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INTRODUÇÃO O material didático Conhecimento e Aprendizagem trará conteúdos relevantes para sua formação e sua atuação profissional. Para tanto, durante o estudo do Ciclo 1, você irá diferenciar o conhecimento científico das demais formas de conhecimento, conhecerá as características do exercício da atitude científica, os principais aspectos que podem interferir negativamente no exercício dessa atitude e quais estratégias pode fazer uso para evitar que isso ocorra. No Ciclo de Aprendizagem 2, você irá estudar sobre conhecimentos da neurociência que facilitam o raciocínio lógico e a leitura, para que haja uma compreensão qualitativa do que se leu ou estudou. Técnicas apontam a necessidade da elaboração de um resumo, o qual facilita a memorização do conteúdo. Já se sabe que as emoções preparam o cérebro para a aprendizagem efetiva. Dessa forma, estudaremos neste ciclo sobre cognição, planejamento e autorregulação dos processos mentais e do comportamento. Já no Ciclo de Aprendizagem 3, você estudará as premissas da andragogia e perceberá que o adulto é um ser independente e autônomo, o que auxiliará na obtenção de bons resultados na aprendizagem. Além disso, conhecerá as principais abordagens de ensino e compreenderá a importância dessas abordagens na ação pedagógica dos professores. E, por fim, estudará as metodologias ativas e conhecerá alguns exemplos de metodologias que atualmente são utilizadas no processo de ensino e aprendizagem. Por último, no Ciclo de Aprendizagem 4, você estudará as tendências tecnológicas na educação e a gestão do conhecimento, as quebras de paradigmas e mudanças que a tecnologia proporciona para o processo de aprendizagem EaD, como funciona o aprendizado de máquina e qual é o perfil do aluno EaD diante destas mudanças. Além de discutirmos os conteúdos estudados, você será frequentemente convidado a refletir sobre a utilização prática deles. Vamos lá?! INFORMAÇÕES DA DISCIPLINA Ementa As fontes de conhecimento e as especificidades do conhecimento científico; a atitude científica frente às atuais exigências da sociedade e do mundo do trabalho, os obstáculos para sua efetivação e as estratégias para remoção desses obstáculos. A ciência cognitiva, o pensamento crítico e as evidências científicas. O processo de aprender na perspectiva da neurociência, neuroaprendizagem e neuroplasticidade, metacognição e auto-determinação. A aprendizagem das pessoas adultas, pela ótica da andragogia. A aprendizagem da teoria à prática, considerando suas principais abordagens e estratégias ativas. A gestão do conhecimento e da informação nas organizações e os desafios de aprender a aprender na era digital. Objetivo Geral Objetivos Especí�cos TRILHA DE APRENDIZAGEM A Trilha de Aprendizagem a seguir apresenta todo o conteúdo que será abordado nesta disciplina. Veja: VÍDEO INICIAL DA DISCIPLINA É muito importante que você assista também ao vídeo que esclarece a sistemática desta disciplina: MAPA CONCEITUAL Agora, observe o Mapa Conceitual da disciplina, em que você poderá perceber a relação entre os conceitos que serão estudados: © 2021 Conhecimento e Aprendizagem | Claretiano https://mdm.claretiano.edu.br/conapr-p01894-2021-01-pos-ead/wp-content/uploads/sites/731/2021/02/Fluxograma_Prancheta-1.png http://claretiano.edu.br/ CICLO 1 – CONHECIMENTO: FUNDAMENTOS E APLICAÇÕES EDIT Proposta de diário INTRODUÇÃO Neste primeiro ciclo, buscaremos demarcar algumas das características fundamentais da Ciência, seu método e a atitude científica. Logo depois, abordaremos alguns dos principais obstáculos ao desenvolvimento e exercício adequado da Ciência. E, por fim, apresentaremos a você uma série de sugestões e técnicas que podem ajudar no exercício da Ciência. Para começar seus estudos, assista a seguir ao vídeo inicial deste ciclo: FATO VERSUS OPINIÃO – AFIRMAÇÃO OBJETIVA E SUBJETIVA Começamos agora nosso “passeio epistemológico”, que tem como objetivo principal que você se aposse ou relembre as habilidades e competências científicas que podem e devem ser utilizadas em todas as esferas de sua vida. Inicialmente, antes de adentrarmos nas especificidades que, de modo geral, caracterizam a atitude científica, convém inicialmente que você faça uma distinção básica entre fato e opinião, informação subjetiva e objetiva. Essa opção se reveste de importância porque, se não for apropriada, de modo adequado, faz com que igualemos discursos e afirmações e, se levada ao extremo, coloca no mesmo patamar de validade, peso e importância afirmações advindas de estudos científicos de altíssima complexidade e zelo metodológico com afirmações de indivíduos que nunca investigaram o tema a ser tratado, não possuem nenhuma formação científica e, muitas vezes, sequer sabem o que é Ciência. Para isso, convidamos você a assistir ao vídeo a seguir, que apresenta as distinções entre fato e opinião. Vamos lá? Interessante, não? Para sintetizarmos as considerações emitidas por Rhonda Dubec (2019), veja, a seguir, um quadro comparativo entre ambos. Quadro 1 Fato e Opinião. BASE PARA COMPARAÇÃO FATO OPINIÃO Significado Fatos se referem a alguma coisa que pode ser verificada ou provada ser verdadeira. Opinião se refere a um julgamento ou crença sobre alguma coisa. Baseado em Observação ou pesquisa. Suposição ou visão pessoal. O que é isto? Realidade objetiva. Afirmação subjetiva. Verificação Possível. Não é possível. https://mdm.claretiano.edu.br/conapr-p01894-2021-01-pos-ead/wp-admin/post.php?post=2307&action=edit Representa Alguma coisa que realmente aconteceu. Uma percepção sobre alguma coisa. Mudança Universal. Difere de pessoa para pessoa. Palavras Expressa sem palavras tendenciosas. Expressa com palavras tendenciosas.. Debatível Não. Sim. Influência Os fatos tem o poder para influenciar outros. A opinião não tem o poder para influenciar os outros. Fonte: traduzido e adaptado de Dubec (2021). Diante das distinções mencionadas, é possível agora caminharmos um pouco mais e avançarmos na distinção entre afirmações objetivas e subjetivas, visto que possuem estreita relação com os fatos e as opiniões. Para isso, convidamos você a assistir ao vídeo a seguir: À vista das exposições apresentadas no vídeo, podemos citar mais alguns exemplos dessa distinção: Fato Opinião A NECESSIDADE DA DISTINÇÃO ENTRE FATO E OPINIÃO Agora, vamos problematizar a importância da necessidade de se realizar essa distinção por meio da célebre frase emitida pelo sociólogo americano Daniel Patrick Moinihan: “Todos têm direito à sua própria opinião, mas não aos seus próprios fatos” (MOINIHAN, 2010, s/p). Frase provocativa, não é mesmo? Para que você possa refletir mais sobre o tema, leia o texto Não, você não tem direito à sua opinião, produzido pelo professor Patrick Stokes, da Deakin University. Note que o autor, ainda que no título do texto, aponta de forma provocativa que não temos direito à opinião. Na medida em que discorre sobre o assunto, esclarece que a opinião pode e deve ser exercida, e o que não pode ocorrer é tratarmos fatos como opiniões e vice-versa. Um exemplo ilustrativo e bem-humorado sobre essa confusão pode ser visto a seguir: imagine que você recentemente foi verificar o seu peso e constatou que estava com sobrepeso. Seu peso ideal seria 65 kg, mas estava com 70 kg. Diante dessa constatação, você prometeu a si mesmo(a) que iria parar de comer doces e chocolates. Contudo, ao longo da última quinzena, ocorreram muitos aniversários e alguns deslizes seus diante de chocolates. Ao voltar à balança, você constatou que estava com 72 kg. Ao ver essa informação, você afirma categoricamente que o seu peso não aumentou! Note, por meio desse exemplo, como é visível a confusão citada. Em casos mais graves, onde não somente se apresenta o autoengano, essa confusão pode trazer consequências imprevisíveis e perigosas. FONTES DE CONHECIMENTO Estamos agora no nosso segundo tema deste ciclo. Inicialmente, convém dizer que as considerações que emitiremos em seguida, sobretudo relacionadasaos métodos de investigação científica, compõem os elementos que, costumeiramente, são tidos como consensuais na maioria das práticas científicas. No entanto, há de se ressaltar que existem inúmeras particularidades e caminhos próprios pelos quais se manifesta o método científico que, se fôssemos tratar de todos eles, teríamos a necessidade de uma disciplina somente para esse fim. É bom lembrar que estamos diante de muitas fontes de conhecimento e temos agora o desafio de realizar a demarcação da Ciência no que tange à sua forma específica de busca de conhecimento. Como você sabe, existem múltiplas formas de aquisição de conhecimento e, dentre elas, as mais relevantes são: https://drive.google.com/file/d/1KLrMhjhqUhQpFbWMqMIeWTxcknW1PVJJ/view https://www.dicio.com.br/demarcacao/ Superstição: Obter conhecimento por meio da superstição significa adquirir conhecimento baseado em sentimentos subjetivos, interpretar eventos aleatórios como eventos não aleatórios ou acreditar em eventos mágicos. Por exemplo, você pode ter ouvido alguém dizer "Coisas ruins acontecem em grupos de três". De onde vem essa ideia? Até onde eu sei, nenhum estudo documentou que eventos ruins ocorrem em grupos de três, mas as pessoas freqüentemente dizem isso e agem como se acreditassem. Algumas pessoas acreditam que quebrar um espelho traz 7 anos de azar ou que o número 13 é azarado. Mais uma vez, esses são exemplos