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Análise Financeira Análise Financeira Módulo I Profº Vander Análise Financeira MÓDULO I Objetivos de Aprendizagem: Capacitar o aluno a compreender: • Conceitos introdutórios; • Elementos de juros; • Juros simples; • Cálculos com juros simples; PLANO DE ESTUDO DO MÓDULO Os objetivos relacionados acima serão alcançados através dos seguintes tópicos: Tópico 1: Introdução; Tópico 2: O valor do dinheiro no tempo; Tópico 3: Juros simples. Análise Financeira 1. Introdução Neste capítulo serão apresentados os conceitos introdutórios relacionados à Análise Financeira, seus objetivos, aplicações e princípios envolvidos. De forma objetiva, por intermédio desta disciplina, adentraremos no mundo das finanças a fim de compreender de que forma podemos utilizar os conceitos aprendidos na gestão de uma empresa e de nossos próprios recursos. Para isso, utilizaremos exemplos cotidianos, exercícios práticos, vídeos e textos complementares que nos auxiliarão nesta caminhada. 1.1 Conceitos básicos A palavra Finança vêm do francês finance, e trata da gestão ou administração do dinheiro, considerados recursos financeiros, de uma pessoa física ou jurídica. De acordo com Chiavenato (2014), os recursos de uma empresa podem ser: • Recursos materiais: recursos físicos como edifícios, prédios, máquinas, equipamentos, instalações, ferramentas, materiais, matérias-primas, etc; • Recursos financeiros: recursos monetários como capital, dinheiro em caixa ou em bancos, contas a receber, créditos, investimentos, etc; • Recursos humanos: recursos vivos e inteligentes, isto é, as pessoas que trabalham na empresa, desde o presidente até o mais humilde dos funcionários; • Recursos mercadológicos: recursos comerciais que as empresas utilizam para colocar seus produtos/serviços no mercado, como Análise Financeira promoção, propaganda, vendas, pesquisa de mercado, pesquisa de consumidor, etc; • Recursos administrativos: recursos gerenciais que as empresas utilizam para planejar, organizar, dirigir e controlar suas atividades. Os recursos apresentados por Chiavenato (2014) são ilustrados na Figura 1. Figura 1: Recursos empresariais Fonte: Chiavenato, 2014. Mas, para que servem os recursos de uma empresa? Podemos dizer que os recursos de uma empresa servem para que ela produza aquilo que ela se propõe produzir, ou forneça aquilo que se propõe fornecer. Se, por algum motivo, faltar algum dos recursos listados anteriormente, é provável que a empresa não consiga produzir os seu produtos ou fornecer os seus serviços de maneira adequada, Assim, os recursos são absolutamente necessários ao bom andamento das operações da empresa. E quanto a nós? Também precisamos de recursos? Certamente que sim. Para isso, vendemos nosso trabalho: para que tenhamos recursos, em especial os financeiros, para que, com ele, possamos adquirir os demais. É preciso perceber que, a boa gestão desses recursos Análise Financeira financeiros, é requisito básico a obtenção e manutenção dos demais. Isso vale tanto para nós, pessoas físicas quanto para as empresas. O nosso foco nesta disciplina será as finanças empresariais, apesar de que muitos dos conceitos que veremos podem também ser utilizados em nossa vida pessoal. De acordo com Chiavenato (2014), o objetivo principal da gestão financeira é a maximização do lucro, ou seja, incrementar o valor de mercado do capital dos proprietários ou acionistas de uma empresa. O que isso significa na prática? Imagine que você decide abrir um negócio: uma loja de doces, por exemplo, e, para isso, resolve investir R$ 10.000,00 que possui em sua caderneta de poupança. É provável que você queira obter algum tipo de lucro com isso, pois, caso isso não aconteça, é melhor manter o dinheiro na caderneta de poupança, onde você tem a certeza de que terá um pequeno – mas certo – rendimento mensal. A gestão financeira serve, então, para que você, como proprietário da empresa em questão, obtenha um melhor rendimento sobre o valor investido no empreendimento que se propôs abrir. A esse “retorno” do dinheiro investido chamamos de rentabilidade. Rentabilidade é o melhor retorno possível sobre um investimento realizado. Também é chamado de lucratividade por alguns autores. Um outro fator importante que a gestão