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INOVAÇÕES E SISTEMAS TECNOLÓGICOS DE APOIO 2 FACUMINAS A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Sumário FACUMINAS ............................................................................................................. 2 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4 POLÍTICAS INDUSTRIAL E TECNOLÓGICA E A LEI DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA ........................................................................................................ 6 FUNDAMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM MODELO TECNOLÓGICO ...... 7 A CONEXÃO ENTRE AS LEIS SOBRE INOVAÇÃO E PESQUISA DA FRANÇA E DO BRASIL ............................................................................................................... 9 AS NORMAS DEFINIDORAS DA LEI DE INOVAÇÃO TECNOLÓFICA NO BRASIL ............................................................................................................................. .... 11 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA .................................................................................. 13 GOVERNO ELETRÔNICO ...................................................................................... 19 TEORIA DE ADOÇÃO DA TECNOLOGIA .............................................................. 22 IMPACTOS DAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ............................................................................................................................. .... 25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 28 4 INTRODUÇÃO A tecnologia da informação para a gestão pública tem modificado a forma como o governo interage com a população. Além disso, ferramentas avançadas de gerenciamento permitem agilizar os processos do setor, aprimorar o uso dos recursos financeiros e facilitar a vida de gestores e servidores públicos. Em uma economia sólida, a inovação tecnológica deve ser resultado de um ambiente que produz ciência de ponta e influencia direta e indiretamente o setor produtivo, especialmente por meio dos setores de pesquisa e desenvolvimento gerados no bojo das empresas. Verificamos, entretanto, que o modelo de desenvolvimento adotado no Brasil, nas últimas décadas, não criou condições e estímulos para que as empresas passassem a ter tais setores em suas estruturas. Essas distorções estão refletidas na produção científica do País, particularmente aquela proveniente das universidades públicas, que representam uma parcela significativa da produção nacional. Essa constatação nos permite argumentar que o Brasil é um país que produz ciência de fronteira, mas que não consegue interagir, em um nível adequado, com o setor produtivo. O resultado dessa baixa incorporação de tecnologia de ponta diretamente nos produtos torna-os pouco competitivos, tanto no mercado interno como no externo. Criar as condições para que o País consiga avançar de forma consistente no campo tecnológico é uma tarefa árdua, que exige, além da mudança institucional e econômica, também uma mudança cultural. Tornase perceptível, assim, que a mola propulsora para viabilizar o aumento da produção científica e tecnológica no País tem início com a criação de instrumentos reguladores dessa relação. Apesar de a Constituição Federal do Brasil (CF, 1988) ter definido, em grandes linhas, o papel do Estado brasileiro nas diversas atividades, fortalecendo o Estado articulador, promotor e incentivador, na prática a ação do Estado em relação a C&T 5 ainda deixa muito a desejar (Caldas, 2001). Apenas nos últimos anos a ação estratégica começou a ser delineada, com a elaboração dos Planos Plurianuais e a construção de um plano estratégico para a ciência, a tecnologia e a inovação. Tendo como referência os preceitos constitucionais estabelecidos no artigo 218 da Constituição Federal, que estabelece que o Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) elaborou o -Projeto de Diretrizes Estratégicas para a Ciência, Tecnologia e Inovação em um Horizonte de 10 Anos - (DECTI). O projeto de DECTI/MCT foi estruturado em cinco grandes temas: No caminho do Futuro– focado em educação para a ciência e tecnologia e no avanço do conhecimento; Qualidade de Vida– focado no impacto do desenvolvimento científico e tecnológico sobre o cidadão e sobre o meio ambiente, com vistas à promoção de desenvolvimento sustentável; Desenvolvimento econômico– focado em C&T sob o ângulo econômico – produção de bens e serviços em uma sociedade marcada por sérias desigualdades regionais e sociais; Desafios Estratégicos – focado nos grandes programas de impacto para a próxima década, tais como a sociedade da informação e a biotecnologia, nos projetos mobilizadores nacionais e nas estratégias de exploração econômica das últimas fronteiras brasileiras; e Desafios Institucionais – focado nos desafios legais, institucionais e de organização a serem superados para que as metas propostas no projeto possam ser alcançadas. É este último tema – desafios institucionais – que o presente trabalho irá abordar. Terá como preocupação analisar e aprofundar a discussão sobre a importância da construção de um arcabouço legal que contribua para uma maior integração entre o desenvolvimento científico e tecnológico e a produção de inovação. Nesse esforço, iremos utilizar como referência a Lei de Inovação Tecnológica (Lei Federal n.