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Aula 6 - Sistemas de Inovação

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Desenvolvimento Instrucional 
 
CURSO: Engenharia de Produção 
DISCIPLINA: Gestão da Inovação 
PROFESSOR: ANTONIO IACONO 
Aula 6: 
Sistemas de Inovação 
Meta 
Nesta aula vamos apresentar a importância da construção de um sistema de 
inovação para a promoção das atividades inovativas das empresas. 
Objetivos 
O objetivo principal desta aula é o de apresentar o conceito de sistema de 
inovação e as principais abordagens que a literatura nos fornece. Para isso, 
vamos explorar os seguintes pontos: 
• Principais elementos de análise de um Sistema de Inovação (SI) 
• Abordagem de Sistema Nacional de Inovação; 
• Abordagem de Sistema Setorial de Inovação. 
Após esta aula, você será capaz de: 
• Caracterizar as diferentes abordagens de sistemas de inovação; 
• Compreender a importância da interação entre empresa, instituições e 
governo para a promoção da inovação em um país; 
 
| 2 
 
Introdução 
Até o presente momento vimos que no processo de inovação a empresa atua 
como elemento-chave e que, apesar de fundamental, o sucesso no resultado 
não depende exclusivamente de seus fatores internos; ou seja, está atrelado 
também a fatores que são externos à empresa. Dentre os diversos fatores 
externos que influenciam no processo de mudança tecnológica, destacamos o 
Sistema de Inovação, foco desta nossa aula. 
Os estudos sobre sistemas de inovação recaem, em grande medida, na 
compreensão de como as inovações tecnológicas estão relacionadas com o 
crescimento e o desenvolvimento econômico. A discussão sobre este tema 
teve início a partir das observações do baixo crescimento econômico ocorrido 
no início da década de 1970 nos países industriais avançados e o 
desenvolvimento do Japão, com grande poder econômico e tecnológico. Tal 
contexto estimulou o debate no que se refere à capacitação tecnológica dos 
países mais industrializadas. A discussão deste tema intensificou-se com o 
desempenho acelerado, em termos de progresso técnico, de alguns países em 
desenvolvimento, como a Coréia do Sul e Taiwan. Estes países chamaram a 
atenção por conseguirem reduzir consideravelmente seu atraso tecnológico em 
relação aos países desenvolvidos no período pós-guerra. 
A atividade inovadora da empresa, que até então, era o elemento central de 
análise do progresso técnico, passou a ter uma visão sistêmica, a qual enfatiza 
a importância da ação coordenada de diferentes atores (universidades, 
empresas, instituições de pesquisa, instituições financeiras, órgãos 
governamentais de políticas públicas) no desempenho tecnológico dos países 
(Sbicca e Pelaez, 2006). Esta visão permitiu explicar as diferentes taxas de 
crescimento da economia entre os países e sua correlação com a inovação 
tecnológica. 
Posto isto, vamos apresentar neste breve capítulo o conceito de sistema de 
inovação, seus principais elementos de análise, e as principais abordagens que 
a literatura nos fornece. Espero que aproveite. Bom estudo! 
 
