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1 
 
SUMÁRIO 
1. TRAUMAS EM GERAL E AVALIAÇÃO DA VÍTIMA ..................................... 2 
2. HEMORRAGIA ........................................................................................... 13 
3. CONTROLE DA HEMORRAGIA EXTERNA............................................... 14 
4. ATENDIMENTO DA VÍTIMA COM HEMORRAGIA INTERNA ................... 16 
5. CHOQUE SÉPTICO ................................................................................... 17 
6. URINA ........................................................................................................ 18 
7. TRANSFUSÃO DE SANGUE ..................................................................... 18 
8. EXAME DO TÓRAX ................................................................................... 21 
9. EXAME ABDOMINAL ................................................................................. 22 
10. TRAUMATISMO TORÁCICO ..................................................................... 24 
11. AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA .................................................................... 26 
12. TRAUMATISMO DOS MEMBROS ............................................................. 27 
13. CASOS ESPECIAIS DE TRAUMA ............................................................. 29 
14. COLOCAÇÃO DO COLAR CERVICAL ...................................................... 38 
15. TRANSPORTE DO INDIVIDUO COM TRAUMA ........................................ 41 
16. ELEVAÇÃO DA VÍTIMA ............................................................................. 43 
17. FINALIZANDO COM CONCEITOS GERAIS NA IMOBILIZAÇÃO DE 
FRATURAS .....................................................................................................................45 
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 48 
 
 
 
2 
 
1. TRAUMAS EM GERAL E AVALIAÇÃO DA VÍTIMA 
 
Fonte: www.transitoweb.com.br 
 
Em 1976, ao sofrer um acidente com sua família, o cirurgião ortopédico Jim 
Styner pôde perceber quão inadequado eram os cuidados em relação aos primeiros 
socorros de vítimas de traumas. Depois dessa experiência, o médico desenvolveu o 
protocolo ABCDE do trauma, que passou a ser empregado em diversas regiões do 
mundo a partir de 1978. Também nesse ano, o primeiro curso sobre o tema foi 
ministrado. 
A importância do método desenvolvido por Jim Styner não demorou a ser 
reconhecida pelas autoridades médicas, uma vez que só com esses cuidados é 
possível realmente estabilizar o paciente, deixando-o mais seguro para o transporte e 
para quaisquer outras intervenções que se façam necessárias. O protocolo tem como 
principal objetivo reduzir índices de mortalidade e morbidade em vítimas de qualquer 
tipo de trauma. 
Tomando como base os atendimentos na rede pública, podemos dizer que as 
causas externas representam uma boa parcela do número de internações. Estão 
incluídos nesse número os usuários do serviço que sofreram acidentes de trânsito, 
afogamentos ou foram vítimas de quedas e agressões físicas, entre outras 
possibilidades. Todas essas causas externas são consideradas traumas. Por isso, 
 
3 
 
durante o primeiro contato com a vítima, aplica-se o ABCDE a fim de garantir sua 
estabilização, sendo que qualquer lesão maior será monitorada com a devida atenção 
até a chegada a um hospital ou centro de atendimento apropriado. 
Com o primeiro curso tendo sido ministrado em 1978, a partir de 1980 diversos 
países (como o Canadá e outros da América Latina) já receberam profissionais 
totalmente capacitados para disseminar os conhecimentos entre os médicos 
interessados em adotar o método. No Brasil, porém, o curso só foi disponibilizado em 
1989, chegando a todo o país só em 1992. Há atualmente núcleos de formação 
espalhados pelo território nacional. Segundo estimativa divulgada pela instituição 
responsável pelos cursos, credenciada pelo Colégio Americano de Cirurgiões, já foram 
treinados mais de 30 mil médicos no Brasil. Todos eles são, portanto, devidamente 
capacitados para adequar o método aos demais protocolos clínicos iniciados em sua 
instituição. 
Leigos não são autorizados a mexer nas vítimas até a chegada de uma equipe 
médica de urgência. Profissionais realmente capacitados para atender vítimas de 
acidente de trânsito ou qualquer outro tipo de trauma são médicos, socorristas ou 
bombeiros, que tiveram todo o treinamento necessário, possuem certificação e têm em 
mãos os aparatos certos para tentar reverter alguma situação, estabilizando a vítima. 
Isso sem contar que têm experiência em salvamentos e primeiros socorros, claro. 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou em seu último 
relatório (intitulado Situação global sobre segurança rodoviária 2015), o Brasil aparece 
na 56ª posição em um ranking de 180 países que mais sofrem com a mortalidade no 
trânsito. Nas Américas, o Brasil está atrás apenas da República Dominicana e de 
Belize. No mundo todo, aproximadamente 1,25 milhão de pessoas morrem vítimas de 
acidente de trânsito. Proporcionalmente, 23% são motociclistas, 22% são pedestres e 
4% são ciclistas. No Brasil, em 10 anos, a taxa de mortalidade nas vias foi de 18,7 para 
23,4 a cada 100 mil habitantes, taxa próxima à registrada em países africanos (média 
de 26,6 vítimas para cada 100 mil habitantes). 
Governos de algumas capitais já desenvolveram programas de conscientização 
tentando reduzir as mortes e o número de pacientes que tratam sequelas de acidentes 
na rede pública em 2013, entendendo a necessidade de suprir essa demanda 
 
4 
 
crescente, o Ministério da Saúde criou a Linha de cuidado ao trauma na rede de 
atenção às urgências e emergências do Sistema Único de Saúde (SUS). Com isso, o 
sistema investiu na melhora ao acesso e atendimento de vítimas de causas externas, 
estabelecendo regras para a habilitação de centros especializados em trauma que 
visam organizar a rede hospitalar, padronizar e agilizar o atendimento a vítimas de 
violências e acidentes em geral e evitando óbitos, complicações e sequelas graves. 
A maior parte dos países do mundo padece de uma epidemia de trauma, mas o 
aumento mais espetacular observa-se nos países em vias de desenvolvimento. A 
proliferação de estradas e o aumento do número de veículos levaram a um rápido 
aumento do número de vítimas e de mortes e muitas unidades sanitárias periféricas 
enfrentam múltiplas urgências devidas a choques de autocarros e outros desastres. 
São também comuns queimaduras severas quer nas áreas urbanas quer rurais. Há 
uma série de diferenças muito importantes entre os países desenvolvidos e os países 
em via de desenvolvimento que tornam este curso de interesse particular para estes 
últimos. Elas incluem: 
•a grande distância que os casos de urgências devem percorrer para chegar a 
uma unidade sanitária. 
•o tempo necessário para os doentes terem acesso aos cuidados médicos 
•a ausência de equipamento diferenciado e de consumíveis 
•a ausência de pessoal habilitado para estabilizá-los e tratá-los 
A prevenção do trauma é de longe a mais barata e o modo mais seguro para 
gerir o trauma. Isto depende da alocação de recursos e de fatores como: 
•cultura 
•recursos humanos 
•política 
•orçamento para a saúde 
•formação 
 
5 
 
 
Fonte: www.pbagora.com.br 
A avaliação de um paciente traumatizado inicia-se antes mesmo da visualização 
da vítima, na fase pré-hospitalar do atendimento. Na avaliação da cena, a observação 
das circunstâncias nas quais ocorreu o evento, como o tipo de colisão automobilística 
(frontal, lateral, traseira), o grau de deformidade do veículo, o tipo e calibre das armas, 
entre muitas outras, permite que se estabeleça uma relação entre estes fatos e as 
possíveis lesões apresentadas pela vítima. Este estudo denomina-se cinemática do 
trauma, biomecânica do trauma ou mecanismo do trauma. 
A observação do localna cena do evento faz parte da história do trauma. Os 
danos externos e internos constatados no veículo frequentemente representam 
informações valiosas que geram “pistas” para as lesões sofridas pelos seus ocupantes. 
Por exemplo, um volante deformado sugere impacto sobre o tórax, uma “fratura” circular 
do para-brisa indica o local de impacto da cabeça e sugere uma possível lesão do 
crânio e/ou da coluna cervical. 
Uma deformidade na parte mais baixa do painel sugere o impacto e uma 
possível luxação de joelho, coxofemoral ou até uma fratura de fêmur. A intrusão da 
porta no compartimento dos passageiros leva a suspeita de uma lesão tóraco-
abdomino-pélvica e/ou no pescoço da vítima. A equipe que atende a um 
politraumatizado deve ter dois tipos de lesões em mente. O primeiro tipo são aquelas 
facilmente identificáveis ao exame físico. Já o segundo tipo refere-se às lesões ditas 
 