º 10.973/2004), que dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá outras providências. A referida lei tem como objetivo criar um ambiente propício para aumentar o envolvimento das empresas no desenvolvimento de projetos inovadores que levem a gerar novos produtos e processos. Busca-se, com ela, uma elevação do nível de parcerias entre empresas, 6 universidades e institutos científicos e tecnológicos para que ganhem força e estimulem o processo de inovação. POLÍTICAS INDUSTRIAL E TECNOLÓGICA E A LEI DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA O tema abordado aqui é significativamente amplo, complexo e polêmico, visto que existe uma parcela da comunidade científica que discorda da necessidade de que se tenha uma política de inovação tecnológica. A base de argumentação desse segmento da comunidade científica é de que deve prevalecer sempre a ampla liberdade do pesquisador de determinar o objeto e o escopo de suas pesquisas, ao passo que, ao poder público, fica o papel de financiamento das atividades de pesquisa. Aceitamos, neste artigo, que é relevante e necessária a existência de uma política nessaárea. No debate sobre a construção de uma política industrial e tecnológica e de uma lei de inovação torna-se relevante fazer uma análise do Sistema de Ciência e Tecnologia do Brasil (SCTB). Assim, iremos adotar neste artigo, de maneira preferencial, uma abordagem funcionalista e sistêmica em que as organizações e relações foram, inicialmente, consideradas como instituições tipo-ideal weberianas, a fim de facilitar a identificação e o estudo dos elementos que formam esse complexo sistema. Levaremos em consideração também o conceito de racionalidade limitada de Herbert Simon (1959, 1965, 1978). Assim, partimos do pressuposto de que o SCTB, apesar de apoiar-se em uma base estrutural razoável, necessita ser fortalecido de várias maneiras para que possa ser ampliado, consolidado e garantido contra eventuais instabilidades no futuro. 7 Sustenta Morgan (1980) que a abordagem funcionalista é essencialmente ortodoxa e que ela é “baseada na pressuposição de que a sociedade tem uma existência concreta e real, e um caráter sistêmico orientado para produzir um estado de coisas que sejam ordenadas e reguladas. Ao estabelecer a distinção entre estabilidade e mudança como aspectos específicos da ordem e do conflito, respectivamente, Dahrendorf (1959) alerta que não tem a intenção de afirmar que a teoria da ordem assume que a sociedade seja estática (Burrell e Morgan, 1979). Sua preocupação é mostrar como as teorias funcionais são essencialmente correlacionadas com os processos que servem para manter os padrões de um sistema como um todo. Nesse sentido, as teorias funcionalistas são consideradas como estáticas no sentido em que procuram explicar o status quo. Aguiar (1991), utilizando o método de análise funcional para descrever a ambiência de ciência e da tecnologia no Brasil, busca explicar como os elementos que compõem o sistema nacional procuram se estabilizar, se integrar e atuar harmonicamente. FUNDAMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM MODELO TECNOLÓGICO A agressiva disputa pela apropriação da informação, do conhecimento e do desenvolvimento da inovação no mundo contemporâneo, decorrente do processo de globalização, conforme delineado nas conclusões do Livro Branco da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCT, 2002), indica a necessidade de o Brasil construir um modelo de desenvolvimento tecnológico autônomo. Isso torna explícito que a Lei de Inovação Tecnológica, cujo teor deve refletir claramente que a geração de conhecimento e a formação de recursos humanos são funções da universidade, e que a inovação tecnológica ocorre no âmbito das empresas, se apresenta como um instrumento relevante para reduzir a dependência tecnológica do País. Registre-se aqui que inovação tecnológica compreende a introdução de produtos ou processos tecnologicamente novos e melhorias significativas que tenham sido 8 implementadas em produtos e processos existentes. Considera-se uma inovação tecnológica de produto ou processo aquela que tenha sido implementada e introduzida no mercado – inovação de produto – ou utilizada no processo de produção – inovação de processo – (OCDE, Manual Oslo, p. 35). A partir dessas observações, formula-se a seguinte pergunta: a Lei de Inovação Tecnológica – aceita como parte essencial do arcabouço institucional para fortalecer as áreas de pesquisa e da produção de conhecimento no Brasil – poderá fomentar adequadamente a criação de novos ambientes, propícios à geração e absorção de inovações, atuando como instrumento de apoio às políticas industrial e tecnológica do Brasil? 9 Para responder essa indagação, parte-se do pressuposto de que o Brasil ainda não construiu um arcabouço institucional na área científico-tecnológica suficientemente consistente capaz de definir adequadamente quais são as atividades de pesquisa de real interesse tecnológico para o País. Assim, temos como propósito debater neste artigo, a partir das experiências de alguns países bem-sucedidos na implementação de políticas industrial e tecnológica, se a construção de um moderno arcabouço institucional na área de desenvolvimento científico e tecnológico, no qual deve estar incluída a questão da inovação, é essencial para o crescimento econômico do Brasil. A investigação, que é explicativa quanto aos fins e bibliográfica quanto aos meios, está apoiada em vários estudos e documentos, como, por exemplo, Dahlman e Frischtak (1990), Brisolla (1993), Azevedo (1994), Gibbons, Limonges et al. (1994), Cassiolato (1996), Pavitt (1991, 1998), Coutinho (1999), Coutinho e Ferraz (1994), Eber (2000), Schwartzman (2001), Matias-Pereira e Kruglianskas (2004), Matias- Pereira, Kruglianskas e Marcelino (2005), Livro Branco da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCT, 2002), Diretrizes de Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE/MDICE, 2003), e na Lei de Inovação Tecnológica (Lei Federal n.º 10.973/2004). 10 A CONEXÃO ENTRE AS LEIS SOBRE INOVAÇÃO E PESQUISA DA FRANÇA E DO BRASIL Abordados os aspectos mais relevantes das políticas industrial e tecnológica dos países mencionados anteriormente (Matias-Pereira, 2005), torna-se possível iniciar a análise da relação e dos aspectos mais relevantes da Lei de Inovação e Pesquisa da França, Lei n.