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AS CONDIÇÕES DE FELICIDADE NOS ATOS DE FALA

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ 
Faculdade de Filosofia D. Aureliano Matos – L. do Norte 
Curso: Letras 
Professor: Bento 
Disciplina: Pragmática 
Aluno: Diego dos Santos Rocha 
 
AS CONDIÇÕES DE FELICIDADE NOS ATOS DE FALA 
 
Os estudos pragmáticos se interessam principalmente pelas regras da 
comunicação refletidas nas enunciações, abarcando uma série de aspectos no que diz 
respeito à relação entre o que é falado e o que se diz sobre o mundo, as relações entre o 
que é falado e as intenções ou motivações comunicativas do falante, averiguam a maneira 
como os participantes da comunicação organizam a sua interação linguística, além de 
analisar como isso reflete a posição social dos falantes. 
A Teoria dos Atos de fala, explanada principalmente através do arcabouço 
teórico de John Austin, pressupõe o uso da linguagem para descrever eventos ou estados 
de coisas no mundo, o que configuram os atos enquanto constativos, além de produzir 
ações específicas, ou seja, que sobrepõem a concepção descritiva, que servem para agir, 
já que por meio delas o homem realiza atos, o que evoca a caracterização dos atos 
performativos. 
Nessa perspectiva, Austin observa que “o performativo é a realização de um ato 
pelo falante, no momento que ele enuncia” (VERCEZE, 2013, p. 135), examinando três 
tipos de ação linguística. O ato locutório é caracterizado como o próprio ato linguístico 
de dizer. No ato ilocutório, o falante apresenta uma intenção quando fala, demarcando 
uma ação a ser realizada através do ato de proferir. Oferecer ajuda, fazer uma promessa, 
exprimir uma ordem, condenar uma atitude, aceitar um pedido de casamento, por 
exemplo, configuram-se como demonstrações desse ato em um contexto comunicativo. 
No ato perlocutório, por sua vez, o falante é capaz de exercer efeitos sobre o ouvinte 
através do enunciado, o que ocorre por meio de uma tentativa de persuadir, convencer, 
enganar, confundir, surpreender, dentre outros aspectos que acarretam uma mudança ou 
produzem um efeito específico sobre o ouvinte. 
Tendo como objetivo fornecer uma base para o sucesso dos atos de fala, John 
Searle sistematizou o trabalho de Austin, estabelecendo as chamadas “condições de 
felicidade”. Na perspectiva de Searle, “os elementos de uso e de compreensão da 
linguagem não são apenas proposições que possuem condições de verdade, mas são atos 
de fala com condições de felicidade (ou sucesso) e infelicidade (ou fracasso)” 
(ALMEIDA e COELHO, 2012, p. 280). Ao analisar um enunciado, portanto, é necessário 
ir além da mera concepção de verdadeiro ou falso, mas observar de que maneira são 
estabelecidas as condições de produção e se de fato são utilizadas da forma apropriada 
para atingir determinado objetivo. 
Deve-se, dessa forma, estar atento às condições, abarcando as pessoas e as 
circunstâncias que devem ser adequadas à realização do enunciado em questão, além de 
ser necessário utilizar a fórmula correta de acordo com os princípios da polidez. De 
acordo com Verceze (2012, p. 133), inicialmente deve existir um procedimento 
convencionalmente aceito, no qual as pessoas e as circunstâncias particulares devem ser 
adequadas ao procedimento invocado em cada caso. É preciso que o procedimento seja 
executado por todos os participantes em circunstâncias de enunciação adequadas, e a 
enunciação deve ser realizada integralmente, pois a partir do momento em que um 
performativo exige outro para que o ato obtenha sucesso, será necessário executar este 
outro ato. 
No tocante à Searle, ele estabelece como regras para o sucesso do ato de fala: 
conteúdo proposicional, condição preparatória, condição de sinceridade e condição 
essencial. Quando um falante faz uma promessa, por exemplo: “Prometo que assistirei o 
filme que você me indicou”. Nesse caso, no que se refere ao conteúdo proposicional, o 
falante aborda algo que ocorrerá no futuro. Quanto às condições preparatórias, observa-
se que trata de algo que não ocorre sozinho e que o falante tem o poder de realizar, além 
de se tratar de algo que o falante acredita que o interlocutor quer. No que diz respeito às 
condições de sinceridade, que alegam que o falante deve ser sempre sincero e honesto, 
pode ser que essa condição seja contestada. No que diz respeito aos atos constativos, eles 
são considerados verdadeiros quando o estado ou tipo de coisas descritas de fato existem, 
porém serão falsos uma vez que não confirmem aquilo o que foi descrito. 
Nesse campo, Austin também analisa as condições de infelicidade ou fracasso. 
Ao enviar um e-mail para o contato errado, por exemplo, há um impasse, pois as pessoas 
não são apropriadas para esse procedimento comunicativo. Os atos também fracassam 
quando uma pessoa dá um conselho que na verdade causa consequências negativas, 
mesmo que o interlocutor acredite que seja algo benéfico. O mesmo ocorre quando 
alguém é declarado culpado de algo: se a pessoa acusada realmente for a culpada, se 
tratará de um ato feliz; caso contrário, pode ser que a pessoa seja acusada mesmo que seja 
inocente. 
Proveniente de um pano de fundo filosófico, A Teoria dos Atos de Fala alega 
que uma sentença precisa ser verificada, não só em relação às condições de verdade 
(verdadeiro ou falso), no caso dos enunciados constativos, mas tendo em vista a natureza 
das análises e das condições de felicidade através dos enunciados performativos. Tendo 
em vista que Pragmática analisa o contexto, observando a utilização de frases em 
diferentes situações de enunciação, esse campo propõe um estudo do significado através 
do ponto de vista do falante, do significado contextual, além de explorar as relações que 
se estabelecem entre os signos e os falantes que participam da comunicação, o que 
configura uma área complexa. 
 
Referências 
ALMEIDA, A. D; COELHO, V. W. C. As condições de felicidade e o trabalho de faces 
em entrevista por e-mail. Soletras, São Gonçalo, n. 24, p. 274-299. 2012. Disponível em: 
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/soletras/article/view/5044. Acesso em 27 
mai. 2021. 
 
VERCEZE, R. M. N. A pragmática de J. L. Austin. Philologus, Rio de Janeiro, n. 57, p. 
133-138, set./dez. 2013. Disponível em: http://www.filologia.org.br/revista/57supl/13.pd 
f. Acesso em 27 mai. 2021. 
 
ROCHA, F. Teorias do uso da língua – Pragmática. Slide Share. 6 de fev. 2014. 
Disponível em: https://pt.slideshare.net/fabriciorocha/teorias-do-uso-da-lngua-pragmatic 
a. Acesso em 27 mai. 2021

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