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Prévia do material em texto

INTRODUÇÃO
O material didático Conhecimento e Aprendizagem trará conteúdos relevantes para sua formação e
sua atuação profissional. Para tanto, durante o estudo do Ciclo 1, você irá diferenciar o conhecimento
científico das demais formas de conhecimento, conhecerá as características do exercício da atitude
científica, os principais aspectos que podem interferir negativamente no exercício dessa atitude e quais
estratégias pode fazer uso para evitar que isso ocorra.
No Ciclo de Aprendizagem 2, você irá estudar sobre conhecimentos da neurociência que facilitam o
raciocínio lógico e a leitura, para que haja uma compreensão qualitativa do que se leu ou estudou.
Técnicas apontam a necessidade da elaboração de um resumo, o qual facilita a memorização do
conteúdo. Já se sabe que as emoções preparam o cérebro para a aprendizagem efetiva. Dessa forma,
estudaremos neste ciclo sobre cognição, planejamento e autorregulação dos processos mentais e do
comportamento.
Já no Ciclo de Aprendizagem 3, você estudará as premissas da andragogia e perceberá que o adulto é
um ser independente e autônomo, o que auxiliará na obtenção de bons resultados na aprendizagem.
Além disso, conhecerá as principais abordagens de ensino e compreenderá a importância dessas
abordagens na ação pedagógica dos professores. E, por fim, estudará as metodologias ativas e
conhecerá alguns exemplos de metodologias que atualmente são utilizadas no processo de ensino e
aprendizagem.
Por último, no Ciclo de Aprendizagem 4, você estudará as tendências tecnológicas na educação e a
gestão do conhecimento, as quebras de paradigmas e mudanças que a tecnologia proporciona para o
processo de aprendizagem EaD, como funciona o aprendizado de máquina e qual é o perfil do aluno
EaD diante destas mudanças.
Além de discutirmos os conteúdos estudados, você será frequentemente convidado a refletir sobre a
utilização prática deles. Vamos lá?!
INFORMAÇÕES DA DISCIPLINA
Ementa
As fontes de conhecimento e as especificidades do conhecimento científico; a atitude científica
frente às atuais exigências da sociedade e do mundo do trabalho, os obstáculos para sua
efetivação e as estratégias para remoção desses obstáculos. A ciência cognitiva, o pensamento
crítico e as evidências científicas. O processo de aprender na perspectiva da neurociência,
neuroaprendizagem e neuroplasticidade, metacognição e auto-determinação. A aprendizagem das
pessoas adultas, pela ótica da andragogia. A aprendizagem da teoria à prática, considerando suas
principais abordagens e estratégias ativas. A gestão do conhecimento e da informação nas
organizações e os desafios de aprender a aprender na era digital.
Objetivo Geral
Objetivos Especí�cos
TRILHA DE APRENDIZAGEM
A Trilha de Aprendizagem a seguir apresenta todo o conteúdo que será abordado nesta disciplina. Veja:


VÍDEO INICIAL DA DISCIPLINA
É muito importante que você assista também ao vídeo que esclarece a sistemática desta disciplina:
MAPA CONCEITUAL
Agora, observe o Mapa Conceitual da disciplina, em que você poderá perceber a relação entre os
conceitos que serão estudados:
© 2021 Conhecimento e Aprendizagem | Claretiano
https://mdm.claretiano.edu.br/conapr-p01894-2021-01-pos-ead/wp-content/uploads/sites/731/2021/02/Fluxograma_Prancheta-1.png
http://claretiano.edu.br/
CICLO 1 – CONHECIMENTO: FUNDAMENTOS E
APLICAÇÕES EDIT
Proposta de diário 
INTRODUÇÃO
Neste primeiro ciclo, buscaremos demarcar algumas das características fundamentais da Ciência, seu método e a
atitude científica. Logo depois, abordaremos alguns dos principais obstáculos ao desenvolvimento e exercício
adequado da Ciência. E, por fim, apresentaremos a você uma série de sugestões e técnicas que podem ajudar no
exercício da Ciência.
Para começar seus estudos, assista a seguir ao vídeo inicial deste ciclo: 
FATO VERSUS OPINIÃO – AFIRMAÇÃO OBJETIVA E SUBJETIVA
Começamos agora nosso “passeio epistemológico”, que tem como objetivo principal que você se aposse ou
relembre as habilidades e competências científicas que podem e devem ser utilizadas em todas as esferas de sua
vida. Inicialmente, antes de adentrarmos nas especificidades que, de modo geral, caracterizam a atitude científica,
convém inicialmente que você faça uma distinção básica entre fato e opinião, informação subjetiva e objetiva.
Essa opção se reveste de importância porque, se não for apropriada, de modo adequado, faz com que igualemos
discursos e afirmações e, se levada ao extremo, coloca no mesmo patamar de validade, peso e importância
afirmações advindas de estudos científicos de altíssima complexidade e zelo metodológico com afirmações de
indivíduos que nunca investigaram o tema a ser tratado, não possuem nenhuma formação científica e, muitas
vezes, sequer sabem o que é Ciência. Para isso, convidamos você a assistir ao vídeo a seguir, que apresenta as
distinções entre fato e opinião. Vamos lá?
 
Interessante, não? Para sintetizarmos as considerações emitidas por Rhonda Dubec (2019), veja, a seguir, um
quadro comparativo entre ambos.
Quadro 1 Fato e Opinião.
BASE PARA COMPARAÇÃO FATO OPINIÃO
Significado
Fatos se referem a alguma coisa
que pode ser verificada ou provada
ser verdadeira.
Opinião se refere a um julgamento
ou crença sobre alguma coisa.
Baseado em Observação ou pesquisa. Suposição ou visão pessoal.
O que é isto? Realidade objetiva. Afirmação subjetiva.
Verificação Possível. Não é possível.
https://mdm.claretiano.edu.br/conapr-p01894-2021-01-pos-ead/wp-admin/post.php?post=2307&action=edit
Representa Alguma coisa que realmente
aconteceu.
Uma percepção sobre alguma
coisa.
Mudança Universal. Difere de pessoa para pessoa.
Palavras Expressa sem palavras
tendenciosas.
Expressa com palavras
tendenciosas..
Debatível Não. Sim.
Influência Os fatos tem o poder para
influenciar outros.
A opinião não tem o poder para
influenciar os outros.
Fonte: traduzido e adaptado de Dubec (2021). 
 
Diante das distinções mencionadas, é possível agora caminharmos um pouco mais e avançarmos na distinção
entre afirmações objetivas e subjetivas, visto que possuem estreita relação com os fatos e as opiniões. Para isso,
convidamos você a assistir ao vídeo a seguir:
À vista das exposições apresentadas no vídeo, podemos citar mais alguns exemplos dessa distinção:
Fato
Opinião


