Buscar

Bloco I_27ab0e4d131f27116283bc94185bdfc1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIDADE I: Introdução à Bioética 
 
Conteúdos da primeira unidade 
1.1 Definição da Bioética 
1.2 Origem da Bioética 
1.3 Autores da bioética 
1.4 Importância da Bioética 
1.5 Princípios da bioética 
1.6 Temas da Bioética 
1.7 Objectivos da Cadeira 
1.8 Competências profissionais 
 
Objectivo principal da primeira unidade 
Esta unidade pretende levar aos estudantes a conhecer a natureza da bioética a 
partir da sua etimologia, sua origem, seus fundadores, sua importância, seus princípios e 
seus temas, procurando discutir os temas candentes relacionados com a Ética da vida. 
 
Actividades 
Definir a bioética 
Saber quem foram os fundadores desta ciência 
Saber qual é a importância da bioética na ciência da medicina 
Saber quantos são e o que significam os princípios da bioética 
Saber qual é o campo específico e os problemas que a bioética trata. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.1 Definição da bioética 
Bioética é uma área de estudo interdisciplinar que envolve a Ética e a Biologia, 
fundamentando os princípios éticos que regem a vida quando essa é colocada em risco 
pela Medicina ou pelas ciências. A palavra Bioética é uma junção dos radicais “bio”, 
que advém do grego bios e significa vida no sentido animal e fisiológico do termo (ou 
seja, bio é a vida pulsante dos animais, aquela que nos mantém vivos enquanto corpos), 
e ethos, que diz respeito à conduta moral. Trata-se de um ramo de estudo 
interdisciplinar que utiliza o conceito de vida da Biologia, o Direito e os campos 
da investigação ética para problematizar questões relacionadas à conduta dos seres 
humanos em relação a outros seres humanos e a outras formas de vida. 
 
1.2 Origem da bioética 
A Bioética surgiu na segunda metade do século XX, devido ao grande 
desenvolvimento da Medicina e das ciências, que avançaram cada vez mais para a 
modificação da vida humana e a promoção do conforto humano, bem como para a 
utilização de cobaias vivas (humanas e não humanas). A fim de evitar horrores, como os 
que foram vividos dentro dos campos de concentração nazistas e de técnicas médicas que 
ferissem os princípios vitais das pessoas, surgiu a Bioética como meio de problematizar o 
que está oculto na pesquisa científica ou na técnica médica quando elas envolvem a 
vida. 
 
1.3 Autores da bioética 
Hoje, alguns autores são referências para os estudos de Bioética no mundo. Entre 
eles, estão o filósofo Tom L. Beauchamp, professor da Georgetown University, e o 
filósofo e teólogo James F. Childress, professor de Ética da Universidade de Virgínia. 
Juntos, esses dois destacados estudiosos da Bioética escreveram o livro Princípios de 
Ética Biomédica, que contém a formulação dos princípios bioéticos básicos, inspirados 
em grandes sistemas éticos de filósofos considerados cânones do conhecimento ocidental, 
como Kant e Mill. 
Outro autor de igual importância é Peter Singer, filósofo australiano e professor 
da Universidade de Princeton desde 1999. Dentre suas obras, podemos destacar Ética 
prática, que problematiza questões referentes à Ética enquanto área de estudo capaz de 
interferir na vida quotidiana das pessoas, analisando questões polémicas, como o aborto 
e a eutanásia; e Libertação animal, que funda a teoria dos direitos dos animais. 
 
1.4 Importância da bioética 
A importância social da Bioética centra-se, justamente, no fato de que ela procura 
evitar que a vida seja afectada ou que alguns tipos de vida sejam 
considerados inferiores a outros. 
A Bioética discute, por exemplo, a utilização de células-tronco embrionárias em 
suas mais diversas problemáticas, passando pela necessidade de abortar-se uma gestação 
para retirar tais células e pelos benefícios que os tratamentos obtidos por esse recurso 
podem promover para as pessoas. Também é tratado por estudiosos de Bioética o respeito 
aos limites que devemos ter ao lidar com animais, seja para o cuidado ou a alimentação, 
seja para a utilização comercial deles, pois são seres vivos dotados de sentidos e capazes 
de sofrer. 
 