6 
 
potenciais, ou seja, não são óbvias ao exame, mas podem estar presentes pelo 
mecanismo de trauma sofrido pelo paciente. Dependendo do grau de suspeita destas 
lesões, danos menos aparentes, incluindo algumas lesões graves, podem passar 
despercebidos. 
Deste modo, ressalta-se a importância de se conhecer a história do acidente. No 
trauma, assim como em qualquer outra doença, uma história clínica completa e precisa, 
desde que corretamente interpretada, pode levar à indicação ou suspeita de 90% das 
lesões apresentadas pela vítima. Para que um objeto em movimento perca velocidade, 
é necessário que sua energia de movimento seja transmitida a outro objeto. No trauma, 
esta transferência de energia ocorre quando os tecidos do corpo humano são 
violentamente deslocados para longe do local de impacto, pela transmissão de energia. 
O movimento de fuga dos tecidos a partir da região de impacto causa uma lesão local 
por compressão tecidual e também à distância, à medida que a cavidade se expande 
por estiramento. 
Estes fatores também estão presentes quando a pele é penetrada. A avaliação 
da extensão da lesão tecidual é mais difícil quando não existe penetração cutânea do 
que quando há uma lesão aberta. Traumatismos contusos que não deixam marcas 
visíveis na pele são especialmente passíveis de passarem despercebidos. Um soco 
desferido contra o abdome pode deformar profundamente a parede sem deixar marcas. 
Por isso é de fundamental importância pesquisar a história do evento que ocasionou a 
lesão. Uma cavidade (ou deformação) visível após um impacto é definida como 
permanente, enquanto aquela que não é visível é definida como temporária. O tamanho 
da cavitação é determinado pela quantidade de energia transferida. 
As cavidades temporárias são formadas no momento do impacto, sendo que os 
tecidos retornam a sua posição prévia após o impacto. Este tipo de cavidade não é 
visto pela equipe de resgate e nem pelo médico ao exame físico. 
O outro tipo de cavidade é denominado permanente. Elas são causadas pelo 
impacto e compressão dos tecidos e podem ser vistas após o trauma. A diferença 
básica na formação dos dois tipos de cavidades é a elasticidade dos tecidos envolvidos. 
Por exemplo, um chute no abdome pode deformar profundamente a parede sem deixar 
marcas visíveis, pois após o golpe, a parede volta à sua posição original, gerando-se 
 
7 
 
somente uma cavidade temporária. Já quando um motoqueiro choca sua cabeça contra 
um obstáculo, geram-se múltiplas fraturas de crânio, não permitindo o retorno dos 
ossos às suas posições originais (afundamento de crânio). Isto forma uma cavidade 
permanente que é facilmente identificável ao exame. 
As lesões podem ser descrita como interações entre o hospedeiro (vítima) e o 
agente (energia) em um ambiente. O agente (energia) se apresenta em cinco formas: 
mecânica ou cinética, térmica, química, elétrica, e radiação. 
As suspeitas que levem a busca de lesões por um socorrista que avalia a cena 
será baseada segundo a transmissão de energia que segue a leis da física. 
Um socorrista que possui um conhecimento diferenciando sobre a biomecânica 
do trauma entenderá que as vítimas envolvidas em eventos de alta energia estarão 
sujeitos a possuir graves lesões, já que5% a 15% deles, apesar de sinais vitais normais 
na primeira avaliação, evidenciam lesões graves em exames posteriores a análise da 
biomecânica do trauma é utilizada durante a avaliação do local do incidente para 
determinar as forças e movimentos envolvidos nas lesões da vítima, sendo muito 
valiosa a compreensão das leis da física que envolve a biomecânica baseada em 
princípios fundamentais da física, são elas: 
Lei da Conservação da Energia: A energia não pode ser criada nem destruída, 
mas sua forma pode ser modificada. 
Primeira Lei de Newton: Um corpo em movimento ou em repouso permanece 
neste estado até que uma força externa atue sobre ele. 
Segunda Lei de Newton: Força é igual à massa (peso) do objeto multiplicada por 
sua aceleração. 
Energia Cinética: É a energia do movimento. É igual à metade da massa 
multiplicada pela velocidade elevada ao quadrado. 
Troca de Energia: Quando dois corpos movimentando em velocidades diferentes 
Quando interagem, as velocidades tendem a se igualar. 
A rapidez com que um corpo perde velocidade para o outro, depende da 
densidade (número de partículas por volume) e da área de contato entre os corpos. 
Quanto maior a densidade, maior a troca de energia. 
 
8 
 
Devem ser consideradas a direção e velocidade do impacto, tamanho do 
paciente e os sinais de liberação de energia. Sem a compreensão do mecanismo do 
trauma, não será possível predizer as lesões. O mecanismo de trauma é uma 
ferramenta importante de triagem e deve ser responsabilidade da equipe que prestará 
atendimento na unidade de emergência. A gravidade dos danos do veículo também é 
utilizada como um instrumento de triagem. 
Dentre suas diversas causas, o trauma decorrente de acidente de trânsito tem 
grande significado nas estatísticas de mortalidade por esta causa. Além do grande 
potencial para altas taxas de mortalidade, os acidentes de trânsito têm em comum, a 
capacidade de provocar às vítimas um padrão de lesão semelhante, que são 
influenciados pela aceleração, direção da força envolvida no acidente, a posição da 
vítima no veículo e sua idade, o uso de equipamentos de segurança, e ainda, tipo e 
tamanho dos veículos envolvidos. Tais fatores são relevantes na análise do mecanismo 
do evento e, consequentemente, influenciam a troca de energia entre os veículos e as 
pessoas envolvidas, além de predizer da gravidade do trauma e as intervenções 
necessárias. 
Mecanismos do trauma Possível padrão de lesão 
Impacto frontal 
Deformidade do volante 
Marca de joelho no painel 
Fratura em “olho de touro” no para-brisa 
Fratura de coluna cervical 
Tórax instável anterior 
Contusão miocárdica 
Pneumotórax 
Secção de aorta (lesão de desaceleração) 
Lesão do baço ou fígado 
Fratura posterior, luxação de quadril e/ou 
joelho 
Impacto lateral ou automóvel Entorse contralateral do pescoço 
Fratura de coluna cervical 
Tórax instável lateral 
Pneumotórax 
Ruptura de diafragma 
Lesão do baço ou fígado 
Fratura do baço ou fígado 
 
9 
 
Fratura de pelve e acetábulo 
Impacto da colisão traseira Lesão da coluna cervical 
Ejeção do veículo A ejeção do veículo não produz um padrão, 
porém coloca o paciente no grupo de risco de 
qualquer lesão 
Veículo automotor/pedestre Traumatismo craniano 
Lesões torácicas e abdominais 
Fraturas de extremidades inferiores 
 Fonte: Fernandes (2007). 
 
Lesões traumáticas têm levado a milhares de mortes por ano, sendo os 
acidentes automobilísticos responsáveis por maior parte delas. 
A utilização da biomecânica tem um importante papel no conhecimento do 
mecanismo do trauma, principalmente nos acidentes automobilísticos. Mais de 90% das 
lesões podem ser suspeitas ao analisar a biomecânica do trauma sem nem mesmo 
chegar ao doente. 
Um socorristaque possui um conhecimento diferenciando sobre a biomecânica 
do trauma deve compreender que as vítimas envolvidas em eventos de alta energia 
estarão sujeitas a possuir graves lesões, a identificação precoce, bem como a 
compreensão e o tratamento adequado das lesões refletirá na sobrevida ou morte do 
doente. 
Para isso se faz necessária a compreensão das leis da física que envolve o 
mecanismo do trauma sendo as principais leis a Primeira Lei de Newton onde afirma 
que um corpo em movimento ou em repouso permanece neste estado até que uma 
força atue sobre ele e a Lei de troca de energia onde dois corpos em movimento e em 
velocidade diferentes quando interagem as velocidades tendem a se igualar. Com essa 
percepção diferenciada o socorrista conseguirá identificar com mais facilidade as 
possíveis lesões de acordo com a cena encontrada, assim a presença de uma 
deformidade no volante ou “olho de touro” no para-brisa será um alerta para os 
profissionais treinados de possíveis lesões em coluna cervical, baço, fígado entre 
outros, não deixando que tais lesões passem despercebidas e melhorando o 
direcionamento da assistência. 
 
