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ETICA EM COMUNICACAO PARTE II

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ÉTICA EM COMUNICAÇÃO 
PARTE II 
Conteudista 
Profº. Dr. Sebastião Geraldo 
 
 
 
 
 
 
 
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2.1 – Comunicação, Cultura e Ética 
 
O termo comunicação deriva do latim comunicare que significa tornar 
comum, partilhar, associar, trocar opiniões e valores. 
O ato de comunicar está ligado ao sentido que damos às coisas, tanto no 
momento de emitir uma mensagem, quanto no momento de receber. Conforme 
argumenta Kehl, a produção de sentido significa uma tarefa coletiva da qual o 
sujeito participa de forma ativa, é uma tarefa da cultura. Trata-se de uma 
produção simbólica que se dá por meio de “discursos e narrativas sobre ´o que 
a vida é` ou ´o que a vida deve ser`.” (2002, p.10) 
Como não se trata de uma produção individual, o alcance simbólico da 
produção de sentido “reside justamente no fato de ser coletiva, e seus efeitos, 
inscritos na cultura”. Acrescenta a autora que “assim como todo ato de fala só 
se consuma no endereçamento a um outro (....) toda produção de sentido, de 
significação depende de sua inscrição numa cadeia de significação” (KEHL, 
2002, p.9). 
Quando falamos em comunicação, portanto, estamos falando de algo que 
implica em todos os "processos de transação entre os indivíduos como a 
interação dos indivíduos com a natureza, dos indivíduos com as instituições 
sociais e, ainda, o relacionamento que cada indivíduo estabelece consigo 
mesmo". Abrange domínios dos mais diversificados desde "atos discursivos 
assim como o silêncio, gestos e comportamentos, olhares e posturas, ações e 
omissões." (RODRIGUES, 1990, p. 67) 
Comunicação nos remete a um campo muito amplo e, nesse sentido, 
quando falamos de ética na comunicação podemos pensar na postura moral do 
sujeito em diferentes dimensões, em campos variados, nas técnicas de 
comunicação, na comunicação mediada por tecnologia. 
A comunicação não está dissociada da cultura. Toda forma de expressão 
do homem, sua relação com o outro seja interpessoal ou mediada por tecnologia 
está inserida em um determinado contexto histórico cultural. A cultura “organiza 
 
 
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e é organizada por meio da linguagem e se constitui no capital cognitivo dos 
seres sociais formado pela aquisição de conhecimentos e aptidões, mas 
também nutrido pelas 
crenças míticas dos indivíduos em sociedade.” (COSTA DA SILVA, p.150) 
 Para Sung e Silva, cultura significa tudo aquilo que decorre da atividade 
humana, “sejam materiais ou espirituais. Tais como instrumentos para produzir 
sua sobrevivência na relação com a natureza linguagem para comunicar e 
guardar a memória coletiva, leis e normas para regular a convivência e religião, 
pra dar sentido ao mundo, à existência e à morte.” (1995, p.26-27) 
Para os autores, a cultura constitui uma “segunda natureza” que propicia 
suprir nos seres humanos a existência de instintos biologicamente determinados 
como ocorre como outros seres vivos. No entanto, a assimilação de valores 
culturais da sociedade ou do grupo social do qual fazemos partes nos leva a agir 
de forma quase instintiva e automática. (SUNG; SILVA, 1995) 
Para Chauí (1994), ocorre com frequência o fato de não darmos conta da 
origem cultural dos nossos valores éticos ou morais, da nossa consciência 
moral, por que fomos educados neles e para eles, como algo existente em si e 
por si mesmo, como algo natural. As sociedades tendem a naturalizá-los, para 
garantir a manutenção desses valores morais de geração a geração. Esse 
processo de naturalização da existência moral camufla o mais importante da 
ética: o fato de sua existência decorrer do ato de criação histórico cultural do ser 
humano. 
Em sua essência, portanto, a moral possui uma qualidade social, o que 
significa que se manifesta somente em sociedade, cumprindo uma determinada 
função e atendendo às necessidades sociais. Sociedade é composta de 
indivíduos e não existe independente deles e os indivídios, por sua vez, não 
existem fora de um conjunto de relações nos quais se inserem. 
 
