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ARQUITETURA EDIFICIOS DE EDUCAÇÃO 2
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arquitetura sem adornos e sem menção à história; visibilidade e presença de brises, bem como circulações mais fluidas (BUFFA e PINTO, 2002). Com a chegada do período pós-moderno (anos 70 e 80), em que havia preocupação com uma produção rápida e econômica (com uso de peças pré- moldadas), a maioria das escolas, implantadas em áreas periféricas, objetivavam dar às obras arquitetônicas um valor sócio-cultural, com o intuito de exibi-las. O ginásio pertencente à escola também possui pilares característicos de Artigas, apreendendo a atenção pela presença de cores primárias em sua composição. Isso porque o efeito dessas cores pode ser critério de percepção dos espaços, causando reação a quem observa. A arquitetura deve atender a qualidade visual do ambiente, afetando o comportamento dos indivíduos quando eles sentem seus sentidos estimulados por algum fator externo, como a variedade dos padrões formais existentes nos espaços (REIS, 2002) Corte Esquemático da Escola de Guarulhos, de Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi (Fonte: Adaptado de MAHFUZ, 2006). Análise esquemática em planta baixa da Implantação da Escola de Guarulhos. Foto atual do Ginásio de Guarulhos – cores fortes na composição (Fonte: MAHFUZ, 2005). o Rio de Janeiro, na década de 1980, a questão de falta de escolas é suprida em boa parte com a criação dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs). A escola mantém suas portas abertas durante os fins de semana para receber a população, defende a educação integral e auxilia os alunos repetentes; assemelhando-se aos Centros Educacionais dos anos 1950, foram características retomadas por Darcy Ribeiro[2] com o objetivo de oferecer ensino público integral com qualidade, prevendo expandir a rede pública. Processo inicial de montagem da estrutura de um CIEP, com concretagem no local, uso de pré-moldado e construção modulada (Fonte: Arquitetura do CIEP, 2007). Primeiro CIEP, inaugurado em 1985: CIEP Tancredo Neves (Fonte: MENDONÇA, 2008). O projeto inicial previa construção de 500 unidades para Estado do Rio de Janeiro. Prova disso foi que, em 1994, esses CIEP’s encontravam-se prontos, os quais, em alguns casos, eram construídos em um mesmo bairro ou muito próximos entre si, para facilitar acesso a escolaridade, em que a distância não fosse um empecilho para a escolarização. O primeiro, inaugurado em 1985, recebeu o nome de CIEP Tancredo Neves Planta Baixa pavimento térreo (Fonte: Adaptado de RIBEIRO, 1986). Planta Baixa do primeiro e segundo pavimentos (Fonte: Adaptado de RIBEIRO, 1986). CIEP e sua implantação em blocos (Fonte: Adaptado de (Fonte: Adaptado de Arquitetura do CIEP, 2007). Nos dois pavimentos superiores, existem 20 salas de aula para 30 alunos, com desenvolvimento do currículo escolar básico; instalações administrativas; serviços auxiliares; auditório; salas especiais, com Estudo Dirigido; sanitários e refeitório. Assim como o térreo, o superior também é de configuração linear marcado por salas ao longo de corredores Para compor o conjunto, existem os anexos: o da biblioteca a disposição de alunos e da comunidade, em que sobre ela, há alojamentos para 12 estudantes, que poderão morar na escola em caso de necessidade; e o segundo anexo é referente ao salão polivalente, formado por ginásio desportivo coberto com arquibancada, com um ambiente amplo onde as aulas corporais são praticadas; vestiários e depósito para guardar materiais. CEU Vila do Sol (2008), no Jardim Ângela, em São Paulo, com a mesma configuração e destinação de ambientes aos volumes (Fonte: BASTOS, 2009). Planta de Implantação do CEU Rosa da China, São Paulo. 