notadamente no âmbito das políticas de Seguridade Social, e mais ainda na política 
de Assistência Social, com a implantação do Sistema Único de Assistência Social, 
recentemente transformado em lei por sanção presidencial. 
Ao mesmo tempo e contraditoriamente, aparecem a precarização, aberta ou velada, 
das condições em que esse trabalho se realiza, considerando o estatuto de trabalhador 
assalariado do assistente social, subordinado a processos de alienação, restrição de sua 
autonomia técnica e intensificação do trabalho a que estão sujeitos os trabalhadores 
assalariados em seu conjunto. 
Essa dinâmica de flexibilização/precarização atinge também o trabalho do assistente 
social, nos diferentes espaços institucionais em que se realizam, pela insegurança do emprego, 
precárias formas de contratação, intensificação do trabalho, aviltamento dos salários, pressão 
pelo aumento da produtividade e de resultados imediatos, ausência de horizontes 
profissionais de mais longo prazo, falta de perspectivas de progressão e ascensão na carreira, 
ausência de políticas de capacitação profissional, entre outros. (ANTUNES, 2005). 
Intensificam-se os processos de terceirização, de subcontratação de serviços 
individuais dos assistentes sociais por parte de empresas de serviços ou de assessoria, de 
"cooperativas" de trabalhadores, na prestação de serviços aos governos e organizações não 
governamentais, acenando para o exercício profissional privado (autônomo), temporário, por 
projeto, por tarefa, em função das novas formas de gestão das políticas sociais. 
 
 
 
11 
 
 
O Serviço Social tem que enfrentar certas fragilidades para a consolidação do projeto-
profissional, uma vez que ainda se depara com desafios para a efetivação dos princípios 
norteadores do projeto de formação profissional, como o da relação entre a categoria trabalho 
e a prática profissional do Serviço Social. 
Para Iamamoto (2005) o serviço social possui um objeto no qual intervém, sendo este 
a questão social e suas expressões. Possui também instrumentos de intervenção 
fundamentados nas bases teórico-metodológicas, apreendidas enquanto profissão 
regulamentada, materializando-se em entrevistas sociais, reuniões, encaminhamentos, 
pareceres sociais, dentre outros, bem como na dimensão ético-política da profissão. 
Por isso, vemos o serviço social como uma profissão que intervém nas relações 
sociais, e as efetivações do seu trabalho contribuem para a construção de outra sociedade, 
que supere a contradição entre capital e trabalho, que vem agravando a questão social. 
Entretanto, o produto da intervenção do assistente social pode surgir de forma diferenciada, 
levando-se em consideração que as instituições, nas quais os assistentes sociais estão 
inseridos, nem sempre possuem as mesmas características. 
Iamamoto (2005) acaba se contradizendo, na defesa da "relativa autonomia" que o 
assistente social tem na realização do seu trabalho, no momento em que expõe que as 
instituições sociais (Estado, empresa e organizações não-governamentais) irão estabelecer 
prioridades a serem cumpridas, interferindo na definição de papéis e funções que compõem 
o cotidiano do trabalho institucional, e na organização do processo de trabalho do qual o 
assistente social participará e, ainda, que este profissional na sua condição de trabalhador 
assalariado especializado, não dispõe de um poder mágico de "esculpir" o processo de 
trabalho no qual se inscreve. 
O profissional de Serviço Social não atua de forma isolada de outros profissionais, 
por estar inserido em um processo coletivo de trabalho para atender as demandas postas pelo 
sistema capitalista. Para tanto, a sua atuação deve se embasar nos referenciais teórico-
metodológicos e ético-políticos da profissão, para defenderos direitos da classe trabalhadora 
e mediar conflitos entre capital e trabalho e, ao estar ao lado de outros profissionais, buscar 
garantir a efetivação de políticas públicas. 
12 
 