A NECESSIDADE DA DISTINÇÃO ENTRE FATO E OPINIÃO
Agora, vamos problematizar a importância da necessidade de se realizar essa distinção por meio da célebre frase
emitida pelo sociólogo americano Daniel Patrick Moinihan: “Todos têm direito à sua própria opinião, mas não aos
seus próprios fatos” (MOINIHAN, 2010, s/p). Frase provocativa, não é mesmo?
Para que você possa refletir mais sobre o tema, leia o texto Não, você não tem direito à sua opinião,
produzido pelo professor Patrick Stokes, da Deakin University.
Note que o autor, ainda que no título do texto, aponta de forma provocativa que não temos direito à opinião. Na
medida em que discorre sobre o assunto, esclarece que a opinião pode e deve ser exercida, e o que não pode
ocorrer é tratarmos fatos como opiniões e vice-versa.
Um exemplo ilustrativo e bem-humorado sobre essa confusão pode ser visto a seguir: imagine que você
recentemente foi verificar o seu peso e constatou que estava com sobrepeso. Seu peso ideal seria 65 kg, mas
estava com 70 kg. Diante dessa constatação, você prometeu a si mesmo(a) que iria parar de comer doces e
chocolates. Contudo, ao longo da última quinzena, ocorreram muitos aniversários e alguns deslizes seus diante de
chocolates. Ao voltar à balança, você constatou que estava com 72 kg. Ao ver essa informação, você afirma
categoricamente que o seu peso não aumentou!
Note, por meio desse exemplo, como é visível a confusão citada. Em casos mais graves, onde não somente se
apresenta o autoengano, essa confusão pode trazer consequências imprevisíveis e perigosas.
FONTES DE CONHECIMENTO
Estamos agora no nosso segundo tema deste ciclo. Inicialmente, convém dizer que as considerações que
emitiremos em seguida, sobretudo relacionadasaos métodos de investigação científica, compõem os elementos
que, costumeiramente, são tidos como consensuais na maioria das práticas científicas. No entanto, há de se
ressaltar que existem inúmeras particularidades e caminhos próprios pelos quais se manifesta o método científico
que, se fôssemos tratar de todos eles, teríamos a necessidade de uma disciplina somente para esse fim.
É bom lembrar que estamos diante de muitas fontes de conhecimento e temos agora o desafio de realizar a
demarcação da Ciência no que tange à sua forma específica de busca de conhecimento. Como você sabe,
existem múltiplas formas de aquisição de conhecimento e, dentre elas, as mais relevantes são:
https://drive.google.com/file/d/1KLrMhjhqUhQpFbWMqMIeWTxcknW1PVJJ/view
https://www.dicio.com.br/demarcacao/
Superstição: Obter conhecimento por meio da superstição significa adquirir conhecimento baseado em
sentimentos subjetivos, interpretar eventos aleatórios como eventos não aleatórios ou acreditar em
eventos mágicos. Por exemplo, você pode ter ouvido alguém dizer "Coisas ruins acontecem em grupos
de três". De onde vem essa ideia? Até onde eu sei, nenhum estudo documentou que eventos ruins
ocorrem em grupos de três, mas as pessoas freqüentemente dizem isso e agem como se acreditassem.
Algumas pessoas acreditam que quebrar um espelho traz 7 anos de azar ou que o número 13 é azarado.
Mais uma vez, esses são exemplos de crenças supersticiosas que não são baseadas em observação ou
teste de hipóteses. Como tal, eles representam um meio de adquirir conhecimento que não é confiável
nem válido.
Intuição: Quando adquirimos conhecimento por meio da intuição, significa que temos conhecimento de
algo sem estarmos conscientes de onde o conhecimento veio. Você provavelmente já ouviu pessoas
dizerem coisas como "Eu não sei, é apenas um pressentimento" ou "Eu não sei, simplesmente me
ocorreu e eu sei que é verdade". Essas declarações representam exemplos de intuição. Às vezes,
intuímos algo com base não em um “pressentimento”, mas em eventos que observamos. O problema é
que os eventos podem ser mal interpretados e não representativos de todos os eventos nessa categoria.
Autoridade: Quando aceitamos o que uma pessoa respeitada ou famosa nos diz, estamos adquirindo
conhecimento por meio da autoridade. Você pode ter adquirido muito de seu próprio conhecimento por
meio de figuras de autoridade. À medida que você crescia, seus pais lhe forneciam informações que, na
maioria das vezes, você não questionava, principalmente quando era muito jovem. Você acreditava que
eles sabiam do que estavam falando e, portanto, aceitou as respostas que eles lhe deram. Você
provavelmente também adquiriu conhecimento de professores que considerava figuras de autoridade, às
vezes aceitando cegamente o que eles diziam como verdade. A maioria das pessoas tende a aceitar
informações transmitidas por aqueles que consideram figuras de autoridade. Historicamente, as figuras
de autoridade têm sido o principal meio de informação. Por exemplo, em alguns períodos de tempo e
culturas, a igreja e seus líderes foram responsáveis por fornecer muito do conhecimento que as pessoas
adquiriram ao longo de suas vidas.
Mesmo hoje, muitos indivíduos obtêm muito de seu conhecimento de figuras de autoridade. Isso pode
não ser um problema se a figura de autoridade percebida realmente for uma autoridade no assunto. No
entanto, podem surgir problemas em situações em que a figura de autoridade percebida realmente não
tem conhecimento sobre o material que está transmitindo.
Tenacidade: Obter conhecimento por meio da tenacidade envolve ouvir uma informação com tanta
frequência que você começa a acreditar que é verdade e, então, apesar das evidências em contrário,
você se apega obstinadamente à crença. Esse método é freqüentemente usado em campanhas políticas,
nas quais um determinado slogan é repetido com tanta frequência que começamos a acreditar nele. Os
anunciantes também usam o método da tenacidade, repetindo continuamente o seu slogan para um
determinado produto até que as pessoas comecem a associar o slogan ao produto e acreditem que o
produto cumpre o que pretende.
Racionalismo: Obter conhecimento por meio do racionalismo envolve raciocínio lógico. Com essa
abordagem, as ideias são formuladas com precisão e as regras lógicas são aplicadas para chegar a uma
conclusão lógica. As idéias racionais são freqüentemente apresentadas na forma de um silogismo. Por
exemplo: Todos os humanos são mortais; Eu sou um humano; Portanto, sou mortal.
Empirismo: O conhecimento via empirismo envolve a obtenção de conhecimento por meio da
observação objetiva e das experiências dos seus sentidos. Um indivíduo que diz "Não acredito em nada
até ver com meus próprios olhos" é um empirista. O empirista adquire conhecimento ao ver, ouvir, provar,
cheirar e tocar. [...] No entanto, o empirismo por si só não é suficiente. O empirismo representa uma
coleção de fatos. Se, como cientistas, dependêssemos apenas do empirismo, não teríamos nada mais do
que uma longa lista de observações ou fatos. Para que esses fatos sejam úteis, precisamos organizá-los,
pensar sobre eles, extrair significado deles e usá-los para fazer previsões (traduzido de JACKSON, 2014,
p. 6-8).
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Bem, e como se caracteriza então o conhecimento baseado na Ciência? Ele pode surgir mediante o contato
com certos dados empíricos que nos são apresentados. Questões sobre esses dados são levantadas, hipóteses
são criadas, observações sistemáticas são produzidas e, diante desse processo, realizam-se experimentos e
repetidas verificações, tentativas de refutação às conclusões apresentadas, ou seja, é um processo ativo de
observação e investigação. Um erro comum a respeito da compreensão sobre a Ciência é a de que ela seria um
corpo de conhecimento, bastando a nós tão somente nos apossarmos dele; diferentemente dessa concepção,
nunca teremos a sua completa posse. É necessário que se afirme que a Ciência se dá de modo processual,
sempre ocorrerá a coleta de novas evidências obtidas de forma sistemática. Nesse sentido, veja, a seguir, um
quadro que apresenta algumas das principais características presentes na pesquisa científica partindo de um dos
métodos utilizados na Ciência e que se intitula método hipotético dedutivo:
Figura 1 Pesquisa Científica (traduzido e adaptado).
 
Existem outros métodos utilizados na Ciência e, conforme o vídeo a seguir, eles se fundamentam em ceticismo
metodológico, consensos e investigações conjuntas de muitos outros cientistas.
Veja como ativar as legendas no vídeo:
1. Clique no botão “Subtitles”, localizado no canto inferior direito da tela do vídeo.
2. Selecione “More languages”.
3. Depois, selecione o idioma desejado.
AVALIAÇÃO DAS FONTES DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Diante do que foi apresentado no vídeo no término do tópico anterior, talvez você esteja se perguntando: afinal,
como avaliar se esta ou aquela afirmação em meu cotidiano tem maior ou menor valor científico? De modo geral,
https://www.coursera.org/learn/science-literacy
existe uma hierarquia investigativa que podemos usar para analisar se a evidência sobre algo é científica ou não.
Veja, a seguir, a hierarquia proposta para a pesquisa na área de Saúde e Ciências Biológicas:
Figura 2 Hierarquia da evidência científica.
 
Como se pode perceber, ainda que um indivíduo possua autoridade em certo tema, não é o bastante. Imaginemos
juntos que um médico afirme que esse ou aquele medicamento, ou certo produto desconhecido, pode curar o
câncer, que uma esteticista aponte que a aromaterapia possa produzir esse ou aquele benefício estético ou que
uma nutricionista afirme que o suco detox irá lhe rejuvenescer. Ao invés de se fiar somente pela autoridade dos
profissionais citados, sempre que as afirmações lhe levantarem alguma dúvida, serem por demais incomuns, você
deveria pesquisar em fontes seguras de informação (costumeiramente apresentadas na ferramenta de busca
Scholar Google) se há estudos que comprovam essa afirmação e qualé o grau de força dos estudos sobre o
tema. Note também que, no quadro das evidências não científicas, há a referência à evidência anedótica, a qual
abordaremos mais adiante.
A ATITUDE CIENTÍFICA
Delineados, então, alguns dos elementos que caracterizam a Ciência e a pesquisa científica, vamos nos deter
naquilo que os pesquisadores intitulam de atitude científica ou temperamento científico (scientific temper).
Para isso, solicitamos que você assista ao vídeo especificamente sobre o assunto.
 