 
 
 
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Em cada indivíduo, entrelaçam-se de modo particular uma 
série de relações sociais, e a própria maneira de afirmar, 
em cada época e em cada sociedade, a sua 
individualidade tem caráter social. Há uma série de 
padrões que, em cada sociedade, modelam o 
comportamento individual: seu modo de trabalhar, de 
sentir, de amar, etc. Variam de uma sociedade para outra 
e, por isso, não tem sentido falar de uma individualidade 
radical fora das relações que os indivíduos contraem na 
sociedade. (SÁNCHEZ VÁZQUEZ, 2011, p.67) Esse 
sujeito social insere-se em um conjunto de práticas em 
diferentes campos da atividade humana. Essa variedade 
de relações cobra um determinado tipo de 
comportamento, atendendo as variedades e as 
especificidades humanas, em cada contexto, em 
diferentes circunstâncias. 
 
Sobre essa ideia presente no pensamento moderno de que a moral é 
relativa à cultura, Lyons (1990) argumenta que é um processo complexo e que 
não podemos simplificar seus efeitos. O indivíduo está sujeito a diferentes 
influências culturais. Os valores que o sujeito adquire inicialmente podem ser 
conflitantes ao serem aplicados, o que pode gerar tensões em nossas atitudes 
morais. Ao nos preocuparmos com o bem estar dos outros, por exemplo, 
podemos esbarrar na liberdade individual e nos deparar com um dilema, ou seja, 
o outro pode se ressentir de nosso esforço para ajudá-lo. 
Um olhar atendo ao condicionamento social pode nos revelar que, ao 
nosso redor, aqueles que tendem a fazer julgamentos morais não sobrevivem a 
uma investigação crítica, pois se sustentam em falsas crenças. Uma concepção 
machista, por exemplo, pode ser dominante em uma determinada cultura, no 
entanto alguém pode desafiar essa prática, ou seja, desafiar a moral 
 
 
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convencional. Essa postura pode não ser considerada correta, no entanto pode 
ser reconhecida, para não ser dogmático. (LYONS,1990) 
Para Lyons, essa questão é fundamental para entender o problema do 
etnocentrismo, ou seja, a tendência de avaliar valores e práticas de outras 
culturas ou de outros grupos sociais, pela aplicação dogmática dos valores da 
própria sociedade, da própria cultura. 
O etnocentrismo pode interferir, por exemplo, na observação de cientistas 
sociais – que ao longo do tempo vêm se dedicando a análise do fenômeno da 
diversidade cultural – pois, ao estudarem diferentes grupos sociais deparam 
com diferentes práticas sexuais, diferentes modos de lidar com a criação de 
crianças, na forma de realização de matrimônios, na forma de organização 
político econômica. A visão etnocêntrica pode interferir na observação desses 
fenômenos, o que exige do cientista capacidade de se isentar dos valores da 
sociedade à qual pertence, em outra palavra, não ser dogmático. (LYONS,1990) 
 
Freqüentemente fala-se em ética ou moral na política, em ética na 
comunicação, ética na família, ética na relação com o meio ambiente. É evidente 
que ao fazermos essas menções, nos referimos aos comportamentos tidos 
como corretos ou incorretos nessas áreas de atuação do homem. 
O ser humano é político, religioso, é profissional, é pai de família, tem 
uma atividade sexual; isso tudo e muito mais ao mesmo tempo. O que se espera 
desse sujeito é que ele se reconheça em cada uma dessas instâncias, que 
assimile as regras de conduta em cada uma dessas práticas sociais, que saiba 
discernir em cada momento o que é esperado dele, bem como as consequências 
de seus atos e, ainda, como sujeito de sua história, que tenha a disposição para 
transgredir, ou seja, para adotar novas práticas e valores quando considerar que 
as pré-existentes não favorecem a ele mesmo ou ao bem estar social do grupo, 
em um novo contexto. 
Sabemos que os fenômenos da comunicação são indissociáveis dos 
fenômenos da cultura e essa proximidade conceitual nos faz perceber que, a 
 