1.5 Princípios da Bioética 
Em Princípios de Ética Biomédica, Beauchamps e Childress estabelecem quatro 
princípios básicos que devem nortear o trabalho bioético tanto para as ciências que 
utilizam cobaias quanto para as técnicas biomédicas e médicas que lidam directamente 
com a vida. Esses princípios estão ligados a teorias éticas conhecidas e ganham um novo 
contorno em suas formulações voltadas para a vida animal: 
 Princípio da não maleficência 
 Princípio da beneficência 
 Princípio da autonomia 
 Princípio da justiça 
 
1.6 Temas da Bioética 
A Bioética trata de temas muito delicados, muitas vezes considerados tabus. Há 
uma dificuldade de estabelecimento de proposições únicas e últimas, pois existem, ao 
menos, três grandes áreas do conhecimento que envolvem a Bioética e porque, enquanto 
ciência, ela não pode se submeter à moral religiosa, que pode ser um obstáculo forte 
em questões relativas à vida, principalmente a humana. 
Listamos abaixo alguns temas tratados pela Bioética, expondo uma breve 
discussão que pode aparecer sobre eles: 
 Aborto 
 Reprodução assistida 
 Clonagem 
 Eutanásia 
 Suicídio 
 Pena de morte 
 Pesquisa Clínica 
 Clonagem 
 Manipulação genética 
 Pesquisa e medicina 
 HIV-SIDA 
 Drogas 
 Ecologia 
 
1.7 Objectivos da Cadeira 
O estudo da bioética pretende: 
 Estimular no estudante o raciocínio crítico e à reflexão em torno da ética da 
vida 
 Ampliar o conhecimento do estudante sobre questões bioéticas no seu 
ambiente académico e profissional 
 Estimular o gosto ao estudante pelo gosto de competência e profissionalismo 
no seu quotidiano académico e profissional. 
 Ampliar o conhecimento sobre os elementos fundamentais de comunicação 
clínica na sua correlação com a prática profissional em administração e gestão 
hospitalar. 
 
1.8 Competências profissionais 
O estudante de bioética deve ser capaz de: 
 Conhecer estratégias para lidar com os conflitos éticos. 
 Conhecer o valor deontológico e diciológico do Juramento de Hipócrates. 
 Conhecer os princípios e valores fundamentais da bioética. 
 Identificar a importância que existe no relacionamento entre o médico e o 
paciente. 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE II: Fundamentos e princípio da Bioética 
 
Conteúdos da segunda unidade 
2.1 A génese dos princípios da bioética 
2.2 Princípios gerais fundamentais da bioética 
2.3 Outras teorias éticas 
 
Objectivo principal da primeira unidade 
Esta unidade pretende levar aos estudantes a conhecer a origem dos princípios da 
bioética e seus fundamentos. 
 
Actividades 
Qual é a importância da Comissão Nacional para o estudo dos dilemas éticos 
relacionados com a experimentação em seres humanos. 
Quais são e o que significam os princípios fundamentais da bioética. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.1 A Génese dos princípios da Bioética 
Em 1974 cria-se nos Estados Unidos da América a chamada Comissão Nacional 
para o estudo dos dilemas éticos relacionados com a experimentação em seres humanos. 
O Nascimento desta Comissão respondia a urgente necessidade de dar uma resposta ética 
perante o escândalo originado pelo conhecimento da realização de experiencias em 
humanos que eram eticamente objectáveis, ao mesmo tempo que se pretendia abordar os 
dilemas suscitados como consequência dos grandes avanços biomédicos. 
Surgiu assim o Relatório Belmonte, que estabeleceu directrizes éticas para o tema 
concreto dos ensaios clínicos em seres humanos, mas que, ao mesmo tempo delineou 
princípios éticos operativos para abordar outros temas concretos de Bioética. 
 
2.2 Princípios gerais fundamentais da Bioética 
2.2.1. Princípios de não-maleficência 
Este princípio consiste na proibição, por princípio, de causar qualquer dano 
intencional ao paciente (ou à cobaia de testes científicos). A sua mais antiga formulação 
pode ser encontrada no Juramento de Hipócrates, e, no século XX, ele foi estabelecido 
como princípiobioético pelos estudiosos Dan Clouser e Bernanrd Gert. 
O Princípio de não maleficência é a exigência ética primária de que o médico não 
utilize os seus conhecimentos ou a sua situação privilegiada em relação ao doente para lhe 
infligir dano. Expressa o Juramento de Hipócrates, ao afirmar: «Do dano e da injustiça o 
preservarei. Não darei a ninguém, ainda que mo peça, nenhum fármaco letal, nem farei 
semelhante sugestão»; «abstendo-me de todo o agravo intencional ou corrupção, em 
especial de práticas sexuais com as pessoas, quer sejam homens ou mulheres, escravos ou 
livres»; «o que no tratamento, ou inclusive fora dele, vir ou ouvir em relação à vida dos 
homens, aquilo que jamais deva divulgar-se, o calará tendo-o por segredo». O Juramento 
inclui a obrigação de não causar dano, juntamente à de fazer o bem: «Farei uso do regime 
de vida para a ajuda do doente, segundo a minha capacidade e recto entender. Do dano e 
da injustiça o preservarei. 
O Principio de não-maleficência é mais geral e obrigatório que o de beneficência: 
podem dar-se situações em que um médico não esteja obrigado a tratar o doente, mas 
estará, sim, obrigado a lhe causar positivamente dano algum. Deste principio derivam 
para o médico normas como “Não matar”, “não causar dor”, “não incapacitar (nem física, 
nem mentalmente)”, “não impedir o prazer”. Este principio é básico na vida moral e já o 
guardava a tradição cristã medieval no seu «faz o bem e evita o mal», como principio 
básico ou primário da lei natural. 
 
