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Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Só- crates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande res- ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a socie- dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conheci- mento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivên- cia no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de quali- dade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mer- cado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-reitor: Prof. Me. Ney Stival Diretora de Ensino a Distância: Profa. Ma. Daniela Ferreira Correa PRODUÇÃO DE MATERIAIS Designer Educacional: Clovis Ribeiro do Nascimento Junior Diagramador: Alan Michel Bariani Revisão Textual: Letícia Toniete Izeppe Bisconcim / Mariana Tait Romancini Domingos Produção Audiovisual: Eudes Wilter Pitta / Heber Acuña Berger Revisão dos Processos de Produção: Rodrigo Ferreira de Souza Fotos: Shutterstock © Direitos reservados à UNINGA - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR UNIDADE 3WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 04 APRENDIZAGEM ...................................................................................................................................................... 05 DESENVOLVIMENTO HUMANO .............................................................................................................................. 07 TEORIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO DE JEAN PIAGET ............................................................................. 09 O ENFOQUE INTERACIONALISTA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO: VIGOSTK ............................................. 13 APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO: UM INÍCIO DE CONVERSA PROF. DR. MÁRCIO DE OLIVEIRA 01 4WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 1 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Caso seja perguntado sobre qual o signi� cado dos termos aprendizagem e desenvolvi- mento, é possível que você tenha uma resposta na ponta da língua para tal questionamento. No entanto, esses conceitos são bastante complexos para a área da Psicologia e da Educação, sendo necessária uma atenção especial para o estudo dos mesmos. Para entender de maneira mais completa os aspectos da aprendizagem e do desenvolvi- mento humano, é preciso analisar esses termos em seu conjunto, buscando relacioná-los com as mais variadas áreas do conhecimento, sobretudo a partir da Psicologia e da Educação. Esse en- tendimento vai sendo melhor consolidado a partir da leitura de diversos autores que dedicaram seus estudos para tal área. Vale salientar que cada indivíduo possui um modo de aprendizagem diferenciado, da mesma maneira, o processo de desenvolvimento também se difere de pessoa para pessoa. Essa evolução é dependente de vários fatores: organismo biológico, aspectos sociais, interação etc. E cada linha de estudo avalia um ou mais aspectos diferentes. Desta maneira, para entender o desenvolvimento humano, bem como o processo de aprendizagem humana, é fundamental analisar vários aspectos de maneira conjunta, de maneira macro. Esta unidade está dividida em 04 (quatro) tópicos. No primeiro serão analisadas as espe- ci� cidades do processo de aprendizagem, bem como suas principais características. No segundo tópico a discussão será acerca do desenvolvimento humano, considerando suas especi� cidades. No terceiro, a discussão versará sobre a Teoria do Desenvolvimento Humano de Jean Piaget. O último tópico apresentará conhecimentos relacionados ao enfoque interacionista do desenvolvi- mento humano, tendo como base o estudioso Vigotsky. 5WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 1 ENSINO A DISTÂNCIA APRENDIZAGEM O processo de aprendizagem acontece quase que cotidianamente na vida das pessoas. Essa atividade, muitas vezes, é realizada sem o conhecimento de quem está aprendendo, como se fosse algo naturalizado do ser humano. No entanto, a aprendizagem carrega consigo características que lhes são especí� cas, sen- do necessária uma atenção especial para ela, a � m de entende-la como uma prática merecedora de estudos, destaques, cuidados, acompanhamento. Aqui, vamos enfatizar o processo de aprendizagem que ocorre nas instituições escolares, geralmente guiado pela � gura do professor. É sabido que existem várias concepções diferentes que buscam dar conta de explicar o que signi� ca aprendizagem, cada concepção está baseada em uma visão teórica diferenciada, a partir do entendimento de ser humano, sociedade, � losó� co, político, teórico. Figura 1 - Processo de aprendizagem mediado pelo professor. Fonte: Icema (2015). Campos (1987) descreve que o processo de aprendizagem apresenta, ao menos, 06 (seis) principais características, pois é: dinâmico, contínuo, global, pessoal, gradativo e cumulativo. A aprendizagem é um processo dinâmico porque é uma atividade que depende de quem está aprendendo, necessitando de uma participação total e global do aprendiz. Além disso, é con- tínuo porque se inicia quando criança e � naliza na terceira idade, perpassando por toda a vida de uma pessoa, ou seja, do início da vida se estendendo até seu � m. A aprendizagem também é global, pois envolve a mudança de comportamento do aprendiz, exigindo uma participação total por parte do indivíduo. O processo de aprendizagem é pessoal porque é único do indivíduo, cada pessoa pode se desenvolver de uma maneira diferente/especí� ca. Ainda é gradativo e cumu- lativo, pois acrescenta-se novos elementos à aprendizagem anterior e possibilita o acúmulo de experiências, respectivamente (CAMPOS, 1987). 6WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 1 ENSINO A DISTÂNCIA FILME: Sociedade dos Poetas Mortos Direção: Peter Weir Local e ano: EUA, 1989 Principais temas a serem debatidos: Processo de ensino e aprendizagem Sinopse: O filme relata a história de um professor chamado Keating que possui métodos de aprendizagem diferenciados da escola onde ele trabalhará. Naquela época os alunos não tinham opção de escolher suas profissões, quem as esco- lhiam eram seus responsáveis. Keating incentiva seus alunos a pensar de maneira própria, mas a direção da es- cola fica insatisfeita com a atuação dele, principalmente quando ele fala sobre a Sociedade dos Poetas Mortos. Os alunos gostam do novo professor e começam a superar seus medos e problemas. Os alunos formam uma nova Sociedade dos Poetas Mortos e vivem sobre o ideal Carpe Diem. Eles fazem encontros a noite em uma caverna para ler poemas. Um aluno em questão ganha ênfase no filme, é Neil, apaixonado por artes. Seu pai quer colocá-lo em um colégio militar, mas Neil não aceita e comete suicídio. Keating é acusado de ser responsável pela morte do aluno. O diretor assume suas aulas e os alunos fazem uma manifestação a favor de Keating (PORTAL EDUCAÇÃO, 2013). Para afunilarmos os estudos ora apresentados, vamos enfatizar duas correntes principaisque analisam o processo de aprendizagem: Teorias do Condicionamento e Teorias Cognitivistas. No primeiro grupo, estão as teorias que de� nem a aprendizagem pelas suas consequên- cias comportamentais e enfatizam as condições ambientais como forças propulsoras da aprendi- zagem. Ainda nessa perspectiva, “[...] a aprendizagem é a conexão entre o estímulo e a resposta. Completada a aprendizagem, estímulo e resposta estão de tal modo unidos, que o aparecimento do estímulo evoca a resposta” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002, p. 115). Nesse sentido, as Teorias do Condicionamento buscam enfatizar que o condicionamento é um processo de apren- dizagem e modi� cação de comportamento por meio de mecanismos de estímulo e resposta, e essa modi� cação ocorre sobre o Sistema Nervoso Central (SNC) do indivíduo. No segundo grupo, Bock, Furtado e Teixeira (2002, p. 115) enfatizam que “[...] estão as teorias que de� nem a aprendizagem como um processo de relação do sujeito com o mundo ex- terno e que tem consequências no plano da organização interna do conhecimento (organização cognitiva)”. Essa concepção defende que a aprendizagem é um elemento proveniente da comuni- cação entre o sujeito e o mundo, se acumulando sob a forma de riqueza de conteúdos cognitivos. Figura 2 - Comunicação entre o sujeito e o mundo. Fonte: Pixabay (2017). 7WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 1 ENSINO A DISTÂNCIA Enquanto documento auxiliador no trabalho docente, os Parâmetros Curriculares Na- cionais (PCN) (BRASIL, 1997) contribuem para uma análise da aprendizagem. De acordo com esse documento, pode-se a� rmar que o aluno necessita elaborar hipóteses e experimentar cada uma delas a � m de alcançar uma aprendizagem signi� cativa. Essa aprendizagem contribui para que o aluno entenda o contexto em que vive, além de buscar compreender as características de si mesmo. O professor é o responsável mais direto do processo de aprendizagem no interior de uma instituição escola, ele é quem contribui na organização do ambiente e fornece subsídios para que a aprendizagem ocorra. Portanto, é fundamental que o docente conheça a realidade de seus alu- nos e oferte mecanismos su� cientes para que esse processo ocorra da melhor maneira possível, de modo que os alunos se superem a cada dia, aprendendo cada vez mais. Após essa discussão acerca da aprendizagem, a seguir vamos discutir sobre o desenvolvi- mento humano, considerando as suas principais características. DESENVOLVIMENTO HUMANO Da mesma forma que o processo de aprendizagem demanda cuidados em sua análise, o desenvolvimento humano também carece de uma atenção bastante especial para a sua análise, ao passo que possui especi� cidades em sua caracterização. O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e ao crescimento orgâ- nico. Bock, Furtado e Teixeira (2002, p. 98) enfatizam que: O desenvolvimento mental é uma construção contínua, que se caracteriza pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais. Estas são formas de organização da atividade mental que se vão aperfeiçoando e solidi� cando até o momento em que todas elas, estando plenamente desenvolvidas, caracterizarão um estado de equilíbrio superior quanto aos aspectos da inteligência, vida afetiva e relações sociais. Assim, é possível entender que o desenvolvimento humano está relacionado, necessaria- mente, a aspectos voltados às necessidades � siológicas, afetivas e intelectuais, que se apresentam em constante transformação e adaptação. REFLITA A aprendizagem, então, quando significativa proporciona maior conhecimento – e conhecimento mais duradouro, representativo – para o indivíduo, de modo que este último possa aplicar o que aprendeu em sua vida cotidiana. 8WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 1 ENSINO A DISTÂNCIA Relacionando o desenvolvimento humano com a área da Educação (sobretudo com o processo de aprendizagem), estudar esse desenvolvimento possibilita conhecer as características comuns de uma faixa etária, permitindo que o pro- fessor se atente às individualidades dos seus alunos, de modo a observar os (e intervir nos) comportamentos dos discentes. Quanto mais conhecimento acerca das características do ser humano, melhor o processo de ensino, buscando al- cançar a aprendizagem e desenvolvimento humano. Bock, Furtado e Teixeira (2002) enfatizam que o desenvolvimento humano deve ser en- tendido como uma globalidade e tem sido abordado, principalmente, a partir de quatro aspectos básicos: físico-motor, intelectual, afetivo-emocional e social. Nas palavras dos autores: Aspecto físico-motor: refere-se ao crescimento orgânico, à maturação neuro- � siológica, à capacidade de manipulação de objetos e de exercício do próprio corpo. (...) Aspecto intelectual: é a capacidade de pensamento, raciocínio. (...) Aspecto afetivo-emocional: é o modo particular de o indivíduo integrar as suas experiências. É o sentir. (...) Aspecto social: é a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem outras pessoas (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002, p. 1000, grifos do original). Vale ressaltar que cada teoria pode se ater a um desses aspectos de maneira principal, no entanto, é fundamental sabermos que esses aspectos – indissociados – formam o desenvolvimen- to humano. Ainda é importante frisar que, desde os primeiros dias de vida, o ser humano vai se de- senvolvendo, as suas atividades vão ganhando, cada vez mais, signi� cados. Esse desenvolvimento é bastante complexo e tem estreita relação com a história individual de cada um e com a história desse ser humano com o meio social. Figura 3 - Primeiros anos de vida do ser humano. Fonte: Google Images (2017). A partir desse cenário, a seguir vamos destacar dois principais autores que apresentam estudos fundamentais para a análise da aprendizagem e do desenvolvimento humano: Piaget e Vigotsky, respectivamente. 9WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 1 ENSINO A DISTÂNCIA TEORIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO DE JEAN PIAGET Conforme mencionamos, o processo de aprendizagem e desenvolvimento humano pode ser apresentado sob várias perspectivas. Nesse momento, a abordagem discutida será a Teoria do Desenvolvimento Humano de Jean Piaget. No entanto, antes de iniciarmos a discussão acerca da teoria, vamos conhecer um pouco sobre quem foi esse estudioso. Figura 04 - Jean Piaget. Fonte: A mente é maravilhosa (2017). De acordo com o Portal Educação (2014), Jean Piaget foi um renomado psicólogo e � ló- sofo suíço que nasceu no dia 09 de agosto de 1896, em Neuchâtel (Suíça) e � cou conhecido por seu trabalho grandioso no campo da inteligência infantil. O estudioso passou parte da sua carrei- ra pro� ssional interagindo com os infantes, buscando entender seu processo de raciocínio. Seus estudos in� uenciaram – e ainda in� uenciam – grandes áreas como Psicologia e Pedagogia. Embora muitos educadores pensem que Piaget foi pedagogo, ele não estudou Pedagogia e nem desenvolveu um método para lecionar para o público infanto-juvenil, no entanto, suas ideias, ainda hoje, são levadas em consideração nos estudos da Educação (NOVA ESCOLA, 2008). Piaget publicou seu primeiro trabalho sobre observação de um pardal albino aos 11 anos de idade. Esse foi o marco de sua carreira cientí� ca. Ele frequentou a Universidade de Neuchâtel (estudou Biologia e Filoso� a), e recebeu o título de doutorado em Biologia no ano de 1918, aos 22 anos de idade. Após se formar, Jean Piaget foi para Zurich e trabalhou como psicólogo experimental e psiquiatra. Em 1919, o estudioso mudou-se para a França, trabalhou no Laboratório de Alfred Binet e concluiu que o pensamento lógico se desenvolve gradualmente. Nesse mesmo ano, Piaget começou a pesquisar sobre a mente humana e o desenvolvimento das habilidadescognitivas. Ele se considerou um epistemólogo genético porque investigou a natureza e a gênese do conheci- mento nos seus processos e estágios de desenvolvimento (PORTAL EDUCAÇÃO, 2014). Dois anos depois, em 1921, Piaget voltou para a Suíça e se tornou diretor de estudos no Instituto Jean Jaques Rousseau da Universidade de Genebra, iniciando um de seus maiores traba- lhos quando observou crianças brincando, realizando registros de suas palavras, ações e processo de raciocínio. 10WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 1 ENSINO A DISTÂNCIA Posteriormente, em 1923, casou-se e teve três � lhas (que contribuíram para seus estudos, pois o pai observava demasiadamente o desenvolvimento delas). Registros apontam que Piaget foi o único suíço a ser convidado para lecionar na Universidade de Sorbonne (na França), onde trabalhou até 1963, data de seu falecimento (PORTAL EDUCAÇÃO, 2014). Piaget ainda fundou e dirigiu o Centro Internacional para Epistemologia Genética, escre- veu 75 (setenta e cinco) livros e inúmeros trabalhos cientí� cos. Faleceu em Genebra, no dia 17 de setembro de 1980. Pádua (2009) enfatiza que Piaget ganhou notoriedade como psicólogo infantil, no entanto seu foco não era estudar especi� camente sobre crianças, mas analisar a capacidade do conhecimento humano e seu desenvolvimento. Desta forma, é fundamental entendermos que Piaget, embora tenha realizado estudos sobre as crianças, tinha sua atenção voltada fundamentalmente para o processo de desenvolvi- mento das pessoas, e isso o fez buscar, então, conhecimentos a partir da observação das crianças. O biólogo produziu uma das mais completas teorias do desenvolvimento intelectual, denomi- nada Epistemologia Genética, sobretudo pelo fato de estudar o período que engloba desde o nascimento até a idade adulta do ser humano. Suas produções enfatizam os laços da inteligência e da lógica, bem como das mais variadas funções cognitivas: memória, linguagem e percepção (PÁDUA, 2009). Neste momento, vamos discutir acerca dos períodos de� nidos por Jean Piaget acerca do desenvolvimento humano, a citar: Sensório-motor, Pré-operatório, Operações Concretas e Ope- rações formais. De acordo com o estudioso, cara momento é caracterizado por aquilo que de melhor o indivíduo consegue fazer em determinada faixa etária. Bock, Furtado e Teixeira (2002, p. 101) enfatizam que, de acordo com Piaget, “[...] todos os indivíduos passam por todas essas fases ou períodos, nessa sequência, porém, o início e o término de cada uma delas dependem das características biológicas do indivíduo e de fatores educacionais sociais”. Partindo dessa premissa, é fundamental entender que as divisões propostas pelo estu- dioso a � m de organizar os períodos do desenvolvimento humano são referências, e não normas rígidas. Abaixo, destacaremos as principais características de cada uma dessas fases. Período Sensório-Motor: essa etapa corresponde a idade entre 0 e 2 anos. De acordo com Piaget, nesse período, a criança conquista, por meio da percepção e dos movimentos, todo o universo que a cerca (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002). Nesse período, o bebê realiza uma prática de ação não interiorizada e não verbal, de modo a não empregar, ainda, a linguagem fala- da. No entanto, o bebê emprega a percepção (sensório) e as ações (motor). Aqui, a inteligência é limitada à ação. Ainda é importante salientar que nesse período, o indivíduo se limita aos exercícios dos aparelhos re� exos, que foram herdados, como, por exemplo, a sucção. Essas atividades são me- lhoradas conforme o bebê ou a criança as treinam. O período Sensório-motor envolve percepção e movimentação, por isso, o nome escolhido por Piaget. Aos poucos, a criança percebe que os objetos (que antes existiam apenas quando estavam no seu campo visual) existem mesmo quando não estão vendo ou os tocando. Outro aspecto que chama a atenção é o fato de que próximo aos dois anos de idade, a criança é capaz de realizar a fala imitativa, buscando ‘copiar’ ou imitar a fala das pessoas adultas a sua volta. 11WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 1 ENSINO A DISTÂNCIA Quadro 1 - Principais características do Período Sensório-motor Fonte: o autor (2017). Período Pré-operatório: esse período corresponde ao desenvolvimento entre os 02 e 07 anos de idade. Durante esse momento o que mais de importante acontece com a criança é, de acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2002), a aquisição da linguagem. Nesse momento, a criança se apropria de uma forma a mais para a comunicação entre os indivíduos. A linguagem, dessa forma, possibilita que o indivíduo exteriorize seus pensamentos, por exemplo. Essa prática faz com que haja a possibilidade de a criança corrigir ações futuras, de maneira que ela antecipe o que fará. Bock, Furtado e Teixeira (2002, p. 103, grifos do original) escrevem que “[...] como de- corrência do aparecimento da linguagem, o desenvolvimento do pensamento se acelera”. Essa fase é conhecida, por muitas pessoas, como a fase dos ‘porquês’, pois a criança realiza perguntas demasiadamente. Nessa etapa, a criança está em idade escolar e, consequentemente, ocorre uma maior maturação neuro� siológica, permitindo o desenvolvimento de novas habilidades, a exemplo da coordenação motora � nal – primordial para o processo de escrita e desenho com materiais esco- lares como o lápis, por exemplo, possibilitando movimentos mais delicados e precisos. Quadro 2 - Principais características do Período Pré-operatório Fonte: o autor (2017). Período das Operações Concretas: esse período é característico no � m da infância e início da adolescência, ou seja, entre os 7 e 11/12 anos de idade. Uma peculiaridade dessa etapa é a construção da lógica, em que o indivíduo consegue estabelecer relações que permitem a coor- denação de diferentes pontos de vista (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002). 12WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 1 ENSINO A DISTÂNCIA Nesse período há maior possibilidade de a criança ou adolescente trabalhar em grupo, cooperar com outras pessoas, estabelecer a sua autonomia pessoal. Piaget analisou, de acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2002, p. 104, grifos do original), que nessa fase acontece o [...] surgimento de uma nova capacidade mental da criança: as operações, isto é, ela consegue realizar uma ação física ou mental dirigida para um � m (objetivo) e revertê-la para o seu início. Assim, nesse período, a criança ou o adolescente desenvolve capacidades de relações en- tre causa e efeito, meio e � m, sequência de ideias, entendimento de diferentes pontos de vista, etc. Ainda é importante ressaltar que no período das Operações Concretas, ocorre o apare- cimento da vontade no indivíduo, este adquire autonomia crescente em relação à pessoa adulta, organizando seus próprios valores morais como, por exemplo, respeito, honestidade e justiça. Quadro 3 - Principais características do Período das Operações Concretas Fonte: o autor (2017). Período das Operações Formais: esse período corresponde dos 11/12 anos em diante, ou seja, da adolescência em frente. Aqui o adolescente consegue realizar operações no plano das ideias, sem a necessidade de manipular um objeto material, como no período anterior (BOCK; FURTADO, TEIXEIRA, 2002). O adolescente consegue, a partir das características dessa fase, abstrair e generalizar, buscando entender melhor o meio social o qual convive, conseguindo apu- rar conclusões de puras hipóteses. Bock, Furtado e Teixeira (2002, p. 106) explicam que, de acordo com Piaget: Do ponto de vista de suas relações sociais, também, ocorre o processo de carac- terizar-se, inicialmente, por uma fase de interiorização, em que, aparentemente, é antissocial. Ele se afasta da família, não aceita conselhos dos adultos; mas,na realidade, o alvo de sua re� exão é a sociedade, sempre analisada como passível de ser reformada e transformada. Posteriormente, atinge o equilíbrio entre pen- samento e realidade, quando compreende a importância da re� exão para a sua ação sobre o mundo real. De certa maneira, nessa etapa, o adolescente busca se encontrar em grupos de pessoas com características parecidas com as suas, de modo a desenvolver um sentimento de pertença. Busca, então, libertar-se dos adultos, com o objetivo de efetivar suas relações com seus pares para, assim, ser aceito no grupo de amigos. 13WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 1 ENSINO A DISTÂNCIA Quadro 4 - Principais características do Período das Operações Formais Fonte: o autor (2017). Após essa análise acerca da Epistemologia Genética (teoria desenvolvida por Jean Piaget), a seguir vamos discutir os principais aspectos do desenvolvimento humano e da aprendizagem traçados por Vigotsky. ENFOQUE INTERACIONISTA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO: VIGOTSKY Vigotsky contribuiu muito para os estudos acerca do processo de aprendizagem e de- senvolvimento do ser humano. Mas, quem foi esse estudioso tão in� uente na área da Psicologia e Educação? Após apresentarmos a sua biogra� a, de forma resumida, apresentaremos as suas principais ideias, a � m de que você tenha uma compreensão maior acerca da sua contribuição cientí� ca. Vigotsky foi um psicólogo bielo-russo e produziu estudos acerca do desenvolvimento da aprendizagem e do papel das relações sociais nesse processo, portanto, seu pensamento � cou conhecido como Sócio Interacionista. Lev Semenovitch Vigotsky nasceu em Orsha no dia 17 de novembro de 1896, foi � lho de uma família culta e judia, vivendo em Gomel até os 17 anos de idade, se destacando enquanto aluno do curso secundário (FRAZÃO, 2017). Com 18 anos, Vi- gotsky iniciou os estudos no curso de Medicina, porém, o transferiu para o curso de Direito na Universidade de Moscou. Nesse mesmo período, o autor estudou Literatura e História da Arte. Figura 5: Vigotsky. Fonte: Infoescola (2017). 14WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 1 ENSINO A DISTÂNCIA No ano de 1917, Vigotsky se graduou em Direito, depois de formado, retornou para Go- mel. Lá, fundou uma editora e um laboratório de psicologia no instituto de Treinamento de Pro- fessores, ministrando cursos de Psicologia. A partir daí, dedicou-se, enfaticamente, aos estudos dos processos mentais humanos (FRAZÃO, 2017). O interesse de Vigotsky pelas funções mentais superiores, cultura, linguagem e processos orgânicos cerebrais o levaram a trabalhar com pesquisadores neuro� - siologistas como Alexander Luria e Alexei Leontiev, que deixaram importantes contribuições para o Instituto de De� ciência de Moscou, entre eles o livro “A Formação Social da Mente” onde aborda os processos psicológicos tipicamente humanos, analisando-os a partir da infância e do seu contexto histórico-cultural (FRAZÃO, 2017, s/p). Após a sua morte, as suas ideias foram repudiadas pelo governo soviético. Suas obras foram proibidas naquela localidade entre 1936 e 1958 (período da censura do regime stalinista). Fato esse que ‘atrasou’ a publicação dos livros “Pensamento e Linguagem” no Brasil, que ocorrera no ano de 1962 e “A Formação Social da Mente” em 1984. Vigotsky faleceu de tuberculose em Moscou no dia 11 de junho de 1934, antes de completar seus 38 anos de idade (FRAZÃO, 2017). Após estudarmos um pouco sobre a vida de Vigotsky, a partir de agora, vamos entender sobre as suas pesquisas relacionadas ao desenvolvimento do ser humano. Uma ideia bastante difundida a partir dos estudos de Vigotsky (2009) é que, desde o nascimento, somos socialmente dependentes de outras pessoas, de maneira a entrarmos em um processo histórico de relações com o mundo (meio social) e com quem nele está (indivíduos que nos relacionamos). FILME: O Enigma de Kaspar Hauser Direção: Werner Herzog Local e ano: Alemanha Ocidental, 1974 Principais temas a serem debatidos: O papel das relações sociais no desenvol- vimento humano. Sinopse: O filme é uma história baseada em fatos reais, que relata o processo de socialização de um garoto na cidade de Nuremberg (Alemanha). Kaspar Hau- ser era um garoto que viveu durante anos de sua vida trancado numa torre sem contato algum com a sociedade. Ele tinha apenas contato com um homem que “cuidava” dele todos os dias. Kaspar não falava, nem se movia. Até que um dia esse mesmo homem começou a ensinar algumas palavras e a dar seus primei- ros passos. Foi assim que, pela primeira vez teve contato com a natureza. Um certo dia, Kaspar é encontrado no meio de uma praça “paralisado”, segurando apenas uma carta que fora escrita pelo homem que cuidou dele no período em que esteve enclausurado. E aí começa a sua aventura e desenvolvimento. Este filme mostra grande evolução do garoto na civilização (DIA A DIA EDUCAÇÃO, s/d). 15WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 1 ENSINO A DISTÂNCIA REFLITA Vigotsky (1996) sempre considerou o ser humano inserido na sociedade e, desta forma, sua abordagem e seus estudos foram orientados para os processos de desenvolvimento do indivíduo, enfatizando a dimensão sócio histórica e a intera- ção do ser humano com o outro no espaço social. Portanto, a sua abordagem buscou caracterizar os vários aspectos tipicamente humanos (memória, atenção voluntária, pensamento etc.) do comportamento e elaborar hipóteses acerca de como tais características se formam ao longo da história do indivíduo. Bock, Furtado e Teixeira (2002, p. 107) enfatizam que: Um pressuposto básico da obra de Vigotsky é que as origens das formas superio- res de comportamento consciente – pensamento, memória, atenção voluntária, etc. –, formas essas que diferenciam o homem dos outros animais, devem ser achadas nas relações sociais que o homem mantém. Mas Vigotsky não via o homem como ser passivo, consequência dessas relações. Esse excerto contribui para pensarmos que o estudioso entendia o ser humano como fruto das suas relações sociais, porém, esse indivíduo não era passivo, pelo contrário: era ativo e agia sobre o mundo, sempre em relações interativas. Vigotsky (1996) criou três termos muito relevantes para os estudos do desenvolvimento humano: Zona de Desenvolvimento Proximal, Nível de Desenvolvimento Real e Nível de Desen- volvimento Potencial. A seguir, de forma breve, vamos apontar o que vem a ser cada um deles. A Zona de Desenvolvimento Proximal é a distância entre o Nível de Desenvolvimento Real (determinado pela capacidade de um indivíduo resolver problemas sozinho) e o Nível de Desenvolvimento Potencial (capacidade de o indivíduo resolver problemas em colaboração de outros indivíduos ou parceiros mais experientes) (VIGOTSKY, 1996). Quadro 5 – ZDP, NDR, NDP Fonte: o autor (2017). Nessa linha de raciocínio, estes conceitos buscam contribuir, inclusive, para que profes- sores organizem suas aulas, de modo a pensarem no aluno como um ser capaz de desenvolver-se por meio da contribuição de pessoas mais experientes (outros alunos, professores, responsáveis, etc.). 16WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 1 ENSINO A DISTÂNCIA Vigotsky (1996) ainda enfatiza que aprendizagem e desenvolvimento são indissociáveis. Logo, esses aspectos caminham juntos, de maneira que o indivíduo, a partir das relações exterio- res, aprende coisas novas enquanto se desenvolve. Utilizando os estudos de Vigotsky nas escolas, é possível estabelecer que as instituições de ensino devem ser lugares de interação social entre seus membros. Alunos, professores e demais pro� ssionais da Educação devem ser considerados parceiros no processo de aprendizagem e de- senvolvimento,de modo que o corpo discente seja visto como um ser aprendente. Após analisarmos as principais ideias de Vigotsky, a seguir discutiremos acerca de outras duas teorias do desenvolvimento e da aprendizagem: Humanismo e Behaviorismo. LIVRO: Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem AUTORES: L. S. Vigotsky, A. R. Luria, A. N. Leontiev ANO DE PUBLICAÇÃO: 2016 (14a edição) O QUE PODE SER ENCONTRADO NO LIVRO: Três dos principais representantes da psicologia soviética LEONTIEV, LURIA e VIGOTSKY estão presentes nesta co- letânea, organizada por professores do Instituto de Biomédicas e da Faculdade de Educação da USP. Centrados em temática pertencente à psicologia cognitiva (percepção, memória, atenção, solução de problemas, fala, atividade motora), os três autores soviéticos estudaram desde processos neurofisiológicos até rela- ções entre o funcionamento intelectual e a cultura em que os indivíduos estão inseridos. Assim, trabalharam intensamente não apenas com temas de psicolo- gia do desenvolvimento como também com as relações entre linguagem e pen- samento, com implicações para a neurologia, psiquiatria e educação (VIGOTSKY, LURIA, LEONTIEV, 2016). UNIDADE 17WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 18 HUMANISMO ............................................................................................................................................................ 