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APOSTILA INOVAÇÕES-E-SISTEMAS-TECNOLÓGICOS-DE-APOIO-À-GESTÃO-PÚBLICA

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INOVAÇÕES E SISTEMAS TECNOLÓGICOS DE 
APOIO 
 
 
 
2 
 
 
 
FACUMINAS 
 
A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um grupo 
de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade 
oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
Sumário 
 
 
FACUMINAS ............................................................................................................. 2 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4 
POLÍTICAS INDUSTRIAL E TECNOLÓGICA E A LEI DE INOVAÇÃO 
TECNOLÓGICA ........................................................................................................ 6 
FUNDAMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM MODELO TECNOLÓGICO ...... 
7 
A CONEXÃO ENTRE AS LEIS SOBRE INOVAÇÃO E PESQUISA DA FRANÇA E 
DO BRASIL ............................................................................................................... 9 
AS NORMAS DEFINIDORAS DA LEI DE INOVAÇÃO TECNOLÓFICA NO BRASIL 
............................................................................................................................. .... 11 
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA .................................................................................. 13 
GOVERNO ELETRÔNICO ...................................................................................... 19 
TEORIA DE ADOÇÃO DA TECNOLOGIA .............................................................. 22 
IMPACTOS DAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
............................................................................................................................. .... 25 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 28 
 
 
 
 
4 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 A tecnologia da informação para a gestão pública tem modificado a forma como o 
governo interage com a população. Além disso, ferramentas avançadas de 
gerenciamento permitem agilizar os processos do setor, aprimorar o uso dos recursos 
financeiros e facilitar a vida de gestores e servidores públicos. 
 Em uma economia sólida, a inovação tecnológica deve ser resultado de um ambiente 
que produz ciência de ponta e influencia direta e indiretamente o setor produtivo, 
especialmente por meio dos setores de pesquisa e desenvolvimento gerados no bojo 
das empresas. Verificamos, entretanto, que o modelo de desenvolvimento adotado no 
Brasil, nas últimas décadas, não criou condições e estímulos para que as empresas 
passassem a ter tais setores em suas estruturas. Essas distorções estão refletidas na 
produção científica do País, particularmente aquela proveniente das universidades 
públicas, que representam uma parcela significativa da produção nacional. Essa 
constatação nos permite argumentar que o Brasil é um país que produz ciência de 
fronteira, mas que não consegue interagir, em um nível adequado, com o setor 
produtivo. O resultado dessa baixa incorporação de tecnologia de ponta diretamente 
nos produtos torna-os pouco competitivos, tanto no mercado interno como no externo. 
Criar as condições para que o País consiga avançar de forma consistente no campo 
tecnológico é uma tarefa árdua, que exige, além da mudança institucional e 
econômica, também uma mudança cultural. Tornase perceptível, assim, que a mola 
propulsora para viabilizar o aumento da produção científica e tecnológica no País tem 
início com a criação de instrumentos reguladores dessa relação. 
 Apesar de a Constituição Federal do Brasil (CF, 1988) ter definido, em grandes linhas, 
o papel do Estado brasileiro nas diversas atividades, fortalecendo o Estado 
articulador, promotor e incentivador, na prática a ação do Estado em relação a C&T 
 
 
 
5 
ainda deixa muito a desejar (Caldas, 2001). Apenas nos últimos anos a ação 
estratégica começou a ser delineada, com a elaboração dos Planos Plurianuais e a 
construção de um plano estratégico para a ciência, a tecnologia e a inovação. Tendo 
como referência os preceitos constitucionais estabelecidos no artigo 218 da 
Constituição Federal, que estabelece que o Estado promoverá e incentivará o 
desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas, o Ministério da 
Ciência e Tecnologia (MCT) elaborou o -Projeto de Diretrizes Estratégicas para a 
Ciência, Tecnologia e Inovação em um Horizonte de 10 Anos - (DECTI). O projeto de 
DECTI/MCT foi estruturado em cinco grandes temas: No caminho do Futuro– focado 
em educação para a ciência e tecnologia e no avanço do conhecimento; Qualidade 
de Vida– focado no impacto do desenvolvimento científico e tecnológico sobre o 
cidadão e sobre o meio ambiente, com vistas à promoção de desenvolvimento 
sustentável; Desenvolvimento econômico– focado em C&T sob o ângulo econômico 
– produção de bens e serviços em uma sociedade marcada por sérias desigualdades 
regionais e sociais; Desafios Estratégicos – focado nos grandes programas de 
impacto para a próxima década, tais como a sociedade da informação e a 
biotecnologia, nos projetos mobilizadores nacionais e nas estratégias de exploração 
econômica das últimas fronteiras brasileiras; e Desafios Institucionais – focado nos 
desafios legais, institucionais e de organização a serem superados para que as metas 
propostas no projeto possam ser alcançadas. 
 É este último tema – desafios institucionais – que o presente trabalho irá abordar. 
Terá como preocupação analisar e aprofundar a discussão sobre a importância da 
construção de um arcabouço legal que contribua para uma maior integração entre o 
desenvolvimento científico e tecnológico e a produção de inovação. Nesse esforço, 
iremos utilizar como referência a Lei de Inovação Tecnológica (Lei Federal n.º 
10.973/2004), que dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e 
tecnológica no ambiente produtivo e dá outras providências. A referida lei tem como 
objetivo criar um ambiente propício para aumentar o envolvimento das empresas no 
desenvolvimento de projetos inovadores que levem a gerar novos produtos e 
processos. Busca-se, com ela, uma elevação do nível de parcerias entre empresas, 
 
 
 
6 
universidades e institutos científicos e tecnológicos para que ganhem força e 
estimulem o processo de inovação. 
 
