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1 ÉTICA EM COMUNICAÇÃO PARTE II Conteudista Profº. Dr. Sebastião Geraldo 2 2.1 – Comunicação, Cultura e Ética O termo comunicação deriva do latim comunicare que significa tornar comum, partilhar, associar, trocar opiniões e valores. O ato de comunicar está ligado ao sentido que damos às coisas, tanto no momento de emitir uma mensagem, quanto no momento de receber. Conforme argumenta Kehl, a produção de sentido significa uma tarefa coletiva da qual o sujeito participa de forma ativa, é uma tarefa da cultura. Trata-se de uma produção simbólica que se dá por meio de “discursos e narrativas sobre ´o que a vida é` ou ´o que a vida deve ser`.” (2002, p.10) Como não se trata de uma produção individual, o alcance simbólico da produção de sentido “reside justamente no fato de ser coletiva, e seus efeitos, inscritos na cultura”. Acrescenta a autora que “assim como todo ato de fala só se consuma no endereçamento a um outro (....) toda produção de sentido, de significação depende de sua inscrição numa cadeia de significação” (KEHL, 2002, p.9). Quando falamos em comunicação, portanto, estamos falando de algo que implica em todos os "processos de transação entre os indivíduos como a interação dos indivíduos com a natureza, dos indivíduos com as instituições sociais e, ainda, o relacionamento que cada indivíduo estabelece consigo mesmo". Abrange domínios dos mais diversificados desde "atos discursivos assim como o silêncio, gestos e comportamentos, olhares e posturas, ações e omissões." (RODRIGUES, 1990, p. 67) Comunicação nos remete a um campo muito amplo e, nesse sentido, quando falamos de ética na comunicação podemos pensar na postura moral do sujeito em diferentes dimensões, em campos variados, nas técnicas de comunicação, na comunicação mediada por tecnologia. A comunicação não está dissociada da cultura. Toda forma de expressão do homem, sua relação com o outro seja interpessoal ou mediada por tecnologia está inserida em um determinado contexto histórico cultural. A cultura “organiza 3 e é organizada por meio da linguagem e se constitui no capital cognitivo dos seres sociais formado pela aquisição de conhecimentos e aptidões, mas também nutrido pelas crenças míticas dos indivíduos em sociedade.” (COSTA DA SILVA, p.150) Para Sung e Silva, cultura significa tudo aquilo que decorre da atividade humana, “sejam materiais ou espirituais. Tais como instrumentos para produzir sua sobrevivência na relação com a natureza linguagem para comunicar e guardar a memória coletiva, leis e normas para regular a convivência e religião, pra dar sentido ao mundo, à existência e à morte.” (1995, p.26-27) Para os autores, a cultura constitui uma “segunda natureza” que propicia suprir nos seres humanos a existência de instintos biologicamente determinados como ocorre como outros seres vivos. No entanto, a assimilação de valores culturais da sociedade ou do grupo social do qual fazemos partes nos leva a agir de forma quase instintiva e automática. (SUNG; SILVA, 1995) Para Chauí (1994), ocorre com frequência o fato de não darmos conta da origem cultural dos nossos valores éticos ou morais, da nossa consciência moral, por que fomos educados neles e para eles, como algo existente em si e por si mesmo, como algo natural. As sociedades tendem a naturalizá-los, para garantir a manutenção desses valores morais de geração a geração. Esse processo de naturalização da existência moral camufla o mais importante da ética: o fato de sua existência decorrer do ato de criação histórico cultural do ser humano. Em sua essência, portanto, a moral possui uma qualidade social, o que significa que se manifesta somente em sociedade, cumprindo uma determinada função e atendendo às necessidades sociais. Sociedade é composta de indivíduos e não existe independente deles e os indivídios, por sua vez, não existem fora de um conjunto de relações nos quais se inserem. 