| 3 
 
1. Sistemas de Inovação 
A abordagem dos sistemas de inovação é de suma importância pois nos 
permite descrever, compreender, explicar e influenciar os processos de 
inovação; ou seja, identificar fatores que moldam e influenciam as inovações. 
Mas, afinal, o que é um sistema de inovação? 
Um sistema de inovação pode ser definido como um conjunto de instituições 
públicas e privadas que contribuem nos âmbitos macro e microeconômico para 
o desenvolvimento e a difusão de novas tecnologias (Sbicca e Pelaez, 2006). 
Esta definição nos leva a refletir sobre dois aspectos centrais percebidos: 
primeiro, a ideia de sistema, e segundo, o conceito de inovação. 
Para entendermos melhor o que é um sistema de inovação vamos entender 
melhor seus elementos constituintes. Comecemos pelo termo sistema. O 
sistema pode ser entendido como um conjunto de componentes econômicos e 
sociais inter-relacionados, que contribuem na determinação do comportamento 
inovativo das empresas. A interação é o fator-chave em um sistema. A 
inovação é definida em termos bem amplos. É o conjunto de atividades pelas 
quais a empresa produz novos produtos ou processos produtivos. 
Quanto às instituições, referem-se a todas as regras e normas consolidadas, e 
leis que regulam a interação entre os indivíduos. As instituições são 
importantes, pois reduzem as incertezas e o montante de informações 
necessárias para as ações e escolhas, permitindo o acúmulo e a transferência 
de conhecimento. As universidades, bancos, institutos de pesquisa (públicos ou 
privados) são aqui considerados organizações. 
As definições acima nos permitem entender que a análise do processo de 
inovação, só pode ser feita quando focalizamos o todo, ou seja, o sistema, e 
não somente as partes que o compõem. Em outros termos, significa dizer que 
a análise do comportamento isolado de uma empresa não será suficiente para 
o entendimento da dinâmica do processo de inovação, já que a empresa não 
inova de maneira isolada. Ao contrário, a estratégia de inovação adotada pela 
firma é influenciada por instituições que constituem incentivos e limites à 
| 4 
 
inovação — como leis, políticas governamentais, comportamentos culturais, 
regras sociais e normas técnicas. Ao mesmo tempo, o processo de inovação 
envolve outros agentes além da firma inovadora — como aqueles relacionados 
ao consumo, ao financiamento e à regulação da tecnologia, assim como 
aqueles envolvidos na produção e na difusão dos conhecimentos científicos e 
tecnológicos de apoio, como as universidades e os centros de pesquisa. 
Vamos agora apresentar os principais elementos de análise de um sistema de 
inovação. 
a) Interação 
De uma maneira mais abrangente, a inovação pode ser vista como um 
processo em que as empresas introduzem novas práticas, produtos e 
processos que são novos para elas. A inovação, nesse sentido, é 
consequência de um processo que só pode ser analisado quando se leva em 
conta seu caráter interativo. É interativo ao entendermos que envolve uma 
relação entre diversos atores tais como empresas, agências governamentais, 
universidades, institutos de pesquisa, agentes financeiros, dentre outros. 
Nessa rede de relações podemos destacar três elementos-chaves: (i) as 
universidades e centros de pesquisa, (ii) o Estado e (iii) as empresas. As 
universidades e centros de pesquisa, bem como o Estado caracterizam-se por 
terem como atividade principal a pesquisa básica, ou seja, não tem por objetivo 
uma aplicação produtiva imediata. 
As empresas, diferentemente, caracterizam-se pela pesquisa aplicada, ou seja, 
voltada para soluções de um determinado setor produtivo. Isto implica 
necessariamente um comportamento orientado pelo lucro, o que não se 
observa quando das universidades, que se caracterizam pela "pesquisa por 
excelência", sem objetivos financeiros diretos. 
O Estado, nesse contexto, pode ser visto como o agente coordenador do 
sistema, e tem como propósito promover a capacitação tecnológica através de 
demandas governamentais, da definição de diretrizes para o sistema, da 
geração de infraestrutura necessária para que ocorra a interação entre os 
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agentes, e de uma Política de Ciência e Tecnologia (C&T) adequada às 
diretrizes de desenvolvimento do país, da região ou do setor (Sbicca e Pelaez, 
2006). A articulação desses atores acaba gerando um efeito sinérgico 
fundamental ao progresso técnico, na medida em que provoca uma síntese 
positiva das forças produtivas necessárias à inovação tecnológica. 
b) Dinâmica 
A dinâmica do sistema é resultado da complexa interação entre seus 
componentes. Vale lembrar que a inovação não é mais entendida como um 
processo linear que percorre o caminho da pesquisa básica à pesquisa 
aplicada, e depois para o desenvolvimento e implementação na produção. A 
inovação envolve mecanismos de feedback e relações interativas entre a 
ciência,a tecnologia, o aprendizado, a produção, a política e a demanda. A 
cadeia de causa e efeito, tem seu início com a P&D e termina com o aumento 
da produtividade, mediada pela interação da geração e da difusão da 
tecnologia, insere-se num contexto mais complexo no qual os componentes do 
sistema combinam-se de modo a incentivar ou bloquear os processos de 
aprendizagem e de inovação. 
c) Aprendizagem 
A aprendizagem, conforme já estudado em capítulos anteriores está fortemente 
relacionada à capacidade de inovar; poderíamos dizer que é inerente à 
capacidade de inovar. Ela é tratada como uma atividade social que envolve 
interações entre pessoas, e que não se dá apenas através da educação formal 
e da atividade de P&D. A inovação é influenciada por diferentes tipos de 
aprendizado. Conforme visto na aula sobre Aprendizagem tecnológica, o 
aprendizado pode ocorrer através do aumento da eficiência das operações de 
produção (leaming-by-doing), através do aumento da eficiência do uso de 
sistemas complexos (leaming-by-using) e da interação entre usuários e 
produtores (leaming-by-interacting), resultando em inovações de produto. As 
ligações entre usuários e produtores podem ser expandidas para a 
aprendizagem e os fluxos de conhecimento das atividades de valor agregado 
da empresa. As ligações entre usuários e produtores podem ser encontradas 
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na interface entre universidade e indústria e entre a indústria e alguns usuários 
finais da indústria, como trabalhadores e consumidores. 
Mas, a aprendizagem, por ser de caráter interativo e social, deve considerar o 
contexto cultural e o envolvimento de instituições. Sendo assim, a estrutura de 
análise do Sistema de Inovação deve ser sistêmica e interdisciplinar, na 
medida em que considera a influência de fatores institucionais, sociais e 
políticos, além dos econômicos. A capacidade de desenvolvimento tecnológico 
de empresas ou de países vai depender, em parte, do domínio do "estado da 
arte" das tecnologias já presentes. Tal consideração denota um aspecto 
cumulativo para a capacitação tecnológica; e, como consequência, podemos 
inferir que as empresas com maior probabilidade de gerar inovações são 
aquelas que se encontram mais próximas da fronteira tecnológica (Sbicca e 
Pelaez, 2006). 
 