Ainda sobre o vídeo, convém que façamos um alerta não abordado por Dhar. Trata-se da humildade como
elemento importante na atitude científica. Há de se ter atenção com essa conduta. É fato que, na atualidade,
precisamos de mais pessoas que sejam devidamente sensíveis às razões que vão contra suas crenças. O mundo,
mais do que nunca, precisa de mais humildade intelectual. Porém, não podemos confundi-la com arrogância,
acanhamento, servilismo ou autodepreciação. Ressaltamos esse aspecto porque, se você se deparar com algo
flagrantemente equivocado, falho e sem respaldo em evidências, você não pode e não deve se ausentar de
apontar esses erros com o receio de que essa ação faça com que você não seja humilde.
DICA: no artigo produzido por Dhar e que fundamentou o vídeo anterior, o
pesquisador apresenta um método e�caz para o desenvolvimento da atitude cientí�ca,
que se caracteriza pela experimentação e demonstração, e, nesse processo, os alunos
realizam atividades semelhantes às realizadas por um cientista. Ainda que não atue na
área da Educação, caso queira conhecer um exemplo de aula que segue esse modelo,
clique aqui.
Por fim, para que você possa verificar a aplicação da atitude científica, selecionamos para você um trecho muito
interessante da obra de Carl Sagan.
https://online225.psych.wisc.edu/
https://drive.google.com/file/d/1ZL5TFk6VWeG40SpWsJlqaZF_FV7nNteg/view
Acesse o texto O mundo assombrado por demônios (2006), em que o autor simula uma afirmação
fantástica: “há um dragão em minha garagem” e, logo depois, oferece um diálogo onde manifesta as
atitudes científicas desenvolvidas frente a essa afirmação.
OBSTÁCULOS À ATITUDE CIENTÍFICA
Nesta primeira etapa de seus estudos, apresentamos características gerais da Ciência, da pesquisa científica e
lhe fizemos um convite: que você adotasse uma atitude científica frente ao seu cotidiano pessoal, profissional e
social. Contudo, ainda que você esteja certo da importância da apropriação dessa atitude, existem inúmeros
obstáculos a serem vencidos, e de muitos deles não nos damos conta, visto que compõem características
humanas, herdadas por nós por meio de nossos antepassados. E, ainda que à época em que foram construídas
permitiram a preservação da espécie, hoje podem vir a ser um empecilho para o convite proposto. Tomemos como
exemplo o viés de ancoragem: ele descreve a tendência humana de confiar demais na primeira informação
oferecida (a “âncora”) ao tomar decisões. Por exemplo, um preço inicial oferecido por um carro usado define o
padrão para o resto da negociação.
Na próxima etapa, iremos tratar de alguns dos mais comuns erros que cometemos em nosso cotidiano, que são
estudados pela Ciência Cognitiva e que, se nos apropriarmos deles, e realizarmos pouco a pouco um olhar atento
para nosso cotidiano, paulatinamente iremos identificá-los e, também paulatinamente, poderemos controlá-los ou
diminuir o grau em que ocorrem.
Há de se ressaltar que existem muitos outros, mas, como esses são extremamente comuns e, também, muito
perigosos, visto que podem causar uma série de consequências em nosso cotidiano profissional e pessoal,
consideramos oportuno que os conhecesse.
Seu desafio será o de se munir das informações aqui apresentadas e realizar um exame de seu cotidiano e como
os erros aqui apontados ocorreram em sua vida (todos nós estamos fadados a cometê-los) e o que você pode
fazer para evitá-los.
Vamos adiante?
CIÊNCIA VERSUS PSEUDOCIÊNCIA
Para começarmos nossa trajetória, trataremos de um termo já citado anteriormente, quer seja, a demarcação, o
ato de delimitar a Ciência da Pseudociência e da Não Ciência. O que iremos apresentar aqui é uma tentativa de
resposta, contudo, é necessário que se enfatize que existem inúmeras abordagens possíveis para essa
demarcação.
Nos amparando em Hansson (2013, p. 66), há três grandes critérios para se medir a qualidade da Ciência:
https://drive.google.com/file/d/18Hc7koAHUS09-QfB0t1r3fxlgn4kcqg9/view
Confiabilidade: uma afirmação científica deve ser correta, ou melhor, o mais próximo da correção
que atualmente possa ser alcançada. Se um farmacologista nos diz que uma certa substância
reduz o sangramento, então isto deve ocorrer. Se um antropologista nos diz que xamâs na
Amazonia tem dado folhas contendo a substância para membros da tribo feridos, isto deve
ocorrer. A requisição de confiabilidade é fundamental em todas as disciplinas do conhecimento.
Fecundidade: Considere dois cientistas investigando o canto dos pássaros. O primeiro cientista
regista e analisa o canto de cem pássaros machos da mesma espécie. O resultado é uma análise
que identifica os diferentes elementos do canto e as formas como são combinados por diferentes
indivíduos. A segunda cientista também registra e analisa o canto de cem pássaros da mesma
espécie, mas seleciona os indivíduos para comparar o canto dos pássaros com territórios
vizinhos. Sua análise fornece informações valiosas sobre a capacidade dos membros adultos
dessa espécie de aprender novos padrões de canto. Portanto, embora as duas investigações não
difiram em confiabilidade, a segunda representa a melhor Ciência, visto que, no contexto de
outras informações disponíveis, as informações que fornece são cientificamente mais valiosas.
Utilidade: Considere dois cientistas que estão investigando a síntese da serotonina no sistema
neural. Um deles comprova conhecimento sobre esses processos, mas não há uma utilização
prática previsível das novas informações. O outro descobre um precursor que pode ser usado
como antidepressivo. Supondo que as duas investigações forneçam informações igualmente
confiáveis, a última é a melhor Ciência julgada pelo critério de utilidade prática.
Para Hansson (2013), existem inúmeras Pseudociências que poderiam ser úteis, ter certa fecundidade, mas que,
segundo o pesquisador, falham no critério de confiabilidade, isto porque a “pseudociência é caracterizada por
sofrer de severa falta de confiabilidade que não pode ser confiável. Este é o critério de não confiabilidade. Pode
ser considerada uma condição necessária na definição de pseudociência” (1984, p. 67). Um outro critério muito
interessante para se distinguir Ciência de Pseudociência é o proposto pelo filósofo da Ciência Karl Popper (2017).
Seu critério, que recebeu a definição de falseabilidade, pode ser visto no vídeo a seguir:
Para encerrarmos esse tema, apresentamos, a seguir, um quadro comparativo entre Ciência e Pseudociência
apresentado pelo professor da Universidade do Texas Rory Cocker:
Figura 3 Quadro Comparativo entre Ciência e Pseudociência. (Traduzido e adaptado)
A EXPLORAÇÃO DA CIÊNCIA (SCIENCEPLOITATION)
 Outro fenômeno muito comum na atualidade e que tem ocasionado problemas para a credibilidade da Ciência e
trazido danos na sociedade é o fenômeno da exploração da Ciência, o qual ganhou os contornos atuais a partir
https://web2.ph.utexas.edu/~coker2/index.files/distinguish.htm
dos trabalhos de Timothy Caulfield (2011), por meio do uso do termo scienceploitation:
A ‘Scienceploitation’ ocorre quando ideias científicas populares, como células-tronco, são usadas para
tirar vantagem do capital social associado a elas e induzir o interesse do consumidor por produtos ou
serviços. É uma prática potencialmente prejudicial que pode enganar o público e prejudicar a confiança
do público na ciência legítima. ‘Scienceploitation’ está relacionada, mas é distinta do hype, pois a primeira
vai além do mero exagero e cria mal-entendidos e / ou postula conexões falsas (MURDOCH et al. 2018,p. 2-3).
No texto original produzido por Caufield, o autor cita a exploração de células troncos como fórmula milagrosa para
o tratamento de doenças e como pessoas desesperadas são levadas a gastar somas enormes de dinheiro nesses
tratamentos sem comprovação científica, gerando, inclusive, efeitos colaterais terríveis.
A exploração comercial do uso da Ciência, segundo o autor, é antiquíssima, indo desde a venda de produtos
magnetizados com o advento das descobertas do magnetismo e, de forma ainda mais grave, quando surgiram as
descobertas sobre a radioatividade, em que foram fabricados “uma variedade de produtos radioativos, incluindo
cremes para a pele, pasta de dente, sais de banho e pílulas” (CAUFIELD, 2011, s/p). Há de se ressaltar que essa
constatação de Caufield já havia sido percebida e problematizada por Carl Sagan algumas décadas antes:
As explicações pagas dos produtos, especialmente se feitas por verdadeiros ou pretensos especialistas,
constituem uma saraivada constante de logros. Revelam menosprezo pela inteligência dos clientes.
Criam uma corrupção insidiosa das atitudes populares a respeito da objetividade científica. Hoje, existem
até comerciais em que cientistas reais, alguns de considerável distinção, atuam como garotos-
propaganda para as empresas (SAGAN, 2006, p. 180).
Caufield cita também o incremento dessa apropriação nos cuidados da saúde, em que inúmeros produtos “anti-
idade” usam termos científicos para propor ao indivíduo o seu rejuvenescimento e, na medida em que isso não
ocorre, o consumidor não culpa o produto, mas a forma como o usou, e compra novos produtos.
Ainda segundo Caufield, ao usarmos termos científicos, as pessoas estão mais propensas a acreditar em
absurdos e erros em que normalmente não acreditariam. Além disso, a mídia colabora para esse estado de
coisas, visto que “A imprensa popular adora histórias sobre curas milagrosas e últimas chances, e remédios
pseudocientíficos atraem amplamente a atenção positiva” (CAUFIELD, 2011, s/p).
A NEUROCIÊNCIA COGNITIVA E OS VIESES COGNITIVOS
Neste tópico, iremos tratar daquilo que os especialistas da área intitulam como vieses cognitivos. Esse termo foi
cunhado e ganhou grande relevância a partir das investigações dos pesquisadores Amos Tverski e Daniel
Kahneman entre o final da década de 1960 e início de 1970 do século XX. Segundo Wilke & Mata (2012, p. 531),
os pesquisadores se inspiraram no trabalho de outro pesquisador chamado Herbert Simon, que cunhou o
princípio da racionalidade limitada:
Simon tentou se opor à ideia de racionalidade clássica, que se preocupava principalmente com a
formalização de soluções normativas para problemas de julgamento e tomada de decisão por meio da
teoria da probabilidade e estatística, com a ideia de racionalidade limitada, que abordava as restrições
específicas enfrentadas pelos agentes em seus ambientes. Por exemplo, os humanos têm apenas tempo,
informações e capacidade cognitiva limitados para decidir qual companheiro escolher, comida para comer
ou casa para comprar e, portanto, podem ter que confiar em estratégias de decisão simples ou
heurísticas para tomar suas decisões. O programa de heurísticas e vieses seguiu o princípio de
racionalidade limitada, tentando identificar as restrições ou vieses específicos associados ao julgamento
humano e à tomada de decisão.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Amos_Tversky
https://pt.wikipedia.org/wiki/Daniel_Kahneman
https://pt.wikipedia.org/wiki/Herbert_Simon
Um dos aspectos revolucionários com os vieses cognitivos foi a descoberta de que tomamos decisões e fazemos
julgamentos errados sem apelarmos à irracionalidade, ou seja, indivíduos extremamente racionais e muito bem
formados incorrem em erros usando essa mesma racionalidade, ou seja, a objetividade que buscamos em nossas
decisões é ilusória. Dessas descobertas tem-se que “o viés cognitivo se refere a um desvio sistemático (isto é, não
aleatório e, portanto, previsível) da racionalidade no julgamento ou na tomada de decisão” (BLANCO, 2017, p. 1).
Duas palavras-chave que compõem os vieses cognitivos são os esquemas e as heurísticas:
Esquemas: Os esquemas são estruturas cognitivas que orientam nossa compreensão do mundo,
geralmente nos fazendo perceber as coisas de forma mais acurada mais do que faríamos sem eles, o que
nos leva a nos comportar de maneira mais adequada. Temos esquemas para casa, família, guerra civil,
inseto, introvertido, festeiro, policial, médico, restaurante fast food, restaurante chique. Devemos nos
comportar de maneira diferente com os policiais do que com os médicos, e devemos nos comportar de
maneira diferente em restaurantes de fast food e em restaurantes elegantes. Portanto, esses tipos de
esquemas são muito úteis, embora, é claro, possam nos levar ao erro (NISBETT, 2020, s/p).
Heurísticas: São procedimentos cognitivos informais para resolver uma variedade de problemas da vida
cotidiana que envolvem inferência e julgamento. Eles são atalhos mentais ou regras práticas que
fornecem respostas geralmente úteis para problemas de julgamento (NISBETT, 2020, s/p).
DICA: caso queira entender como funcionam os esquemas, veja o vídeo Cognitivismo:
Teorias de Esquemas e, logo depois, acesse o conteúdo disponível aqui. Para obter
exemplos de heurísticas que possuímos, veja o vídeo Heurísticas: De�nição e Exemplos.
Bem, talvez você esteja se perguntando como eles ocorreriam no cotidiano e como seriam os erros que eles
acarretariam. Para sanar essa sua eventual dúvida, preparamos um vídeo complementar baseado integralmente
nos exemplos apresentados por Nisbett (2020) e convidamos você a assisti-lo.
 
