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ISBN 0-8297-1702-1 Categoria: Bibliologia Copyright ® 1986 by Abraão de Almeida Copyright ® 1987 by Editora Vida Todos os direitos reservados na língua portuguesa por Editora Vida, Miami, Florida 33167 — E .U .A . Capa: Hector Lozano História. Milagres Profecias da Bíblia ABRAÃO DC ALMEIDA © Editora Vida índice Prefácio ............................................................................................. 5 1. A Bíblia e sua h istória........................................................... 7 2. A Bíblia e seu p o d e r............................................................. 27 3. A Bíblia e suas doutrinas..................................................... 50 4. A Bíblia e as heresias............................................................ 63 5. A Bíblia e sua mensagem ................................................... 82 6. A Bíblia e suas profedas ..................................................... 103 Prefácio Este volume, produzido ao longo de mais de duas décadas de pesquisas, destina-se tanto aos interessados em aprofundar seus conhecimentos do Livro dos livros — a bendita Palavra de Deus — como à evangelização, pois apresenta de maneira simples o plano divino para redimir a humanidade caída. As mensagens de um de seus capítulos são um amoroso convite ao pecador para que receba Jesus Cristo como seu Salvador pessoal. Neste trabalho o leitor encontrará, primeiramente, os pontos mais salientes da inspiradora história da Bíblia, desde os primeiros manuscritos em argila, papiro ou peles de animais, até as incríveis tiragens de milhões de exemplares em nossos dias, que comprovam a inquestionável liderança absoluta da Bíblia tanto em número de traduções como em circulação mundial. Três capítulos tratam da exposição clara de algumas das principais doutrinas bíblicas, da sua mensagem sempre atual para a Igreja e o mundo, e das principais heresias antigas e modernas, confrontadas com as eternas verdades divinas. No segundo capítulo deparamo-nos com o extraordinário poder da Bíblia em transformar vidas arruinadas pelo pecado. Todas as histórias são verídicas, tocantes e dramáticas, e mostram como a gloriosa mensagem do evangelho, qual penetrante luz celeste, alcança o recôndito tenebroso das almas, regenerando-as e dando-lhes poder para viver uma nova vida em Cristo, a única vida para a qual vale a pena viver! O capítulo final, ao focalizar aquelas profecias bíblicas hoje transformadas em fatos históricos, constitui um eloqüente testemunho da infalibilidade das predições divinas. O leitor verá como a palavra dos profetas acerca da Assíria, do Egito, de Israel, ou de famosas cidades como Nínive, Tiro, Babilônia, Sidom e Ascalom, tiveram nos últimos vinte e cinco séculos o 6 História, Milagres e Profecias da Bíblia seu mais perfeito cumprimento. O mesmo capítulo analisa ainda algumas das muitas predições de Jesus para os últimos tempos, tomando esta obra, também, uma bpa introdução ao estudo da escatologia bíblica — o apaixonante tema de alguns de meus livros. Ora, se Deus tem sido zeloso em cumprir tudo o que prometeu, como tem feito até aqui, pode o prezado leitor estar seguro de uma coisa: Ele continua velando sobre a sua Palavra para a cumprir (Jeremias 1:12). Aleluia! Abraão de Almeida Bristol, Rhode Island, agosto de 1986 1 A Bíblia e Sua História Que é a Bíblia? Pelo fato de conter as origens da criação, as alianças de Deus com os homens, a história de Israel e da Igreja apostólica, as profecias reveladoras do futuro, bem como por revelar o insondável amor de Deus na pessoa de Jesus Cristo como o Salvador do mundo, a Bíblia Sagrada poderià ser definida com uma só frase: Ela é a Palavra de Deus. Contudo, vale a pena ouvir o que dela falaram algumas pessoas célebres, como líderes religiosos, teólogos, pregadores, escritores, poetas, músicos, políticos, cientistas, e até