d) Perspectiva histórica 
A perspectiva histórica é outra característica importante no que se refere à 
análise do sistema de inovação. Devemos considerar que um processo da 
mudança tecnológica, que parte da invenção técnica, passando pela 
transformação em uma inovação propriamente dita, e termina em sua difusão, 
leva longos intervalos de tempo. A trajetória tecnológica auxilia na 
compreensão dos aspectos que estimulam o processo de inovação. As 
especificidades do sistema de inovação são resultados de sua perspectiva 
histórica e também das instituições que o influenciaram ao longo do tempo. 
Portanto, quando se estuda um SNI que obteve êxito pode-se observar os 
elementos que contribuíram para este resultado. Todavia, tais experiências não 
podem ser, pura e simplesmente, transpostas para outros países, regiões ou 
setores, já que tais especificidades só se revelam ao longo de um processo 
histórico de formação. 
Nas seções adiante vamos apresentar três abordagens de sistema de inovação 
que a literatura dispõe: nacional, setorial; e local/regional. Passemos a cada 
uma dela agora. 
| 7 
 
2. Sistema Nacional de Inovação 
Conforme já enfatizado, a abordagem conceitual de Sistema Nacional de 
Inovação (SNI) emergiu como uma das correntes dominantes de pesquisa do 
campo de estudos sobre inovação, com a preocupação de explicar o 
crescimento tecnológico em uma economia de forma mais eficaz. A crise, na 
década de 1980, do modelo de industrialização por substituição de importação, 
bem como a do Estado de suas políticas, contribuíram para a busca de um 
novo entendimento do crescimento e desenvolvimento econômico, nos países 
em desenvolvimento. 
São várias as definições de sistema nacional de inovação colocadas pela 
literatura, mas todas apresentam em comum a presença de instituições, das 
relações entre os diversos tipos de atores econômicos, e foco no conhecimento 
e na tecnologia. Seguem algumas definições dos principais autores sobre o 
tema. 
Para Freeman (1987), um SNI é uma rede de instituições públicas e privadas, 
cujas atividades e interações iniciam, importam, modificam e difundem novas 
tecnologias. Para Lundvall (1992), compreende, fundamentalmente, os 
elementos e relações que interagem na produção, difusão e uso de novos 
conhecimentos. Conforme Nelson e Rosenberg (1993) é o conjunto de 
instituições cujas interações determinam o desempenho inovador das 
empresas nacionais. 
Com a finalidade de um melhor entendimento do que é e de como funciona um 
sistema de inovação, passemos a um maior detalhamento, selecionando as 
interações entre organizações que surgem como as mais importantes em 
relação aos processos inovativos. Nesse sentido, os tipos de organização, 
considerados, que mais influenciam as atividades inovativas são quatro. As 
empresas, as universidades e institutos de pesquisa científica, as instituições 
financeiras, e o governo. Uma visão do sistema de inovação, com seus 
principais componentes é apresentada na Figura 1. 
Desenvolvimento Instrucional 
 