Sugerimos também que assista ao vídeo a seguir, em que o meteorologista Marschall Shepherd analisa a
negação das mudanças climáticas por meio dos vieses cognitivos.
 
https://www.youtube.com/watch?v=N2eaGAg_aVI
http://didatics.com.br/index.php/psicologia/cognitivismo/cognitivismo-teoria-de-esquemas
https://www.youtube.com/watch?v=_FRUeVvCci0&feature=youtu.be
AS TEORIAS CONSPIRATÓRIAS
Iremos agora lidar com um erro cognitivo que possui estreitas relações com os vieses abordados no item anterior:
as teorias conspiratórias. Para isso, veja a introdução que fizemos a esse tema no vídeo a seguir:
 
Interessante, não? Um detalhe que gostaríamos de ressaltar a você está no alerta apresentado no término do
vídeo: note que não devemos dizer diretamente a alguém que acredita em uma teoria conspiratória que se trata de
uma teoria conspiratória, visto que essa atitude acionaria mecanismos de defesa do indivíduo, e essa condição
inviabilizaria a desconstrução da teoria. Agora, dando continuidade a esse tema, veja uma das facetas presentes
na teoria conspiratória: os rumores e como eles podem ocasionar consequências trágicas as mais variadas.
CORRELAÇÃO VERSUS CAUSALIDADE
Para começarmos a tratar sobre a correlação e a causalidade, convidamos você a analisar cuidadosamente o
gráfico a seguir:
Figura 4 Correlação e Causalidade.
 
Como você pode perceber, nele temos uma comparação entre o número de suicídios por enforcamento,
estrangulamento e sufocamento e a evolução dos gastos do Governo Americano com Ciência. Percebeu que a
evolução entre um e outro é praticamente a mesma? Agora, veja também cuidadosamente outro gráfico:
Figura 5 Correlação e Causalidade 01.
 
E agora? Surpreendente, não? Notou a coincidência na evolução do gráfico entre as mortes por afogamento na
piscina e a atuação do ator americano Nicholas Cage? Após lidar com os dados anteriores, qual decisão você
https://www.tylervigen.com/spurious-correlations
https://www.tylervigen.com/spurious-correlations
tomaria? Diminuiria o gasto americano em Ciência para diminuir a taxa de suicídios? Obrigaria o ator Nicholas
Cage a se aposentar para que menos pessoas morram afogadas em suas piscinas?
Muito provavelmente você diria que não, no entanto, muitos indivíduos, ainda que bem-intencionados, poderiam
cometer esse erro, e ele lida com uma confusão muito grande que se faz entre aquilo que os pesquisadores
intitulamcomo: causação e correlação. A princípio, você poderá dizer que não cometeria tal erro, no entanto,
ainda que não tenha se dado conta, talvez tenha incorrido nesse erro em algum momento de sua vida. Mas, afinal,
o que é causação e correlação e como esse ocorre? Para começarmos a analisar esse fenômeno, assista ao
vídeo a seguir:
Note que a correlação pode ser positiva, tal como nos gráficos citados no início desse texto e, por outro lado,
negativa, e esta ocorre quando um evento ocorre e, simultaneamente, outro evento não ocorre.
A princípio, poderíamos acreditar que os exemplos citados são por demais simplórios, que isso não geraria
grandes consequências negativas e que não impactaria um grupo elevado de pessoas, contudo, veja o vídeo:
Para encerrarmos esse tema, vamos analisar o problema a seguir, proposto por José L. Ibave Gonzaléz (2020,
s/p):
Em países como México, Espanha e Venezuela (1), os motoristas estacionam diretamente nas vagas
para isso, enquanto na China e na Índia (2), eles o fazem ao contrário, como mostrado na figura a seguir:
Figura 6 Formas diferentes de se estacionar
o carro (traduzido e adaptado).
 
Como a Índia e a China são economias em rápido crescimento e as outras não, a hipótese que vem à
mente é a seguinte: há uma correlação positiva entre estacionamento e crescimento econômico. Isto é
certo? Por quê? Ciência ou Pseudociência?
Explique para si mesmo suas respostas em detalhes usando a atitude científica.
https://ibave.weebly.com/
FALÁCIAS QUE INTERFEREM NO EXERCÍCIO DA ATITUDE CIENTÍFICA
Estamos indo para nosso último, e não menos importante, elemento que atrapalha o exercício da atitude científica
e pode fazer com que cometamos erros nas nossas decisões. De modo geral, as falácias são definidas como
erros que realizamos ao apresentarmos algum argumento. Elas podem ocorrer sem que percebamos, ou seja, de
modo inconsciente ou, muitas vezes, são utilizadas premeditadamente para enganar alguém, dar a falsa
impressão de que se venceu algum debate ou de que nós temos razão sobre algo. Muitas vezes, as falácias são
utilizadas para criticar essa ou aquela teoria científica ou, até mesmo, ridicularizar o defensor de certo
conhecimento científico.
Contudo, não é nossa intenção que você se torne um expert em lógica, dados os limites que estabelecemos para
esse material didático, no entanto, é importante sinalizarmos a você o quanto as falácias podem acometer cada
um de nós. Em razão disso, veja os exemplos de algumas falácias extremamente comuns e que são apresentadas
no vídeo a seguir:
Chamamos sua atenção para a falácia de generalização apressada ou anedótica. Ela se insere naquilo que na
Ciência se intitula como evidência anedótica. Nela, os indivíduos contam histórias de experiências que viveram ou
presenciaram e que são utilizadas para validar uma afirmação. Comumente há uso da emoção, e os indivíduos
não possuem conhecimento na área. Ela vem em muitas formas, que podem variar de depoimentos de produtos à
boca a boca. Muitas vezes, é um testemunho ou um breve relato sobre a veracidade ou eficácia de uma
reivindicação. Normalmente, a evidência anedótica se concentra em resultados individuais, é impulsionada pela
emoção e apresentada por indivíduos que não são especialistas na área de assunto.
Um exemplo muito interessante, propagado pelas mídias sociais, ocorreu no ano de 2019. Naquele período, vários
relatórios do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontaram o aumento das queimadas na
Amazônia. Contudo, grupos que questionavam essa possibilidade passaram a divulgar vídeos de indivíduos que
viviam em pequenas localidades na Amazônia e que diziam que as queimadas não estavam ocorrendo no local e
que essas mesmas queimadas seriam uma farsa. Note que o fato de um indivíduo viver em uma região isolada,
não presenciando certo fenômeno, não implica dizer que o fenômeno não esteja ocorrendo em nível mais amplo.
Outro exemplo interessante, também muito atual, refere-se às mudanças climáticas. É comum lidar com indivíduos
que citam esse ou aquele evento climático para defenderem ou atacá-las.
Para complementar sua análise sobre esse tema, veja o próximo exemplo:
REMOVENDO OS OBSTÁCULOS
Para encerrarmos este primeiro ciclo de estudos, gostaríamos de apresentar algumas ferramentas ou “vacinas”
que poderão lhe ajudar a vencer os obstáculos apresentados até agora e outros que não foram apontados neste
material. Inicialmente, sugerimos que conheça o método preconizado pela ACAPS (The Assessment Capacities
Project) para selecionarmos melhor nossas ideias frente aos vieses cognitivos. Referimo-nos à técnica intitulada
Six Thinking Hats, desenvolvida pelo pesquisador Edward de Bono. Veja no vídeo a seguir:
 
Essa técnica, se implementada adequadamente, proporciona a tomada de decisão por meio de diferentes pontos
de vista. Além disso, a emoção e o ceticismo são trazidos para o que normalmente seria um processo puramente
racional, e abre-se a oportunidade para a criatividade na tomada de decisões.
Outra proposta pertinente é a de que você veja a seguir esse guia produzido pela Compound Chem (2015) sobre
os principais elementos que identificam a Ciência de má qualidade:
Figura 7 Um guia aproximado para a ciência mal feita. (traduzido e adaptado)
 
Quando você for escrever algo, sobre algum tema, e quiser usar uma estruturação científica, é importante que
aprenda a construir ensaios cuja estrutura se fundamente na atitude científica. Nesse sentido, veja, a seguir, o
vídeo em que se apresenta a Técnica do Ensaio em Parágrafos. Essa técnica é relevante porque nela se encontra
a necessidade da definição de uma tese e a construção estruturada de evidências que a sustentem:
 
 
Por fim, caso você venha a se envolver de forma apaixonada em algum debate, com pessoas ao seu redor, ou em
ambientes virtuais, uma checagem interessante que pode vir a usar para verificar se, de fato, sua formação
científica não está sendo colocada “em baixo do tapete” e você não está se conduzindo no debate como uma
pessoa que não possui nenhuma formação acadêmica é que conheça a Pirâmide de Graham. Nela, o pesquisador
oferece um meio prático para que você possa fazer uma autochecagem a respeito de sua qualidade
argumentativa para discordar de alguém, indo desde o nível 0, onde não há nenhum interesse em empreender um
debate assertivo e de qualidade, até o nível máximo, fundamentado em vários elementos da atitude científica.
Clique aqui para conhecer essa proposta.
No próximo ciclo veremos como se dá o processo de aprendizagem. Vamos lá!?
https://online225.psych.wisc.edu/wp-content/uploads/225-Master/225-UnitPages/Unit-04/CompoundInterest_Infographic_2015a.pdf
https://universoracionalista.org/o-metodo-graham-para-bons-debates-na-internet-e-na-vida/
 
Na disciplina Conhecimento e Aprendizagem você não terá que realizar atividades e postá-las no
Portfólio, mas terá como proposta um Fórum que fomentará as discussões relacionadas às
questões online. Sua avaliação na Sala de Aula Virtual será apenas formativa e comporá a nota final da
disciplina. Portanto, é fundamental que realize os dois blocos de questões on-line propostas.
 