2.2.2 O Princípio de beneficência 
No seu sentido etimológico de “fazer o bem”, está incluído no Juramento de 
Hipócrates, tanto nas obrigações do médico para com os seus mestres e familiares, como, 
sobretudo, na sua exigência de que «ao visitar uma casa, entrarei nela para o bem dos 
doentes». A citada Declaração de Génova (1948) sintetiza de forma lapidar este princípio 
tradicional da praxis médica ao afirmar que a «Saúde do meu paciente será a minha 
primeira preocupação». O Princípio da beneficência pode ter seu gérmen encontrado no 
juramento hipocrático, em que se é afirmado que o médico deve visar ao benefício do 
paciente. Beauchamp e Childress vão estabelecendo que tanto médicos quanto cientistas 
que utilizem cobaias devem basear-se no princípio da utilidade (o utilitarismo de Mill e 
Bentham), visando a provocar o maior benefício para o maior número possível de 
pessoas. 
As acções de Beneficência são: 
 Proteger e defender os direitos dos outros 
 Prevenir que suceda algum dano a outros 
 Suprimir as condições que possam causar prejuízo a outros 
 Ajudar as pessoas com incapacidades 
 Resgatar as pessoas em perigo. 
Beauchamp e Childress sustentam que quando se dão estas cinco condições, todas 
e cada uma delas, existe uma obrigação de beneficência, ainda que na ausência de 
relações particulares (isto é, ainda quando não existam obrigações de beneficência 
específica, como acontece, por exemplo, nos ambientes familiares). Por consequência, 
para além dos que ultrapassa o campo da obrigação. Tratar-se-ia de ser «samaritano 
minimamente decente», e não «o bom samaritano». Portanto, para que o princípio de 
beneficência seja obrigatório, deve haver um cálculo de custos e benefícios. Certamente 
este cálculo é extremamente complexo e não é fácil avaliar e diversificar essa ponderação. 
 
2.2.3 Princípio de autonomia 
O Princípio da autonomia tem suas raízes na filosofia de Immanuel Kant e busca 
romper a relação paternal entre médico e paciente e impedir qualquer tipo de obrigação de 
cobaias para com a ciência. Trata-se do respeito à autonomia do indivíduo, pois esse é o 
responsável por si, e é ele que decide se quer ser tratado ou se quer participar de um 
estudo científico. 
O Relatório Belmonte parte de uma concepção de ser humano como ante 
autónomo: «Individuo capaz de deliberar sobre os seus objectivos pessoais e actuar sob a 
direcção desta deliberação». Portanto, entende a autonomia no seu sentido concreto: 
como a «a capacidade de actuar com conhecimentos de causa e sem coação externa. Para 
que uma pessoa possa actuar de forma autónoma, exigem-se três condições básicas: que o 
agente moral actue; 
Intencionalmente 
com compreensão do significado da sua acção 
sem influencias externas que determinem ou controlem a sua acção. 
Portanto, o respigo pela autonomia exige que se reconheça o direito da pessoa, que 
é capaz de decidir autonomamente, a ter os seus próprios pontos de vistas; a fazer as suas 
próprias opções; e a actuar em conformidade com os seus valores e crenças. 
 
2.2.4 Princípio de Justiça 
É o terceiro principio formulado pelo Relatório Belmonte, que o entende a partir 
da justiça distributiva. No âmbito biomédico a dimensão da justiça que nos interessa mais 
é a justiça distributiva, que se refere, em sentido amplo, à distribuição equitativa dos 
direitos, benefícios e responsabilidades ou encargos entre os membros da sociedade. Para 
determinar se a distribuição de encargos e benefícios é justa, é preciso recorrer a critérios 
de Justiça que nos possam guiar nessa distribuição. O Conceito de justiça, 
tradicionalmente atribuído a Aristóteles, formula-se assim: casos iguais devem tratar-se 
igualmente e casos desiguais devem tratar-se desigualmente. 
O Princípio da justiça, baseado na teoria da justiça, de John Rawls, princípio visa 
a criar um mecanismo regulador da relação entre paciente e médico, a qual não deve ficar 
submetida mais apenas à autoridade médica. Tal autoridade, que é conferida ao 
profissional devido ao seu conhecimento e pelo juramento de conduta ética e profissional, 
deve submeter-se à justiça, que agirá em caso de conflito de interesses ou de dano ao 
paciente. 
Beauchamp e Childress citam alguns princípios materiais de Justiça distributiva 
que se encontram na literatura ética. 
 A cada pessoa uma parte igual. 
 A cada pessoa de acordo com a necessidade. 
 A cada pessoa de acordo com o esforço. 
 A cada pessoa de acordo com a contribuição. 
 A cada pessoa de acordo com o mérito. 
 A cada pessoa de acordo com os intercâmbios do livre mercado. 
O Principio de justiça está de alguma forma insinuado no Juramento de 
Hipócrates ao rejeitar a sedução de “livres e escravos” e encontram-se, sim, claramente 
presente na declaração de Genebra ao afirmar: «Não permitirei considerações de religião, 
nacionalidade, raça, partido politico ou categoria social para mediar entre o meu dever e o 
meu paciente.» 
 