de crenças supersticiosas que não são baseadas em observação ou teste de hipóteses. Como tal, eles representam um meio de adquirir conhecimento que não é confiável nem válido. Intuição: Quando adquirimos conhecimento por meio da intuição, significa que temos conhecimento de algo sem estarmos conscientes de onde o conhecimento veio. Você provavelmente já ouviu pessoas dizerem coisas como "Eu não sei, é apenas um pressentimento" ou "Eu não sei, simplesmente me ocorreu e eu sei que é verdade". Essas declarações representam exemplos de intuição. Às vezes, intuímos algo com base não em um “pressentimento”, mas em eventos que observamos. O problema é que os eventos podem ser mal interpretados e não representativos de todos os eventos nessa categoria. Autoridade: Quando aceitamos o que uma pessoa respeitada ou famosa nos diz, estamos adquirindo conhecimento por meio da autoridade. Você pode ter adquirido muito de seu próprio conhecimento por meio de figuras de autoridade. À medida que você crescia, seus pais lhe forneciam informações que, na maioria das vezes, você não questionava, principalmente quando era muito jovem. Você acreditava que eles sabiam do que estavam falando e, portanto, aceitou as respostas que eles lhe deram. Você provavelmente também adquiriu conhecimento de professores que considerava figuras de autoridade, às vezes aceitando cegamente o que eles diziam como verdade. A maioria das pessoas tende a aceitar informações transmitidas por aqueles que consideram figuras de autoridade. Historicamente, as figuras de autoridade têm sido o principal meio de informação. Por exemplo, em alguns períodos de tempo e culturas, a igreja e seus líderes foram responsáveis por fornecer muito do conhecimento que as pessoas adquiriram ao longo de suas vidas. Mesmo hoje, muitos indivíduos obtêm muito de seu conhecimento de figuras de autoridade. Isso pode não ser um problema se a figura de autoridade percebida realmente for uma autoridade no assunto. No entanto, podem surgir problemas em situações em que a figura de autoridade percebida realmente não tem conhecimento sobre o material que está transmitindo. Tenacidade: Obter conhecimento por meio da tenacidade envolve ouvir uma informação com tanta frequência que você começa a acreditar que é verdade e, então, apesar das evidências em contrário, você se apega obstinadamente à crença. Esse método é freqüentemente usado em campanhas políticas, nas quais um determinado slogan é repetido com tanta frequência que começamos a acreditar nele. Os anunciantes também usam o método da tenacidade, repetindo continuamente o seu slogan para um determinado produto até que as pessoas comecem a associar o slogan ao produto e acreditem que o produto cumpre o que pretende. Racionalismo: Obter conhecimento por meio do racionalismo envolve raciocínio lógico. Com essa abordagem, as ideias são formuladas com precisão e as regras lógicas são aplicadas para chegar a uma conclusão lógica. As idéias racionais são freqüentemente apresentadas na forma de um silogismo. Por exemplo: Todos os humanos são mortais; Eu sou um humano; Portanto, sou mortal. Empirismo: O conhecimento via empirismo envolve a obtenção de conhecimento por meio da observação objetiva e das experiências dos seus sentidos. Um indivíduo que diz "Não acredito em nada até ver com meus próprios olhos" é um empirista. O empirista adquire conhecimento ao ver, ouvir, provar, cheirar e tocar. [...] No entanto, o empirismo por si só não é suficiente. O empirismo representa uma coleção de fatos. Se, como cientistas, dependêssemos apenas do empirismo, não teríamos nada mais do que uma longa lista de observações ou fatos. Para que esses fatos sejam úteis, precisamos organizá-los, pensar sobre eles, extrair significado deles e usá-los para fazer previsões (traduzido de JACKSON, 2014, p. 6-8). O CONHECIMENTO CIENTÍFICO Bem, e como se caracteriza então o conhecimento baseado na Ciência? Ele pode surgir mediante o contato com certos dados empíricos que nos são apresentados. Questões sobre esses dados são levantadas, hipóteses são criadas, observações sistemáticas são produzidas e, diante desse processo, realizam-se experimentos e repetidas verificações, tentativas de refutação às conclusões apresentadas, ou seja, é um processo ativo de observação e investigação. Um erro comum a respeito da compreensão sobre a Ciência é a de que ela seria um corpo de conhecimento, bastando a nós tão somente nos apossarmos dele; diferentemente dessa concepção, nunca teremos a sua completa posse. É necessário que se afirme que a Ciência se dá de modo processual, sempre ocorrerá a coleta de novas evidências obtidas de forma sistemática. Nesse sentido, veja, a seguir, um quadro que apresenta algumas das principais características presentes na pesquisa científica partindo de um dos métodos utilizados na Ciência e que se intitula método hipotético dedutivo: Figura 1 Pesquisa Científica (traduzido e adaptado). Existem outros métodos utilizados na Ciência e, conforme o vídeo a seguir, eles se fundamentam em ceticismo metodológico, consensos e investigações conjuntas de muitos outros cientistas. Veja como ativar as legendas no vídeo: 1. Clique no botão “Subtitles”, localizado no canto inferior direito da tela do vídeo. 2. Selecione “More languages”. 3. Depois, selecione o idioma desejado. AVALIAÇÃO DAS FONTES DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO Diante do que foi apresentado no vídeo no término do tópico anterior, talvez você esteja se perguntando: afinal, como avaliar se esta ou aquela afirmação em meu cotidiano tem maior ou menor valor científico? De modo geral, https://www.coursera.org/learn/science-literacy existe uma hierarquia investigativa que podemos usar para analisar se a evidência sobre algo é científica ou não. Veja, a seguir, a hierarquia proposta para a pesquisa na área de Saúde e Ciências Biológicas: Figura 2 Hierarquia da evidência científica. Como se pode perceber, ainda que um indivíduo possua autoridade em certo tema, não é o bastante. Imaginemos juntos que um médico afirme que esse ou aquele medicamento, ou certo produto desconhecido, pode curar o câncer, que uma esteticista aponte que a aromaterapia possa produzir esse ou aquele benefício estético ou que uma nutricionista afirme que o suco detox irá lhe rejuvenescer. Ao invés de se fiar somente pela autoridade dos profissionais citados, sempre que as afirmações lhe levantarem alguma dúvida, serem por demais incomuns, você deveria pesquisar em fontes seguras de informação (costumeiramente apresentadas na ferramenta de busca Scholar Google) se há estudos que comprovam essa afirmação e qualé o grau de força dos estudos sobre o tema. Note também que, no quadro das evidências não científicas, há a referência à evidência anedótica, a qual abordaremos mais adiante. A ATITUDE CIENTÍFICA Delineados, então, alguns dos elementos que caracterizam a Ciência e a pesquisa científica, vamos nos deter naquilo que os pesquisadores intitulam de atitude científica ou temperamento científico (scientific temper). Para isso, solicitamos que você assista ao vídeo especificamente sobre o assunto. Ainda sobre o vídeo, convém que façamos um alerta não abordado por Dhar. Trata-se da humildade como elemento importante na atitude científica. Há de se ter atenção com essa conduta. É fato que, na atualidade, precisamos de mais pessoas que sejam devidamente sensíveis às razões que vão contra suas crenças. O mundo, mais do que nunca, precisa de mais humildade intelectual. Porém, não podemos confundi-la com arrogância, acanhamento, servilismo ou autodepreciação. Ressaltamos esse aspecto porque, se você se deparar com algo flagrantemente equivocado, falho e sem respaldo em evidências, você não pode e não deve se ausentar de apontar esses erros com o receio de que essa ação faça com que você não seja humilde. DICA: no artigo produzido por Dhar e que fundamentou o vídeo anterior, o pesquisador apresenta um método e�caz para o desenvolvimento da atitude cientí�ca, que se caracteriza pela experimentação e demonstração, e, nesse processo, os alunos realizam atividades semelhantes às realizadas por um cientista. Ainda que não atue na área da Educação, caso queira conhecer um exemplo de aula que segue esse modelo, clique aqui. Por fim, para que você possa verificar a aplicação da atitude científica, selecionamos para você um trecho muito interessante da obra de Carl Sagan. https://online225.psych.wisc.edu/ https://drive.google.com/file/d/1ZL5TFk6VWeG40SpWsJlqaZF_FV7nNteg/view Acesse o texto O mundo assombrado por demônios (2006), em que o autor simula uma afirmação fantástica: “há um dragão em minha garagem” e, logo depois, oferece um diálogo onde manifesta as atitudes científicas desenvolvidas frente a essa afirmação. OBSTÁCULOS À ATITUDE CIENTÍFICA Nesta primeira etapa de seus estudos, apresentamos características gerais da Ciência, da pesquisa científica e lhe fizemos um convite: que você adotasse uma atitude científica frente ao seu cotidiano pessoal, profissional e social. Contudo, ainda que você esteja certo da importância da apropriação dessa atitude, existem inúmeros obstáculos a serem vencidos, e de muitos deles não nos damos conta, visto que compõem características humanas, herdadas por nós por meio de nossos antepassados. E, ainda que à época em que foram construídas permitiram a preservação da espécie, hoje podem vir a ser um empecilho para o convite