10 
 
O tratamento do politraumatizado requer a identifição e tratamento prioritário 
daquelas lesões que põem em risco a vida do doente. Esta primeira avaliação, a 
avaliação primária, se feita corretamente, deverá identificar tais lesões como: 
•obstrução da via aérea 
•lesões torácicas com dificuldade respiratória 
•hemorragia severa interna ou externa 
•lesões abdominais 
Se há mais que um doente politraumatizado, tratar os doentes por ordem de 
prioridade (Triagem). Esta depende da experiência e recursos da avaliação ABCDE (Via 
aérea, Respiração, Circulação, Disfunção neurológica e Exposição) é efetuada. Esta 
avaliação primária não deve demorar mais que 2-5 minutos. O tratamento simultâneo 
das lesões pode ocorrer quando existem mais do que uma lesão potencialmente mortal. 
Isto inclui: 
Via Aérea 
Avaliar a via aérea. O doente pode falar ou respirar livremente? Se obstruído, os 
passos a considerar são: 
 Elevação do queixo/subluxação da mandíbula (a língua está agarrada à 
mandíbula) 
 Aspiração (se disponível) 
 Tubo orofaríngeo/nasofaríngeo 
 Intubação. NB manter o pescoço imobilizado em posição neutra. 
Respiração 
A respiração é avaliada quando a patência da via aérea e adequabilidade da 
respiração são reavaliadas. Se inadequada, os passos a considerar são: 
 Descompressão e drenagem de pneumotórax/hemotórax sob tensão 
 Encerramento de ferida aberta do tórax 
 Ventilação artificial 
Circulação 
Avaliar a circulação, quando a administração de oxigênio, a patência da via 
aérea e a adequabilidade da respiração foram avaliadas. Se inadequadas, os passos a 
considerar são os seguintes: 
 
11 
 
 Parar a hemorragia externa 
 Estabelecer 2 linhas venosas (cânulas 14-16G) se possível 
 Administrar fluidos se disponíveis 
Disfunção neurológica 
Exame neurológico rápido (o doente está consciente, responde vocalmente à dor 
ou está inconsciente). Não há tempo para fazer a escala de coma de Glasgow, por isso: 
Acordado 
Resposta verbal 
Resposta à dor 
Sem resposta 
Exposição 
Despir o doente e procurar as lesões. Se há suspeita de lesão cervical ou da 
coluna, é importante fazer a mobilização em alinhamento. 
A primeira prioridade é estabelecer ou manter a patência da via aérea. 
•Falar com o doente Um doente que consegue falar claramente deve ter a via 
aérea permeável. O doente inconsciente pode necessitar de assistência à via aérea e à 
ventilação. A coluna cervical deve estar protegida durante a intubação se há suspeita 
de lesão do pescoço, crânio ou tórax. A queda da língua é a causa mais frequente de 
obstrução da via aérea num doente inconsciente. 
•Administrar oxigênio 
Administrar O2 se disponível, via bolsa insufladora ou máscara. 
•Avaliar a via aérea 
São sinais de obstrução da via aérea: 
 Ressonar ou gorgolejo 
 Estridor ou sons respiratórios anormais 
 Agitação (hipóxia) 
 Uso dos músculos acessórios da ventilação/movimentos paradoxais do 
tórax 
 Cianose 
 
12 
 
•Considerar a necessidade de manejo avançado da via aérea Indicações para 
técnicas de manejo avançado da via aérea incluem: 
•obstrução persistente da via aérea 
•trauma penetrante do pescoço com hematoma (em expansão) 
•apnéia 
•hipóxia 
•trauma craniano severo 
•trauma torácico 
•lesão maxilofacial 
A segunda prioridade é estabelecer uma ventilação adequada. 
•A inspeção (VER) da frequência respiratória é essencial. Estão alguns dos 
seguintes sinais presentes: 
 Cianose 
 Ferida penetrante 
 Fragmento instável 
 Feridas abertas com aprisionamento de ar 
 Uso dos músculos acessórios 
 Palpação (SENTIR) para 
 Desvio da traqueia 
 Costelas partidas 
 Enfisema subcutâneo 
 A percussão é útil no diagnóstico de hemotórax e pneumotórax 
 Auscultação (OUVIR) 
 Pneumotórax 
 Detecção de sons anormais no tórax 
 Ação de ressuscitação 
Se há dificuldade respiratória coloca-se um dreno intercostal para drenagem da 
pleura para saída de ar/sangue, mesmo antes de se fazer um Raio-X do tórax 
A terceira prioridade é restabelecer uma adequada circulação 
 
13 
 
Choque é definido como uma inadequada perfusão e oxigenação dos órgãos 
tecidos. No politraumatizado a maior parte das vezes é devido à hipovolemia. O 
diagnóstico de choque é baseado em sinais clínicos: hipotensão, taquicardia, 
Taquipneia, hipotermia, palidez, extremidades frias, diminuição do preenchimento 
capilar e diminuição da produção de urina. Há três diferentes tipos de choque: 
 
Choque hemorrágico (hipovolémico) 
2. HEMORRAGIA 
É o extravasamento de sangue dos vasos sanguíneos através de uma ruptura 
nas suas paredes. Dependendo do local do sangramento, a hemorragia pode ser 
chamada de externa, quando pode ser vista porque extravasa para o meio ambiente, ou 
ainda interna, quando o sangue extravasa para o interior do próprio corpo, dentro dos 
tecidos ou cavidades naturais. 
 
Fonte: www.saude.culturamix.com 
 
 
14 
 
A hemorragia externa por ser visualizada é facilmente reconhecida. (Geralmente 
o sangue se exterioriza por algum ferimento existente, ou por algum orifício natural do 
corpo – boca, nariz, ânus, vagina). 
Na hemorragia interna o sangramento não se exterioriza, ou seja, não é 
visualizado externamente ao corpo, geralmente porque acontece em uma cavidade do 
corpo (crânio, tórax, abdome, pelve). 
As evidências mais comuns de sangramento interno são áreas extensas de 
contusão na superfície corpórea. As fraturas dos ossos longos (úmero, fêmur), também 
provocam perda de sangue, que fica confinado nos tecidos moles ao redor da fratura. 
As hemorragias (externas ou internas) graves, com grande perda de volume 
sanguíneo, podem levar a uma situação denominada choque hipovolêmico (choque por 
perda de sangue). Esta é uma situação grave, que pode levar a vítima a uma situação 
de risco de vida; por causa da perda de grande quantidade de sangue, fica prejudicado 
o suprimento sanguíneo para todas as células do corpo. Por essa razão, deve-se 
procurar controlar as hemorragias externas evidentes e encaminhar rapidamente ao 
hospital as vítimas em que se suspeita de hemorragia interna. 
Os sinais que podem sugerir hemorragia severa são: 
O pulso da vítima se torna fraco e rápido; 
A pele fica fria e úmida (pegajosa); 
As pupilas podem ficar dilatadas; 
A vítima fica ansiosa, inquieta e com sede; 
A vítima pode apresentar náusea e vômitos; sua respiração torna-se rápida e 
profunda; 
Pode haver perda de consciência e até parada cardiorrespiratória. 
 
3. CONTROLE DA HEMORRAGIA EXTERNA 
O sangramento externo geralmente é de fácil controle. Os métodos utilizados 
são: 
 
15 
 
Pressão Direta sobre o ferimento: Quase todos os casos de hemorragia externa 
podem sercontrolados pela aplicação de pressão direta na ferida, o que permite a 
interrupção do fluxo de sangue e favorece a formação de coágulo. Preferencialmente 
utilizar uma compressa estéril, pressionando firmemente por 10 a 30 minutos; logo a 
seguir, fixar a compressa com uma bandagem. Se o sangramento é profuso, não se 
deve perder tempo em localizar a compressa – faça a pressão direta com a própria mão 
enluvada. 
Elevação da área traumatizada: Quando uma extremidade é elevada de forma 
que área ferida fica acima do nível do coração, a gravidade ajuda a diminuir o fluxo de 
sangue. Esse método deve ser utilizado simultaneamente ao da pressão direta. Não 
deve ser usado em caso de fraturas e luxações ou objetos empalados na extremidade. 
Pressão digital sobre o ponto de pulso: A pressão sobre o pulso de artéria é 
utilizada quando os dois métodos anteriores falharam ou não se tem acesso ao local do 
sangramento (esmagamento, extremidades presas em ferragens). 
É a pressão aplicada com os dedos sobre os pontos de pulso de uma artéria 
contra uma superfície óssea. É necessária habilidade do agente e conhecimento dos 
pontos exatos de pressão das artérias. 
Principais pontos – artéria braquial – para sangramento de membros superiores; 
artéria femoral – para sangramento de membros inferiores; 
Artéria temporal – para sangramento de couro cabeludo. 
Aplicação de gelo: O uso de compressas frias ou bolsas de gelo pode diminuir 
sangramento interno ou mesmo interromper sangramentos venosos e capilares. Nas 
contusões a aplicação de gelo previne a equimose (mancha roxa). Deve-se, no entanto, 
evitar o uso prolongado pois pode diminuir a circulação causando lesões de tecidos. 
Torniquete: É sempre considerando como último recurso, pois a aplicação de 
torniquete pode levar à perda do membro; se for apertado demais, pode lesar 
músculos, nervos e vasos. Mesmo nos casos de amputações ou avulsões graves, os 
métodos anteriores geralmente são suficientes para o controle da hemorragia. Por 
requerer técnica de colocação e retirada adequadas, sob cuidados médicos, não se 
recomenda seu uso corriqueiro para o controle de sangramentos. 
 
