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PROVA MICROBIOLOGIA 1- Considere uma cultura de bastonete Gram negativo isolado em meio de EMB, e que mostrou positividade para a fermentação da glicose, redução de nitrato a nitrito e prova de oxidase negativa. Após armazenagem de um tubo dessa cultura em meio líquido sob refrigeração por uma semana, ao ser semeada em meio de Agar Nutriente e incubada, desenvolveram-se colônias com aspecto normal, viscosas e com brilho. Ao lado dessas colônias com aspecto normal foram observadas também colônias com aspecto rugoso. Responda: a) Explique a provável causa da morfologia dessas últimas colônias. b) Se você fosse fazer uma sorologia em lâmina para caracterização sorológica dessa bactéria, qual das colônias você escolheria? Justifique. a. A morfologia rugosa pode ser causada pela perda do antígeno O, o que confere a perda do brilho e rugosidade. Essas colônias são avirulentas e facilmente fagocitadas. b. A sorologia deve ser feita com as bactérias com aspecto viscoso e com brilho, uma vez que essas colônias possuem o antígeno O, o que permite sua identificação e caracterização sorológica. 2- Discuta os fatores em comum em relação à transmissão e virulência entre a E. coli do grupo das EHEC e Shigella: A transmissão da E. coli ocorre principalmente por causa de carnes bovinas mal-passadas, sendo o gado o principal reservatório para infecção humana. Já a Shigella tem como forma de transmissão a via fecal-oral e baixas condições de saneamento. Em comum, ambas possuem baixa dose infectante, o que favorece a transmissão por contato pessoa-pessoa, principalmente em locais superpopulados. As duas bactérias têm como importante fator de virulência suas toxinas. A Shiguella e a EHEC possuem a toxina STX, que na primeira é de natureza cromossômica e na segunda de conversão fágica. Essa toxina é absorvida no intestino grosso, cai na corrente sanguínea e se liga à polimórfios nucleares e são liberadas para as células endoteliais de pequenos vasos. São do tipo AB5, em que o pentâmero B se liga ao receptor glicolipídeo da célula endotelial, principalmente de rim, intestino e cérebro, e sofre endocitose com formação de vesícula. Na vesícula, a toxina é transportada até o complexo de golgi, onde suas partes, A e pentâmero B, são separadas. A subunidade A é liberada e segue até o retículo endoplasmático, onde tem a subunidade A1 liberada, esta é a toxina propriamente dita. A toxina é muito potente e atua no RNA ribossomal, impedindo a síntese proteica e causando morte celular. 3- Que gênero bacteriano apresenta o mesmo mecanismo geral de patogenicidade que a E. coli do grupo das EIEC? Cite qual é esse mecanismo. O gênero da Shiguella apresenta o mesmo mecanismo de patogenicidade das EIEC, vale destacar que ambas são enteroinvasoras. Inicialmente ocorre invasão das células M e a bactéria é captada e atinge os macrófagos presentes na submucosa. Esse tipo celular, ao ser invadido, morre por apoptose e libera a bactéria. Além disso, os macrófagos também liberam IL- 1, o que atrai polimorfos nucleares (neutrófilos) que realizam transmigração, na tentativa de fagocitar as bactérias que ainda estão na luz intestinal. Entretanto, esse movimento causa a ruptura das junções tight, o que permite a fácil invasão da submucosa pela bactéria. A apoptose do macrófago com liberação da bactéria permite a invasão basolateral dos enterócitos por disseminação intercelular. Essas bactérias possuem proteínas Ics, de origem plasmidial, que permitem a captação e polimerização da actina celular, que é transportada para a membrana externa da bactéria com objetivo de formar um falso flagelo na bactéria, o que permite a passagem e espalhamento para outras células. Tais mecanismos causam intenso processo inflamatório, com morte celular, destruição da camada epitelial e perda de flúidos. 