4 Em cada indivíduo, entrelaçam-se de modo particular uma série de relações sociais, e a própria maneira de afirmar, em cada época e em cada sociedade, a sua individualidade tem caráter social. Há uma série de padrões que, em cada sociedade, modelam o comportamento individual: seu modo de trabalhar, de sentir, de amar, etc. Variam de uma sociedade para outra e, por isso, não tem sentido falar de uma individualidade radical fora das relações que os indivíduos contraem na sociedade. (SÁNCHEZ VÁZQUEZ, 2011, p.67) Esse sujeito social insere-se em um conjunto de práticas em diferentes campos da atividade humana. Essa variedade de relações cobra um determinado tipo de comportamento, atendendo as variedades e as especificidades humanas, em cada contexto, em diferentes circunstâncias. Sobre essa ideia presente no pensamento moderno de que a moral é relativa à cultura, Lyons (1990) argumenta que é um processo complexo e que não podemos simplificar seus efeitos. O indivíduo está sujeito a diferentes influências culturais. Os valores que o sujeito adquire inicialmente podem ser conflitantes ao serem aplicados, o que pode gerar tensões em nossas atitudes morais. Ao nos preocuparmos com o bem estar dos outros, por exemplo, podemos esbarrar na liberdade individual e nos deparar com um dilema, ou seja, o outro pode se ressentir de nosso esforço para ajudá-lo. Um olhar atendo ao condicionamento social pode nos revelar que, ao nosso redor, aqueles que tendem a fazer julgamentos morais não sobrevivem a uma investigação crítica, pois se sustentam em falsas crenças. Uma concepção machista, por exemplo, pode ser dominante em uma determinada cultura, no entanto alguém pode desafiar essa prática, ou seja, desafiar a moral 5 convencional. Essa postura pode não ser considerada correta, no entanto pode ser reconhecida, para não ser dogmático. (LYONS,1990) Para Lyons, essa questão é fundamental para entender o problema do etnocentrismo, ou seja, a tendência de avaliar valores e práticas de outras culturas ou de outros grupos sociais, pela aplicação dogmática dos valores da própria sociedade, da própria cultura. O etnocentrismo pode interferir, por exemplo, na observação de cientistas sociais – que ao longo do tempo vêm se dedicando a análise do fenômeno da diversidade cultural – pois, ao estudarem diferentes grupos sociais deparam com diferentes práticas sexuais, diferentes modos de lidar com a criação de crianças, na forma de realização de matrimônios, na forma de organização político econômica. A visão etnocêntrica pode interferir na observação desses fenômenos, o que exige do cientista capacidade de se isentar dos valores da sociedade à qual pertence, em outra palavra, não ser dogmático. (LYONS,1990) Freqüentemente fala-se em ética ou moral na política, em ética na comunicação, ética na família, ética na relação com o meio ambiente. É evidente que ao fazermos essas menções, nos referimos aos comportamentos tidos como corretos ou incorretos nessas áreas de atuação do homem. O ser humano é político, religioso, é profissional, é pai de família, tem uma atividade sexual; isso tudo e muito mais ao mesmo tempo. O que se espera desse sujeito é que ele se reconheça em cada uma dessas instâncias, que assimile as regras de conduta em cada uma dessas práticas sociais, que saiba discernir em cada momento o que é esperado dele, bem como as consequências de seus atos e, ainda, como sujeito de sua história, que tenha a disposição para transgredir, ou seja, para adotar novas práticas e valores quando considerar que as pré-existentes não favorecem a ele mesmo ou ao bem estar social do grupo, em um novo contexto. Sabemos que os fenômenos da comunicação são indissociáveis dos fenômenos da cultura e essa proximidade conceitual nos faz perceber que, a 6”reflexão sobre os fatos da cultura e sobre os modos de comunicação nos coloca diante da questão das relações entre indivíduo e sociedade”, como afirma Caune (2008, p.37). Para ao autor, a cultura como fato social, só pode existir como cultura manifesta, vivida e transmitida pelo indivíduo. Acrescenta que Se os suportes de comunicação são específicos de uma determinada sociedade, as relações de comunicação envolvem os indivíduos através das relações intersubjetivas e através dos fenômenos de recepção ligados aos meios de comunicação. O segundo ponto relaciona-se aos respectivos papéis desempenhados por esses fenômenos na construção da realidade social e do mundo vivido. A convergência das tecnologias da informação e da comunicação produz vários efeitos sobre os processos de produção e de difusão do saber, sobre as maneiras de pensar, sobre o lazer e, de modo mais geral, sobre os comportamentos e as identidades culturais. (CAUNE, 2008, p. 37-38) Nesse sentido, podemos supor que o atual estágio das tecnologias nos processos de produção de sentido, de transmissão de informação, que vivemos na atualidade nos permite refletir sobre formas de comportamento adequado ou inadequado na relação com o outro em diferentes meios, em diversas formas de produção de sentido. Os meios de comunicação tradicionais como rádio, televisão, meios impressos (jornais, revistas, etc.), ao mesmo tempo em que sustentam suas formas tradicionais de produção convivem com um processo progressivo de convergência, com o advento da internet. Nesse contexto é possível conviver diferentes linguagens em um mesmo ambiente. 