2.3 Outras teorias éticas 
O Tema da bioética é extraordinariamente amplo e complexo. Centrámo-nos no 
principialismo, por ser a teoria ética que tem maior aceitação e cujo contributo se tornou 
imprescindível nos actuais debates da Bioética. Alem disso, é compatível com outras 
teorias que surgiram nestes anos e que podem complementar as limitações inerentes à 
postura de Beauchamps e Childress. O que nos propomos nesta secção é fazer uma breve 
síntese das mais importantes: 
 
2.3.1 O Casuísmo 
A teologia casuística enumera uma análise das circunstâncias que especificam 
cada caso. 
 
2.3.2 A teoria ética da virtude 
O seu ponto de partida é a natureza humana comum, como o fundamento que nos 
permite avançar afirmações gerais acerca do ser humano, tanto em medicina como em 
ética. 
 
2.3.2 Ética do cuidado 
A ética do cuidado realça aspectos muito importantes na vida moral, que ligam 
com a teoria da virtude e tem como ponto de partida, a existência da vulnerabilidade e das 
importantes necessidades do paciente. Realça a importância de valores como o afecto e a 
fidelidade na praxis ética. Realça a ênfase na existência de relações especiais como finte 
de obrigações morais particulares e a atenção aos traços, culturalmente vinculados com a 
mulher, como são a compaixão, a fidelidade, a responsabilidade perante as necessidades 
da outra pessoa com quem se entra em relação. 
 
2.3.3 A ética da responsabilidade 
Diego Gracia, O grande bioeticista espanhol toma, como ponto de partida da sua 
reflexão, a criseda razão que começa a eclodir a partir da morte de Hegel. Desde então, 
começa a questionar-se a capacidade da razão para conhecer a realidade que, por sua vez, 
fora questionada na sua teleologia interna que considerava, desde os Gregos, que as 
coisas têm um programa eterno. Surgem dois caminhos para poder ancorar a busca do 
correcto, da verdade: 
 
2.3.4 Emotivismo 
Trata-se do emotivismo moral da cultura anglo-saxónica, para o qual a “bússola 
moral” mais precisa são os sentimentos, quer seja o que sentimos de forma espontânea 
diante de uma barbárie, quer a ternura de um recém-nascido. O Emotivismo considera 
que o sentimento é o nosso “grande alarme” mais eficaz, diferentemente da lentidão, que 
tem de ir ponderando. 
 
 2.3.4.1 Via da Razão 
O ponto de partida da via da razão é a distinção entre os juízos sintéticos e os 
analíticos. As três linhas da ética da responsabilidade, propostas por GRACIA, são as 
seguintes: 
a) Tem que possuir um cânone, uma “varra de medida”. 
b) Há que estabelecer princípios deontológicos: critérios universais sobre como 
proceder. Há-os em qualquer cultura: «não matar», «não mentir»… São muito 
importantes e há que preservá-los. 
c) As éticas de responsabilidade têm um cânone, princípios deontológicos e 
ponderam as circunstancias e consequências. Dada a importância de Diego 
GRACIA na actual reflexão bioética, nos são apresentados, segundo a sua 
visão, as características da bioética. 
d) A ética deve ser, em primeiro lugar, uma ética civil ou secular, não 
directamente religiosa 
e) Deve ser uma ética pluralista, isto é, que aceite a diversidade de enfoques e 
posturas e os tente conjugar numa unidade superior. 
f) A bioética actual deve ser autónoma e não heterónoma. 
g) A bioética tem de ser racional. 
h) Aspira a ser universal, e portanto ir para além dos convencionalismos morais. 
i) Deve ter uma “atitude crítica” face a realidade plural. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE III: Religiões e bioética 
 
Conteúdos da terceira unidade 
3.1 Secularização da bioética 
3.2 Ética e religião 
3.3 A religião nos actuais debates de bioética 
3.4 Importância da Bioética 
3.5 Princípios da bioética 
3.6 Temas da Bioética 
3.7 Objectivos da Cadeira 
3.8 Competências profissionais 
 
Objectivo principal da primeira unidade 
Esta unidade pretende levar aos estudantes a conhecer a natureza da bioética a 
partir da sua etimologia, sua origem, seus fundadores, sua importância, seus princípios e 
seus temas, procurando discutir os temas candentes relacionados com a Ética da vida. 
 