 
6”reflexão sobre os fatos da cultura e sobre os modos de comunicação nos coloca 
diante da questão das relações entre indivíduo e sociedade”, como afirma Caune 
(2008, p.37). Para ao autor, a cultura como fato social, só pode existir como 
cultura manifesta, vivida e transmitida pelo indivíduo. Acrescenta que 
 
Se os suportes de comunicação são específicos de uma 
determinada sociedade, as relações de comunicação 
envolvem os indivíduos através das relações intersubjetivas 
e através dos fenômenos de recepção ligados aos meios de 
comunicação. O segundo ponto relaciona-se aos 
respectivos papéis desempenhados por esses fenômenos 
na construção da realidade social e do mundo vivido. A 
convergência das tecnologias da informação e da 
comunicação produz vários efeitos sobre os processos de 
produção e de difusão do saber, sobre as maneiras de 
pensar, sobre o lazer e, de modo mais geral, sobre os 
comportamentos e as identidades culturais. (CAUNE, 2008, 
p. 37-38) 
 
 Nesse sentido, podemos supor que o atual estágio das tecnologias nos 
processos de produção de sentido, de transmissão de informação, que vivemos 
na atualidade nos permite refletir sobre formas de comportamento adequado ou 
inadequado na relação com o outro em diferentes meios, em diversas formas de 
produção de sentido. 
 Os meios de comunicação tradicionais como rádio, televisão, meios 
impressos (jornais, revistas, etc.), ao mesmo tempo em que sustentam suas 
formas tradicionais de produção convivem com um processo progressivo de 
convergência, com o advento da internet. Nesse contexto é possível conviver 
diferentes linguagens em um mesmo ambiente. 
 
 
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 Portanto, quando se fala em moral ou ética em comunicação é necessário 
pensar nas formas específicas de produção de cada um desses meios, mas 
também nas formas que transcendem esses meios, ou que levem em conta a 
convivência desses meios em um mesmo lugar, em um mesmo ambiente. 
 Sendo assim, não é possível falar em ética na televisão, por exemplo, 
como algo restrito a forma tradicional de ver TV. Os conteúdos produzidos para 
a televisão não são assistido apenas de forma tradicional, mas podem ser 
acessado por outros mecanismos, em momento e lugares de escolha do 
destinatário/receptor. No entanto, quando se fala em algum tipo de controle de 
conteúdo, de regulamentação ou autorregulamentação, pensa-se sempre no 
modelo tradicional, nas formas de distribuição da programação por horário, nos 
públicos a quem se dirige em dado momento, por exemplo. 
Essa visão de lidar com os meios de comunicação como algo estanque 
em seus limites, apesar de não poder ser descartada, também não pode 
descartar os novos contextos. 
 Apesar de convivermos com um conjunto de normas morais que 
estabelece regras para a produção da comunicação para diferentes meios, não 
se pode deixar em segundo plano as regras legais que também implicam de 
forma imperativa na tomada de decisão sobre o que fazer em cada situação. 
 Como vamos tratar de regras morais e regras legais, tanto sobre 
questões gerais da comunicação, quanto específicas de algumas atividades que 
convergem para a produção digital, é oportuno retomar, nesse contexto da 
relação moral e direito, o que ocorre a seguir. 
 
