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1 PERÍCIA E AUDITORIA AMBIENTAL COMPULSÓRIA 1 Sumário FACUMINAS ............................................. Erro! Indicador não definido. 1. INTRODUÇÃO ................................................................................ 3 2. PERÍCIA AMBIENTAL .................................................................... 6 2.1. MEIO AMBIENTE ........................................................................ 7 2.2. DEFINIÇÕES BÁSICAS SOBRE PERÍCIA AMBIENTAL E AS SUAS INOVAÇÕES NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ................................ 7 2.2.1. DANO MATERIAL ..................................................................... 10 2.2.2. LEIS DE CRIMES AMBIENTAIS ............................................... 13 2.2.3. CRIMES AMBIENTAIS .............................................................. 13 2.3. OS PROBLEMAS ENFRENTADOS NA PERÍCIA ..................... 16 2.4. A PERÍCIA AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO NA SOLUÇÃO DE CRIMES AMBIENTAIS ............................................................................... 17 3. AUDITORIA AMBIENTAL ............................................................. 19 3.1. HISTÓRICO DA AUDITORIA AMBIENTAL ............................... 19 3.2. CONCEITO E TIPOS DE AUDITORIA AMBIENTAL ................. 21 3.3. AUDITORIA AMBIENTAL COMPULSÓRIA .............................. 24 3.4. PRINCÍPIOS APLICADOS À AUDITORIA AMBIENTAL COMPULSÓRIA ............................................................................................... 25 3.4.1. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO ................................................... 25 3.4.2. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO ............................................... 28 3.4.3. PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO AMBIENTAL ............................ 30 3.4.4. PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .......... 31 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................. 35 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 1. INTRODUÇÃO O modelo atual de desenvolvimento econômico torna-se cada dia mais insustentável, comprometendo assim o equilíbrio ecológico do planeta e por sua vez a qualidade de vida de todos os seres humanos. Devido ao aumento do consumo, estimula-se o consumismo exacerbado, tornando-se insustentável a sobrevivência com qualidade dos seres humanos. A partir da década de 70, surgem as Auditorias e Perícias nos Estados Unidos e Inglaterra, sendo que hoje seu emprego é muito aplicado na América do Norte principalmente nos Estados Unidos e Canadá como ferramentas instrutivas preventivas ou corretivas. No Brasil somente após a criação da Lei nº 9.605/98 que trata sobre os crimes ambientais houve uma preocupação com sua aplicabilidade; com essa novidade a legislação ambiental brasileira passou então a contar com instrumento importantíssimo na preservação ambiental, através da responsabilização e aplicação de sanções sejam eles penais ou administrativas, aos causadores de tais danos sendo considerados agora, crimes ambientais. Com advento da Lei da Ação Civil Pública que foi editada em 1985 (Lei nº 7.347, 24/07/85), os conflitos ambientais, foram levados a Juízo tanto em quantidade, tão quanto na sua complexidade. Com finalidade de guardar o ambiente e solucionar tais conflitos, por conseqüência, elevados custos ao meio ambiental e também ao meio social, demandado por muitos anos, com base em teorias, princípios, métodos considerados inovadores no campo do Direito Ambiental relacionado a questões ambientais. No Brasil somente após a criação da Lei nº 9.605/98, a sua aplicabilidade ainda é nova, porém, já fornecem subsídios necessários para que haja nas empresas, conscientização e aprimoramento para que evitem problemas relacionados, principalmente na geração de resíduos, uso de energia renováveis e no tratamento de efluentes. Com isso, a Perícia Ambiental tornou-se fundamental na sociedade atual, promovendo assim mudanças significativas devido à interferência do homem, 4 causando um desequilíbrio e desaparecimento de algumas espécies do ecossistema (ALMEIDA; OLIVEIRA; PANNO, 2003). Por ser uma especialidade relativamente nova, a Perícia Ambiental, no Brasil, vem sofrendo evolução ao decorrer dos anos, graças ao maior conhecimento da legislação ambiental e o próprio homem que tem contribuído em proteger e conservar o meio que vivemos. Sendo assim, podemos tratar como sendo uma atividade que necessita de profissionais com relevante interesse no campo social e com grande complexidade. Exige-se, portanto, uma prática multidisciplinar e com a atuação de profissionais devidamente qualificados nas questões voltadas ao meio ambiente, além do que os estudos e pesquisas devem ser permanentes. Nos fundamentos jurídicos, teóricos, técnicos e metodológicos. Os constantes desastres ambientais ocorridos durante as décadas de 1980 e 1990 e a pressão da mídia fizeram a sociedade acordar e cobrar posturas responsáveis das empresas em relação ao meio ambiente. Em um primeiro momento, tais empresas foram reativas às tais mudanças. Porém, perceberam que uma postura ambiental mais responsável poderia trazer “ganhos efetivos para o negócio, tanto para melhor utilização de seus recursos como para o aumento das vendas” apesar do maior gasto associado (Lopes, 2008). Segundo Bartolomeo (1995), o aumento da importância dada pelas companhias às questões ambientais foi causado pelas fortes pressões exercidas pelos órgãos reguladores e pela população, forçando-as, assim, a melhorar o seu desempenho ambiental. Dessa forma, as organizações encontraram, na criação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), o meio para conciliar as pressões advindas das diferentes partes interessadas ou afetadas no/pelo negócio e o atendimento às legislações, em seu sentido amplo, pertinentes ao tema (Cerqueira, 2012). Para isso, instrumentos de autorregulação como as certificações ISO (International Organization for Standardization) foram criados com o objetivo de padronizar a qualidade do SGA, além de evidenciar oportunidades de melhoria para o sistema (Lopes, 2008). 5 O colapso do sistema ambiental brasileiro, fruto das ações agressoras do homem à natureza e a dificuldade encontrada pela sociedade em reverter o atual quadro de destruição dos bens ambientais são fatores que levam, atualmente, o Estado a desenvolver ações ambientais que busquem interagir com as políticas econômico sociais. É certo que a questão ambiental está estritamente relacionada aos fatores econômicos, tanto no que tange à crescente utilização dos recursos naturais (matéria prima e energia não-renovável) como em relação às causas econômicas geradoras da pobreza e da miséria. Observa-se que a auditoria ambiental é um importanteinstrumento que atua diretamente nessa inter-relação economia/meio ambiente. Por um lado auxilia as empresas no conhecimento do seu desempenho ambiental e cria ferramentas para que estas se adaptem a legislação aplicável e, por outro, é um importante mecanismo de informação ambiental à sociedade, vez que em alguns casos, como na auditoria ambiental compulsória, os dados coletados são divulgados e servem de controle da atividade ao Estado. 