º 99-587, e da Lei de Inovação Tecnológica do Brasil, Lei Federal n.º 10.973/2004. A Lei de Inovação e Pesquisa da França, n.º 99-587, de 12 de julho de 1999, estabelece os procedimentos legais da relação público-privada, além de criar mecanismos que estimulem a inovação tecnológica no ambiente universitário. Tem como objetivo facilitar a transferência de pesquisa financiada pelo setor público para a indústria e a criação de empresas inovadoras. A experiência mostra que a utilização econômica dos resultados da pesquisa é um fator básico do dinamismo da economia, e o número de empresas criadas a cada ano utilizando os resultados de pesquisa financiada pelo setor público permanece demasiado baixo. São, entretanto, essas empresas que têm o mais forte potencial para crescimento. Observa-se que a citada Lei de Inovação e Pesquisa da França tem como propósito reverter essa tendência e proporcionar um contexto legal que fomente a criação de empresas inovadoras de tecnologia, sobretudo por parte de pessoas jovens, sejam pesquisadores, estudantes ou empregados. Observa-se que a lei francesa está estruturada em quatro seções, que cuidam: da mobilidade dos pesquisadores em direção à indústria e às empresas; da cooperação entre estabelecimento de pesquisa do setor público e empresas; do quadro geral fiscal para empresas inovadoras; e do quadro geral jurídico para empresas inovadoras. A comparação do conteúdo da lei francesa indica que a esta influenciou decisivamente 11 o projeto de Lei de Inovação Tecnológica do Brasil. A similitude entre o teor da Lei de Inovação e Pesquisa da França e o texto do projeto de lei nacional é bastante evidente. Por sua vez, a Lei de Inovação Tecnológica do Brasil está orientada para: a criação de um ambiente propício a parcerias estratégicas entre universidades, institutos tecnológicos e empresas; o estímulo à participação de instituições de ciência e tecnologia no processo de inovação; e o incentivo à inovação na empresa. Ela também possibilita autorizações para a incubação de empresas no espaço público e a possibilidade de compartilhamento de infra-estrutura, equipamentos e recursos humanos, públicos e privados, para o desenvolvimento tecnológico e a geração de processos e produtos inovadores. Define, ainda, regras para que o pesquisador público possa desenvolver pesquisas aplicadas e incrementos tecnológicos. Para isso criou mecanismos como: a bolsa de estímulo à inovação e o pagamento ao servidor público de adicional variável não- incorporável à remuneraçãopermanente, ambos com recursos captados pela própria atividade; a participação nas receitas auferidas pela instituição de origem com o uso da propriedade intelectual e a licença não-remunerada para a constituição de empresa de base tecnológica. Autoriza também o aporte de recursos orçamentários diretamente à empresa, no âmbito de um projeto de inovação, sendo obrigatórias a contrapartida e a avaliação dos resultados. São ainda instrumentos desta lei a encomenda tecnológica, a participação estatal em sociedade de propósito específico e os fundos de investimentos. Para o governo federal, a Lei de Inovação Tecnológica, ao estimular a inovação no setor produtivo, irá incentivar a emancipação tecnológica do País e mudar o quadro atual, em que 73% dos cientistas estão atuando nas instituições públicas e apenas 11% nas empresas privadas. 12 13 AS NORMAS DEFINIDORAS DA LEI DE INOVAÇÃO TECNOLÓFICA NO BRASIL O Brasil, com a entrada em vigor da Lei de Inovação Tecnológica (LIT), no início de dezembro de 2004, passou a contar com um novo instrumento de fomento à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação e ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento industrial do País. As definições conceituais que levam à compreensão das disposições normativas da LIT estão contidas no Intertítulo I do texto. O Intertítulo II cuida do estímulo à construção de um ambiente de inovação, trazendo os comandos permissivos para a interação profícua entre as entidades de pesquisa e a iniciativa privada. Destaca-se, em especial, a sinergia para viabilização de empresas emergentes, por meio do processo de incubação, e a colaboração com empresas consolidadas. O Intertítulo III está orientado para a geração de estímulos para a participação das entidades públicas de pesquisa no processo de inovação e preocupa-se em definir normas que permitam a transferência e o licenciamento de tecnologia das universidades e institutos de pesquisa públicos do País para o setor produtivo nacional. A Lei de Inovação Tecnológica busca promover e incentivar o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas de forma a viabilizar o desenvolvimento, conforme define os artigos 218 e 219 da Constituição Federal. O estímulo à inovação coloca no mercado produtos e serviços mais competitivos, gera emprego, renda e desenvolvimento. E uma das maneiras de ampliar essa gama de benefícios está nas incubadoras de empresas. Trata-se de um ambiente que proporciona a possibilidade de compartilhamento de infraestrutura, equipamentos e recursos humanos, públicos e privados, com as empresas nascentes. Nesse aspecto, a nova legislação pretende regularizar a situação das empresas privadas dentro das universidades e criar um sistema de incentivos fiscais para seu desenvolvimento, a começar pela contratação de pesquisadores e empresas sem licitação. Ao colocar a inovação como foco principal, a Lei de Inovação Tecnológica reconhece que não basta 14 para um país fazer tão-só C&T e P&D. É preciso transformá-los em novos produtos e processos ou melhorar o que já existe para que os produtos finais sejam desejados pelos mercados nacional e internacional. Observa-se que a Lei de Inovação Tecnológica está organizada em torno de três eixos: a constituição de ambiente propício a parcerias estratégicas entre as universidades, institutos