 
 
 
 
 
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2.2 Sobre a relação moral e direito 
O direito pode ser concebido como uma ordem coativa da conduta 
humana, ou seja, um conjunto de regras que tem como função regular as 
relações estabelecidas entre os cidadãos e entre os cidadãos e o Estado. 
Numa concepção crítica o direito é visto como o instrumento de coerção 
do Estado, através do qual os setores dominantes, em um determinado contexto 
e lugar, exercem poder sobre toda a sociedade, e a submete às regras políticas 
(CHAUI, 1982). 
Para Chauí, 
 O grande instrumento do Estado é o Direito, isto é, o 
estabelecimento das leis que regulam as relações sociais 
em proveito dos dominantes. Através do Direito, o Estado 
aparece como legal, ou seja, como "Estado de direito". O 
papel do Direito ou dasleis é o de fazer com que a 
dominação não seja tida como uma violência, mas como 
legal, e por ser legal e não violenta deve ser aceita. A lei é 
direito para o dominante e dever para o dominado. (1982, 
p. 90). 
Nesse sentido, Vieira argumenta que, como fenômeno histórico, ou seja, 
criação cultural do homem, o direito funda-se na coerção e sua existência “deriva 
da impositividade que deriva do pronunciamento estatal: é a promulgação da 
regra - lei, jurisprudência, etc. – que faz o direito, ainda quando, 
sociologicamente, a norma possa ter no costume sua fonte remota.” (1986, p. 
437) 
 
 
 
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O direito, como a moral, é um fenômeno histórico-social, ou seja, não são 
absolutos, universais e intemporais. 
Apesar de deterem a mesma origem 
histórico social a moral e o direito nem 
sempre são coincidentes, ou seja, nem 
tudo que é legal é moral e nem tudo que 
é legal é moral. Para Vieira (1986, p. 
442), “a moral dispõe de um campo mais 
amplo que o direito, escapando do 
jurídico muitos de duas regras, enquanto 
impõe aos homens regras e deveres 
sobre as quais a ordem legal é omissa”. 
Sánchez Vázquez (2011, p. 97) Figura 1. 
argumenta que de todas as formas de comportamento humano, o que se 
relaciona mais intimamente com a moral é o jurídico ou legal (direito), pois 
ambos se submetem às normas do comportamento humano. Considera que 
moral e direito têm uma série de características essenciais em comum e se 
diferenciam por traços específicos. 
Sobre as características comuns aponta, em síntese, que ambos regulam 
as relações dos homens por meio de normas e cobram um determinado tipo de 
conduta; respondem à necessidade social de regulamentar as relações dos 
homens visando garantir certa coesão social; têm características histórico-
sociais, pois estão sujeitos às mudanças exigidas pelas transformações sócio-
econômicas e políticas. (SÁNCHEZ VÁZQUEZ, 2011, P. 97) 
Quanto às diferenças existentes entre moral e direito o autor apresenta 
em síntese o seguinte: 
a) Normas morais se cumprem através de convicção íntima. Exige a adesão 
interna a tais normas. As normas jurídicas não exigem convicção íntima ou 
adesão interna. O indivíduo deve cumprir a norma jurídica mesmo sem estar 
convencido de que é justa. 
 
 
10 
 
b) O cumprimento das normas morais não é garantido por dispositivo externo 
coercitivo. O direito, pelo contrário, impõe a observância da norma jurídica ou 
obriga o sujeito a comportar-se de certa maneira, mesmo contra sua vontade. 
c) A moral não é oficial. O direito é uma expressão formal e oficial em forma de 
lei. 
d) A esfera da moral é mais ampla do que o direito. Moral atinge todos os tipos 
de relações entre os seres humanos e as mais diversas formas de 
comportamento, como o político, artístico, científico, econômico como, por 
exemplo, amizade, solidariedade, amor, etc. O direito, pelo contrário, 
regulamenta as relações humanas mais vitais para o Estado, para as classes 
dominantes e para a sociedade no seu conjunto como, por exemplo, a 
violência, relações trabalhistas, etc. 
e) A moral cumpre uma função social vital manifesta historicamente desde que 
o homem existe como ser social, desde as primeiras organizações sociais, 
antes do surgimento do Estado. O direito depende de um dispositivo coercitivo 
exterior. Aparece ligado ao surgimento do Estado. 
f) Numa mesma sociedade pode se verificar uma moral que se harmoniza com 
o poder estatal vigente e uma moral que entra em contradição com ele, por 
exemplo: burguesia x aristocracia; burguesia x proletariado. O direito depende 
necessariamente do Estado, existe de forma única para toda a sociedade, 
ainda que não conte com o apoio moral de todos os seus membros. 
Sánchez Vázquez conclui essa comparação com os seguintes argumentos: 
(...) a moral e o direito possuem elementos comuns e 
mostram,por sua vez, diferenças essenciais, mas estas 
relações, que ao mesmo tempo possuem um caráter 
histórico, baseiam-se na natureza do direito como 
comportamento humano sancionado pelo Estado e na 
natureza da moral como comportamento que não exige 
esta sanção estatal e se apóia exclusivamente na 
 