QUESTÕES ON-LINE
Nesta disciplina você deverá realizar dois blocos de questões on-line em cada Ciclo de
Aprendizagem.
Responda as Questões on-line disponibilizadas na Sala de Aula Virtual.
PONTUAÇÃO
Ciclo 1.1 - de 0 a 0,75 ponto.
Ciclo 1.2 - de 0 a 0,75 ponto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACAPS. Cognitive Biases. Disponível em:
<https://www.acaps.org/sites/acaps/files/resources/files/acaps_technical_brief_cognitive_biases_march_2016.pdf>.
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SAGAN, C. O mundo assombrado por demônios: a ciência vista como uma vela no escuro. São Paulo: Cia
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WILKE, A. MATA, R. Cognitive Bias. In: RAMACHANDRAN (Ed). The Encyclopedia of Human Behavior, v.
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<https://www.youtube.com/watch?v=AXtlUyUzG1w>. Acesso em: 22 dez. 2020.
© 2021 Conhecimento e Aprendizagem | Claretiano
http://claretiano.edu.br/
CICLO 2 – APRENDIZAGEM: O PROCESSO DE
APRENDER EDIT
INTRODUÇÃO
Chegamos em um momento histórico em que nunca se soube tanto sobre o cérebro. Talvez a demora
em conhecer melhor o cérebro se deu devido a sua anatomia, suas estruturas são microscópicas e
impossíveis de ver a olho nu. A consciência não é observada como processo físico, tornando a mente
um processo subjetivo.
Há uma estimativa que indica descobertas recentes sobre o nosso cérebro. Sabemos mais do nosso
cérebro nos últimos 20 anos do que sabíamos desde os primórdios da Ciência. Esse movimento traz
uma segurança interessante sobre como o cérebro funciona e sobre como aprendemos, e é sobre isso
que discutiremos a seguir.
Uma sequência de descobertas científicas demonstrou a plasticidade da aprendizagem. Neste ciclo,
estudaremos a Prontidão para a aprendizagem – relação mente-cérebro, buscando compreender
sobre o funcionamento cerebral e o processamento emocional, através das contribuições da
Neurociência. A percepção de mundo e a forma como o cérebro trabalha são conhecimentos
necessários para as pessoas envolvidas com a formação no desenvolvimento humano e a gestão de
pessoas.
Outro fator é com relação às emoções na relação com o cérebro e o comportamento motivador. Já
se sabe que um cérebro emocionado aprende muito mais, consegue dar sentido para aquilo que
aprende e, consequentemente, apresenta um comportamento baseado em motivação, principalmente a
motivação intrínseca.
Tudo isso comporta um estímulo para a memória e aprendizagem. Vamos conhecer sobre a memória de
trabalho, tão necessária para que a aprendizagem ocorra de forma efetiva.
Por fim, estudaremos sobre a cognição, planejamento, autorregulação dos processos mentais e do
comportamento. A cognição é compreendida como a nossa capacidade de pensar sobre fenômenos
que ocorrem na realidade. Fazendo parte desse processo, é preciso que o homem utilize sua
inteligência para o planejamento de ações que facilitem sua melhor adaptação ao meio. Desta forma, é
necessário, em alguns momentos, diante de situações de estresse, que esse mesmo homem
desenvolva sua autorregulação emocional para o enfrentamento e resolução de problemas. E, assim, o
comportamento passará a apresentar atitudes e ações que vão contribuir para seu bem-estar geral.
PRONTIDÃO PARA A APRENDIZAGEM – RELAÇÃO MENTE-CÉREBRO
CÉREBRO E O PROCESSAMENTO EMOCIONAL
Para compreender melhor esse assunto, vamos entender o que é a Neurociência?
https://mdm.claretiano.edu.br/conapr-p01894-2021-01-pos-ead/wp-admin/post.php?post=1987&action=edit
Neurociência é o termo dado à área científica que se dedica a estudar o sistema nervoso, seu
funcionamento, a estrutura, seu desenvolvimento e eventuais alterações que sofra. O objetivo
das neurociências é a compreensão de como o fluxo de sinais elétricos e químicos através de
circuitos neurais origina a mente nos aspectos de como percebemos, agimos, pensamos,
aprendemos e nos lembramos (KANDEL et al., 2014, p. 15-16).
E, ainda:
Para estudar como percebemos, agimos, pensamos, aprendemos e lembramos, devemos
desenvolver novas abordagens e esquemas conceituais para compreendermos o
comportamento de sistemas que vão de células nervosas individuais ao substrato da cognição.
(KANDEL et al., 2014, p. 15-16).
Tais campos acabam por fascinar cada vez mais pessoas pela possibilidade de compreensão dos
mecanismos das emoções, compreensão do cérebro, da memória e aprendizagem, do processamento
emocional, da cognição, planejamento e autorregulação dos processos mentais e do comportamento.
Nesse sentido, cada vez mais profissionais de diversas áreas, como psicólogos, professores, filósofos,
gestores de pessoas, administradores, legisladores, entre outros profissionais, se apropriam da imensa
massa de dados empíricos sobre o cérebro, osgenes, circuitos e conhecimentos sobre a aprendizagem.
Ouça, agora, atentamente o áudio sobre esse tema:
Nosso intuito é trazer para você conhecimento relevante e, portanto, prático. Pois nada adianta, para
nós, conhecimento que não pode ser aplicado. No entanto, veremos que muitos de nós, provavelmente,
temos um déficit no quesito conhecimento biológico humano, e isso se torna um problema, já que, ao
sermos responsáveis por contribuir na gestão de pessoas ou mesmo cuidar da nossa aprendizagem e
de outros, é preciso compreender o funcionamento fisiológico. Se o fizermos, poderemos entender como
aprendemos, e como melhorar os diversos tipos de aprendizagens.
Pesquisas mostram que uma formação educacional adequada protege as pessoas das
informações neurocientíficas incorretas. Por exemplo, universitários cursando psicologia, por ter
disciplinas correlatas com neurociência na grade curricular, demonstraram menos fascínio por
‘neurobobagens’ quando comparados com universitários de outros cursos (LINDELL; KIDD,
2013 apud EKUNI, 2016). Assim, se for possível despertar interesse do público geral em
conhecer mais sobre a neurociência, esperamos que esses equívocos diminuam. (EKUNI et al.,
2016, p. 125).
De acordo com Straub (2014, p. 52), “[...] o cérebro é o órgão mais poderoso do nosso sistema, pesa
cerca de 1.400 g, supõe-se que tenha 40 bilhões de neurônios. Acredita-se que essa massa seja o
centro de controle de nosso sistema nervoso, e onde se localizam nossas memórias”.
Zolnerkevic (2014) diz ocorrerem trilhões de conexões entre os bilhões de neurônios, e cada neurônio
saudável recebe até 10 sinapses de outros neurônios. Enquanto você lê essa frase, quatrilhões de
sinais viajam pela sua cabeça, trocando sinais elétricos e substâncias químicas que o mantêm ativo,
carregando, assim, uma quantidade de informações, e o sistema nervoso faz essa informação circular.
Tais informações são o que denominamos de “mente”, que engloba tanto o que acontece em nossa
consciência, como também inclui outros fatores não tão conscientes, como os sinais que controlam as
reações de estresse, a capacidade de andar de bicicleta, tendências de personalidade, entre outros.
O homem enxerga o mundo e, por meio de seu aparelho perceptual, faz a interpretação dos fenômenos
que nele ocorrem, através de seus sentidos e da sua memória.
Lent (2018, p. 2) afirma:
A percepção do mundo que nos cerca e de certos aspectos do meio orgânico interno depende
da atividade dos sistemas sensoriais, os quais continuamente alimentam o sistema nervoso
central com uma grande variedade de informações sobre eles. Além disso, esses sistemas