Actividades 
Definir a bioética 
Saber quem foram os fundadores desta ciência 
Saber qual é a importância da bioética na ciência da medicina 
Saber quantos são e o que significam os princípios da bioética 
Saber qual é o campo específico e os problemas que a bioética trata. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.1 Secularização da Bioética 
D. Callahan escreveu que a «mudança mais apelativa das duas décadas passadas 
foi a secularização da bioética.» A bioética, uma temática que anteriormente era 
dominada pela medicina e pela tradição religiosa, aparece agora dominada por conceitos 
filosóficos e legais. A consequência foi que o discurso público sobre estes temas costuma 
enfatizar temas seculares: os direitos humanos, a autonomia, a justiça, ao mesmo tempo 
que predomina a negação sistemática da existência de um bem transcendental individual. 
Houve pensadores do século XIX que afirmavam que, embora a religião não fosse 
verdadeira, no entanto, era socialmente útil como fonte de disciplina e de estabilidade 
politica. No entanto, Callahan considera que a situação criada comporta uma tripla 
deficiência: 
Cria uma exagerada dependência da lei como fonte da moralidade. O que dizem os 
tribulais e as legislações é o que determina o que está bem ou mal, o que é permitido ou 
proibido. 
Priva da sabedoria e dos conhecimentos acumulados, que são fruto das tradições 
religiosas estabelecidas há muito, já que não é preciso ser judeu ou cristão para avaliar o 
contributo dessas tradições. 
E induz a crer que não pertencemos a comunidades morais particulares e é que se 
celebra este facto como expressão de pluralismo. No entanto, «este pluralismo converte-
se numa forma de opressão, em seu próprio nome, já que nos diz que há que calar em 
público as nossas vidas ou crenças privadas e falar». 
O Juízo final de Callahan, a partir da sua própria trajectória humana e religiosa, é 
extraordinariamente significativo: « Com tantas riquezas à nossa disposição, porque é que 
terminámos em nome da paz social com um sal que perdeu o seu sabor? 
 
3.2 Ética e Religião 
Os contributos de Hans Kung, na sua obra sobre o significado das religiões para o 
futuro da humanidade, são importantes como marco para expressar a relevância das éticas 
religiosas, e em concreto a cristã, nos actuais dilemas de bioética. Do mesmo modo, deve 
ter-se em conta que vivemos numa época histórica na qual coincide uma queda dos 
valores morais prévios com importantíssimos avanços científicos, dos quais talvez os 
mais relevantes são os do campo da biomedicina, tudo isto agravado pela crise ecológica. 
Em todo este contexto, está hoje a desenvolver-se uma ética secular cujas quatro 
características são as seguintes. 
É uma ética da responsabilidade, especialmente sensível para com o meio 
ambiente e as gerações futuras. 
Tem um objectivo e critério que é o próprio Homem. É bom para o Homem aquilo 
que preserva, fomenta e realiza a sua humanidade. O ser humano nunca deve ser um mero 
meio, mas deve ser considerado como fim em si mesmo. «O factor humano é o elemento 
central, impulsionador ou moderador, tanto do acontecer global como do particular» 
(Roland Muller). 
Necessidade de uma ética pública: a ética, que foi considerada pela modernidade 
como assunto privado, é agora, na pós-modernidade, «um assunto público de primeira 
ordem». 
Necessidade de uma ética mundial, planetária, dado que sem esse empenho não há 
ordem mundial: «Se queremos uma ética que funcione em benefício de todos, esta deve 
ser única. Um mundo único necessita cada vez mais de uma atitude ética única». 
 
3.3 A religião nos actuais debates da Bioética 
 
3.3.1 Presença das religiões nos fóruns de Bioética 
A bioética , onde tem êxito, mostra que não necessita da Teologia (Engelhard, 
p88). Esta é a imagem externa que se pode perceber: com efeito, na literatura de Bioética 
e na praxis médica actual, tem-se a impressão de que a teologia contribui pouco. 
Gustafson afirma que a teologia raramente oferece directivas concretas e precisas que 
sejam acessíveis a pessoas não religiosas, mas acrescenta que pode ter uma função crítica 
no discurso público: «Os teólogos e os grupos religiosos podem levar a comunidade civil 
às intuições das suas próprias tradições, no suposto de essas contribuições não sejam 
«insulares», nem «estranhas» (Cahill, L. S. 1990). Em todo o caso, deve partir-se da 
assunção de que existe um âmbito independente de discurso secular ou filosófico 
razoável, neutro e menos ligado às tradições, que o discurso religioso. Isso levaria que: 
A teologia ou é dialogante, ou deve ficar de fora e calar-se. 
Deve usar uma linguagem que seja comummente inteligível. A linguagem 
religiosa deve ser traduzida para uma língua e vocabulário simples. Esta apresentação, 
que é hoje comum, apresenta, no entanto, uma visão simplificadora e inclusive distorcida, 
tanto das tradições religiosas, como do que está a acontecer no debate público em 
bioética. 
 