 
11 
 
autoridade da comunidade, expressa em normas e 
acatada voluntariamente. (2011, p. 100-101). 
2.3 A ética e o direito em comunicação 
 Quando falamos em abuso dos meios de comunicação, sempre nos vem em 
mente o setor da radiodifusão – que compreende o rádio e a televisão - e mais 
especificamente os abusos cometidos pela programação da TV. 
A discussão sobre ética em comunicação não se restringe ao aspecto de 
conteúdo da programação. Outro aspecto de grande relevância e que merece 
especial atenção é o que envolve as concessões. A política de comunicação no 
Brasil sempre foi alvo de questionamento, pois, historicamente as concessões 
serviram como moeda de barganha política e até hoje, por mais que se tenha 
aperfeiçoada a legislação do setor, ainda existem brechas que permitem 
favorecimento político. Por conta do propósito desta disciplina, no entanto, não 
vamos aprofundar essa discussão neste espaço. 
Quanto ao conteúdo da programação, questiona-se muito sobre a falta de 
regras de controle desses meios, especialmente da televisão, e prevalece a ideia 
de que não existem regras para o setor. No entanto, são várias a regras, tanto 
morais, quanto legais destinadas a esses meios de comunicação. Vamos 
retomar aqui o que dizem algumas delas. 
A Constituição Federal de 1988, no seu artigo 221, estabelece os 
princípios que a programação das emissoras de rádio e televisão devem 
atender. São eles: 
I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais 
e informativas; 
II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à 
produção independente que objetive sua divulgação; 
III - regionalização da produção cultural, artística e 
jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; 
 
 
12 
 
IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da 
família. 
Além da constituição, existe uma grande quantidade de leis que regulam 
a radiodifusão no que se refere ao conteúdo da programação, bem como sobre 
as formas de concessão, que não é objeto de discussão nesse momento, como 
já foi dito. 
Vale relacionar algumas delas: 
• Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997, que dispõe sobre a organização dos 
serviços de telecomunicações, a criação e funcionamento de um órgão 
regulador e outros aspectos institucionais, nos termos da Emenda 
Constitucional nº 8, de 1995. 
• Lei nº 8.977, de 6 de janeiro de 1995, que dispõe sobre o Serviço de TV 
a Cabo e dá outras providências. 
• Lei nº 9.612, de 19 de fevereiro de 1998, que institui o Serviço de 
Radiodifusão Comunitária e dá outras providências. 
• Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que altera, atualiza e consolida 
a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. 
O Código de Ética da Radiodifusão Brasileira, instituído em 1993, por 
empresários da Radiodifusão Brasileira, congregados na Associação Brasileira 
de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), relaciona um série de 
recomendações à programação de rádio e TV, do art. 5º ao artigo 15º: 
Art. 5o - As emissoras transmitirão entretenimento do 
melhor nível artístico e moral, seja de sua produção, seja 
adquirido de terceiros, considerando que a radiodifusão é 
um meio popular e acessível a quase totalidade dos lares. 
Art. 6o - A responsabilidade das emissoras que 
transmitem os programas não exclui a dos pais ou 
responsáveis, aos quais cabe o dever de impedir, a seu 
juízo, que os menores tenham acesso a programas 
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http://legislacao.planalto.gov.br/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.612-1998?OpenDocument
 