 
16 
 
4. ATENDIMENTO DA VÍTIMA COM HEMORRAGIA INTERNA 
Para suspeitar que uma vítima esteja com hemorragia interna é importante 
conhecer o mecanismo de lesão. Os traumas contusos são as principais causas de 
hemorragias internas (acidentes de trânsito, quedas, chutes e explosões). 
Alguns sinais de alerta para suspeitar de hemorragia interna são: fratura da pelve 
ou ossos longos (braços ou coxa), rigidez abdominal, área de equimose em tórax e 
abdome, ferida penetrante em crânio, tórax ou abdome. 
O tratamento de uma hemorragia interna só pode ser obtido através de alguma 
intervenção cirúrgica, para localizar o órgão que foi principalmente afetado e os vasos 
que estão lesados. Como esse tipo de tratamento só pode ser realizado sob cuidados 
médicos em ambiente hospitalar, as medidas de atendimento inicial consistem em: 
Abordar adequadamente a vítima, prestando atenção ao A-B-C-D; aquecer a 
vítima com cobertores; 
Não lhe dar nada para comer ou beber; 
Imediatamente acionar o Serviço de Atendimento Pré-hospitalar, se existente, ou 
conduzir a vítima a um hospital. 
As recomendações citadas acima também são válidas se você suspeitar que a 
situação da vítima esteja se agravando, evoluindo para um quadro de choque 
hipovolêmico. 
Toda vítima de trauma deve ser manuseada com o máximo cuidado a fim de não 
se permitir o agravamento de suas lesões e/ou ferimentos. Isto é particularmente 
importante nas vítimas com suspeita de lesão de coluna vertebral, quando a vítima 
necessita ser removida do local do acidente, atendida com medidas básicas e 
transportada ao local de tratamento definitivo; é óbvio que haverá grande probabilidade 
de manejo excessivo da coluna vertebral, o que pode pôr em risco a integridade da 
medula espinhal caso haja alguma lesão óssea instável na mesma. 
Nas localidades onde existe Serviço de Atendimento Pré-hospitalar, este deve 
ser o responsável pelo manuseio e remoção das vítimas com suspeita de lesão de 
coluna. Os princípios básicos relatados a seguir servem como orientações gerais para 
remoção de vítimas onde não houver esse tipo de atendimento. 
 
17 
 
Devido à perda aguda de fluidos. A quantidade de sangue perdido após trauma é 
muitas vezes deficientemente avaliado e no trauma por queimaduras é muitas vezes 
subestimado. 
Lembrar que: grandes volumes podem estar escondidos na cavidade abdominal 
e pleural. 
•a fratura da diáfise do fêmur pode levar a perdas acima de 2 litros de sangue 
•a fatura da bacia leva a perdas muitas vezes acima de 2 litros. 
A hipovolemia é uma emergência que põe em risco a vida e deve ser 
reconhecida e tratada agressivamente. 
Choque cardiogênico 
Inadequado funcionamento cardíaco. Isto pode ser devido a: 
•contusão miocárdica 
•tamponamento cardíaco 
•pneumotórax sob tensão (impedindo a chegada do sangue ao coração) 
•ferida penetrante do coração 
•infarto do miocárdio 
A avaliação da pressão venosa jugular é essencial nestas circunstâncias e deve 
ser feito um ECG, se há disponibilidade para tal. 
Choque neurogênico 
Devido à perda do tônus simpático, geralmente resultante de lesão medular, com 
a apresentação clássica de hipotensão sem taquicardia reflexa ou vasoconstrição 
cutânea. 
 
5. CHOQUE SÉPTICO 
Raro na fase precoce do trauma, mas uma causa comum de morte tardia (via 
falência multiorgânica) nas semanas seguintes ao trauma. É mais comumente vista nas 
feridas penetrantes do abdômen e nos queimados. 
Medidas de reanimação circulatória 
 
18 
 
O objetivo é restaurar o fornecimento de oxigênio aos tecidos. Sendo o principal 
problema a perda de sangue, a ressuscitação com fluidos é uma prioridade. 
•Obter um adequado acesso vascular. Isto requer a inserção de pelo menos 2 
cânulas de grande calibre (14-16G). Pode ser necessário debridamento. 
•Aquecer se possível, os fluidos de infusão (cristalóides, por ex. NaCl 0,9%, 
como primeira linha) à temperatura corporal (manter soros quentes num ebulidor). 
Lembrar que a hipotermia pode provocar anomalias da coagulação. 
•Evitar soluções que contenham glicose. 
•Colher amostras de sangue para laboratório e determinação de grupo 
sanguíneo. 
6. URINA 
Medir o débito urinário como indicador do grau de preenchimento vascular. O 
débito deve ser superior a 0.5 ml/kg/hora. Nos doentes inconscientes pode ser 
necessário avaliar se o choque persiste. 
7. TRANSFUSÃO DE SANGUE 
Pode ser muito difícil obter sangue. Lembrar possível incompatibilidade, riscos de 
transmissão de hepatite B e HIV, mesmo entre a própria família do doente. Deve 
considerar-se a transfusão de sangue quando o doente mantém instabilidade 
hemodinâmica apesar da infusão de fluidos (cristalóides/colóides). Se não há 
possibilidade de se determinar o grupo sanguíneo e fazer provas de compatibilidade 
deve ser usado concentrado de glóbulos O negativo. Deve-se fazer transfusão se a 
hemoglobina for inferior a 7g/dl e se o doente continua a sangrar. 
Primeira prioridade: parar a hemorragia 
Lesões dos membros: os garrotes não servem. Além disso, provocam síndromes 
de reperfusão que agravam a lesão inicial. O procedimento recomendado de “pressão 
com compressa” é uma entidade mal definida. A hemorragia severa resultante de 
 
19 
 
lesões penetrantes de alta energia e por amputação pode ser controla da mediante 
colocação subfascial de compressas de gaze mais compressão manual na artéria 
proximal mais aplicação de penso compressivo de todo o membro lesado. A perda de 
sangue é a principal causa de choque em doentes com trauma. 
Lesões do tórax: A fonte mais comum de hemorragia são as artérias da parede 
torácica. A colocação imediata de um dreno torácico com aspiração intermitente e uma 
eficiente analgesia fazem expandir o pulmão e parar a hemorragia.Lesões no abdômen: a laparotomia de controle das lesões deve ser efetuada o 
mais cedo possível nos casos em que a ressuscitação com fluidos não permite manter 
a TA sistólica a 80-90 mmHg. O único objetivo desta laparotomia é comprimir com 
compressas os quadrantes abdominais sangrantes, enquanto a incisão na linha média 
fica temporariamente fechada com pinças de campo durante 30 minutos. Este tipo de 
laparotomia não é cirurgia, mas um procedimento de ressuscitação que deve ser feito 
sob anestesia por qualquer médico ou enfermeiro treinado a nível distrital. Deve-se 
observar esta técnica antes de executá-la, para efetuar corretamente, podendo salvar 
vidas. 
Avaliação secundária 
A avaliação secundária só é efetuada quando se estabiliza o ABCD do doente. 
Se ocorrer qualquer deterioração durante esta fase então ela deve ser interrompida e 
faz-se outra avaliação primária. Devem registrar todos os procedimentos efetuados. 
Agora é feito o exame da cabeça à ponta dos dedos, nada em particular: 
Exame da cabeça 
• anomalias do couro cabeludo e oculares 
• ouvido externo e membrana timpânica 
• lesões dos tecidos moles periorbitários. 
Exame do pescoço 
•feridas penetrantes 
•enfisema subcutâneo 
•desvio da traqueia 
•aparência das veias do pescoço 
Exame neurológico 
 