4- Considere as seguintes bactérias: diferentes tipos de amostras diarreiogênicas de E. coli, Salmonella sp., Shigella e Yersinia enterocolítica. Qual dela teria maior favorecimento para causar infecção quando presente em um alimento ou mesmo a partir de contato inter-humano? Justifique. A que possui maior favorecimento são as amostras de E. coli diarreiogênicas, do tipo enterohemorrágicas (EHEC). Essas bactérias possuem uma dose infectante menor que 100 bactérias, o que permite a transmissão direta por contato pessoa-pessoa, além de terem como causa mais comum de infecção a transmissão por carne bovina mal-passada, principalmente quando moída. Vale ressaltar que o principal reservatório para infecção humano é o gado bovino. Além da carne, a bactéria pode estar presente em leite e seus derivados, água e vegetais contaminados com excrementos bovinos. A baixa dose necessária para a infecção ocorrer facilita a transmissão pelos meios citados. 5- Que problema você destacaria para a execução de uma sorologia envolvendo o antígeno H em Salmonella? Explique sucintamente. O antígeno H é referente ao flagelo da bactéria e que sofre variação de fase ao longo do seu crescimento, o que pode dificultar a realização da sorologia, uma vez que a variação ocasiona a mudança na expressão bioquímica do flagelo. Quando o gene H2 está inativado, o gene H1 está ativo e expressa o flagelo de fase 1. Já quando o gene H2 está ativo, o flagelo expresso é o de fase 2, devido a inibição da expressão do gene H1. Esse é um mecanismo de evasão imunológica, uma vez que ocorre mudança no antígeno e escape dos anticorpos. Pode ocorrer processo semelhante com os anti-soros usados na sorologia, impedindo a aglutinação. 6- Que fator contribui para que a infecção por uma salmonela adquira uma forma crônica e em qual Salmonella isso é mais frequente? Justifique. A forma crônica é causada principalmente pela S. typhi. Isso ocorre devido a patogenia da bactéria. Após a ingestão da bactéria, ela chega ao intestino delgado e, pelo sistema linfático, aos nódulos linfáticos mesentéricos. Ela se multiplica nos macrófagos, principalmente no fígado, baço e medulo óssea. Devido à presença no fígado, a bactéria atinge a bile e chega à vesícula biliar. Nesse local, a bactéria pode persistir, principalmente em mulheres e pessoas com cálculo biliar, esses infectados são caracterizados como portadores crônicos. A vesícula atua como um reservatório e a bactéria chega novamente ao intestino pela bile e é eliminado nas fezes. 7- Como poderemos presumir laboratorialmente que uma E. coli isolada das fezes é o agente de uma infecção intestinal? Justifique. Levando em consideração que já se sabe que a bactéria é uma E. coli, deve ser feita a caracterização da amostra isolada, para somente então ela ser caracterizada como enteropatógena. A sorologia em lâmina permite a identificação de sorotipos específicos, reconhecidos por antisoros, a EPEC (E. coli enteropatogênica clássica) por ser identificada por sorologia em coprocultura e a EHEC (E. coli enterohemorrágica) de sorotipos O157:H7. A caracterização pode ser feita também por padrão de adesão em cultura de células, quando enteroagregativo indica EAEC (E. coli enteroagregativa). Já a pesquisa de toxigenicidade permite a identificação de genes que codificam proteínas, usadas para ETEC (E. coli enterotóxica). Além disso pode ser feita a pesquisa de características bioquímicas particulares, como o caso da EIEC (E. coli enteroinvasora). Outros testes de caracterização são a pesquisa de capacidade invasora e de genes de virulência. 8- Explique sucintamente se a microscopia feita em uma alíquota de material fecal tem ou não alguma importância no diagnóstico laboratorial de enteropatógenos. A microscopia fecal é importante no diagnóstica uma vez que por meio desse processo é possível identificar se a infecção é dada por uma bactéria invasora ou não, pela presença de leucócitos/piócitos. 9-Compare a E. coli com os chamados coliformes a 35oC em termos de importância e significado como indicador na colimetria. Os coliformes a 35º C possuem uma longa sobrevida ambiental e sua presença em água e alimentos indica contaminação fecal, mas não tem uma relação direta com a possível presença de patógenos. Já a E. coli, a principal representante dos coliformes a 45º C, possui curta sobrevida no ambiente, o que indica uma contaminação fecal recente e, portanto, possui uma relação direta com a possível presença de enteropatógenos viáveis e capazes de causar infecção. Por esse motivo, a E. coli possui maior importância e a especificação para a sua determinação geralmente é a mais requerida e a mais precisa. Nos testes de presença e ausência, a E. coli deve estar negativa em água de torneira. 