19 BEHAVIORISMO ....................................................................................................................................................... 24 OUTRAS TEORIAS DE DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM PROF. DR. MÁRCIO DE OLIVEIRA 02 18WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 2 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Para além das teorias desenvolvidas por Piaget e Vigotsky (sobre aprendizagem e desen- volvimento humano), existem outras teorias que buscam caracterizar essas etapas a que passam os seres humanos. É fato que a Teoria da Epistemologia Genética e a Teoria Sócio Interacionista são as mais conhecidas nos cursos de licenciatura, no entanto, é fundamental conhecer outras correntes a � m de analisar – por meio de vários elementos – o desenvolvimento humano e o processo de aprendizagem. Um fator fundamental é pensarmos que as teorias possuem características diferentes, e o professor deve aproveitar, após conhecer tais características, as que mais se aproximam de seu método de ensino e do ambiente ao qual está inserido. Quando um professor está utilizando características de uma determinada teoria do de- senvolvimento e aprendizagem, não signi� ca que ele esteja desconsiderando as características de outra abordagem ou que não concorde com essas últimas. A escolha de uma teoria deve ser democrática, de forma que seja sempre associada aos objetivos propostos pelo docente. Ainda é interessante o professor sempre lembrar que o objetivo principal de uma institui- ção escolar é a aprendizagem de seus alunos, bem como o bem-estar de quem a frequenta, logo, conhecer as teorias se torna primordial, sobretudo para direcionar o trabalho docente. Lembramos que não é objetivo desta unidade (ou deste livro) julgar as teorias existentes, mas elencar as principais características e os principais pensadores que dispensaram tempo dos seus estudos a � m de organizar de� nições acerca do processo de aprendizagem humano e sobre seu desenvolvimento. Para dar sequência nesse livro, a unidade 02 (dois) discorrerá sobre outras duas vertentes de pensamento que buscam dar respostas para as características do processo de desenvolvimento e aprendizagem do ser humano, a citar: Humanismo e Behaviorismo. 19WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 2 ENSINO A DISTÂNCIA HUMANISMO Na perspectiva Humanista, o foco é uma visão do ser humano como pessoa. O que é mais relevante é a autorrealização, ou seja, o seu crescimento pessoal. De acordo com Moreira (1997), o ser humano deve ser visto como um todo que engloba ação, sentimento e pensamento. A teoria Humanista é caracterizada por um número bastante considerável de diferentes expressões, como por exemplo: não-diretiva, fenomenológicas, existenciais etc. O principal pensador dessa linha de pensamento foi Carl Rogers, o autor defendia que o ser humano deveria ser analisado em um todo, pelo fato de pensar, sentir e realizar coisas. Logo, a aprendizagem não se limita apenas a um aumento de conhecimento. A teoria rogeriana surgiu, em meados do século XX, como uma terceira vertente entre dois campos da psicologia: a Psicanálise (de Freud) e o Behaviorismo (de Skinner). Carl Rogers foi um psicólogo norte-americano. Ele nasceu em Oak Park, Illinois, nos Estados Unidos, no dia 08 de janeiro de 1902. Era o � lho do meio de uma família protestante, em que os valores tradicionais e religiosos eram bastante cultivados, junto com o incentivo ao trabalho duro. Aos doze anos de idade, Rogers e sua família se mudaram para uma fazenda, e, por conta de terreno fértil, ele passou a se interessar pela agricultura e pelas ciências naturais (FRAZÃO, 2016a). Na universidade de Wisconsin, Carl Rogers dedicou-se ao aprofundamento de seus estu- dos em ciências físicas e biológicas. Após se graduar, em 1924, passou a frequentar o seminário (em Nova Iorque). Ao ser transferido para o Teachers Coolege da Columbia University, Rogers foi introduzido na psicologia e obteve o título de mestrado em 1928 e de doutorado em 1931 (FRAZÃO, 2016a). No ano de 1949, Rogers passou a ocupar a cátedra de Psicologia da Universidade de Ohio. Depois de um tempo, em 1957, Rogers se tornou professor na Universidade em que se graduou, Winconsin, até 1963. Durante esses anos, ele liderou um grupo de pesquisadores que realizou um brilhante estudo intensivo e controlado, utilizando a psicoterapia centrada com pacientes esquizofrênicos, obtendo, em alguns pontos, muito material sobre a relação terapêutica e muitos outros dados de interesse cientí� co, em termos estatísticos, com estes e com seus familiares. Foi o início de uma abordagem mais humana junto aos pacientes hospitalares. Desde 1964, Rogers associou-se ao Centro de Estudos da Pessoa, em La Jolla, Califórina, entrando em contato com outros teóricos humanistas, como Maslow, e � lósofos, como Buber e outros. Carl Rogers faleceu em San Diego, Califórnia, Estados Unidos, no dia 4 de fevereiro de 1987 (FRAZÃO, 2016a). Figura 6 - Carl Rogers. Fonte: NovaEscola (2017). 20WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 2 ENSINO A DISTÂNCIA Rogers defendia que o indivíduo, por estar em uma sociedade dinâmica e mutável, deve- ria se ajustar a essa sociedade, ou seja, o ser humano necessita se adaptar ao meio em que vive, para garantir (ou buscar garantir) a sua sobrevivência. Rogers (1978) baseou os seus escritos na crença na pessoa humana, bem como nas decor- rências educacionais. O estudioso do desenvolvimento humano a� rmou que mais do que pensar em currículos e métodos de ensino, o professor deveria re� etir sobre a sua posição perante a vida, ou seja, a análise do indivíduo era o que realmente faz a diferença em sua proposta. Mais adiante, em 1985, foi publicado outro material de Rogers no Brasil em que o estu- dioso propôs, em sala de aula, que este fosse um ambiente de auto estima e autocon� ança, de maneira a contribuir aos alunos que se desenvolvam como pessoas e com atitudes que favoreçam à aprendizagem. O autor defendia que a terapia era fundamental, haja vista, essa atividade ajudaria uma pessoa a entender como um indivíduo pode vivenciar da melhor maneira possível a si mesmo, além de desenvolver suas experiências. Essaterapia, de acordo com Rogers, poderia contribuir para a Educação, de maneira que o aluno poderia compreender melhor esse processo e seu papel na realização do mesmo (ROGERS, 1985). Rogers (1985, p. 23) enfatiza que: É absolutamente essencial que os jovens aprendam, já cedo na vida, a examinar problemas complexos, a identi� car os prós e os contras de cada solução e a es- colher a posição que desejam assumir em cada questão. [...] aprender e solucio- nar problemas complexos, tanto sociais quanto cientí� cos, constitui um objetivo primário da educação, que não pode ser atingido numa situação em que se exige a conformidade a certa opinião dogmática. Não pode ser atingido quando o debate livre e aberto é, de alguma maneira, inibido. Nesse sentido, a instituição escolar deve buscar com que o indivíduo aprenda a aprender, de modo a se adaptar às transformações sociais. Para isso, a escola deve se preocupar menos com a rigidez dos currículos e dos conteúdos estudados e mais com as características de seus alunos e docentes. Figura 7 – Expressão da criatividade (característica da abordagem humanista). Fonte: Google Images. REFLITA A abordagem humanista, conforme fora apresentado, valoriza a pessoa autênti- ca e criativa. Que seja capaz de expressar as suas potencialidades plenamente, levando em consideração a realidade a qual vive. 21WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 2 ENSINO A DISTÂNCIA Deste modo, Rogers defendia que em contato com sua vivência, o indivíduo valoriza a sinceridade, a responsabilidade social, o autoconhecimento e, sobretudo, as relações afetuosas entre as pessoas. Outra característica essencial na abordagem humanista é a liberdade, sobretudo porque a liberdade, de acordo com a teoria, é a compreensão de que o ser humano pode viver a si próprio, a partir de suas escolhas. Essa liberdade pode ser pensada como a descoberta de signi� cado do seu íntimo (ROGERS, 1985). Moreira (1997) enfatiza que, para Rogers, é essencial a escola buscar a facilitação do de- senvolvimento dos alunos, sendo que o professor deve ser visto como facilitador do processo de aprendizagem, além disso, as relações interpessoais precisam ser signi� cativas. A abordagem rogeriana defende que o ser humano apresenta uma potencialidade natural para a atividade de aprender e que o discente necessita perceber o conteúdo trabalhado em sala de aula como algo relevante para os seus objetivos. Os atos (ou as atitudes – capacidades atitu- dinais) são os propulsores das aprendizagens signi� cativas, ou seja, tais aprendizagens são rea- lizadas por meio das ações dos indivíduos. Nessa perspectiva, a avaliação é mais valiosa quando realizada pelo próprio ser aprendente, ou seja, defende-se a autoavaliação, pois esta última leva à autocon� ança, criatividade, independência. Figura 8 – Autoavaliação. Fonte: o autor. Abaixo, apresentamos um quadro com as principais características da psicologia huma- nista, enfatizando os seus aspectos práticos. Quadro 6 – Aspectos da Psicologia Humanista Fonte: Adaptado de Francisco Filho (2002). 22WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 2 ENSINO A DISTÂNCIA Assim, evidencia-se que, na abordagem de Rogers, a aprendizagem mais útil é aquela que proporciona ao aluno aprender a aprender, pois somente dessa forma os indivíduos conseguirão se adaptar às transformações sociais. Ainda nas palavras do autor, o objetivo da Educação deveria ser o de facilitar a aprendi- zagem: O único homem instruído é aquele que aprendeu como aprender, o que apren- deu a adaptar-se e a mudar, o que se deu conta de que nenhum conhecimento é garantido, mas apenas o processo de procurar o conhecimento fornece base para a segurança. A qualidade de ser mutável, um suporte no processo, mais do que no conhecimento estático, constitui a única coisa que faz qualquer sentido como objetivo para a educação no mundo moderno (ROGERS, 1985, p. 126). É perceptível que Rogers compreende a facilitação da aprendizagem como meta da Edu- cação, logo, a relação entre professor e aluno vai além de ensino e aprendizagem, mas com o objetivo de aprendizagem signi� cativa. Figura 9 - Relação entre professor e aluno. Fonte: Google Images (2017). Conforme mencionamos algumas vezes, Rogers atribui muita importância para a apren- dizagem signi� cativa. No quadro abaixo, apresentamos, de acordo com o autor, as principais características da mesma: REFLITA A abordagem humanista defende que é possível – e necessário – que a escola seja um lugar em que de um lado se tenham alunos interessados e querendo aprender; e de outro, professores que gostam do que fazem e de seus alunos. Embora seja difícil, essa seria a saída para uma escola mais inclusiva e que bus- ca atingir seu principal objetivo: a aprendizagem significativa dos alunos. 23WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 2 ENSINO A DISTÂNCIA Quadro 7 – Características da aprendizagem signi� cativa Fonte: Rogers (1985, p. 29-30). Diante do exposto, Rogers defendia que quem aprende e produz ciência é o ser humano engajado, que busca e que aprende a aprender. Assim, conhecer é algo necessário e dinâmico, à medida que a sociedade está em constante transformação. A escola deve, então, proporcionar um ambiente signi� cativo de aprendizagem, em várias perspectivas: pessoal, social, política, estrutu- ral etc. Além disso, a teoria rogeriana entende que a facilitação da aprendizagem é um dos princi- pais objetivos da Educação. Assim, Rogers (1985) defendia que existiam algumas qualidades das atitudes de facilitação da aprendizagem: • Empatia: o professor se colocar no lugar do aluno para compreender internamente as reações desse último e ter consciência de como a aprendizagem acontece; • Autenticidade: o professor ‘ser ele próprio’, sem negar-se a si mesmo; • Apreço: con� ança do professor na capacidade de o indivíduo aprender, con� ando no outro enquanto pessoa. Esses aspectos da teoria de Rogers fazem pensar em algumas características especí� cas que o autor defendia: professores e alunos são responsáveis pelo processo de aprendizagem, o professor deve oferecer os recursos de aprendizagem com o objetivo de facilitar o aprendizado do aluno, o aluno tem a capacidade de desenvolver seu próprio programa de aprendizagem (sozinho ou em conjunto com outros alunos ou professor). 24WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 2 ENSINO A DISTÂNCIA Para Rogers (1985), o ambiente de aprendizagem também deve ser facilitador, ofertando objetos que contribuem para a formação dos alunos. Nesse ambiente deve existir aspectos da re- alidade, bem como despertar o interesse dos alunos. Os alunos, por sua vez, para além de apren- derem com os professores, aprendem, também, uns com os outros, de maneira que um aluno contribui na aprendizagem do outro. Essa teoria é de� nida como não-diretiva, pois o aluno é quem escolhe o que deseja apren- der e o professor facilita esse processo. Portanto, são fundamentais o interesse e a motivação do aluno, de modo a melhorar esse procedimento de aprendizagem. Rogers (1985) não nega a existência do aspecto lógico e ordenado da aprendizagem, no entanto o autor defende que esse não seja o único aspecto que pode ser aplicado à Educação. A partir desse cenário, é fundamental entendermos que a teoria Humanista postula que o indivíduo é um ser livre e dinâmico, em busca da autorrealização e autonomia, mesmo apresentando limites. Além disso, é fundamental destacar que Rogers defendeu que o indivíduo tem a capaci- dade de controlar o seu próprio desenvolvimento, além de possuir o desejo de mudança e pre- paração para organizar sua própria opinião sobre os diversos assuntos. Portanto, a concepçãode Rogers de Educação deve levar em consideração uma mudança de alguns hábitos, em que os professores precisam acreditar em seus alunos, descobrindo os seus interesses e buscando manter a motivação para os estudos. De acordo com Rogers (1985), o poder de decisão está nas mãos de quem será afetado no processo de ensino e aprendizagem. Assim, a sua proposta representa uma mudança considerável na Educação, sobretudo referente ao modelo tradicional de ensino. A teoria Humanista defende que a pessoa que aprende e está em crescimento que consti- tui a força politicamente poderosa na Educação. Logo, ocorre uma mudança de comportamento nos indivíduos que estavam habituados a serem sempre dirigidos, incluindo professores e os próprios estudantes. Reforçamos que a teoria rogeriana permite que o aluno aprenda a alimentar a sua curio- sidade, de modo a sempre buscar um conhecimento novo e aprimorar os conhecimentos já ad- quiridos. Aprender a aprender interfere no futuro do indivíduo, pois isso faz com que o processo de aprendizagem esteja sempre vivo em quem já fez parte do corpo discente, demonstrando interesse e vontade de buscar sempre mais conhecimento. Após estudarmos as principais características da teoria Humanista do desenvolvimento humano e sua aprendizagem, a seguir traçaremos os principais aspectos acerca do Behaviorismo. BEHAVIORISMO Quem nunca se perguntou: por que determinada pessoa age de determinada forma? A teoria de aprendizagem behaviorista, que contribui a responder tal questionamento, tem o seu foco no comportamento do ser humano, em que suas ações são observáveis. Aqui, os estímulos externos contribuem para que o indivíduo reaja de uma maneira especí� ca de comportamento. O termo Behaviorismo foi inaugurado pelo americano John Watson, no ano de 1913. O termo inglês “behavior” signi� ca “comportamento”. Outros possíveis nomes para essa tendência teórica são: comportamentalismo, teoria comportamental, análise experimental do comporta- mento, análise do comportamento (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2002). 25WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 2 ENSINO A DISTÂNCIA Mesmo sendo Watson a utilizar primeiramente o termo behaviorismo, o seu sucessor, Skinner, foi um dos mais importantes estudiosos a propagar as ideias dessa teoria. A seguir mos- traremos um pouco da biogra� a desse importante cientista da área da psicologia, que se dedicou ao estudo do comportamento. Burrhus Frederic Skinner nasceu em 20 de março de 1904 em Susquenhanna, na Pensil- vânia, onde viveu até ir para o colégio. Ele gostava da escola e era o primeiro a chegar todas as manhãs. Sua infância e adolescência foi bastante movimentada: ele gostava de construir objetos como jangadas, carrinhos, trenós, etc. Desde cedo demonstrava interesse pelo comportamento dos animais. No ano de 1928, Skinner se inscreveu na pós-graduação de psicologia em Harvard, mesmo nunca tendo estudado psicologia antes. Adquiriu o título de doutorado três anos depois. Sua principal ideia era de que um re� exo não é senão a correlação entre um estímulo e uma res- posta (SCHULTZ; SCHULTZ, 1981). Após realizar vários pós-doutorados, Skinner foi lecionar na Universidade de Minnesota e na Universidade de Indiana. Em 1947, ele voltou a Harvard. O estudioso manteve-se produtivo até a morte, aos oitenta e seis anos de idade, trabalhando até o � m com o mesmo entusiasmo de sempre. Antes de morrer, aos 68 anos, escreveu um artigo intitulado ‘Autoadministração intelec- tual na velhice” baseado em sua própria vida. Faleceu, doente terminal com leucemia, em 18 de agosto de 1990 (SCHULTZ; SCHULTZ, 1981). Figura 10 - Skinner. Fonte: Google Images (2017). As ideias behavioristas de Skinner contribuíram muito para o desenvolvimento da psi- cologia, de modo a buscar compreender os estímulos dados aos seres humanos e o que esses estímulos causavam como respostas nos seres humanos. Há um pressuposto � losó� co que coloca destaque nos comportamentos observáveis e mensuráveis, ou seja, é uma linha de pensamento que acredita nos estudos das respostas do sujei- to aos estímulos externos (ou estímulos advindos do ambiente). Nessa perspectiva, o indivíduo é estimulado e emite uma resposta que pode ser observada, mensurada e, se há um reforço positi- vo, essa resposta se torna mais frequente. Da mesma forma, se o reforço for negativo, o indivíduo tende a não emitir mais essa resposta (SKINNER, 1972). 26WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 2 ENSINO A DISTÂNCIA REFLITA Skinner considerava que o seu trabalho busca uma análise das relações entre estímulo e resposta. A partir dessa premissa, o comportamento é eliciado pelo estímulo e o controle deste comportamento é exercido por suas consequências (o que é chamado de resposta). Deste modo, os indivíduos se comportam para obter recompensas e evitar as punições. E essa ação vai ‘moldando’ o comportamento humano, de modo que as pessoas treinam as suas ações mediantes os estímulos recebidos. Os fatos ocorridos depois da manifestação do compor- tamento são denominados de reforços. Estes últimos, por sua vez, têm o papel de aumentar ou diminuir a possibilidade de que o comportamento se manifeste novamente. A seguir uma tabela com esses principais conceitos da teoria behaviorista, apresentados até agora: Quadro 8 – Alguns dos principais conceitos da teoria Behaviorista Fonte: o autor (2017). Diante do exposto, é possível averiguarmos que a teoria behaviorista busca prever a res- posta quando se conhece o estímulo; e identi� car o estímulo quando se tem conhecimento da resposta. Por meio dessa relação é possível analisar o comportamento, incluindo o processo de aprendizagem. Saber quais os estímulos existem dentro da área educacional pode contribuir para melho- rar o processo de aprendizagem. Da mesma forma, conseguir entender as respostas dadas pelos alunos podem contribuir no momento de (re)organizar as aulas, de modo a atingir o principal objetivo educacional: levar conhecimento aos alunos. FILME: Laranja Mecânica Direção: Stanley Kubrick Local e ano: EUA, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, 1971 Principais temas a serem debatidos: Behaviorismo (Teoria Comportamental) Sinopse: Alex DeLarge é um jovem que tem gostos muito peculiares, adora mú- sica clássica e violência, liderando uma gangue com seus amigos (druguis) ele comete atrocidades, como o estupro de uma mulher na frente de seu marido e espancamento dos dois, porém tudo muda quando seus amigos se revoltam e 27WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 2 ENSINO A DISTÂNCIA o deixam temporariamente cego em uma cena de um crime, assim Alex é preso e condenado, parando na cadeia, até o surgimento de um tratamento muito alternativo. Por fim, o tratamento Ludovico, aplicado em Alex como uma possível cura para seu comportamento, é um dos momentos emblemáticos do filme, sendo desde o livro uma clara referência a métodos de manipulação (MÚSICA & CINEMA, 2013). Skinner (1972) ainda apresenta dois tipos de aprendizagem possíveis: aprendizagem por condicionamento clássico (ou respondente) e aprendizagem por condicionamento operante. A aprendizagem por condicionamento respondente (ACR) é o que podemos denominar de ‘não-voluntário’ e inclui as respostas que são produzidas por estímulos antecedentes do am- biente, como, por exemplo, o arrepio da pele ao estrarmos em contato com o ar frio, ou a dimi- nuição da pupila dos olhos em contato com a luz forte. Figura 11 - O arrepio da pele é considerado um condicionamento respondente. Fonte: Google Images (2017). A aprendizagem por condicionamento operante (ACO) se concentra no uso de reforço ou punição para aumentar ou diminuir um determinado comportamento como, por exemplo, um aluno recebe um elogio ao realizar determinadaatividade escolar corretamente e, se esse elo- gio, comprovadamente, for capaz de fazer com que o aluno realize as atividades futuras de forma correta, podemos chamar de reforço. A ACR, então, não é uma resposta aprendida, mas uma manifestação automática do or- ganismo. Outro exemplo: ao ouvirmos um barulho repentino muito alto, é automático que feche- mos os olhos (ao nos assustarmos). A ACO ocorre apoiando-se em comportamentos emitidos pelo próprio organismo (pes- soa, por exemplo) que são seguidos por algum tipo de consequência. Essa consequência pode ser agradável – provocando uma tendência à repetição do comportamento – ou desagradável – pro- vocando a extinção do comportamento. Outro exemplo: quando um responsável está alimentan- do uma criança e essa última come toda a comida, conforme tal responsável espera, essa criança pode ganhar um doce que ela goste; isso fará que o comportamento de comer toda a refeição seja repetido várias vezes. Se o fato de a criança ganhar o doce � zer com que o comportamento se repita nas próximas refeições, a isso chamamos de reforço. Outro conceito importante nos estudos de Skinner (1972) é o processo de modelagem. Esse processo consiste em apresentar um comportamento complexo por meio de aproximações sucessivas, ou seja, reforça-se o comportamento próximo daquele que se deseja atingir (chamado de comportamento inicial) e segue-se reforçando os comportamentos que mais se aproximam do comportamento desejado (chamado de comportamento � nal), até que o sujeito atinja esse último. 28WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 2 ENSINO A DISTÂNCIA Skinner ainda discutiu os conceitos de reforço positivo e reforço negativo. No senso co- mum, é bastante corriqueiro o fato de as pessoas associarem o reforço positivo a algo bom e o reforço negativo a algo ruim. Essa associação está equivocada, pois só se pode chamar de reforço se este possibilita que o comportamento seja repetido outras vezes em uma mesma situação ou situações parecidas. Para entendermos melhor o reforço positivo e o reforço negativo, é mais adequado pen- sarmos na área da matemática, em que o reforço positivo é visto como “adição”, ou seja, é o fato de adicionar um estímulo; enquanto isso o reforço negativo é visto como “subtração”, ou seja, é o fato de subtrair ou remover um estímulo. O Quadro 9 pode contribuir para � xarmos os termos apresentados: Quadro 9 – Conceitos de reforço positivo e reforço negativo Fonte: o autor (2017). Desta forma, não se pode, de imediato, de� nir um evento como reforçador. A função reforçadora de qualquer evento só é de� nida a partir de sua função sobre o comportamento do indivíduo. Ainda vale ressaltar outro conceito elaborado por Skinner: a esquiva. Essa ação é um processo no qual os estímulos aversivos condicionados e incondicionados estão separados por um intervalo de tempo apreciável, permitindo que o indivíduo execute um comportamento que previna a ocorrência ou reduza a magnitude do segundo estímulo (BOCK, FURTADO, TEIXEI- RA, 2002). Um exemplo simples de esquiva é quando vemos um rojão sendo estourado. Ao perceber que alguém acendeu um rojão, sabemos que posteriormente fará um enorme barulho. Se você não gosta (ou não está habituado a esse barulho), evidentemente, você tapará os ouvidos, de ma- neira a diminuir os ruídos desse artefato. O ato de tapar os ouvidos é considerado como esquiva na teoria Behaviorista. O conceito de fuga também foi bastante discutido na teoria Behaviorista: é quando um comportamento reforçado é aquele que termina com um estímulo aversivo já em andamento (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2002). Um exemplo de fuga é quando você conheceu uma de- terminada balada e não lhe agradou o estilo de música. Se você se encontrar em um ambiente que o estilo de música não lhe agrada, evidentemente você sairá daquele local, essa ‘saída’ é entendida como fuga. A aplicação do behaviorismo na Educação é bastante perceptível. Vale enfatizar que a abordagem comportamentalista tem como tema central a aprendizagem, haja vista o mais im- portante na determinação do comportamento do indivíduo são as suas experiências (ações de- senvolvidas anteriormente), durante toda a sua vida. 29WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 2 ENSINO A DISTÂNCIA REFLITA Ao compreender a teoria behaviorista, responsáveis e educadores podem modi- ficar o ambiente e os estímulos a fim de buscar a realização de um comporta- mento desejável em determinadas atividades. O professor, por exemplo, pode compreender o que cada estímulo pode gerar de com- portamento, assim tem o poder de organizar as suas aulas de acordo com a proposta de buscar acelerar o comportamento dos alunos. Sem a interferência do professor, o comportamento, evi- dentemente, seria adquirido vagarosamente, ou mesmo não seria adquirido. Ao estabelecer um plano de aula, o professor deve levar em consideração os aspectos do meio e suas in� uências na busca de organizar a aprendizagem. Para a abordagem behaviorista, o desenvolvimento e a aprendizagem são processos coincidentes, pois o primeiro é resultado do segundo, ou seja, estão interligados. O fato de conhecer o comportamento dos alunos contribui para o professor estruturar as suas aulas, sendo que a partir desse conhecimento o ensino se torna mais e� ciente, fazendo com que a aprendizagem de determinados conteúdos e habilidades sejam mais e� cientes também. Essa organização deve acontecer por pequenos passos e a valorização do planejamento é o pri- meiro deles. Cabe salientar que, por meio da teoria Behaviorista, Skinner construiu o que chamou de ‘Máquinas de Skinner’, que funciona com a instrução programada. Esse aparelho consiste em uma caixa (que se parece com um gravador), possuindo uma abertura na parte superior por onde é possível visualizar um problema ou uma questão impressa. Após responder a esse problema ou questão, o aluno gira um botão. Se a resposta estiver correta, o botão gira, caso contrário, não. Desta forma, a ‘Máquina de Skinner’ faz com que haja progressão na atividade apenas se as respostas emitidas estiverem corretas. Caso as respostas oferecidas pelo aluno não esteja de acordo, o aparelho não progride com a atividade, fazendo com que a criança busque novamente solucionar o problema ou a questão posta. Vale destacar, então, que os fatores externos ou ambientais são de bastante importância para a abordagem behaviorista, pois podem contribuir na de� nição do comportamento esperado do indivíduo. Logo, é preciso conhecer tais fatores (externos e internos) a � m de poder analisar de melhor maneira o comportamento humano. Algumas das principais características da teoria Behaviorista proposta por Skinner, de acordo com Francisco Filho (2001), são: • As instituições educacionais se utilizam do reforço para a resolução de exercícios; • Para � xar um comportamento em um ser aprendente, é preciso apresentar um estímulo correto e, para refutar, basta desestimular; • Há ênfase na estimulação dos sentidos; • O reforço é uma constante e os comportamentos são condicionados alo longo da vida dos indivíduos; • As famílias podem ser consideradas como os reforçadores primários, seguidas de outras instituições (incluindo as escolares); 30WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 2 ENSINO A DISTÂNCIA • Os educadores buscam trabalhar para a aquisição do comportamento e a sua ma- nutenção; • Certos estímulos produzem determinadas respostas em um indivíduo, basta aplicá-los de forma correta. Essas características são fundamentais para compreender a teoria proposta por Skinner, pois são os principais tópicos de discussão acerca da teoria Behaviorista. Apresentadas as principais características da teoria Behaviorista, a seguir vamos eviden- ciar alguns aspectosestudados por Freud, que tem uma vasta publicação acerca da personali- dade humana. LIVRO: Ciência e Comportamento Humano AUTOR: B. F. Skinner ANO DE PUBLICAÇÃO: 1970 O QUE PODE SER ENCONTRADO NO LIVRO: Na seção I, o livro apresenta a discussão sobre a possibilidade de a ciência con- tribuir na resolução de problemas que a sociedade enfrenta. Na seção II, o livro discute os principais conceitos sobre o comportamento hu- mano. Na seção III, a obra discute aspectos do indivíduo como um todo, em sua tota- lidade. Na seção IV, a obra apresenta o comportamento das pessoas em grupo. Na seção V, o livro apresenta as agências controladoras do comportamento. Na seção VI, a obra discute, de maneira geral, sobre o controle (SKINNER, 1970). UNIDADE 31WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 32 FREUD: ANALISANDO A PERSONALIDADE ........................................................................................................... 33 A SEXUALIDADE INFANTIL ..................................................................................................................................... 37 ID, EGO E SUPEREGO .............................................................................................................................................. 