tecnológicos e empresas; o estímulo à participação de instituições de ciência e tecnologia no processo de inovação; e o incentivo à inovação na empresa. Ela prevê autorizações para a incubação de empresas no espaço público e a possibilidade de compartilhamento de infra-estrutura, equipamentos e recursos humanos, públicos e privados, para o desenvolvimento tecnológico e a geração de processos e produtos inovadores. Também estabelece regras para que o pesquisador público possa desenvolver pesquisas aplicadas e incrementos tecnológicos. Seus principais mecanismos são: bolsa de estímulo à inovação e pagamento ao servidor público de adicional variável não-incorporável à remuneração permanente, ambos com recursos captados pela própria atividade; a participação nas receitas auferidas pela instituição de origem com o uso da propriedade intelectual e a licença não- remunerada para a constituição de empresa de base tecnológica. A Lei de Inovação Tecnológica também autoriza o aporte de recursos orçamentários diretamente à empresa, no âmbito de um projeto de inovação, sendo obrigatórias a contrapartida e a avaliação dos resultados. São ainda instrumentos desta lei a encomenda tecnológica, a participação estatal em sociedade de propósito específico e os fundos de investimentos. Para potencializar os instrumentos desta lei, o governo federal criou a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). A Agência, instalada será responsável pela execução e acompanhamento das políticas industrial, tecnológica e de comércio exterior do governo. A ABDI tem como função articular ações e estratégias da política industrial por meio do apoio ao desenvolvimento do processo de inovação e do fomento à competitividade do setor produtivo. É composta por 15 órgãos do Poder Executivo (ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, da Ciência e Tecnologia e Casa Civil, por exemplo), da sociedade civil (Sebrae, Apex-Brasil e Confederação Nacional da Indústria) e da iniciativa privada. Além disso, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) já está trabalhando em um projeto de lei criando regime fiscal favorável à inovação INOVAÇÃO TECNOLÓGICA O conceito de inovação foi definido por Schumpeter em seu livro “Teoria do Desenvolvimento Econômico” tendo como base cinco tipos distintos de inovação ou eventos que impulsionam o desenvolvimento econômico. O primeiro é a introdução de um novo bem, ou de uma nova qualidade de um bem como, por exemplo, a introdução de um novo produto para um mercado que não estivesse familiarizado com aquele tipo de produto. O segundo tipo de inovação é a introdução de um novo método de produção, que poderia ser exemplificado pela criação da linha de produção, que alterou a maneira como os produtos eram fabricados. O terceiro é representado pela abertura de um novo mercado, que pode ser entendida como a abertura de um mercado que ainda não havia sido explorado, tendo esse mercado existido antes ou não. O quarto tipo de inovação diz respeito à obtenção de uma nova fonte de matéria- prima, independente da prévia existência dessa fonte ou dela ter sido criada, como a descoberta de uma nova mina de minério de ferro. A quinta e última situação é a modificação da forma de organização de uma indústria como, por exemplo, a criação ou o desmantelamento de um monopólio (SCHUMPETER, 1985). Um ponto importante a ser observado no conceito de Schumpeter é que ele se refere basicamente a inovações radicais, ou seja, aquelas que produzem um grande impacto econômico, bem como foca suas investigações nos impactos que essas inovações causam no setor privado. Entretanto, devido à influência dos conceitos de 16 Schumpeter, seu modelo também foi utilizado para o estudo e análise de toda atividade e processo de inovação, inclusive no setor público (ANDREASSI, 2007). Após os conceitos explorados por Schumpeter terem se estabelecido, eles foram objeto de estudo de uma nova abordagem teórica sobre inovação. Os neoschumpeterianos, como ficaram conhecidos os estudiosos que levaram além os conceitos de Schumpeter, desenvolveram novas ideias sobre inovação, suas 17 categorias e dimensões. Entre estes teóricos podemos citar Tidd, Bessant e Pavitt que definem quatro tipos distintos de inovação. Os chamados 4 P’s da inovação são a inovação de produto, inovação de processo,inovação de posição e inovação de paradigma (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). O primeiro tipo de inovação é a de produto. Esse tipo de inovação refere-se a inovações nos produtos ou serviços que a empresa ou organização oferece. Podemos citar como exemplo desse tipo de inovação a introdução de um novo modelo de computador ou uma nova forma de garantia para eletro-eletrônicos (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). É definida, também, a inovação de processo, que diz respeito à forma em que o produto ou serviço é criado e entregue ao consumidor. Isso quer dizer que esse tipo de inovação está mais relacionado a como o produto ou serviço é feito ou entregue do que ao produto ou serviço em si. Temos que esse tipo de inovação ocorre quando, por exemplo, uma empresa de tecnologia disponibiliza seus produtos ao consumidor final de maneira direta, criando assim uma nova maneira de interação entre empresa e cliente, bem como uma nova forma de entrega do produto que já existia (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). A inovação de posição ocorre quando há uma mudança no contexto em que o produto ou serviço é introduzido. Um exemplo disso seria uma bebida que foi desenvolvida para pessoas com diabetes, que depois ficou conhecida e foi adotada como uma bebida para pessoas que gostariam de emagrecer (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). O último tipo de inovação definido por estes autores é a inovação de paradigma. Esse tipo de inovação se refere a uma mudança nos modelos mentais que orientam a atividade da organização. Essa inovação pode ser exemplificada pela introdução de carros populares no mercado, quando estes eram exclusividade de elites ou pela criação de linhas aéreas de baixo custo (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). 