10- Um adolescente que circulou por uma região rural apresentou 20 dias depois na coxa uma lesão avermelhada com uma região central mais clara, lesão esta que aumentou de tamanho nos dias seguintes. A cultura de material de biópsia da lesão foi negativa. Alguns meses depois do desaparecimento dessa lesão, o adolescente apresentou manifestações de dores e inchaço no joelho que sumiam e depois voltavam além do aparecimento de lesões avermelhadas em diferentes partes do corpo. Com base nesses dados, responda: a) Qual o diagnóstico provável? b) Como essa doença foi adquirida? c) Quais os problemas para confirmar laboratorialmente a suspeita clínica dessa doença? a. O provável diagnóstico é a Síndrome de Baggio-Yoshinari, conhecida como Lyme-símile b. Essa doença é adquirida pela picada de carrapatos por espécies de Amblyomma ou Rhipicephalus, presentes em animais reservatórios, como cães, bovinos, equinos e roedores. c. A maior dificuldade para diagnóstico laboratorial é causada porque ainda não houve isolamento do agente causador. Além disso, a pesquisa de anticorpos, apesar de relevante, apresenta títulos baixos e oscilantes. 11- Avalie atentamente as seguintes afirmativas e corrija-a(s) suscintamente se encontrar erro(s): a) O Vibrio cholerae é um enteropatógeno Gram negativo, fermentador da glicose e da sacarose, oxidase positivo, que tem acesso ao intestino facilitado pelo fato de tolerar bem a barreira ácida do estômago. b) O V. cholerae é um microrganismo halofílico e por isso é encontrado no ambiente marinho associado a zooplancton e animais marinhos como crustáceos, moluscos e peixes. c) Se uma amostra de Vibrio apresenta hemólise total em meio de Wagatsuma, isso decorre do efeito de duas toxinas combinadas produzidas por V. parahaemolyticus, sendo este efeito considerado um marcador de virulência da amostra. d) Se isolamos no laboratório uma amostra de V. cholerae O1 ou O139, a pesquisa de produção da toxina CT será positiva nesse isolado. a. O V. cholerae não tolera bem a barreira ácida do estômago, é sensível. Apenas consegue atravessá-la quando possui alta dose infectante. b. O V. cholerae não é um microrganismo halofílico, porém está presente em ambiente marinho em zooplâncton, crustáceos (se fixa pela quitinase), moluscos e peixes. c. Correta. d. Essa pesquisa pode também ter resultado negativo. Isso ocorre porque o sorogrupo O1 e O139 pode apresentar amostras avirulentas, ou sejam, não produtoras da toxina CT. Isso ocorre porque essas amostras não foram colonizadas pelo fago que determina a síntese da toxina. 12- Considere a seguinte situação: a ingestão de uma pequena quantidade de água acarretou um quadro de cólera em um indivíduo. Porém, a semeadura dessa água em meio de água contendo peptona e pH 8,6, e também em ágar TCBS, não resultou em crescimento do microrganismo. Considerando um aspecto particular da fisiologia desse enteropatógeno, cite a provável explicação para esse caso. Justifique suscintamente. As células presentes em ambientes aquáticos sofrem uma transformação na sua morfologia, apresentando menor tamanho e formato ovóide, ficam dormentes. Nesse formato as bactérias são viáveis, ou sejam, podem infectar, mas não são cultiváveis; o que dificulta a detecção do patógeno. Somente quando atingem o intestino humano são revertidas à forma cultivável. Dessa forma, é possível reverter a situação de viável não cultivável ao realizar uma co-cultura com células de intestino de mamíferos. 13- Avalie atentamente as seguintes afirmativas e corrija-a(s) suscintamente se encontrar erro(s): a) O Helicobacter é uma bactéria Gram negativa, curva ou espiralada, oxidase positiva, que exige microaerofilia para crescer, possui flagelos, é produtora de uma enzima que converte ureia em amônia, e possui um LPS com menor atividade para induzir inflamação que diversas outras bactérias Gram negativas. b) A toxina vacA não é expressa em todas as amostras de H. pylori. Essa toxina tem como principal mecanismo de ação a indução de mudanças morfológicas nas células gástricas do hospedeiro, promovendo proliferação celular que pode evoluir para neoplasia. c) O teste da urease é importante para o diagnóstico de rotina da infecção pelo H. pylori nos laboratórios de análises clínicas, mas é indicado que o resultado seja sempre confirmado por meio do isolamento do microrganismo em meio de cultura