mesmo ateus. "Que regra mais pura e santa, que caminho mais seguro para o homem público, para o político, do que a verdade vinda do céu, pregada e ensinada pela boca de um Deus e registrada no livro do Evangelho? Leia-se, pois, medite-se o livro santo do Evangelho!" (Cardeal Arcoverde). "Suprima-se a Bíblia e logo ficará suprimida a sonora, a elegante, a preciosa literatura portuguesa, ou despojada, pelo menos, dos seus mais esplêndidos esmaltes e das suas maiores e mais pomposas magnificêndas. . . Livro incomparável este, que há trinta e três séculos o gênero humano começou a ler, e lendo-o todos os dias e noites e horas, não tem podido ainda conduir a sua leitura" (Padre Alves Mendes, de Portugal). "Impressiona-nos, na contemplação do mundo atual, a exatidão das Sagradas Escrituras. Nestes nossos tempos, com predsão admirável, cumprem-se previsões do velho e bendito livro. Páginas proféticas assumem o sabor de crônicas contem- 8 História, Milagres e Profecias da Bíblia porâneas, em que fatos e feitos, na história e através dos homens, proclamam a veracidade da eterna palavra, que não falhou nem falhará. Por isso é tempo de voltar à Palavra de Deus. E é isso que a humanidade está fazendo, depois de tantas fugas. Depois de procurar tantos caminhos, onde a frustração lhes foi fatal, os homens retomam ao caminho, ao único e verdadeiro caminho. E, nesse caminho, em sentido de libertação e esperança, brilha a palavra, que é luz e lâmpada de Deus" (Ivan E. Ávila, da Academia Evangélica de Letras do Brasil). "Depois de ter pregado o Evangelho por quarenta anos, e ter impresso os sermões que preguei semanalmente durante trinta e seis anos, tendo estes alcançado o número de 22 mil, creio que devo ter direito a dizer algo sobre a riqueza e a plenitude da Bíblia como o livro do pregador. Irmãos, ela é inesgotável. Não haverá perigo de ficarmos secos se nos apegarmos ao texto deste volume sagrado. Não haverá dificuldade em arranjar assuntos totalmente distintos dos já usados; a variedade é tão infinita como a sua plenitude. Uma longa vida mal dá para ladear as margens deste continente de luz. Nos quarenta anos do meu ministério tenho podido apenas tocar a orla das vestes da verdade divina; mas que virtude já fluiu dela! A Palavra é como o seu Autor — infinita, imensurável, eterna. Se fosses ordenado ao ministério por toda a eternidade, terias na mão tema suficiente para as exigências eternas" (Charles Spurgeon). "Apegai-vos solidariamente à Bíblia, como a âncora das vossas liberdades; gravai os seus preceitos nos vossos corações e ponde-os em prática nas vossas vidas. A esse livro devemos os progressos que temos feito em nossa civilização, e para ele devemos olhar como o guia da nossa vida futura" (General Ulysses Grant, presidente dos Estados Unidos). Outro presidente dessa nação, Theodoro Roosevelt, expediu da Casa Branca a seguinte mensagem durante a Segunda Guerra Mundial: "Como comandante-chefe, tenho o prazer de recomendar a leitura da Bíblia a todos os que servem nas forças armadas dos Estados Unidos. Através dos séculos, homens de muitos credos e de origens diversas têm encontrado no Livro Sagrado palavras de sabedoria, conselho e inspiração. É uma fonte de fortaleza, e agora como sempre, um auxílio poderoso na conquista das mais altas aspirações da alma humana". A Bíblia e Sua História 9 Tobias Barreto, pensador e escritor brasileiro, escreveu: "A Bíblia é um modelo de tudo quanto é belo e bom e, se outras razões não determinassem a sua leitura, bastaria o gosto, o simples instinto literário, para levar-nos a folhear suas páginas eternas". "Não compreendo que se tenham posto milhares de obstácu los à propagação da Bíblia, pois ela é a revelação mais pura que de Deus existe na sociedade, na natureza, na história" (Emílio Castelar, escritor espanhol). "Progrida quanto quiser, desenvolvam-se ao máximo os ramos da pesquisa. Nada tomará o lugar da