18 Além desses quatro tipos de inovações, os autores apresentam duas dimensões do processo de inovação. A primeira dela diz respeito à abrangência da mudança, indo desde o nível de componente até o nível de sistema. A outra dimensão diz respeito ao grau de novidade da mudança promovida, indo desde a inovação incremental até a inovação radical (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). Para esse trabalho será de fundamental importância o conhecimento sobre as inovações incrementais. De acordo com Schumpeter (1982, apud CARON, 2004, p. 25), a inovação é um conjunto de novas funções evolutivas que alteram os métodos de produção, criando novas formas de organização do trabalho e, ao produzir novas mercadorias, possibilitando a abertura de novos mercados mediante a criação de novos usos e consumos. Para Caron (2004, p. 25), “inovação é uma combinação de necessidades sociais e de demandas do mercado com os meios científicos e tecnológicos para resolvê-las”. Desse modo, no contexto da inovação tecnológica, o referido autor considera que esta “é entendida como a transformação do conhecimento em produtos, processos e serviços que possam ser colocados no mercado”. No entendimento de Mariano & Mayer (2008, p. 48): A inovação é compreendida como a criação de um produto ou processo novo. Mas isso pode significar, apenas, a substituição de um material mais barato num produto já existente ou um melhor meio de comercializar, distribuir ou fortalecer um produto ou serviço. (...) É a criação de valor, explorando alguma forma de transformação – seja em tecnologia, materiais, preços, tributação, demografia ou, até mesmo, geopolítica. Inovação Tecnológica, portanto, pode ser compreendida como as mudanças que envolvem suprimentos e sistemas tecnológicos originados da necessidade em expandir, diversificar e atender as novas demandas. 19 Apesar de a inovação tecnológica pressupor o uso de tecnologias e sistemas para sua aplicação, ressalta-se que o uso de tecnologias para inovar pode ter um amplo leque de entendimentos, principalmente pelo fato de que novas estratégias de mercado e implantação de novos procedimentos no âmbito da administração podem também ser consideradas como inovação tecnológica. Mariano & Mayer (2008) refletem que “o termo inovação tecnológica é usado de maneira ampla”. Não obstante os autores argumentam que: Os termos tecnológico e tecnologia referem-se também à forma utilizada para fazer as coisas. Portanto, quando mencionamos uma empresa que criou um método novo de vender seus produtos aos clientes, podemos dizer que esta empresa adotou uma inovação tecnológica. (MARIANO, 2008, p. 40). Silva (2010, p. 3) avalia que: A inovação também pode ser entendida como o desenvolvimento e a criação de novos produtos e/ou processos que estabeleçam melhorias e que se traduzam em benefícios para as organizações sejam essas públicas, privadas ou do terceiro setor. Pode-se considerar que as inovações tecnológicas são responsáveis por importantes mudanças ocorridas no ambiente de trabalho e também no ritmo de vida das pessoas. Pelas inovações tecnológicas modifica-se o processo produtivo das empresas, sua gestão, bem como, o interesse das pessoas por determinados produtos/serviços. Nessa perspectiva, segundo Silva et al. (2004, p.334): Quando as organizações inovam, elas não só processam informações, de fora para dentro, como o intuito de resolver os problemas existentes e de se adaptar ao ambiente em constante transformação: elas criam novos conhecimentos e informações, de dentro para fora, a fim de redefinir tanto os problemas quanto as soluções, e neste processo, recriar o seu meio. Isto é, induzem de fato mudança no seu ambiente. Silva et al. (2004) quando trata da administração moderna coloca a tecnologia da informação como sustentáculo desse alicerce. E logo adiante fala sobre a 20 importância dos administradores públicos estarem preparados para conviver em um mundo organizacional mais dependente da tecnologia. Onde a reciclagem para a incorporação de novos conhecimentos acerca de novas tecnologias e consequente convivência harmônica com as mudanças tem um imperioso papel para uma perfeita adaptação aos novos tempos. INOVAÇÃO INCREMENTAL A inovação incremental pode ser entendida como um processo de mudança que busca aperfeiçoar a inovação ou então como o processo de solucionar os problemas que ocorrem durante a implementação da inovação. Esse processo guarda um grande potencial, pois está se partindo de algo que já se tem um nível de conhecimento, diminuindo assim o nível de incerteza, mas mantendo o nível de inovação (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). O processo de inovação incremental está intimamente ligado ao incremento estável e constante dos produtos e processos, bem como ao uso dos conhecimentos acumulados. Um dos aspectos que mais chama a atenção na inovação incremental é que essa forma de inovação está intimamente relacionada à aprendizagem organizacional. Esse fato ocorre porque essa forma de inovar se faz presente para resolver e aperfeiçoar os processos que decorrem da implementação da inovação. Ao fazer isso, a organização acrescenta uma parcela de conhecimento novo à sua cultura organizacional (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA A inovação no âmbito da gestão pública visa ao fornecimento de melhores produtos e serviços ao cidadão (CUNHA; ANNENBERG; AGUNE, 2007). Como a inovação estudada neste trabalho baseia-se em uma nova maneira de a administração pública ofertar um serviço, é importante observar algumas teorias existentes sobre a inovação em serviços. 