proposto. Tomemos como exemplo o viés de ancoragem: ele descreve a tendência humana de confiar demais na primeira informação oferecida (a “âncora”) ao tomar decisões. Por exemplo, um preço inicial oferecido por um carro usado define o padrão para o resto da negociação. Na próxima etapa, iremos tratar de alguns dos mais comuns erros que cometemos em nosso cotidiano, que são estudados pela Ciência Cognitiva e que, se nos apropriarmos deles, e realizarmos pouco a pouco um olhar atento para nosso cotidiano, paulatinamente iremos identificá-los e, também paulatinamente, poderemos controlá-los ou diminuir o grau em que ocorrem. Há de se ressaltar que existem muitos outros, mas, como esses são extremamente comuns e, também, muito perigosos, visto que podem causar uma série de consequências em nosso cotidiano profissional e pessoal, consideramos oportuno que os conhecesse. Seu desafio será o de se munir das informações aqui apresentadas e realizar um exame de seu cotidiano e como os erros aqui apontados ocorreram em sua vida (todos nós estamos fadados a cometê-los) e o que você pode fazer para evitá-los. Vamos adiante? CIÊNCIA VERSUS PSEUDOCIÊNCIA Para começarmos nossa trajetória, trataremos de um termo já citado anteriormente, quer seja, a demarcação, o ato de delimitar a Ciência da Pseudociência e da Não Ciência. O que iremos apresentar aqui é uma tentativa de resposta, contudo, é necessário que se enfatize que existem inúmeras abordagens possíveis para essa demarcação. Nos amparando em Hansson (2013, p. 66), há três grandes critérios para se medir a qualidade da Ciência: https://drive.google.com/file/d/18Hc7koAHUS09-QfB0t1r3fxlgn4kcqg9/view Confiabilidade: uma afirmação científica deve ser correta, ou melhor, o mais próximo da correção que atualmente possa ser alcançada. Se um farmacologista nos diz que uma certa substância reduz o sangramento, então isto deve ocorrer. Se um antropologista nos diz que xamâs na Amazonia tem dado folhas contendo a substância para membros da tribo feridos, isto deve ocorrer. A requisição de confiabilidade é fundamental em todas as disciplinas do conhecimento. Fecundidade: Considere dois cientistas investigando o canto dos pássaros. O primeiro cientista regista e analisa o canto de cem pássaros machos da mesma espécie. O resultado é uma análise que identifica os diferentes elementos do canto e as formas como são combinados por diferentes indivíduos. A segunda cientista também registra e analisa o canto de cem pássaros da mesma espécie, mas seleciona os indivíduos para comparar o canto dos pássaros com territórios vizinhos. Sua análise fornece informações valiosas sobre a capacidade dos membros adultos dessa espécie de aprender novos padrões de canto. Portanto, embora as duas investigações não difiram em confiabilidade, a segunda representa a melhor Ciência, visto que, no contexto de outras informações disponíveis, as informações que fornece são cientificamente mais valiosas. Utilidade: Considere dois cientistas que estão investigando a síntese da serotonina no sistema neural. Um deles comprova conhecimento sobre esses processos, mas não há uma utilização prática previsível das novas informações. O outro descobre um precursor que pode ser usado como antidepressivo. Supondo que as duas investigações forneçam informações igualmente confiáveis, a última é a melhor Ciência julgada pelo critério de utilidade prática. Para Hansson (2013), existem inúmeras Pseudociências que poderiam ser úteis, ter certa fecundidade, mas que, segundo o pesquisador, falham no critério de confiabilidade, isto porque a “pseudociência é caracterizada por sofrer de severa falta de confiabilidade que não pode ser confiável. Este é o critério de não confiabilidade. Pode ser considerada uma condição necessária na definição de pseudociência” (1984, p. 67). Um outro critério muito interessante para se distinguir Ciência de Pseudociência é o proposto pelo filósofo da Ciência Karl Popper (2017). Seu critério, que recebeu a definição de falseabilidade, pode ser visto no vídeo a seguir: Para encerrarmos esse tema, apresentamos, a seguir, um quadro comparativo entre Ciência e Pseudociência apresentado pelo professor da Universidade do Texas Rory Cocker: Figura 3 Quadro Comparativo entre Ciência e Pseudociência. (Traduzido e adaptado) A EXPLORAÇÃO DA CIÊNCIA (SCIENCEPLOITATION) Outro fenômeno muito comum na atualidade e que tem ocasionado problemas para a credibilidade da Ciência e trazido danos na sociedade é o fenômeno da exploração da Ciência, o qual ganhou os contornos atuais a partir https://web2.ph.utexas.edu/~coker2/index.files/distinguish.htm dos trabalhos de Timothy Caulfield (2011), por meio do uso do termo scienceploitation: A ‘Scienceploitation’ ocorre quando ideias científicas populares, como células-tronco, são usadas para tirar vantagem do capital social associado a elas e induzir o interesse do consumidor por produtos ou serviços. É uma prática potencialmente prejudicial que pode enganar o público e prejudicar a confiança do público na ciência legítima. ‘Scienceploitation’ está relacionada, mas é distinta do hype, pois a primeira vai além do mero exagero e cria mal-entendidos e / ou postula conexões falsas (MURDOCH et al. 2018,p. 2-3). No texto original produzido por Caufield, o autor cita a exploração de células troncos como fórmula milagrosa para o tratamento de doenças e como pessoas desesperadas são levadas a gastar somas enormes de dinheiro nesses tratamentos sem comprovação científica, gerando, inclusive, efeitos colaterais terríveis. A exploração comercial do uso da Ciência, segundo o autor, é antiquíssima, indo desde a venda de produtos magnetizados com o advento das descobertas do magnetismo e, de forma ainda mais grave, quando surgiram as descobertas sobre a radioatividade, em que foram fabricados “uma variedade de produtos radioativos, incluindo cremes para a pele, pasta de dente, sais de banho e pílulas” (CAUFIELD, 2011, s/p). Há de se ressaltar que essa constatação de Caufield já havia sido percebida e problematizada por Carl Sagan algumas décadas antes: As explicações pagas dos produtos, especialmente se feitas por verdadeiros ou pretensos especialistas, constituem uma saraivada constante de logros. Revelam menosprezo pela inteligência dos clientes. Criam uma corrupção insidiosa das atitudes populares a respeito da objetividade científica. Hoje, existem até comerciais em que cientistas reais, alguns de considerável distinção, atuam como garotos- propaganda para as empresas (SAGAN, 2006, p. 180). Caufield cita também o incremento dessa apropriação nos cuidados da saúde, em que inúmeros produtos “anti- idade” usam termos científicos para propor ao indivíduo o seu rejuvenescimento e, na medida em que isso não ocorre, o consumidor não culpa o produto, mas a forma como o usou, e compra novos produtos. Ainda segundo Caufield, ao usarmos termos científicos, as pessoas estão mais propensas a acreditar em absurdos e erros em que normalmente não acreditariam. Além disso, a mídia colabora para esse estado de coisas, visto que “A imprensa popular adora histórias sobre curas milagrosas e últimas chances, e remédios pseudocientíficos atraem amplamente a atenção positiva” (CAUFIELD, 2011, s/p). A NEUROCIÊNCIA COGNITIVA E OS VIESES COGNITIVOS Neste tópico, iremos tratar daquilo que os especialistas da área intitulam como vieses cognitivos. Esse termo foi cunhado e ganhou grande relevância a partir das investigações dos pesquisadores Amos Tverski e Daniel Kahneman entre o final da década de 1960 e início de 1970 do século XX. Segundo Wilke & Mata (2012, p. 531), os pesquisadores se inspiraram no trabalho de outro pesquisador chamado Herbert Simon, que cunhou o princípio da racionalidade limitada: Simon tentou se opor à ideia de racionalidade clássica, que se preocupava principalmente com a formalização de soluções normativas para problemas de julgamento e tomada de decisão por meio da teoria da probabilidade e estatística, com a ideia de racionalidade limitada, que abordava as restrições específicas enfrentadas pelos agentes em seus ambientes. Por exemplo, os humanos têm apenas tempo, informações e capacidade cognitiva limitados para decidir qual companheiro escolher, comida para comer ou casa para comprar e, portanto, podem ter que confiar em estratégias de decisão simples ou heurísticas para tomar suas decisões. O programa de heurísticas e vieses seguiu o princípio de racionalidade limitada, tentando identificar as restrições ou vieses específicos associados ao julgamento humano e à tomada de decisão. https://pt.wikipedia.org/wiki/Amos_Tversky https://pt.wikipedia.org/wiki/Daniel_Kahneman https://pt.wikipedia.org/wiki/Herbert_Simon Um dos aspectos revolucionários com os vieses cognitivos foi a descoberta de que tomamos decisões e fazemos julgamentos errados sem apelarmos à irracionalidade, ou seja, indivíduos extremamente racionais e muito bem formados incorrem em erros usando essa mesma racionalidade, ou seja, a objetividade que buscamos em nossas decisões é ilusória. Dessas descobertas tem-se que “o viés cognitivo se refere a um desvio sistemático (isto é, não aleatório e, portanto, previsível) da racionalidade no julgamento ou na tomada de decisão” (BLANCO, 2017, p. 1). Duas palavras-chave que compõem os vieses cognitivos são os esquemas e as heurísticas: Esquemas: Os esquemas são estruturas cognitivas que orientam nossa compreensão do mundo, geralmente nos