 
A lei de regulamentação da profissão de assistente social, Lei Federal 8663/1993, 
normatiza o exercício desta profissão em todo o território nacional. Em relação à supervisão 
de estágio, a referida lei estabelece em seu artigo 5º que é atribuição privativa do assistente 
social, dentre outras, o “treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço 
Social”. A propósito da supervisão de estágio como atividade privativa do assistente social, 
conforme consta na lei de regulamentação da profissão, Lewgoy (2009) afirma que ela 
“configura-se, no processo de trabalho do assistente social nos campos de estágio e na 
docência, como uma atribuição privativa, correspondendo a um dos princípios” (LEWGOY, 
2009, p.105). 
Nesse sentido, a atuação dos assistentes sociais deve ser atualizada e comprometida 
com a garantia dos direitos dos seus usuários. Outra concepção sobre o estágio é a de que 
este é um espaço privilegiado de interação entre formação e prática profissional, e que 
possibilita ao estagiário ter um encontro com o real, com a profissão no cotidiano das 
instituições onde se realizam concretamente as intervenções, com a finalidade de responder 
as diversas manifestações da questão social. (REZENDE, 2008). 
Vale lembrar que a prática profissional dos assistentes sociais abarca as dimensões 
ético-política, teórico-metodológica e técnico-operativa, e que se concretiza basicamente na 
elaboração e implementação das políticas sociais, por meio das quais a profissão tem na 
garantia dos direitos dos seus usuários, o seu objeto de intervenção profissional. Sendo assim, 
os futuros profissionais devem ser instruídos a ouvir, interpretar e analisar a situação 
apresentada pelos usuários, com a finalidade de identificar os direitos ali envolvidos e lhes 
dar respostas, da melhor maneira possível, garantindo-lhes o exercício de sua cidadania. 
Segundo Buriolla (2003), a supervisão é um processo indissociável, que deve ser 
compreendido em sua totalidade. Nesse processo, os principais atores envolvidos são os 
supervisores – acadêmicos e de campo - e o supervisionado, que “estão inseridos na dinâmica 
relacional (...)” (BURIOLLA, 2003, p. 82). Nesse processo, esses atores se relacionam entre 
si, com a instituição e com os demais profissionais. O supervisor e o supervisionado 
interagem, e cada um desempenha o seu papel, tem a sua especificidade. Cada um com o seu 
saber. 
13 
 
 
 
Os supervisores - acadêmicos e de campo - nesse processo, tem o papel de contribuir 
na formação profissional do supervisionado, por meio da socialização dos seus 
conhecimentos teóricos e práticos e das suas experiências vivenciadas ao longo de sua 
trajetória de formação e exercício profissional, visto ser a supervisão parte constitutiva da 
formação dos assistentes sociais. 
No período da supervisão, o supervisionado tem o papel de colocar-se disponível para 
sua melhor participação nesse processo de ensino-aprendizagem no qual está inserido. O 
supervisionado, que também é sujeito desse processo, entra nessa relação com o papel de 
levar suas experiências e os seus conhecimentos recentemente adquiridos na academia, com 
o propósito de contribuir para um melhor desenvolvimento do trabalho do serviço social na 
instituição, pois “o estagiário também tem um saber que deve ser coletivizado, explorado, 
trocado, no processo da Supervisão”. (BURIOLLA, 2003, p. 83). 
Conforme Buriolla (1999), “o estágio é o lócus onde a identidade profissional do 
aluno é gerada, construída e referida” (BURIOLLA, 1999, p. 13). Nesse sentido, a partir das 
experiências vivenciadas no campo de estágio, o aluno definirá sua própria imagem a respeito 
da profissão, confirmando ou refutando práticas e posturas profissionais. Por meio das 
práticas ali exercidas, o aluno conhece mais profundamente a profissão e confronta o que 
aprende na universidade com o que vivencia na instituição. Desse modo, ele define seu 
posicionamento em relação à profissão, seu papel social e sua prática profissional, def inindo 
também que tipo de profissional pretende ser. 
Por isso, a supervisão se torna de extrema importância para uma formação 
profissional de qualidade, que forme o aluno sobre o conhecimento teórico-metodológico, 
técnico-operativo e ético-político referente à sua profissão, possibilitando que tenha clareza 
sobre o papel e o objeto de sua profissão, capacitando-o e instrumentalizando-o para o 
exercício profissional. 
 