apropriado, para que se possa fazer a identificação bioquímica. d) O teste de suscetibilidade a antimicrobianos para H. pylori pode ser executado pela técnica de difusão da droga com discos, atentando para a necessidade da incubação em microaerofilia. e) Devido ao risco de infecção pelo H. pylori evoluir para neoplasia gástrica, é indicado o tratamento com antimicrobianos nos pacientes em que a presença da bactéria seja revelada por uma endoscopia gástrica de rotina. a. Correta b. A toxina vacA não é expressa em todas as amostras de H. pylori. Essa toxina tem como principal mecanismo de ação a indução de formação de vacúolos e canais na membrana celular por perfuração, além de produzir sinais pró-inflamatórios e induzir a apoptose por despolarização da membrana mitocondrial, com inibição da ativação e proliferação do linfócito T. c. O teste da urease é importante para o diagnóstico de rotina da infecção pelo H. pylori nos laboratórios de análises clínicas, mas é indicado que o resultado seja sempre confirmado por meio do exame direto, a histopatologia. d. O teste de suscetibilidade a antimicrobianos para H. pylori por disco- difusão ainda não foi definido, de acordo com o BRCAST. Devem ser utilizados métodos para determinar a concentração mínima inibitória. e. É indicado o tratamento com antimicrobianos para erradicação da bactéria em pacientes com úlcera ou neoplasias, de acordo com alguns especialistas. 14- Considere o seguinte relato: Um paciente de 25 anos, foi levado à emergência com história de 3 dias de febre alta, calafrios, cefaléia, prostração, tosse seca, vômitos, anorexia e mialgia. Era morador de uma cidade do interior e estava a 30 dias de férias em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, instalado no apartamento de seus tios. Ao exame físico apresentava-se desidratado e moderadamente taquipnéico e taquicárdico. A pele apresentava algumas lesões avermelhadas. À palpação abdominal referia dor, e o fígado mostrou-se aumentado de tamanho. Sinais de esplenomegalia não foram notados. O exame neurológico não revelou sinais meníngeos ou alterações de consciência. Relatou que no dia anterior fez uso de ácido acetilsalicílico para as dores musculares e a febre. Relatou também que não se expôs a águas de enchente. Segundo o paciente, tanto os familiares residentes em sua cidade quanto os tios encontravam-se saudáveis. Com base nestas e em outras informações obtidas, uma das hipóteses diagnósticas foi Leptospirose. No mesmo dia o paciente iniciou tratamento com penicilina G e foramcolhidas amostras de líquor, sangue e urina, visando a realização de exames laboratoriais microbiológicos e exames inespecíficos. Responda: a) Cite exemplos de informações epidemiológicas relevantes não mencionadas no texto que teriam reforçado a inclusão de Leptospirose como hipótese diagnóstica. b) Considerando esta hipótese diagnóstica, naquele momento do atendimento médico deveria ter sido solicitada a sorologia para estabelecer o diagnóstico conclusivo de Leptospirose? Justifique. c) Considerando esta hipótese diagnóstica, os exames de urina solicitados naquele momento deveriam incluir a inoculação do material, por exemplo, em meio de EMJH? Qual seria o resultado esperado para este procedimento? Justifique. Quando tal procedimento é realizado, a urina deve receber algum tratamento prévio? d) Um aumento muito acentuado nas transaminases falaria mais a favor ou contra a hipótese diagnóstica aventada? Justifique. e) Explique suscintamente a técnica sorológica utilizada somente nos laboratórios de referência e porque ela não é empregada em outros laboratórios. f) Se esse paciente estava realmente com Leptospirose, ele poderá vir a ter novamente a doença no futuro? Justifique. a. Faltam informações sobre os aspectos sociais, ocupacionais e recreacionais do paciente. Por exemplo: em sua cidade natal há baixo saneamento? Trabalha com algo relacionado à rede de esgoto, lixo ou com contato com animais? Faz prática de alguma atividade recreativa em rios e córregos, como pesca, caçada ou natação? b. Não. Como o paciente está no 4º dia dos sintomas (histórico de três dias anteriores com sintomas, sendo o quarto a ida à emergência), ainda não desenvolveu resposta para o teste de sorologia confirmar o diagnóstico. Esse teste é empregado principalmente na segunda semana