6 2. PERÍCIA AMBIENTAL Com a atual aplicabilidade da perícia ambiental nas empresas brasileiras, traz benefícios na solução de conflitos nesse âmbito, buscando assim apresentar diferentes formas, com base na sua classificação, características principais, definições, vantagens e desvantagens para a preservação do meio ambiente. Com a apresentação de estudos e critérios necessários para a escolha mais adequada, havendo assim uma melhor gestão ambiental com uma proteção mais eficiente do meio ambiente. Para entender então como funciona uma perícia ambiental e sua importância no tocante para a resolução de questões que envolvam processos ambientais, é necessário realizar, uma revisão de leitura em alguns conceitos já conhecidos tais como meio ambiente, pericia ambiental, crimes ambientais, danos ambientais. É claro não podendo deixar de lado, as inovações que surgiram com advento do novo CPC (Código de Processo Civil, Criado pela lei nº 5.589, de 11 de janeiro de 1973 possui todas as normas relacionadas aos processos judiciais de origem civil. Ou aquelas fora da esfera penal, tributário, trabalhista e eleitoral e outros.) em 2015, no qual nos traz conceitos básicos sobre a perícia tais como suas atribuições, o papel do perito e seus assistentes quem pode ser perito e quais casos o trabalho do perito se faz necessário. Vamos também tratar sobre a Responsabilidade Ambiental na qual se encontra disposta no Art. 225 § 3º da CF/88 onde o infrator seja ele pessoa física ou jurídica do Direito Público ou Privado e caso seja considerado culpado, recairá sobre o sujeito as responsabilidades nas esferas Civil, Penal e Administrativa devido aos danos, assim causados. E por fim, destacar o papel do perito, como fundamental na resolução de questões relacionadas à degradação do meio ambiente, destacando assim sua atual importância nas empresas no Brasil. 7 2.1. MEIO AMBIENTE A Lei 6.938/81 que trata da Política Nacional do Meio Ambiente define o conceito de meio-ambiente, como sendo um conjunto de condições sejam leis, influências, e interações física, química ou biológica, que permite abrigar e interagir todas as formas de vida, em suas formas (BRASIL, 1981). Pode-se então ter a seguinte definição sobre o meio ambiente como um conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que nos proporcionam um desenvolvimento de forma equilibrada em todas as formas de vidas existentes. 2.2. DEFINIÇÕES BÁSICAS SOBRE PERÍCIA AMBIENTAL E AS SUAS INOVAÇÕES NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL A Perícia trata-se de uma diligência na qual é realizada na maioria das vezes por peritos, com a finalidade de esclarecer, evidenciar ou elucidar fatos que geram dúvidas ou incertezas. Portanto, é uma investigação, com base em exames, verificando a verdade, ou fatos a serem esclarecidos, é necessário que haja pessoas altamente capacitadas e tenham uma habilidade profissional com reconhecida experiência quando na qual a matéria será abordada e idoneidade moral (SILVEIRA, 2006). Para ASSIS, (2011) a perícia pode acontecer em qualquer área quando houver alguma controvérsia ou a pendência, incluindo em situações empíricas. Já a perícia ambiental é um meio de prova utilizada em lides que envolvam questões ambientais, regulamentada e prevista no CPC, de acordo com as práticas forenses, mas sempre buscando atender as questões específicas que envolvam questões ambientais, onde o seu principal objeto é o dano ambiental ocorrido, ou ate mesmo um possível risco do mesmo ocorrer. Tabela 1: Quadro comparativo sobre as inovações do NCPC (Novo Código de Processo Civil. Houve uma reformulação do Código do Processo Civil passando a vigora a partir de 17 de março de 2016) 2015 e CPC 73. 8 NCPC 2015 CPC 73 Art. 464. Considera como prova pericial, sendo um conjunto de exames necessários, como vistorias e avaliações. Art. 420. A prova pericial pode ser um exame, vistoria ou avaliação. § 2º. Através de ofício ou requerimento das partes, cabe ao magistrado, à substituição da prova, para que possa determinar uma nova produção de prova mais simplificada, quando o ponto de divergência é menor complexidade. Não há uma correspondência no CPC de 1973 § 3º. Para o Magistrado a prova técnica simples, constituída por um especialista, sobre determinado ponto divergência que venha causar, ou que demande conhecimentos especiais. Não há uma correspondência no CPC de 1973 § 4º. Durante as arguições, o perito nomeado, deverá ter uma formação específica na área na qual se pretende discutir, podendo o perito, utilizar de recursos tecnológicos para que sejam assim esclarecidos os fatos. Não há uma correspondência no CPC de 1973 § 2º. Tendo conhecimento de sua nomeação, o mesmo terá um prazo de cinco dias: I – Para que possa propor seus honorários; II – Exibir seu currículo, com devida comprovação de suas habilidades Não há uma correspondência no CPC de 1973 9 específicas; III – Contatos, como e- mail, no qual serão encaminhadas todas as intimações pessoais. § 2º. Cabe ao perito e seus assistentes de cada uma das partes envolvidas, o seu acesso como também o devido acompanhamento em diligências e exames a serem realizados, com prévia antecedência mínima de cinco anos. Não há uma correspondência no CPC de 1973 Art. 471. As partes estando em comum acordo, podem escolher o perito, devendo indicá-lo mediante a um requerimento, desde que: I – sejam completamente capazes; II – a lide possa ser discutida por auto composição. Não há uma correspondência no CPC de 1973 Art. 473. O laudo pericial deve conter: I – Uma exposição dos objetos da perícia realizada; II – Uma análise técnica ou científica do perito; III – A indicação de um método utilizado, de forma clara e explicativa. IV – uma resposta conclusiva a todos os quesitos assim apresentados pelo juiz de forma com as partes e Ministério Público. Não há uma correspondência no CPC de 1973 § 1º. Em se tratando sobre a gratuidade em relação à justiça, cabe aos órgãos que competem cumprir Não há uma correspondência no CPC de 1973 10 conforme a determinação judicial com preferência, em prazo estabelecido. § 2º. A prorrogação de prazo conforme descrito §1º deve-se requerida motivadamente. Não há uma correspondência no CPC de 1973 Fonte:https://www.fasul.edu.br/projetos/app/webroot/files/controle_eventos/ce_producao /20171003-171301_arquivo.pdf 2.2.1. DANO MATERIAL O dano ambiental pode afetar tanto os interesses da coletividade quanto os efeitos na esfera individual. Podemos então definir como uma autorização de determinado indivíduo seja pessoa física ou pessoa jurídica a exigir a reparação do dano causado ao meio ambiente. Para MILARÉ (2009) o dano ambiental pode ser considerado uma lesão a todos os recursos ambientais que conhecemos interferindo em nossa qualidade de vida. O Dano pode ser denominado como patrimonial ou extrapatrimonial. Devemos ter, portanto uma concepção, que nem todo dano ecológico pode ser reparado, porque de modo geral são irreparáveis e infungíveis. É por essa e entre outras que devemos priorizar a prevenção de danos ambientais, porque por mais que haja a possibilidade deles serem quantificados os seus custos, dificilmente conseguiríamos restituí-los como era antes COLOMBO,(2006). Desde a Revolução Industrial, o homem vem desenvolvendo tecnologias e métodos cada vez mais degradantes ao meio ambiente, para satisfazer seu interesse econômico e financeiro. A maior parte dos Países têm se mobilizado em criar instrumentos que possam combater os danos ambientais. O protocolo de Kyoto é o mais conhecido deles, assinado pela maioria dos Países que compõe a ONU (Organização das Nações Unidas), em 1997, o qual previa uma redução de 5,2% na emissão de gases que provocam o efeito estufa até o ano de 2012, em relação aos níveis registrados em 1990 (KAKU, William Smith, 2002). 