7 Portanto, quando se fala em moral ou ética em comunicação é necessário pensar nas formas específicas de produção de cada um desses meios, mas também nas formas que transcendem esses meios, ou que levem em conta a convivência desses meios em um mesmo lugar, em um mesmo ambiente. Sendo assim, não é possível falar em ética na televisão, por exemplo, como algo restrito a forma tradicional de ver TV. Os conteúdos produzidos para a televisão não são assistido apenas de forma tradicional, mas podem ser acessado por outros mecanismos, em momento e lugares de escolha do destinatário/receptor. No entanto, quando se fala em algum tipo de controle de conteúdo, de regulamentação ou autorregulamentação, pensa-se sempre no modelo tradicional, nas formas de distribuição da programação por horário, nos públicos a quem se dirige em dado momento, por exemplo. Essa visão de lidar com os meios de comunicação como algo estanque em seus limites, apesar de não poder ser descartada, também não pode descartar os novos contextos. Apesar de convivermos com um conjunto de normas morais que estabelece regras para a produção da comunicação para diferentes meios, não se pode deixar em segundo plano as regras legais que também implicam de forma imperativa na tomada de decisão sobre o que fazer em cada situação. Como vamos tratar de regras morais e regras legais, tanto sobre questões gerais da comunicação, quanto específicas de algumas atividades que convergem para a produção digital, é oportuno retomar, nesse contexto da relação moral e direito, o que ocorre a seguir. 8 2.2 Sobre a relação moral e direito O direito pode ser concebido como uma ordem coativa da conduta humana, ou seja, um conjunto de regras que tem como função regular as relações estabelecidas entre os cidadãos e entre os cidadãos e o Estado. Numa concepção crítica o direito é visto como o instrumento de coerção do Estado, através do qual os setores dominantes, em um determinado contexto e lugar, exercem poder sobre toda a sociedade, e a submete às regras políticas (CHAUI, 1982). Para Chauí, O grande instrumento do Estado é o Direito, isto é, o estabelecimento das leis que regulam as relações sociais em proveito dos dominantes. Através do Direito, o Estado aparece como legal, ou seja, como "Estado de direito". O papel do Direito ou dasleis é o de fazer com que a dominação não seja tida como uma violência, mas como legal, e por ser legal e não violenta deve ser aceita. A lei é direito para o dominante e dever para o dominado. (1982, p. 90). Nesse sentido, Vieira argumenta que, como fenômeno histórico, ou seja, criação cultural do homem, o direito funda-se na coerção e sua existência “deriva da impositividade que deriva do pronunciamento estatal: é a promulgação da regra - lei, jurisprudência, etc. – que faz o direito, ainda quando, sociologicamente, a norma possa ter no costume sua fonte remota.” (1986, p. 437) 9 O direito, como a moral, é um fenômeno histórico-social, ou seja, não são absolutos, universais e intemporais. Apesar de deterem a mesma origem histórico social a moral e o direito nem sempre são coincidentes, ou seja, nem tudo que é legal é moral e nem tudo que é legal é moral. Para Vieira (1986, p. 442), “a moral dispõe de um campo mais amplo que o direito, escapando do jurídico muitos de duas regras, enquanto impõe aos homens regras e deveres sobre as quais a ordem legal é omissa”. Sánchez Vázquez (2011, p. 97) Figura 1. argumenta que de todas as formas de comportamento humano, o que se relaciona mais intimamente com a moral é o jurídico ou legal (direito), pois ambos se submetem às normas do comportamento humano. Considera que moral e direito têm uma série de características essenciais em comum e se diferenciam por traços específicos. Sobre as características comuns aponta, em síntese, que ambos regulam as relações dos homens por meio de normas e cobram um determinado tipo de conduta; respondem à necessidade social de regulamentar as relações dos homens visando garantir certa coesão social; têm características histórico- sociais, pois estão sujeitos às mudanças exigidas pelas transformações sócio- econômicas e políticas. (SÁNCHEZ VÁZQUEZ, 2011, P. 97) Quanto às diferenças existentes entre moral e direito o autor apresenta em síntese o seguinte: a) Normas morais se cumprem através de convicção íntima. Exige a adesão interna a tais normas. As normas jurídicas não exigem convicção íntima ou adesão interna. O indivíduo deve cumprir a norma jurídica mesmo sem estar convencido de que é justa. 