 
 
 
POLÍTICAS INDUSTRIAL E TECNOLÓGICA E A LEI DE 
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA 
 O tema abordado aqui é significativamente amplo, complexo e polêmico, visto que 
existe uma parcela da comunidade científica que discorda da necessidade de que se 
tenha uma política de inovação tecnológica. A base de argumentação desse segmento 
da comunidade científica é de que deve prevalecer sempre a ampla liberdade do 
pesquisador de determinar o objeto e o escopo de suas pesquisas, ao passo que, ao 
poder público, fica o papel de financiamento das atividades de pesquisa. Aceitamos, 
neste artigo, que é relevante e necessária a existência de uma política nessaárea. 
 No debate sobre a construção de uma política industrial e tecnológica e de uma lei de 
inovação torna-se relevante fazer uma análise do Sistema de Ciência e Tecnologia do 
Brasil (SCTB). Assim, iremos adotar neste artigo, de maneira preferencial, uma 
abordagem funcionalista e sistêmica em que as organizações e relações foram, 
inicialmente, consideradas como instituições tipo-ideal weberianas, a fim de facilitar a 
identificação e o estudo dos elementos que formam esse complexo sistema. 
Levaremos em consideração também o conceito de racionalidade limitada de Herbert 
Simon (1959, 1965, 1978). Assim, partimos do pressuposto de que o SCTB, apesar 
de apoiar-se em uma base estrutural razoável, necessita ser fortalecido de várias 
maneiras para que possa ser ampliado, consolidado e garantido contra eventuais 
instabilidades no futuro. 
 
 
 
7 
 Sustenta Morgan (1980) que a abordagem funcionalista é essencialmente ortodoxa e 
que ela é “baseada na pressuposição de que a sociedade tem uma existência 
concreta e real, e um caráter sistêmico orientado para produzir um estado de coisas 
que sejam ordenadas e reguladas. Ao estabelecer a distinção entre estabilidade e 
mudança como aspectos específicos da ordem e do conflito, respectivamente, 
Dahrendorf (1959) alerta que não tem a intenção de afirmar que a teoria da ordem 
assume que a sociedade seja estática (Burrell e Morgan, 1979). Sua preocupação é 
mostrar como as teorias funcionais são essencialmente correlacionadas com os 
processos que servem para manter os padrões de um sistema como um todo. Nesse 
sentido, as teorias funcionalistas são consideradas como estáticas no sentido em que 
procuram explicar o status quo. Aguiar (1991), utilizando o método de análise 
funcional para descrever a ambiência de ciência e da tecnologia no Brasil, busca 
explicar como os elementos que compõem o sistema nacional procuram se estabilizar, 
se integrar e atuar harmonicamente. 
 
FUNDAMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM MODELO 
TECNOLÓGICO 
 A agressiva disputa pela apropriação da informação, do conhecimento e do 
desenvolvimento da inovação no mundo contemporâneo, decorrente do processo de 
globalização, conforme delineado nas conclusões do Livro Branco da Ciência, 
Tecnologia e Inovação (MCT, 2002), indica a necessidade de o Brasil construir um 
modelo de desenvolvimento tecnológico autônomo. Isso torna explícito que a Lei de 
Inovação Tecnológica, cujo teor deve refletir claramente que a geração de 
conhecimento e a formação de recursos humanos são funções da universidade, e que 
a inovação tecnológica ocorre no âmbito das empresas, se apresenta como um 
instrumento relevante para reduzir a dependência tecnológica do País. 
 Registre-se aqui que inovação tecnológica compreende a introdução de produtos ou 
processos tecnologicamente novos e melhorias significativas que tenham sido 
 
 
 
8 
implementadas em produtos e processos existentes. Considera-se uma inovação 
tecnológica de produto ou processo aquela que tenha sido implementada e introduzida 
no mercado – inovação de produto – ou utilizada no processo de produção – inovação 
de processo – (OCDE, Manual Oslo, p. 35). 
 A partir dessas observações, formula-se a seguinte pergunta: a Lei de Inovação 
Tecnológica – aceita como parte essencial do arcabouço institucional para fortalecer 
as áreas de pesquisa e da produção de conhecimento no Brasil – poderá fomentar 
adequadamente a criação de novos ambientes, propícios à geração e absorção de 
inovações, atuando como instrumento de apoio às políticas industrial e tecnológica do 
Brasil? 
 
 
 