financeira procura trabalhar é a liquidez, que representa a possibilidade de converter um ativo (que pode ser um investimento, por exemplo) em dinheiro. Quanto mais rapidamente pudermos transformar um ativo em dinheiro, maior a liquidez Análise Financeira desse ativo. A Figura 2 demonstra a relação entre os conceitos de rentabilidade e liquidez. Figura 2: Recursos empresariais Fonte: Chiavenato, 2014. Ativos são os bens e direitos que uma empresa tem. Tudo o que ela tem de “positivo”, digamos assim. Podemos citar como ativos os investimentos, os prédios, as máquinas, etc. Passivos, no entanto, são aquilo que a empresa tem para pagar, as suas obrigações. É o que ela tem de “negativo”. Um boleto que irá vencer, um financiamento, etc., são exemplos de passivos. Bom, já vimos alguns conceitos fundamentais relacionados à gestão ou administração financeira. Mas não são apenas esses. Há outros igualmente importantes que precisamos conhecer para darmos sequência em nossa disciplina. Vejamos: Análise Financeira • Certeza: é aquilo que temos como certo, que sabemos com uma determinada segurança de que irá ocorrer. No ambiente financeiro, por exemplo, a aplicação em uma caderneta de poupança envolve um elevado grau de certeza, pois é sabido que ela produz uma determinada rentabilidade anual. • Risco: no caso do risco, já não existe uma segurança tão grande de que o fato irá ocorrer. É provável que sim, mas também é provável que não. Ou seja, o risco envolve a probabilidade. É um evento probabilístico. Um exemplo que envolve risco na gestão financeira é o empréstimo pessoal realizado pelos bancos. Há o risco do empréstimo não ser pago, em alguns casos. Pessoas ou empresas que possuem um histórico de pagamentos em dia, representam menor risco que aquelas que detém um histórico não tão bom. O risco envolve um certo conhecimento das probabilidades envolvidas. • Incerteza: é o risco cujas probabilidades são desconhecidas. Investimentos com alto grau de incerteza geralmente são evitados, ou, em alguns casos, busca-se minimizar a incerteza. Por isso, empréstimos em que bens são dados como garantia – como por exemplo um financiamento de automóvel – os juros tendem a ser menores, pois diminui-se a incerteza quanto ao recebimento do valor concedido. Percebeu como a gestão financeira envolve conceitos simples? Imagine uma empresa que pretende vender seus produtos a um novo cliente. O que ela precisa fazer antes de efetuar a venda? É altamente recomendável que ela execute uma análise de crédito, a fim de saber se o potencialcliente tem um bom histórico de pagamentos. Caso não tenha, o risco envolvido na operação será grande, uma vez que pode ocorrer o não pagamento da fatura, após a entrega dos produtos. Análise Financeira Isso ocorre no nosso dia-a-dia enquanto cidadãos? Certamente que sim. A exemplo da empresa citada anteriormente, também nós precisamos analisar os riscos e incertezas envolvidos em uma operação financeira. Imagine aquele cunhado que está (de novo!) desempregado e que não gosta muito de trabalhar. Um empréstimo que você faça a ele corre o risco de não ser pago? É provável que sim. Por outro lado, a utilização do valor disponível em uma poupança para a aquisição de um imóvel, por exemplo, envolve uma determinada certeza de que, ao longo do tempo, haverá valorização e consequente retorno sobre o investimento. A gestão financeira lida, então, com a correta administração das finanças de uma empresa ou de um indivíduo. Finanças são as aplicações de uma série de princípios econômicos e financeiros para maximizar a riqueza de um negócio ou pessoa. (Oliveira, 2014). Quando fazemos a análise dos riscos envolvidos em uma operação financeira, estamos analisando, na verdade, o crédito da outra parte envolvida nessa operação. Santos (2001) afirma que a análise de crédito é uma técnica de previsão que permite à empresa vendedora estimar a capacidade de pagamento de curto prazo do pretendente ao crédito. Para realizar uma análise de crédito eficiente, é preciso lançar mão de algumas técnicas, tais como: • Análise das demonstrações contábeis; • Modelos estatísticos de análise financeira; • Pontuação de crédito. Análise Financeira Quais operações financeiras que você conhece envolvem riscos menores? E quais envolvem maiores