Bíblia" (Johann Von Goethe). "Espero e confio em que os meus súditos nunca deixarão de cultivara sua nobre herança na Bíblia inglesa, a qual, num aspecto secular, é o primeiro dos tesouros, enquanto que na sua significação espiritual é o objeto mais valioso que o mundo nos outorga" (Jorge V, rei da Inglaterra). O escritor ateu, H. L. Mencken assim se exprime sobre o valor real da Bíblia: "É a Bíblia, inquestionavelmente, o mais lindo livro do mundo. Não há literatura, quer antiga quer moderna, que se lhe compare". Concluo esta série de testemunhos citando Thomas Henry Huxley, famoso cientista inglês: "A Bíblia tem sido a Carta Magna dos pobres e dos oprimidos: até aos tempos modernos nenhum país tem tido uma constituição em que os interesses dos povos sejam tão largamente considerados". A Bíblia fala por si mesma Em toda a Bíblia afirma-se duas mil e oito vezes que Deus é seu Autor. No Novo Testamento, essa autoria divina é reclama da 225 vezes, cerca de 50 vezes pelo próprio Senhor Jesus. Como Palavra de Deus, a Bíblia exerce poderosa e benéfica influência onde quer que é difundida. "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descober tas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas" (Hebreus 4:12-13). Deus mesmo afirma: "Assim será a palavra que sair da minha boca; não voltará para mim vazia" (Isaías 55:11), e o apóstolo Paulo fala do evangelho como o "poder -de Deus" e da transformação gerada por este mesmo evangelho na vida do que o aceita: "E nova criatura: as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas" (2 Coríntios 5:17). A Bíblia apresenta-se a si mesma como alimento (Amós 8:11), como fogo (Jeremias 23:29), como luz (Salmo 119:105), como leite (1 Pedro 2:2), como mel (Salmo 19:10), como ouro (Salmo 19:10), como espelho (Tiago 1:23-25), como martelo que esmiú- ça a penha (Jeremias 23:29), como espada (Efésios 6:17) e como semente (1 Pedro 1:23). Como nos veio a Bíblia? A palavra "bíblia", como plural de "biblion", que no grego significa "livro", sugere a idéia de livros, ou biblioteca. São Jerônimo usou a apropriada expressão "biblioteca divina" para as Sagradas Escrituras. A Bíblia, em realidade, compõe-se de uma coleção de 66 livros, sendo 39 no Antigo e 27 no Novo Testamento. Para redigir a sua Palavra, Deus inspirou mais de 40 autores, dentre eles os estadistas José e Daniel, o legislador Moisés, o poeta Davi, o sábio Salomão, os profetas Isaías e Jeremias, o médico Lucas, o filósofo Paulo, o cobrador de impostos Mateus e os pescadores Pedro, Tiago e João. Estes e muitos outros gastaram dezesseis séculos na redação da Bíblia, começando por volta de 1500 antes de Cristo e terminando no final do primeiro século da nossa era. Mas, apesar das épocas, lugares e estilos diferentes em que os livros da Bíblia foram escritos, nenhum deles foge ao vínculo que a todos unifica: a pessoa do Messias, o Salvador do mundo. A Bíblia divide-se em duas grandes partes: Antigo e Novo Testamento. O primeiro foi escrito originalmente na língua hebraica, com as seguintes passagens em aramaico: Daniel 2:4; 7:28; Esdras 4:8-16, 18; 7:12-26, e se completou cerca de 434 antes de Cristo. O Novo Testamento foi escrito no grego popular, o koinê, contendo também algumas frases em aramai co. Teve o seu surgimento entre os anos 53 e 96 d. C. Portanto, entre o último livro do Antigo Testamento e o primeiro do Novo há um lastro de quase quinhentos anos, no qual se insere 10 História, Milagres e Profecias da Bíblia A Bíblia e Sua História 11 o período interbíblico, em que se escreveram os principais livros apócrifos, ou seja, não inspirados por Deus. Segundo alguns eruditos, foram os escribas Esdras e Nee- mias que agruparam os livros do Antigo Testamento, por volta de 480 a.C., na grande reforma religiosa daquela época, pois até então os livros sagrados dos judeus permaneciam separa dos uns dos outros. É importante salientar que esses livros