9 
 Para responder essa indagação, parte-se do pressuposto de que o Brasil ainda não 
construiu um arcabouço institucional na área científico-tecnológica suficientemente 
consistente capaz de definir adequadamente quais são as atividades de pesquisa de 
real interesse tecnológico para o País. Assim, temos como propósito debater neste 
artigo, a partir das experiências de alguns países bem-sucedidos na implementação 
de políticas industrial e tecnológica, se a construção de um moderno arcabouço 
institucional na área de desenvolvimento científico e tecnológico, no qual deve estar 
incluída a questão da inovação, é essencial para o crescimento econômico do Brasil. 
A investigação, que é explicativa quanto aos fins e bibliográfica quanto aos meios, 
está apoiada em vários estudos e documentos, como, por exemplo, Dahlman e 
Frischtak (1990), Brisolla (1993), Azevedo (1994), Gibbons, Limonges et al. (1994), 
Cassiolato (1996), Pavitt (1991, 1998), Coutinho (1999), Coutinho e Ferraz (1994), 
Eber (2000), Schwartzman (2001), Matias-Pereira e Kruglianskas (2004), Matias-
Pereira, Kruglianskas e Marcelino (2005), Livro Branco da Ciência, Tecnologia e 
Inovação (MCT, 2002), 
Diretrizes de Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE/MDICE, 
2003), e na Lei de Inovação Tecnológica (Lei Federal n.º 10.973/2004). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
A CONEXÃO ENTRE AS LEIS SOBRE INOVAÇÃO E 
PESQUISA DA FRANÇA E DO BRASIL 
 Abordados os aspectos mais relevantes das políticas industrial e tecnológica dos 
países mencionados anteriormente (Matias-Pereira, 2005), torna-se possível iniciar a 
análise da relação e dos aspectos mais relevantes da Lei de Inovação e Pesquisa da 
França, Lei n.º 99-587, e da Lei de Inovação Tecnológica do Brasil, Lei Federal n.º 
10.973/2004. 
 A Lei de Inovação e Pesquisa da França, n.º 99-587, de 12 de julho de 1999, 
estabelece os procedimentos legais da relação público-privada, além de criar 
mecanismos que estimulem a inovação tecnológica no ambiente universitário. Tem 
como objetivo facilitar a transferência de pesquisa financiada pelo setor público para 
a indústria e a criação de empresas inovadoras. A experiência mostra que a utilização 
econômica dos resultados da pesquisa é um fator básico do dinamismo da economia, 
e o número de empresas criadas a cada ano utilizando os resultados de pesquisa 
financiada pelo setor público permanece demasiado baixo. São, entretanto, essas 
empresas que têm o mais forte potencial para crescimento. Observa-se que a citada 
Lei de Inovação e Pesquisa da França tem como propósito reverter essa tendência e 
proporcionar um contexto legal que fomente a criação de empresas inovadoras de 
tecnologia, sobretudo por parte de pessoas jovens, sejam pesquisadores, estudantes 
ou empregados. 
 Observa-se que a lei francesa está estruturada em quatro seções, que cuidam: da 
mobilidade dos pesquisadores em direção à indústria e às empresas; da cooperação 
entre estabelecimento de pesquisa do setor público e empresas; do quadro geral fiscal 
para empresas inovadoras; e do quadro geral jurídico para empresas inovadoras. A 
comparação do conteúdo da lei francesa indica que a esta influenciou decisivamente 
 
 
 
11 
o projeto de Lei de Inovação Tecnológica do Brasil. A similitude entre o teor da Lei de 
Inovação e Pesquisa da França e o texto do projeto de lei nacional é bastante evidente. 
 Por sua vez, a Lei de Inovação Tecnológica do Brasil está orientada para: a criação 
de um ambiente propício a parcerias estratégicas entre universidades, institutos 
tecnológicos e empresas; o estímulo à participação de instituições de ciência e 
tecnologia no processo de inovação; e o incentivo à inovação na empresa. Ela também 
possibilita autorizações para a incubação de empresas no espaço público e a 
possibilidade de compartilhamento de infra-estrutura, equipamentos e recursos 
humanos, públicos e privados, para o desenvolvimento tecnológico e a geração de 
processos e produtos inovadores. 
 Define, ainda, regras para que o pesquisador público possa desenvolver pesquisas 
aplicadas e incrementos tecnológicos. Para isso criou mecanismos como: a bolsa de 
estímulo à inovação e o pagamento ao servidor público de adicional variável não-
incorporável à remuneraçãopermanente, ambos com recursos captados pela própria 
atividade; a participação nas receitas auferidas pela instituição de origem com o uso 
da propriedade intelectual e a licença não-remunerada para a constituição de empresa 
de base tecnológica. Autoriza também o aporte de recursos orçamentários 
diretamente à empresa, no âmbito de um projeto de inovação, sendo obrigatórias a 
contrapartida e a avaliação dos resultados. São ainda instrumentos desta lei a 
encomenda tecnológica, a participação estatal em sociedade de propósito específico 
e os fundos de investimentos. Para o governo federal, a Lei de Inovação Tecnológica, 
ao estimular a inovação no setor produtivo, irá incentivar a emancipação tecnológica 
do País e mudar o quadro atual, em que 73% dos cientistas estão atuando nas 
instituições públicas e apenas 11% nas empresas privadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
 
13 
 
AS NORMAS DEFINIDORAS DA LEI DE INOVAÇÃO 
TECNOLÓFICA NO BRASIL 
 O Brasil, com a entrada em vigor da Lei de Inovação Tecnológica (LIT), no início de 
dezembro de 2004, passou a contar com um novo instrumento de fomento à inovação 
e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação 
e ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento industrial do País. As 
definições conceituais que levam à compreensão das disposições normativas da LIT 
estão contidas no Intertítulo I do texto. O Intertítulo II cuida do estímulo à construção 
de um ambiente de inovação, trazendo os comandos permissivos para a interação 
profícua entre as entidades de pesquisa e a iniciativa privada. Destaca-se, em 
especial, a sinergia para viabilização de empresas emergentes, por meio do processo 
de incubação, e a colaboração com empresas consolidadas. O Intertítulo III está 
orientado para a geração de estímulos para a participação das entidades públicas de 
pesquisa no processo de inovação e preocupa-se em definir normas que permitam a 
transferência e o licenciamento de tecnologia das universidades e institutos de 
pesquisa públicos do País para o setor produtivo nacional. 
 A Lei de Inovação Tecnológica busca promover e incentivar o desenvolvimento 
científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas de forma a viabilizar o 
desenvolvimento, conforme define os artigos 218 e 219 da Constituição Federal. O 
estímulo à inovação coloca no mercado produtos e serviços mais competitivos, gera 
emprego, renda e desenvolvimento. E uma das maneiras de ampliar essa gama de 
benefícios está nas incubadoras de empresas. Trata-se de um ambiente que 
proporciona a possibilidade de compartilhamento de infraestrutura, equipamentos e 
recursos humanos, públicos e privados, com as empresas nascentes. Nesse aspecto, 
a nova legislação pretende regularizar a situação das empresas privadas dentro das 
universidades e criar um sistema de incentivos fiscais para seu desenvolvimento, a 
começar pela contratação de pesquisadores e empresas sem licitação. Ao colocar a 
inovação como foco principal, a Lei de Inovação Tecnológica reconhece que não basta 
 
 
 