10 b) O cumprimento das normas morais não é garantido por dispositivo externo coercitivo. O direito, pelo contrário, impõe a observância da norma jurídica ou obriga o sujeito a comportar-se de certa maneira, mesmo contra sua vontade. c) A moral não é oficial. O direito é uma expressão formal e oficial em forma de lei. d) A esfera da moral é mais ampla do que o direito. Moral atinge todos os tipos de relações entre os seres humanos e as mais diversas formas de comportamento, como o político, artístico, científico, econômico como, por exemplo, amizade, solidariedade, amor, etc. O direito, pelo contrário, regulamenta as relações humanas mais vitais para o Estado, para as classes dominantes e para a sociedade no seu conjunto como, por exemplo, a violência, relações trabalhistas, etc. e) A moral cumpre uma função social vital manifesta historicamente desde que o homem existe como ser social, desde as primeiras organizações sociais, antes do surgimento do Estado. O direito depende de um dispositivo coercitivo exterior. Aparece ligado ao surgimento do Estado. f) Numa mesma sociedade pode se verificar uma moral que se harmoniza com o poder estatal vigente e uma moral que entra em contradição com ele, por exemplo: burguesia x aristocracia; burguesia x proletariado. O direito depende necessariamente do Estado, existe de forma única para toda a sociedade, ainda que não conte com o apoio moral de todos os seus membros. Sánchez Vázquez conclui essa comparação com os seguintes argumentos: (...) a moral e o direito possuem elementos comuns e mostram,por sua vez, diferenças essenciais, mas estas relações, que ao mesmo tempo possuem um caráter histórico, baseiam-se na natureza do direito como comportamento humano sancionado pelo Estado e na natureza da moral como comportamento que não exige esta sanção estatal e se apóia exclusivamente na 11 autoridade da comunidade, expressa em normas e acatada voluntariamente. (2011, p. 100-101). 2.3 A ética e o direito em comunicação Quando falamos em abuso dos meios de comunicação, sempre nos vem em mente o setor da radiodifusão – que compreende o rádio e a televisão - e mais especificamente os abusos cometidos pela programação da TV. A discussão sobre ética em comunicação não se restringe ao aspecto de conteúdo da programação. Outro aspecto de grande relevância e que merece especial atenção é o que envolve as concessões. A política de comunicação no Brasil sempre foi alvo de questionamento, pois, historicamente as concessões serviram como moeda de barganha política e até hoje, por mais que se tenha aperfeiçoada a legislação do setor, ainda existem brechas que permitem favorecimento político. Por conta do propósito desta disciplina, no entanto, não vamos aprofundar essa discussão neste espaço. Quanto ao conteúdo da programação, questiona-se muito sobre a falta de regras de controle desses meios, especialmente da televisão, e prevalece a ideia de que não existem regras para o setor. No entanto, são várias a regras, tanto morais, quanto legais destinadas a esses meios de comunicação. Vamos retomar aqui o que dizem algumas delas. A Constituição Federal de 1988, no seu artigo 221, estabelece os princípios que a programação das emissoras de rádio e televisão devem atender. São eles: I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação; III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; 12 IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família. Além da constituição, existe uma grande quantidade de leis que regulam a radiodifusão no que se refere ao conteúdo da programação, bem como sobre as formas de concessão, que não é objeto de discussão nesse momento, como já foi dito. Vale relacionar algumas delas: • Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997, que dispõe sobre a organização dos serviços de telecomunicações, a criação e funcionamento de um órgão regulador e outros aspectos institucionais, nos termos da Emenda Constitucional nº 8, de 1995. • Lei nº 8.977, de 6 de janeiro de 1995, que dispõe sobre o Serviço de TV a Cabo e dá outras providências. • Lei nº 9.612, de 19 de fevereiro de 1998, que institui o Serviço de Radiodifusão Comunitária e dá outras providências. • Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. O Código de Ética da Radiodifusão Brasileira, instituído em 1993, por empresários da Radiodifusão Brasileira, congregados na Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), relaciona um série de recomendações à programação de rádio e TV, do art. 5º ao artigo 15º: Art. 5o - As emissoras transmitirão entretenimento do melhor nível artístico e moral, seja de sua produção, seja adquirido de terceiros, considerando que a radiodifusão é um meio popular e acessível a quase totalidade dos lares. Art. 6o - A responsabilidade das emissoras que transmitem os programas não exclui a dos pais ou responsáveis, aos quais cabe o dever de impedir, a seu juízo, que os menores tenham acesso a programas http://legislacao.planalto.gov.br/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.472-1997?