21 Segundo Gallouj (1998), existem três abordagens principais no que diz respeito à inovação em serviços: A abordagem tecnicista define que uma inovação no campo de serviços é uma consequência de outra inovação criada no âmbito da produção de bens de capital (BARRAS, 1986). Conforme essa abordagem, existem três estágios para a inovação em serviços. No primeiro, as inovações são incrementais, possibilitando uma melhoria na eficiência na prestação de serviços já existentes.O segundo estágio traria uma melhoria na qualidade do serviço. Somente no terceiro estágio surgiriam novos serviços. De acordo com essa abordagem, a inovação em serviços seria de natureza exógena, ou seja, proveniente de fora da organização. A abordagem baseada em serviços estabelece que a inovação tem origem na interação que existe entre o usuário e o fornecedor do serviço. Isso quer dizer que os fatores críticos para o sucesso de uma inovação, nessa perspectiva, são o grau de conhecimento e a capacidade de se relacionar dos atores (HAUKNES, 1998). A última abordagem é a integradora, que estabelece que a inovação, tanto em serviços quanto em bens, deve ser tratada da mesma maneira (HAUKNES, 1998). Nesse trabalho será adotada a abordagem integradora. No que diz respeito à inovação em serviços, existem quatro tipos de inovações verificadas. A primeira é a inovação de produto, que consiste na oferta de um novo produto ou serviço. A inovação em processo pode ser entendida como a modificação de processos internos relacionados à oferta de um serviço existente. Já as inovações de gestão se relacionam com a introdução de novas técnicas de gestão no ambiente da organização, alterando a maneira como as decisões são tomadas, os recursos alocados e outros aspectos relativos aos processos internos de gestão da organização. O último tipo é a inovação de modelo de negócio, onde a organização irá mudar a essência do seu negócio como, por exemplo, uma mudança na área de atuação (ANDREASSI, 2007). 22 GOVERNO ELETRÔNICO O governo eletrônico é uma inovação que, em seu primeiro estágio, pode ser entendida como uma inovação de produto, pois consiste na oferta de serviços ao cidadão por meio de uma tecnologia de informação. Na medida em que a nova maneira de oferecer os serviços ao cidadão começa a modificar os processos internos da organização, já pode ser identificada uma inovação em processo. Para abarcar a mudança nos processos internos, a organização começa a introduzir novas técnicas de gestão em seu ambiente interno, fato esse que corresponde a uma inovação de gestão. Diante de uma perspectiva temporal, após a consolidação do mercado eletrônico, o termo "governo eletrônico" passou a ser aplicado com mais frequência, bem como começou a ser usado para definir a utilização das Tecnologias de 23 Comunicação e Informação nos vários níveis de organizações públicas e ações governamentais. Tendo o foco em como o processo de informatização é estruturado, foram definidas quatro fases da história do governo eletrônico. A primeira foi o pioneirismo e durou entre 1950 até meados da década de 1960. Em seguida veio a centralização, compreendida entre meados dos anos 1960 até o final da década de 1970. A próxima fase foi a terceirização que ocorreu durante os anos 1980. Essa fase está intimamente ligada com as iniciativas de reforma e modernização do setor público que foram intensificadas com o esgotamento do modelo burocrático de gestão e do modo estatal de intervenção, bem como consequência da crise fiscal ocorrida nos anos 1980. Esse movimento, que também ficou conhecido como reforma da gestão pública, teve como objetivo a busca por excelência e a orientação de serviços ao cidadão. Para se alcançar esses objetivos foram aplicados, à administração pública, uma série de novos conceitos que consistem basicamente em vários componentes inter-relacionados e, principalmente, o uso da tecnologia como um fator preponderante para o alcance dos resultados de alto desempenho esperados. Esse uso da tecnologia como fator estruturador da reforma da gestão pública para a entrega de serviços orientados ao cidadão nos leva ao Governo Eletrônico propriamente dito, estabelecido a partir da década de 1990 (DINIZ, et al, 2009). No processo de implementação do Governo Eletrônico no cenário brasileiro, tendo por base o foco nas aplicações desenvolvidas, podem ser identificadas três fases: gestão interna (1970 a 1992); serviço e informações ao cidadão (1993 a 1998) e entrega de serviços via internet a partir de 1999 (DINIZ et al, 2009). É interessante destacar que, no caso do Brasil, houve um esforço governamental para a criação de políticas de informatização de serviços públicos, tendo inclusive promovido, por intermédio da ENAP, um curso de especialização em tecnologias da informação e comunicação destinado aos servidores públicos mais qualificados (COELHO, 2001). Com o advento das políticas de governo eletrônico, criam-se novos formas de organização para órgãos públicos que se encontram dispostos em dois eixos: o 24 primeiro diz respeito a uma integração horizontal, que promove economias de escala, bem como uma visão mais ampla das necessidades do cidadão. O segundo eixo aborda uma integração vertical que possibilita a criação e redes de valor entre as áreas e organizações envolvidas na prestação de serviços públicos (COELHO, 2001). Um ponto que chama a atenção na realidade do Brasil, no que diz respeito à implementação de estratégias de governo eletrônico é que, embora exista um grande esforço para a estruturação de iniciativas associadas ao modelo de governo eletrônico, ainda é possível observar uma série de deficiências relacionadas às necessidades essenciais para a implementação de uma infraestrutura tecnológica, bem como à padronização e integração entre as redes existentes. Outro aspecto importante é composto pela exclusão