20 
 
•avaliação da função cerebral usando a Escala de Coma de Glasgow (ECG) 
•atividade motora medular 
•sensações e reflexos 
 
Fonte: www.bombeiroswaldo.blogspot.com.br 
 
21 
 
8. EXAME DO TÓRAX 
 
Fonte: www.enfermeiropsf.blogspot.com.br 
 
 
22 
 
•clavículas e todas as costelas 
•murmúrio vesicular e tons cardíacos 
•monitorização do ECG (se disponível) 
Nos doentes com traumatismo craniano suspeitar de lesão da coluna cervical até 
que se prove ao contrário. 
9. EXAME ABDOMINAL 
 
Fonte: www.farmacos-oncare.blogspot.com.br 
•feridas penetrantes do abdômen requerem exploração cirúrgica 
•trauma por explosão – é colocado uma sonda nasogástrica (não em presença 
de trauma facial) 
•toque retal 
•colocar algália (sonda de foley) 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
 
 
 
Pélvis e membros 
 
Fonte: www.centraldafisioterapia.com.br 
•fraturas 
•pulsos periféricos 
•cortes, escoriações e outras lesões menores 
RX (se possível e quando indicado) 
•RX do tórax e da coluna cervical (importante ver as 7 vértebras) 
•RX da bacia e dos ossos longos 
•O RX do crânio pode ser útil para procurar fraturas quando há traumatismo 
craniano sem déficit neurológico focal pedir outros seletivamente. 
 
 
 
 
24 
 
 
10. TRAUMATISMO TORÁCICO 
 
 
Fonte:www.vidalsaude.com.br 
Aproximadamente um quarto das mortes por trauma é devido a traumatismo 
torácico. 
As mortes imediatas são essencialmente devidas à rotura maior do coração ou 
grandes vasos. Mortes precoces devido a traumatismo torácico devem-se a obstrução 
da via aérea, tamponamento cardíaco ou aspiração. 
A maioria dos doentes com trauma torácico podem ser tratados com manobras 
simples e não requerem tratamento cirúrgico. A dificuldade respiratória pode ser 
causada por: 
•fratura de costelas/respiração paradoxal 
•pneumotórax 
•pneumotórax sob tensão 
•hemotórax 
•contusão pulmonar 
 
25 
 
•pneumotórax aberto 
•aspiração 
O choque hemorrágico é devido a: 
•hemotórax 
•hemomediastino 
Fratura de costelas: as fraturas de costelas podem ocorrer no ponto de impacto e 
a lesão do pulmão subjacente pode provocar contusão ou perfuração do mesmo. Nos 
idosos podem ocorrer fraturas de costelas por simples traumas. As costelas tornam-se 
geralmente estáveis dentro de 10 dias a 2 semanas. A cura completa com formação de 
calo ocorre após cerca de seis semanas. 
Respiração paradoxal: o segmento instável move-se separadamente e em 
direção oposta do resto da caixa torácica durante o ciclo respiratório. Pode surgir 
dificuldade respiratória severa. 
 Pneumotórax sob tensão: surge quando o ar entra no espaço pleural, mas não 
pode sair. Como consequência a pressão intratorácica aumenta progressivamente no 
lado afetado com resultante desvio do mediastino. O doente fica dispnéico e hipóxico. É 
preciso fazer urgentemente a descompressão com uma agulha antes de ser introduzido 
um dreno intercostal. A traqueia pode estar desviada (sinal tardio) e empurrada da linha 
média pelo ar sob pressão. 
Hemotórax: mais comum nas feridas penetrantes do que nas lesões não 
penetrantes do tórax. Se a hemorragia é severa ocorre choque hipovolêmico e também 
dificuldade respiratória devido à compressão do pulmão no lado afetado. 
Contusão pulmonar: é comum após trauma torácico. É uma condição com 
potência l risco de vida. O início dos sintomas pode ser lento e progressivo ao longo 
das 24 horas após o trauma. É provável ocorrer em casos de acidente com alta 
velocidade, quedas de grandes alturas e lesões por balas de alta velocidade. São 
sintomas e sinais: 
•dispneia 
•hipoxemia 
•taquicardia 
•murmúrio vesicular ausente ou diminuído 
 
26 
 
•fratura de costelas 
•cianose 
Feridas abertas ou aspirativas da parede torácica 
. Nestas, o pulmão do lado afetado está exposto à pressão atmosférica, 
colapsado e há um desvio do mediastino para o lado oposto. Deve ser rapidamente 
tratado. Em doentes em risco é muitas vezes necessário colocar drenos intercostais, 
intubar e ventilar com pressão positiva. 
A contusão miocárdica está associada, no traumatismo fechado do tórax, com 
fraturas do esterno ou costelas. O diagnóstico é baseado em anomalias do ECG e 
elevação das enzimas cardíacas, caso haja disponibilidade em executá-los. A contusão 
cardíaca pode simular um enfarto do miocárdio. Os doentes devem ser submetidos a 
monitorização cardíaca, se disponível. Este tipo de lesões é mais comum do que se 
pensa e pode ser a causa de morte súbita bem depois do acidente. 
11. AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA 
Deve determinar-se o nível da lesão. Se o doente está consciente, fazer 
perguntas relevantes sobre a sensação, e pedir-lhe que faça pequenos movimentos 
para avaliar a função motora, nos membros superiores e inferiores. 
Em seguida resumem-se os sinais chave para a determinação do nível da lesão: 
Resposta motora 
•Diafragma intacto C3, C4, C5 
•Elevação dos ombros C4 
•Bíceps (flexão do cotovelo) C5 
•Extensão do punho C6 
•Extensão do cotovelo C7 
•Flexão do punho C7 
•Abdução dos dedos C8 
•Respiração profunda T1-T12 
•Flexão da anca L2 
 
27 
 
•Extensão do joelho L3-L4 
•Flexão dorsal do pé L5-S1 
•Flexão plantar do pé S1-S2 
Resposta sensitiva 
•Face anterior da coxa L2 
•Face anterior do joelho L3 
•Face anterolateral do tornozelo L4 
•Dorso do primeiro e segundo dedos L5 
•Face lateral do pé S1 
•Face posterior da perna S2 
•Sensação perianal (períneo) S2-S5 NB 
Se não há função sensorial nem motora com uma lesão medular completa, as 
possibilidades de recuperação são mínimas. A perda da função autônoma associada à 
lesão medular pode ocorrer rapidamente, mas a recuperação é lenta. 
 
12. TRAUMATISMO DOS MEMBROS 
 
Fonte: www.consciencia-corporal.weebly.com 
 
28 
 
O exame deve incluir: 
•Cor e temperatura cutâneas. 
•Avaliação dos pulsos periféricos. 
•Erosões e pontos sangrantes. 
•Alinhamento e deformidades dos membros. 
•Mobilidade ativa e passiva. 
•Movimentos pouco usuais e crepitação. 
•Intensidade da dor causada pelas lesões. 
O tratamento das lesões das extremidades deve ter como objetivos: 
•Manter os tecidos perfundidos. 
•Prevenir a infecção e a necrose. 
•Evitar lesão dos nervos periféricos Aspectos especiais no manejo do trauma dos 
membros 
•Deter a hemorragia mediante pressão direta é melhor que mediante o uso de 
torniquetes, que podem não ser retirados por erro e isto pode provocar lesão isquêmica. 
•Fraturas expostas. Qualquer ferida situada nas proximidades de uma fratura 
deve ser tratada como comunicante com esta.O seu tratamento deve incluir: 
 Parar a hemorragia. 
 Imobilização e analgesia. 
Em caso de amputação traumática, o fragmento amputado deve cobrir-se com 
compressas de gase estéreis umedecido em soro salino e envolvido por um saco de 
plástico estéril. Um membro amputado não arrefecido pode ser reimplantado dentro das 
6 horas seguintes ao acidente, e dentro das18-20 horas seguintes se é arrefecido. 
Os corpos estranhos profundamente situados devem permanecer até ao 
momento da exploração cirúrgica da ferida. Tratamento dos membros: Fasciotomia 
precoce. 
O problema das síndromes compartimentais é frequentemente subvalorizado: 
•Lesão tecidual devido à hipóxia: as síndromes compartimentais com pressões 
intramusculares elevadas e colapso circulatório local são frequentes nos casos de 
traumatismo com hematomas intramusculares (IM), lesões por esmagamento, fraturas 
ou amputações. Se a pressão de perfusão (pressão sistólica) é baixa, mesmo uma 
 
29 
 
ligeira elevação da pressão IM causa hipoperfusão local. Com uma temperatura 
corporal normal, a perfusão muscular periférica começa a diminuir a uma tensão arterial 
sistólica de 80 mm de Hg. 
•A lesão de reperfusão é, com frequência, séria: se há hipóxia local (pressão IM 
elevada, hipotensão arterial) durante mais de 2 horas, a reperfusão pode causar lesão 
vascular importante. É por isso que a descompressão dos compartimentos deve ser 
feita o mais cedo possível. São particularmente de maior risco, os compartimentos do 
antebraço e da perna. Uma vez controlada a hemorragia, recomenda-se a realização 
imediata de Fasciotomia dos compartimentos do antebraço da perna, sempre que a 
evacuação para um centro de atenção médica demore mais de 4 horas. A Fasciotomia 
pode ser levada a cabo por qualquer médico ou enfermeiro sob anestesia nos hospitais 
locais. 
 