riscos? Uma boa análise de crédito evita problemas futuros e evita que a empresa necessite de uma grande estrutura de cobrança. Análises de créditos bem feitas resultam em vendas e recebimentos adequados, gerando recursos financeiros no caixa. VAMOS FALAR DO ENADE? Vejamos se esse assunto tem aparecido no ENADE: Questão 1: ENADE 2009 – TECNOLOGIA EM GESTÃO FINANCEIRA: A concessão de créditos por bancos comerciais aumenta quando o risco de inadimplência é menor. PORQUE Os bancos comerciais devem fazer provisões de recursos para se proteger do não pagamento dos tomadores de empréstimos. Considerando-se essas assertivas, é CORRETO afirmar que: Análise Financeira A) A primeira é falsa e a segunda é verdadeira. B) A primeira é verdadeira e a segunda é falsa. C) As duas são falsas. D) As duas são verdadeiras e a segunda justifica a primeira. E) As duas são verdadeiras e a segunda não justifica a primeira. Conforme vimos anteriormente, os empréstimos são facilitados quando há menos riscos envolvidos. Dessa forma, a primeira assertiva é correta, pois, à medida em que há menos riscos, há maior disponibilidade de empréstimos. Por sua vez, um risco maior requer que os bancos reservem maior quantidade de recursos para se precaverem do não pagamento. Assim, a segunda assertiva também é correta e justifica a primeira. Então, a opção correta é a alternativa D. Conceito de risco financeiro Um risco faz referência à iminência ou à proximidade de um eventual dano. O conceito está associado à possibilidade, por conseguinte, de um dano se vir a concretizar. Financeiro, no que lhe diz respeito, diz-se daquilo que está relacionado com as finanças (a fazenda pública, os bens). A noção de risco financeiro refere-se às hipóteses de o resultado de uma operação vinculada às finanças não seja o previsto. Quanto maior o risco financeiro, maiores as possibilidades de o resultado ser diferente do esperado. Suponhamos que um homem deseja investir 100.000 dólares em bónus. Antes de tomar a decisão, analisa a situação de diferentes países para determinar qual é aquele que oferece um bónus com maior rentabilidade e menor risco financeiro. Análise Financeira Depois de estudar o risco país e outros indicadores, o investidor decide comprar os bónus de um país X uma vez que considera que é a nação que lhe proporciona maior segurança relativamente aos resultados que espera obter. O risco financeiro aparece em diferentes tipos de operações. Fala-se de risco de crédito relativamente à possibilidade de que uma das partes de um contrato relacionado com uma operação de empréstimo não cumpra com as suas obrigações. Uma pessoa, ao depositar dinheiro numa instituição bancária, assume um certo risco de crédito, tendo em conta que o banco em questão pode quebrar e não lhe devolver o dinheiro. O risco de liquidez é outro risco financeiro. Este tipo de risco é assumido pelas empresas financeiras que outorgam créditos e que precisam de dispor de dinheiro em efectivo (líquido) de maneira permanente para poder operar. Fonte: http://conceito.de/risco-financeiro Neste tópico aprendemos o conceito de gestão financeira, a sua importância para a correta administração dos recursos de uma empresa ou pessoa e os principais conceitos envolvidos. Leia o texto complementar, assista ao vídeo recomendado e realize os exercícios propostos. Para saber mais sobre gestão financeira, assista ao vídeo no link abaixo: https://www.youtube.com/watch?v=IKiuvXIB4aI http://conceito.de/risco-financeiro https://www.youtube.com/watch?v=IKiuvXIB4aI Análise Financeira 2. Valor do dinheiro no tempo Em finanças, costuma-se dizer que o dinheiro é um recurso bastante caro, e por isso, deve ser tratado com o devido cuidado. De acordo com Bruni e Famá (2007), as transações financeiras envolvem duas variáveis- chaves: dinheiro e tempo. Aquilo que hoje tem um determinado valor, poderá valer mais ou menos no futuro. Há um elevado grau de certeza em relação ao momento presente, mas o futuro é relativamente incerto. Essa incerteza exige uma compensação, e é isso que estudaremos neste tópico. Já falamos sobre o conceito de risco, então agora veremos dois outros conceitos que, aliados ao risco, nos permitirão entender o conceito do valor do dinheiro no tempo. São eles: • Utilidade: implica em deixar de consumir