42 O DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE PROF. DR. MÁRCIO DE OLIVEIRA 03 32WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 3 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Até aqui, estudamos algumas correntes teóricas relacionadas ao processo de desenvolvi- mento e aprendizagem do ser humano. As teorias anteriores defendem que tal desenvolvimento e aprendizagem decorrem de fatores orgânicos, sociais, comportamentais, entre outros. Agora, na Unidade 03, vamos discutir acerca dos estudos de Freud. O autor entende que a aprendizagem está enlaçada a um determinante psíquico, que leva o indivíduo a tornar-se dese- jante do saber. De antemão, ressaltamos que a Psicanálise tem como � nalidade fazer com que os indivíduos se autoconheçam, possibilitando que lidem com suas inseguranças, seus sofrimentos e se dirijam para uma produção mais autônoma. Nesta unidade, vamos estabelecer um diálogo acerca de alguns conceitos estudados por Freud e que contribuem para o entendimento da personalidade e do comportamento das pes- soas. São alguns desses conceitos: consciente, pré-consciente, inconsciente, id, ego e superego. Além disso, após estudarmos tais estruturas na mente humana, vamos debater acerca dos aspec- tos da sexualidade humana, compreendendo as fases elaboradas pelo autor: faze oral, fase anal, fase fálica, fase genital e fase de latência. A partir do exposto, apresentaremos algumas das principais ideias de Freud – o ‘pai da psicanálise’, enfatizando seus aspectos e suas contribuições, sobretudo para o desenvolvimento da personalidade humana. Vale destacar que Freud entende que é fundamental questionar por aquilo que faz com que uma pessoa queira aprender algo, pois o processo de aprender depende da razão ou das cau- sas que motivam esse indivíduo na busca do conhecimento. 33WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 3 ENSINO A DISTÂNCIA FREUD: ANALISANDO A PERSONALIDADE Antes de estudarmos as principais ideias do ‘pai da psicanálise’, vamos, neste momento, apresentar, resumidamente, a biogra� a desse importante estudioso para a área da psicologia. Pelo fato de Freud, em 1877, mudar seu nome de Sigismund Schlomo Freud para apenas Sigmund Freud, vamos acatar essa mudança e utilizarmos apenas a segunda ‘versão’ do nome. Freud nasceu em Freiberg, na Morávia, no dia 6 de maio de 1856. Filho de Jacob Freud, pequeno comerciante, e de Amalie Nathanson, de origem judaica, foi o primogênito de sete irmãos. Aos quatro anos de idade, sua família muda-se para Viena, onde os judeus tinham melhor aceitação social e melhores perspectivas econômicas (FRAZÃO, 2016b). Desde pequeno, mostrou-se brilhante aluno. Aos 17 anos, ingressou na Universidade de Viena, no curso de Medicina. Durante os anos de faculdade, deixou-se fascinar pelas pesquisas realizadas no laboratório � siológico dirigido pelo Dr. E. W. von Brucke. De 1876 a 1882, traba- lhou com esse especialista e depois no Instituto de Anatomia sob a orientação de H. Maynert. Concluiu o curso em 1881 e resolveu tornar-se um clínico especializado em neurologia. Durante vários anos trabalhou em uma clínica neurológica para crianças, onde se destacou por ter des- coberto um tipo de paralisia cerebral que mais tarde passou a ser conhecida pelo seu nome. Em 1884, entrou em contato com o médico Josef Breuer que havia curado sintomas graves de histeria por meio do sono hipnótico, onde o paciente conseguia se recordar das circunstâncias que deram origem à sua moléstia. Chamado de “método catártico”, constituiu o ponto de partida da psicaná- lise (FRAZÃO, 2016b). Figura 12: Sigmund Freud. Fonte: Google Images (2017). Em 1885, Freud foi nomeado professor assistente de neurologia na Universidade de Vie- na. Nesse mesmo ano, foi para Paris a � m de fazer um curso com o neurologista francês J. M. Charcot, mas decepcionou-se por não receber o apoio esperado. 34WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 3 ENSINO A DISTÂNCIA De volta a Viena, continuou suas experiências com Breuer. Publicou “Estudos sobre a His- teria” (1895). Durante dez anos, Freud trabalhou sozinho no desenvolvimento da psicanálise. Em 1906, a ele juntou-se Adler, Jung, Jones e Stekel, e, em 1908, se reuniram no primeiro Congresso Internacional de Psicanálise. Dois anos mais tarde, o grupo fundou a Associação Internacional Psicanalítica, com sucursais em vários países. Em 1923, doente, passou pela primeira cirurgia para retirar um tumor no palato. Passou a ter di� culdades para falar, sentia dores e desconforto. Seus últimos anos de vida coincidiram com a expansão do nazismo na Europa. Em 1938, quando os nazistas tomaram Viena, Freud, de origem judia, teve seus bens con� scados e sua biblioteca queimada. Foi obrigado a se refugiar em Londres, após um pagamento de resgate, onde passou os últimos dias de sua vida. Freud morreu em Londres, Inglaterra, no dia 23 de setembro de 1939 (FRAZÃO, 2016b). O ‘pai da psicanálise’ foi in� uenciado pelas ideias de Schopenhauer, que contribuiu para que Freud estudasse e desenvolvesse conceitos acerca do inconsciente (HALL; CAMPBELL; LIN- DZEY, 2000). As ideias de Freud têm uma aproximação e levam muito em conta as questões relaciona- das com a sexualidade (o sexo mais especí� co). O psicanalista defende que um dos importantes momentos de aprendizagem de uma criança é quando ela inicia a descoberta da diferença sexual anatômica, percebendo as diferenças sexuais (de corpo) entre as pessoas (machos e fêmeas). É comum as crianças questionarem de onde vieram, como nascem os bebês e outras in- dagações parecidas. Além disso, meninos e meninas percebem as diferenças biológicas entre seus corpos e chegam a pensar que está faltando algo (pênis) no corpo das fêmeas. Esse fato gera uma angústia (chamada de angústia da castração por Freud). Nesse sentido, o estudioso defende que a criança precisa descobrir o seu lugar no mundo, e este último é potencialmente sexual. REFLITA Freud criou o que chamamos de psicanálise, que, enquanto teoria, caracteriza- -se por um conjunto de conhecimentos sistematizados acerca do funcionamen- to da vida psíquica. FILME: Freud, além da alma Direção: John Huston Local e ano: EUA, 1963 Principais temas a serem debatidos: Psicanálise, a vida do psicanalista Freud. Sinopse: O filme narra o período de vida do “pai da psicanálise”, desde que ele se graduou no curso de Medicinana Universidade de Viena até a formulação da te- oria da sexualidade infantil. No prólogo, o narrador menciona que, junto com Co- pérnico e Darwin, Freud revolucionou a maneira do ser humano ver a si mesmo. O filme mostra Freud, por volta do ano de 1895, em seu processo de descobertas das patologias psíquicas e seu interesse pelos casos de histeria. Durante todo o tempo que estudou seus pacientes, procurando penetrar nos seus inconscien- tes, viveu, concomitantemente, um enorme conflito interior tentando desvendar suas próprias neuroses. 35WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 3 ENSINO A DISTÂNCIA Com o passar do tempo, a criança desloca esse interesse sexual para os não-sexuais, pas- sando a prestar mais atenção em outros aspectos que não são, necessariamente, relacionados ao sexo. Esse deslocamento é realizado, de acordo com Freud, por meio de uma característica da constituição psíquica. No entanto, vale lembrar que curiosidades acerca do sexo podem fazer parte da vida de qualquer pessoa em qualquer fase da vida. Assim, Freud defende que a mola propulsora do desenvolvimento intelectual é, sem dúvida, sexual. O inconsciente signi� ca o conjunto dos conteúdos ‘guardados’, ou seja, não presentes no campo atual da consciência. Esse sistema é constituído por conteúdos reprimidos por meio de censuras internas. Esses conteúdos podem ter sido conscientes em algum momento da vida do indivíduo e, por qualquer motivo, saíram de lá (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002). O mate- rial dessa área não é esquecido ou perdido, mas não é permitido ser lembrado. Desta forma, o inconsciente se refere a todo o conteúdo mental que não se encontra dis- ponível ao indivíduo em determinado momento em que ele queira, por exemplo. Ele representa não só a maior fatia de nossa mente, mas também, de acordo com Freud, a mais importante. Quase todas as memórias que acreditamos estarem esquecidas para sempre, todos os no- mes que não lembramos, os sentimentos e medos que buscamos, de alguma forma, ignorar, todos esses elementos se encontram em nosso inconsciente. Desde a mais tenra infância, os primeiros amigos, as primeiras compreensões: tudo está guardado. Enquanto isso, o pré-consciente refere-se à área em que estão os conteúdos acessíveis pelo consciente. É algo que não está no consciente, porém, algum tempo depois poderá estar (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002). O pré-consciente é muitas vezes chamado de “subconsciente”, no entanto é importante enfatizar que Freud não utilizava esse termo. O pré-consciente se refere àqueles conteúdos que podem facilmente chegar ao consciente, mas que lá não permanecem. Assim, no pré-consciente estão os conteúdos que são, principalmente, informações sobre as quais não pensamos constante- mente, mas que são necessárias para que o consciente realize suas funções. Alguns exemplos são: o nosso sobrenome, o nome dos amigos, números de telefones, alguns acontecimentos marcantes recentes, entre outros. É fundamental ressaltar que, apesar de se chamar Pré-consciente, esse nível mental per- tence ao inconsciente. Podemos pensar no pré-consciente como uma peneira que � ca entre o inconsciente e o consciente, � ltrando as informações que passarão de um nível ao outro. O consciente é a área que recebe, ao mesmo tempo, conteúdo do mundo interior e do mundo exterior do sujeito. Aqui, destaca-se a presença da percepção, atenção e raciocínio (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002). Esse é denominado como a menor parte da mente hu- mana. Desta forma, o consciente é tudo aquilo que estamos conscientes no momento, no agora. Essa menor parte da mente humana é onde está tudo aquilo que podemos perceber e acessar de forma intencional. REFLITA Outra contribuição fundamental de Freud para a área da psicologia foi a teoria da estrutura do aparelho psíquico. Nessa teoria, ele descreveu três instâncias psíquicas: inconsciente, pré-consciente e consciente. 36WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 3 ENSINO A DISTÂNCIA Outro aspecto importante é que o consciente funciona de acordo com as regras sociais, culturais, respeitando o tempo e o espaço em que o indivíduo está inserido. Isso signi� ca que é por meio dele que se dá a nossa relação com o mundo externo. O consciente é, portanto, a capacidade de um indivíduo de perceber e controlar o seu conteúdo mental. Apenas aquela parte de nosso conteúdo mental presente no nível consciente é que pode ser percebida e controlada por nós. Abaixo um quadro resumindo as três partes da mente humana que foram destacadas an- teriormente: Quadro 10 – Consciente, pré-consciente e inconsciente. Fonte: Elaborado pelo autor (2017). É importante ressaltar que, antigamente, acreditava-se que os seres humanos pudessem controlar seus impulsos por meio da vontade, negando o inconsciente, pois o indivíduo é um ser racional. Freud rompeu com esse modelo simplista de pensamento ao estabelecer que a mente humana é mais complexa do que se imaginava. Freud buscou desvendar os mistérios do inconsciente, ele acreditava que a ligação entre todos os acontecimentos mentais ocorria por meio dessa área cognitiva. Figura 13 – Representação da mente humana em forma de iceberg. Fonte: Ciência dos Hábitos (2016). 37WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 3 ENSINO A DISTÂNCIA O estudioso associava a psique humana a um iceberg, em que o consciente é representado pela ponta do iceberg, que � ca visível. O pré-consciente é representado pela parte intermediária – entre o que é visível e o que � ca invisível. Enquanto isso, o inconsciente representa a maior parte do iceberg, que � ca invisível, sob a água, submerso. Freud deu grande importância e atenção aos aspectos sexuais na construção das pessoas. Por esse motivo, a seguir, apresentaremos tais aspectos. A SEXUALIDADE INFANTIL Os trabalhos de Sigmund Freud, já no início do século XX, são um ponto de partida para o estudo cientí� co da sexualidade humana, se caracterizando como o começo de um caminho teórico e cientí� co na busca da compreensão e da apreensão deste tema. Assim, outro campo bastante in� uente para a ciência da psicologia é o estudo, realizado por Freud, acerca da sexualidade infantil. O estudioso descobriu que muitas neuroses e traumas que as pessoas carregam consigo são advindos de con� itos de ordem sexual, estabelecidos nos primeiros anos de vida de uma pessoa. Essas descobertas colocaram a sexualidade bastante relacionada à vida psíquica de uma pessoa, assim fora postulada uma sexualidade infantil. Tais investigações foram muito criticadas pela sociedade puritana da época, por conta de defenderem que a criança era um indivíduo ‘ino- cente’. Figura 14: Sexualidade infantil. Ao estudar o desenvolvimento sexual infantil, Freud mostrou grande interesse nos geni- tais e nas atividades que estes desempenham. O psicanalista dividiu o desenvolvimento infantil em fases, nas quais observava a supremacia de uma zona erógena (região do corpo que sob deter- minados tipos de estimulação provoca uma sensação prazerosa). Freud (2006) desenvolveu uma teoria sobre a sexualidade infantil durante os tratamentos clínicos que realizava em seu consultório. Na ocasião, ele observou transtornos psicológicos apre- sentados por seus pacientes já na idade adulta, buscando tratar, principalmente, os distúrbios de histeria. 38WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 3 ENSINO A DISTÂNCIA Assim, pode-se a� rmar que a criança não foi o ponto de partida de Freud, nem tão pou- co o desejo de seus estudos, no entanto foi o fundamento na busca por solucionar os problemas emocionais apresentados por seus pacientes. Bock, Furtado e Teixeira (2002, p. 74, grifos do original) elencam que as principaisdesco- bertas acerca dessa sexualidade infantil são: • A função sexual existe desde o princípio da vida, logo após o nascimento, e não só a partir da puberdade como a� rmavam as ideias dominantes. • O período de desenvolvimento da sexualidade é longo e complexo até chegar à sexualidade adulta, onde as funções de reprodução e de obtenção do prazer podem estar associadas, tanto no homem como na mulher. Essa a� rmação con- trariava as ideias predominantes de que o sexo estava associado, exclusivamente, à reprodução. • A libido, nas palavras de Freud, é “a energia dos instintos sexuais e só deles”. Assim, � ca evidente que Freud enfatizou que a sexualidade se manifesta, certamente, des- de a fase da infância. E essa fase precisa de atenção sobretudo por ser uma fase bastante longa e complexa. Ao estudar a sexualidade infantil, Freud destacou 05 (cinco) fases que merecem aten- ção, a citar: fase oral, fase anal, fase fálica, fase de latência e fase genital. A seguir vamos explicar cada uma delas. Na fase oral, a atividade sexual está ligada diretamente à boca (ou à nutrição). Acontece desde o nascimento e se estende até, aproximadamente, um ano e meio. Logo após o nascimento, a criança percebe a boca como o órgão mais sensorial, e por meio dela consegue reconhecer o mundo a sua volta. Figura 15 - Fase oral. Fonte: Google Images (2017). A boca se caracteriza, desta forma, como a primeira área do corpo onde o bebê concentra sua libido e que o bebê pode controlar. Conforme a criança vai crescendo, e outras áreas do corpo vão se desenvolvendo, estas também passam a ser importantes regiões de prazer e satisfação. Mesmo a boca não seja mais o foco de grati� cação, os prazeres orais podem normalmen- te ser mantidos no decorrer da vida do indivíduo: comer, chupar, morder, lamber ou beijar são expressões físicas prazerosas que as pessoas continuam a manter satisfação. 39WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 3 ENSINO A DISTÂNCIA Importante ressaltar que algumas pessoas acabam mantendo o foco de prazer na boca, ou seja, o prazer oral neste caso pode se estender para a vida toda, em alguns casos isso pode ser considerado doentio, como o caso de pessoas que fumam, que mordem constantemente os lábios, chupam o dedo, já que essas são formas que algumas pessoas se utilizam para aliviar suas tensões, ou seja, continuam a centralizar no prazer oral. Essas pessoas podem trazer consigo uma � xação pelo prazer oral por não terem atingido a maturidade psicológica para a superação desta fase por motivos diversos, como sarcasmo de um adulto, o arrancarem-lhe o alimento da boca, ou de outra pessoa na sua frente, pois esses são fatores que podem impedir que o desenvolvimento da fase oral tenha se completado. E esse processo geralmente se dá junto com o � nal da amamentação, embora este processo seja incons- ciente, o ego começa a se estruturar a partir dessa superação (BONFIN, 2010a). Na fase anal, a atividade sexual está ligada ao ânus. Ocorre por volta dos dois anos de idade. Nessa fase, a criança desenvolve o controle muscular, organizando a psicomotricidade. Estão em maturação o ato de falar, andar e o controle es� ncteriano. Nessa etapa, a criança está ligada simbolicamente com as fezes, estabelecendo mecanismos psicológicos ligados à projeção e ao controle. Figura 16 - Fase anal. Fonte: Psicoativo (2017). Na Fase Anal, a criança sente prazer em controlar os esfíncteres anais e a bexiga; e o pra- zer que antes era oral, agora privilegia o ânus e as excreções, por isso, é comum nesta fase a crian- ça manipular as fezes, gostar de brincar com massinhas e de alimentar-se de coisas cremosas. É um momento de autodescoberta corporal. É o período em que a criança começa a aprender a controlar a micção e a evacuação, o que signi� ca a percepção de uma nova fonte pra- zer e grati� cação, por meio inclusive da atenção que lhes é dedicada nesta fase e dos elogios que recebem dos responsáveis e das demais pessoas que convivem (BONFIN, 2010b). Na fase fálica, a atividade sexual está localizada nas genitais. Ocorre por volta dos três anos de idade. Aqui, a criança descobre a diferença entre o corpo dos meninos e das meninas. Desenvolve-se os modelos relacionais entre homens e mulheres. Outro dado importante é que nessa fase ocorrem o Complexo de Édipo e o Complexo de Édipo Feminino. 40WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 17 - Fase fálica. Fonte: Google Images (2017). Complexo de Édipo e Complexo de Édipo Feminino - Entre os 03 e 05 anos de idade, a mãe é o objeto de desejo do menino, e o pai é o rival que impede seu acesso ao objeto desejado. Ele procura, então, ser o pai para ‘ter’ a mãe, escolhendo-o como modelo de comportamento. Após isso, por medo de perder o amor do pai, o menino desiste da mãe, ou seja, a mãe é subs- tituída pela riqueza do mundo social e cultural. Quando ocorre com as meninas (invertendo as � guras de desejo e de identi� cação), Freud nomeia como Complexo de Édipo Feminino (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2002). Na fase de latência, não há atividade sexual. Ocorre após a resolução dos complexos cita- dos anteriormente e se prolonga até a puberdade. A libido está canalizada para o desenvolvimen- to social. Nessa fase, ocorre certa diminuição das atividades sexuais, o que podemos chamar de ‘intervalo’ no desenvolvimento da sexualidade. Figura 18 - Fase de latência. Fonte: Google Images (2017). Na fase de latência não se identi� ca uma zona especí� ca de erotização. Isso signi� ca a� r- mar que a energia libidinal está investida em um objeto outro, que não o próprio corpo. Assim, a libido sexual está adormecida, em prol de outros investimentos. O período de latência pode ser caracterizado ainda pela mudança qualitativa na relação da criança com seus pais, a partir do processo de superação do Complexo de Édipo. Assim, é um período extremamente importante para o fortalecimento do ego da criança (FERRARI, 2017). Vale ressaltar que no período em que a criança se encontra da fase de latência, de acordo com a psicanálise, ela está em período escolar, sendo que a sua energia se canaliza para aspectos sociais. Essa canalização acontece porque para se relacionar melhor com todas as pessoas que vão sendo inseridas a sua vida, a criança tem sua sexualidade “reprimida” ou “sublimada”, para que então possa se concentrar em outras atividades como jogos, brinquedos, aprendizados, brinca- deiras e amizades. Na fase genital, a atividade sexual do homem está no pênis e na mulher está na vagina e clitóris. Essa fase atinge pleno desenvolvimento na pessoa adulta. Ocorre quando o objeto de erotização ou de desejo não está mais no próprio corpo, mas em um objeto externo ao indivíduo. 41WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 19 - Fase genital. Fonte: Google Images (2017). Quadro 11 – Resumo das fases de Freud 42WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 3 ENSINO A DISTÂNCIA Fonte: Psicoativo (2016). Assim, para a psicanálise, as fases de desenvolvimento do indivíduo são bastante caracte- rísticas e podem contribuir para compreender algumas � xações da pessoa adulta. Compreender essas fases ajuda a pensar tais � xações, além de entender o processo de desenvolvimento do ser humano. Para Freud, as características da vida adulta são resultado das ações e dos acontecimen- tos da infância. Após compreendermos as especi� cidades de cada fase do desenvolvimento, a seguir va- mos discutir acerca de outros conceitos do aparelho psíquico, estudados por Freud, a citar: id, ego e superego. ID, EGO E SUPEREGO No início dos anos de 1920, Freud repensa a teoria do aparelho psíquico e organiza os conceitosde id, ego e superego. Esses termos se relacionam, então, à segunda teoria do aparelho psíquico do autor. Vale ressaltar que as três estruturas se organizam para formar os comportamentos huma- nos complexos e, desta forma, necessitam de atenção especial. A seguir, vamos explicar os três aspectos. O ID está relacionado aos processos primitivos do pensamento. É regido pelo princípio do prazer, constituído por meio de uma origem orgânica (ou hereditária). É como se fosse um comando dizendo para nós: ‘vá e faça’. De acordo com Freud, o ID é o único (entre o ID, Ego e Superego) que está presente no indivíduo desde o nascimento. Esse aspecto da personalidade é totalmente inconsciente e inclui os comportamentos instintivos e primitivos. 43WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 3 ENSINO A DISTÂNCIA A teoria da Psicanálise aponta que o Id é impulsionado pelo princípio do prazer, que se esforça para a grati� cação imediata de todos os desejos, vontades e necessidades do indivíduo. Se essas necessidades não são satisfeitas imediatamente, o resultado pode ser um estado de ansieda- de, por exemplo. O Superego é o mecanismo que age contra o Id. Ele representa os pensamentos da ética da civilização. Pode ser relacionado aos limites, às proibições. Ele indica, internamente, as normas e os valores sociais que foram transmitidos pelas gerações anteriores (responsáveis, outras pessoas adultas, etc.). Assim, o Superego diz respeito aos padrões morais internalizados por um indivíduo, que são adquiridos pelos responsáveis ou sociedade em geral. Pode ser caracterizado como a ideia do que é certo e do que é errado, sendo utilizado para fazer julgamentos. O Ego é um mecanismo de equilíbrio entre os impulsos do Id e dos limites apresentados pelo Superego. O Ego é relacionado ao consciente da mente humana, responsável pela tomada de decisão de um indivíduo. De acordo com a teoria da Psicanálise, o Ego é regido pelo princípio da realidade. Freud defende que o Ego se desenvolve a partir do Id e garante que os impulsos desse último sejam expressos de uma forma aceitável socialmente. Assim, o Ego se esforça para satisfazer os desejos do Id de formas realistas e socialmente adequadas. O princípio de realidade busca analisar os custos e benefícios de uma ação antes de decidir agir sobre os impulsos. Abaixo, um quadro ressaltando as principais características do Id, Ego e Superego: Quadro 12 – Características do Id, Ego e Superego Fonte: O autor (2017). Para que esses conceitos � quem mais evidentes, vamos a um exemplo: supomos que você tenha acabado de almoçar. De repente, logo em seguida, sente vontade de comer algo. A reação do Id é fazer com que você busque algo para comer imediatamente. Contrariamente, o Superego manifestará posição contrária, buscando mostrar que é desnecessário comer naquele momento, haja vista você acabara de almoçar. O Ego, então, realizará uma mediação acerca desse con� ito, fazendo você pensar que poderia esperar um pouco mais de tempo para se alimentar novamente. Bock, Furtado e Teixeira (2002) enfatizam que é fundamental considerar que esses três sistemas não existem como estrutura vazia, no entanto, são sempre organizados a partir das ex- periências pessoais e particulares de cada indivíduo. Dessa forma, para compreender as caracte- rísticas de uma pessoa, é necessário considerar a sua história pessoal, que está ligada à história de seus pares e da sociedade em que vive. Lembramos que ao ponderar sobre a formação de uma pessoa, é necessário considerar todas as ações, atitudes, acontecimentos ocorridos com ela e ao seu redor. Assim, é possível traçar as especi� cidades de um indivíduo. Após analisarmos as principais contribuições de Freud para a área da Psicologia e Educa- ção, a seguir, vamos discutir sobre alguns temas emergentes na escola contemporânea. 44WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 3 ENSINO A DISTÂNCIA LIVRO: Sigmund Freud AUTOR: Renato Mezan ANO DE PUBLICAÇÃO: 1982 O QUE PODE SER ENCONTRADO NO LIVRO: Esse livro situa, historicamente, o aparecimento da Psicanálise, além de desta- car os dados biográficos sobre Sigmund Freud. Além disso, esse material apresenta os principais conceitos da teoria elaborada por Freud (MEZAN, 1982). UNIDADE 45WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 46 VIOLÊNCIA ............................................................................................................................................................... 47 BULLYING ................................................................................................................................................................. 50 DIVERSIDADE ........................................................................................................................................................... 54 QUESTÕES DE GÊNERO .......................................................................................................................................... 55 SEXUALIDADE ........................................................................................................................................................... 57 ETNIA ........................................................................................................................................................................ 58 TEMAS EMERGENTES NA ESCOLA CONTEMPORÂNEA PROF. DR. MÁRCIO DE OLIVEIRA 04 46WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 4 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO A escola, ao longo do tempo, tem sofrido modi� cações bastante perceptíveis, sobretudo por quem está inserido nela como aluno ou quem trabalha em uma instituição escolar. A partir disso, é fundamental entender algumas necessidades a serem levadas em consideração quando o assunto é Educação, de modo a analisar as características escolares baseadas nas mudanças sociais que vêm acontecendo ao longo da história. A escola em que seus responsáveis (pai, mãe, avô, avó, tio, tia etc.) estudaram, certamente não tem as mesmas características das instituições em que você estudou. Isso ocorre porque, para cada tipo de sociedade, existe um tipo de Educação, ou seja, cada momento histórico produz um tipo de Educação diferente do momento anterior. As mudanças ocorridas nas instituições escolares exigem um posicionamento acerca dos pro� ssionais em relação aos novos desa� os que são colocados à escola. Tais desa� os trazem as inquietações humanas, as relações sociais, culturais, políticas, econômicas, fazendo com que os educadores avaliem os enfrentamentos necessários a serem realizados. Esses enfrentamentos implicam na (re)organização das tarefas escolares e dos documen- tos o� ciais que regem a Educação – dos projetos político-pedagógicos à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) (BRASIL, 1996), buscando sempre o bem comum no interior das instituições escolares. Salientamos que todos os sistemas de ensino devem ser regidos pela LDBEN, que é a maior lei relacionada à Educação no Brasil. Nesse cenário, é fundamental analisar que a escola brasileira contemporânea, sobretudo a partir do Movimento Educação para Todos, busca acolher todas as pessoas possíveis, de modo a ofertar-lhes uma formação sistematizada com saberes acumulados sistematicamente durante a história. Para que a Educação atinja seus objetivos, é preciso que os alunos se sintam acolhidos nesse espaço. Para além de acolhidos, os frequentadores das instituições escolares precisam se sentir respeitados em suas diferenças. Desta forma, essa unidade apresentará 03 (três) temais fundamentaise basilares (de discussão nas escolas) para que o respeito esteja ao alcance dos alu- nos, professores, equipe diretiva, comunidade escolar. Os temas discutidos a seguir são: violência, bullying e diversidade. 47WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 4 ENSINO A DISTÂNCIA VIOLÊNCIA É fato que os meios de comunicação têm reportado notícias e mais notícias que envolvem algum tipo de violência: física, psicológica, sexual, por exemplo. Esse tema está na ordem do dia, ao passo que é primordial discuti-lo. E, mais do que isso, é necessário combatê-lo. Para isso, a escola se torna um ambiente bastante propício. Nas escolas, as relações pessoais têm se mostrado bastante fragilizadas em alguns aspec- tos, de maneira a tomar proporções preocupantes. É possível elencar um número muito grande de tipos/formas em que a violência se apresenta em tais instituições. Percebe-se agressões verbais, brigas, indisciplina, furto, roubo, violência moral, violência física, discriminação, humilhação etc. A lista parece interminável. Figura 20 - Aumento da violência. Fonte: Google Images (2017). Schilling (2008) ressalta que para combater ou prevenir as práticas violentas dentro de uma escola, é fundamental, antes de tudo, realizar um trabalho de diagnóstico, com o objetivo de averiguar o que vem acontecendo especi� camente nas relações pessoais. Cada instituição tem suas peculiaridades e precisam ser levadas em consideração na elaboração das ações de combate à violência. Esse enfrentamento precisa considerar todos os atores escolares. Apenas dessa for- ma, o objetivo poderá ser alcançado. É fato que cada criança chega à escola com uma bagagem social e cultural diferenciada. Essa bagagem deve ser considerada nas relações estabelecidas nessa instituição. Um fato primor- dial é fazer com que nenhuma criança se senta menosprezada ou discriminada por qualquer característica que apresente: classe social, etnia, credo religioso, orientação sexual, identidade de gênero, etc. O acolhimento às diferenças e o constante diálogo acerca desse fator é uma mola propul- sora do respeito. Os integrantes da escola precisam saber que é necessário conviver com essas diferenças, de maneira harmoniosa, sem agressão (qualquer que seja). REFLITA É mais que urgente a necessidade de discutir e elencar práticas acerca das mais variadas formas em que a violência se apresenta nas escolas. Tais ações devem ser feitas em conjunto: equipe escolar, alunos, comunidade escolar e todos os demais envolvidos direta ou indiretamente na prática pedagógica. 48WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 4 ENSINO A DISTÂNCIA Schilling (2008) elenca vários fatores que contribuem para o descaso em relação às es- colas: progressão automática dos alunos (pois da maneira em que é implantada pode gerar uma atitude de ‘tanto faz’), rotatividade dos professores e demais funcionários (acarreta no não estabe- lecimento de relações duradouras), condições físicas precárias (criando um ambiente ‘pobre’ para a educação), ausência de normas e regras evidentes ou a constância de normas e regras abusivas. Todos esses aspectos (esses são alguns apresentados) contribuem para que a violência seja gerada no âmbito escolar. Desta forma, a escola precisa, de certa forma, se (re)inventar, buscando sarar as feridas abertas e estabelecer ações para que esse fracasso não volte a acontecer. Algo que precisamos estar atentos é que con� ito não é a mesma coisa que violência. O con� ito pode surgir da divergência das ideias ou práticas. A violência é uma das maneiras de responder a esse con� ito. Se os professores, demais funcionários escolares, comunidade escolar e alunos souberem qual a função da escola, é possível que a violência não seja utilizada na resolu- ção dos con� itos. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN nº. 9.394/96), o objetivo da Educação – e o das instituições de ensino – é atingir o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua quali� cação para o trabalho (BRASIL, 1996). O Plano Nacional de Educação (Lei nº. 13.005/2014) também destaca que as instituições escolares devem contribuir para o processo formativo dos alunos (BRASIL, 2014). Desta forma, ao estabelecer que as instituições escolares desempenham um papel formativo e de contribuição para os alunos, é possível que a violência diminua dentro das escolas. No entanto, mais uma vez, é necessário ressaltar: é fundamental que dentro das escolas sejam estabelecidas relações pautadas no respeito, apenas assim esse cenário de violência tomará outros rumos. Quando um responsável aprende a con� ar na escola, esse responsável passa a ver a escola como uma instituição que vai contribuir na formação do seu � lho. Consequentemente, essa visão poderá ser repassada para os alunos, que agirão de maneira menos violenta contra os demais alunos, pro� ssionais escolares e a própria instituição. As causas da violência nas escolas são várias, de acordo com Schilling (2008), podem ser externas ou internas. Portanto, é fundamental realizar um estudo diagnóstico a � m de identi� car tais causas e elaborar um plano de ação. Sem saber o que está causando a violência, evidentemen- te, não há como propor práticas de combate e enfrentamento. Figura 21 - Plano de ação para enfrentamento da violência. Fonte: Google Images (2017). 49WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 4 ENSINO A DISTÂNCIA Chauí (1994, p. 336) enfatiza que Desde a antiguidade clássica (greco-romana) até nossos dias, podemos perceber que, em seu centro, encontra-se o problema da violência e dos meios para evitá- -la, diminuí-la, controla-la. Diferentes formações sociais e culturais instituíram conjuntos de valores éticos como padrões de conduta, de relações intersubjetivas e interpessoais, de comportamentos sociais que pudessem garantir a integridade física e psíquica de seus membros e a conservação do grupo social. Desta forma, é possível perceber que a violência não tem o mesmo signi� cado nas di- ferentes culturas e sociedades, sempre será preciso discuti-la e rediscuti-la constantemente. Da mesma forma que o conceito de violência não é o mesmo, as ações para seu enfrentamento tam- bém variam de acordo com a cultura e a sociedade. Chauí (1994) ainda explica que a violência é entendida como o uso da força física e do constrangimento psíquico para obrigar alguém a agir de maneira contrária à sua vontade ou modo de ser. No ano de 2002, a UNICEF publicou uma pesquisa realizada com adolescentes brasilei- ros acerca da violência. Os entrevistados consideraram que o Brasil é um país bastante violento, elencando algumas razões para tal: • Desigualdade social; • Uso de drogas; • Polícia violenta; • Banalização dos episódios de violência no dia a dia (UNICEF, 2002). A violência causada por esses fatores – ou outros – certamente atingem as instituições sociais brasileiras, entre elas a escola. Portanto, é possível a� rmar que a violência na escola é um retrato da violência que ocorre fora dela. Assim, é preciso que o trabalho de combate à violência seja realizado também fora da escola para, assim, obter resultados positivos. A escola precisa abolir o autoritarismo de suas relações, buscando sempre o diálogo entre as pessoas que ali estão. Além disso, é fundamental buscar enfrentar a reprodução das desigual- dades sociais, da exclusão, da discriminação. Figura 22 - O diálogo é fundamental na escola. Fonte: Google Images (2017). REFLITA Voltando para o âmbito escolar, é preciso observar, a partir da prática pedagó- gica docente e discente, qual é a forma de violência que a escola enfrenta no seu cotidiano. 50WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR ENDI ZA GE M | U NI ND AD E 4 ENSINO A DISTÂNCIA Professores, demais funcionários, equipe diretiva, comunidade escolar e alunos devem transformar a escola em uma instituição construtora e promotora da democracia e da justiça. Esse aspecto, certamente, proporcionará um ambiente apto a enfrentar as violências ocorridas no dia a dia. Schilling (2004) defende que a gestão democrática pode ser considerada uma referência para a superação da violência escolar. Ao passo que todos os envolvidos na prática escolar são ouvidos e podem contribuir para a construção desse ambiente, é evidente que o cuidado e o zelo pela escola aumentarão; assim como as práticas violentas contra a escola física e contra quem trabalha ou estuda dentro dela diminuirão. A partir do exposto, é fundamental pensarmos que a gestão democrática efetiva pode contribuir no enfrentamento da violência na escola. Além disso, o trabalho coletivo contribui para a tomada de decisão e para a elaboração de práticas que contribuem para o enfrentamento da violência em âmbito escolar. Essas questões devem, então, ser pensadas dentro da prática do- cente e envolver o maior número de pessoas possível. Dado o cenário de violência dentro e fora das escolas, hoje uma prática tem sido centro de debates na Educação: o bullying. E é sobre esse fenômeno que vamos discutir a seguir. BULLYING O tema bullying tem sido reportado – e chegou ao conhecimento de várias pessoas – re- centemente. Porém, esse fenômeno é bastante antigo. Há tempos, crianças e adolescentes, por exemplo, sofrem essa forma de violência no seu cotidiano escolar. Silva (2010) lembra que um dos casos mais emblemáticos e com � m trágico aconteceu nos Estados Unidos, no ano de 1999, no colégio Columbine High School, em Denver, Colorado. Dois estudantes de 18 e 17 anos – Eric Harris e Dylan Klebold, respectivamente – assassinaram 12 alunos e um professor, além de deixarem mais de 20 pessoas feridas e se suicidaram poste- riormente. O que motivou o ataque: a vingança pela exclusão escolar que os dois teriam sofrido durante muito tempo. O fato narrado mostra uma faceta muito cruel que o bullying alcança. A dor sentida dia- riamente, semanalmente, mensalmente faz com que a vítima, em alguns casos, busque justiça com as próprias mãos. E isso desencadeia uma série de outras violências. Os episódios de violência ocorridos repetidas vezes têm se tornado foco de discussão nas instituições escolares. O que até pouco tempo atrás era encarado apenas como uma ‘simples’ violência, hoje apresenta algumas características especí� cas. Esse fenômeno preocupa responsáveis, alunos e pro� ssionais da Educação. Logo, é preci- so que os educadores, enquanto agentes diretos das instituições escolares, tenham entendimento acerca dessa nova face da violência. Apenas com conhecimento e tomadas de decisões coerentes é possível combater o bullying. REFLITA É fundamental discutir acerca dos episódios de exclusão social cotidianamente, buscando que todas as pessoas que frequentam as escolas tenham conheci- mento acerca dessa prática violenta. 51WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 4 ENSINO A DISTÂNCIA A discussão acerca do bullying se justi� ca, sobretudo, por ser uma questão de ordem social, educacional e de saúde. Esse fenômeno é caracterizado por uma a� rmação de poder, que ocorre repetidas vezes, em que sofrem todos os envolvidos: agressores e vítimas, inclusive para quem assiste a tais episódios. Portanto, é fundamental que os educadores (e demais pessoas adul- tas) orientem as crianças para esse fenômeno, de modo a combater essa prática tão negativa para quem dela participa. De acordo com estudiosos da área: [...] o bullying pode ser entendido como um balizador para o nível de tolerância da sociedade com relação à violência. Portanto, enquanto a sociedade não esti- ver preparada para lidar com o bullying, serão mínimas as chances de reduzir as outras formas de comportamentos agressivos e destrutivos (LOPES NETO, 2005, p. 170). Desta forma, o preparo e conhecimento acerca do bullying é necessário para diminuir – ou eliminar – esse tipo de violência que acontece diariamente, sobretudo nas escolas brasileiras. Esse fenômeno, então, é caracterizado por uma agressão repetida, em que o mais forte exerce seu poder sobre o mais fraco, de modo a comprometer essa relação. Essa violência pode desenvolver danos irreparáveis na vida de uma pessoa como, por exemplo, traumas, fobias, in- trospecção, sentimento de inferioridade, etc. Nesse sentido, é fundamental que, nas instituições escolares, os professores discutam com seus alunos os aspectos sobre o bullying, enfatizando que essa forma de violência pode ser muito prejudicial e traumática para os envolvidos, portanto deve ser banida da prática social. A escola pode se organizar, então, por meio de projetos, dinâmicas, rodas de conversa, palestras e outras alternativas, buscando sempre uma formação humana para os alunos que a frequentam. Buscar modi� car esse cenário violento das instituições escolares – inibindo a prática do bullying – é objetivar a convivência da cultura de paz e de respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, visando sempre o alcance dos Direitos Humanos. Salientamos que discutir essa realidade é discutir a história de vida de cada pessoa. To- dos nós sofremos, presenciamos ou cometemos atitudes de bullying que deixaram marcas em alguém, mesmo que inconscientes. No ambiente escolar é muito comum que as crianças e os ado- lescentes coloquem apelidos (marcadamente pejorativos) em outras crianças e adolescentes. Tais apelidos (maldosos) podem ser baseados na religião, estrutura corporal, classe social, orientação sexual, identidade de gênero, nível de conhecimento sobre as disciplinas escolares, etnia, posição política, preferência musical, etc. Quando os educadores olham ‘de fora’, esses apelidos podem parecer simples ‘brincadeira’. Mas não são! Deixam marcas, fazem pessoas � carem tristes e carregarem essa dor por um longo período de tempo. Portanto, é fundamental que os professores estejam preparados e atentos para essa prática dentro da escola, de modo a trabalhar em busca de uma consciência coletiva, a � m de banir o bullying das instituições escolares. REFLITA Essa discussão deve abranger o que é o bullying, como se manifesta, quais as consequências e como evitá-lo. Para isso, é primordial que os professores bus- quem estudar acerca do assunto, levando em consideração que a escola, por ser uma instituição social, está propensa a sofrer essa situação. 52WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 4 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 23 - Bullying não é brincadeira. Fonte: Google Images (2017). As consequências dessa forma de violência – que são múltiplas – acabam por afetar tanto a saúde das escolas como a saúde dos sujeitos que delas participam (seja a população infantil, juvenil ou adulta). Silva (2010, p. 21) enfatiza os comportamentos que caracterizam o bullying: [...] as agressões, os assédios e as ações desrespeitosas, todos realizados de ma- neira recorrente e intencional por parte dos agressores. É fundamental explicitar que as atitudes tomadas por um ou mais agressores contra um ou alguns estu- dantes, geralmente, não apresentam motivações especí� cas ou justi� cáveis. Isso signi� ca dizer que, de certa forma quase “natural”, os mais fortes utilizam os mais frágeis como meros objetos de diversão, prazer e poder. Esses comportamentos, frequentemente, têm como objetivo humilhar, maltratar, intimi- dar e amedrontar as vítimas. Algumas formas de bullying são: Quadro 13: Formas de bullying 53WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 4 ENSINO A DISTÂNCIA Fonte: Adaptado de Silva (2010). O bullying é, antes de tudo, uma faceespecí� ca da violência. Sendo assim, deve ser iden- ti� cado, reconhecido e tratado como um problema social, cultural, estrutural e complexo, sendo dever de todas as pessoas o seu enfrentamento dentro ou fora da escola. Mais especi� camente no interior das instituições escolares, os Projetos Políticos-Pedagógicos, os Planos de Ações, os Planos de Aula, etc., devem prever ações articuladas a � m de enfrentar o bullying. Um dos principais métodos para esse enfrentamento é atuar em conjunto com a socieda- de civil organizada e com as famílias, de modo a chamar a atenção para uma realidade existente e que precisa ser modi� cada, com o objetivo de garantir uma convivência harmoniosa e que promova a cultura de paz. REFLITA Todos os setores da sociedade precisam abrir os olhos para o enfrentamento do bullying, pois a sua prática prejudica os atores sociais e, consequentemente, a estrutura social como um todo. Logo, é fundamental unir forças para garantir a redução da violência em nosso dia a dia. FILME: Tiros em Columbine Direção: Michael Moore Local e ano: EUA, 2002 Principais temas a serem debatidos: bullying Sinopse: Tomando o massacre do instituto Columbine como ponto de partida, o filme é uma exploração pessoal e artística da natureza da violência nos Estados Unidos que consiste em fragmentos da publicidade das armas de fogo, anima- ções satíricas sobre a história dos Estados Unidos realizadas pelos mesmos au- tores da série de animação South Park e entrevistas de Moore a várias pessoas, entre elas Charlton Heston e Marilyn Manson. 54WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 4 ENSINO A DISTÂNCIA Moore busca, com seu estilo pessoal, saber por que aconteceu o massacre de Columbine, e por que os Estados Unidos têm uma taxa de crimes violentos mui- to mais alta (em que só estão implicadas as armas de fogo) que outros países democráticos como Alemanha, França, Japão, Reino Unido e especialmente o Canadá. (SOCIOLOGIA, 2010). Feita uma análise acerca do bullying, outro tema emergente à Educação é fundamental de ser estudado: a diversidade. E essa discussão será apresentada a seguir. DIVERSIDADE É fato que todas as pessoas são diferentes umas das outras. Inclusive, se analisarmos dois irmãos gêmeos univitelinos (idênticos), vamos perceber que cada um tem a sua especi� cidade. A essa especi� cidade damos o nome de diversidade. Existem várias categorias que podem diferenciar as pessoas entre si: gênero, orientação sexual, credo religioso (ou sua ausência), condição monetária, etnia, posição política, etc. Toda essa diversidade deve ser respeitada para que a sociedade interaja de maneira humana, evitando as variadas formas de violência. Um fato importante internacionalmente é o trabalho dos movimentos sociais que lutam para a busca da equidade entre os seres humanos. Dentre esses movimentos, podemos destacar: movimento negro, feminista, indígena, quilombola, LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), contra a intolerância religiosa, entre outros. Todos esses movimentos são funda- mentais para que a violência entre as pessoas seja combatida de forma efetiva. Figura 24 - Movimentos sociais. Fonte: Google Images (2017). Respeitar as diferenças e reconhecê-las é papel de todos, sobretudo porque uma pessoa é diferente da outra. Nas instituições escolares, isso deve ser uma bandeira levantada todos os dias, principalmente pelo fato de serem locais de convivência da mais variada diversidade. 55WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 4 ENSINO A DISTÂNCIA REFLITA Os professores devem ter uma formação que propicie o trabalho para o acolhimento das diferenças e transmita aos seus alunos um posicionamento de respeito e convivência harmoniosa. A escola é um lugar privilegiado para promover a cultura do reconhecimento da diver- sidade (podemos chamar, também, de pluralidade). Assim, é fundamental discutir a Educação escolar a partir de uma perspectiva problematizadora, a � m de dialogar acerca das relações de poder existentes na sociedade como um todo, bem como sobre as hierarquias sociais opressivas, os processos de exclusão das minorias etc. Entender que existem características diferenciadas entre as pessoas fortalece a prática da convivência social. É preciso que os adultos ensinem que, desde criança, não pode haver violên- cia por conta das diferenças individuais, pelo contrário: é dever de cada um respeitar a diversida- de. A � m de fazer com que você, futuro educador, realize uma prática de inclusão e reconhe- cimento das diferenças, a seguir vamos especi� car três formas de diversidade que você deve ter conhecimento: gênero, sexualidade e etnia. QUESTÕES DE GÊNERO As questões de gênero têm ganhado repercussão midiática cada vez mais abrangente. No entanto, há alguns apontamentos a serem considerados a � m de que um educador não cometa equívocos em relação a esse tema. As relações de gênero passaram a ser estudadas com maior ênfase a partir dos movimen- tos feministas, no ano de 1960, tendo início nos Estados Unidos. No entanto, ressaltamos que o conceito surgiu com a � lósofa Simone de Beauvoir que escreveu, em 1949, o livro ‘O Segundo Sexo’. É dessa estudiosa a famosa frase: “não se nasce mulher, torna-se mulher”. O livro foi publi- cado no Brasil no ano de 1980. Beauvoir defende uma construção social acerca do gênero (BE- AUVOIR, 1980). A partir do exposto, as estudiosas feministas buscavam descartar qualquer determinação ‘natural’ da conduta feminina (e da conduta masculina). Esse cenário se deu, principalmente, para que os movimentos sociais buscassem defender o direito das mulheres. Gênero, de acordo com Louro (2010), é a característica de masculino e feminino. Essa característica é construída socialmente. Por exemplo: o que em uma determinada cultura é um papel atribuído ao homem, em outra cultura diferente pode ser um papel atribuído à mulher. Essa construção é realizada política, social, cultural e historicamente. Para pensarmos um pouco mais sobre os gêneros, outro exemplo: até certo tempo atrás, era comum questionar um menino que usasse brinco e cabelo cumprido, pois essas duas caracte- rísticas eram ‘essencialmente’ femininas. Hoje, com as transformações culturais, percebemos que os brincos e os cabelos cumpridos e curtos fazem parte da composição de meninos e meninas. Na Educação, é bastante comum o professor separar as atividades diferentes de menino e de menina. Quando as crianças internalizam que existem atividades exclusivas para meninos e atividades exclusivas para meninas, pode acontecer de alguma criança sofrer preconceito ou violência por não gostar daquelas atividades designadas a seu gênero. 56WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 4 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 25 - Gênero. Fonte: Google Images (2017). Essa ‘generização’ das crianças tem início quando a mãe descobre estar grávida. A partir desse momento, pai, mãe ou família busca categorizar o bebê que nascerá. É muito comum es- colherem a cor do enxoval (rosa para meninas e azul para os meninos), pensar em uma futura pro� ssão, escolher determinados brinquedos... Socialmente, é comum que professores (e outras pessoas adultas) segreguem, inclusive, as cores utilizadas pelas crianças, de modo que eles utilizem a cor azul e elas utilizem a cor rosa. Esse erro é repetido em várias instituições. Por que não permitir que as crianças escolham quais cores utilizar em seus trabalhos escolares? Qual o perigo disso? Muitas vezes os professores (e não apenas eles) moldam o comportamento das crianças, julgando o que é certo e o que é errado. Barreto, Araújo e Pereira (2009, p. 40) argumentam que: [...] o modo como homens e mulheres se comportam em sociedade correspon- de a um intenso aprendizado sociocultural quenos ensina a agir conforme as prescrições de cada gênero. Há uma expectativa social em relação à maneira como homens e mulheres devem andar, falar, sentar, mostrar seu corpo, brincar, dançar, namorar, cuidar do outro, amar, etc. Mais uma vez ressaltamos que é preciso que as pessoas busquem o que lhes faz feliz. Se um garoto quer brincar de carrinho ou boneca, essa escolha deve ser dele, e não imposta por uma pessoa adulta. Da mesma forma, se uma menina quer brincar de carrinho ou boneca, essa escolha deve ser dela, sem imposições. REFLITA Os estudiosos de gênero não defendem que meninos não possam brincar de carrinho ou meninas não possam brincar de bonecas. O que tais estudiosos defendem é que qualquer criança deve ter o livre arbítrio de brincar com qual brinquedo desejar, sem sofrer discriminação por isso. 57WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 4 ENSINO A DISTÂNCIA Discutir gênero, portanto, é entender que as pessoas podem ter escolhas, liberdade. E, além disso, o que elas optarem por utilizar, brincar, pintar, não in� uenciará em seu caráter, por exemplo. O mundo oferece um leque enorme de cores, brinquedos, acessórios. É fundamental que possamos fazer nossas escolhas sem imposições e sem sofrer qualquer tipo de violência por isso. Para além da categoria de gênero, é imprescindível entendermos o que vem a ser sexuali- dade. Portanto, a seguir, discutiremos esse assunto. SEXUALIDADE Discutir sexualidade é um tabu ainda maior do que discutir as questões de gênero. Desde muito tempo, há certa restrição em relação às vivências sexuais dos seres humanos. Nossa sociedade impõe que existe uma única forma de vivenciar a sexualidade, sendo que a heterossexualidade é a forma “correta”, “normal”, “que deve ser aceita”. Tudo o que foge da heterossexualidade é visto como “anormal”, “incorreto”, “digno de punição”. Esse pensamento é bastante retrógrado, ao passo que a medicina e a psicologia, por exem- plo, já não consideram a homossexualidade como doença. Em 1979, a Associação Americana de Psiquiatria retirou a palavra da lista de transtornos mentais ou emocionais e a decisão foi seguida por todas as entidades de psicologia e psiquiatria do mundo. Assim como a heterossexualidade, outras formas de orientação sexual (homossexuali- dade, bissexualidade, assexualidade, etc.) são apenas manifestações da sexualidade, ou seja, são maneiras diferentes de vivenciar os desejos sexuais. Figura 26 - Respeito às orientações sexuais. Fonte: Google Images (2017). REFLITA No ano de 1990 (no dia 17 de maio), a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da lista internacional de doenças. Antes dessa data, em 1985, o Conselho Federal de Psicologia do Brasil deixou de considerar a homos- sexualidade como doença. 58WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 4 ENSINO A DISTÂNCIA De maneira simplória, podemos resumir tais manifestações da sexualidade da seguinte maneira: Quadro 14 – Orientação sexual Fonte: O autor (2017). A esse desejo sexual damos o nome de orientação sexual. E enfatizamos: nenhuma orientação sexual deve ser julgada, condenada ou ridicularizada. Enquanto professores, é fun- damental que saibamos lidar com essa diversidade sexual, de modo a respeitar todas as manei- ras de orientação sexual, as reconhecendo. Sabemos que as instituições escolares são as instituições em que mais podemos perceber a diversidade. Em relação à orientação sexual isso não é diferente. As escolas são campos de encontro, em que as mais variadas características humanas podem conviver. Vai depender dos professores e da equipe escolar se essa convivência é harmoniosa ou não, pois educar para o reconhecimento das diferenças é, também, uma das funções pedagógicas. Nesse sentido, é fundamental que os educadores tenham ciência de que não é correto impor qualquer posição religiosa, por exemplo, a � m de criticar a orientação sexual de algum aluno. O que convém é tal educador estudar – a partir de conhecimentos cientí� cos – com o objetivo de compreender as diferentes manifestações sexuais. Após análise das questões voltadas à sexualidade, a seguir vamos enfatizar outra catego- ria fundamental da diversidade humana: etnia. ETNIA As características de cada pessoa são bastante peculiares, conforme já fora mencionado neste livro. Em relação à etnia, isso não foge à regra: somos diferentes. É muito comum que as pessoas defendam o seu modo de viver como o único correto. Isso acontece por conta da formação de cada um. Quando esse sentimento é desencadeado den- tro de um determinado povo, atribui-se o nome de etnocentrismo, ou seja, um grupo (povo/ etnos) acredita estar no centro geográ� co. O etnocentrismo acaba por perpetuar uma prática de violência e discriminação, ao passo em que para esse povo, os demais povos são inferiores em termos de cultura, costumes, vivência, organização, dialeto, vestimentas, Educação. É fundamental que o professor tenha ciência de que existem inúmeros povos vivendo no mesmo planeta. E essa pluralidade deve ser considerada, de modo que as escolas ensinem que ninguém deve ser desrespeitado por conta do grupo ao qual pertence. 59WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 4 ENSINO A DISTÂNCIA REFLITA A constituição da sociedade que conhecemos hoje se deu por conta das trocas e relações entre os vários povos. A partir disso, é visível que as relações humanas contribuem para o desenvolvimento de determinada sociedade. Um foco que a escola deve manter em suas relações é que, independente da etnia, nin- guém pode ser discriminado. Pelo contrário, as instituições escolares, por receberem alunos de diferentes etnias, devem valorizar as diferenças e reconhecê-las. Desta forma, o etnocentrismo, hoje, não é bem visto. Ele gera certa discriminação entre os povos, além da violência. Atualmente, a face mais visível do etnocentrismo é o que muitos autores chamam de racismo (equivocadamente, pois não existem diferentes raças humanas) ou etnismo. O etnismo é uma forma de violência em que desquali� ca alguma pessoa (ou grupo de pessoas) por não possuir determinadas características. Embora no Brasil mais da metade da po- pulação seja não-branca, ainda há muita discriminação em relação a esse grupo. Evidentemente, as pessoas negras são as que mais sofrem etnismo no Brasil. Para se ter uma ideia, em uma pes- quisa realizada no ano de 2014 no Brasil, 53% dos brasileiros de declararam pardos ou negros, enquanto 45,5% se declararam brancos (IBGE, 2015). Na sala de aula, o educador não pode permitir que uma criança discrimine outra por con- ta da sua etnia. O pro� ssional deve, sempre que necessário, intervir nessa situação, explicando para os alunos que vivemos em uma sociedade que é constituída da miscigenação (mistura entre as etnias), e que todas as etnias devem ser respeitadas e valorizadas. Figura 27 - Diga não ao preconceito. Fonte: Google Images (2017). Uma importante diferenciação necessária é acerca dos termos etnia e raça. Eles não são sinônimos. O conceito de etnia, de acordo com Rodrigues (2017), signi� ca o sentimento de per- tencer a determinado grupo com o qual o sujeito partilha a mesma língua, origem, tradições e território. Ainda de acordo com o autor, o uso do termo raça é incorreto, pois esse termo se re- mete a uma diferenciação biológica entre os seres humanos, caindo em desuso. 60WWW.UNINGA.BR PS IC OL OG IA D O DE SE NV OL VI M EN TO E A PR EN DI ZA GE M | U NI ND AD E 4 ENSINO A DISTÂNCIA O termo raça, então, é um conceito biológico aplicado aos subgrupos de uma espécie. Desta forma, não pode ser utilizado para caracterizar os seres humanos, pois não há mais de uma raça entre nós. Ao utilizarmos o conceito de raça como sinônimo de etnia, estamoscometendo um equívoco, e, às vezes inconscientemente, propagando a discriminação. Portanto, defendemos que existe etnismo (discriminação contra alguma etnia) em vez de racismo. Vale destacar que, no Brasil, há uma Lei especí� ca acerca da obrigatoriedade de inserir no currículo o� cial da Rede de Ensino a temática “História e Cultura Afro-Brasileira” (BRASIL, 2003). Essa medida contribui para que as instituições escolares realizem – durante o decorrer do ano letivo – atividades e práticas para o conhecimento da cultura afro, com objetivo de diminuir o preconceito. Além disso, medidas como a lei citada anteriormente, busca acabar com a ignorância dos alunos e professores. É válida a premissa de que preconceito é ignorância ou falta de conhecimen- to. Logo, ao colocar em prática uma Lei tão necessária, as instituições de ensino passam a discutir sobre as diferenças entre as etnias. Portanto, a melhor forma de organizar as relações entre as pessoas é o reconhecimento de todas as diferenças, lutando para que qualquer forma de preconceito seja combatida. Nossa sociedade é plural e é isso que nos fazem únicos. Educação, Saúde, Gênero e Sexualidade: diálogos possíveis ORGANIZADORES: Eliane Rose Maio, Márcio de Oliveira, Reginaldo Peixoto ANO DE PUBLICAÇÃO: 2016 O QUE PODE SER ENCONTRADO NO LIVRO: Esse livro apresenta, em sua essência, uma discussão bastante necessária e pertinente a partir de estudos e consta- tações acerca da alquimia que pode ser realizada entre os campos/saberes da Educação, do Gênero e da Sexualidade. Tais diálogos perpassam pelos aspectos sociais, culturais e políticos, além do corpo, saúde e instituições escolares. Sendo assim, esse livro propõe uma oportunidade para professores, alunos, edu- cadores, profissionais da saúde, atores sociais refletirem sobre vários assuntos que entram [ou deveriam entrar] na ordem do dia: quebra de preconceitos, dis- criminação e tabus sobre gênero e sexualidade; inclusão da discussão sobre gênero e sexualidade na Educação; saúde pública e a população LGBT; igualdade entre os gêneros; desconstrução de estereótipos; Pedagogias Queer; formação docente; políticas públicas com foco nas diversidades; pluralidade na Educação escolar (MAIO, OLIVEIRA, PEIXOTO, 2016). 61WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA REFERÊNCIAS A MENTE É MARAVILHOSA. Piaget: teoria da aprendizagem. 2017. Disponível em: <https:// amenteemaravilhosa.com.br/piaget-teoria-aprendizagem/>. Acesso em: 21 set. 2017. BARRETO, A.; ARAUJO, L.; PEREIRA, M. E. Gênero e diversidade na escola: formação de professores/as em gênero, sexualidade, orientação sexual e relações étnico-raciais. Livro de Con- teúdo. 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