agrupados receberam o nome de Texto Massorético (a Massora — corpo de tradições), o único reconhecido pelos judeus como verdadeiro e digno de toda confiança. Nesse texto, ou nas cópias dele, baseiam-se as bíblias modernas, principalmente as editadas pelas sociedades bíblicas evangélicas. Não havendo imprensa de qualquer espécie no período de sua escritura, todos os livros bíblicos foram redigidos à mão e divulgados por meio de cópias manuais. Os copiadores, chamados escribas, copistas ou massoretas, tinham tal respeito pelo texto sagrado e tão grande cuidado em não alterá-lo que, antes de iniciarem a copiação de qualquer parte da Bíblia, contavam o número de palavras e letras nela contidas. Dessa forma, esses homens sabiam o número exato das palavras e letras de cada um dos trinta e nove livros do Antigo Testamen to. Sabiam também quantas vezes ocorria cada letra. Os copistas não admitiam rasuras de espécie alguma. Se, depois de pronta uma cópia, fosse constatada nela algum erro, mesmo o mais simples, tal cópia era totalmente destruída. Apesar das épocas remotas em que foram copiados os livros bíblicos, a arte da escrita já havia alcançado significativo progresso, principalmente quanto à qualidade da tinta: uma mistura de carvão com um líquido desconhecido, capaz de as conservar maravilhosamente durante muitos séculos. O tipo de caneta usado pelos escribas dependia do material em que deveriam escrever. Se esse material era o pergaminho, usavam então uma cana cortada ou uma pena de ave. No caso de se escrever em cera, utilizavam um estilete metálico. Antes da imprensa, o preço de um manuscrito da Bíblia era enorme, levando-se em conta o penoso trabalho dos copistas, o longo tempo gasto nessas escrituras e o elevado custo do material necessário: cerca de duzentos couros de cordeiros. Usavam-se também, secundariamente, outros tipos de "pa pel": o papiro, derivado de uma planta do mesmo nome, e o ostrakon, pedaços de vasilhas de barro e tabuinhas enceradas, além de vários outros materiais. As primeiras traduções Como conseqüência dos setenta anos de cativeiro na Babilô nia e em virtude da forte influência do aramaico, a língua hebraica se enfraqueceu. Todavia, fiéis à tradição de preservar os oráculos em sua própria língua, os judeus não permitiam ainda fossem esses livros sagrados vertidos para outro idioma. Alguns séculos mais tarde, porém, essa atitude exclusivista e ortodoxa teria de dar lugar a um senso mais prático e liberal. Com o estabelecimento do império de Alexandre o Grande, a partir de 331 a.C ., o grego popularizou-se ao ponto de se tomar imprescindível uma tradução da Sagrada Escritura para essa língua. Segundo o escritor Aresteas, a tradução grega foi feita por setenta e dois sábios judeus (daí o seu nome "Septuaginta"), na cidade de Alexandria, a partir de 285 a.C., a pedido de Demétrio Falario, bibliotecário do rei Ptolomeu Filadelfo. Ter minada trinta e nove anos mais tarde, essa versão assinalou o começo de uma grande obra que, além de preparar o mundo para o advento de Cristo, deveria tomar conhecida de todos os povos a Palavra de Deus. Na igreja primitiva, era essa versão conhecida de todos os crentes. Nem todos os livros do Antigo Testamento, infelizmente, foram bem traduzidos na "Septuaginta", razão pela qual Orígenes, por volta de 228 d.C., compôs a Hexapla, ou versão de seis colunas, contendo a versão grega dos LXX e as três» traduções gregas do Antigo Testamento efetuadas por Áquila do Ponto, Teodoro de Éfeso e Símaco de Samaria, traduções estas realizadas, respectivamente, em 130, 160 e 218 d.C. Além destas, constavam nas duas últimas colunas o texto hebraico e o mesmo texto em grego. Esta grandiosa obra, constituída de cinqüenta volumes, perdeu-se provavelmente quando os sarra- cenos saquearam Cesaréia em653 d.C. Em 382 d.C ., o bispo Dâmaso encarregou São Jerônimo de traduzir da Septuaginta para o latim o livro dos