também informam o sistema nervoso central sobre muitos outros aspectos do meio orgânico
interno que são usados para diversos ajustes do funcionamento do organismo sem
necessariamente chegar ao nível consciente. [...] O sistema nervoso possibilita aos animais
uma forma de interação com o meio ambiente muito mais intensa, rápida e versátil do que a
que se observa nos fungos e vegetais. [...] O sistema nervoso recolhe constantemente um
conjunto de informações sobre o estado do meio ambiente em que o animal está inserido,
assim como do meio interno do próprio organismo.
O cérebro trabalha como um sistema completo, desta forma, interage com outros sistemas do corpo e,
consequentemente, com o mundo. A mente e o cérebro têm uma interação tão profunda que fica mais
fácil compreendê-los como um sistema único e codependente.
Embora grandes evoluções tenham ocorrido no cérebro desde os primórdios do homem da caverna, ele
mantém em si seus padrões de origem, que muitas vezes “brigam” com outras partes mais
evoluídas. Nesse sentido, podemos utilizar uma das formas de que diversos autores lançam mão para
explicar o cérebro, chamada de cérebro trino.
O neurocientista Paul McLean desenvolveu uma teoria do cérebro trino em 1940, que postula a
existência de três cérebros diferentes unidos numa mesma estrutura que foram se desenvolvendo
durante as distintas etapas da evolução humana.
O cérebro reptliano formado pela medula espinhal e pelas bases do prosencéfalo. Parte
arcaica, responsável por promover reflexos simples, manter nossos instintos e emoções
básicas, geralmente relacionados à sobrevivência. O cérebro de mamíferos inferiores,
composto pelos elementos do cérebro emocional, límbico (hipocampo, amígdala cerebral,
tálamo, hipotálamo, giro do cíngulo) responsável pelas emoções. O cérebro racional que é a
parte mais evoluída, composta pelo neocórtex. Responsável pela capacidade de metacognição,
é o que nos faz singulares, únicos entre os seres humanos (LENT, 2018, p. 56, grifo nosso).
Segundo a teoria de McLean, há partes do nosso cérebro responsáveis por agir, sentir e pensar, criando
“um sistema de funcionamento que tem fluxo de baixo para cima”, ou seja, um comportamento mais
impulsivo, que não pensa em consequências. É direcionado pelo impulso do agir, antes mesmo da
emoção ou sentir se fazer consciente (LENT, 2018, p. 56, grifo nosso).
Para a Neurociência atual, a ideia de cérebro trino não é mais aceita, pois “a evolução não ocorre de
forma linear, mas em ramificações arbóreas, e cada ramo segue seu próprio caminho evolutivo”
(DALGALARRONDO, 2011, p. 6).
ONDE ESTE TIPO DE COMPORTAMENTO É COMUM?
Encontramos esse tipo de comportamento em todos os transtornos e desordens que causam uma
hiperatividade da região amigdalal, transtornos relacionados ao estresse, ansiedade, TOC (Transtorno
Obsessivo Compulsivo) e em alguns casos de trauma psicológico.
O excesso de ativação da resposta de luta e fuga causa essa hiperatividade na região amigdalal e inibe
a comunicação do sistema límbico com o neocórtex. Isso quer dizer que, mesmo que a pessoa entenda,
racionalmente, que seu comportamento impulsivo não faz sentido no campo racional, ela é incapaz de
controlar.
Não só a Psicologia, mas tantas outras ciências nasceram com esse propósito, de sanar o sofrimento. A
própria Medicina começou com o conceito de saúde como mera ausência de doença e hoje tem se
desenvolvido tanto em termos de prevenção e promoção de saúde. Em grande parte, nosso sistema de
sobrevivência assim é por todos os erros das nossas gerações anteriores que, de certa forma, ficam
marcados em nosso sistema biológico como parte dos nossos instintos.
O cérebro evoluiu para nos ajudar a sobreviver, mas, se analisarmos o contexto das doenças e
transtornos mentais, veremos que o sofrimento também é criado a partir do cérebro. Respostas
emocionais, como ansiedade, estresse e angústia, são basicamente processos fisiológicos que servem
para nos avisar que há perigo ou ameaça.
O ser humano é o único ser vivo que se preocupa com o futuro, sofre com o passado e culpa-se pelo
presente, e quem cria toda essa rede de sofrimento é o próprio cérebro – que elabora estratégias de
“fugir” do sofrimento através de recursos que são totalmente irrelevantes para as nossas necessidades
contemporâneas.
O QUE FAZER ENTÃO?
Se o cérebro é a “causa” do sofrimento, pode também ser a cura, na medida em que pudermos
desenvolver aspectos positivos em nosso cérebro. As descobertas da Neurociência em muito
contribuíram para que melhor compreendêssemos os processos de aprendizagem – o que possibilita
nos mover em torno da melhora e da própria aprendizagem em si.
EMOÇÕES, CÉREBRO E COMPORTAMENTO MOTIVADOR
Uma das descobertas da Neurociência refere-se ao processo de emoção. Cientistas descobriram que
“as emoções têm um fator importante para o processo de aprendizado”: um cérebro que se emociona
aprende mais e melhor. Grandes avanços também foram encontrados em termos do funcionamento da
atenção, incluindo o fato de que “as estruturas cerebrais responsáveis pelos mecanismos de atenção
têm ligação direta com estruturas de regulação emocional” (ESPERIDIAO-ANTONIO, 2008, p. 57). 
Existem vários autores e conceitos diferentes de emoção. Do ponto de vista biológico, a “emoção pode
ser definida como um conjunto de reações químicas e neurais subjacentes a organização de certas
respostascomportamentais básicas e necessárias a sobrevivência dos animais” (LENT, 2018, p. 254).
As emoções podem afetar a aprendizagem, pois a ansiedade e o estresse prolongados têm um efeito
contrário, negativo. Ao contrário do que as emoções negativas podem fazer, as emoções positivas têm
um papel de extrema importância no que diz respeito a um ciclo de emoção, motivação.
Sabe-se que as emoções atuam como um sinalizador interno, e ocorrem “colorindo” os pensamentos.
As emoções básicas são medo, amor, raiva, tristeza, ansiedade. Estas assinalam algo importante ou
significativo na vida do indivíduo e se manifestam por meio de alterações fisiológicas do organismo, em
conjunto com recursos cognitivos do sujeito, como a atenção e a percepção, podendo preparar o
organismo para “luta-fuga”.
Os estudos sobre a motivação também são importantes nesta área da Neurociência, que destaca os
tipos de motivação entre extrínseca e intrínseca e norteia seu funcionamento e atuação. Nesse sentido,
a motivação extrínseca é aquela que nos move em direção a algo (como estudar) porque alguém ou
algo fora nos leva a isso (meus pais, o mercado de trabalho, eu vejo que é necessário), ou porque
temos um objetivo a curto prazo (uma prova, um concurso). Funciona a curto prazo, mas logo se esvai.
A motivação intrínseca é aquela que surge de dentro do sujeito e que traz a sensação de que “eu faço
porque é divertido”. Esse tipo de motivação funciona a longo prazo.
O cérebro predispõe a absorver mais conteúdo quando está envolvido emocionalmente. Outro aspecto
importante da Neurociência e aprendizagem diz respeito à neuroplasticidade, a capacidade do cérebro
de se modificar mediante as adaptações sinápticas, criando traços impossíveis de serem modificados.
Atualmente, sabemos que o cérebro se modifica sempre, de acordo com a interação do sujeito com seu
ambiente.
Veja, no quadro a seguir, o que sabemos sobre como melhorar nossa aprendizagem:
Quadro 1 Variáveis que estimulam a aprendizagem.
 