13. CASOS ESPECIAIS DE TRAUMA 
Traumatismos pediátricos 
 
Fonte: www.encolombia.com 
Os acidentes são uma das principais causas de morte em crianças de todas as 
idades, com uma incidência mais elevada nos rapazes. A sobrevivência das crianças 
 
30 
 
que sofrem de trauma maior depende do tratamento que recebem antes de chegar ao 
hospital e da ressuscitação inicial. 
A avaliação primária do doente pediátrico politraumatizado é idêntica à do adulto. 
A primeira prioridade é a via aérea, respiração, depois circulação, avaliação neurológica 
inicial, e finalmente exposição da criança sem perda de calor. 
Contudo, há diferenças importantes quanto à reanimação e manejo da via aérea 
do doente pediátrico, como por exemplo: 
•A cabeça, a língua são relativamente maiores que no adulto 
•As crianças respiram habitualmente pelo nariz, por ser a via aérea de maior 
tamanho. 
•O ângulo da mandíbula é maior, a laringe está situada mais cranialmente e a 
epiglotes tem forma de “U” e é proporcionalmente maior. 
•A região cricoideia é a zona mais estreita da laringe e é a que limita o tamanho 
do tubo endotraqueal. Quando se chega à idade adulta, a cartilagem cresceu e a parte 
mais estreita da via aérea são as cordas vocais. 
•A traqueia de um recém-nascido a termo tem 4 cm de comprimento e pode 
alojar um tubo de 2.5 a 3 cm de diâmetro interno (a traqueia do adulto tem em média, 
12 cm de comprimento) 
•A distensão gástrica é uma complicação frequente ao reanimar um doente 
pediátrico, e uma sonda nasogástrica pode ajudar a descomprimir o estômago. Se for 
necessário intubar um doente, evitar tubos endotraqueais sem cuff em crianças 
menores de 10 anos, para reduzir assim o risco de edema e ulceração da região 
subglótica. Por outro lado, a intubação em crianças pequenas é sempre mais fácil pela 
boca que pelo nariz. Doente pediátrico em choque: 
As melhores regiões anatômicas para palpar pulsos periféricos no doente 
pediátrico são a região inguinal e a fossa antecubital do cotovelo. Se não se palpa o 
pulso, começar de imediato a ressuscitação. Os princípios básicos de tratamento do 
doente pediátrico são os mesmos que no doente adulto. Os sinais de choque no doente 
pediátrico incluem: 
•Taquicardia 
•Pulsos periféricos fracos ou ausentes 
 
31 
 
•Preenchimento capilar prolongado > 2 segundo 
•Taquipneia 
•Agitação 
•Sonolência 
•Diminuição do débito urinário 
A hipotensão pode ser um sinal tardio, mesmo nos doentes em choque severo. 
O acesso venoso deve obter-se mediante a inserção de duas cânulas 
intravenosas de grande calibre. Tentar primeiro acesso nas veias periféricas e evitar as 
veias centrais. Dois bons sítios para a canulação periférica são a veia safena na face 
interna do tornozelo e a veia femural na região inguinal. 
O acesso intraósseo é relativamente seguro e um método muito eficaz para a 
administração de fluidos. Se não se dispõe de uma cânula intraóssea, pode utilizar uma 
agulha de raquianestesia. O melhor lugar para tentar o acesso intraósseo é a face 
Antero-interna da tíbia, abaixo da tuberosidade tibial. A zona de crescimento epifisário 
deve ser evitada. 
A reposição de volume tem como objetivo a obtenção de um volume de urina 
entre 1 e 2 ml/kg/hora no recém nascido e de 0.5 a 1 ml/kg/hora no adolescente. Deve-
se começar com um bólus inicial de 20ml/kg de peso de soro fisiológico. Se não se 
obtém o efeito desejado, pode-se repetir e se mesmo assim não se obtém resposta 
deve-se administrar 20 ml/kg de sangue do mesmo grupo ou 10 ml/kg de concentrado 
de glóbulos vermelhos do grupo O negativo, se disponível. 
A hipotermia é um grande problema na população pediátrica. Perdem 
proporcionalmente mais calor pela cabeça. Todos os líquidos administrados devem ser 
previamente aquecidos. Devido a uma relação superfície cutânea/volume muito 
elevado, a hipotermia converte-se num problema sério. A exposição da criança durante 
a avaliação é necessária para detecção de outras lesões, mas deve ser coberta o mais 
cedo possível. A criança deve manter-se aquecida e junto da família, se a situação o 
permite. 
Gravidez 
 
32 
 
 
Fonte: www.cisbaf.org.br 
A preocupação com o traumatismo gestacional se faz necessário devido ao 
cuidado com a gestante e o feto, a fim de evitar maiores riscos e complicações. Estas 
alterações da estrutura e das funções orgânicas podem influenciar a avaliação da 
gestante traumatizada pela alteração dos sinais e sintomas, alterar a abordagem e a 
resposta à ressuscitação volêmica. Diante desta problemática emerge a importância da 
imobilização correta da gestante, para desse modo reduzir as lesões e evitar que a 
lesões já instaladas piorem ou se compliquem. O movimento dessas extremidades 
podem lesar os músculos, os vasos, os nervos e até a pele, provocando assim um 
processo inflamatório pelo movimento bem como problemas ao feto. A paciente 
gestante traumatizada exige extremo rigor e competência no atendimento porque são 
vitimadas duas pessoas simultaneamente. Com isso, no organismo materno durante a 
gravidez as adaptações fisiológicas modificam o padrão tido como normal de resposta 
mediante as diferentes variáveis envolvidas no trauma. Tais alterações da função e 
estrutura orgânicas podem vir a influenciar na avaliação desta gestante traumatizada, 
ao realizar a análise dos sinais e sintomas das lesões, alterando a abordagem e a 
resposta a ressuscitação volêmica, assim como os resultados nos testes diagnósticos. 
O fator de a mulher estar gestante também pode afetar a gravidade das lesões e seu 
padrão. 
 
33 
 
As prioridades ABCDE são as mesmas que na doente não grávida. Durante a 
gravidez, produzem-se uma série de alterações anatômicas e fisiológicas que são de 
uma importância capital na avaliação da grávida politraumatizada. 
Alterações anatômicas 
 
Fonte: www.biologiapontal.blogspot.com.br 
 
O tamanho do útero aumenta gradualmente e converte-se num órgão muito mais 
vulnerável, tanto no traumatismo fechado como no traumatismo penetrante. 
•Às 12 semanas de gravidez,o fundo do útero encontra-se a nível da sínfise 
púbica. 
•Às 20 semanas, chegam ao nível do umbigo. 
•As 36 chegam ao nível do apêndice xifoide. 
•O feto está protegido nos primeiros meses de gravidez por um útero de parede 
espessa e grandes quantidades de líquido amniótico. 
Alterações fisiológicas 
•Aumento do volume corrente e alcalose respiratória. 
•Aumento da frequência cardíaca. 
•Aumento do débito cardíaco em 30 %. 
•A tensão arterial é geralmente 15 mmHg mais baixa. 
•Compressão aorto-cava no terceiro trimestre com hipotensão arterial. 
Aspectos especiais da grávida politraumatizada 
•Um traumatismo fechado pode produzir: 
 