1. Bloco Didático; 2. Bloco cultural/desportivo; 3. Conjunto aquático; 4. Creche (Fonte: MELENDEZ, 2003). CEU Jambeiro. Vista aérea: ausência de muros e contraste com o entorno (Fonte: MELENDEZ, 2003). O volume configura-se por meio de blocos, que se estruturam em um: 1) pavilhão, distribuído em três pavimentos, para educação infantil e ensino fundamental; 2) bloco voltado para as atividades culturais e quadras esportivas de forma retangular, fechado por alvenaria: no primeiro pavimento desse bloco há um teatro que pode transformar-se em cinema, e uma quadra esportiva dotada de piso flutuante com material que evita que os ruídos da prática de esportes cheguem ao teatro; 3) um edifício circular de estrutura metálica em concreto, comportando a creche, a qual é ampla, clara e com vista para o exterior; 4) e um parque aquático com três piscinas Os edifícios são marcados pela monumentalidade, tais como os prédios das primeiras décadas da República, revelando-se em suas cores e no uso de formas geométricas para compor o partido. Diferenciam-se apenas no entorno, que não está vazio como no período inicial da República, sendo, portanto, levado em consideração, pois o espaço não é composto unicamente pela instituição. Os CEUs têm características pouco usuais para uma arquitetura escolar pública, pois são de grande porte e sem muros, abrindo-se para o entorno e integrando a escola com aquilo que existe ao seu redor. Assim, pode-se marcar a contradição entre um equipamento urbano positivo e uma vizinhança empobrecida que, com a presença de uma escola de qualidade, cria melhorias para o local (MELENDEZ, 2003), com o prédio sendo objeto de destaque no tecido urbano. O período que vai da década de 1940 ao início da década de 1950, em Curitiba foi caracterizado pela utilização dos projetos-tipo na construção das escolas, ou seja, projetos com plantas e fachadas padrões, construídos em diversos bairros da capital e em muitas cidades no interior do estado. Anísio Teixeira e a organização do espaço escolar O educador integrava o Movimento Escola Nova, que surgiu não só como um novo ideário criado no rastro da Semana de Arte Moderna de 1922, mas, sobretudo, como uma reflexão que buscava contemplar as demandas dos setores sociais emergentes que a República Velha não conseguia incorporar. Eram elas: a implantação do voto feminino, a construção de uma sociedade mais plural e menos coercitiva, a inclusão educacional de populações excluídas, o estímulo a uma postura de respeito à diversidade cultural etc. O movimento de renovação escolar, do qual Anísio Teixeira era signatário, buscou se fundamentar nos progressos da psicologia infantil, que reivindicava mais liberdade para a criança e mais respeito às características individuais da personalidade. Outra importante fonte de inspiração foi o filósofo e educador norte- americano John Dewey, que defendia que o eixo principal da educação não poderia mais estar centrado nas imposições do professor, e sim na motivação e no talento dos alunos. Além disso, o movimento também foi influenciado pelo pensamento europeu surgido após a Primeira Guerra Mundial, que pregava a formação de um novo homem, capaz de conviver fraternalmente com as diferenças culturais e os diversos povos. O “Plano de Construções Escolares” do INEP e as escolas rurais; O plano para construção de escolas rurais na Bahia se inseria no “Plano de Construções Escolares” elaborado em 1946 pelo educador Murilo Braga, então diretor do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP) do Ministério da Educação e Saúde. Era a primeira vez que o Governo Federal iria interferir de maneira efetiva e extensa no ensino primário e normal, até então atribuição dos Estados e Municípios. O projeto das escolas rurais, singelo porém eficiente do ponto de vista do programa, previa não somente uma sala de aula com capacidade para 40 alunos e uma área coberta para o recreio das crianças – cada um destes com 8,00 m x 6,00 m –, mas também a residência do professor, com 8,20 m x 6,00 m, abrigando dois quartos, sala, sanitário e cozinha. A inclusão da residência do professor na mesma edificação da escola mostrava-se fundamental, tendo em vista “as dificuldades de alojamento condigno para os professôres das escolas rurais isoladas”. Anísio Teixeira e a organização do espaço escolar Planta baixa do projeto de Escola Rural elaborado pelo INEP/MÊS