11 Acerca deste problema, o referido Protocolo prevê, ainda, que os Países que não estão dispostos a reduzir a poluição podem adquirir crédito de carbono de outras Nações, constituindo-se uma fonte alternativa para aumentar as suas receitas e reduzir as emissões dos gases que provocam o efeito estufa. Exemplo: uma tonelada de CO2 (dióxido de carbono) equivale a um crédito de carbono, que pode ser negociado no mercado internacional, tal como qualquer ação de uma empresa. Por isso, compreende-se o grau de importância do trabalho e profissionalismo do perito ambiental, o qual deve fazer um levantamento minucioso, através de laudos técnicos acerca desses danos ao meio ambiente para embasar as ações do Estado na recuperação do recurso ambiental perdido. Os danos causados ao meio ambiente são variados e sua classificação compreende: a) Quanto ao interesse envolvido e a sua reparalidade – dano ambiental privado ou reparalidade direta; b) Quanto à extensão dos bens protegidos: ecológico puro; c) Quanto aos interesses objetivados – interesse individual; d) Quando à extensão patrimonial. Todavia, o perito ambiental deve utilizar critérios para fazer um laudo com métodos simplificados, sendo seguido os critérios de impessoalidade, moralidade, simplicidade, eficiente, reconhecimento legal, transparência, estimativas dos danos que devem variar com os casos, o valor presente líquido que deve ser calculado apropriadamente e a estimativa do valor de uso e não- uso não deve ser tendenciosas (TOCCHETTO, 2014). O dano ambiental é ecologicamente puro, reflexo, impessoal, residual, futuro, eventual, gradativo, tendo seu nexo causal amplo, nos seguintes termos: 12 “toda lesão intolerável causado por ação humana, seja culposa ou não, diretamente ao meio ambiente, classificado como macro bem de interesse da coletividade que tem uma concepção totalizante, e ao mesmo tempo indiretamente a terceiros tendo em vista os interesses próprios individualizados que refletem neste macro bem ambiental.” (LEITE, 2000, p 108) Acerca desse problema, chegamos ao impacto ambiental, causado através de danos ambientais, como poluição atmosférica que gera a chuva ácida, efeito estufa, entre outros problemas, que atinge pessoas, até efeitos transfronteiriços da poluição. O principal trabalho do perito ambiental é a avaliação dos impactos ambientais, iniciando-se pela identificação dos impactos, previsão e, por fim, a avaliação por meio dos AIA – Avaliação de Impactos Ambientais, EIA – Estudo do Impacto Ambiental e RIMA – Relatório de Impacto no Meio Ambiente, peças fundamentais para subsidiar uma defesa ou uma acusação. Ainda como motivador desse cenário, pode-se citar a resolução n° 01/86 do CONAMA, o qual traz a definição legal para impacto ambiental: “Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota e a qualidade dos recursos ambientais.” Não se pode deixar de evidenciar que, sendo um desiquilíbrio causado pelo homem no meio ambiente, pode ser um impacto positivo o negativo. Pode-se citar que o impacto positivo consiste numa medida benéfica ao meio ambiente, como recuperação de rios e matas. O impacto negativo por sua vez, é uma quebra do equilíbrio que traz grandes prejuízos ao meio ambiente. Portanto, deverá o perito ambiental verificar qual o impacto ambiental causado e as consequências impactantes ao meio ambiente para tentar amenizar os efeitos. 13 2.2.2. LEIS DE CRIMES AMBIENTAIS A Lei 9.605/98 em sua matéria trata sobre crimes ambientais, dispondo ao longo do seu texto com sanções penais e administrativas, provenientes de condutas e atividades que lesam o meio ambiente, dando assim outras providências necessárias. Sendo considerada a primeira lei que realmente criminalizou condutas, nocivas ao meio ambiente antes tratado apenas como contraversões penais, de acordo com Artigo 26 da Lei 4771/65 também conhecida como Código Florestal. Devido à fraca rigidez ou ausência de punibilidade, a maioria dos crimes ambientais da época era tratada com certo descaso. Com penas baixas, que não ultrapassavam três meses a um ano muitas das vezes eram convertidas em multas. Realidade totalmente diferente a conduta atual do novo Código. Outro instrumento importante a meio ambiente foi a CF/88 em especial no seu artigo 225 § 3º no qual traz uma preocupação, com meio ambiente e trazendo a responsabilidade para aqueles que agridem o meio ambiente. 2.2.3. CRIMES AMBIENTAIS De acordo com Sampaio (2010) podemos classificar os crimes ambientais em: Crimes contra fauna; Crimes contra flora; A Poluição hídrica; A Poluição sonora; A Poluição do ar; Contaminação do solo; Crimes contra ordenamento urbano e patrimônio cultural. Podendo então definir que crimes contra fauna são aqueles que se enquadram no comércio ilegal, ou seja, na venda, na exposição de venda, na aquisição, na guarda e transporte para exportação de espécies estando vivas ou abatidas, ovos, filhotes, larvas sem que haja uma autorização ambiental ou em desacordo com mesma. Temos ainda, a danificação ou destruição dos seus ninhos, abrigo ou habita natural. Outro fato que de grande relevância é a introdução de espécies consideradas estrangeiras no Brasil sem a devida 14 autorização e estudo podendo assim causar impactos ambientais a determinadas espécies. Sobre os crimes contra a flora, pode-se destacar o desmatamento, que implica na diminuição da cobertura de vegetação, reduzindo o habitat para que os organismos silvestres possam viver e sobreviver perpetuando sua espécie. Outro grande problema a ser considerado é a destruição do verde devido às queimadas e os incêndios florestais. Em sua maioria ocorrem questões econômicas. Devido às proibições em lei de queimadas, muitos fazendeiros e produtores rurais provocam incêndios para ampliar suas áreas para agriculta e pecuária, abrindo assim, estradas em áreas sem estudo prévio. Um estudo realizado pelo Corpo de Bombeiros afirma que causa de muitos incêndios tem como princípio bitucas de cigarros que são arremessadas nas rodovias. Já a poluição sonora ao contrário do que pode parecer não é apenas um mero problema de desconforto acústico. Os ruídos, juntamente com sons desconfortáveis passaram a constituir como um dos principais problemas ambientais em grandes centros urbanos como também e cidades de médio porte, tornando assim uma preocupação de saúde pública. Os ruídos em excesso podem provocar perturbações de saúde mental à poluição sonora agredindo também ao meio ambiente, havendo assim uma perda na qualidade de vida, nas pessoas, sendo insuportáveis para os ouvidos humano ou prejudiciais ao repouso noturno. A poluição do ar tem como causa principal, a queima indiscriminada de campos e florestas e a fumaça do vapor e o gases que poluem devido à emissão de gases de poluentes, como óxido de enxofre, monóxido de carbono, fluoreto de hidrogênio, cloreto de hidrogênio e não podemos esquecer o dióxido de carbono. A poluçãodo ar também pode surgir por causas naturais como a erupção vulcão, na decomposição de vegetais e animais, na ação eólica da poeira que lançada no ar, pela ação biológica de microrganismos que vivem no solo, a formação do gás metano produzido nos pântanos, os aerossóis marinhos, incêndios com causas naturais provenientes de descargas elétricas. Devemos destacar também aquela poluição emitida pelas operações nas industriais. , como a queima de combustíveis fósseis, a incineração do lixo, a poeira de 15 demolição civil, a queima de produtos químicos voláteis, e os gases emitidos pelos equipamentos de refrigeração (ASSUNÇÃO, 2004). A Poluição do solo e subsolo pode acontecer pela deposição, disposição, descarga, infiltração ou enterramento no solo ou no subsolo de produtos poluentes, Farias et al. (2010) destaca que a infiltração de um liquido produzida em lixões ou aterros sanitários chamado de “chorume”. Também pode ocorrer contaminação no solo por insumos agrícolas que normalmente são utilizados para correção do solo, como também os fertilizantes e agrotóxicos foliares. Há também contaminação decorrente de solventes, tintas e metais pesados produzidos pelas indústrias. Também existe um líquido muito comum que normalmente é encontrado em lugares próximos aos cemitérios denominado de necrochorume líquido que os cadáveres produzem. Outra espécie de contaminação do solo acontece pelo derramamento de combustíveis e óleos lubrificantes em postos de combustíveis; vazamentos provenientes de desastres ambientais e ate mesmo no transporte de produtos químicos. Outro tipo de contaminação, essa muita comum nos lares da maioria dos domicílios é da urina e fezes de devido a falta de tratamento de rede de esgoto. Os principais tipos de poluição são classificados em quatro tipos: Poluição natural; Poluição causada por esgotos domésticos; Poluição causada por efluentes industriais; Poluição causada por drenagem de áreas agrícolas e urbanas; A poluição natural é causada pela própria ação das águas da chuva e a falta de conscientização das pessoas que na maioria lançam resíduos sólidos em bueiros ou ate mesmo nas margens de rios lagos causando assim o acumulo de partículas orgânicas e inorgânicas de solo, resíduos de animais silvestres mortos, folhas e galhos de arvores entre outros. A poluição de esgotos domésticos é produzida por esgotos não tratados, alterando assim as características da água que acabam retornando a rios lagos e lagoas. 