34 
 
 Estimulação uterina e parto prematuro. 
 Rotura parcial ou completa do útero. 
 Descolamento placentário parcial ou total (pode apresentar-se até 48 
horas depois do traumatismo) 
 Em caso de fraturas da bacia, atenção a potencial severa perda de 
sangue. São as prioridades: 
•Avaliar a mãe de acordo com as prioridades ABCDE. 
•Reanimar a mãe em decúbito lateral esquerdo para evitar a compressão aorto-
cava. 
•Exame vaginal (espéculo) para detecção de hemorragia vaginal e dilatação 
cervical. 
•Marcar a altura do fundo do útero, avaliar a dor nesta região, e monitorizar a 
frequência do foco. 
A reanimação da mãe pode salvar o feto. Em algumas ocasiões em que a vida 
da mãe está em perigo, pode ser necessário sacrificar o feto para salvar a mãe. 
A compressão aorto-cava deve ser prevenida na reanimação da grávida 
politraumatizada. Lembrar a posição em inclinação lateral esquerda. 
Queimaduras 
 
Fonte: www.parlamentopb.com.br 
 
35 
 
As queimaduras são lesões frequentes, mesmo quando não levam a óbito, as 
queimaduras severas produzem grande sofrimento físico e requerem tratamento que 
duram meses ou mesmo anos. Pessoas de todas as faixas etárias estão sujeitas às 
queimaduras, sendo as crianças vítimas frequentes e muitas vezes por descuido dos 
pais ou responsáveis. 
 
Fonte: www.saudeexperts.com.br 
 
As queimaduras podem ser classificadas de acordo com a sua causa, 
profundidade, extensão, localização e gravidade. 
Quanto à Causa 
Térmicas: São as queimaduras mais comuns. Podem ser causados por gases, 
líquidos ou sólidos quentes. 
Químicas: São causadas por ácidos ou álcalis e podem ser graves; necessitam 
de um correto atendimento pré-hospitalar, pois o manejo inadequado pode agravar as 
lesões. 
Por eletricidade: São muitas vezes queimaduras graves. Geralmente as lesões 
internas, no trajeto da corrente elétrica através do organismo, são extensas enquanto 
as lesões das áreas de entrada e saída da corrente elétrica na superfície cutânea são 
pequenas. Esta particularidade pode levar a erros na avaliação da severidade da lesão. 
Por radiação: Podem ser causadas por raios ultravioletas (UV), por raio-x ou por 
radiações ionizantes. As lesões por raios UV são bem conhecidas queimaduras solares 
e geralmente superficiais e de pouca gravidade. 
 
36 
 
Quanto à profundidade 
As queimaduras, principalmente as térmicas, podem ser classificadas de acordo 
com a profundidade da lesão em queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus. 
Esta classificação é importante porque direciona desde o atendimento pré-hospitalar 
até o atendimento definitivo no centro de queimados. 
Primeiro grau (superficiais): São as queimaduras que atingem apenas a 
epiderme. A pele fica avermelhada (eritema) e quente, ocasionalmente há edema 
(inchaço). Causam dor de leve a moderada. O exemplo clássico são as queimaduras 
solares. 
Segundo grau (espessura parcial): São queimaduras que atingem a epiderme e a 
derme e produzem dor severa. A pele se apresenta avermelhada e com bolhas, as 
lesões que atingem a derme mais profunda são úmidas. São queimaduras que mais se 
beneficiam de um curativo efetuado corretamente. 
Terceiro grau (espessura total): Atingem toda espessura da pele e chegam ao 
tecido subcutâneo. As lesões são secas e com uma cor esbranquiçada com aspecto de 
couro ou então pretas com aspecto carbonizado. Geralmente não são dolorosas porque 
as terminações nervosas são destruídas; as áreas nos bordos das lesões de terceiro 
grau podem apresentar queimaduras menos profundas, de segundo grau, e serem, 
portanto, bastante dolorosas. 
Quanto à extensão 
A extensão da queimadura, ou a porcentagem da área da superfície corporal 
queimada, é um dado importante para se determinar a gravidade da lesão e o 
tratamento a ser instituído, tanto no local do acidente quanto no hospital. Utiliza-se para 
este cálculo a “regra dos nove”. O resultado obtido é aproximado, mas é suficiente para 
uso prático. 
Quanto à localização 
As queimaduras variam de gravidade de acordo com a sua localização. Certas 
áreas, como as mãos, faces, os pés e os genitais são consideradas críticas. As 
queimaduras que envolvem as vias aéreas são também bastante graves. 
O doente queimado tem as mesmas prioridades que qualquer outro doente 
politraumatizado. 
 
37 
 
Avaliação inicial: Via aérea, Respiração (atenção à inalação e compromisso da 
via aérea), Circulação (reposição de volume), Disfunção do sistema nervoso central 
(síndrome compartimental), Exposição (percentagem da queimada). 
É importante conhecer o agente causal da queimadura, isto é, fogo, água quente, 
petróleo e etc. As queimaduras elétricas são, com frequência, mais graves do que 
podem parecer. Lembrar que a lesão muscular e da pele podem produzir insuficiência 
renal aguda. 
Aspectos essenciais: 
•Parar a queimadura 
•ABCDE e determinação da área queimada 
•Bom acesso endovenoso e reposição precoce de volume. 
 Aspectos específicos no doente queimado os seguintes sinais podem ajudar a 
detectar e tratar de maneira precoce o dano respiratório no queimado: 
•Queimaduras em redor da boca. 
•Queimaduras na face ou pêlos faciais ou nasais chamuscados. 
•Rouquidão, tosse irritativa. 
•Evidência de edema da glote. 
•Queimaduras em redor do tórax ou pescoço. 
A intubação orotraqueal ou nasotraqueal está especialmente indicada se o 
doente apresenta severo agravamento da rouquidão, dificuldade na deglutição de 
secreções, ou aumento da frequência respiratória, com história clínica compatível com 
lesão por inalação. 
O doente queimado necessita de uma solução de cristalóides de pelo menos 2-
4ml /Kg de peso, multiplicado pela percentagem de superfície queimada, durante as 
primeiras 24 horas para manter um débito cardíaco adequado e uma produção de urina 
apropriada. 
Calculado o volume total, administrar da seguinte maneira: 
•Metade da quantidade estimada nas primeiras 8 horas. 
•A outra metade nas 18 horas seguintes de modo a manter um débito urinário 
de 0.5 a 1 ml/kg/hora. 
Proceder ao seguinte (se possível): 
 
38 
 
•Aliviar a dor 
•Avaliar se tem queimadura >20% 
•Colocar sonda nasogástrica 
•Profilaxia do tétano 
Os sinais clínicos de dano por inalação podem não aparecer nas primeiras 24 
horas. 
 
14. COLOCAÇÃO DO COLAR CERVICAL 
Vítima sentada 
 
Fonte: www.enfermagemceretta.blogspot.com.br 
Aproximar-se por trás da vítima, colocando as duas mãos posicionando os 
polegares no occipital e os indicadores e médios pressionando a mandíbula; 
Após posicionar as mãos, realizar os movimentos de alinhamento e tração leve; 
Neste momento posiciona-se o colar cervical (previamente selecionado pelo 
tamanho) por baixo da mandíbula da vítima. 
 
 
 
39 
 
 
 
 
 
 
 
Vítima deitada (decúbito dorsal) 
 
Fonte: www.flickr.com 
Na vítima deitada no solo, posicionar-se sobre a cabeça, realizando a fixação da 
mesma com as duas mãos; apoiar os polegares na mandíbula e os outros dedos ao 
longo do crânio, a partir do occipital, para permitir o posicionamento do colar; 
posicionar-se inicialmente a face posterior do colar por trás do pescoço, e então traz a 
face anterior do colar para a frente do pescoço a fim de posicioná-lo.40 
 
 
 
 
 
 
 
Vítima em pé 
 
Fonte: www.maisasaude.blogspot.com.br 
O fato de uma vítima de acidente encontrar-se deambulando ou mesmo parada 
de pé, não exclui a possibilidade da existência de uma lesão cervical. Portanto, se 
houver indício da lesão, o colar cervical deve ser aplicado antes de posicionar a vítima. 
A sequência é semelhante à da vítima sentada, porém o agente deve posicionar-se em 
pé atrás da vítima. 
 