e analfabetismo digital, demonstrando a necessidade de se criar políticas para suprir essas dificuldades (COELHO, 2001). Neste trabalho será utilizado um modelo para a sistematização e análise da iniciativa de governo eletrônico escolhida. Esse modelo abrange os seguintes aspectos: etapas, atores envolvidos e fatores influenciadores da iniciativa de governo eletrônico (DINIZ et al, 2009). Esse modelo institui como etapas os seguintes passos: elaboração de política de e-gov; concepção de projetos de e-gov; implantação de projetos de e-gov; avaliação e controle e operação e manutenção de projetos de e- gov. Os atores definidos nesse modelo são a alta cúpula do governo, a alta cúpula local e a equipe técnica. Os fatores influenciadores, definidos pelos autores, constituem-se em aspectos políticos, aspectos institucionais e aspectos de implementação, sendo estes últimos descritos como as influências técnicas decorrentes das tecnologias de informação - TI, bem como do negócio da organização, ou seja, suas normas, valores e estrutura, como, por exemplo, a maneira como o projeto foi desenvolvido e sua complexidade relacionada à maneira que a organização é estruturada em conjunto com suas normas. Para os fins de realização desse trabalho, foram considerados como objeto de análise apenas as etapas de implantação dos projetos de e-gov, avaliação, controle e operação e manutenção do projeto de governo eletrônico. A pesquisa realizada para 25 alcançar os objetivos desse trabalho se ateve às etapas anteriormente delimitadas, bem como captura a percepção dos atores que trabalham de uma maneira mais direta com essas etapas. TEORIA DE ADOÇÃO DA TECNOLOGIA A Teoria de Adoção da Tecnologia, proposta por Fountain (2005), tem como interesse integrar a tecnologia da informação à maneira como as organizações são estudadas. De acordo com a proposta da autora, essa teoria torna mais aprofundado o conhecimento sobre como a política burocrática de uma organização pública é influenciada pela formação de redes e inovações tecnológicas. A teoria delineada é 26 focada no relacionamento que existe entre a tecnologia da informação, as organizações, o enraizamento e as instituições. A Teoria de Adoção da Tecnologia pretende demonstrar de que forma as estruturascognitivas, sociais, culturais e institucionais enraizadas nos agentes governamentais influenciam a percepção, a adoção e o desempenho de tecnologias, especialmente as tecnologias de comunicação e informação como estruturantes do Governo Eletrônico. Isso quer dizer que cada grupo de indivíduos irá perceber e utilizar de maneira distinta e subjetiva a tecnologia da informação, ou seja, as pessoas e organizações utilizam a tecnologia de acordo com a sua própria interpretação. Pode-se concluir, com isso, que os componentes materiais da tecnologia, como o hardware, são uma capacidade potencial de baixo valor para a organização até que algum agente bem treinado comece a utilizá-la. A autora traz três pressupostos teóricos fundamentais que demonstram e comprovam que a tecnologia que é efetivamente adotada difere da tecnologia objetiva, aquela que foi originalmente planejada (FOUNTAIN, 2005). O primeiro afirma a tendência de que as novas tecnologias sejam implantadas visando à reprodução e fortalecimento dos mecanismos socio estruturais já institucionalizados. Isso quer dizer que durante o processo de implementação da inovação, alguns atores irão procurar maneiras de utilizar a tecnologia envolvida na inovação para manter e reforçar esses mecanismos institucionalizados, mesmo que isso faça com que a tecnologia não seja utilizada da melhor maneira possível (FOUNTAIN, 2005). O segundo pressuposto é que os atores bem informados irão perseguir os seus próprios interesses quando da implantação da nova tecnologia, porém esses interesse estão relacionados às suas tarefas, suas redes de relacionamento e suas estruturas de incentivo (FOUNTAIN, 2005). 27 O último é o de que existe nos atores a tendência de adotar a nova tecnologia como uma maneira de fortalecer a história e a cultura encontradas nas normas e valores da organização (FOUNTAIN, 2005). Nas organizações do setor público, três aspectos relacionados à mudança tecnológica colaboraram para um aumento nos números de formação de redes entre os órgãos públicos. O primeiro é que houve um grande aumento na variedade e quantidade de tecnologias disponíveis para esses órgãos. Em segundo lugar, os órgãos não conseguem desenvolver competência em todos os campos tecnológicos. O último aspecto é que, como as mudanças são feitas e com a escassez de recursos financeiros, torna-se cada vez mais difícil para os órgãos estarem atualizados com todas as tecnologias disponíveis (FOUNTAIN, 2005). De acordo com a teoria proposta, a autora sugere cinco dimensões a serem analisadas para entender como tem ocorrido o processo de adoção e assimilação da nova tecnologia. A primeira é como a relação de autoridades dentro da organização afeta a adoção da nova tecnologia. Em seguida, deve-se analisar se os agentes públicos percebem a utilidade e a eficácia da nova tecnologia. A próxima dimensão é a observação de quais alterações em práticas mais significativas foram percebidas. A quarta dimensão é a alteração das normas, crenças e motivações da organização. A última dimensão diz respeito às novas habilidades e conhecimentos técnicos do usuário da tecnologia (FOUNTAIN, 2005). A Teoria de Adoção da Tecnologia pode ser utilizada para tratar uma diversidade de questões. Uma das possibilidades é analisar a variedade de redes existentes entre órgãos da administração pública federal. À medida que as inovações tecnológicas forem sendo incorporadas à infra-estrutura da gestão pública e que as lógicas institucionais, tecnológicas, sociais e políticas forem negociadas a partir de conflitos e consensos, o país começará a experimentar a realidade da construção de um Estado virtual (FOUNTAIN, 2005). 