hoje para consumir no futuro, e isso somente será atraente se houver alguma compensação. É o caso de um investimento com uma rentabilidade que seja compensadora. Por exemplo, ao invés de adquirir um automóvel 1.0 hoje, aplico o valor em um determinado investimento que me permitirá adquirir um automóvel de luxo daqui a dois anos. • Oportunidade: implica em ter a posse de recursos financeiros no momento presente que permita aproveitar determinadas negociações que sejam rentáveis. Por exemplo, podemos negociar a compra de um bem para pagamento à vista, conseguindo um bom desconto, o que caracteriza, de certa forma, um retorno sobre o valor investido. Então, de forma resumida, o dinheiro é um bem que utilizamos para satisfazer as nossas necessidades atuais e futuras. Quando Análise Financeiranão dispomos deste bem, nós o “alugamos” de alguém que dispõe. Ao valor pago por esse aluguem, chamamos juros. Visto desta forma, o investimento requer um certo sacrifício, pois deixamos de adquirir algo hoje pela promessa de um benefício no futuro. Quando aplicamos o nosso suado dinheirinho em uma caderneta de poupança, por exemplo, pensando no valor corrigido que teremos daqui a alguns anos, estamos abrindo mão de adquirir outras coisas bastante interessantes no momento presente. Isso é, sem dúvidas, para grande parte das pessoas, um grande sacrifício. Juros correspondem ao valor que pagamos (ou recebemos) pela posse do dinheiro no tempo. É a remuneração devida (a exemplo de um aluguel) para poder usufruir do recurso financeiro. De acordo com Bruni e Famá (2007), alguns princípios básicos devem ser respeitados quando analisamos as operações financeiras em relação ao tempo: 1. Valores somente podem ser comparados se estiverem referenciados na mesma data; 2. Operações algébricas somente podem ser executadas com valores referenciados na mesma data. 2.1 Diagrama de fluxo de caixa Para que possamos compreender melhor essa relação do dinheiro com o tempo, vamos utilizar um diagrama conhecido como diagrama de Análise Financeira fluxo de caixa (DFC). Ele facilita o entendimento devido à utilização de uma linha do tempo, no qual podemos identificar as entradas e saídas de valores. Buri e Famá (2007) afirmam que o diagrama de fluxo de caixa consiste na representação gráfica da movimentação de recursos ao longo do tempo. A Figura 3 ilustra uma operação de aplicação de recursos, sob a ótica do DFC. Figura 3: Fluxo de caixa de operação de aplicação Fonte: Adaptado pelo autor de Bruni e Famá, 2007. Para Santos (2001), o fluxo de caixa é um instrumento de planejamento financeiro que tem por objetivo fornecer estimativas da situação de caixa da empresa em determinado período de tempo e à frente. Serve, então, para que a empresa possa se situar em relação aos recursos de que dispõe (ou não), agora e no futuro. Conforme Bruni e Famá, 2007, para a elaboração do diagrama devemos respeitar algumas regras: Análise Financeira Escala horizontal: a escala horizontal deverá representar o tempo, com as unidades de capitalização dos recursos, que podem ser em dias, semanas, meses, bimestres, semestres, anos, etc.; Marcações temporais: os pontos 0 e n representam as posições entre as datas, sendo o ponto 0 a data inicial e o ponto n a data final de um determinado tempo; Setas para cima: representam as entradas ou recebimentos de dinheiro no período e, por convenção, têm sinal positivo; Setas para baixo: representam as saídas ou pagamentos efetuados no período e, por convenção, têm sinal negativo. Vamos ilustrar isso com alguns exemplos a seguir: Exemplo 1: um empréstimo contraído no valor de $ 1.500,00, que será quitado mediante o pagamento de $ 1.800,00 daqui a seis meses, pode ser representado da seguinte forma: Podemos perceber pelo exemplo acima que a primeira seta tem o sinal positivo, ou seja, está apontando para cima. Isso significa que o valor de $ 1.500,00 está entrando no caixa no momento 0. Por outro lado, o valor de $ 1.800,00 está saindo do caixa no momento 6. Por esse motivo Análise Financeira ele está com sinal negativo e a seta está apontando para baixo. Vejamos um outro exemplo. Exemplo 2: uma aplicação no valor de $ 5.000,00 que será resgatada em três parcelas iguais e mensais, no valor de $2.000,00 cada, pode ser vista a seguir: No exemplo acima, percebemos que o valor do investimento feito no momento 0 está saindo do caixa e, por isso, é representado por uma seta apontando para baixo e tem o sinal negativo, enquanto que os valores nos instantes 1, 2 e 3 estão entrando no caixa, sendo representados por setas apontadas para cima, e tem seus sinais positivos. Setas apontando para CIMA indicam entrada de valores no caixa, enquanto que setas apontando para BAIXO indicam saída de valores no caixa. Análise Financeira VAMOS FALAR DO ENADE? Vejamos o que tem aparecido a respeito deste assunto no ENADE. Questão 2: ENADE 2015 – TECNOLOGIA EM GESTÃO FINANCEIRA: Uma indústria de autopeças tem apresentado preços pouco atrativos, o que tem acarretado perda de clientes para suas concorrentes. Para evitar esse quadro e aumentar sua participação no mercado, a empresa pretende investir em um projeto de reestruturação de sua linha de produção, com a aquisição de novos equipamentos que resultariam em ganhos de produtividade e redução dos custos. Assim, a reestruturação tornaria seus produtos mais competitivos (com projeções de retornos maiores), conforme análise elaborada pelo departamento de estudos econômicos. Sendo de 10 anos a vida útil do projeto, o investimento necessário de $ 1.000.000,00; os retornos estimados são apresentados no fluxo de caixa a seguir: A decisão para a empresa investir no projeto deve ocorrer somente se o prazo de retorno do investimento, calculado pelo método do Payback Simples, for inferior a seis anos. Com base nas informações fornecidas, conclui-se que o projeto deve ser: Análise Financeira A) Rejeitado, pois o retorno calculado supera seis anos. B) Rejeitado, pois o retorno calculado ocorrera em seis anos. C) Aceito, pois o retorno calculado ocorrerá ao final de seis anos. D) Aceito, pois o retorno calculado ocorrerá em cinco anos e seis meses. E) Aceito, pois o retorno calculado ocorrerá em cinco anos e cinco meses. Observando o diagrama de fluxo de caixa da questão 2, podemos perceber que, nos períodos de 1 a 5 ocorrerão entradas de $ 180.000,00 por período, o que representa um total de $ 900.000,00 de retorno do investimento. No período 6, ocorrerá outros $200.000,00 de entrada. Então, entre os períodos 5 e 6 (cinco meses e meio), ocorrerá $ 100.000,00 de entrada que, somados aos $ 900.000,00 dos cinco primeiros meses, totalizam o montante investido inicialmente. Assim, podemos afirmar que a resposta correta para esta questão é a alternativa D. Como fazer um fluxo de caixa perfeito A expressão “fechar o caixa” faz parte do vocabulário de quase todo comerciante. Antes de baixar as portas e ir para casa, é preciso conferir tudo que foi pago e recebido e checar com o dinheiro do caixa. Sendo de comércio ou não, toda pequena empresa deve seguir a mesma premissa e ter o fluxo de caixa como companheiro do final do expediente. “O controle de caixa é o registro das transações financeiras de um negócio”, define Maurício Galhardo, especialista em finanças e sócio-diretor da consultoria Praxis Education. Análise Financeira Aparentemente simples, esta ferramenta é indispensável para quem quer manter as contas em ordem. Uma planilha (veja aqui um modelo de Planilha de Fluxo de Caixa fornecido pelo Sebrae/SP) pode ajudar na tarefa cotidiana de checar as contas. “O fluxo de caixa é o melhor instrumentode controle da empresa”, diz Ricardo Curado, consultor financeiro do Sebrae/SP. Entre saídas e entradas de dinheiro, todo empreendedor precisa saber o que estes números significam. “O diagnóstico que o fluxo de caixa dá é apenas da situação financeira da empresa e não a situação econômica. Não é possível saber se a empresa tem lucro ou prejuízo, por exemplo”, ensina Adriano Gomes, professor de finanças da ESPM. Como fazer Um fluxo de caixa perfeito é aquele que leva dedicação e disciplina dos empresários. O primeiro passo é separar as saídas de dinheiro em pelo menos três categorias: fornecedores, despesas e outras saídas. Dentro dos pagamentos com despesas, os especialistas sugerem a divisão em outras três categorias. “As despesas podem ser administrativas, como papelaria, correio, telefone, internet e salários, comerciais, onde entram gastos com marketing e comissões de vendedores, e financeiras, como juros, multas e IOF”, explica