41 
 
15. TRANSPORTE DO INDIVIDUO COM TRAUMA 
Rolamento 
 
Fonte: www.enfermagemceretta.blogspot.com.br 
São manobras que servem para colocar as vítimas sobre a tábua de transporte. 
O princípio básico dos rolamentos é a mobilização da vítima como um todo, em 
monobloco, como se estivéssemos rolando uma tora de madeira. Deve-se tomar 
cuidado especial com o alinhamento da coluna da vítima, em todos os seus segmentos. 
Os rolamentos podem ser realizados por umas duas ou mais pessoas, porém 
não é difícil perceber que uma pessoa sozinha não é capaz de estabelecer um 
alinhamento seguro da coluna da vítima. Quando os rolamentos são realizados por três 
pessoas, por exemplo, uma delas fica responsável pelo controle cervical, a outra vai 
mover o ombro e o quadril (tronco), e a terceira fica responsável pelo quadril e pelas 
pernas da vítima, todas agindo em conjunto e mantendo o alinhamento. O rolamento a 
90 graus permite que uma vítima em decúbito dorsal seja rolada para que se posicione 
a tábua de transporte sob a mesma; o rolamento a 180 graus permite que a vítima em 
 
42 
 
decúbito ventral seja primeiramente rolada a 90 graus e depois seja colocada sobre a 
tábua de transporte. 
Uma vez posicionada sobre a tábua, a vítima deve ser adequadamente fixada 
com tirantes. 
 
Fonte: www.inspetorfrederico.blogspot.com.br 
O transporte tem os seus riscos. Requer boa comunicação, planificação e de 
pessoal preparado para o efeito. Todo o doente que requer ser transportado deve ser 
convenientemente estabilizado antes da sua saída. Como princípio geral, só se deve 
transportado um doente quando o hospital que o vai receber pode prestar-lhe um 
tratamento mais avançado. A planificação e preparação devem ter em conta: 
•O meio de transporte (carro, barco, etc) 
•O pessoal que deve acompanhar o doente. 
•O equipamento de monitoragem e de material necessário no transporte para 
tratamento de rotina e de emergência. 
•Potenciais complicações. 
•A monitorização e a preparação final do doente. 
 
43 
 
É essencial uma comunicação efetiva com: 
•O centro que vai receber o doente. 
•O meio de transporte. 
•O pessoal que acompanha o doente. 
•O doente e seus familiares. 
A estabilização do doente necessita de: 
•Pronta reanimação inicial. 
•Controle da hemorragia e restabelecimento circulatório. 
•Imobilização das fraturas. 
•Analgesia. 
Lembrar que: Se o doente volta a deteriorar, reavaliar utilizando os conceitos da 
avaliação primária, identificando e tratando as complicações que se apresentam, 
fazendo depois uma avaliação cuidadosa com especial atenção do sistema ou sistemas 
afetados. Esteja alerta: se algo pode correr mal, irá acontecer, e sempre no momento 
mais inoportuno. 
16. ELEVAÇÃO DA VÍTIMA 
 
Fonte: www.szpilman.com 
 
44 
 
A finalidade dessa manobra é erguer a vítima do solo, quando o rolamento não é 
possível, e colocá-la sobre a tábua de transporte. 
Técnica cada vez menos consensual e menos defendida em virtude das suas 
diversas limitações (ex. número de elementos, treino) e relação custo-benefício para as 
vítimas de trauma. Como exemplo, mesmo em situações de fratura da bacia, a técnica 
recomendada é a utilização da maca pluma. 
 Contraindicações: A técnica só deve ser executada se existirem pelo menos 
quatro elementos treinados para a sua execução (sendo seis o número ideal). 
Técnica: 
 1. Antes de se realizar um levantamento deverá sempre ser aplicado o colar 
cervical; 
 2. O 1 º elemento manterá o alinhamento e a imobilização em posição neutra, 
segundo o eixo nariz - umbigo - pés, e comandará os movimentos; 
 3. O 2º e 3º elementos ajoelhados de um dos lados da vítima e o 4º e 5º 
elementos do outro lado, com o mesmo joelho no chão, colocam corretamente os 
membros superiores e inferiores da vítima de forma a permitir o levantamento; 
 4. O 6º elemento pegará no Plano Duro, que a seu tempo introduz debaixo da 
vítima; 
 5. Os elementos posicionados lateralmente à vítima, colocam as mãos sobre 
esta, para percepcionarem a sua correta localização durante o levantamento, de forma 
a distribuir o peso da cintura escapular, do tronco, do abdómen, da cintura pélvica e dos 
membros inferiores da vítima, a fim de que esta seja mobilizada o menos possível O 1º 
elemento dará indicação 'Colocar mãos!'; 
 6. Introduzirão as mãos debaixo da vítima, nas localizações definidas, sem 
perturbar o alinhamento, com movimentos de deslizamento. O 1º elemento dará 
indicação 'Introduzir!'; 
 7. Aplicando a força para cima e para a frente farão o levantamento em bloco, 
até à altura dos joelhos, sempre seguindo indicação expressa do 1º elemento: 'À minha 
voz três, levantar! - Um … dois … três!'; 
 8. O Plano Duro será introduzido por baixo da vítima, pelo lado dos pés, de 
forma que o topo do plano fique a um nível superior ao da cabeça da vítima; 
 
45 
 
9. Farão em seguida, sob indicação do chefe de equipa, o abaixamento em 
bloco, de forma que a vítima fique posicionada com a cabeça colocada no topo do 
plano e o corpo centrado: ' Baixar!'; 
10. As mãos deverão ser retiradas com os mesmos cuidados como quando 
foram introduzidas; 
 11. Logo que a vítima está corretamente posicionada sobre o plano duro, 
seguindo indicação do 1º elemento, procede-se de seguida à sua imobilização no 
respetivo plano rígido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17. FINALIZANDO COM CONCEITOS GERAIS NA IMOBILIZAÇÃO DE 
FRATURAS 
Os cuidados de emergência das fraturas no pré-hospitalar passam pela 
imobilização provisória, que deve ser o mais correta possível já que: 
 
46 
 
• Numa fratura não imobilizada as perdas hemorrágicas são mais acentuadas e 
há maior probabilidade de ocorrer lesão vascular e de tecidos adjacentes; 
 • A dor desencadeada pelo contato dos topos ósseos é extremamente severa. É 
fundamental: 
 • Recolher o máximo de informação sobre o mecanismo de lesão e sobre a 
vítima; 
 • Efetuar a observação sistematizada de modo a detectar eventuais lesões 
associadas; • Manter a temperatura corporal; 
 • Uma fratura ou suspeita de fratura deve ser sempre imobilizada 
independentemente da distância à unidade hospitalar; 
• Controlar a hemorragia por compressão manual direta desde que o local da 
hemorragia não corresponda ao local do foco de fratura. Nesta situação utilizar o 
garrote; 
 • Nas fraturas dos ossos longos deve-se imobilizar sempre a articulação acima e 
abaixo da fratura, assim como nas fraturas das regiões articulares os ossos longos 
acima e abaixo desta devem ficar imobilizados. Não tentar corrigir as deformações mas 
sim imobilizar e transportar; 
 • A sequência de imobilização de uma fratura passa pela Tração prévia da 
mesma segundo o eixo em que se encontra o membro, seguida de Alinhamento e 
finalmente Imobilização; 
 • Nas lesões articulares imobilizar sempre o osso longo acima e abaixo da 
articulação. Quando as lesões são articulares, a tração a exercer deve ser mínima e 
feita com a participação ativa da vítima, devendo ser imobilizada na posição em que se 
encontra caso se determine a existência de resistência à mobilização; 
 • A imobilização deve ser feita com talas de madeira almofadadas, tendo o 
cuidado de aliviar sempre ao estado circulatório do membro. As talas insufláveis estão 
contraindicadas na medida em que podem provocar isquemia do membro; 
 • Após a imobilização vigiar a função circulatória e sensitiva do membro 
imobilizado, avaliando a cor, a temperatura, o pulso distalà fratura e a sensibilidade das 
extremidades no membro afetado e no contra lateral. Em algumas situações a fratura 
ou a própria imobilização pode comprometer a circulação ou a função sensório-motora. 
 
47 
 
• Na presença de fraturas expostas a lavagem e desinfeção abundantes com 
soro fisiológico são fundamentais para minimizar o risco de infeção. Lavar as fraturas 
expostas abundantemente com SF antes de qualquer manobra de alinhamento do 
membro. No caso de fraturas com exposição óssea, com grande conspurcação dos 
tecidos, evitar a reentrada do osso durante as manobras de realinhamento do membro; 
• Sempre que a condição da vítima o permitir, imobilizar individualmente cada fratura. 
Caso contrário, imobilizar o indivíduo em plano duro. 
 
 
 
48 
 
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