16 Já a poluição produzida por efluentes industriais também chamadas de efluentes podem ser considerados um dos que mais prejudicam a natureza, pois quando não recebem tratamentos adequados para que possam retornar a natureza, esses resíduos em elevadas concentrações podem causar problemas sérios a saúde humana como câncer entre outros. A água nesses lugares é imprópria ao consumo e ao banho. Alguns desses produtos podem causar transformações à vida aquática onde são lançados em alguns casos podendo causar em alguns casos a mutação dos seres aquáticos. A poluição causada por drenagem de áreas agrícolas e urbanas na qual os materiais acumulados em valas e bueiros são arrastados pelas águas pelas águas da chuva e enxurradas constituindo uma grande fonte de poluição enorme assemelha-se com poluição natural. O deflúvio superficial agrícola depende das praticas utilizadas nas culturas. Segundo Martins Junior (2010) pode-se destacar os crimes contra ordenamento urbano e patrimônio cultural, como exemplo, as edificações em área de APP (Área de Proteção Permanente) configurando assim uma infração praticada nos centros urbanos. Outro fato também muito comum é o parcelamento ou desmembramento de áreas que se enquadram em Zonas de Preservação Ambiental (ZPA) infringindo a lei 6.766/79 que diz que somente será admitido determinado parcelamento no solo para zoneamento urbano para a urbanização. 2.3. OS PROBLEMAS ENFRENTADOS NA PERÍCIA A decisão de preservar, ou não, meio ambiente, estimula conflitos de interesses e acaba gerando um custo a sociedade que acaba por arcar e, podendo ser justificado pela determinação do valor econômico dos recursos em questão. Daí a necessidade de tal discussão para que haja a valoração do meio ambiente aplicando assim diversas metodologias, como também trazem controvérsias geradas pelo tema. Ao longo do trabalho pode-se verificar que valor de um recurso ambiental não se dá apenas por uma simples expressão matemática ou apenas números ou cifras, estando ali implícitas inúmeras questões que ao longo procuramos abordar. 17 A perícia ambiental é uma importante especialidade na área de perícia, porém muito nova no Brasil, contudo há se destacar uma evolução considerável nos últimos anos, com melhor aprimoramento da legislação ambiental, visando assim à proteção de diversas divisões nas quais compõem o bem jurídico “meio ambiente”. A perícia ambiental é uma atividade, de cunho social, com natureza bem complexa, tendo na sua fase de estruturação a necessidade de certa prática associada a uma equipe multidisciplinar, com profissionais especializados e legalmente habilitados aos seus conselhos profissionais. As perícias ambientais procuram sempre atender às demandas que decorrem a respeito de questões ambientais, onde seu principal objetivo é o dano ambiental ocorrido ou que por ventura possa ocorrer. Podemos ainda ter uma concepção que a maioria dos danos ambientais pode causar efeitos irreversíveis, e as ações de cunho ambiental devem seguir o caminho baseado nos princípios da Prevenção, da Precaução e do Não Retrocesso. Por se tratar de uma matéria extremamente complexa na qual envolvem o dono e aos interesses da coletividade. 2.4. A PERÍCIA AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO NA SOLUÇÃO DE CRIMES AMBIENTAIS Segundo Nunes (1994) a Perícia é realizada por um técnico, ou pessoa que comprove e tenha idoneidade, para verificar e esclarecer um fato ou estado que acabando sendo objeto de legítimo para concretizar uma prova ou oferecer a Justiça ou poder de julgar. De acordo com a norma técnica NBR (Norma Brasileira Regulamentar) 14653-1: 2011 podemos definir a perícia como sendo uma atividade de cunho técnica realizada por profissional qualificado de forma específica, tais como: Administradores, Bacharéis em Direito, Biólogos, Gestores Ambientais, Contadores entre outros, que possam averiguar e esclarecer fatos ou até verificar o estado de um bem, apurando as causas que motivaram a alcançar determinado evento, avaliando seus bens, custos, seus frutos ou direitos. A atividade perícia no campo ambiental é coordenada pelo Novo Código de Processo Civil, assim como as demais modalidades de perícia que são 18 submetidas à prática forense. A perícia surgiu da necessidade de uma demanda, que se iniciou pelas ou por uma das partes interessadas em busca de provas, atos e fatos que são levantados para então fundamentar a um possível direito a ser pleiteado. A perícia também pode surgir a partir da necessidade do juiz, para que haja um conhecimento esclarecer de atos e fatos ALMEIDA, (2011, p.21). Observe agora algumas peculiaridades sobre a perícia ambiental. Destaca-se entre elas a principal que é de um laudo ambiental e um laudo técnico. Ao primeiro momento apresentam a mesma finalidade, porem há uma diferença entre Laudo Pericial e Laudo Técnico. É sobre a competência legal para sua realização, ou seja, por mais que ambas tenham fundamento técnico e são realizadas por profissionais habilitados, há uma diferença na competência legal para sua realização. O laudo pericial apresenta algumas divergências básicas em sua aplicação, o responsável pela sua realização e responsável pela sua condução desenvolvimento dos seus trabalhos é pessoa uma designada pela lei, ou seja, peritos oficiais, ou nomeadas pelojuiz para atuar perito nomeado. Já o laudo técnico é um documento que resulta também de uma analise técnica por uma pessoa que apesar de não ter conhecimento técnico sobre o assunto, não tem a competência legal para atuar como perito seja ele oficial ou nomeado. Para Abunahman (2006) existem três espécies de “provas específicas”: - Exame: é uma inspeção mais superficial, pois analisa as coisas, pessoas ou documentos, para verificação de fatos que possam surgir ou até mesmo circunstâncias ao interesse do litígio; - Vistoria: é considerada sendo a mesma inspeção, porem realizada sobre bens e imóveis; - Avaliação (ou Arbitramento): que consiste na apuração de valores, em espécie, de coisas, direitos e obrigações em litígio. Observa-se que os papeis do perito e assistente técnico. Durante toda a execução da perícia é indispensável à presença de algumas pessoas que são fundamentais para sua elaboração. O perito após ser escolhido pelo magistrado, os seus assistentes técnicos serão escolhidos pelas partes no processo. Alguns procedimentos que ocorrem durante uma perícia ambiental. Primeiro passo consiste na leitura completa e criteriosa dos autos. Nesse momento que o perito 19 tem a consciência do processo. Com isso possibilita o profissional estruturar todas as suas ações que serão realizadas no processo, a fim de obter um melhor embasamento as suas decisões enquanto