 
13 
 
inadequados, tendo em vista os limites etários prévia e 
obrigatoriamente anunciados para orientação do público. 
Art. 7o - Os programas transmitidos não advogarão 
discriminação de raças, credos e religiões, assim como o 
de qualquer grupo humano sobre o outro. 
Art. 8o - Os programas transmitidos não terão cunho 
obsceno e não advogarão a promiscuidade ou qualquer 
forma de perversão sexual, admitindo-se as sugestões de 
relações sexuais dentro do quadro da normalidade e 
revestidas de sua dignidade específica, dentro das 
disposições deste Código. 
Art. 9o - Os programas transmitidos não explorarão o 
curandeirismo e o charlatanismo, iludindo a boa fé do 
público. 
Art. 10 - A violência física ou psicológica só será 
apresentada dentro do contexto necessário ao 
desenvolvimento racional de uma trama consistente e de 
relevância artística e social, acompanhada de 
demonstração das conseqüências funestas ou 
desagradáveis para aqueles que a praticam, com as 
restrições estabelecidas neste Código. 
Art. 11 - A violência e o crime jamais serão apresentados 
inconseqüentemente. 
Art. 12 - O uso de tóxicos, o alcoolismo e o vício de jogo 
de azar só serão apresentados como práticas 
condenáveis, social e moralmente, provocadoras de 
degradação e da ruína do ser humano. 
 
 
14 
 
Art. 13 - Nos programas infantis, produzidos sob rigorosa 
supervisão das emissoras, serão preservadas a 
integridade da família e sua hierarquia, bem como 
exaltados os bons sentimentos e propósitos, o respeito à 
Lei e às autoridades legalmente constituídas, o amor à 
pátria, ao próximo, à natureza e os animais. 
Art. 14 - A programação observará fidelidade ao ser 
humano como titular dos valores universais, partícipe de 
uma comunidade nacional e sujeito de uma cultura 
regional que devem ser preservadas. 
O Art. 15 do Código de Ética da Radiodifusão Brasileira dedica-se a classificação 
da programação por faixa etária, o que foi estabelecido em lei primeiramente 
pela portaria 796, de 2002, e ratificada pela 
portaria 264, de fevereiro de 2007, ambas 
revogadas pela portaria 1220, de julho de 
2007, baixada pelo Ministério da Justiça. A 
Portaria 1220 regulamenta vários 
dispositivos legais relativos “ao processo 
de classificação de obras audiovisuais 
destinadas à televisão 
e congêneres.”. A classificação é feita com base nos critérios de sexo e violência 
e classificadas como: Figura 2. 
I – livre; 
II – não recomendada para menores de 10 (dez) anos; 
 
III – não recomendada para menores de 12 (doze) anos; 
IV – não recomendada para menores de 14 (quatorze) 
anos; 
 
 
15 
 
V – não recomendada para menores de 16 (dezesseis) 
anos; e 
VI – não recomendada para menores de 18 (dezoito) 
anos. 
Algumas obras audiovisuais não estão sujeitas à classificação indicativa 
no âmbito do Ministério da Justiça. São elas: os programas jornalísticos ou 
noticiosos, os programas esportivos, os programas ou propagandas eleitorais e 
a publicidade em geral, incluídas as vinculadas à programação como o 
merchandising. 
A portaria permite, no entanto, a autoclassificação, ou seja, em síntese o 
representante legal ou o titular da obra audiovisual pode elaborar um 
requerimento, com indicação da autoclassificação pretendida,apresentá-lo ao 
órgão do Ministério da Justiça responsável pela classificação, com a descrição 
fundamentada sobre o tema e o conteúdo da obra e, com isso, não precisará 
submetê-la a classificação prévia. 
Apesar da existência de regras para a radiodifusão, especialmente para 
a televisão, o que se observa no dia a dia nos programas de preferência do 
público como telenovelas, telejornalismo e seriados é a busca pela audiência a 
qualquer preço e como decorrência a falta de preocupação com conteúdo, com 
a qualidade, com valorização da cultura nacional ou regional. Explora-se 
normalmente assuntos que supostamente dão maior audiência como a 
violência, a incitação à atividades criminosas, invasão de privacidade de 
especialmente de pessoas públicas, apelo sexual, exposição de pessoas ao 
ridículo, o humor grotesco. 
A Campanha “Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania’, conta com 
o Conselho de Acompanhamento da Programação (CAP), composta por trinta 
membros que tem como função assistir aos programas designados pela 
Secretaria Executiva, a fim de emitir pareceres sobre a adequação do conteúdo 
da programação de TV aos direitos humanos e elabora periodicamente um 
quadro sobre o Ranking da baixaria na TV. Veja quadro abaixo referente a 2010: 
 