fazendo perceber as coisas de forma mais acurada mais do que faríamos sem eles, o que nos leva a nos comportar de maneira mais adequada. Temos esquemas para casa, família, guerra civil, inseto, introvertido, festeiro, policial, médico, restaurante fast food, restaurante chique. Devemos nos comportar de maneira diferente com os policiais do que com os médicos, e devemos nos comportar de maneira diferente em restaurantes de fast food e em restaurantes elegantes. Portanto, esses tipos de esquemas são muito úteis, embora, é claro, possam nos levar ao erro (NISBETT, 2020, s/p). Heurísticas: São procedimentos cognitivos informais para resolver uma variedade de problemas da vida cotidiana que envolvem inferência e julgamento. Eles são atalhos mentais ou regras práticas que fornecem respostas geralmente úteis para problemas de julgamento (NISBETT, 2020, s/p). DICA: caso queira entender como funcionam os esquemas, veja o vídeo Cognitivismo: Teorias de Esquemas e, logo depois, acesse o conteúdo disponível aqui. Para obter exemplos de heurísticas que possuímos, veja o vídeo Heurísticas: De�nição e Exemplos. Bem, talvez você esteja se perguntando como eles ocorreriam no cotidiano e como seriam os erros que eles acarretariam. Para sanar essa sua eventual dúvida, preparamos um vídeo complementar baseado integralmente nos exemplos apresentados por Nisbett (2020) e convidamos você a assisti-lo. Sugerimos também que assista ao vídeo a seguir, em que o meteorologista Marschall Shepherd analisa a negação das mudanças climáticas por meio dos vieses cognitivos. https://www.youtube.com/watch?v=N2eaGAg_aVI http://didatics.com.br/index.php/psicologia/cognitivismo/cognitivismo-teoria-de-esquemas https://www.youtube.com/watch?v=_FRUeVvCci0&feature=youtu.be AS TEORIAS CONSPIRATÓRIAS Iremos agora lidar com um erro cognitivo que possui estreitas relações com os vieses abordados no item anterior: as teorias conspiratórias. Para isso, veja a introdução que fizemos a esse tema no vídeo a seguir: Interessante, não? Um detalhe que gostaríamos de ressaltar a você está no alerta apresentado no término do vídeo: note que não devemos dizer diretamente a alguém que acredita em uma teoria conspiratória que se trata de uma teoria conspiratória, visto que essa atitude acionaria mecanismos de defesa do indivíduo, e essa condição inviabilizaria a desconstrução da teoria. Agora, dando continuidade a esse tema, veja uma das facetas presentes na teoria conspiratória: os rumores e como eles podem ocasionar consequências trágicas as mais variadas. CORRELAÇÃO VERSUS CAUSALIDADE Para começarmos a tratar sobre a correlação e a causalidade, convidamos você a analisar cuidadosamente o gráfico a seguir: Figura 4 Correlação e Causalidade. Como você pode perceber, nele temos uma comparação entre o número de suicídios por enforcamento, estrangulamento e sufocamento e a evolução dos gastos do Governo Americano com Ciência. Percebeu que a evolução entre um e outro é praticamente a mesma? Agora, veja também cuidadosamente outro gráfico: Figura 5 Correlação e Causalidade 01. E agora? Surpreendente, não? Notou a coincidência na evolução do gráfico entre as mortes por afogamento na piscina e a atuação do ator americano Nicholas Cage? Após lidar com os dados anteriores, qual decisão você https://www.tylervigen.com/spurious-correlations https://www.tylervigen.com/spurious-correlations tomaria? Diminuiria o gasto americano em Ciência para diminuir a taxa de suicídios? Obrigaria o ator Nicholas Cage a se aposentar para que menos pessoas morram afogadas em suas piscinas? Muito provavelmente você diria que não, no entanto, muitos indivíduos, ainda que bem-intencionados, poderiam cometer esse erro, e ele lida com uma confusão muito grande que se faz entre aquilo que os pesquisadores intitulamcomo: causação e correlação. A princípio, você poderá dizer que não cometeria tal erro, no entanto, ainda que não tenha se dado conta, talvez tenha incorrido nesse erro em algum momento de sua vida. Mas, afinal, o que é causação e correlação e como esse ocorre? Para começarmos a analisar esse fenômeno, assista ao vídeo a seguir: Note que a correlação pode ser positiva, tal como nos gráficos citados no início desse texto e, por outro lado, negativa, e esta ocorre quando um evento ocorre e, simultaneamente, outro evento não ocorre. A princípio, poderíamos acreditar que os exemplos citados são por demais simplórios, que isso não geraria grandes consequências negativas e que não impactaria um grupo elevado de pessoas, contudo, veja o vídeo: Para encerrarmos esse tema, vamos analisar o problema a seguir, proposto por José L. Ibave Gonzaléz (2020, s/p): Em países como México, Espanha e Venezuela (1), os motoristas estacionam diretamente nas vagas para isso, enquanto na China e na Índia (2), eles o fazem ao contrário, como mostrado na figura a seguir: Figura 6 Formas diferentes de se estacionar o carro (traduzido e adaptado). Como a Índia e a China são economias em rápido crescimento e as outras não, a hipótese que vem à mente é a seguinte: há uma correlação positiva entre estacionamento e crescimento econômico. Isto é certo? Por quê? Ciência ou Pseudociência? Explique para si mesmo suas respostas em detalhes usando a atitude científica. https://ibave.weebly.com/ FALÁCIAS QUE INTERFEREM NO EXERCÍCIO DA ATITUDE CIENTÍFICA Estamos indo para nosso último, e não menos importante, elemento que atrapalha o exercício da atitude científica e pode fazer com que cometamos erros nas nossas decisões. De modo geral, as falácias são definidas como erros que realizamos ao apresentarmos algum argumento. Elas podem ocorrer sem que percebamos, ou seja, de modo inconsciente ou, muitas vezes, são utilizadas premeditadamente para enganar alguém, dar a falsa impressão de que se venceu algum debate ou de que nós temos razão sobre algo. Muitas vezes, as falácias são utilizadas para criticar essa ou aquela teoria científica ou, até mesmo, ridicularizar o defensor de certo conhecimento científico. Contudo, não é nossa intenção que você se torne um expert em lógica, dados os limites que estabelecemos para esse material didático, no entanto, é importante sinalizarmos a você o quanto as falácias podem acometer cada um de nós. Em razão disso, veja os exemplos de algumas falácias extremamente comuns e que são apresentadas no vídeo a seguir: Chamamos sua atenção para a falácia de generalização apressada ou anedótica. Ela se insere naquilo que na Ciência se intitula como evidência anedótica. Nela, os indivíduos contam histórias de experiências que viveram ou presenciaram e que são utilizadas para validar uma afirmação. Comumente há uso da emoção, e os indivíduos não possuem conhecimento na área. Ela vem em muitas formas, que podem variar de depoimentos de produtos à boca a boca. Muitas vezes, é um testemunho ou um breve relato sobre a veracidade ou eficácia de uma reivindicação. Normalmente, a evidência anedótica se concentra em resultados individuais, é impulsionada pela emoção e apresentada por indivíduos que não são especialistas na área de assunto. Um exemplo muito interessante, propagado pelas mídias sociais, ocorreu no ano de 2019. Naquele período, vários relatórios do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontaram o aumento das queimadas na Amazônia. Contudo, grupos que questionavam essa possibilidade passaram a divulgar vídeos de indivíduos que viviam em pequenas localidades na Amazônia e que diziam que as queimadas não estavam ocorrendo no local e que essas mesmas queimadas seriam uma farsa. Note que o fato de um indivíduo viver em uma região isolada, não presenciando certo fenômeno, não implica dizer que o fenômeno não esteja ocorrendo em nível mais amplo. Outro exemplo interessante, também muito atual, refere-se às mudanças climáticas. É comum lidar com indivíduos que citam esse ou aquele evento climático para defenderem ou atacá-las. Para complementar sua análise sobre esse tema, veja o próximo exemplo: REMOVENDO OS OBSTÁCULOS Para encerrarmos este primeiro ciclo de estudos, gostaríamos de apresentar algumas ferramentas ou “vacinas” que poderão lhe ajudar a vencer os obstáculos apresentados até agora e outros que não foram apontados neste material. Inicialmente, sugerimos que conheça o método preconizado pela ACAPS (The Assessment Capacities Project) para selecionarmos melhor nossas ideias frente aos vieses cognitivos. Referimo-nos à técnica intitulada Six Thinking Hats, desenvolvida pelo pesquisador Edward de Bono. Veja no vídeo a seguir: Essa técnica, se implementada adequadamente, proporciona a tomada de decisão por meio de diferentes pontos de vista. Além disso, a emoção e o ceticismo são trazidos para o que normalmente seria um processo puramente racional, e abre-se a oportunidade para a criatividade na tomada de decisões. Outra proposta pertinente é a de que você veja a seguir esse guia produzido pela Compound Chem (2015) sobre os principais elementos que identificam a Ciência de má qualidade: Figura 7 Um guia aproximado para a ciência mal feita. (traduzido e adaptado) Quando você for escrever algo, sobre algum tema, e quiser usar uma estruturação científica, é importante que aprenda a construir ensaios cuja estrutura se fundamente na atitude científica. Nesse sentido, veja, a seguir, o vídeo em que se apresenta a Técnica do Ensaio em Parágrafos. Essa técnica é relevante porque nela se encontra a necessidade da definição de uma tese e a construção