perito, ainda no mesmo procedimento, o perito deve identificar, os seus Assistentes Técnicos e por sua vez das partes para então solicitar as informações necessárias tais como: documentos, como também para marcar data e hora da vistoria ao local a ser analisado. O próximo passo é buscar instrumentos legais (urbanística/ambiental/ específica) como também informações a respeito da temática da pericia e conseqüentemente enquadrar ou não a atividade ou o dano decorrente da mesma dentro de padrões legais. Logo após é realizada uma visitação do local para tomada de informações por meio de fotos, relatos de funcionários pessoas que moram próximo ao local. Nesse momento, o perito reúne todos os materiais das fases anteriores e começando assim redigir, reproduzir os anexos e montar assim o laudo final para entrega a juiz que solicitou a pericia. Com a elaboração final do laudo pericial dá-se por meio de uma a leitura e análise dos fatos: Documentos técnicos disponíveis, Interpretação cartográfica, topográfica, aerofotogramétrica e imagens de satélite Cruzamento dos resultados de campo, laboratório e escritório. Por fim procede-se a redação, digitação, reprodução dos anexos e montagem do laudo. 3. AUDITORIA AMBIENTAL 3.1. HISTÓRICO DA AUDITORIA AMBIENTAL A auditoria ambiental surgiu nos Estados Unidos no final da década de 70 com o objetivo principal de verificar o cumprimento da legislação. Ela era vista pelas empresas norte-americanas como uma ferramenta de gerenciamento utilizada para identificar, de forma antecipada, os problemas provocados por suas operações. Essas empresas consideravam a auditoria ambiental como um meio de minimizar os custos envolvidos com reparos, reorganizações, saúde e reivindicações. “A grande maioria da literatura sobre auditoria ambiental aponta os Estados Unidos como o país pioneiro no seu desenvolvimento. Apesar de haver 20 alguma controvérsia na literatura norte-americana a respeito do início dos primeiros programas de auditoria ambiental, alguns trabalhos indicam que a auditoria ambiental já estava sendo praticada voluntariamente naquele país por alguma grande corporação no início e meados da década de 70.” (SALES, 2001, p. 25) Na Europa ocidental as primeiras iniciativas das empresas realizarem a auditoria ambiental tiveram início na década de 80 pelas filiais de grandes corporações norte-americanas. A Holanda, no ano de 1985, foi o primeiro país europeu que realizou alguns projetos experimentais de implantação da auditoria ambiental; a seguir outros países como Reino Unido, Alemanha, Escandinávia adotaram esse mesmo procedimento. Em 1989, o escritório para o Meio Ambiente e Indústria do Programa do Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas (UN Environmental Programme/Industry and Environment Office – UNEP/IEO) promoveu em Paris uma conferência para discutir o conceito e a prática da auditoria ambiental. No final do encontro foi publicado um relatório contendo os resumos das principais discussões. Dentre os temas levantados, destacou-se a importância da defesa da voluntariedade da auditoria ambiental, sob os seguintes argumentos: (i) auditoria ambiental compulsória poderia perturbar o relacionamento entre auditores e auditados, e informações importantes seriam omitidas; (ii) auditoria ambiental vai além da adequação a leis e regulamentos, e desta forma envolve informações estratégicas sobre as operações das empresas; (iii) a regulamentação da auditoria ambiental poderia inibir o seu desenvolvimento. (SALES, 2001, pp. 36-37) Após a Conferência, o Reino Unido e a França foram os primeiros Estados europeus que criaram normas de sistema de gestão ambiental; a BS 7750 (BSI, 1994) e a NF X30-200, respectivamente. Posteriormente, outros países como, por exemplo, a Espanha, também adotaram suas normas de gestão ambiental e auditoria ambiental. Em que pese a importância das iniciativas anteriormente mencionadas, o marco fundamental em relação às auditorias ambientais na Europa foi o Regulamento da Comunidade Econômica Européia - CEE no 1.836/93, que 21 entrou em vigor no dias 10 de abril de 1995. Ele trata do sistema de gestão e auditoria ambiental da União Européia (Environmental Management and Auditing Scheme - Emas) e possui como objetivo principal fomentar a evolução do desempenho ambiental das companhias industriais e fornecer informações ambientais ao público. O EMAS é um programa de adesão voluntário, porém, uma vez adotado pela empresa o cumprimento de todas suas provisões torna-se obrigatório, sob pena da empresa transgressora sofrer sanções legais e administrativas por parte dos estados membros e, também, na prática sofrer barreiras não tarifárias para a comercialização de produtos da comunidade Européia. (SALES, 201, p. 40) A auditoria ambiental ainda é incipiente no Brasil e foi implantada de acordo com os padrões estabelecidos na maior parte do mundo. Os primeiros programas de auditoria foram iniciados no final da década de 80 e início da década de 90 por empresas multinacionais de grande porte. Após esse período, alguns estados, que posteriormente serão mencionados, tiveram a iniciativa de legislar a matéria a fim de determinar a obrigatoriedade da realização da auditoria ambiental por alguns setores econômicos. 3.2. CONCEITO E TIPOS DE AUDITORIA AMBIENTAL As auditorias ambientais variam de acordo com as técnicas e metodologias adotadas em função do escopo definido pela empresa auditada. Cada setor econômico, mais especificamente cada empresa, elege os critérios e os objetivos a serem alcançados com a auditoria, conforme sua política ambiental e suas características econômicas. Dessa forma, não é possível estabelecer um conceito estanque, e sim construí-lo de forma genérica a fim de abranger todas as modalidades de auditorias ambientais. É nesse sentido que os principais conceitos de auditoria ambiental são encontrados na doutrina, como se observa no seguinte conceito elaborado por Rodrigo Sales: Auditoria ambiental pode ser genericamente definida como o procedimento sistemático através do qual uma organização avalia suas práticas e operações que oferecem riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para averiguar sua adequação a critérios preestabelecidos, usualmente requisitos legais normas técnicas e/ou políticas, práticas e procedimentos 22 desenvolvidos ou adotados pela própria empresa ou pela indústria a qualpertence. (SALES, 2002, p. 25) Fundamentando-se nesse pensamento é possível constatar que as auditorias ambientais podem ser consideradas como verdadeiros instrumentos de controle ambiental. Sua principal função é identificar e documentar quais são as práticas positivas e negativas das empresas em relação ao meio ambiente, dando enfoque aos possíveis e atuais impactos ambientais ocasionados pela atividade econômica. Esses dados coletados na auditoria, posteriormente, servirão de embasamento para propor uma nova política ambiental compatível com os princípios ambientais. (GRIZZI, 2004, p.159) Apesar de não haver um único conceito de auditoria ambiental, e tampouco inexistir um consenso sobre a delimitação do seu conteúdo é possível estabelecer uma classificação das suas principais aplicações: a) Auditoria privada utilizada como instrumento de uso interno das empresas; denominadas auditorias internas. (sistema de gestão ambiental). b) Auditoria privada utilizada como instrumento de uso externo por terceiros interessados no desempenho ou nas condições ambientais das empresas e propriedades, tais como: investidores, compradores, instituições financeiras ou de seguros e a comunidade afetada por determinado empreendimento ou atividade. São as chamadas auditorias externas. A auditoria externa é realizada, necessariamente, por auditores independentes externos à organização, sendo seus resultados avaliados