3.3.2 As religiões perante as situações-limite 
Há experiencias na vida que mostram a nossa submissão a poderes destrutivos e 
arbitrários, como são especialmente a doença e a morte. O que tem a dizer nestas 
situações os conceitos de Bioética? São momentos em que muitas pessoas procuram 
respostas que possam ser criativas, redentoras… 
As religiões oferecem uma interpretaçãoda realidade de que responde ao Mx 
Weber chamou «necessidades metafísicas da mente humana» (Weber, M.), que procura 
ordem, coerência e sentido para as nossas vidas, para compreender as últimas perguntas 
sobre a nossa condição humana. O tema do sofrimento, central na praxis médica, foi 
muito contemplado pelas tradições religiosas e não se deveria prescindir dessa riqueza. 
Há algo comum nas religiões: O sofrimento não é um fim, mas uma realidade que se deve 
interpretar a partir de um contexto mais amplo sobre o significado da vida e da condição 
humana. As religiões também podem ter um valor relativamente aos princípios de 
Bioética, que tiveram uma grande relevância para dar soluções pacíficas e racionais aos 
conflitos morais de uma cultura plural. Mas a Bioética deve ser profética, desfiando os 
actuais pressupostos: Torna-se necessária uma visão profética que faça ver as raízes do 
problema e que possa articular uma visão alternativa da assistência à saúde. As religiões 
podem fazer-nos ver também as limitações de uma Bioética principialista. Parece-nos 
significativo passar revista aos princípios de Bioética a partir da perspectiva religiosa. 
Salta à vista, em primeiro lugar, que a concepção do homem como imagem de Deus 
reforça a avaliação da dignidade humana e o respeito pelas opções pessoais do principio 
da autonomia. 
O principio da beneficência pode parecer à primeira vista próximo das tradições 
religiosas mas, como já dissemos anteriormente, o seu conteúdo pode ser minimalista, 
longe das normas do amor ao próximo. 
Igualmente, a aproximação ética ao principio de justiça e, em concreto, a 
afirmação do direito a uma assistência sanitária para todos pode ser apoiada pela religião, 
na sua concepção de ajuda aos menos favorecidos. 
Uma bioética compreensiva pode encontrar no discurso religioso sobre as virtudes 
e disposições uma fonte importante de correcção e balanço moral, que situe as nossas 
decisões sobre o atendimento na saúde dentro do contexto de uma plena explicação do 
propósito e do significado na vida (Campbell, p. 10). 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE IV: A Bíblia e o valor da vida humana 
 
Conteúdos da quarta unidade 
4.1 O Antigo testamento 
4.2 O Novo Testamento 
4.3 O valor da vida humana e da sua inviolabilidade 
4.4 Deus é único Senhor da vida e da morte 
 
Objectivo principal da primeira unidade 
Esta unidade pretende levar aos estudantes a saber o que a bíblia diz sobre a vida 
humana e a sua implicação ética. 
 
Actividades 
Saber o que diz o decálogo, no seu quinto mandamento sobre a morte. 
Como Deus era concebido ou interpretado entre o povo de Deus no Antigo 
Testamento. 
Quais eram os movimentos sociopolíticos no tempo de Jesus. 
Qual é a base que sustenta que a vida humana é um valor e é inviolável. 
Quem tem poder sobre a vida e a morte? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A reflexão ética cristã baseou-se sempre num ponto de vista de referência 
fundamental, a mensagem contida na Bíblia, que se foi decantando numa tradição de 20 
séculos. Mas sempre se afirmou que as exigências éticas cristãs não só têm validade para 
o crente, como também representam os valores éticos que todo o homem, cristão ou não, 
tem gravados na sua consciência. A mensagem revelada da Bíblia não é primariamente 
moral; situa-se, em primeiro plano, no nível da experiencia da fé e da relação do Homem 
com Deus que saiu ao seu encontro na história. A seguir, é uma síntese da mensagem 
bíblica em torno do valor e do respeito devido à vida humana, que certamente deve estar 
para o crente no horizonte da aproximação aos temas da actual Bioética. 
 
4.1 O Antigo Testamento 
4.1.1 Os principais textos vetero testamentários 
O quinto mandamento do decálogo, não matarás, é o resumo mais conhecido da 
atitude bíblica perante a vida humana. Este preceito foi citado numerosas vezes, não só 
em relação ao homicídio ou ao suicídio, mas também perante candentes problemas 
actuais como os do aborto ou da eutanásia. O verbo hebraico rasah, não cometerás 
homicídio, e inclui o homicídio involuntário, dentro de uma mentalidade ética que não é 
ainda sensível à voluntariedade na avaliação dos comportamentos éticos. O verbo usado 
não se refere ao homicídio em tempo de guerra, ao suicídio ou à pena da morte. Na 
realidade, o que se proíbe no decálogo a propósito de matar é o homicídio ilegal, ou seja, 
fazer justiça pelas próprias mãos, o fim de salvaguardar a vida dos inocentes. A proibição 
sagrada de matar: juntamente com “não matarás” e anterior a esta condenação 
institucionalizada do homicídio, existe nos povos primitivos uma proibição sagrada de 
matar, pelo menos os membros do próprio grupo. 
 