14 
para um país fazer tão-só C&T e P&D. É preciso transformá-los em novos produtos e 
processos ou melhorar o que já existe para que os produtos finais sejam desejados 
pelos mercados nacional e internacional. 
 Observa-se que a Lei de Inovação Tecnológica está organizada em torno de três 
eixos: a constituição de ambiente propício a parcerias estratégicas entre as 
universidades, institutos tecnológicos e empresas; o estímulo à participação de 
instituições de ciência e tecnologia no processo de inovação; e o incentivo à inovação 
na empresa. Ela prevê autorizações para a incubação de empresas no espaço público 
e a possibilidade de compartilhamento de infra-estrutura, equipamentos e recursos 
humanos, públicos e privados, para o desenvolvimento tecnológico e a geração de 
processos e produtos inovadores. Também estabelece regras para que o pesquisador 
público possa desenvolver pesquisas aplicadas e incrementos tecnológicos. Seus 
principais mecanismos são: bolsa de estímulo à inovação e pagamento ao servidor 
público de adicional variável não-incorporável à remuneração permanente, ambos 
com recursos captados pela própria atividade; a participação nas receitas auferidas 
pela instituição de origem com o uso da propriedade intelectual e a licença não-
remunerada para a constituição de empresa de base tecnológica. A Lei de Inovação 
Tecnológica também autoriza o aporte de recursos orçamentários diretamente à 
empresa, no âmbito de um projeto de inovação, sendo obrigatórias a contrapartida e 
a avaliação dos resultados. São ainda instrumentos desta lei a encomenda 
tecnológica, a participação estatal em sociedade de propósito específico e os fundos 
de investimentos. 
 Para potencializar os instrumentos desta lei, o governo federal criou a Agência 
Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). A Agência, instalada será 
responsável pela execução e acompanhamento das políticas industrial, tecnológica e 
de comércio exterior do governo. A ABDI tem como função articular ações e 
estratégias da política industrial por meio do apoio ao desenvolvimento do processo 
de inovação e do fomento à competitividade do setor produtivo. É composta por 
 
 
 
15 
órgãos do Poder Executivo (ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio 
Exterior, da Ciência e Tecnologia e Casa Civil, por exemplo), da sociedade civil 
(Sebrae, Apex-Brasil e Confederação Nacional da Indústria) e da iniciativa privada. 
Além disso, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) já está trabalhando em um 
projeto de lei criando regime fiscal favorável à inovação 
 
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA 
 O conceito de inovação foi definido por Schumpeter em seu livro “Teoria do 
Desenvolvimento Econômico” tendo como base cinco tipos distintos de inovação ou 
eventos que impulsionam o desenvolvimento econômico. O primeiro é a introdução de 
um novo bem, ou de uma nova qualidade de um bem como, por exemplo, a introdução 
de um novo produto para um mercado que não estivesse familiarizado com aquele 
tipo de produto. O segundo tipo de inovação é a introdução de um novo método de 
produção, que poderia ser exemplificado pela criação da linha de produção, que 
alterou a maneira como os produtos eram fabricados. O terceiro é representado pela 
abertura de um novo mercado, que pode ser entendida como a abertura de um 
mercado que ainda não havia sido explorado, tendo esse mercado existido antes ou 
não. O quarto tipo de inovação diz respeito à obtenção de uma nova fonte de matéria-
prima, independente da prévia existência dessa fonte ou dela ter sido criada, como a 
descoberta de uma nova mina de minério de ferro. A quinta e última situação é a 
modificação da forma de organização de uma indústria como, por exemplo, a criação 
ou o desmantelamento de um monopólio (SCHUMPETER, 1985). 
 Um ponto importante a ser observado no conceito de Schumpeter é que ele se refere 
basicamente a inovações radicais, ou seja, aquelas que produzem um grande impacto 
econômico, bem como foca suas investigações nos impactos que essas inovações 
causam no setor privado. Entretanto, devido à influência dos conceitos de 
 
 
 
16 
Schumpeter, seu modelo também foi utilizado para o estudo e análise de toda 
atividade e processo de inovação, inclusive no setor público (ANDREASSI, 2007). 
 Após os conceitos explorados por Schumpeter terem se estabelecido, eles foram 
objeto de estudo de uma nova abordagem teórica sobre inovação. Os 
neoschumpeterianos, como ficaram conhecidos os estudiosos que levaram além os 
conceitos de Schumpeter, desenvolveram novas ideias sobre inovação, suas 
 
 
 
17 
categorias e dimensões. Entre estes teóricos podemos citar Tidd, Bessant e Pavitt que 
definem quatro tipos distintos de inovação. Os chamados 4 P’s da inovação são a 
inovação de produto, inovação de processo,inovação de posição e inovação de 
paradigma (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). 
 O primeiro tipo de inovação é a de produto. Esse tipo de inovação refere-se a 
inovações nos produtos ou serviços que a empresa ou organização oferece. Podemos 
citar como exemplo desse tipo de inovação a introdução de um novo modelo de 
computador ou uma nova forma de garantia para eletro-eletrônicos (TIDD; BESSANT; 
PAVITT, 2008). 
 É definida, também, a inovação de processo, que diz respeito à forma em que o 
produto ou serviço é criado e entregue ao consumidor. Isso quer dizer que esse tipo 
de inovação está mais relacionado a como o produto ou serviço é feito ou entregue do 
que ao produto ou serviço em si. Temos que esse tipo de inovação ocorre quando, 
por exemplo, uma empresa de tecnologia disponibiliza seus produtos ao consumidor 
final de maneira direta, criando assim uma nova maneira de interação entre empresa 
e cliente, bem como uma nova forma de entrega do produto que já existia (TIDD; 
BESSANT; PAVITT, 2008). 
A inovação de posição ocorre quando há uma mudança no contexto em que o 
produto ou serviço é introduzido. Um exemplo disso seria uma bebida que foi 
desenvolvida para pessoas com diabetes, que depois ficou conhecida e foi adotada 
como uma bebida para pessoas que gostariam de emagrecer (TIDD; BESSANT; 
PAVITT, 2008). 
O último tipo de inovação definido por estes autores é a inovação de paradigma. 
Esse tipo de inovação se refere a uma mudança nos modelos mentais que orientam a 
atividade da organização. Essa inovação pode ser exemplificada pela introdução de 
carros populares no mercado, quando estes eram exclusividade de elites ou pela 
criação de linhas aéreas de baixo custo (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). 
 