 
 
14 
 
 
 
Sendo assim, os futuros assistentes sociais devem ser formados de forma a apreender 
o real, a analisar as alterações ocorridas na sociedade e a compreender a luta de classes e o 
posicionamento da profissão frente a ela. Somente desse modo o profissional poderá dar 
respostas condizentes com seu compromisso profissional, que prima pela efetivação e 
viabilização dos direitos dos seus usuários, uma vez que “o que se configura como objeto 
profissional do serviço social é a operacionalização dos direitos de cidadania (...)” 
(REZENDE, 2008, p. 39). 
A prática profissional dos assistentes sociais é normatizada pelas determinações 
constantes no Código de Ética Profissional e na Lei Federal 8662/93, que regulamenta o 
exercício da profissão no país. Ele é um importante meio de articulação entre a teoria e prática, 
principalmente porque normatiza o exercício profissional, com força de lei, destacando os 
valores a serem seguidos pelos profissionais e determinando seus direitos e deveres frente 
aos usuários, à instituição de trabalho, à categoria profissional e aos demais profissionais. 
A propósito da importância do código de ética, Lewgoy (2009) destaca que a 
“qualidade e o compromisso com os serviços prestados aos sujeitos usuários estão presentes 
no Código de Ética e relacionam-se à competência e à formação do assistente social (...)” 
(LEWGOY, 2009, p. 52). Sendo assim, o Código de Ética Profissional se encontra como um 
instrumento de trabalho do assistente social, trazendo em seus princípios fundamentais o 
compromisso com a classe trabalhadora, o que demonstra que o assistente social não deve 
ser um profissional exclusivamente do mercado e das instituições empregadoras. 
Os princípios fundamentais do código de ética ressaltam o reconhecimento da 
liberdade com valor ético e das demandas políticas como: autonomia, emancipação e plena 
expansão dos indivíduos sociais; a defesa dos direitos humanos e a recusa ao autoritarismo e 
ao arbítrio; ampliação da cidadania visando à garantia dos direitos civis, sociais e políticos; 
defesa da democracia enquanto socialização da participação política e da riqueza socialmente 
produzida; posicionamento em favor da equidade e justiça social; empenho na eliminação de 
todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participação de 
grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças; garantia do pluralismo; opção 
15 
 
por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem 
societária, sem dominação-exploração de classe, etnia e gênero; articulação com os 
movimentos de outras categorias profissionais; compromisso com a qualidade dos serviços 
prestados à população; exercício do serviço social sem ser discriminado, nem discriminar, 
por questões de inserção de classe social, gênero, etnia, nacionalidade, opção sexual, idade e 
condição física (Código de ética profissional, 1993, p.16). 
Percebe-se então, que o serviço social só teve importância para o capital quando 
passou a ser visto como parte do trabalho coletivo, como um dos profissionais responsáveis 
pela produção e reprodução da vida social, ligado ao desenvolvimento do capitalismo. Diante 
do exposto, caracteriza uma profissão que foi solicitadapelo sistema capitalista, socialmente 
determinada pelas condições e contradições socioeconômicas de seu desenvolvimento. 
Na realidade o serviço social é uma profissão solicitada para dar respostas ao 
enfrentamento de desigualdades e lutas sociais, em suas múltiplas manifestações que se 
agravava com o desenvolvimento do capitalismo, através da execução de políticas sociais 
implementadas pelo Estado. 
Essas políticas sociais materializadas em programas e projetos sociais fornecem 
recursos e instrumentos de trabalho ao assistente social, somados aos seus conhecimentos e 
habilidades. 
A maioria dos profissionais de serviço social realiza várias funções na instituição, se 
deparando com o trabalho polivalente. Este é um indício de que como trabalhador assalariado, 
o assistente social vem sofrendo impactos semelhantes aos da classe trabalhadora que atende. 
Sendo assim, o serviço social tem a necessidade de procurar uma nova direção que 
contribua para que o assistente social ultrapasse o trabalho burocrático. Para tanto, é 
primordial a criação de novas propostas de atuação, que tragam subsídios para que a categoria 
profissional dê respostas concretas às demandas apresentadas nas instituições em que a sua 
ação se inscreve. O assistente social deve ser, portanto, um profissional criativo e propositivo 
e não só executivo. Não pode ser somente um executor de políticas sociais, mas participante 
de sua elaboração e implementação. 
 