da evolução da doença, por ter boa sensibilidade e especificidade. c. Não. Apesar de o meio EMJH ser utilizado para a bactéria, a indicação de uso é para amostra de sangue e líquor. A cultura da urina é indicada somente a partir da segunda semana de evolução da doença, caso essa cultura seja realizada na primeira semana provavelmente o resultado será negativo. Para esse procedimento ser bem-sucedido deve ser feita a alcalinização da urina antes da cultura, isso porque a bactéria é muito susceptível a pH ácido. d. Contra. A leptospirose não influencia acentuadamente nas transaminases. Na forma ictérica a doença essas enzimas podem aparecer pouco aumentadas. e. A técnica é a aglutinação microscópica. Essa técnica não é executada em laboratórios de rotina, uma vez que utiliza amostras vivas da bactéria. Com auxílio da microscopia de campo escuro, é verificado se o soro do paciente apresenta anticorpos para a bactéria viva, causando sua aglutinação. São usadas amostras pareadas, no momento agudo e convalescente da doença. f. Sim. A imunidade conferida pela doença é sorovar específica, logo, se o paciente entrar em contato com outro sorovar poderá desenvolver a doença novamente. 15- Em relação a Hanseníase, leia as afirmativas a seguir e cite na área de resposta a sequência correta de F (falso) ou V (verdadeiro) I. É uma doença crônica, infectocontagiosa, causada por um bacilo que é considerado como tendo alta patogenicidade, mas baixa infectividade. II. O homem não é a única fonte de infecção importante, uma vez que foram identificados diferentes tipos de animais naturalmente infectados. Além disso o solo parece constituir um importante reservatório para a transmissão em regiões endêmicas. III. Os doentes classificados como paucibacilares (PB) não são considerados importantes como fonte de transmissão da doença. IV. O modo de transmissão ocorre principalmente pelas vias respiratórias superiores das pessoas com as formas clínicas virchowiana e dimorfa não tratadas; o trato respiratório superior constitui a mais provável via de entrada do Mycobacterium leprae no corpo. V. Atualmente a técnica de sorologia por Elisa e o PCR são os métodos adotados como preferenciais e de rotina para o diagnóstico da hanseníase. VI. O resultado negativo na histopatologia de uma lesão cutânea permite excluir o diagnóstico de hanseníase. I. Falso II. Falso III. Verdadeiro IV. Verdadeiro V. Falso VI. Falso 16- Em relação a Hanseníase, avalie atentamente as seguintes afirmativas e corrija-a(s) suscintamente se encontrar erro(s): a) A forma tuberculoide apresenta-se com placas cutâneas com alteração de sensibilidade, é contagiosa com relativa frequência, mas a baciloscopia da linfa cutânea geralmente é negativa. b) Sempre que possível é recomendável a internação dos pacientes para melhor acompanhamento do tratamento. c) No exame histopatológico de uma lesão cutânea da forma virchowiana é esperado o encontro de neutrófilos com vacúolos, lipídeos e globias. d) A classificação da doença proposta por Ridley e Jopling engloba dois polos estáveis, três formas intermediárias, e uma forma inicial. e) A reação hansênica tipo 1 tem como principal causa a deposição de imunocomplexos nos tecidos, gerando processos inflamatórios, e é mais frequente nos pacientes com a forma virchowiana. a. A forma tuberculóide possui baixa contagiosidade, uma vez que a carga bacilar é muito pequena. b. A internação dos pacientes para tratamento não é recomendada. O tratamento é ambulatorial e domiciliar. c. No exame histopatológico de uma lesão cutânea da forma virchowiana é esperado o encontro de macrófagos espumosos com vacúolos, lipídeos e globias. d. Correta. e. A reação hansênica tipo 1 ocorre em pacientes com formas paucibacilares. É causado por um processo de hiper-reatividade imunológica e causa aparecimento de novas lesões, reagudização das antigas e dor espontânea nos nervos periféricos. 