Salmos e o Novo Testamento, o que ele fez em três anos e meio. Mais tarde, um novo bispo assumia a direção da Igreja em Roma e percebia, com inveja, a grande cultura e a influência de 12 História, Milagres e Profecias da Bíblia A Bíblia e Sua História 13 Jerônimo. Este, perseguido e humilhado, se dirige a Belém, na Terra Santa, e ali estuda e trabalha durante trinta e quatro anos na tradução de toda a Bíblia para a língua jatina. Jerônimo escreveu ainda vinte e quatro livros de comentários bíblicos, um conjunto de biografias de eremitas, duas histórias da igreja primitiva e diversos tratados. Mais tarde, a Bíblia de Jerônimo ficou conhecida por "Vulgata" (vulgar), sendo hoje usada pela Igreja Católica Romana como a autêntica versão das Escrituras em latim, apesar de muitos eruditos a acharem pobre e até conter falhas graves. Códices e manuscritos bíblicos A partir do quarto século depois de Cristo, os livros cristãos passaram a ser escritos em codex, palavra derivada de caudex, que era uma tabuinha coberta de cera na qual se escrevia com um estilete metálico (stylus). Reunidos por um cordão que passava por orifícios feitos no alto dos exemplares, à esquerda, os códices ficavam em forma de livro, portanto bem mais práticos de serem manuseados que os antigos rolos. Os mais importantes códices bíblicos são: Sinaiticus, produzido cerca de 325 d.C., contém todo o Antigo Testamento grego, além das epístolas de Bamabé e parte do Pastor de Hermas. Foi encontrado pelo sábio alemão Constantino Tischendorf, em 1844, no mosteiro de Santa Catarina, situado na encosta do Sinai. Tischendorf viu 129 páginas do manuscrito numa cesta de papel, para serem lançadas ao fogo. Percebendo o seu enorme valor, levou-as para a Europa. Em 1859 voltou ao mosteiro e encontrou as páginas restantes. Doada pelo seu descobridor a Alexandre II, da Rússia, essa preciosidade foi posteriormente comprada pela Inglaterra pela vultosa quantia de cem mil libras esterlinas. Está no Museu Britânico desde 1933. Alexandrino, de meados do quarto século d.C., contém o Antigo Testamento grego e quase todo o Novo, com omissões de 24 capítulos de Mateus, cerca de quatro de João e oito da Segunda Carta aos Coríntios. Contém ainda a Primeira Epístola de Clemente de Roma e parte da Segunda. Está no Museu Britânico. Outros famosos códices bíblicos são: o Vaticano, do quarto século d.C., contém o Antigo e o Novo Testamento com omissões. Está na Biblioteca do Vaticano. O Efraemi, produzido por volta de 450 d.C., acha-se na Biblioteca Nacional de Paris. O Baza, encontrado por Teodoro Baza no mpsteiro de Santo Irineu, na França, em 1581, está vinculado ao quinto século d.C. e encontra-se atualmente na Biblioteca de Cambridge, Inglaterra. O códice Washington, produzido nos séculos quarto e quinto d.C., acha-se no museu Freer, na capital dos Estados Unidos. Há, ainda, vários outros códices de menor importância, expostos em museus e bibliotecas de várias partes do mundo. Somente de livros do Novo Testamento, completos ou em fragmentos, conhecem-se hoje 156. Em se tratando de manuscritos em rolos, o mais antigo e o mais importante de todos foi encontrado casualmente em 1947 por um beduíno, numa bem dissimulada gruta nas proximida des de Jericó, junto ao mar Morto. Examinado pelo professor Sukenik, da Universidade Hebraica de Jerusalém, revelou-se pertencer ao terceiro século antes de Cristo. Contém o livro completo de Isaías e comentários de Habacuque, além de outras importantes informações sobre a época em que foi escondido. E mais conhecido como Rolo do Mar Morto. Traduções renascentistas Na segunda metade do século XIV, o valoroso inglês John Wicliffe reúne as palavras-chave dos duzentos dialetos falados em sua pátria e faz deles uma língua, para a qual traduz quase todas as Escrituras Sagradas, partindo-se da Vulgata Latina. Ao morrer, em 1384, sua grande obra foi continuada por John Purvey e concluída