estruturada de evidências que a sustentem: Por fim, caso você venha a se envolver de forma apaixonada em algum debate, com pessoas ao seu redor, ou em ambientes virtuais, uma checagem interessante que pode vir a usar para verificar se, de fato, sua formação científica não está sendo colocada “em baixo do tapete” e você não está se conduzindo no debate como uma pessoa que não possui nenhuma formação acadêmica é que conheça a Pirâmide de Graham. Nela, o pesquisador oferece um meio prático para que você possa fazer uma autochecagem a respeito de sua qualidade argumentativa para discordar de alguém, indo desde o nível 0, onde não há nenhum interesse em empreender um debate assertivo e de qualidade, até o nível máximo, fundamentado em vários elementos da atitude científica. Clique aqui para conhecer essa proposta. No próximo ciclo veremos como se dá o processo de aprendizagem. Vamos lá!? https://online225.psych.wisc.edu/wp-content/uploads/225-Master/225-UnitPages/Unit-04/CompoundInterest_Infographic_2015a.pdf https://universoracionalista.org/o-metodo-graham-para-bons-debates-na-internet-e-na-vida/ Na disciplina Conhecimento e Aprendizagem você não terá que realizar atividades e postá-las no Portfólio, mas terá como proposta um Fórum que fomentará as discussões relacionadas às questões online. Sua avaliação na Sala de Aula Virtual será apenas formativa e comporá a nota final da disciplina. Portanto, é fundamental que realize os dois blocos de questões on-line propostas. QUESTÕES ON-LINE Nesta disciplina você deverá realizar dois blocos de questões on-line em cada Ciclo de Aprendizagem. Responda as Questões on-line disponibilizadas na Sala de Aula Virtual. PONTUAÇÃO Ciclo 1.1 - de 0 a 0,75 ponto. Ciclo 1.2 - de 0 a 0,75 ponto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACAPS. Cognitive Biases. 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Talvez a demora em conhecer melhor o cérebro se deu devido a sua anatomia, suas estruturas são microscópicas e impossíveis de ver a olho nu. A consciência não é observada como processo físico, tornando a mente um processo subjetivo. Há uma estimativa que indica descobertas recentes sobre o nosso cérebro. Sabemos mais do nosso cérebro nos últimos 20 anos do que sabíamos desde os primórdios da Ciência. Esse movimento traz uma segurança interessante sobre como o cérebro funciona e sobre como aprendemos, e é sobre isso que discutiremos a seguir. Uma sequência de descobertas científicas demonstrou a plasticidade da aprendizagem. Neste ciclo, estudaremos a Prontidão para a aprendizagem – relação mente-cérebro, buscando compreender sobre o funcionamento cerebral e o processamento emocional, através das contribuições da Neurociência. A percepção de mundo e a forma como o cérebro trabalha são conhecimentos necessários para as pessoas envolvidas com a formação no desenvolvimento humano e a gestão de pessoas. Outro fator é com relação às emoções na relação com o cérebro e o comportamento motivador. Já se sabe que um cérebro emocionado aprende muito mais, consegue dar sentido para aquilo que aprende e, consequentemente, apresenta um comportamento baseado em motivação, principalmente a motivação intrínseca. Tudo isso comporta um estímulo para a memória e aprendizagem. Vamos conhecer sobre a memória de trabalho, tão necessária para que a aprendizagem ocorra de forma efetiva. Por fim, estudaremos sobre a cognição, planejamento, autorregulação dos processos mentais e do comportamento. A cognição é compreendida como a nossa capacidade de pensar sobre fenômenos que ocorrem na realidade. Fazendo parte desse processo, é preciso que o homem utilize sua inteligência para o planejamento de ações que facilitem sua melhor adaptação ao meio. Desta forma, é necessário, em alguns momentos, diante de situações de estresse, que esse mesmo homem desenvolva sua autorregulação emocional para o enfrentamento e resolução de problemas. E, assim, o comportamento passará a apresentar atitudes e ações que vão contribuir para seu bem-estar geral. PRONTIDÃO PARA A APRENDIZAGEM – RELAÇÃO MENTE-CÉREBRO CÉREBRO E O PROCESSAMENTO EMOCIONAL Para compreender melhor esse assunto, vamos entender o que é a Neurociência? https://mdm.claretiano.edu.br/conapr-p01894-2021-01-pos-ead/wp-admin/post.php?post=1987&action=edit Neurociência é o termo dado à área científica que se dedica a estudar o sistema nervoso, seu funcionamento, a estrutura, seu desenvolvimento e eventuais alterações que sofra. O objetivo das neurociências é a compreensão de como o fluxo de sinais elétricos e químicos através de circuitos neurais origina a mente nos aspectos de como percebemos, agimos, pensamos, aprendemos e nos lembramos (KANDEL et al., 2014, p. 15-16). E, ainda: Para estudar como percebemos, agimos, pensamos, aprendemos e lembramos, devemos desenvolver novas abordagens e esquemas conceituais para compreendermos o comportamento de sistemas que vão de células nervosas individuais ao substrato da cognição. (KANDEL et al., 2014, p. 15-16). Tais campos acabam por fascinar cada vez mais pessoas pela possibilidade de compreensão dos mecanismos das emoções, compreensão do cérebro, da memória e aprendizagem, do processamento emocional, da cognição, planejamento e autorregulação dos processos mentais e do comportamento. Nesse sentido, cada vez mais profissionais de diversas áreas, como psicólogos, professores, filósofos, gestores de pessoas, administradores, legisladores, entre outros profissionais, se apropriam da imensa massa de dados empíricos sobre o cérebro, osgenes, circuitos e conhecimentos sobre a aprendizagem. Ouça, agora, atentamente o áudio sobre esse tema: Nosso intuito é trazer para você conhecimento relevante e, portanto, prático. Pois nada adianta, para nós, conhecimento que não pode ser aplicado. No entanto, veremos que muitos de nós, provavelmente, temos um déficit no quesito conhecimento biológico humano, e isso se torna um problema, já que, ao sermos responsáveis por contribuir na gestão de pessoas ou mesmo cuidar da nossa aprendizagem e de outros, é preciso compreender o funcionamento fisiológico. Se o fizermos, poderemos entender como aprendemos, e como melhorar os diversos tipos de aprendizagens. Pesquisas mostram que uma formação educacional adequada protege as pessoas das informações neurocientíficas incorretas. Por exemplo, universitários cursando psicologia, por ter disciplinas correlatas com neurociência na grade curricular, demonstraram menos fascínio por ‘neurobobagens’ quando comparados com universitários de outros cursos (LINDELL; KIDD, 2013 apud EKUNI, 2016). Assim, se for possível despertar interesse do público geral em conhecer mais sobre a neurociência, esperamos que esses equívocos diminuam. (EKUNI et al., 2016, p. 125). De acordo com Straub (2014, p. 52), “[...] o cérebro é o órgão mais poderoso do nosso sistema, pesa cerca de 1.400 g, supõe-se que tenha 40 bilhões de neurônios. Acredita-se que essa massa seja o centro de controle de nosso sistema nervoso, e onde se localizam nossas memórias”. Zolnerkevic (2014) diz ocorrerem trilhões de conexões entre os bilhões de neurônios, e cada neurônio saudável recebe até 10 sinapses de outros neurônios. Enquanto você lê essa frase, quatrilhões de sinais viajam pela sua cabeça, trocando sinais elétricos e substâncias químicas que o mantêm ativo, carregando, assim, uma quantidade de informações, e o sistema nervoso faz essa informação circular. Tais informações são o que denominamos de “mente”, que engloba tanto o que acontece em nossa consciência, como também inclui outros fatores não tão conscientes, como os sinais que controlam as reações de estresse, a capacidade de andar de bicicleta, tendências de personalidade, entre outros. O homem enxerga o mundo e, por meio de seu aparelho perceptual, faz a interpretação dos fenômenos que nele ocorrem, através de seus sentidos e da sua memória. Lent (2018, p. 2) afirma: A percepção do mundo que nos cerca e de certos aspectos do meio orgânico interno depende da atividade dos sistemas sensoriais, os quais continuamente alimentam o sistema nervoso central com uma grande variedade de informações sobre eles. Além disso, esses sistemas também informam o sistema nervoso central sobre muitos outros aspectos do meio orgânico interno que são usados para diversos ajustes do funcionamento do organismo sem necessariamente chegar ao nível consciente. [...] O sistema nervoso possibilita aos animais uma forma de interação com o meio ambiente muito mais intensa, rápida e versátil do que a que se observa nos fungos e vegetais. [...] O sistema nervoso recolhe constantemente um conjunto de informações sobre o estado do meio ambiente em que o animal está inserido, assim como do meio interno do próprio organismo. O cérebro trabalha como um sistema completo, desta forma, interage com outros sistemas do corpo e, consequentemente, com o mundo. A mente e o cérebro têm uma interação tão profunda que fica mais fácil compreendê-los como um sistema único e codependente. Embora grandes evoluções tenham ocorrido no cérebro desde os primórdios do homem da caverna, ele mantém em si seus padrões de origem, que muitas vezes “brigam” com outras partes mais evoluídas. Nesse sentido, podemos utilizar uma das formas de que diversos autores lançam mão para explicar o cérebro, chamada de cérebro trino. O neurocientista Paul McLean desenvolveu uma teoria do cérebro trino em 1940, que postula a existência de