 
16 
 
 
No entanto, embora possua uma relativa autonomia na realização do seu trabalho, 
enquanto trabalhador assalariado ele precisa da instituição a qual está vinculado, seja ela 
pública ou privada, para lhe fornecer meios e recursos para a sua realização. A instituição irá 
estabelecer metas e prioridades que irão interferir no papel e na função do seu trabalho na 
instituição. 
Considera-se que o assistente social, ao se encontrar no espaço institucional, no qual 
a sua ação profissional se insere, ele tem conhecimentos teóricos-metodológicos e ético-
políticos que podem fazer a sua prática se desenvolver de forma autônoma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Na atualidade, em razão do agravamento das expressões da questão social, 
impulsionada pelas contradições e mudanças oriundas do mundo do trabalho; pela reforma 
do Estado; pelo aprofundamento do conflito de classes, há uma ampliação e, ao mesmo tempo, 
diminuição na abrangência das políticas sociais, o que, vem trazendo reflexos para as 
condições de trabalho do assistente social. 
Baseado em Iamamoto (2005), é primordial o avanço e a conquista de novos espaços 
de atuação. Contudo, não se pode descuidar, em meio a esta realidade, da qualidade da 
formação profissional. Espaço da prática e espaço da formação são segmentos que estão 
estreitamente inter-relacionados, levando-se em conta que teoria e prática são unidades 
indissolúveis e que uma das responsabilidades do assistente social é “o aprimoramento 
profissional de forma contínua” (código de ética profissional, art. 2º, dos direitos e das 
responsabilidades gerais do assistente social, p.18, 1993), colocando-se a serviço dos 
pressupostos contidos no código de ética profissional. 
Em termos de “qualificação profissional”, percebe-se que a formação profissional 
consistente é o ponto de partida para superar as novas exigências do mercado de trabalho, 
com o oferecimento de conhecimentos pautados por uma reflexão crítica sobre a realidade 
em que se encontra o serviço social, no contexto de mudanças no mundo do trabalho e das 
contradições por eles causadas. 
Trata-se de uma condição de trabalho que produz um duplo processo contraditório 
nos sujeitos assistentes sociais: a) de um lado, o prazer diante da possibilidade de realizar um 
trabalho comprometido com os direitos dos sujeitos violados em seus direitos, na perspectiva 
de fortalecer seu protagonismo político na esfera pública; b) ao mesmo tempo, o sofrimento, 
a dor e o desalento diante da exposição continuada à impotência frente a ausência de meios 
e recursos que possam efetivamente remover as causas estruturais que provocam a pobreza e 
a desigualdade social. (FRANCO, DRUCK e SELIGMAN-SILVA, 2010). 
 
18 
 
 
Por isso a luta pela qualificação e capacitação continuadas, por espaços institucionais 
coletivos de estudo e de reflexão sobre o trabalho desenvolvido, o debate sobre as concepções 
que orientam as práticas e os efeitos por elas produzidos nas condições de vida dos usuários, 
é parte da luta pela melhoria das relações de trabalho e direito da população de acesso a 
serviços sociais de qualidade. 
Quanto mais qualificados os trabalhadores sociais, menos sujeitos a manipulação e 
mais preparados para enfrentar o assédio moral no trabalho, os jogos de pressão política e de 
cooptação nos espaços institucionais. 
O processo de supervisão reflexivo crítico, orientado para a promoção da autonomia 
do profissional, assume-se como um processo de supervisão dialógica e democrática, visando 
promover decisões e a clarificação de intenções e realizações, entre supervisores, entre estes 
e os seus estagiários. O papel do supervisor torna-se assim mais exigente, não se podendo 
cingir a uma “orientação” tradicional excessivamente centrada em si e na avaliação da soma 
do trabalho e do estagiário. 
Numa pedagogia para a autonomia, o supervisor deve ser um profissional com 
competências não apenas na sua área disciplinar, mas também em didática e em supervisão. 
 Deve ainda possuir algumas competências investigativas que lhe permitam indagar 
sistemática e criticamente os contextos de formação, atuando como promotor de uma 
pedagogia centrada no aluno e conducente à sua autonomização. A indagação dos contextos 
deve incluir a indagação do próprio processo de desenvolvimento profissional, enquanto 
professor e supervisor, visando uma maior aproximação e congruência entre os princípios, 
finalidades e meios de formação, de natureza democrática e humanista. 
 
 
 
 
 
 
 
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