Gomes. Em “outras saídas”, coloque o que a empresa pagou para amortização de empréstimos, pagamento de tributos e investimentos. Do outro lado do fluxo, ficam as entradas, que costumam vir principalmente do que a empresa recebe das vendas. “A venda de um ativo ou um novo aporte também devem entrar neste quesito”, afirma o professor da ESPM. Esta operação deve ser feita diariamente e depois de calcular o valor das entradas menos o das saídas, somando ao saldo inicial, o empresário tem acesso ao saldo final do dia. Este número deve bater com o que há nas contas Análise Financeira bancárias. “Se não bater, o que está errado é o fluxo de caixa. O banco nunca erra”, brinca Galhardo. Atenção: saldo negativo não significa prejuízo. Os especialistas alertam para a diferença entre saldo e lucro ou prejuízo. “A empresa ficou em déficit de caixa. Prejuízo ou lucro é resultado de vendas menos custos e despesas”, diz Gomes. Por outro lado, se o saldo for negativo com frequência, vale prestar atenção nas movimentações financeiras da empresa. “Normalmente, significa que está saindo mais dinheiro do que entrando. Tem que fazer o demonstrativo de resultados”, ensina Curado. Fluxo de caixa projetado Com cada vez mais crédito circulando e mais gente pagando a prazo, as empresas são capazes de fazer projeções com a ajuda do fluxo de caixa. Isto significa que é possível colocar na planilha em qual data – mesmo no futuro – deve entrar ou sair dinheiro. “É como ter a bola de cristal para prever o futuro financeiro do negócio e tomar decisões hoje”, compara Galhardo. Se você já sabe que daqui 30 dias vai precisar pagar as contas do fornecedor, pode se programar e deixar de gastar ou investir para poupar e não precisar apelar para os bancos. As empresas que praticam o controle do caixa há mais tempo já têm uma curva de caixa e sabem como é o movimento mês a mês, facilitando o planejamento. “O fluxo serve como uma grande bússola financeira para indicar as melhores datas para receber e pagar”, define Gomes. Esta projeção serve para mostrar se existe um descasamento das operações, ou seja, entre pagar o fornecedor e receber do cliente há um período muito longo e não dá tempo do dinheiro entrar. Para resolver este problema, os especialistas indicam uma boa gestão de estoque, uma negociação maior com os fornecedores e menos prazo para os clientes pagarem. Análise Financeira O fluxo de caixa é uma ferramenta para avaliar a gestão financeira da sua empresa e colocar o dono no comando das finanças. Por isso, a orientação é dedicar um pouco de tempo todos os dias para fazer estas contas. “Não encerre o dia ou vá embora sem fechar o caixa”, ensina Curado. Para Galhardo, fazer um fluxo de caixa “mais ou menos” gera resultados medíocres e não ajuda na hora de tomar decisões. “Faça o fluxo de caixa de centavos, até contas de papelaria tem que buscar. Se der diferença, entra no detalhe e esgota até saber de onde vem a diferença”, ensina. Segundo ele, esta é a melhor forma de saber se existe algum tipo de desvio ou se os processos estão mal feitos. Fonte: Site da Revista Exame (www.examecom.br) Neste tópico verificamos o conceito de fluxo de caixa, e aprendemos como representa-lo em forma de diagrama. Verificamos também quais as recomendações para a elaboração do diagrama, de forma a representar adequadamente as entradas e saídas de valores financeiros. Leia o texto complementar, assista ao vídeo recomendado e realize os exercícios propostos. Análise Financeira Para saber mais sobre gestão financeira, assista ao vídeo no link abaixo: https://www.youtube.com/watch?v=7CsRxuRi2cA 3. Juros Simples Como já vimos anteriormente, os juros são uma espécie de “aluguel” que pagamos ou recebemos pela disponibilização de um recurso financeiro. Em outras palavras, é a remuneração do dinheiro no tempo. Há dois tipos de juros que estudaremos, os juros simples e os juros compostos. Neste primeiro módulo, nos concentraremos no primeiro deles, os juros simples. Juros simples: no regime de capitalização simples, ou simplesmente juros simples como é conhecido, a taxa de juros incide somente sobre o capital, ou seja, sobre o valor que foi inicialmente aplicado ou tomado emprestado. Tomemos como exemplo um empréstimo tomado no valor de $ 50.000,00, no qual incide uma