 
 
18 
Além desses quatro tipos de inovações, os autores apresentam duas 
dimensões do processo de inovação. A primeira dela diz respeito à abrangência da 
mudança, indo desde o nível de componente até o nível de sistema. A outra dimensão 
diz respeito ao grau de novidade da mudança promovida, indo desde a inovação 
incremental até a inovação radical (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). Para esse 
trabalho será de fundamental importância o conhecimento sobre as inovações 
incrementais. 
De acordo com Schumpeter (1982, apud CARON, 2004, p. 25), a inovação é 
um conjunto de novas funções evolutivas que alteram os métodos de produção, 
criando novas formas de organização do trabalho e, ao produzir novas mercadorias, 
possibilitando a abertura de novos mercados mediante a criação de novos usos e 
consumos. 
 Para Caron (2004, p. 25), “inovação é uma combinação de necessidades 
sociais e de demandas do mercado com os meios científicos e tecnológicos para 
resolvê-las”. Desse modo, no contexto da inovação tecnológica, o referido autor 
considera que esta “é entendida como a transformação do conhecimento em produtos, 
processos e serviços que possam ser colocados no mercado”. 
No entendimento de Mariano & Mayer (2008, p. 48): A inovação é 
compreendida como a criação de um produto ou processo novo. Mas isso pode 
significar, apenas, a substituição de um material mais barato num produto já existente 
ou um melhor meio de comercializar, distribuir ou fortalecer um produto ou serviço. 
(...) É a criação de valor, explorando alguma forma de transformação – seja em 
tecnologia, materiais, preços, tributação, demografia ou, até mesmo, geopolítica. 
Inovação Tecnológica, portanto, pode ser compreendida como as mudanças 
que envolvem suprimentos e sistemas tecnológicos originados da necessidade em 
expandir, diversificar e atender as novas demandas. 
 
 
 
19 
Apesar de a inovação tecnológica pressupor o uso de tecnologias e sistemas 
para sua aplicação, ressalta-se que o uso de tecnologias para inovar pode ter um 
amplo leque de entendimentos, principalmente pelo fato de que novas estratégias de 
mercado e implantação de novos procedimentos no âmbito da administração podem 
também ser consideradas como inovação tecnológica. 
Mariano & Mayer (2008) refletem que “o termo inovação tecnológica é usado 
de maneira ampla”. Não obstante os autores argumentam que: Os termos tecnológico 
e tecnologia referem-se também à forma utilizada para fazer as coisas. 
Portanto, quando mencionamos uma empresa que criou um método novo de vender 
seus produtos aos clientes, podemos dizer que esta empresa adotou uma inovação 
tecnológica. (MARIANO, 2008, p. 40). 
Silva (2010, p. 3) avalia que: A inovação também pode ser entendida como o 
desenvolvimento e a criação de novos produtos e/ou processos que estabeleçam 
melhorias e que se traduzam em benefícios para as organizações sejam essas 
públicas, privadas ou do terceiro setor. 
Pode-se considerar que as inovações tecnológicas são responsáveis por 
importantes mudanças ocorridas no ambiente de trabalho e também no ritmo de vida 
das pessoas. Pelas inovações tecnológicas modifica-se o processo produtivo das 
empresas, sua gestão, bem como, o interesse das pessoas por determinados 
produtos/serviços. 
Nessa perspectiva, segundo Silva et al. (2004, p.334): Quando as organizações 
inovam, elas não só processam informações, de fora para dentro, como o intuito de 
resolver os problemas existentes e de se adaptar ao ambiente em constante 
transformação: elas criam novos conhecimentos e informações, de dentro para fora, 
a fim de redefinir tanto os problemas quanto as soluções, e neste processo, recriar o 
seu meio. Isto é, induzem de fato mudança no seu ambiente. 
Silva et al. (2004) quando trata da administração moderna coloca a tecnologia 
da informação como sustentáculo desse alicerce. E logo adiante fala sobre a 
 
 
 
20 
importância dos administradores públicos estarem preparados para conviver em um 
mundo organizacional mais dependente da tecnologia. Onde a reciclagem para a 
incorporação de novos conhecimentos acerca de novas tecnologias e consequente 
convivência harmônica com as mudanças tem um imperioso papel para uma perfeita 
adaptação aos novos tempos. 
INOVAÇÃO INCREMENTAL 
 A inovação incremental pode ser entendida como um processo de mudança que 
busca aperfeiçoar a inovação ou então como o processo de solucionar os problemas 
que ocorrem durante a implementação da inovação. Esse processo guarda um grande 
potencial, pois está se partindo de algo que já se tem um nível de conhecimento, 
diminuindo assim o nível de incerteza, mas mantendo o nível de inovação (TIDD; 
BESSANT; PAVITT, 2008). 
 O processo de inovação incremental está intimamente ligado ao incremento estável 
e constante dos produtos e processos, bem como ao uso dos conhecimentos 
acumulados. Um dos aspectos que mais chama a atenção na inovação incremental é 
que essa forma de inovação está intimamente relacionada à aprendizagem 
organizacional. Esse fato ocorre porque essa forma de inovar se faz presente para 
resolver e aperfeiçoar os processos que decorrem da implementação da inovação. Ao 
fazer isso, a organização acrescenta uma parcela de conhecimento novo à sua cultura 
organizacional (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). 
INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 
 A inovação no âmbito da gestão pública visa ao fornecimento de melhores produtos 
e serviços ao cidadão (CUNHA; ANNENBERG; AGUNE, 2007). Como a inovação 
estudada neste trabalho baseia-se em uma nova maneira de a administração pública 
ofertar um serviço, é importante observar algumas teorias existentes sobre a inovação 
em serviços. 
 