4.1.2 Interpretação dos dados bíblicos 
A concepção de um Deus violento e até cruel é normal num povo que vive num 
clima de luta e cuja sobrevivência depende da lei do mais forte. Nesse contexto, Israel é 
mais um povo primitivo, violento como os outros. Foi eleito por Deus, mas a sua 
transformação não é súbita. Nesse âmbito cultural, a violência, tão negativa para nós, não 
tinha esse carácter. Isto deve ter-se em conta ao avaliar o Antigo Testamento: a imagem 
que o homem faz de Deus depende da sua maturidade humana, da sua consciência moral. 
O Homem vai avançando na sua compreensão de Deus, purificando gradualmente as 
imagens que faz dele. 
 
4.1.3 Resumo 
 Como resumo, poderia dizer-se o seguinte: 
 A Mensagem veterotestamentária sobre a vida humana está marcada por luzes 
e sombras, por aspectos claramente positivos e por outros negativos. 
 A mensagem vetero testamentária é inseparável de um contexto cultural 
concreto e dos seus condicionamentos. 
 Devem relativizar-se, no actual debate bioético, certas afirmações bíblicas que 
se usam relativamente a vida humana. 
 Existe no Antigo Testamento um indiscutível progresso, tanto em comparação 
com os outros povos, como, sobretudo, no próprio interior da mensagem 
veterotestamentária. 
 É importante sublinhar como o progresso da imagem de Deus conduz a um 
progresso no nível das exigências éticas. Mas também se dá o processo 
inverso: uma maior humanização do Homem, um maior nível nas suas 
exigências éticas, leva a uma depuração da imagem de Deus. Poder-se-ia dizer 
que Deus humaniza o Homem e o Homem humaniza Deus. 
 Síntese da mensagem veterotestamentária 
 Existe um respeito pela vida do Homem. Há uma tendência progressiva para 
qualificar como semelhante todo o Homem. 
 Vai-se apresentando um Deus menos “guerreiro”, menos violento e 
descrevendo-o mais próximo, mais misericordioso… e também menos 
“judeu”. 
 No conjunto do Antigo Testamento há uma atitude de defesa do fraco, do 
desamparado, do explorado, do oprimido. 
 Existe uma tendência de dessacralizar a violência: o que reconcilia o Homem 
com Deus não são os sacrifícios cruentos, nem as vinganças contra os 
indivíduos ou os povos. O que reconcilia com Deus é a justiça, sobretudo a que 
se pratica com os mais débeis. 
 Também faz parte da mensagem veterotestamentária a concepção, de base 
religiosa, de que Deus é o único que pode dispor da vida do Homem. 
Certamente existem inflexões, mas esta afirmação é dominante na mensagem 
do Antigo Testamento. 
 
4.2 O novo Testamento 
4.2.1 A sociedade judaica na época intertestamentária 
Jesus conviveu com uma intensa efervescência sociopolítica. Havia movimentos 
divididos em cinco grupos: 
Os essénios, que viviam afastados da sociedade, desinteressando-se da politica. 
Os Saduceus, que seguiam a linha contemporizadora e colaboracionista. 
Os fariseus, que eram secretamente hostis, com uma resistência passiva, mas sem 
se oporem ao pagamento de impostos ao poder romano. 
Os Zelotas, a ala radical dos fariseus, partidários exaltados de uma resistência 
activa contra Roma. 
Os Jasidim ou piedosos, onde se situava o comum do povo, não demasiado 
preocupado com a política. 
Dentro destes grupos, os Zelotas são os que tem mais interesse em relação ao tema 
da Bioética.O seu nome significa “ardente”, “fervoroso”, Proclamam que pagar o tributo 
a César é um crime religioso e patriótico. Optam pela resistência activa e armada, com 
um grau crescente de violência, pela qual aspiram à libertação de Israel e à instauração do 
Reino Messiânico. Actuavam em pequenos grupos, como verdadeiros comandos, e 
refugiam-se no deserto. 
 