por terceiros, como organização de certificação. (sistema de gestão ambiental). c) Auditoria pública utilizada como instrumento de ações de controle pelo poder público. Essa categoria é realizada pelas empresas, mas são conduzidas e determinadas por órgãos públicos que estabelecem os critérios e forma de sua execução. Esclarece Rodrigo Sales: “Uma das principais aplicações da auditoria ambiental é o seu uso como instrumento de controle ambiental, ou seja, como uma medida utilizada pelas autoridades ambientais no cumprimento de suas políticas e obrigações legais de fomento, fiscalização e implementação de normas e políticas ambientais que um 23 dos principais objetivos desse tipo de auditoria consiste na fiscalização e implementação das normas ambientais por meio do controle, promovido pelas autoridades ambientais, do cumprimento das políticas ambientais e obrigações legais das empresas. As formas possíveis dessa aplicação são variadas e se estendem desde atividades de cunho informativo e educacional destinadas a esclarecer e fomentar a adoção de auditoria até medidas de controle que impõe a sua adoção compulsória, passando por medidas de incentivos indireto” (SALES, 2001, p. 101) No Brasil, alguns estados, como o Paraná e o Rio de Janeiro, adotam esse tipo de auditoria. Apesar da importância das três formas de aplicação da auditoria ambiental, o presente documento apenas abordará especificamente sobre a terceira, apontando os aspectos positivos e negativos da sua obrigatoriedade. Outros tipos de perícias ambientais: Figura 1: Auditorias ambientais. Fonte: https://gepsolucoesambientais.com.br/primeiros-passos-de-uma- auditoria-ambiental/ 24 3.3. AUDITORIA AMBIENTAL COMPULSÓRIA A auditoria ambiental tem sido considerada em muitos países como uma atividade eminentemente voluntária, por exemplo, nos Estados Unidos, no Canadá, nos países Comunidade Européia. Seguindo o oposto da tendência mundial, no Brasil cresce o número de iniciativas legislativas que objetivam tornar a auditoria ambiental obrigatória para alguns setores industriais e empresariais, que desenvolvem atividades potencialmente poluidoras e que acarretam riscos ao meio ambiente; a chamada auditoria ambiental compulsória. A auditoria ambiental compulsória, é uma atividade de política ambiental e enquadra-se na categoria de auditoria pública utilizada como instrumento de ações de controle pelo poder público, enquanto as demais integram o sistema de gestão ambiental. Uma de suas principais características é a imposição da sua execução, independente da vontade da unidade auditada. Ademais, destaca-se que as diretrizes e a sua obrigatoriedade são determinadas por lei. No Brasil havia dois projetos de Lei em trâmite no Congresso Nacional que visavam estabelecer a obrigatoriedade da auditoria ambiental para diversos setores industriais, mas no ano de 1999 foram arquivados. Entretanto, desde 2003, está em tramitação no Congresso Nacional um outro Projeto de Lei nº 1254/03, do deputado César Medeiros (PT-MG), que dispõe sobre as auditorias ambientais e a contabilidade dos passivos e ativos ambientais. O projeto é uma emenda à Lei 6938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e tem como escopo estipular o conceito de auditoria ambiental, assim como definir ativos e passivos ambientais e colocar a auditoria como um dos instrumentos da política nacional do meio ambiente. Estabelece ainda a obrigatoriedade de empresas ou entidades quanto à realização de auditorias ambientais para avaliar o cumprimento de suas obrigações relativas à gestão ambiental segura. Ocorre que atualmente o projeto encontra-se parado em razão da forte pressão do setor econômico que não concorda em assumir os custos da auditoria. 25 Apesar dos impasses relacionados à compulsoriedade da auditoria ambiental, em virtude da resolução do CONAMA 265/00, o setor industrial petrolífero e às demais empresas com atividades na área de petróleo e derivado são obrigados realizar a auditoria ambiental, isto devido aos graves acidentes que já ocorreram no exercício dessas atividades. Ademais, alguns Estados brasileiros optaram por criar leis no sentido de tornar a auditoria ambiental obrigatória para alguns setores industriais. Tais iniciativas legislativas iniciaram-se em 1991 pelo Estado do Rio de Janeiro, seguidos por Minas Gerias em 1992, Espírito Santo em 1993, Mato Grosso em 1995, São Paulo em 1997 e, recentemente, no ano de 2002, no Estado do Paraná. Além dos Estados, destacam-se alguns municípios que também adotaram as auditorias ambientais compulsórias: Municípios de Santos – SP (1991), de São Sebastião – SP, Vitória – ES (1993), de Maceió – AL (1996, e de Bauru – SP 1999). 3.4. PRINCÍPIOS APLICADOS À AUDITORIA AMBIENTAL COMPULSÓRIA 3.4.1. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO O princípio da prevenção é baseado nas premissas que incluem a irreversibilidade dos danos ambientais, vulnerabilidade do meio ambiente, as limitações da ciência em prever os efeitos dos danos ambientais e a disponibilidade de alternativas sobre processos e produtos menos poluentes. Provocado o dano ao meio ambiente, nem sempre será possível encontrar soluções técnicas para restabelecer a área afetada. Dessa forma é primordial o fomento de medidas preventivas eficientes que evitem a ocorrência de danos ambientais, mesmo no caso de haver apenas um simples risco de danos graves e irreversíveis ao meio ambiente. Ana Luci Esteves Grizzi traça alguns comentário sobre o Princípio da Prevenção: 26 “O princípio da Prevenção, um dos princípios basilares do Direito Ambiental, enuncia que os danos ambientais conhecidos que podem ser ocasionados por determinada atividade econômica devem ser prevenidos. Isto porque, com a ocorrência do dano ambiental, e a conseqüente necessidade de recuperação da área degradada, dificilmente o meio ambiente é recuperado integralmente e devolvido ao se status qua ante (os danos ambientais, em sua maioria, irreversíveis e/ou irrecuperáveis)”. (GRIZZI 204, p.158) É importante destacar que a prevenção garante a efetividade e a eficiência da proteção ambiental. Há nítidas vantagens em prevenir, destaca-se, entre elas, a eliminação dos gastos elevados da reparação ambiental e a prevenção de situações de irreparabilidade e irreversibilidade da degradação ambiental. Sobre a importância da aplicação doprincípio da prevenção, preceitua Celso Antônio Pacheco Fiorillo: “Diante da impotência do sistema jurídico, incapaz de restabelecer, em igualdade de condições, uma situação idêntica à anterior, adota-se princípio da prevenção do dano ao meio ambiente como sustentáculo do direito ambiental, consubstanciando-se como seu objetivo fundamental. A prevenção e a preservação devem ser concretizadas por meio de uma consciência ecológica, a qual deve ser desenvolvida através de uma política de educação ambiental. Além disso, a efetiva prevenção do dano deve-se também ao papel exercido pelo Estado na punição correta do poluidor, pois, dessa forma, ela passa a ser um estimulante negativo contra a prática de agressões ao meio ambiente”. (FIORILLO, 2.002, p. 36-37) Destaca-se que a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, consagrou o princípio da prevenção no artigo 15 da declaração de princípios, nos seguintes termos: “Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental. (ONU, declaração de Princípios, 1992) 27 No sistema jurídico brasileiro, é possível encontrar a presença desse princípio na Constituição Federal de 1988, quando esta, no artigo 2257 opta por garantir a defesa e a preservação do meio ambiente não só para as presentes, mas também para as futuras gerações. Nesta linha de raciocínio, percebe-se a clara intenção do legislador em promover medidas preventivas a fim de garantir a qualidade do meio ambiente no