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.472-1997?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.472-1997?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.472-1997?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.472-1997?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.472-1997?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.472-1997?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.612-1998?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.612-1998?OpenDocument 13 inadequados, tendo em vista os limites etários prévia e obrigatoriamente anunciados para orientação do público. Art. 7o - Os programas transmitidos não advogarão discriminação de raças, credos e religiões, assim como o de qualquer grupo humano sobre o outro. Art. 8o - Os programas transmitidos não terão cunho obsceno e não advogarão a promiscuidade ou qualquer forma de perversão sexual, admitindo-se as sugestões de relações sexuais dentro do quadro da normalidade e revestidas de sua dignidade específica, dentro das disposições deste Código. Art. 9o - Os programas transmitidos não explorarão o curandeirismo e o charlatanismo, iludindo a boa fé do público. Art. 10 - A violência física ou psicológica só será apresentada dentro do contexto necessário ao desenvolvimento racional de uma trama consistente e de relevância artística e social, acompanhada de demonstração das conseqüências funestas ou desagradáveis para aqueles que a praticam, com as restrições estabelecidas neste Código. Art. 11 - A violência e o crime jamais serão apresentados inconseqüentemente. Art. 12 - O uso de tóxicos, o alcoolismo e o vício de jogo de azar só serão apresentados como práticas condenáveis, social e moralmente, provocadoras de degradação e da ruína do ser humano. 14 Art. 13 - Nos programas infantis, produzidos sob rigorosa supervisão das emissoras, serão preservadas a integridade da família e sua hierarquia, bem como exaltados os bons sentimentos e propósitos, o respeito à Lei e às autoridades legalmente constituídas, o amor à pátria, ao próximo, à natureza e os animais. Art. 14 - A programação observará fidelidade ao ser humano como titular dos valores universais, partícipe de uma comunidade nacional e sujeito de uma cultura regional que devem ser preservadas. O Art. 15 do Código de Ética da Radiodifusão Brasileira dedica-se a classificação da programação por faixa etária, o que foi estabelecido em lei primeiramente pela portaria 796, de 2002, e ratificada pela portaria 264, de fevereiro de 2007, ambas revogadas pela portaria 1220, de julho de 2007, baixada pelo Ministério da Justiça. A Portaria 1220 regulamenta vários dispositivos legais relativos “ao processo de classificação de obras audiovisuais destinadas à televisão e congêneres.”. A classificação é feita com base nos critérios de sexo e violência e classificadas como: Figura 2. I – livre; II – não recomendada para menores de 10 (dez) anos; III – não recomendada para menores de 12 (doze) anos; IV – não recomendada para menores de 14 (quatorze) anos; 15 V – não recomendada para menores de 16 (dezesseis) anos; e VI – não recomendada para menores de 18 (dezoito) anos. Algumas obras audiovisuais não estão sujeitas à classificação indicativa no âmbito do Ministério da Justiça. São elas: os programas jornalísticos ou noticiosos, os programas esportivos, os programas ou propagandas eleitorais e a publicidade em geral, incluídas as vinculadas à programação como o merchandising. A portaria permite, no entanto, a autoclassificação, ou seja, em síntese o representante legal ou o titular da obra audiovisual pode elaborar um requerimento, com indicação da autoclassificação pretendida,apresentá-lo ao órgão do Ministério da Justiça responsável pela classificação, com a descrição fundamentada sobre o tema e o conteúdo da obra e, com isso, não precisará submetê-la a classificação prévia. Apesar da existência de regras para a radiodifusão, especialmente