em 1388. As cópias dessa Bíblia foram objeto de grandes queimas públicas nos anos de 1410 e 1413, mas, pelo menos 170 delas ainda existem hoje. Na Alemanha, entre os anos 1521 e 1522, o reformador Martinho Lutero traduz o Novo Testamento do grego para o alemão popular, iniciando em seguida a tradução de todo o Antigo Testamento diretamente do hebraico, terminando-o onze anos mais tarde, em 1534. Essa Bíblia de Lutero teve uma aceitação impressionante, pois apesar de ser inicialmente vendida a trezentos dólares o exemplar, os editores se apressa ram a publicar novas edições. Aos poucos foi o seu preço se reduzindo até que as pessoas mais pobres pudessem adquiri-la. 14 História, Milagres e Profecias da Bíblia A Bíblia e Sm História 15 O inglês William Tyndale, contemporâneo de Lutero, em preendeu a grande tarefa de colocar a Bíblia na mão de seu povo. Para tanto, deixa a Inglaterra em 1524 e vai à Alemanha, uma vez que em sua pátria essa empreitada seria impossível. Ao cabo de um exaustivo ano de trabalho, Tyndale publica o Novo Testamento inglês, baseado nos dialetos que Wicliffe reunira. Em 1526, cerca de seis mil cópias da poderosa Palavra de Deus foram distribuídas secretamente em toda a Inglaterra. Os inimigos da Bíblia, ao tomarem conhecimento dos fatos, moveram contra ela intensa perseguição, culminando com um grande espetáculo público no lugar denominado Cruz de Paulo, onde empilharam cento e cinqüenta cestos de Novos Testamentos e obrigaram os crentes a atearem o fogo. Foi uma queima tão grande que o povo, curioso, estava agora disposto a pagar qualquer preço pelo livro proibido. Assim, as impresso ras alemãs tiraram novas edições, que entraram na Inglaterra enriquecendo gananciosos comerciantes e espalhando a luz do evangelho nos redutos da tenebrosa idolatria. Todavia, novos sofrimentos aguardavam ainda o povo de Deus. O bispo Tunstall e o cardeal Wolsey, líderes da oposição à Bíblia, "prenderam dezenas de pessoas, queimaram vivos todos os condenados à morte e enviaram agentes à Alemanha para prenderem Tyndale e o levarem vivo à Inglaterra. Este, percebendo o perigo que corria, refugiou-se em casa de Filipe, o Magnânimo, amigo da Reforma, e ali começou a estudar o hebraico e a traduzir o Antigo Testamento para o inglês. Infelizmente, só conseguiu traduzir até Crônicas, pois uma terrível perseguição aos protestantes varria a Europa naquela época. Tyndale foi preso e, quatorze meses mais tarde, no dia 6 de outubro de 1536, estrangulado publicamente'. Em seguida queimaram o seu corpo" (Almeida, A., A Reforma Protestante, CPAD, Rio, 1983, p. 110). Entretanto, durante o tempo em que esse valoroso homem de Deus esteve preso, o reino inglês passou por profundas transformações religiosas. Tunstall foi executado na Torre de Londres como traidor, e uma nova versão inglesa da Bíblia, feita por Miles Coverdale, foi distribuída gratuitamente ao povo. A Bíblia vencia, enfim, mais uma batalha. Henrique III, ao abolir a autoridade papal, acabou promo vendo uma reforma religiosa em seu país. Porém, tal reforma não agradou a todos, mesmo porque a nova religião ainda continuava com muitas práticas romanistas. Os que se confor maram com a situação religiosa vieram a se chamar anglicanos; os que queriam uma reforma mais profunda1, nos moldes da luterana, foram chamados de puritanos. Em 1603, o rei Tiago I, tão logo subiu ao trono inglês, convocou alguns dos mais eminentes anglicanos e puritanos para discutirem coisas erra das dentro da igreja. Havia muita contenda entre os dois lados, pois enquanto um usava a Bíblia do Bispo, o outro usava a de Genebra, ou calvinista. Cada partido religioso procurava de predar a Bíblia do outro. O rei Tiago indicou então uma comissão de cinqüenta e quatro eruditos dentre os dois grupos religiosos, a fim de preparar uma revisão perfeita e completa da Bíblia, que seria ofidalda Igreja da Inglaterra. A comissão, que mais tarde