futuro. Ademais, esse mesmo artigo, no §1º8 , confere ao poder público a tarefa de exigir um instrumento preventivo para avaliação dos efeitos da eventual instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, qual seja: o estudo prévio de impacto ambiental. O Estudo de Impacto Ambiental, classificado pela autora Ana Luci Esteves Grizzi (GRIZZI, 2004, p. 159) como uma espécie de auditoria ambiental, tem fundamento no princípio da prevenção. José Afonso da Silva, igualmente, enfatiza a existência do caráter preventivo no Estudo de Impacto Ambiental: “O estudo de impacto tem por objeto avaliar as proporções das possíveis alterações que um empreendimento, público ou privado, pode ocasionar ao meio ambiente. Trata-se de um meio de atuação preventiva, que visa evitar as conseqüências danosas, sobre o ambiente, de um projeto de obras, de urbanização ou de qualquer atividade”. (SILVA, 1997, 196-197) A auditoria ambiental compulsória, da mesma forma, pauta-se no princípio da prevenção, pois ela tem escopo de verificar a viabilidade e continuidade das atividades econômicas, bem como analisar se há passivos ambientais. Dessa forma, torna-se instrumento indispensável à concretização do princípio da prevenção, pois oferece às companhias ambientalmente impactantes e a coletividade informações confiável para cessar, prevenir e corrigir de forma continua danos ambientais causados por suas atividades. Neste sentido, ensina Sales: “Em síntese, de forma geral, a auditoria ambiental, em conjunto com outras ferramentas gerenciais, também tem sido identificada como um instrumento para prevenir danos ambientais e mostrar ao público e às 28 autoridades uma imagem positiva sobre a postura da companhia relativamente a suas responsabilidades ambientais”. (SALES 2002, p. 30) Portanto, em prol da prevenção é fundamental que a prática da auditoria ambiental, inclusive a compulsória, seja incentivada para evitar o agravamento da poluição ambiental, tendo em vista ser mais eficiente a aplicação dos instrumentos preventivos ao invés da adoção de mecanismos puramente repressivos. 3.4.2. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO É fundamental para que se promova a prevenção de danos ao meio ambiente estabelecer mecanismos de cooperação entre os setores público e privado. Para tanto, é mister que o estado crie condições adequadas para que a iniciativa privada colabore com a questão ambiental e desenvolva alternativas mais adequadas e racionais quanto à utilização dos recursos naturais, sem, no entanto, inviabilizar sua atividade econômica. Não faz sentido atribuir a solução dos problemas sociais, principalmente aqueles relacionados ao meio ambiente, exclusivamente ao Estado, como também não é viável deixar que o próprio mercado resolva os problemas econômicos ou interfiram indiscriminadamente nas questões sociais. O princípio da cooperação é aquele que leva em consideração a idéia de atuação da sociedade em cooperação com o Estado na escolha de prioridades ambientais, através da participação de diferentes grupos sociais por meio da informação, formulação e execução de políticas ambientais. “(...) traduz a conjugação de esforços e participação nos processos decisórios, o que, em termos normativos, se apresenta sob forma de instrumento que promovam a informação e a participação dos cidadãos e organizações, como pressuposto à efetiva cooperação entre os diferentes setores da sociedade nacional e internacional”. (BESSA, 2006, p.70) O artigo 225 da Constituição Federal, que assegura o direito integracional a um ambiente equilibrado como forma de garantir a sadia qualidade de vida e a dignidade da pessoa humana, deixa claro que a responsabilidade pela 29 conservação do meio ambiente é solidária e compartilhada pelos poderes públicos e pela coletividade em geral. Assim, extrai-se desse artigo constitucional o princípio da cooperação, que determina que o poder público e a coletividade desenvolvam atividades conjuntas em defesa ao meio ambiente. Em que pese a importância da colaboração dos setores publico e privado, deve-se destacar que o Estado, além de desenvolver atividades de controle, deve promover medidas que visem estimular e incentivar a mudança de comportamento das empresas privadas, para que estas, gradativamente, transformem os seus setores produtivos e implantem programas de gestão sustentável dos recursos naturais. É evidente que na prática o setor produtivo de uma hora para outra não conseguirá mudar drasticamente seu comportamento em relação ao meio ambiente; exige-se para essas mudanças tempo e capital. Assim, além de desestimular, o Estado e a sociedade, por meio do consumo consciente, devem incentivar o setor produtivo no processo de eliminar os produtos e mecanismos de produção que agridem o meio ambiente, bem como estimular a implantação das auditorias ambientais. A autora Consuelo Yatsuda (2005, p.540), em análise ao artigo 170 inciso VI, enfatiza que a legislação brasileira possui um perfil protetivo-repressivo, visto que se preocupa mais em desfavorecer as ações nocivas do que favorecer as ações vantajosas. No entanto, é nítida a superioridade, em termos de eficácia prática, do controle ativo, que, contrariamente, busca favorecer as ações vantajosas mais do que desfavorecer as ações nocivas. Há, no entanto, no Brasil, algumas previsões legislativas que estimulam a prevenção. Por exemplo, a lei número 6.938/1981 (Política Nacional do Meio Ambiente) prevê a perda e restrições dos incentivos fiscais e a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de créditos como espécie de sanção administrativa (artigo 14, II e III, art. 9, V incentivo à produção e instalação de equipamentos e a criação de tecnologia, voltada para melhoria da qualidade ambiental). 30 O êxito e a efetividade da proteção ambiental dependem da implementação de políticas e ações que, ao invés de possuírem apenas caráter repressivoà poluição e à degradação ambiental, prestigiem, ao mesmo tempo, medidas de incentivos à prevenção baseadas em atrativos econômico- financeiros. Por intermédio de incentivos financeiros, disponibilizados pelo governo às empresas, cria-se possibilidades de inversão da lógica de que o custo para colocar em prática a proteção ambiental é muito elevado. Ordenamento jurídico tradicional não pode mais estar pautado, unicamente, na idéia protetivo-repressivo, deve sofrer influência da técnica de estímulo de comportamento por meio da função promocional. Ou seja, estabelecer um controle ativo que busca favorecer as ações vantajosas, mais do que desfavorecer as ações nocivas. Há, hoje, no Brasil forte resistência do setor econômico em relação às auditorias ambientais compulsórias. Esse instrumento tornar-se-ia mais eficiente, e não seria foco de tanta discussão, se as leis que o instituíram tivesse estabelecido estímulos para sua realização. No atual cenário econômico, faz-se necessário influenciar o comportamento dos agentes poluidores por meio de prêmios e facilitações, a fim de estimular as práticas mais adequadas ao meio ambiente e alterar a consciência ecológica da sociedade. 