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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO CENTRO OESTE – UNIDESC CURSO DE DIREITO ADSON BRUNO ARAÚJO DE SANTANA Resenha Crítica: Filme Doze Homens e Uma Sentença LUZIÂNIA 2018 ADSON BRUNO ARAÚJO DE SANTANA Resenha Crítica: Filme Doze Homens e Uma Sentença Apresenta-se a Resenha Crítica sobre o filme Doze Homens e Uma Sentença como base de atividade relacionada à disciplina de Hermenêutica. Professor: Rafael de Deus LUZIÂNIA 2018 1. DOZE HOMENS E UMA SENTENÇA O filme doze homens e uma sentença trata-se de um júri o qual julga um jovem que possui dezoito anos de idade, sendo este acusado de ter esfaqueado o seu próprio pai e, por consequência, o causador de sua morte. Logo no início é falado como são as regras: a sala tem que ficar fechada e para condenar o acusado tem que existir votação por unanimidade, ou seja, todos os doze membros do júri têm que condená-lo. O júri era conhecido por uma ordem numeral, pois tinha o objetivo de não mencionar o nome deles. A primeira votação que acontece, onze votaram a favor da condenação, mas teve um que não ficou convencido de que o réu tinha cometido aquele crime. Dessa forma, disse que precisava discutir e - ao mesmo tempo - aqueles que votaram pela culpa do réu agora tinham que convencê-lo de tal crime cometido. Fala-se que o garoto morou em favela, sua mãe morreu quando ele tinha 8 anos, seu pai foi preso e o garoto passou um tempo na “Febem”. Havia duas testemunhas, a primeira vive no andar de baixo onde aconteceu o crime. Às 12h10 da noite ouviu ruídos, segundo a primeira testemunha, parecia uma luta, depois ouviu o garoto gritar com a seguinte frase: “eu vou matá-lo.” Um segundo depois, corpo caiu no chão. Neste momento, corre para a porta e abre, viu o garoto correr de escada a baixo e saiu. Esta mesma testemunha foi a que chamou a polícia e onde presenciou a faca no peito do indivíduo. Só que houve questionamento tempos depois a respeito dessas informações, já não era possível afirmar com clareza se o garoto era realmente o culpado. Nesse ponto, foi colocado em questionamento qual o tempo, se o garoto fosse autor do crime, para chegar até a escadaria de baixo. Fazendo uma análise rápida, ficou claro que não dava tempo passar na escada naquele momento que o réu passou, tendo como pressuposto que o crime tinha acontecido às 12h10 segundo o laudo da perícia. A outra testemunha era uma mulher a qual diz que viu o filho matar o pai, mas a distância correspondia a 20 metros e ela viu pela janela do trem que passava no momento. Além disso, no percurso da discussão, descobriram que ela usava óculos e num período da noite em que estava dormindo, não era possível ter colocado os óculos naquele momento da olhada pela janela. Concluíram que ela não tinha condições de aplicar uma certeza daquilo que supostamente teria visto. Então, nas informações dessas duas testemunhas, fizeram várias observações e muitos questionamentos, restando a conclusão de que existiam muitos defeitos e o que eram provas inquestionáveis, tornaram-se frágeis e que – naquele momento - não tinha como condenar o réu. Outro caso que coloca o réu numa situação bem complicada foi com relação à arma utilizada no crime. Já que o réu tinha comprado uma arma igual em um determinado estabelecimento e tal instrumento era uma espécie rara, falou-se que só era vendida em um local o qual era próximo do local em que o acusado vivia. Porém foi constatado que existia outro estabelecimento que também vendia, não era viável afirmar com propriedade a autoria do crime ao garoto. Assim, com o tempo e o diálogo, tudo aquilo que condenava o rapaz foi se desconstruindo até que fosse possível decreta a absolvição do rapaz. No final, todos o consideraram inocente. 2. POSICIONAMENTO CRÍTICO Percebe-se que o filme relaciona o que pode acontecer num julgamento de alguém se não for feita uma análise bem detalhada daquilo que é fornecido por meio das provas documentais ou testemunhais. Nem sempre tudo aquilo que parece que está na cara vai ser realmente a realidade do caso. Para não tomar medidas equivocadas, tem que haver muito diálogo, muitos questionamentos e um imenso critério objetivo daquilo que é fornecido. Os aspectos sociais devem ser observados e o local onde a parte passiva vivia também. Por se tratar de local que fornece - para quem não conhece - certo temor, vinculam-se tais pensamentos negativos para os seus respectivos moradores e isso foi o que aconteceu com o acusado. Por esse ponto, já existe uma negativa no ato do julgamento. É importante também observar que quase o acusado foi condenado, sem ao menos ter uma discussão sobre tudo o que era prova. De certa forma, iria condenar por uma mera superficialidade, esquecendo-se do aprofundamento do fato. Não houve nenhum questionamento, a não ser na hora da votação em que um dos doze não condenou o acusado para a cadeira elétrica por não ter a convicção de tal decisão. Assim, mostra o valor do aprofundamento e do embasamento de como deve ser a decisão. Atualmente no ordenamento jurídico brasileiro o tribunal do júri é o único que adota o princípio da convicção íntima. (GONÇALVES,2017,p.924). O Tribunal do Júri é considerado justiça leiga por excelência. Ela pode ser mais eficaz e justa que aquela que é togada. Nesse caso, o julgamento dos leigos deve estar liberto das regras estritamente legais, usando da equidade e das máximas da experiência. (ALVIM,2018,p.84) No dispositivo da Constituição Federal de 88 está no art. 5º, inciso 38, alíneas “a”, “b”, “c” e “d’, diz que “é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a plenitude de defesa, o sigilo das votações, a soberania dos veredictos e a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.” (BRASIL,2018) Assim, evitar que se cometam erros nos julgamentos é um aspecto que condiz com a dignidade da pessoa humana, pois a condenação feriria um preceito fundamental e humanitário que seria a condenação de um inocente, algo inaceitável e repugnante. No caso do filme, o erro acarretaria a pena de morte do acusado. Usar avaliações objetivas e minuciosas são necessárias e de grande responsabilidade, já que a decisão pode punir ou absolver. A justiça vai estar fundamentada e na observação dos elementos probatórios, não pode desprezar nada, tudo é relevante e de enorme valor em um debate, em uma discussão. Então, a observação de todos esses elementos não deixaria que uma pessoa fosse morta sendo inocente. Referência Bibliográfica Alvim , J.E. Carreira. Teoria Geral do Processo. Ed. 21ª. Editora Forense. 2018. Constituição Federal de 1988 Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito Civil Processual Civil Esquematizado. Ed. 8ª. Editora Saraiva Jur. 2017.
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