 
 
21 
Segundo Gallouj (1998), existem três abordagens principais no que diz respeito 
à inovação em serviços: A abordagem tecnicista define que uma inovação no campo 
de serviços é uma consequência de outra inovação criada no âmbito da produção de 
bens de capital (BARRAS, 1986). Conforme essa abordagem, existem três estágios 
para a inovação em serviços. No primeiro, as inovações são incrementais, 
possibilitando uma melhoria na eficiência na prestação de serviços já existentes.O 
segundo estágio traria uma melhoria na qualidade do serviço. Somente no terceiro 
estágio surgiriam novos serviços. De acordo com essa abordagem, a inovação em 
serviços seria de natureza exógena, ou seja, proveniente de fora da organização. A 
abordagem baseada em serviços estabelece que a inovação tem origem na interação 
que existe entre o usuário e o fornecedor do serviço. Isso quer dizer que os fatores 
críticos para o sucesso de uma inovação, nessa perspectiva, são o grau de 
conhecimento e a capacidade de se relacionar dos atores (HAUKNES, 1998). A última 
abordagem é a integradora, que estabelece que a inovação, tanto em serviços quanto 
em bens, deve ser tratada da mesma maneira (HAUKNES, 1998). Nesse trabalho será 
adotada a abordagem integradora. 
No que diz respeito à inovação em serviços, existem quatro tipos de inovações 
verificadas. A primeira é a inovação de produto, que consiste na oferta de um novo 
produto ou serviço. A inovação em processo pode ser entendida como a modificação 
de processos internos relacionados à oferta de um serviço existente. Já as inovações 
de gestão se relacionam com a introdução de novas técnicas de gestão no ambiente 
da organização, alterando a maneira como as decisões são tomadas, os recursos 
alocados e outros aspectos relativos aos processos internos de gestão da 
organização. O último tipo é a inovação de modelo de negócio, onde a organização 
irá mudar a essência do seu negócio como, por exemplo, uma mudança na área de 
atuação (ANDREASSI, 2007). 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOVERNO ELETRÔNICO 
 O governo eletrônico é uma inovação que, em seu primeiro estágio, pode ser 
entendida como uma inovação de produto, pois consiste na oferta de serviços ao 
cidadão por meio de uma tecnologia de informação. Na medida em que a nova 
maneira de oferecer os serviços ao cidadão começa a modificar os processos internos 
da organização, já pode ser identificada uma inovação em processo. Para abarcar a 
mudança nos processos internos, a organização começa a introduzir novas técnicas 
de gestão em seu ambiente interno, fato esse que corresponde a uma inovação de 
gestão. 
Diante de uma perspectiva temporal, após a consolidação do mercado 
eletrônico, o termo "governo eletrônico" passou a ser aplicado com mais frequência, 
bem como começou a ser usado para definir a utilização das Tecnologias de 
 
 
 
23 
Comunicação e Informação nos vários níveis de organizações públicas e ações 
governamentais. Tendo o foco em como o processo de informatização é estruturado, 
foram definidas quatro fases da história do governo eletrônico. A primeira foi o 
pioneirismo e durou entre 1950 até meados da década de 1960. Em seguida veio a 
centralização, compreendida entre meados dos anos 1960 até o final da década de 
1970. 
A próxima fase foi a terceirização que ocorreu durante os anos 1980. Essa fase 
está intimamente ligada com as iniciativas de reforma e modernização do setor público 
que foram intensificadas com o esgotamento do modelo burocrático de gestão e do 
modo estatal de intervenção, bem como consequência da crise fiscal ocorrida nos 
anos 1980. Esse movimento, que também ficou conhecido como reforma da gestão 
pública, teve como objetivo a busca por excelência e a orientação de serviços ao 
cidadão. Para se alcançar esses objetivos foram aplicados, à administração pública, 
uma série de novos conceitos que consistem basicamente em vários componentes 
inter-relacionados e, principalmente, o uso da tecnologia como um fator preponderante 
para o alcance dos resultados de alto desempenho esperados. Esse uso da tecnologia 
como fator estruturador da reforma da gestão pública para a entrega de serviços 
orientados ao cidadão nos leva ao Governo Eletrônico propriamente dito, estabelecido 
a partir da década de 1990 (DINIZ, et al, 2009). 
No processo de implementação do Governo Eletrônico no cenário brasileiro, 
tendo por base o foco nas aplicações desenvolvidas, podem ser identificadas três 
fases: gestão interna (1970 a 1992); serviço e informações ao cidadão (1993 a 1998) 
e entrega de serviços via internet a partir de 1999 (DINIZ et al, 2009). É interessante 
destacar que, no caso do Brasil, houve um esforço governamental para a criação de 
políticas de informatização de serviços públicos, tendo inclusive promovido, por 
intermédio da ENAP, um curso de especialização em tecnologias da informação e 
comunicação destinado aos servidores públicos mais qualificados (COELHO, 2001). 
Com o advento das políticas de governo eletrônico, criam-se novos formas de 
organização para órgãos públicos que se encontram dispostos em dois eixos: o 
 
 
 