para a televisão, o que se observa no dia a dia nos programas de preferência do público como telenovelas, telejornalismo e seriados é a busca pela audiência a qualquer preço e como decorrência a falta de preocupação com conteúdo, com a qualidade, com valorização da cultura nacional ou regional. Explora-se normalmente assuntos que supostamente dão maior audiência como a violência, a incitação à atividades criminosas, invasão de privacidade de especialmente de pessoas públicas, apelo sexual, exposição de pessoas ao ridículo, o humor grotesco. A Campanha “Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania’, conta com o Conselho de Acompanhamento da Programação (CAP), composta por trinta membros que tem como função assistir aos programas designados pela Secretaria Executiva, a fim de emitir pareceres sobre a adequação do conteúdo da programação de TV aos direitos humanos e elabora periodicamente um quadro sobre o Ranking da baixaria na TV. Veja quadro abaixo referente a 2010: 16 Fonte: http://www.eticanatv.org.br/index.php?sec=2&cat=5&pg=2&ano=d9975f94cd9d e76ad74d3f7124cf0900 2.4 Ética na internet A internet pode ser considerada o maior avanço técnico no processo de mediação de todos os tempos, e consiste em um ambiente de convergência de diversas formas (verbal e não verbal) e técnicas de comunicação que permitem o correio eletrônico, transferência de arquivos, acesso remoto a computadores, acesso a bases de dados e diversos tipos de serviços de informação, comunicação instantânea com som e imagem, possibilidade de proliferação de redes sociais entre outras. No entanto, trouxe embutida nos enormes benefícios que proporcionou as atividades do homem, grande possibilidades de danos, especialmente por facilitar e potencializar, em alguns aspectos, crimes já existentes. 17 Fonte : http://blog.educacional.com.br/daninformatica/files/2011/08/charge.jpg Os delitos mais cometidos pelos usuários da internet são: calúnia, injúria, ameaça, furto, violação de segredo profissional, violação de direito autoral, discriminação por preconceito religioso, cor, etnia, preferência sexual, tráfico de drogas, pedofilia, apologia ao crime, crime contra a propriedade industrial, interceptação de comunicações informáticas, falsidade ideológica entre outras. Como pode-se perceber esses delitos não surgem com internet. Sabemos que nenhum meio de comunicação está imune às “imperfeições” humanas. Quantas críticas foram e são feitas à televisão, ao rádio, a jornais impressos e a outros meios pelo conteúdo inadequado ou pelo esforço em manipular. A internet, como meio de convergência de todas essas técnicas e linguagens carrega todos os benefícios e malefícios dos outros meios, com a vantagem, em muitos casos, de nos permitir manifestar, reagir pela mesma via. Garante espaço para a manifestação do contraditório, diferente dos meios de comunicação tradicionais. A concentração desses meios nas mãos de poucos, o que ocorre historicamente no Brasil, facilita fazer valer as opiniões e interesses de grupos 18 em detrimento de interesses sociais, daí a enorme possibilidade de manipulação. Nos últimos dez anos, com a tendência de democratização do acesso a internet, a oportunidade de ser ouvido é muito maior. A possibilidade de interação, de geração e informação, de contestação, de questionamento se multiplica como nunca visto antes na história da humanidade. Com tudo isso, percebe-se que a capacidade de manipulação perde a força, as mentiras são desmascaradas, os jogos de cena são desfeitos com rapidez. A internet evidencia e motiva nossa capacidade ativa de comunicação e isso é objeto de preocupação daqueles que acreditavam deter o "monopólio da fala", ao mesmo tempo em que propicia um momento sem precedente no que se refere ao aperfeiçoamento das relações democráticas. 19 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Figura 1 - Disponível em http://2.bp.blogspot.com/_H2eu0UYalO0/SOpCLNjVS3I/ AAAAAAAADI4/KRKCRPVyGqA/s320/justica-e-cega1.jpg. Acesso em 22 maio 2012. Figura 2- Disponível em: http://www.ipco.org.br/home/wp-content/uploads/ 2010/09/Astr%c3%aas-grandes-mentiras-de-Hollywood.jpg. Acesso em 22 maio 2012. CAUNE, Jean. As relações entre cultura e comunicação: núcleo epistêmico e forma simbólica. São Paulo: Faculdade Cásper Líbero, ano XI, n. 22, dez/2008. p.33-42 CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1994. ________. O que é ideologia. 10 ed. São Paulo: Brasiliense, 1982. CÓDIGO de Ética da Radiodifusão Brasileira. Brasília, 1993. 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