4.2.2 Jesus foi um revolucionário? 
Jesus certamente viveu numa coordenada histórica marcada pela violência e pela 
oposição ao poder romano, que aparece muito pouco reflectiva nos relatos evangélicos. 
Algumas frases de Jesus: em qualquer caso, são muito poucas e a maioria das 
afirmações de Jesus vai na direcção contrária. A primeira é: “Não vim trazer a paz, mas a 
espada” (Mt10,34). Em segundo lugar, cita-se a que se poderia classificar como 
“pregação social” do mestre: as sua denuncias contra os ricos, as bem-aventuranças para 
com os pobres. Jesus se relaciona também com os ricos, Simão (Lc 7,26), Zaqueu (Lc 
19), José de Arimateia (Mc 15,43), Nicodemos (Jo 3, 1; 7,50). 
Finalmente, citam-se dois gestos de Jesus, a entrada em Jerusalém e a expulsão 
dos vendedores do Tempo, que se poderiam interpretar como atitudes violentas. 
 
4.2.3 O Evangelho ensina a violência? 
É possível que teoricamente que, embora Jesus não fosse violento, nem zelota, no 
entanto, as suas afirmações incitassem à violência. Ghandi foi revolucionário, uma vez 
que pregou uma mudança radical, revolucionária, na escala de valores éticos, se que 
excluiu a violência. 
 
4.2.4 A não-violência no Evangelho 
Não há nenhuma palavra ou gesto de Jesus que se possa interpretar claramente 
como favorável à violência. E, pelo contrário, existem muitos ensinamentos de Jesus a 
favor da não-violência. 
 
4.3 O valor da vida humana e da sua inviolabilidade 
Qual o valor da vida humana? Quando ela tem início? Que direitos e deveres 
temos sobre a ela? Este artigo nos ajudará a encontrar respostas para estas e outras 
perguntas, apresentando aspectos importantes que revelam a grandeza e o valor precioso 
da vida humana 
Que é o homem? Qual o sentido e a finalidade da vida humana? Alguma vez você 
já pensou que a vida não pode ser simplesmente viver um dia após o outro? 
A vida é muito mais do que isso! Ela é sagrada e inviolável em todas as suas fases 
e situações. A vida é um bem indivisível e faz parte de um plano divino. Deus Pai 
preparou um plano maravilhoso para a sua vida e deseja que você seja feliz. Quando nos 
damos conta que Deus tem um plano para nós, entendemos o motivo de vivermos. Deus 
quer que todos os seus filhos progridam e se tornem mais semelhantes a Ele. 
A vida humana tem em si mesma um valor inestimável, é sempre um bem, mas, 
infelizmente, a maioria das pessoas não consegue reconhecê-lo. É imprescindível, para 
que o homem conduza de forma correcta a sua vida e a daqueles por quem é responsável, 
conhecer o valor da vida humana. Existem alguns aspectos importantes que revelam a 
grandeza e o valor precioso da vida. Por que motivos ela é um bem? Entre tantos, 
podemos falar sobre alguns: 
 
4.4 Deus é o único Senhor da vida e da morte 
A Bíblia afirma que Deus é o único Senhor da vida e da morte: “Só eu é que dou a 
vida e a morte”8; “Vós, Senhor, tendes o poder da vida e da morte, e conduzis os fortes à 
porta do Hades e de lá os tirais”9; “Nenhum de nós vive para si mesmo, e nenhum de nós 
morre para si mesmo. Se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor 
morremos. Quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor”. 
O homem não tem o poder de apropriar-se da vida e da morte para decidir sobre 
elas. O homem não pode reivindicar para si a mais completa autonomia moral de decisão 
sobre a vida e a morte; ele não pode dispor da própria vida nem da dos outros como quer, 
porque o valor da vida não é relativo, não é um “bem simplesmente relativo, confrontada 
e ponderada com outros bens, segundo uma lógica proporcionalista ou de puro cálculo”. 
Muitas pessoas afirmam que são “donas” de sua própria vida, portanto, podem 
fazer dela o que quiserem. O Beato João Paulo II afirma: “A vida do homem provém de 
Deus, é dom seu, é imagem e figura dele, participação do seu sopro vital. Desta vida, 
portanto, Deus é o único Senhor: o homem não pode dispor dela. Deus mesmo o confirma 
a Noé, depois do dilúvio: ‘Ao homem, pedirei contas da vida do homem, seu irmão’ (Gn 
9,5). E o texto bíblico preocupa-se em sublinhar como a sacralidade da vida tem seu 
fundamento em Deus e na sua acção criadora: ‘Porque Deus fez o homem à sua imagem’ 
(Gn 9,6) Portanto, a vida e a morte do homem estão nas mãos de Deus, em seu poder.” 
Diante da sua própria vida e da dos seus irmãos, não raramente o homem se apossa 
da liberdade que Deus deu a ele para fazer da vida, independente de Deus, o que deseja. 
Mas a liberdade do homem só é autêntica se for baseada na verdade sobre o homem e 
sobre o mundo; verdade esta que não pode ser aparente, portanto, “Cristo continua a 
aparecer-nos como aquele que traz ao homem a liberdade baseada na verdade, como 
aquele que liberta o homem daquilo que limita, diminui e como que despedaça essa 
liberdade nas próprias raízes, na alma do homem, no seu coração e na sua consciência”.

Continue navegando