17- Quanto às micobactérias não tuberculosas (MNTs), avalie atentamente as seguintes afirmativas e corrija-a(s) suscintamente se encontrar erro(s): a) Um fator importantíssimo que favoreceu a ocorrência do surto de IRAS por MNTs no Rio de Janeiro, entre os anos de 2006-2007, foi o surgimento de uma cepa de M. massiliensi apresentando alta resistência ao cloro e a antissépticos como clorexidina, etanol e produtos iodados. b) As MNTs podem produzir diferentes tipos de doenças em função de seus componentes de virulência da parede celular, não existindo, porém, nenhuma espécie que seja produtora de exotoxina. c) O teste de disco-difusão não é apropriado para caracterizar a suscetibilidade ou resistência a antimicrobianos para este grupo bacteriano. a. Um fator importantíssimo que favoreceu a ocorrência do surto de IRAS por MNTs no Rio de Janeiro, entre os anos de 2006-2007, foi o surgimento de uma cepa de M. massiliensi, com característica particular de apresentar tolerância ao glutaraldeido a 2% durante 10 horas. As MNTs em geral podem apresentar elevada resistência a agentes químicos como cloro, glutaraldeído 2% e clorhexidina. b. As MNTs podem produzir diferentes tipos de doenças em função de seus componentes de virulência da parede celular. Uma espécie produtora de exotoxina é a M. ulcerans, sendo este o seu principal fator de virulência. c. Correto. 18- Quanto à Tuberculose, responda: Explique suscintamente como são classificadas as amostras de M. tuberculosis em relação ao seu comportamento frente às drogas usualmente empregadas no tratamento, e a principal causa do aparecimento das amostras resistentes. A principal causa do aparecimento de amostras resistentes é o abandono do tratamento. As amostras podem ser classificadas de três maneiras diferentes. As amostras MDR são resistentes pelo menos à Isoniazida e Rifampicina. Já as amostras XDR são amostras MDR resistentes também a pelo menos uma fluoroquinolona e a uma droga injetável. Enquanto as amostras TDR são totalmentedroga resistentes, uma vez que são resistentes a todas as drogas disponíveis. 19- Quanto à Tuberculose, responda: Analise a seguinte frase e discuta se está correta ou incorreta, justificando: Em um paciente de 5 anos com suspeita de tuberculose pulmonar, o material clínico mais indicado para a confirmação laboratorial é o lavado broncoalveolar. A afirmativa está incorreta. Para um paciente de 5 anos o material clínico mais indicado é o lavado gástrico. Crianças têm muita dificuldade em escarrar e tendem a engolir a secreção pulmonar, por isso o material com a amostra pode ser facilmente encontrado no lavado gástrico. 20- Quanto à Tuberculose, responda: Considerando um adolescente sem histórico prévio de qualquer doença pulmonar e que passou a apresentar sintomas de tuberculose, com raio X de tórax corroborando a suspeita clínica, que teste laboratorial de rotina você consideraria atualmente mais indicado para a confirmação do diagnóstico? Justifique. O indicado é realizar a pesquisa do agente no escarro a partir do teste rápido molecular (TRM-TB). Este teste permite detectar a micobactéria no escarro e identificar se a amostra é resistente à Rifampicina. É indicado para o diagnóstico de casos novas e analisa somente uma amostra de escarro, com sensibilidade de 92%. 21- Quanto à Tuberculose, responda: Que teste(s) é(são) disponível(eis) para o diagnóstico de infecção latente pelo bacilo da tuberculose e em que ele(s) se baseia(m)? Para o diagnóstico de infecções latentes pode ser feito a prova da tuberculina e o diagnóstico pelo IGRA. A prova da tuberculina utiliza um derivado proteico purificado da tuberculina inoculado por via intradérmica e indica a exposição prévia ao agente pela formação de um granuloma no local da injeção. A leitura do teste é feita após 72 a 96 horas e é medido o diâmetro da área de induração do granuloma. Já o diagnóstico pelo IGRA indica se houve produção de interferon gama (IFN-γ). Linfócitos T que foram previamente sensibilizados por antígenos do agente da tuberculose produzem altos níveis de IFN-γ quando expostos novamente a estes antígenos, como propõem o teste. 