taxa de 10% ao período, durante 5 períodos, sendo pagos ao final dos períodos: Período Valor devido Juro 0 50.000,00 - 1 55.000,00 5.000,00 2 60.000,00 5.000,00 3 65.000,00 5.000,00 4 70.000,00 5.000,00 5 75.000,00 5.000,00 https://www.youtube.com/watch?v=7CsRxuRi2cA Análise Financeira Podemos perceber que o valor pago de juros é sempre o mesmo, pois ele corresponde sempre ao valor inicial, que, neste caso, é $ 50.000,00. Como esse juro será pago somente ao final dos 5 períodos, o valor a ser pago será o capital mais os juros calculados nos 5 períodos, ou seja, 75.000,00. Capitalização corresponde ao crescimento do valor monetário ao longo do tempo. A capitalização ocorre quando há incidência de juros sobre o valor inicialmente aplicado, também chamado de capital. Então, a fórmula que representa os juros capitalizados no regime de capitalização simples, é: J = VP . i Onde: J = Juros VP = Valor Presente ou Capital i = Taxa Outras variações desta fórmula podem ser: J = VP . i . n Quando queremos saber o total de juros em um dado número de períodos (n). Análise Financeira VF = VP + J Quando queremos saber o valor futuro (VF). VP = VF ÷ (1 + i . n) Quando queremos saber o valor presente (VP). i = ((VF ÷ VP)-1) ÷ n Quando queremos saber o número de períodos (n). n = ((VF ÷ VP)-1) ÷ i O Valor Futuro (VF) também conhecido como Montante. Ele é, portanto, a soma do Valor Presente (VP) ou Capital com os juros incorridos no período. A taxa pode ser representada ao dia, ao mês, ao bimestre, ao semestre, ao ano, etc. Para simplificar isso, de acordo com Bruni e Famá (2007), usamos as seguintes abreviações (Figura 4):Análise Financeira Figura 4: Abreviaturas empregadas na notação das taxas Fonte: Adaptado pelo autor de Bruni e Famá, 2007. Em relação aos períodos anuais, as operações financeiras podem utilizar: • Ano civil ou exato: contem 365 dias; • Ano comercial: contem 360 dias. Para o cálculo de juros, geralmente é utilizado o ano comercial, com 360 dias. Da mesma forma, para períodos mensais, utilizamos o mês comercial, com 30 dias. Vejamos alguns exemplos de aplicação dos juros simples: Exemplo 1: Um capital de $ 1.000,00 foi aplicado a uma taxa de 7% a.m. no regime de capitalização simples. Pede-se calcular o valor dos juros mensais. Solução: aplicando a fórmula: J = VP . i = 1.000 x 0,07 = $ 70,00. Caso queiramos saber qual será o valor total dos juros ao final de 8 meses, por exemplo, basta multiplicarmos o valor dos juros mensais pelo total de meses, assim: 70,00 x 8 = $ 560,00. Análise Financeira Obs: Isso seria o mesmo que aplicar a fórmula J = VP . i . n. Exemplo 2: Uma empresa tomou emprestado o valor de $ 4.500,00 que serão pagos dentro de 6 meses, a uma taxa de juros simples de 9% a.m. Pede-se calcular o valor futuro desta operação. Solução: Para este cálculo, podemos utilizar a fórmula VF = VP + J, sabendo que J = VP . i . n. Então: J = 4.500,00 x 0,09 x 6 J = 2.430,00 Assim: VF = 4.500,00 + 2.430,00 VF = $ 6.930,00 Temos que, nesta operação, o valor total de juros pagos será de $ 2.430,00, sendo o valor futuro (VF) igual a soma do valor presente (VP) mais os juros (J), ou seja, o valor futuro da operação é igual a $ 6.930,00. Exemplo 3: Uma aplicação feita no regime de juros simples rendeu um montante igual a $ 800,00, após 10 meses, a uma taxa de 5% a.m. Pede- se obter o valor inicial da operação. Solução: para resolver esta questão, vamos utilizar a fórmula: VP = VF ÷ (1 + i . n) Análise Financeira Então: VP = 800,00 ÷ (1 + 0,05 x 10) VP = $ 533,33 Exemplo 4: O valor de $ 300,00 foi aplicado por 10 meses, permitindo a obtenção de um montante de $ 700,00. Uma vez que o regime de capitalização utilizado é o simples, calcule a taxa de juros mensais praticada durante a operação. Solução: para resolver esta questão, vamos utilizar a fórmula: i = ((VF ÷ VP)-1) ÷ n Então: i = ((700,00 ÷ 300,00) – 1) ÷ 10 i = 0,1333 ou 13,33% Exemplo 5: A quantia de $ 570,00 foi obtida como montante de uma aplicação de $ 230,00 feita à taxa de 5% a.m. no regime de capitalização simples. Calcule o número de períodos da operação. Solução: para resolver esta questão, vamos utilizar a fórmula: n = ((VF ÷ VP)-1) ÷ i Então: n = ((570,00 ÷ 230,00) – 1) ÷ 0,05 n = 0,1333 ou 13,33% Análise Financeira n = 29,57 ou ~30 meses. Os juros