APRENDIZAGEM
Um cérebro emocionado aprende mais e melhor – é importante que o
conteúdo ensinado tenha um teor emotivo.
Para melhorar a apreensão do conhecimento, é preciso fazer uma ligação
entre o conteúdo ensinado e conteúdos já absorvidos.
Quando utilizamos exemplos da “vida real” de quem está aprendendo, a
compreensão é facilitada.
Há formas de “transformar” motivação extrínseca em motivação intrínseca,
porém esse caminho é individual.
O sentimento que nutrimos por quem ensina pode facilitar ou atrapalhar o
processo de aprendizagem (mais uma vez, o cérebro aprende mais quando
emocionado).
Fonte: desenvolvido pelo autor. 
 
Utilizando uma metáfora para o fenômeno da atenção, segundo Cosenza e Guerra (2011, p. 42):
[...] uma janela aberta para o mundo, na qual dispomos de uma lanterna que utilizamos para
iluminar os aspectos que mais nos interessam. E também, essa lanterna ilumina nossos
processos interiores quando focalizamos nossos pensamentos, resolvemos problemas ou
tomamos decisões conscientes.
Os estudos sobre a atenção, que faz parte do processo de aprendizagem, indicam a existência de dois
sistemas que a regulam: o primeiro, o circuito orientador, que permite o desligamento do foco de
atenção de um alvo específico para outro ponto. No exemplo usado, é como se o foco da lanterna
iluminasse outro ponto; em segundo, o circuito executivo, que permite a atenção prolongada, ao mesmo
tempo em que são suprimidos os estímulos distraidores.
Sabemos que a função mais importante da atenção executiva é a relacionada à autorregulação, que
mostra a capacidade de regular a atenção aos processos cognitivos e emocionais, e contribui para a
aprendizagem. O cérebro possui uma motivação intrínseca para aprender, mas isso só acontece se
houver disposição da pessoa para reconhecer o conhecimento como algo significativo.
A Neurociência, nos últimos tempos, tem ajudado a compreender como o cérebro funciona, mostrando
as possibilidades de o cérebro se modificar conforme sua relação com o ambiente, a diversidade, os
estímulos que o meio pode gerar ao longo da vida, salientando inclusive o papel significativo dos
estados emocionais.
Se ocorre um estímulo importante contendo um valor emocional, esse estímulo é captado, passa a
mobilizar a atenção seletiva para regiões corticais específicas, onde é processado, tornando-se
consciente. Tais informações são enviadas para a amígdala cerebral, cuja forma lembra duas
amêndoas. “A amígdala costuma ser incluída em um conjunto de estruturas encefálicas conhecido como
sistema límbico, ao qual se atribui o controle das emoções e dos processos motivacionais” (COSENZA;
GUERRA, 2011, p. 77).
A amígdala é uma estrutura que exerce ligação essencial entre as áreas do córtex cerebral, recebendo
informações de todos os sistemas sensoriais. Tem um papel importante nas emoções e comportamento
humano. Age como um coordenador, que dispara comandos no corpo humano que podem ocasionar
modificações viscerais, como taquicardia, sudorese, dilatação da pupila, e tem influência nas emoções
de medo ou raiva, o que pode influenciar no estado de humor. Cosenza e Guerra (2011, p. 78)
exemplificam:
Imaginemos a situação em que a professora chega à sala de aula com uma pilha de provas e
anuncia uma avaliação inesperada. Certamente a amígdala cerebral dos seus alunos entrará
em ação, provocando o aparecimento das respostas e sentimentos acima mencionados. A
amígdala é importante ainda na aprendizagem das reações de medo e na identificação das
expressões faciais a ele relacionadas. Pessoas ou animais em que a amígdala foi lesada
geralmente não identificam os sinais de perigo emitidos pelos seus semelhantes e têm
dificuldade de reagir adequadamente a situações ameaçadoras.
Vamos, agora, ao estudo sobre a memória e a aprendizagem?
MEMÓRIA E APRENDIZAGEM
Poderíamos dizer que a memória é a aquisição ou a aprendizagem, já que só podemos comunicar
aquilo que aprendemos. Faz parte da memória um processo que indica a formação, a conservação e a
evocação. A evocação representa lembrar algo que foi aprendido.
Nossa personalidade é composta por memórias, o que nos torna indivíduos. Faz parte de nosso
convívio social a comunicação entre indivíduos, e, desta forma, compartilhamos nossas memórias e a
própria história da civilização.
Para Cosenza e Guerra (2011, p. 52):
Já sabemos que uma informação relevante, para se tornar consciente, tem que ultrapassar
inicialmente o filtro da atenção. Admite-se que a primeira impressão em nossa consciência se
faz por meio de uma memória sensorial, ou memória imediata, que tem a duração de alguns
segundos e corresponde apenas à ativação dos sistemas sensoriais relacionados a ela. Se a
informação for considerada relevante, poderá ser mantida; do contrário, será descartada. [...]
identificada a relevância, a informação será mantida na consciência por um tempo maior, por
meio de um sistema de repetição, que pode ser feito por recursos verbais ou por meio da
imaginação visual.
A repetição feita pela pessoa apresenta uma capacidade limitada de itens que podem ser mantidos no
processamento da informação, que pode ocorrer dentro de um intervalo de dois segundos. A memória
sensorial e a de repetição são essenciais para a memória operacional.
Para melhorar a performance em um nível mais alto de ativação, caracterizado pela ativação de
informações já presentes, é necessária a habilidade de memorizar eventos ou situações futuras,
exigindo o “lembrar de lembrar”. Mas a aprendizagem definitiva só acontecerá com a formação e
estabilização de novas conexões sinápticas, o que leva certo tempo e esforço individual.
Respeitar os momentos de repouso e lazer é importante como forma de higiene mental, e, para isso, é
necessário apagar as mensagens da mente e deixar o ambiente propício para novas ocupações ou para
retomar tarefas antigas com maior criatividade.
Izquierdo (2018, p. 13) aponta que existem dois tipos de memória, aquela que é imediata, que serve
para gerenciar a realidade; e a memória de trabalho. A primeiraajuda a nos posicionar no mundo, a
identificarmos o tempo e o espaço onde estamos. Já a memória de trabalho usamos quando nos
referimos a um número de telefone, fazemos a compreensão de um parágrafo ou texto, podendo ser
medida por meio da memória imediata. A partir da memória mantida por certo tempo, “esse conteúdo
pode ou não ser mantido para a memória de longa duração, composta pela memória declarativa ou
procedural”.
As memórias declarativas são aquelas sobre as quais podemos falar, as episódicas, que são os fatos,
as coisas que nos acontecem, ou mesmo a semântica, que são todas as palavras que conhecemos em
nossa língua.
E a memória procedural é a relacionada com atividades e tarefas. A região do cérebro hipocampo está
relacionada a nossa memória emocional. A atenção é um dos pilares da memória. É o hipocampo que
vai escolher quais são as coisas que devem ser guardadas ou não.
Temos como exemplo um caso famoso do paciente HM ou Henry Molaison:
https://www.youtube.com/watch?v=SbsJh-W-lDc
https://www.youtube.com/watch?v=uP3_jIOpR5s
Aos 9 anos de idade, Molaison sofrera um traumatismo craniano em um acidente de bicicleta
que o levou a ter inúmeras e incapacitantes crises epilépticas, intratáveis com medicação. Em
1953, aos 27 anos, foi submetido a uma cirurgia experimental no cérebro, que lhe removeu
ambos os hipocampos e regiões adjacentes, responsáveis pela geração das crises (PEREIRA,
2009).
Para melhor compreensão sobre os assuntos tratados, assista ao vídeo a seguir:
Os indivíduos precisam ser formados para navegar em ambientes complexos, com relações complexas
entre as coisas. O hipocampo é muito importante para a aprendizagem, tem a ver com novas memórias,
novos conhecimentos. Descobriu-se que, sem emoção, não há aprendizado.
Ao nos sentarmos em uma bicicleta, o cérebro decide que a coisa certa é pedalar, e não recitar um
poema, por exemplo, se não quisermos cair. Ao perceber algo potencialmente perigoso, a memória de
trabalho o compara com nossas memórias declarativas de outras coisas perigosas e procura as
capacidades motoras mais úteis entre as memórias procedurais, em geral, aquela que nos manda fugir,
sobretudo quando a circunstância ou o adversário for maior ou mais forte.
Emoção é dar valor, compreender o valor que aquilo tem para si e para o entorno. Na Educação, é
preciso ensinar a pessoa a se desenvolver, a elaborar a qualidade do seu pensamento, ter pensamentos
que a desenvolva. Por isso, a prova, no contexto acadêmico, não deve ser vista como punição, mas sim
um incentivo ao aprendizado.
Quando é trabalhada a construção de redes neuronais dentro de um cérebro, é preciso estar atento à
emocionalidade do indivíduo. É preciso mostrar ao indivíduo a trilha do valor, onde ele precisa colocar o
valor no conhecimento, para que não coloque valor naquilo que é relevante emocionalmente para ele,
como no videogame, por exemplo. A competência é fruto das conexões que você consegue articular
quando o problema é apresentado, é a capacidade de responder rápido e com excelência.
Também podemos notar o conceito de hierarquia. Um neurônio tem a possibilidade de receber
informações através dos dendritos e leva essas informações para outros neurônios através do axônio.
Quando esses neurônios estão em grande quantidade, como no córtex cerebral (que é a estrutura que
reveste todo nosso cérebro, uma capa de quatro milímetros, onde existem aproximadamente 20 bilhões
de neurônios), acontece o palco das interações, composta por circunvoluções capazes de criar áreas.
Dessa forma, todas as construções de conhecimentos pelo homem seguiram uma estrutura hierárquica.
Sabemos, atualmente, que todo tecido nervoso possui uma plasticidade característica do tecido, que
mostra a capacidade de alterar, de modo prolongado, a sua função e sua forma. Dessa forma, foi
observada a neuroplasticidade, a qual deriva dos fenômenos que ocorrem no desenvolvimento do
organismo humano desde a fase de embrião até a maturidade.
Assim, os exemplos de neuroplasticidade passam desde a neurogênese, que acontece em algumas
regiões do cérebro influenciada por fenômenos ambientais; a regeneração bem-sucedida de “axônios
periféricos submetidos a lesões, e a regeneração malsucedida dos axônios do sistema nervoso central”
(LENT, 2018, p. 112). A plasticidade é considerada a base funcional da memória.
Dessa forma, a neuroplasticidade é definida como a propriedade do sistema nervoso de alterar a sua
função ou a sua estrutura em resposta às influências ambientais que o atingem.
Isto é, qualquer alteração sofrida pelo cérebro, pode levar a mudanças de posição de setores
funcionais com o redirecionamento de circuitos neurais, ambos foram detectados em animais, e
por neuroimagem em seres humanos. Por outro lado, um simples fato novo que presenciamos
pode resultar em alterações sinápticas moleculares capazes de possibilitar a memorização
daquele fato por um longo tempo durante a vida. Em ambos os casos, bem como nas
numerosas possibilidades intermediárias, trata-se de neuroplasticidade (LENT, 2018, p. 112).
E a Neurociência vem contribuir com conhecimentos relevantes sobre aprendizagem. Sabe-se que a
aprendizagem precisa fundamentalmente de experiência, de vivência e tentativa e erro. A partir da
experiência, o cérebro vai se modificando, se esculpindo conforme é usado, conforme a pessoa se
expõe a novas experiências.
Existe uma necessidade de aplicação prática desse conhecimento em empresas, escolas e em toda
área que lida com pessoas que se preocupam como aprender melhor. Atualmente, pergunta-se quais os
fatores que mais influenciam no aprendizado. Além da experiência prática, que busca dispor de métodos
adequados, sabendo que não existe um método perfeito para tudo e lembrando que cada indivíduo tem
sua singularidade, suas idiossincrasias, suas facilidades particulares, que muitas vezes vai precisar de
um método diferente, é preciso dedicar atenção para aquilo que se está fazendo.
Somando-se a isso, um outro fator que faz a diferença é a motivação do indivíduo. É necessário que a
pessoa tenha interesse por aquilo que está fazendo; se não houver interesse, o indivíduo pode até
praticar, mas a aprendizagem não vai ocorrer. O envolvimento dos alunos em contexto escolar, ou
mesmo colaboradores em contextos de empresas, está ligado à motivação. “As atuais teorias cognitivas
da motivação já apontam que para se conseguir o envolvimento” dos estudantes ou colaboradores “é
necessária a motivação intrínseca, além das formas de autorregulação da motivação extrínseca”
(RIBEIRO, 2011, p. 1, grifo nosso).
Há necessidade de motivação nos aspectos internos e externos ao sujeito, isto é, na dimensão afetiva.
“A cognição e afetividade estão interligadas, e constituem uma unidade funcional, holística e sistêmica”
do sujeito (DAMÁSIO, 1995 apud RIBEIRO, 2011, p. 1).
Assista, agora, mais alguns vídeos sobre os demais assuntos tratados neste tópico.
Por que esquecemos? Um guia sobre a memória.
 