22- Quanto às Infecções Sexualmente Transmitidas, avalie atentamente as seguintes afirmativas e corrija-a(s) suscintamente se encontrar erro(s): a) O isolamento bacteriano em cultura apresenta boa sensibilidade para o diagnóstico laboratorial do Granuloma Inguinal. b) Na coleta de material para o diagnóstico da gonorreia, o exsudato purulento que flui da uretra não é o material mais adequado para o exame laboratorial. c) A presença de clue cells num exsudato vaginal indica uma infecção por uma bactéria chamada Gardnerella vaginalis, comumente aliada a outros microrganismos, sendo uma doença que pode ser prevenida por práticas sexuais seguras. d) O VDRL é uma técnica que não detecta anticorpos específicos para o agente da sífilis, e não apresenta boa sensibilidade na sífilis terciária. e) O teste indicado para prevenção da sífilis congênita é o imunocromatográfico rápido, feito na gestante. a. O Granuloma Inguinal tem como método de diagnóstico laboratorial a presença de corpúsculos de Donovan (células mononucleadas com bacilos) a partir de esfregaço da lesão corado por Giemsa ou Wright. b. Correto. c. A presença de clue cells num exsudato vaginal indica um desequilíbrio causado pelo aumento de uma bactéria chamada Gardnerella vaginalis, comumente aliada a outros microrganismos, não sendo associada com práticas sexuais. d. Correto. e. Correto. 23- O FTA-Abs é um bom teste para o acompanhamento sorológico na sífilis congênita? Justifique. Não. Essa técnica é apenas qualitativa e não quantitativa, de forma que não indica o título de anticorpos do paciente e impede o acompanhar a evolução da infecção, além disso faz pesquisa de IgM, que indica infecção recente. Para o acompanhamento sorológico, a técnica indicada é a VDRL, que pesquisa anticorpos reagínicos da cardiolipina e permite resultados quantitativos. Dessa forma, pode ser utilizada para o controle de cura. 24- Cite e discuta muito sucintamente os resultados dos testes laboratoriais para o diagnóstico da Sífilis Adquirida nas fases primária e secundária, a partir do início da primeira manifestação clínica da doença. A pesquisa de treponema na lesão, por microscopia de campo escuro ou impregnação de prata, pode ser realizada na sífilis primária e apresenta resultado positivo enquanto houver cancro ativo e aparente. A sorologia por testes não treponêmicos (pesquisa de anticorpo reagínico para cardiolipina) apenas apresenta resultados positivos 20 dias após o aparecimento do cancro, uma vez que esse é o tempo para aparecimento de anticorpos não específicos para a doença após o aparecimento do cancro. Por esse motivo, sua positividade para sífilis primária é entre 80 e 86%, enquanto da secundária maior que 98%. Já a sorologia por testes treponêmicos (pesquisa de anticorpos específicos para o Treponema) tem resultados que variam de acordo com o teste e tempo desde o aparecimento da lesão, levando em conta que o aparecimento de anticorpos específicos contra o agente treponêmico é de cerca de 5 dias após o aparecimento do cancro. O teste TPHA, uma reação de hemaglutinação, só apresenta resultados positivos de 10 a 20 dias depois do aparecimento do cancro, enquanto a reação de imunofluorescência indireta (FTA-Abs) pode ter resultados positivos cerca de 5 a 8 dias após o cancro. Desse modo, esses testes têm positividade entre 90 e 95% para sífilis primária e maior que 98% para sífilis secundária. 25- Na suspeita de gonorreia no homem e na mulher, compare os procedimentos de coleta de material clínico e explique os testes laboratoriais executados na rotina para as respectivas amostras. Para a coleta de material no homem, deve ser feito um raspado uretral ou coleta do primeiro jato de urina. Vale ressaltar que o material purulento expulso não deve ser utilizado, uma vez que pode conter bactérias do tecido epitelial e dificultar o diagnóstico correto. Já nas mulheres, deve ser feita coleta da secreção do canal endocervical, uma vez que a vagina contém bactérias da sua população normal que pode dificultar o diagnóstico. A partir desse material clínico é feita a bacterioscopia direta e coloração por Gram, para verificar a presença de cocos Gram negativo. Nos homens, o diagnóstico somente a partir da coloração e clínica já é conclusivo, porém as mulheres podem apresentar bactérias Neisseria em sua microbiota normal. Por esse motivo, é indicada a realização de cultivo e identificação da bactéria para ser feito diagnóstico completo. Outro teste que pode ser realizado é o PCR. 26- Sobre as infecções do trato urinário (ITUs), aponte a(s) afirmativa(s) incorreta(s), se houver, corrigindo-a(s): a) Escherichia coli, Enterococcus faecalis, Staphylococcus aureus e Streptococcus são as bactérias mais frequentemente encontradas no exame microbiológico de urina nas ITUs comunitárias. b) No diagnóstico das ITUs, deve-se levar em consideração que frequentemente a urina normal na bexiga não é completamente estéril, devido