simples incidem sempre sobre o capital, ou valor inicial. Por isso, é também chamado de regime de capitalização simples. VAMOS FALAR DO ENADE? Vejamos o que tem aparecido a respeito deste assunto no ENADE. Questão 3: ENADE 2009 – TECNOLOGIA EM GESTÃO FINANCEIRA: Um capital, C, foi aplicado no regime de juros simples durante certo prazo, N1 e a taxa de juros de 2% ao mês, após este período os rendimentos, R1, foram retirados, e o capital restante foi reaplicado por outro prazo, N2, ainda sob o regime de juros simples na mesma taxa de juros anterior, proporcionando rendimento igual a R2. Sabendo que o prazo N1 + N2 da operação inteira foi de um ano e que o rendimento R1 + R2 foi de R$ 360,00 qual o valor do capital C? A) R$ 18.000,00 B) R$ 10.000,00 C) R$ 1.800,00 D) R$ 1.500,00 E) R$ 1.000,00 Análise Financeira Para resolver esta questão podemos utilizar a fórmula: J = VP . i . n Então: J1 = VP1 . i1 . n1 (R1) J1 = VP1 x 0,02 x n1 J2 = VP2 . i2 . n2 (R2) J2 = VP2 x 0,02 x n2 Somando: R1 + R2 = 0,02 x VP x (n1 + n2) VP = (R1 + R2) ÷ 0,02 x (n1 + n2) Sendo: R1 + R2 = 360 E n1 + n2 = 12 Então: VP = 360 ÷ 0,02 x (12) = R$ 1.500,00 Assim, a resposta correta é a alternativa D. Análise Financeira Empréstimos: juros simples ou compostos? O contrato de empréstimo, independente da linha, trabalha com juros compostos. Trata-se de juros cobrados sobre juros. Entenda a diferença entre juros simples e compostos. Os juros simples eram utilizados em operações com prazo mais curto, contudo, mesmo assim, eram poucas operações que utilizavam o regime de juros simples. Atualmente o sistema financeiro utiliza apenas juros compostos, pois esse é um regime mais lucrativo. Portanto, se você solicitar um empréstimo no banco ou com alguma instituição financeira, saiba que estará pagando juros compostos. Juros Simples vs. Juros Compostos Os juros simples não são mais utilizados porque são menos lucrativos às instituições. Eles são calculados tendo o valor da dívida e a primeira prestação como base. Desta forma, o valor dos juros não muda, ele sempre será baseado no valor total da dívida quando ainda não havia sido pago a primeira parcela. Por exemplo, no juros simples, se você solicitar um empréstimo de R$ 10 mil e os juros forem de 10%, você sempre pagará 10% de R$ 10 mil (R$ 1.000,00) até o fim do empréstimo. Já com os juros compostos o cálculo muda. Você paga juros em cima do acumulado da dívida, o montante, por isso é mais lucrativo para os bancos. Na prática, trata-se de juro sobre juro. Por exemplo, se você paga 10% em cima de R$ 10 mil, na segunda parcela o montante será R$ 11 mil (R$10 mil da dívida mais R$ 1 mil dos juros), então os juros da segunda parcela serão recalculados em cima de R$ 11 mil ao invés de R$ 10 mil. Literalmente, os juros são aplicados em cima dos juros do mês anterior. Análise Financeira Quando for solicitar um empréstimo, tenha em mente que em seu contrato, os juros serão calculados através do regime de juros compostos. Seja ele consignado, pessoal, com imóvel em garantia, com veículo em garantia etc. Fonte: https://www.creditas.com.br/revista/emprestimo-juros-simples-ou-compostos/ Neste tópico vimos o que são juros simples e como calculá-los. Vimos também os principais conceitos envolvidos nas operações financeiras, tais como Valor Presente, Valor Futuro, Capital, Montante, Taxa, etc. Leia o texto complementar, assista ao vídeo recomendado e realize os exercícios propostos. Para saber mais sobre o sistema de capitalização simples, assista ao vídeo no link abaixo: https://www.youtube.com/watch?v=yOQtPB4ZnBI https://www.creditas.com.br/revista/emprestimo-juros-simples-ou-compostos/ https://www.youtube.com/watch?v=yOQtPB4ZnBI Análise Financeira BIBLIOGRAFIA BRUNI, Adriano Leal. FAMÁ, Rubens. A matemática das finanças. 2 ed. São Paulo, Atlas, 2007. CHIAVENATTO, Idalberto. Gestão financeira: uma abordagem introdutória. 3 ed. Barueri, SP: Manole, 2014. OLIVEIRA, ReginaldoAparecido de. Gestão financeira. Joaçaba, SC: Unoesc Virtual, 2014. ROSS, Stephen A. et al. Princípios de administração financeira. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2000. SANTOS, Edno Oliveira dos. Administração financeira da pequena e média empresa. São Paulo; Atlas, 2001.
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