24 
primeiro diz respeito a uma integração horizontal, que promove economias de escala, 
bem como uma visão mais ampla das necessidades do cidadão. O segundo eixo 
aborda uma integração vertical que possibilita a criação e redes de valor entre as áreas 
e organizações envolvidas na prestação de serviços públicos (COELHO, 2001). 
Um ponto que chama a atenção na realidade do Brasil, no que diz respeito à 
implementação de estratégias de governo eletrônico é que, embora exista um grande 
esforço para a estruturação de iniciativas associadas ao modelo de governo eletrônico, 
ainda é possível observar uma série de deficiências relacionadas às necessidades 
essenciais para a implementação de uma infraestrutura tecnológica, bem como à 
padronização e integração entre as redes existentes. Outro aspecto importante é 
composto pela exclusão e analfabetismo digital, demonstrando a necessidade de se 
criar políticas para suprir essas dificuldades (COELHO, 2001). 
Neste trabalho será utilizado um modelo para a sistematização e análise da 
iniciativa de governo eletrônico escolhida. Esse modelo abrange os seguintes 
aspectos: etapas, atores envolvidos e fatores influenciadores da iniciativa de governo 
eletrônico (DINIZ et al, 2009). Esse modelo institui como etapas os seguintes passos: 
elaboração de política de e-gov; concepção de projetos de e-gov; implantação de 
projetos de e-gov; avaliação e controle e operação e manutenção de projetos de e-
gov. Os atores definidos nesse modelo são a alta cúpula do governo, a alta cúpula 
local e a equipe técnica. Os fatores influenciadores, definidos pelos autores, 
constituem-se em aspectos políticos, aspectos institucionais e aspectos de 
implementação, sendo estes últimos descritos como as influências técnicas 
decorrentes das tecnologias de informação - TI, bem como do negócio da organização, 
ou seja, suas normas, valores e estrutura, como, por exemplo, a maneira como o 
projeto foi desenvolvido e sua complexidade relacionada à maneira que a organização 
é estruturada em conjunto com suas normas. 
Para os fins de realização desse trabalho, foram considerados como objeto de 
análise apenas as etapas de implantação dos projetos de e-gov, avaliação, controle e 
operação e manutenção do projeto de governo eletrônico. A pesquisa realizada para 
 
 
 
25 
alcançar os objetivos desse trabalho se ateve às etapas anteriormente delimitadas, 
bem como captura a percepção dos atores que trabalham de uma maneira mais direta 
com essas etapas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEORIA DE ADOÇÃO DA TECNOLOGIA 
 A Teoria de Adoção da Tecnologia, proposta por Fountain (2005), tem como interesse 
integrar a tecnologia da informação à maneira como as organizações são estudadas. 
De acordo com a proposta da autora, essa teoria torna mais aprofundado o 
conhecimento sobre como a política burocrática de uma organização pública é 
influenciada pela formação de redes e inovações tecnológicas. A teoria delineada é 
 
 
 
26 
focada no relacionamento que existe entre a tecnologia da informação, as 
organizações, o enraizamento e as instituições. A Teoria de Adoção da Tecnologia 
pretende demonstrar de que forma as estruturascognitivas, sociais, culturais e 
institucionais enraizadas nos agentes governamentais influenciam a percepção, a 
adoção e o desempenho de tecnologias, especialmente as tecnologias de 
comunicação e informação como estruturantes do Governo Eletrônico. Isso quer dizer 
que cada grupo de indivíduos irá perceber e utilizar de maneira distinta e subjetiva a 
tecnologia da informação, ou seja, as pessoas e organizações utilizam a tecnologia 
de acordo com a sua própria interpretação. Pode-se concluir, com isso, que os 
componentes materiais da tecnologia, como o hardware, são uma capacidade 
potencial de baixo valor para a organização até que algum agente bem treinado 
comece a utilizá-la. 
A autora traz três pressupostos teóricos fundamentais que demonstram e 
comprovam que a tecnologia que é efetivamente adotada difere da tecnologia objetiva, 
aquela que foi originalmente planejada (FOUNTAIN, 2005). 
O primeiro afirma a tendência de que as novas tecnologias sejam implantadas 
visando à reprodução e fortalecimento dos mecanismos socio estruturais já 
institucionalizados. Isso quer dizer que durante o processo de implementação da 
inovação, alguns atores irão procurar maneiras de utilizar a tecnologia envolvida na 
inovação para manter e reforçar esses mecanismos institucionalizados, mesmo que 
isso faça com que a tecnologia não seja utilizada da melhor maneira possível 
(FOUNTAIN, 2005). 
O segundo pressuposto é que os atores bem informados irão perseguir os seus 
próprios interesses quando da implantação da nova tecnologia, porém esses interesse 
estão relacionados às suas tarefas, suas redes de relacionamento e suas estruturas 
de incentivo (FOUNTAIN, 2005). 
 
 
 
27 
O último é o de que existe nos atores a tendência de adotar a nova tecnologia 
como uma maneira de fortalecer a história e a cultura encontradas nas normas e 
valores da organização (FOUNTAIN, 2005). 
Nas organizações do setor público, três aspectos relacionados à mudança 
tecnológica colaboraram para um aumento nos números de formação de redes entre 
os órgãos públicos. O primeiro é que houve um grande aumento na variedade e 
quantidade de tecnologias disponíveis para esses órgãos. Em segundo lugar, os 
órgãos não conseguem desenvolver competência em todos os campos tecnológicos. 
O último aspecto é que, como as mudanças são feitas e com a escassez de recursos 
financeiros, torna-se cada vez mais difícil para os órgãos estarem atualizados com 
todas as tecnologias disponíveis (FOUNTAIN, 2005). 
De acordo com a teoria proposta, a autora sugere cinco dimensões a serem 
analisadas para entender como tem ocorrido o processo de adoção e assimilação da 
nova tecnologia. A primeira é como a relação de autoridades dentro da organização 
afeta a adoção da nova tecnologia. Em seguida, deve-se analisar se os agentes 
públicos percebem a utilidade e a eficácia da nova tecnologia. A próxima dimensão é 
a observação de quais alterações em práticas mais significativas foram percebidas. A 
quarta dimensão é a alteração das normas, crenças e motivações da organização. A 
última dimensão diz respeito às novas habilidades e conhecimentos técnicos do 
usuário da tecnologia (FOUNTAIN, 2005). 
A Teoria de Adoção da Tecnologia pode ser utilizada para tratar uma 
diversidade de questões. Uma das possibilidades é analisar a variedade de redes 
existentes entre órgãos da administração pública federal. À medida que as inovações 
tecnológicas forem sendo incorporadas à infra-estrutura da gestão pública e que as 
lógicas institucionais, tecnológicas, sociais e políticas forem negociadas a partir de 
conflitos e consensos, o país começará a experimentar a realidade da construção de 
um Estado virtual (FOUNTAIN, 2005). 
 