três cérebros diferentes unidos numa mesma estrutura que foram se desenvolvendo durante as distintas etapas da evolução humana. O cérebro reptliano formado pela medula espinhal e pelas bases do prosencéfalo. Parte arcaica, responsável por promover reflexos simples, manter nossos instintos e emoções básicas, geralmente relacionados à sobrevivência. O cérebro de mamíferos inferiores, composto pelos elementos do cérebro emocional, límbico (hipocampo, amígdala cerebral, tálamo, hipotálamo, giro do cíngulo) responsável pelas emoções. O cérebro racional que é a parte mais evoluída, composta pelo neocórtex. Responsável pela capacidade de metacognição, é o que nos faz singulares, únicos entre os seres humanos (LENT, 2018, p. 56, grifo nosso). Segundo a teoria de McLean, há partes do nosso cérebro responsáveis por agir, sentir e pensar, criando “um sistema de funcionamento que tem fluxo de baixo para cima”, ou seja, um comportamento mais impulsivo, que não pensa em consequências. É direcionado pelo impulso do agir, antes mesmo da emoção ou sentir se fazer consciente (LENT, 2018, p. 56, grifo nosso). Para a Neurociência atual, a ideia de cérebro trino não é mais aceita, pois “a evolução não ocorre de forma linear, mas em ramificações arbóreas, e cada ramo segue seu próprio caminho evolutivo” (DALGALARRONDO, 2011, p. 6). ONDE ESTE TIPO DE COMPORTAMENTO É COMUM? Encontramos esse tipo de comportamento em todos os transtornos e desordens que causam uma hiperatividade da região amigdalal, transtornos relacionados ao estresse, ansiedade, TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) e em alguns casos de trauma psicológico. O excesso de ativação da resposta de luta e fuga causa essa hiperatividade na região amigdalal e inibe a comunicação do sistema límbico com o neocórtex. Isso quer dizer que, mesmo que a pessoa entenda, racionalmente, que seu comportamento impulsivo não faz sentido no campo racional, ela é incapaz de controlar. Não só a Psicologia, mas tantas outras ciências nasceram com esse propósito, de sanar o sofrimento. A própria Medicina começou com o conceito de saúde como mera ausência de doença e hoje tem se desenvolvido tanto em termos de prevenção e promoção de saúde. Em grande parte, nosso sistema de sobrevivência assim é por todos os erros das nossas gerações anteriores que, de certa forma, ficam marcados em nosso sistema biológico como parte dos nossos instintos. O cérebro evoluiu para nos ajudar a sobreviver, mas, se analisarmos o contexto das doenças e transtornos mentais, veremos que o sofrimento também é criado a partir do cérebro. Respostas emocionais, como ansiedade, estresse e angústia, são basicamente processos fisiológicos que servem para nos avisar que há perigo ou ameaça. O ser humano é o único ser vivo que se preocupa com o futuro, sofre com o passado e culpa-se pelo presente, e quem cria toda essa rede de sofrimento é o próprio cérebro – que elabora estratégias de “fugir” do sofrimento através de recursos que são totalmente irrelevantes para as nossas necessidades contemporâneas. O QUE FAZER ENTÃO? Se o cérebro é a “causa” do sofrimento, pode também ser a cura, na medida em que pudermos desenvolver aspectos positivos em nosso cérebro. As descobertas da Neurociência em muito contribuíram para que melhor compreendêssemos os processos de aprendizagem – o que possibilita nos mover em torno da melhora e da própria aprendizagem em si. EMOÇÕES, CÉREBRO E COMPORTAMENTO MOTIVADOR Uma das descobertas da Neurociência refere-se ao processo de emoção. Cientistas descobriram que “as emoções têm um fator importante para o processo de aprendizado”: um cérebro que se emociona aprende mais e melhor. Grandes avanços também foram encontrados em termos do funcionamento da atenção, incluindo o fato de que “as estruturas cerebrais responsáveis pelos mecanismos de atenção têm ligação direta com estruturas de regulação emocional” (ESPERIDIAO-ANTONIO, 2008, p. 57). Existem vários autores e conceitos diferentes de emoção. Do ponto de vista biológico, a “emoção pode ser definida como um conjunto de reações químicas e neurais subjacentes a organização de certas respostascomportamentais básicas e necessárias a sobrevivência dos animais” (LENT, 2018, p. 254). As emoções podem afetar a aprendizagem, pois a ansiedade e o estresse prolongados têm um efeito contrário, negativo. Ao contrário do que as emoções negativas podem fazer, as emoções positivas têm um papel de extrema importância no que diz respeito a um ciclo de emoção, motivação. Sabe-se que as emoções atuam como um sinalizador interno, e ocorrem “colorindo” os pensamentos. As emoções básicas são medo, amor, raiva, tristeza, ansiedade. Estas assinalam algo importante ou significativo na vida do indivíduo e se manifestam por meio de alterações fisiológicas do organismo, em conjunto com recursos cognitivos do sujeito, como a atenção e a percepção, podendo preparar o organismo para “luta-fuga”. Os estudos sobre a motivação também são importantes nesta área da Neurociência, que destaca os tipos de motivação entre extrínseca e intrínseca e norteia seu funcionamento e atuação. Nesse sentido, a motivação extrínseca é aquela que nos move em direção a algo (como estudar) porque alguém ou algo fora nos leva a isso (meus pais, o mercado de trabalho, eu vejo que é necessário), ou porque temos um objetivo a curto prazo (uma prova, um concurso). Funciona a curto prazo, mas logo se esvai. A motivação intrínseca é aquela que surge de dentro do sujeito e que traz a sensação de que “eu faço porque é divertido”. Esse tipo de motivação funciona a longo prazo. O cérebro predispõe a absorver mais conteúdo quando está envolvido emocionalmente. Outro aspecto importante da Neurociência e aprendizagem diz respeito à neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de se modificar mediante as adaptações sinápticas, criando traços impossíveis de serem modificados. Atualmente, sabemos que o cérebro se modifica sempre, de acordo com a interação do sujeito com seu ambiente. Veja, no quadro a seguir, o que sabemos sobre como melhorar nossa aprendizagem: Quadro 1 Variáveis que estimulam a aprendizagem. APRENDIZAGEM Um cérebro emocionado aprende mais e melhor – é importante que o conteúdo ensinado tenha um teor emotivo. Para melhorar a apreensão do conhecimento, é preciso fazer uma ligação entre o conteúdo ensinado e conteúdos já absorvidos. Quando utilizamos exemplos da “vida real” de quem está aprendendo, a compreensão é facilitada. Há formas de “transformar” motivação extrínseca em motivação intrínseca, porém esse caminho é individual. O sentimento que nutrimos por quem ensina pode facilitar ou atrapalhar o processo de aprendizagem (mais uma vez, o cérebro aprende mais quando emocionado). Fonte: desenvolvido pelo autor. Utilizando uma metáfora para o fenômeno da atenção, segundo Cosenza e Guerra (2011, p. 42): [...] uma janela aberta para o mundo, na qual dispomos de uma lanterna que utilizamos para iluminar os aspectos que mais nos interessam. E também, essa lanterna ilumina nossos processos interiores quando focalizamos nossos pensamentos, resolvemos problemas ou tomamos decisões conscientes. Os estudos sobre a atenção, que faz parte do processo de aprendizagem, indicam a existência de dois sistemas que a regulam: o primeiro, o circuito orientador, que permite o desligamento do foco de atenção de um alvo específico para outro ponto. No exemplo usado, é como se o foco da lanterna iluminasse outro ponto; em segundo, o circuito executivo, que permite a atenção prolongada, ao mesmo tempo em que são suprimidos os estímulos distraidores. Sabemos que a função mais importante da atenção executiva é a relacionada à autorregulação, que mostra a capacidade de regular a atenção aos processos cognitivos e emocionais, e contribui para a aprendizagem. O cérebro possui uma motivação intrínseca para aprender, mas isso só acontece se houver disposição da pessoa para reconhecer o conhecimento como algo significativo. A Neurociência, nos últimos tempos, tem ajudado a compreender como o cérebro funciona, mostrando as possibilidades de o cérebro se modificar conforme sua relação com o ambiente, a diversidade, os estímulos que o meio pode gerar ao longo da vida, salientando inclusive o papel significativo dos estados emocionais. Se ocorre um estímulo importante contendo um valor emocional, esse estímulo é captado, passa a mobilizar a atenção seletiva para regiões corticais específicas, onde é processado, tornando-se consciente. Tais informações são enviadas para a amígdala cerebral, cuja forma lembra duas amêndoas. “A amígdala costuma ser incluída em um conjunto de estruturas encefálicas conhecido como sistema límbico, ao qual se atribui o controle das emoções e dos processos motivacionais” (COSENZA; GUERRA, 2011, p. 77). A amígdala é uma estrutura que exerce ligação essencial entre as áreas do córtex cerebral, recebendo informações de todos os sistemas sensoriais. Tem um papel importante nas emoções e comportamento humano. Age como um coordenador, que dispara comandos no corpo humano que podem ocasionar modificações viscerais, como taquicardia, sudorese, dilatação da pupila, e tem influência nas emoções de medo ou raiva, o que pode influenciar no estado de humor. Cosenza e Guerra (2011, p. 78) exemplificam: Imaginemos a situação em que a professora chega à sala de aula com uma pilha de provas e anuncia uma avaliação inesperada. Certamente a amígdala