3.4.3. PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO AMBIENTAL O direito à informação é um dos principais direitos do cidadão, tanto que está previsto em nossa Constituição Federal, no art. 5º, que em seu inciso XXXIII, diz que "todos têm o direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral", reafirmando no seu inciso XIV “que é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”. A Liberdade de informação para José Afonso da Silva “compreende a procura, o acesso, o recebimento e a difusão de informações ou idéia, por 31 qualquer meio, e sem dependência de censura, respondendo cada qual pelo abuso que cometer” (SILVA, 1993, p. 223). O princípio da informação ambiental parte dos pilares mestres do Direito Ambiental, pois constitui um elemento-chave no modelo de desenvolvimento sustentável. Esse princípio somado ao princípio da cooperação instrumentaliza o exercício da parceria entre os setores público e privado na defesa do meio ambiente. Como exemplos da projeção desse princípio cita-se: o selo ambiental; o EIA/RIMA; o relatório de qualidade ambiental; a obrigatoriedade de publicação do pedido de licenciamento; e, dentre esses, destaca-se a auditoria ambiental e a auditoria ambiental compulsória. As auditorias ambientais, principalmente as compulsórias, têm um papel crucial no processo de divulgação de informações ambientais, pois disponibilizam dados do setor econômico que apontam os danos, ou possíveis danos, ao meio ambiente. Dessa forma, considerando o cenário atual de ausência, quase absoluta, de fiscalização pelos órgãos competentes e, portanto, da ineficácia das normas ambientais, é indispensável a tarefa das empresas em cooperar, prestando informações ambientais à sociedade. 3.4.4. PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O conceito de desenvolvimento sustentável foi apresentado, em 1987, como resultado da Assembléia Geral das Nações Unidas no relatório “Our common future” Nosso futuro Comum, conhecido como Relatório Brundtland, nos seguintes termos: “A humanidade tem a capacidade de atingir o desenvolvimento sustentável, ou seja, de atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atender as próprias necessidades.” O objetivo do conceito estabelecido seria propor mudanças nas relações econômicas, político-sociais, culturais e ecológicas. Porém, até hoje, há enorme dificuldade de estabelecer uma única interpretação sobre esse conceito, existem 32 várias correntes defendendo diversos posicionamentos; dentre elas, destacam- se duas correntes de interpretação. A primeira corrente seria a chamada Economia Ambiental, e a segunda seria conhecida como a Economia Ecológica. A primeira considera que os recursos naturais (como fonte de insumos e como capacidade de assimilação de impactos dos ecossistemas) não representam, a longo prazo, um limite absoluto à expansão da economia, pois esta dificuldade pode ser indefinidamente superada pelo progresso da tecnologia. A interpretação proposta neste artigo, será baseada na segunda corrente, que da mesma forma que a primeira, acredita que o progresso científico e tecnológico é fundamental para aumentar a eficiência da utilização dos recursos naturais em geral (renováveis e não renováveis), entretanto, discorda em relação à capacidade de superação indefinida dos limites ambientais. A questão central para esta corrente de análise é fazer que o desenvolvimento seja encarado não como sinônimo de crescimento e sim como a forma de alcançar práticas econômicas mais sustentáveis capaz de superar os limites ambientais e a escassez dos recurso naturais. Neste contexto, a auditória ambiental torna-se uma importante ferramenta estratégica para as empresas promoverem o desenvolvimento sustentável, pois durante o processo de auditória é possível avaliar a eficiência dos sistemas de gestão, o desempenho ambiental da atividade e se existe passivos ambientais, para em um segundo momento corrigir as imperfeições dos processos de produção. Por meio dessas informações pode-se elaborar um planejamento de gestão ambiental atrelado ao desenvolvimento da empresa de forma mais sustentada visando ao aumento da rentabilidade, e ao mesmo tempo, respeitando as normas ambientais por meio da inclusão de técnicas de produção mais limpa. 33 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Segundo Campos (2009), a Auditoria pode ser definida como “Processo sistemático, que deve ser sempre documentado e que visa avaliar evidências, com intuito de concluir se tais evidências constituem-se conformidades ou não conformidades em relação ao padrão adotado como referência”. Já a Perícia Ambiental recebe a seguinte definição: “Exame realizado por técnico, ou pessoa de comprovada aptidão e idoneidade profissional, para verificar e esclarecer um fato, ou estado ou a estimação da coisa que é objeto de litígio ou processo, que com um deles tenha relação ou dependência, a fim de concretizar uma prova ou oferecer o elemento que necessita a justiça para poder julgar” (Cunha e Guerra, 2000). Portanto, a primeira diferença que podemos citar é quanto à finalidade. Enquanto a Auditoria é realizada quando se deseja verificar se os processos e/ou procedimentos de uma certa empresa estão adequados e cumprindo padrões determinado, ou seja na auditoria verifica-se a existência de conformidades ou não conformidades, a Perícia visa a identificação das causas e causadores de determinado fato. Outra diferença que fica evidenciada nas definições apresentadas é quanto à obrigatoriedade. As auditorias não são obrigatórias, são feitas normalmente por empresas ou corporações de forma voluntária. Em algumas situações podem ser usadas como uma ferramenta de gestão para melhorar seu desempenho ambiental ou seu Sistema de Gestão Ambiental. Existem vários tipos diferentes de auditorias ambientais. As perícias são obrigatórias e normalmente estão atreladas a alguma ação judicial, a algum litígio, a alguma disputa. Em relação a habilitação do profissional que irá executar o trabalho. Já vimos que no caso dos peritos, exige-se nível universitário completo e certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos (CREA, CRB, etc.). Para tornar- se um auditor, faz-se necessário a realização de cursos, comprovação de 34 conhecimentos e habilidades, mas não é necessário curso superior. Os cursos recomendados para você se capacitar como Auditor Ambiental são normalmente: Leitura e Interpretação da NBR ISO 14.001 e da NBR ISO 19.011. As documentações de ambastambém são realizadas de forma diferenciada. As auditorias são documentadas por meio de Relatórios de Auditoria. Não há modelo pré-definido (a não ser que o cliente exija). A língua também é definida pelo cliente (contratante). Os auditores costumam usar instrumentos como: questionários, checklists, protocolos de legislação. Mas nenhum instrumento é obrigatório. São comuns o uso de fotos para auxiliar na explicação das não conformidades. Já as perícias são documentadas por meio de um Laudo Pericial, que normalmente é redigido de forma a responder aos quesitos formulados pelo magistrado e seguem um padrão de acordo com o Novo Código Processual Civil (CITAR ARTIGO). Existe protocolos de recusa do trabalho ou serviço? Neste quesito, as auditorias não exigem formalidades. Até porque o auditor é um profissional contratado e pago para realizar a auditoria. Por outro lado, nas perícias as recusas precisam ser bem justificadas e feitas de forma a ficar registrada. Quem é o responsável para contratar os serviços de cada serviço? O cliente das auditorias pode ser a própria empresa ou uma empresa interessada em conhecer as não conformidades e passivos de outra empresa (um fornecedor ou uma empresa a ser comprada, por exemplo). As perícias são solicitadas tanto por um juiz, um promotor de justiça ou até mesmo uma das partes interessada em uma disputa. Embora haja diferenças, destacamos que tanto as Auditorias, quanto as Perícias Ambientais são importantes instrumentos de avaliação. De formas distintas, mas com algumas semelhanças, cumprem um importante papel social, tanto no âmbito judicial quanto não judicial. Apesar da evolução que já houve, são instrumentos que precisam ser mais divulgados, sobretudo nos cursos de formação técnica, superior e de pós graduação. 35 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABUNAHMAN, Sérgio Antônio. Curso Básico de Engenharia Legal e de Avaliações. São Paulo: Pini, 2006. ALMEIDA, J.R.; OLIVEIRA, S.G.; PANNO, M. 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