28 Outro aspecto importante relacionado com a Teoria de Adoção da Tecnologia diz respeito ao capital social. O capital social pode ser entendido como o resultado das relações produtivas e contínuas e seu reflexo na produtividade organizacional. Esse capital é formado pela confiança entre os atores de que um pode contar com o outro, pelas normas, que são como um contrato entre os membros, e pelas redes, que são o conjunto dos atores e suas relações (FOUNTAIN, 2005). 29 IMPACTOS DAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Da mesma forma que as inovações tecnológicas geram impactos positivos no setor privado, o mesmo ocorre também no setor público. Pode-se inclusive, avaliar que, no caso do setor público, quando as mudanças fomentam a qualidade nos serviços prestados, a percepção pelo cidadão ocorre em grande escala e consequentemente os resultados são amplamente propagados, uma vez que se atinge um número maior de pessoas, dada a característica peculiar da Administração Pública e de suas responsabilidades. Contudo, há de se observar que a incorporação de novas tecnologias por si só não é o bastante para obtenção de melhorias efetivas. A revisão dos conceitos, das estruturas e dos processos, são fundamentais para reformulação da gestão, e melhor adequação/utilização dos recursos existentes. De acordo com Ferrer (1998, p. 53) “(...) a tecnologia é um fator facilitador, acelerador, alavancador, e melhorador de processos, mas raramente determina algum processo econômico, político ou social”. A administração pública quando tem associação direta com a aplicação de tecnologias, que são meios de modernização da gestão pública, pode gerar serviços com maior valor agregado e menor custo. Ao implantar um sistema novo na internet, por exemplo, que visa permitir ao cidadão agendar data/hora do atendimento presencial, com orientações prévias 30 quanto a documentação necessária para obtenção do serviço desejado ou mesmo disponibilizar os serviços na própria internet, fica viabilizado um atendimento mais ágil e organizado, as filas diminuem e a satisfação aumenta. O órgão, por sua vez, pode remanejar parte dos servidores que trabalham no atendimento presencial, pois o volume de atendimento tende a diminuir com a disponibilização de serviços virtuais implementados através de sistemas parametrizados, bem como com os esclarecimentos prévios prestados nos site do órgão para realização do atendimento presencial. Com esta análise, reflete-se que a Administração Pública, ao investir em inovação e na aplicação de tecnologia de forma bem planejada, investe também na qualidade do serviço público prestado e no aperfeiçoamento do atendimento ao cidadão. Constata-se que qualidade e eficiência podem ser alcançadas pelo bom uso dos recursos tecnológicos, aliados a reformulação de processos e da estrutura administrativa. A finalidade maior da execução de uma atividade pública é oferecer à sociedade um serviço rápido, eficiente e com resultados positivos, que tragam retorno aos anseios sociais. A Administração Pública já sofreu importantes transformações. Mas, o grande desafio, é, realmente, tornar-se cada vez mais eficiente e seus agentes exercerem suas atribuições com mais compromisso e a sociedade ter seus anseios atendidos e respeitados. Os avanços tecnológicos encontram seu espaço certo quando bem dimensionados e estruturados, assim tornam-se grandes alavancadores nas boas práticas da gestão pública. No que concerne a inovação tecnológica no âmbito dos processos da Administração Pública, Silva (2010) expõe que as inovações podem ser percebidas 31 na gestão da administração pública em processos, sistemas e práticas dos gestores em criarem condições dos servidores prestarem serviços e/ou esclarecimentos à sociedade. Os impactos que as inovações tecnológicas geram à Administração pública podem ser positivos para ambos os lados: Estado e sociedade. Nos estudos de Ferrer e Lima (2007, p.27), encontramos a seguinte constatação: Assim,a “reestruturação” é um processo de mudança nas estruturas tradicionais da administração pública, que deve contemplar simultaneamente ações em duas frentes principais: uma é a criação de um ambiente com maiores incentivos à eficiência, a segunda parte da incorporação de tecnologia (principalmente Tecnologia da Informação) aos processos de governo. Sendo assim, acreditamos que o governo enfrenta duas grandes frentes para encarar os desafios criados por este novo cenário macro: a realização do conjunto de tarefas que correspondem à criação de uma base infra estrutural de inserção na Economia Digital para todos os atores sociais e a realização de transformações da estrutura burocrática para usufruir de todas as vantagens que a Economia Digital poderia trazer à máquina do Estado. Na revisão da literatura fica constatado que os princípios norteadores da Administração Pública buscam a prestação dos serviços com qualidade e eficiência. E a verificação de qualquer tipo de execução de atividade dentro de um órgão público tem que ter como base o atendimento a todos os princípios constitucionais que norteiam a administração pública, mencionados nesta seção. Desse modo, partindo da discussão sobre a inovação tecnológica no serviço público e dos impactos gerados com essa inovação, discute-se adiante sobre o Serviço de Administração da Câmara dos Deputados, objeto do presente trabalho de pesquisa. 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDREASSI, Tales. Gestão da Inovação Tecnológica. São Paulo: Thompson Learning, 2007. AGUIAR, A. C. Informação e atividades de desenvolvimento científico, tecnológico e industrial. Ciência da Informação, v. 20, n. 1, p. 7-15, 1991. BARRAS, Richard. Towards a theory of innovation in services. Research Policy. v.15. p. 161-173, 1986. 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