se reduziu a quarenta e sete sábios, em vez de revisar, preparou uma tradução direta das Escrituras Hebraicas e Gregas, trazendo à luz a famosa versão hoje conhecida por Versão do Rei Tiago, publicada em 1611. É ela um monumento de beleza literária que tem influendado profundamente todos os povos de língua inglesa. Traduções modernas e contemporâneas Desde o inído do século XVI — graças à Renascença, à invenção da imprensa em 1439 por Johann Gutenberg e prindpalmente ao movimento reformista chamado protestan te — a Bíblia tem falado cada vez em maior número de países, em virtude do inestimável trabalho dos missionários-tradu- tores. Vejamos alguns desses casos: John Eliot, após vinte e sete anos de exaustivo trabalho, publicava, em 1661, o Novo Testamento na língua dos índios massachusetts, tribo dos Estados Unidos, hoje extinta. Por volta de 1810, os missionários William Carey, William Ward e Josué Marshman já haviam traduzido a Bíblia toda para o bengali e o Novo Testamento para o sânscrito, o criiá, o marata, o hindustani, o guzerate, o lalmiga e o canarês. Em 1815, a Sociedade Bíblica Russa, de São Petersburgo, publicava o Novo Testamento em persa, e no ano seguinte a Sodedade Bíblica Britânica e Estrangeira publicava o mesmo livro em árabe, frutos do trabalho do denodado missionário Henry Martyn. 16 História, Milagres e Profecias da Bíblia A Bíblia e Sm História 17 O missionário Robert Morrison, em 1819, publicava a Bíblia completa em wenli puro, língua literária da China antiga. Nessa monumental obra Morrison foi ajudado pelo missionário William Milne, que traduziu dez livros do Antigo Testamento. Por volta de 1830, Karl Friedrich Gutzlaff já havia traduzido os livros de Gênesis e Mateus para o japonês e o Novo Testamento completo para o siamês. Samuel Isaac Joseph Schereschewxky, em 1873, terminava a tradução da Bíblia completa para o mandarim, língua falada na China. Na tradução do Novo Testamento, Schereschewxky contou com a ajuda de sete missionários. Mais tarde, já paralítico, o irmão Scherry (como lhe chamavam), revisou sua Bíblia em mandarim e ainda conseguiu traduzir toda a Palavra de Deus para o wenli popular, língua falada por um quarto dos habitantes da terra naquela época. No ano de 1839, após 9 anos de intenso trabalho e estudo, os missionários Hiram Bingham e Thurstom publicavam a Bíblia completa na língua havaiana. Cerca de cinqüenta anos mais tarde, o filho de Hiram Bingham, do mesmo nome, traduziu para a língua gilbertence o Evangelho de Mateus. Foram necessários quarenta anos de sofrimento sem conta e estudos constantes para que essa tradução se tomasse realidade. Com seus pais e Thurstom, Bingham compilou as palavras, criou o alfabeto, preparou um dicionário e uma gramática para uma língua não escrita. Adoniram Judson, missionário norte-americano à Birmânia, após 22 anos de trabalho sob constante perseguição, publicou sua Bíblia birmaniana em 1835. Os missionários Thomas S. Williamson, Gideon H. Pond e Stephen R. Riggs trabalharam durante quarenta anos na tradução da Bíblia para a língua dos índios Dakota, tribo norte* -americana, hoje extinta. Publicaram-na em 1880. Em língua portuguesa temos a tradução de João Ferreira de Almeida, ministro protestante da Igreja Reformada Holandesa, traduzida diretamente dos originais hebraicos e gregos. Almei da teria feito sua tradução em Java, Oceania, em fins do século XVn. Essa Bíblia foi revisada e publicada em 1819. Outras versões em português: a do padre Antônio Pereira de Figueire do, publicada em 1821, a do padre Mattos Soares e a Tradução Brasileira, publicadas no início deste século. Em inglês podemos citar, além da célebre Versão do Rei Tiago, a "American Standard Version" e a "Revised Standard Version", editadas respectivamente em 190^ e 1952. Uma obra de grande valor literário, que merece ser aqui citada, é a Bíblia em esperanto, tradução