cerebral dos seus alunos entrará em ação, provocando o aparecimento das respostas e sentimentos acima mencionados. A amígdala é importante ainda na aprendizagem das reações de medo e na identificação das expressões faciais a ele relacionadas. Pessoas ou animais em que a amígdala foi lesada geralmente não identificam os sinais de perigo emitidos pelos seus semelhantes e têm dificuldade de reagir adequadamente a situações ameaçadoras. Vamos, agora, ao estudo sobre a memória e a aprendizagem? MEMÓRIA E APRENDIZAGEM Poderíamos dizer que a memória é a aquisição ou a aprendizagem, já que só podemos comunicar aquilo que aprendemos. Faz parte da memória um processo que indica a formação, a conservação e a evocação. A evocação representa lembrar algo que foi aprendido. Nossa personalidade é composta por memórias, o que nos torna indivíduos. Faz parte de nosso convívio social a comunicação entre indivíduos, e, desta forma, compartilhamos nossas memórias e a própria história da civilização. Para Cosenza e Guerra (2011, p. 52): Já sabemos que uma informação relevante, para se tornar consciente, tem que ultrapassar inicialmente o filtro da atenção. Admite-se que a primeira impressão em nossa consciência se faz por meio de uma memória sensorial, ou memória imediata, que tem a duração de alguns segundos e corresponde apenas à ativação dos sistemas sensoriais relacionados a ela. Se a informação for considerada relevante, poderá ser mantida; do contrário, será descartada. [...] identificada a relevância, a informação será mantida na consciência por um tempo maior, por meio de um sistema de repetição, que pode ser feito por recursos verbais ou por meio da imaginação visual. A repetição feita pela pessoa apresenta uma capacidade limitada de itens que podem ser mantidos no processamento da informação, que pode ocorrer dentro de um intervalo de dois segundos. A memória sensorial e a de repetição são essenciais para a memória operacional. Para melhorar a performance em um nível mais alto de ativação, caracterizado pela ativação de informações já presentes, é necessária a habilidade de memorizar eventos ou situações futuras, exigindo o “lembrar de lembrar”. Mas a aprendizagem definitiva só acontecerá com a formação e estabilização de novas conexões sinápticas, o que leva certo tempo e esforço individual. Respeitar os momentos de repouso e lazer é importante como forma de higiene mental, e, para isso, é necessário apagar as mensagens da mente e deixar o ambiente propício para novas ocupações ou para retomar tarefas antigas com maior criatividade. Izquierdo (2018, p. 13) aponta que existem dois tipos de memória, aquela que é imediata, que serve para gerenciar a realidade; e a memória de trabalho. A primeiraajuda a nos posicionar no mundo, a identificarmos o tempo e o espaço onde estamos. Já a memória de trabalho usamos quando nos referimos a um número de telefone, fazemos a compreensão de um parágrafo ou texto, podendo ser medida por meio da memória imediata. A partir da memória mantida por certo tempo, “esse conteúdo pode ou não ser mantido para a memória de longa duração, composta pela memória declarativa ou procedural”. As memórias declarativas são aquelas sobre as quais podemos falar, as episódicas, que são os fatos, as coisas que nos acontecem, ou mesmo a semântica, que são todas as palavras que conhecemos em nossa língua. E a memória procedural é a relacionada com atividades e tarefas. A região do cérebro hipocampo está relacionada a nossa memória emocional. A atenção é um dos pilares da memória. É o hipocampo que vai escolher quais são as coisas que devem ser guardadas ou não. Temos como exemplo um caso famoso do paciente HM ou Henry Molaison: https://www.youtube.com/watch?v=SbsJh-W-lDc https://www.youtube.com/watch?v=uP3_jIOpR5s Aos 9 anos de idade, Molaison sofrera um traumatismo craniano em um acidente de bicicleta que o levou a ter inúmeras e incapacitantes crises epilépticas, intratáveis com medicação. Em 1953, aos 27 anos, foi submetido a uma cirurgia experimental no cérebro, que lhe removeu ambos os hipocampos e regiões adjacentes, responsáveis pela geração das crises (PEREIRA, 2009). Para melhor compreensão sobre os assuntos tratados, assista ao vídeo a seguir: Os indivíduos precisam ser formados para navegar em ambientes complexos, com relações complexas entre as coisas. O hipocampo é muito importante para a aprendizagem, tem a ver com novas memórias, novos conhecimentos. Descobriu-se que, sem emoção, não há aprendizado. Ao nos sentarmos em uma bicicleta, o cérebro decide que a coisa certa é pedalar, e não recitar um poema, por exemplo, se não quisermos cair. Ao perceber algo potencialmente perigoso, a memória de trabalho o compara com nossas memórias declarativas de outras coisas perigosas e procura as capacidades motoras mais úteis entre as memórias procedurais, em geral, aquela que nos manda fugir, sobretudo quando a circunstância ou o adversário for maior ou mais forte. Emoção é dar valor, compreender o valor que aquilo tem para si e para o entorno. Na Educação, é preciso ensinar a pessoa a se desenvolver, a elaborar a qualidade do seu pensamento, ter pensamentos que a desenvolva. Por isso, a prova, no contexto acadêmico, não deve ser vista como punição, mas sim um incentivo ao aprendizado. Quando é trabalhada a construção de redes neuronais dentro de um cérebro, é preciso estar atento à emocionalidade do indivíduo. É preciso mostrar ao indivíduo a trilha do valor, onde ele precisa colocar o valor no conhecimento, para que não coloque valor naquilo que é relevante emocionalmente para ele, como no videogame, por exemplo. A competência é fruto das conexões que você consegue articular quando o problema é apresentado, é a capacidade de responder rápido e com excelência. Também podemos notar o conceito de hierarquia. Um neurônio tem a possibilidade de receber informações através dos dendritos e leva essas informações para outros neurônios através do axônio. Quando esses neurônios estão em grande quantidade, como no córtex cerebral (que é a estrutura que reveste todo nosso cérebro, uma capa de quatro milímetros, onde existem aproximadamente 20 bilhões de neurônios), acontece o palco das interações, composta por circunvoluções capazes de criar áreas. Dessa forma, todas as construções de conhecimentos pelo homem seguiram uma estrutura hierárquica. Sabemos, atualmente, que todo tecido nervoso possui uma plasticidade característica do tecido, que mostra a capacidade de alterar, de modo prolongado, a sua função e sua forma. Dessa forma, foi observada a neuroplasticidade, a qual deriva dos fenômenos que ocorrem no desenvolvimento do organismo humano desde a fase de embrião até a maturidade. Assim, os exemplos de neuroplasticidade passam desde a neurogênese, que acontece em algumas regiões do cérebro influenciada por fenômenos ambientais; a regeneração bem-sucedida de “axônios periféricos submetidos a lesões, e a regeneração malsucedida dos axônios do sistema nervoso central” (LENT, 2018, p. 112). A plasticidade é considerada a base funcional da memória. Dessa forma, a neuroplasticidade é definida como a propriedade do sistema nervoso de alterar a sua função ou a sua estrutura em resposta às influências ambientais que o atingem. Isto é, qualquer alteração sofrida pelo cérebro, pode levar a mudanças de posição de setores funcionais com o redirecionamento de circuitos neurais, ambos foram detectados em animais, e por neuroimagem em seres humanos. Por outro lado, um simples fato novo que presenciamos pode resultar em alterações sinápticas moleculares capazes de possibilitar a memorização daquele fato por um longo tempo durante a vida. Em ambos os casos, bem como nas numerosas possibilidades intermediárias, trata-se de neuroplasticidade (LENT, 2018, p. 112). E a Neurociência vem contribuir com conhecimentos relevantes sobre aprendizagem. Sabe-se que a aprendizagem precisa fundamentalmente de experiência, de vivência e tentativa e erro. A partir da experiência, o cérebro vai se modificando, se esculpindo conforme é usado, conforme a pessoa se expõe a novas experiências. Existe uma necessidade de aplicação prática desse conhecimento em empresas, escolas e em toda área que lida com pessoas que se preocupam como aprender melhor. Atualmente, pergunta-se quais os fatores que mais influenciam no aprendizado. Além da experiência prática, que busca dispor de métodos adequados, sabendo que não existe um método perfeito para tudo e lembrando que cada indivíduo tem sua singularidade, suas idiossincrasias, suas facilidades particulares, que muitas vezes vai precisar de um método diferente, é preciso dedicar atenção para aquilo que se está fazendo. Somando-se a isso, um outro fator que faz a diferença é a motivação do indivíduo. É necessário que a pessoa tenha interesse por aquilo que está fazendo; se não houver interesse, o indivíduo pode até praticar, mas a aprendizagem não vai ocorrer. O envolvimento dos alunos em contexto escolar, ou mesmo colaboradores em contextos de empresas, está ligado à motivação. “As atuais teorias cognitivas da motivação já apontam que para se conseguir o envolvimento” dos estudantes ou colaboradores “é necessária a motivação intrínseca, além das formas de autorregulação da motivação extrínseca” (RIBEIRO, 2011, p. 1, grifo nosso). Há necessidade de motivação nos aspectos internos e externos ao sujeito, isto é, na dimensão afetiva. “A cognição e afetividade estão