Figura 1: Visão sistemática do sistema de inovação 
Fonte: Malerba (2012)
Clientes
Fornecedores Empresa 
Inovadora
Formação e 
pesquisa 
científica
Políticas 
tecnológicas
1. instituições para pesquisa e transferência 
tecnológica: universidade; instituiçoes públicas
para a pesquisa científica, institutos de pesquisa 
especializados.
2. Sistema educacional: educação profissional, 
educação secundária, qualificação universitária. 
Entidades governamentais
a) Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
b) Ministério da Defesa, Transportes, 
Comunicação, Indústria
c) Entidades locaisFornecedores
1. Núcleo oligopolista: fonte 
principal de financiamento privado 
para a pesquisa industrial.
2. empresas schumpeterianas: 
inovadores radicais ou de nichos, 
fornecedores de inovação.
3. redes de pequenas empresas. 
Sistema stock exchange based vs 
sistema bank-based
Desenvolvimento Instrucional 
 
Duas importantes observações podem ser feitas pelas definições acima 
apresentadas. Na primeira, o entendimento de que a inovação vai além da 
empresa, e a importância de sua propagação no sistema econômico. Na 
segunda e terceira definições, o foco reside na importância das interações 
entre os agentes para a dinâmica da inovação, e no papel das instituições. 
Vale destacar também a importância de se colocar o Estado no papel central 
do processo de inovação (geração, difusão e uso) para o desenvolvimento 
econômico. Tais considerações conceituais vão ao encontro de uma conclusão 
central na literatura sobre inovação, já enfatizada, que afirma que as atividades 
de inovação dependem fortemente de fontes externas, ou seja, os inovadores 
raramente inovam isoladamente, comumente precisam trabalhar em conjunto 
com outras entidades para desenvolver uma inovação. 
Sendo assim, entendemos que qualquer que seja o processo de geração de 
novos conhecimentos científicos e tecnológicos, ou de imitação e adaptação 
tecnológica, vai envolver uma ampla variedade de atores complementares, 
instituições públicas de pesquisa e treinamento, sociedades técnicas e 
sindicatos, entre outros. Nesse sentido, sistemas nacionais de inovação devem 
considerar, em sua constituição, as instituições e políticas voltadas para o 
aprendizado tecnológico. 
Essa caracterização refere duas diferentes abordagens de Sistema Nacional de 
Inovação, que vale a pena apresentar: a abordagem restrita e a abordagem 
ampla. A abordagem restrita de sistema nacionalde inovação tem como foco 
as empresas, instituições de pesquisa e universidades. Nos indicadores de 
Ciência e Tecnologia, destacam-se o P&D, patentes e artigos. Tal visão está 
relacionada ao modo STI (Science, Technology, Innovation) de inovação. Este 
modo foca a inovação baseada em esforços de P&D, sugerindo um modelo de 
inovação apoiado na experimentação (tipicamente em laboratórios), 
formalização e codificação do conhecimento identificado. No entanto, o modo 
STI constitui somente um dos pilares da aprendizagem e processo de 
inovação. 
| 10 
 