 
 
28 
Outro aspecto importante relacionado com a Teoria de Adoção da Tecnologia 
diz respeito ao capital social. O capital social pode ser entendido como o resultado das 
relações produtivas e contínuas e seu reflexo na produtividade organizacional. Esse 
capital é formado pela confiança entre os atores de que um pode contar com o outro, 
pelas normas, que são como um contrato entre os membros, e pelas redes, que são 
o conjunto dos atores e suas relações (FOUNTAIN, 2005). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
 
 
IMPACTOS DAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NA 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 Da mesma forma que as inovações tecnológicas geram impactos positivos no setor 
privado, o mesmo ocorre também no setor público. Pode-se inclusive, avaliar que, no 
caso do setor público, quando as mudanças fomentam a qualidade nos serviços 
prestados, a percepção pelo cidadão ocorre em grande escala e consequentemente 
os resultados são amplamente propagados, uma vez que se atinge um número maior 
de pessoas, dada a característica peculiar da Administração Pública e de suas 
responsabilidades. 
 Contudo, há de se observar que a incorporação de novas tecnologias por si só 
não é o bastante para obtenção de melhorias efetivas. A revisão dos conceitos, das 
estruturas e dos processos, são fundamentais para reformulação da gestão, e melhor 
adequação/utilização dos recursos existentes. 
De acordo com Ferrer (1998, p. 53) “(...) a tecnologia é um fator facilitador, 
acelerador, alavancador, e melhorador de processos, mas raramente determina algum 
processo econômico, político ou social”. 
A administração pública quando tem associação direta com a aplicação de 
tecnologias, que são meios de modernização da gestão pública, pode gerar serviços 
com maior valor agregado e menor custo. 
 Ao implantar um sistema novo na internet, por exemplo, que visa permitir ao 
cidadão agendar data/hora do atendimento presencial, com orientações prévias 
 
 
 
30 
quanto a documentação necessária para obtenção do serviço desejado ou mesmo 
disponibilizar os serviços na própria internet, fica viabilizado um atendimento mais ágil 
e organizado, as filas diminuem e a satisfação aumenta. O órgão, por sua vez, pode 
remanejar parte dos servidores que trabalham no atendimento presencial, pois o 
volume de atendimento tende a diminuir com a disponibilização de serviços virtuais 
implementados através de sistemas parametrizados, bem como com os 
esclarecimentos prévios prestados nos site do órgão para realização do atendimento 
presencial. 
Com esta análise, reflete-se que a Administração Pública, ao investir em 
inovação e na aplicação de tecnologia de forma bem planejada, investe também na 
qualidade do serviço público prestado e no aperfeiçoamento do atendimento ao 
cidadão. 
Constata-se que qualidade e eficiência podem ser alcançadas pelo bom uso 
dos recursos tecnológicos, aliados a reformulação de processos e da estrutura 
administrativa. 
 A finalidade maior da execução de uma atividade pública é oferecer à 
sociedade um serviço rápido, eficiente e com resultados positivos, que tragam retorno 
aos anseios sociais. 
A Administração Pública já sofreu importantes transformações. Mas, o grande 
desafio, é, realmente, tornar-se cada vez mais eficiente e seus agentes exercerem 
suas atribuições com mais compromisso e a sociedade ter seus anseios atendidos e 
respeitados. 
Os avanços tecnológicos encontram seu espaço certo quando bem 
dimensionados e estruturados, assim tornam-se grandes alavancadores nas boas 
práticas da gestão pública. 
No que concerne a inovação tecnológica no âmbito dos processos da 
Administração Pública, Silva (2010) expõe que as inovações podem ser percebidas 
 
 
 
31 
na gestão da administração pública em processos, sistemas e práticas dos gestores 
em criarem condições dos servidores prestarem serviços e/ou esclarecimentos à 
sociedade. Os impactos que as inovações tecnológicas geram à Administração 
pública podem ser positivos para ambos os lados: Estado e sociedade. 
Nos estudos de Ferrer e Lima (2007, p.27), encontramos a seguinte 
constatação: Assim,a “reestruturação” é um processo de mudança nas estruturas 
tradicionais da administração pública, que deve contemplar simultaneamente ações 
em duas frentes principais: uma é a criação de um ambiente com maiores incentivos 
à eficiência, a segunda parte da incorporação de tecnologia (principalmente 
Tecnologia da Informação) aos processos de governo. Sendo assim, acreditamos que 
o governo enfrenta duas grandes frentes para encarar os desafios criados por este 
novo cenário macro: a realização do conjunto de tarefas que correspondem à criação 
de uma base infra estrutural de inserção na Economia Digital para todos os atores 
sociais e a realização de transformações da estrutura burocrática para usufruir de 
todas as vantagens que a Economia Digital poderia trazer à máquina do Estado. 
Na revisão da literatura fica constatado que os princípios norteadores da 
Administração Pública buscam a prestação dos serviços com qualidade e eficiência. 
E a verificação de qualquer tipo de execução de atividade dentro de um órgão público 
tem que ter como base o atendimento a todos os princípios constitucionais que 
norteiam a administração pública, mencionados nesta seção. 
Desse modo, partindo da discussão sobre a inovação tecnológica no serviço 
público e dos impactos gerados com essa inovação, discute-se adiante sobre o 
Serviço de Administração da Câmara dos Deputados, objeto do presente trabalho de 
pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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