interligadas, e constituem uma unidade funcional, holística e sistêmica” do sujeito (DAMÁSIO, 1995 apud RIBEIRO, 2011, p. 1). Assista, agora, mais alguns vídeos sobre os demais assuntos tratados neste tópico. Por que esquecemos? Um guia sobre a memória. Miguel Nicolelis – Cérebro humano: um escultor da realidade. https://www.youtube.com/watch?v=E7Iu13QJ2I0 https://www.youtube.com/watch?v=P3TZbKpFtUY&feature=emb_rel_end COGNIÇÃO, PLANEJAMENTO, AUTORREGULAÇÃO DOS PROCESSOS MENTAIS E DO COMPORTAMENTO Se pensarmos no conhecimento como “utilitarista”, não avançamos na nossa capacidade de raciocínio. O que buscamos construir é nossa capacidade de pensar, de planejar, de raciocinar, desenvolvendo a capacidade de autorregulação emocional e do comportamento saudável, e não o conhecimento apenas para usar. É preciso construir pensamentos e não conteúdo. O que nos move é a motivação de fato, é se expor a problemas diferentes, se experimentar, se dar a chance de desafios, isso leva a um poder de modificação. Sabemos que partes do cérebro têm funções diferentes, ficamos bem treinados naquilo que fazemos. Se jogamos xadrez, desenvolveremos o raciocínio estratégico, a inteligência espacial. A motivação precisa de uma quantidade adequada de desafios. Fácil demais não motiva, e difícil demais também nãomotiva. Quanto mais prática possuímos, mais melhoramos nosso aprendizado. Por exemplo, Mikhail Nikolaévich Baryshnikov é citado ao lado de Vaslav Nijinsk e Rodolf Nureyv como um dos maiores bailarinos da história. Seu trabalho foi extasiante diante de constantes treinamentos, a ponto de muitas vezes machucar o dedão do pé na sapatilha. O bailarino, que antes treinava muito para atingir o auge da sua performance, em movimentos detalhadamente programados e, muitas vezes, repetidos, usaria, a partir dos estudos somáticos, seu corpo como o experimento para a verificação científica desses estudos, que criam ou relatam movimentações decorrentes deles. Assim, o bailarino começou a pluralizar a perspectiva de observação de seu corpo, como experiência e como transformação que esses estudos somáticos causam nele e, ao mesmo tempo, como o observador dessa experiência que foi incorporada por meio de um movimento específico (ITAVO, 2020, p. 13). Estabelecer mudanças vai fazer a diferença. A rotina pode nos ajudar a mudar hábitos importantes na vida. Esse conhecimento é contribuição da Neurociência. Nosso cérebro prefere vícios imediatos do que virtudes imediatas. É preciso mudar e pensar agora sobre o nosso “eu de agora” com o “eu do futuro”. O homem busca a saúde, a estabilidade financeira e a felicidade, e isso requisita, necessariamente, mudanças construídas ao longo de um tempo. Portanto, quanto mais dedicação temos, mais motivação vamos ter, e mais horas de prática são adquiridas e acumuladas. Tal comportamento se torna um ciclo. A oportunidade vai contar nesse processo. Não havendo a oportunidade de experimentar no livro, na dança, no musical, na construção de algo, no trabalho com gestão, não há oportunidade de o cérebro descobrir que ele gosta daquilo. Abrir as oportunidades tanto para crianças quanto para adultos é a oportunidade que se pode dar para essas pessoas. Cada pessoa deve descobrir qual método se adapta melhor. O cérebro consegue trabalhar com seis a oito informações ao mesmo tempo. É possível mudar o método diante das necessidades. A grande porta para o aprendizado é a atenção. Só é possível prestar atenção em uma coisa de cada vez, o cérebro tem um único fluxo de pensamentos, por onde passam milhões de pensamentos, mas um apenas por vez. A atenção é um filtro que o cérebro usa para decidir qual informação será processada de maneira dedicada a cada instante. As outras informações que são eliminadas nesse processo não ganham acesso à memória de trabalho. A base da memória de trabalho são os neurônios do córtex pré-frontal. Esses neurônios tanto mantêm vivas as representações mentais de informações que já sumiram de vista, como um número de telefone, ou uma fórmula de matemática, quanto tornam possível a evocação de eventos que ficaram fixados na memória. Importante ressaltar que a memória de trabalho só existe para aquilo que está no foco da atenção. Se algum barulho ou outro estímulo acontece nesse momento, aquilo que estava no foco da atenção se perde, sai também da memória de trabalho, e o sujeito não consegue mais processar o objeto de estudo com a mesma dedicação, com essa exclusividade pelo cérebro. Então, a atenção é o grande filtro que leva o conhecimento a ser processado e levado para a memória de trabalho, sendo ali associado a outras informações, e nesse ponto ganha acesso a outros sistemas de memória mais duradouros. Figura 1 Fatores que vão influenciar na aprendizagem. Fonte: acervo pessoal do autor. Se o sujeito não presta atenção ao que está fazendo, esse conteúdo não terá acesso à memória de trabalho, e também não terá acesso a outros sistemas de memória de longo prazo. O resultado é que, se a pessoa não presta atenção ao que está fazendo, essa informação não terá acesso à memória de trabalho e, consequentemente, não terá acesso a outros sistemas mais duradouros de memória. Dessa forma, o cérebro não guarda nenhum registro dessa ação e, portanto, não aprende aquela informação nova. A atenção é foco. Ela precisa que utilizemos um ou mais dos cinco sentidos para ter sucesso na aprendizagem. Por exemplo, uma pessoa procura a chave que não lembra onde deixou. Vai precisar usar sua visão na atenção em foco e procurar, aguardando o cérebro identificar aquela representação mental da chave que o sujeito está procurando. A atenção traz a possibilidade de processarmos com detalhes a informação que se quer registrar e aprender. Veja os vídeos selecionados para aprofundamento sobre os assuntos deste tópico: Suzana Herculano-Houzel – 25/03/2013. Miguel Nicolelis: A consolidação da memória. Pesquisas revelam a importância do sono para o aprendizado. Sidarta Ribeiro: Sono, Memória e Aprendizagem (Diálogo Plural #156). da realidade. Após você conhecer sobre o conteúdo da Neurociência e a aprendizagem, agora, caminhamos para verificar as diferentes abordagens psicológicas que vão trabalhar com a aprendizagem no mundo adulto. As pessoas se preocupam em aprender, mas como aprender da forma correta? Veremos no próximo ciclo. Até lá! https://www.youtube.com/watch?v=VVMHrWallRc&t=2446s https://www.fronteiras.com/videos/a-consolidacao-da-memoria https://www.youtube.com/watch?v=HYYKpxFrbtw https://www.youtube.com/watch?v=XRGzUYFui4I https://www.youtube.com/watch?v=P3TZbKpFtUY&feature=emb_rel_end Na disciplina Conhecimento e Aprendizagem você não terá que realizar atividades e postá- las no Portfólio, mas terá como proposta um Fórum que fomentará as discussões relacionadas às questões online. Sua avaliação na Sala de Aula Virtual será apenas formativa e comporá a nota final da disciplina. Portanto, é fundamental que realize os dois blocos de questões on-line propostas. QUESTÕES ON-LINE Neste disciplina você deverá realizar dois blocos de questões on-line em cada Ciclo de Aprendizagem. Responda as Questões on-line disponibilizadas na Sala de Aula Virtual. PONTUAÇÃO Ciclo 1.1 - de 0 a 0,75 ponto. Ciclo 1.2 - de 0 a 0,75 ponto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO, F. A. H. Neurociências e Educação: uma articulação necessária na formação docente. Trabalho, Educação e Saúde, v. 8, n. 3, noviembre, 2010, pp. 537-550 Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio Rio de Janeiro, Brasil. Disponível em: <https://www.redalyc.org/comocitar.oa? id=406757007013>. Acesso em: 12 out. 2020. CASA DO SABER. Por que esquecemos? Um guia sobre a memória. 2019. [vídeo]. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=E7Iu13QJ2I0>. Acesso em: 23 jan. 2021. COSENZA, R.; GUERRA, L. B. Neurociência e Educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011. DALGALARRONDO, P. Evolução do cérebro: sistema nervoso, psicologia e psicopatologia sob a perspectiva evolucionista. Porto Alegre: Artmed, 2014. [e-book]. Disponível em: <encurtador.com.br/pqVY2>. Acesso em: 14 jan. 2021. EKUNI, R. et al. Conhecendo o cérebro: divulgando e despertando interesse na neurociência. Rev. Ciênc. Ext. v. 12, n. 2, p. 125-140, 2016. ESPERIDIAO-ANTONIO, V. et al. Neurobiologia das emoções. Rev. psiquiatr. clín., São Paulo, v. 35, n. 2, p. 55-65, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101- 60832008000200003&lng=en&nrm=iso>. Accesso em: 12 out. 2020. FRONTEIRAS DO SABER. Miguel Nicolelis – Cérebro humano: um escultor da realidade. [vídeo]. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=P3TZbKpFtUY&feature=emb_rel_end>. Acesso em: 23 jan. 2021. ITAVO, C. V. O lado surpreendente da queda: minha experiência com o contato improvisação. 2020. 180 f. Dissertação (Mestrado em Performances Culturais) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2020. Disponível em: <https://repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/10699/3/Disserta%c3%a7%c3%a3o%20- %20Camila%20Vinhas%20Itavo%20-%202020.pdf>. Accesso em: 13 jan. 2020. IZQUIERDO, I. Memória. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018. [Minha Biblioteca]. KANDEL, E. R. et al. Princípios de neurociências. Tradução de Ana Lúcia Severo Rodrigues et al. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. [Minha Biblioteca]. LANCEUFRJ. Pesquisas
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