Miguel Nicolelis – Cérebro humano: um escultor da realidade.
https://www.youtube.com/watch?v=E7Iu13QJ2I0
https://www.youtube.com/watch?v=P3TZbKpFtUY&feature=emb_rel_end
COGNIÇÃO, PLANEJAMENTO, AUTORREGULAÇÃO DOS PROCESSOS MENTAIS E
DO COMPORTAMENTO
Se pensarmos no conhecimento como “utilitarista”, não avançamos na nossa capacidade de raciocínio.
O que buscamos construir é nossa capacidade de pensar, de planejar, de raciocinar, desenvolvendo a
capacidade de autorregulação emocional e do comportamento saudável, e não o conhecimento apenas
para usar. É preciso construir pensamentos e não conteúdo. O que nos move é a motivação de fato, é
se expor a problemas diferentes, se experimentar, se dar a chance de desafios, isso leva a um poder de
modificação.
Sabemos que partes do cérebro têm funções diferentes, ficamos bem treinados naquilo que fazemos.
Se jogamos xadrez, desenvolveremos o raciocínio estratégico, a inteligência espacial. A motivação
precisa de uma quantidade adequada de desafios. Fácil demais não motiva, e difícil demais também
nãomotiva. Quanto mais prática possuímos, mais melhoramos nosso aprendizado. Por exemplo,
Mikhail Nikolaévich Baryshnikov é citado ao lado de Vaslav Nijinsk e Rodolf Nureyv como um dos
maiores bailarinos da história. Seu trabalho foi extasiante diante de constantes treinamentos, a ponto de
muitas vezes machucar o dedão do pé na sapatilha.
O bailarino, que antes treinava muito para atingir o auge da sua performance, em movimentos
detalhadamente programados e, muitas vezes, repetidos, usaria, a partir dos estudos
somáticos, seu corpo como o experimento para a verificação científica desses estudos, que
criam ou relatam movimentações decorrentes deles. Assim, o bailarino começou a pluralizar a
perspectiva de observação de seu corpo, como experiência e como transformação que esses
estudos somáticos causam nele e, ao mesmo tempo, como o observador dessa experiência
que foi incorporada por meio de um movimento específico (ITAVO, 2020, p. 13).
Estabelecer mudanças vai fazer a diferença. A rotina pode nos ajudar a mudar hábitos importantes na
vida. Esse conhecimento é contribuição da Neurociência. Nosso cérebro prefere vícios imediatos do que
virtudes imediatas. É preciso mudar e pensar agora sobre o nosso “eu de agora” com o “eu do futuro”. O
homem busca a saúde, a estabilidade financeira e a felicidade, e isso requisita, necessariamente,
mudanças construídas ao longo de um tempo.
Portanto, quanto mais dedicação temos, mais motivação vamos ter, e mais horas de prática são
adquiridas e acumuladas. Tal comportamento se torna um ciclo. A oportunidade vai contar nesse
processo. Não havendo a oportunidade de experimentar no livro, na dança, no musical, na construção
de algo, no trabalho com gestão, não há oportunidade de o cérebro descobrir que ele gosta daquilo.
Abrir as oportunidades tanto para crianças quanto para adultos é a oportunidade que se pode dar para
essas pessoas.
Cada pessoa deve descobrir qual método se adapta melhor. O cérebro consegue trabalhar com seis a
oito informações ao mesmo tempo. É possível mudar o método diante das necessidades. A grande
porta para o aprendizado é a atenção. Só é possível prestar atenção em uma coisa de cada vez, o
cérebro tem um único fluxo de pensamentos, por onde passam milhões de pensamentos, mas um
apenas por vez. A atenção é um filtro que o cérebro usa para decidir qual informação será processada
de maneira dedicada a cada instante.
As outras informações que são eliminadas nesse processo não ganham acesso à memória de trabalho.
A base da memória de trabalho são os neurônios do córtex pré-frontal. Esses neurônios tanto mantêm
vivas as representações mentais de informações que já sumiram de vista, como um número de telefone,
ou uma fórmula de matemática, quanto tornam possível a evocação de eventos que ficaram fixados na
memória.
Importante ressaltar que a memória de trabalho só existe para aquilo que está no foco da atenção. Se
algum barulho ou outro estímulo acontece nesse momento, aquilo que estava no foco da atenção se
perde, sai também da memória de trabalho, e o sujeito não consegue mais processar o objeto de estudo
com a mesma dedicação, com essa exclusividade pelo cérebro. Então, a atenção é o grande filtro que
leva o conhecimento a ser processado e levado para a memória de trabalho, sendo ali associado a
outras informações, e nesse ponto ganha acesso a outros sistemas de memória mais duradouros.
Figura 1 Fatores que vão influenciar na aprendizagem. 
Fonte: acervo pessoal do autor.
 
Se o sujeito não presta atenção ao que está fazendo, esse conteúdo não terá acesso à memória de
trabalho, e também não terá acesso a outros sistemas de memória de longo prazo. O resultado é que,
se a pessoa não presta atenção ao que está fazendo, essa informação não terá acesso à memória de
trabalho e, consequentemente, não terá acesso a outros sistemas mais duradouros de memória. Dessa
forma, o cérebro não guarda nenhum registro dessa ação e, portanto, não aprende aquela informação
nova.
A atenção é foco. Ela precisa que utilizemos um ou mais dos cinco sentidos para ter sucesso na
aprendizagem. Por exemplo, uma pessoa procura a chave que não lembra onde deixou. Vai precisar
usar sua visão na atenção em foco e procurar, aguardando o cérebro identificar aquela representação
mental da chave que o sujeito está procurando. A atenção traz a possibilidade de processarmos com
detalhes a informação que se quer registrar e aprender.
Veja os vídeos selecionados para aprofundamento sobre os assuntos deste tópico:
Suzana Herculano-Houzel – 25/03/2013.
 
Miguel Nicolelis: A consolidação da memória.
 
Pesquisas revelam a importância do sono para o aprendizado.
 
Sidarta Ribeiro: Sono, Memória e Aprendizagem (Diálogo Plural #156).
da realidade.
Após você conhecer sobre o conteúdo da Neurociência e a aprendizagem, agora, caminhamos para
verificar as diferentes abordagens psicológicas que vão trabalhar com a aprendizagem no mundo adulto.
As pessoas se preocupam em aprender, mas como aprender da forma correta? Veremos no próximo
ciclo. Até lá!
https://www.youtube.com/watch?v=VVMHrWallRc&t=2446s
https://www.fronteiras.com/videos/a-consolidacao-da-memoria
https://www.youtube.com/watch?v=HYYKpxFrbtw
https://www.youtube.com/watch?v=XRGzUYFui4I
https://www.youtube.com/watch?v=P3TZbKpFtUY&feature=emb_rel_end
 
Na disciplina Conhecimento e Aprendizagem você não terá que realizar atividades e postá-
las no Portfólio, mas terá como proposta um Fórum que fomentará as discussões
relacionadas às questões online. Sua avaliação na Sala de Aula Virtual será apenas
formativa e comporá a nota final da disciplina. Portanto, é fundamental que realize os dois
blocos de questões on-line propostas.
QUESTÕES ON-LINE
Neste disciplina você deverá realizar dois blocos de questões on-line em cada
Ciclo de Aprendizagem.
Responda as Questões on-line disponibilizadas na Sala de Aula Virtual.
PONTUAÇÃO
Ciclo 1.1 - de 0 a 0,75 ponto.
Ciclo 1.2 - de 0 a 0,75 ponto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, F. A. H. Neurociências e Educação: uma articulação necessária na formação docente.
Trabalho, Educação e Saúde, v. 8, n. 3, noviembre, 2010, pp. 537-550 Escola Politécnica de Saúde
Joaquim Venâncio Rio de Janeiro, Brasil. Disponível em: <https://www.redalyc.org/comocitar.oa?
id=406757007013>. Acesso em: 12 out. 2020.
CASA DO SABER. Por que esquecemos? Um guia sobre a memória. 2019. [vídeo]. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=E7Iu13QJ2I0>. Acesso em: 23 jan. 2021.
COSENZA, R.; GUERRA, L. B. Neurociência e Educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre:
Artmed, 2011.
DALGALARRONDO, P. Evolução do cérebro: sistema nervoso, psicologia e psicopatologia sob a
perspectiva evolucionista. Porto Alegre: Artmed, 2014. [e-book]. Disponível em:
<encurtador.com.br/pqVY2>. Acesso em: 14 jan. 2021.
EKUNI, R. et al. Conhecendo o cérebro: divulgando e despertando interesse na neurociência. Rev.
Ciênc. Ext. v. 12, n. 2, p. 125-140, 2016.
ESPERIDIAO-ANTONIO, V. et al. Neurobiologia das emoções. Rev. psiquiatr. clín., São Paulo, v. 35, n.
2, p. 55-65, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
60832008000200003&lng=en&nrm=iso>. Accesso em: 12 out. 2020.
FRONTEIRAS DO SABER. Miguel Nicolelis – Cérebro humano: um escultor da realidade. [vídeo].
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=P3TZbKpFtUY&feature=emb_rel_end>. Acesso em:
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ITAVO, C. V. O lado surpreendente da queda: minha experiência com o contato improvisação. 2020. 180
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Disponível em:
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IZQUIERDO, I. Memória. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018. [Minha Biblioteca].
KANDEL, E. R. et al. Princípios de neurociências. Tradução de Ana Lúcia Severo Rodrigues et al. 5. ed.
Porto Alegre: AMGH, 2014. [Minha Biblioteca].
LANCEUFRJ. Pesquisas

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