à ascensão de bactérias móveis presentes na extremidade da uretra. c) Na síndrome uretral aguda encontramos sintomas de ITU e leucocitúria, mas contagem bacteriana não significativa. d) Podemos afirmar que o isolamento e a identificação de bactérias presentes na urina de um paciente sintomático representam os dois procedimentos mais importantes para estabelecer o diagnóstico de uma ITU. e) Na maioria das vezes as ITUs são infecções de origem endógena. a. Escherichia coli, Staphylococcus saprophyticus, Enterobactérias (Enterobacter, Kleibsiella) e Enterococcus faecalis são as bactérias mais frequentemente encontradas no exame microbiológicode urina nas ITUs comunitárias. b. No diagnóstico das ITUs, deve-se levar em consideração que a urina normal na bexiga é estéril, exceto em momentos de infecção em que o paciente apresenta quadro de cistite. c. Correto. d. Para estabelecer o diagnóstico de uma ITU é utilizado um valor quantitativo de corte de 10^5 unidades formadoras de placa por mL de urina e, para homens sintomáticos valor iguais ou maiores que 10^3 ufc/mL. Alguns especialistas aceitam valores iguais ou maiores de 10^2 ufc/mL. Entretanto, qualquer número de uropatógenos em amostras de punção suprapúbica consolida uma ITU. e. Correto. 27-Sobre as infecções do trato urinário (ITUs), analise as afirmativas baixo e na área de resposta indique a sequência correta em termos de F (falso) ou V (verdadeiro): a) Devido à possibilidade de contaminação da amostra, é recomendável que a colheita para este tipo de exame seja feita preferencialmente em laboratório. Os critérios para interpretação laboratorial de ITU e bacteriúria assintomática são os mesmos. b) Em geral, deve-se utilizar o jato médio da urina para análise. O primeiro jato e o último devem ser desprezados. Se a urina não for semeada em período de até 4h após a coleta, ela deve ser mantida em refrigeração. c) Antes de colher a urina, é necessário fazer uma cuidadosa e rigorosa lavagem dos genitais, com água e sabão, enxaguar bem e secar. Na interpretação do resultado laboratorial, não é possível diferenciar cistite de pielonefrite. d) Caso a colheita seja feita em período menstrual, faz-se necessário colocar um tampão vaginal, para que não ocorra contaminação da urina com o sangue menstrual. e) Um problema no diagnóstico laboratorial da ITU é a impossibilidade de distinguir se a amostra de urina foi ou não colhida adequadamente. a. Falso. b. Falso. c. Verdadeiro. d. Verdadeiro. e. Falso 28- Qual é o procedimento indicado para a coleta de urina para cultura em recém-nascidos e crianças de pouca idade? A coleta em recém-nascidos e crianças deve ser feita em laboratório. Deve ser colocado um coletor na região genital da criança e trocado a cada 30 minutos. 29- Em termos de diagnóstico de ITU, explique o significado da presença de nitrito na urina. Justifique. Quando há presença de nitrito presume-se que há uma infecção. Isso ocorre porque um dos principais agentes das ITUs, como a E. coli, são capazes de reduzir nitrato a nitrito, que é eliminado na urina. 30- Sobre as meningites bacterianas, analise as afirmativas baixo e na área de resposta indique a sequência correta em termos de F (falso) ou V (verdadeiro): a) Neisseria meningitidis, Streptococcus pneumoniae e Listeria monocytogenes são os três principais agentes da meningite neonatal. b) Do ponto de vista da Saúde Pública, os dois principais agentes de meningite são Neisseria meningitidis e Haemophilus influenzae. c) Cefaléia, vômitos, sinais de Kernig e de Brudzinski positivos, febre elevada e rigidez de nuca são as manifestações clínicas clássicas da meningite. d) No exame do líquor de casos de meningites bacterianas em geral causadas por patógenos como N. meningitidis e S. pneumoniae, ocorre aumento na concentração de proteína, contagem alta de leucócitos com predomínio de células mononucleares e aumento de glicose. e) As meningites virais apresentam incidência muito mais elevada que as bacterianas, mas a letalidade é muito menor. f) Para a análise do líquor em suspeita de meningite, a amostra desse material clínico deve ser mantida em refrigeração, enquanto não ocorre o processamento de microscopia e cultura. a. Falso. b. Verdadeiro. c. Verdadeiro. d. Falso. e. Verdadeiro. f. Falso.
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