No caso de a aprendizagem envolver conhecimento tácito e localizado, tem-se 
outro modo, o modo DUI (Doing, Using, Interacting), que é mais amplo. O modo 
DUI tem seu foco na aprendizagem interativa, através de relações com o 
ambiente externo. A abordagem ampla de SNI considera a presença de 
instituições sociais, regulação macroeconômica, a integração com o sistema 
financeiro, o desenvolvimento de um sistema educativo e de treinamento, e 
requer também a existência de infraestrutura e condições de mercado 
Lundvall,1992). 
Seja qual for a abordagem, é importante notar a importância, implícita, da 
construção de competências para a promoção do processo de inovação. 
Entende-se como crucial para os processos de aprendizagem, a criação de 
capacidades nas empresas e a formação de competências de pessoal. Em 
outros termos, pode-se afirmar que a inovação e a aprendizagem são o 
resultado de esforços que combinam instituições com uma estrutura 
socioeconômica. 
3. Sistema Setorial de Inovação 
Apesar de o foco inicial dos estudos sobre SNI terem uma abordagem em nível 
nacional, tem-se também uma vertente setorial. Há um entendimento de que o 
sistema de inovação pode ser interpretado em nível setorial e não só nacional. 
Esta justificativa apoia-se no preceito de que o conhecimento é localizado e 
que a aproximação geográfica facilita a interação e é fundamental para a 
promoção do aprendizado e de um ambiente favorável aos processos de 
inovação (Lundvall et al.,2009) 
Os fundamentos do conceito de Sistema Setorial de Inovação (SSI) estão nas 
diferenças entre os setores nas formas de aprendizado e de mudança técnica, 
associadas à definição de regime tecnológico. Um sistema setorial de inovação 
(e produção) é composto por um conjunto de agentes heterogêneos que 
desenvolvem interações de caráter mercadológico ou não-mercadológico para 
a geração, adoção e uso de novas (ou já estabelecidas) tecnologias 
específicas e para a criação, produção e uso de novos produtos pertinentes a 
um setor (produtos setoriais). Os agentes que compõem um sistema setorial 
| 11 
 
podem ser organizações (clientes, fornecedores, fabricantes, universidades, 
instituições financeiras, agentes governamentais, etc.) e indivíduos. 
Para os países em desenvolvimento, como o Brasil, abordagem setorial ganha 
muita importância, pois possibilita o entendimento de como as capacidades são 
desenvolvidas pelas empresas e setores no sentido de inovar e competir. O 
desenvolvimento de setores, a partir de escolhas acertadas, é fundamental 
para o desenvolvimento econômico do país. Sendo assim, o SSI pode 
contribuir substancialmente para o desenvolvimento econômico, já que através 
desse modelo é possível identificar os elos faltantes, os gargalos na circulação 
do conhecimento e as causas de falhas no sistema. Deste modo, a 
especialização do SSI em setores mais dinâmicos tecnologicamente pode ser 
um fator determinante para o dinamismo econômico. 
Essa potencialidade do SSI tem justificado, cada vez mais a adoção desse 
modelo por países em desenvolvimento. Mas é importante enfatizar que para 
que isso ocorra, é também necessário a criação de instituições adequadas, 
uma coordenação do sistema e a existência de uma infraestrutura capaz de 
apoiar e promover os processos. 
A definição de SSI difere do conceito tradicional de setor, e é simples de se 
entender. Ao contrário da abordagem tradicional de setor, o sistema setorial de 
inovação analisa outros agentes além das firmas. Dentre os principais pontos, 
dessa diferenciação podemos destacar: 
• O sistema setorial privilegia o conhecimento e sua estrutura como elemento-
chave. A base de conhecimento pode muito diferenciar-se através dos setores 
e afetar as atividades inovativas, organização e comportamento das firmas 
dentro de um setor; 
• São enfatizados aspectos-chave da empresa, tais como processo de 
aprendizagem, competências, comportamento e organização. 
• Importância do papel de organizações, tais como universidades, agentes 
financeiros, governo, e de regulações, padrões e mercado de trabalho. Estas 
| 12 
 