 
16 
 
 
Fonte: 
http://www.eticanatv.org.br/index.php?sec=2&cat=5&pg=2&ano=d9975f94cd9d
e76ad74d3f7124cf0900 
2.4 Ética na internet 
 
A internet pode ser considerada o maior avanço técnico no processo de 
mediação de todos os tempos, e consiste em um ambiente de convergência de 
diversas formas (verbal e não verbal) e técnicas de comunicação que permitem 
o correio eletrônico, transferência de arquivos, acesso remoto a computadores, 
acesso a bases de dados e diversos tipos de serviços de informação, 
comunicação instantânea com som e imagem, possibilidade de proliferação de 
redes sociais entre outras. No entanto, trouxe embutida nos enormes benefícios 
que proporcionou as atividades do homem, grande possibilidades de danos, 
especialmente por facilitar e potencializar, em alguns aspectos, crimes já 
existentes. 
 
 
17 
 
 
Fonte : http://blog.educacional.com.br/daninformatica/files/2011/08/charge.jpg 
 
Os delitos mais cometidos pelos usuários da internet são: calúnia, injúria, 
ameaça, furto, violação de segredo profissional, violação de direito autoral, 
discriminação por preconceito religioso, cor, etnia, preferência sexual, tráfico de 
drogas, pedofilia, apologia ao crime, crime contra a propriedade industrial, 
interceptação de comunicações informáticas, falsidade ideológica entre outras. 
Como pode-se perceber esses delitos não surgem com internet. 
Sabemos que nenhum meio de comunicação está imune às 
“imperfeições” humanas. Quantas críticas foram e são feitas à televisão, ao 
rádio, a jornais impressos e a outros meios pelo conteúdo inadequado ou pelo 
esforço em manipular. A internet, como meio de convergência de todas essas 
técnicas e linguagens carrega todos os benefícios e malefícios dos outros meios, 
com a vantagem, em muitos casos, de nos permitir manifestar, reagir pela 
mesma via. Garante espaço para a manifestação do contraditório, diferente dos 
meios de comunicação tradicionais. 
A concentração desses meios nas mãos de poucos, o que ocorre 
historicamente no Brasil, facilita fazer valer as opiniões e interesses de grupos 
 
 
18 
 
em detrimento de interesses sociais, daí a enorme possibilidade de 
manipulação. 
Nos últimos dez anos, com a tendência de democratização do acesso a 
internet, a oportunidade de ser ouvido é muito maior. A possibilidade de 
interação, de geração e informação, de contestação, de questionamento se 
multiplica como nunca visto antes na história da humanidade. Com tudo isso, 
percebe-se que a capacidade de manipulação perde a força, as mentiras são 
desmascaradas, os jogos de cena são desfeitos com rapidez. 
A internet evidencia e motiva nossa capacidade ativa de comunicação e 
isso é objeto de preocupação daqueles que acreditavam deter o "monopólio da 
fala", ao mesmo tempo em que propicia um momento sem precedente no que 
se refere ao aperfeiçoamento das relações democráticas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
Figura 1 - Disponível em 
http://2.bp.blogspot.com/_H2eu0UYalO0/SOpCLNjVS3I/ 
AAAAAAAADI4/KRKCRPVyGqA/s320/justica-e-cega1.jpg. Acesso em 22 maio 
2012. 
Figura 2- Disponível em: http://www.ipco.org.br/home/wp-content/uploads/ 
2010/09/Astr%c3%aas-grandes-mentiras-de-Hollywood.jpg. Acesso em 22 maio 
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