características diferem fortemente entre os setores e afetam as atividades 
inovativas e produtivas das firmas; 
• Mecanismos de interações internas e externas à firma. Relações entre os 
agentes, sejam elas de mercado ou não. 
Em síntese, a noção de sistema setorial põe ênfase na estrutura do sistema, 
em termos de produto, agentes, conhecimento e tecnologia, e em sua dinâmica 
e transformação. 
Com igual ênfase, Oyeleran-oyeyinka e Rasiah (2009) apontam como 
elementos chave de um sistema setorial de inovação os agentes econômicos 
(atores) e as instituições (incluindo instrumentos e organizações), e identificam 
quatro pilares, conforme apresentados abaixo, necessários para direcionar a 
sinergia entre aprendizagem e inovação e dar sustentação ao processo de 
catching-up (aproximação da fronteira tecnológica). 
a) Estabilidade e eficiência: referem-se à infraestrutura básica eficiente, 
estabilidade macroeconômica e eficiência burocrática e segurança. Este 
pilar é essencial para os agentes operarem em qualquer setor. O foco neste 
pilar é também importante para a condução da aprendizagem e inovação. 
Implica em fornecer menores custos de transação para que seus agentes 
econômicos sejam mais competitivos. A instabilidade política e ineficiência 
burocrática podem enfraquecer severamente a capacidade das empresas a 
buscarem participação em atividades de alto valor agregado. 
b) Coesão: refere-se à conectividade entre os agentes econômicos e 
instituições, a interatividade e interdependência no fluxo de conhecimento 
entre pessoas, empresas e instituições. Para tal, é requerido o fornecimento 
de serviços tais como energia, serviços de telecomunicação, educação, 
instituições de capacitação, laboratórios de P&D, entre outros. 
c) Aprendizado e inovação: envolve a participação de agentes econômicos 
(indivíduos, empresas e instituições) que aprendem e inovam. A 
infraestrutura de alta tecnologia fornece o ambiente que estimula a 
aquisição de tecnologia seja através da aprendizagem, licenciamentos, 
adaptação e treinamento. O sistema de inovação reconhece que o 
| 13 
 
aprendizado em suas mais diversas formas (por imitação, por busca, por 
interação, por treinamento, etc.). Embora todas essas formas sejam 
importantes, o sucesso no sistema de inovação é caracterizado pelo alto 
grau de aprendizagem interativa. Logo, a presença de instituições de alta 
tecnologia, incentivos (incluindo subsídios), empresas de capital de risco e 
organizações de normalização, é vital para a mudança de patamar de 
economia subdesenvolvida para uma economia madura. 
d) Integração global: refere-se à integração global através dos mercados e de 
cadeias produtivas globais. Mercados globais fornecem economias de 
escala e escopo e a pressão competitiva para inovar. Enquanto que a 
acumulação da aprendizagem e inovação abrem o caminho para posterior 
aprendizagem e conhecimento (acumulação criativa), a exposição em 
mercados globais conduz a uma substituição de tecnologias obsoletas e 
empresas, por novas. Nesse processo as empresas transnacionais podem 
contribuir substancialmente ao aprendizado. 
As considerações apresentadas acima nos levam a entender que a os sistemas 
nacionais de inovação esuas vertentes regionais e setoriais podem contribuir 
para o crescimento econômico em países em desenvolvimento. É importante 
salientar, embora não seja o foco desta aula, que o SNI deve ser visto, não 
apenas como um conceito, mas como uma ferramenta para formulação de 
políticas. 
Outro aspecto importante é que devemos considerar que, como essas 
abordagens são construídas a partir de experiências e análises em países 
desenvolvidos, sua aplicação em contextos mais críticos como os de países 
periféricos, devem superar barreiras e desafios de adaptação, já que a difusão 
de progresso técnico é desigual entre os países e regiões. A estratégia para 
um bom desempenho de aplicação de um SNI, passa por escolhas setoriais 
acertadas e por um conjunto de ações que promovam a capacidade de inovar. 
É relevante o papel ativo do Estado, a criação de uma cultura nacional de 
inovação (com seu entendimento sistêmico), e de igual importância, o 
fortalecimento de uma estrutura social e educacional. 
| 14 
 
Atividades 
1. O que é um sistema de inovação? Fale sobre os elementos que o constitui. 
2. Qual é a importância do sistema nacional de inovação 
3. Qual é o papel do Estado na promoção do sistema nacional de inovação? 
4. Faça uma pesquisa em fontes que podem ser obtidas pela internet e analise 
como está constituído o sistema de inovação brasileiro. 
5. Por que as experiências e análises de sistemas nacionais de inovação em 
países desenvolvidos não podem ser aplicados em países em 
desenvolvimento, como o Brasil? 
Conclusão 
Após a presente aula podemos concluir que o sistema de inovação representa 
uma importante variável externa à empresa, que influencia fortemente nos 
processos internos de aprendizagem e capacidade tecnológica, ou seja, nos 
resultados do processo de inovação. 
O desempenho das empresas inovadoras vai depender da intensidade e dos 
tipos de interações geradas no sistema nacional de inovação. Isto faz com que 
os sistemas de inovação sejam diferentes em termos de conectividade, ou seja, 
de eficácia na criação e transferência de conhecimento e das competências 
relevantes, e portanto, na promoção das atividades inovativas das empresas. 
Resumo 
Nesta aula pudemos mostrar que a inovação não é um processo isolado, é 
resultado de um processo interativo, que compreende diversos tipos de atores, 
em um conceito de sistemas de inovação. Os sistemas de inovação ganharam 
sua importância no estudo da inovação por auxiliarem na compreensão de 
como as inovações tecnológicas se relacionam com o crescimento e o 
desenvolvimento econômico. 
| 15 
 
O conceito de SI nos permitiu entender que empresa não inova de maneira 
isolada, e que, portanto, a análise do comportamento isolado de uma empresa 
não será suficiente para o entendimento da dinâmica do processo de inovação. 
A estratégia de inovação adotada pela firma é influenciada por instituições, 
políticas governamentais, comportamentos culturais, regras sociais e normas 
técnicas. Vimos também que a análise de um sistema de inovação deve 
considerar o grau de interação e seus tipos, sua dinâmica, aprendizagem, e 
sua trajetória tecnológica em uma perspectiva histórica. 
Em seguida, pudemos ver que o sistema de inovação possui uma abordagem 
em nível nacional e setorial. Em ambas as abordagens é importante o papel do 
Estado, dos processos de aprendizagem e das instituições. 
Próxima aula 
Na próxima aula vamos falar sobre como deve se estruturar uma empresa para 
desenvolvimento das atividades inovativas. Quais características culturais e 
técnicas uma empresa precisa apresentar para desenvolver seus processos 
internos para inovar. Vamos identificar qual é o padrão de comportamento de 
uma empresa para inovação. 
Leitura recomendada 
PRAHALAD, C. K.; HAMEL, G. Competindo pelo futuro: estratégias inovadoras 
para obter o controle do seu setor e criar os mercados de amanhã. Gulf 
Professional Publishing, 2005. 
PROENÇA, A. et al. Gestão da inovação e competitividade no Brasil: da teoria 
para a prática. Bookman editora, 2015. 
TIDD J, BESSANT J, PAVITT K. Gestão da Inovação. Porto Alegre: Bookman, 
2008. 
CHRISTENSEN, Clayton M. O dilema da inovação. São Paulo: Makron Books, 
2011. 
| 16 
 
Referências Bibliográficas 
FREEMAN, C. Technology policy and economic performance: lesson from 
Japan. London: Frances Pinter; 1987. 
FREEMAN, C.; SOETE, L. A economia da inovação industrial. Editora da 
UNICAMP, 2008. 
LUNDVALL, B. National systems of innovation: towards a theorem of innovation 
and interactive learning. London: Pinter; 1992. 
LUNDVALL, B.A., VANG, J., JOSEPH, K.J. e CHAMINADE, C. (2009), 
Innovation system research and developing countries, in LUNDVALL, A.B., 
JOSEPH, K.J., CHAMINADE, C. and VANG, J. (eds.) Handbook of Innovation 
Systems and Developing Countries. Building Domestic Capabilities in a Global 
Setting. Edward Elgar, Cheltenham, UK and Northampton, MA, USA. 
NELSON R.R. National innovation systems: a comparative analysis. New York: 
Oxford University Press; 1993. 
OYELERAN-OYEYINKA, B. & RASIIAH, R. (2009) Uneven Paths of 
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