da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira. Por ser o esperanto uma língua internacional, moderna, precisa e flexível, a Palavra de Deus nessa língua tem sido lida por milhares de pessoas, com muito proveito para a causa do evangelho. Sociedades bíblicas Em se tratando do importante papel que as sociedades bíblicas vêm desempenhando na evangelização dos povos, seriamos injustos com nossos leitores se nos esquecêssemos de alguém que muito contribuiu para a formação dessas abençoa das sociedades: a menina Mary Jones. Filha de modestos operários, Mary teve como berço natal a aldeia de Bala, País de Gales, Inglaterra, pacato vilarejo que nem escolas possuía. Sem esperança de poder um dia ler a Palavra de Deus por falta de instrução, Mary foi surpreendida por uma iniciativa do governo, que resolveu criar uma escola naquela localidade. Com muita alegria ela se matriculou e aprendeu a ler rapidamente. — Se eu tivesse um exemplar da Palavra de Deus poderia lê- -lo diariamente e instruir-me — disse Mary muitas vezes. Mas as Bíblias, naquele tempo, além de raras eram caríssimas. Todavia, Deus está sempre pronto a atender àqueles que amam a sua Palavra. Uma senhora ouviu falar da menina que tanto desejava ler a Bíblia, e como possuísse uma, colocou-a à disposição de Mary. Esta, cheia de contentamento, ia todos os dias, após a escola, à casa da bondosa senhora a fim de ler o Santo Livro. A leitura impressionou-a de tal forma que julgava não poder mais passar sem a Palavra de Deus. — Se eu tivesse uma Bíblia que fosse só minha, como a estimaria! — dizia ela consigo mesma. Depois de muito pensar, Mary resolveu economizar tudo o que ganhava para comprar uma Bíblia. Ao fim de seis longos anos, abriu o cofre e viu que já possuía dinheiro suficiente para adquirir uma. Obteve permissão e se dirigiu à cidade, distante vinte e cinco quilômetros, mas quando chegou à 18 História, Milagres e Profecias da Bíblia A Bíblia e Sua História 19 única casa que as vendia, ouviu a triste notícia: — As duas únicas que tenho já estão vendidas; não as posso ceder. Um soluço ressoou pela sala. Mary Jones chorava sentida- mente. Economizara durante seis anos, privando-se de brin quedos que outras crianças usavam, e, após tão longa caminha da, não conseguira o que tanto desejava! O comerciante, entretanto, ficou de tal maneira comovido que resolveu vender uma Bíblia à menina, embora deixasse de atender a outro cliente. Mary enxugou as lágrimas, entregou as moedas e recebeu o Livro que tanto amava, abraçando-o fortemente e sorrindo de alegria. O poder de vontade da pequena Mary e seu profundo amor à Palavra de Deus foi uma bênção para todos os crentes. Sensibilizados, alguns líderes evangélicos resolveram organizar uma sociedade que se dedicasse à edição e distribuição da Sagrada Escritura em todo o mundo, nascendo assim, em 1804, a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira. Através de suas milhares de agências e instituições afiliadas, essa célebre entidade distribuiu, desde a sua fundação até 1984, perto de um bilhão de exemplares da Palavra de Deus, em quase mil línguas. Imitando a feliz iniciativa dos pioneiros ingleses, evangélicos da América do Norte fundaram em 1816 a sua Sociedade Bíblica Americana, organização que vem ocupando os primeiros lugares na circulação da Palavra de Deus, tendo já distribuído mais de um bilhão de exemplares da Bíblia em mais de 1.100 línguas e dialetos. Além destas, duas centenas de entidades similares estão empenhadas na grande obra de semear a Palavra de Deus em toda a terra, e essa gloriosa semeadura está assumindo em nossos dias proporções gigantescas: centenas de milhões de Escrituras completas ou em parte estão sendo distribuídas anualmente, especialmente nos países islâmicos e comunistas, entre estes últimos o Vietnã e a China. Desse grande esforço, que objetiva colocar a Palavra de Deus em todos os lares do mundo, participa ativamente a Sociedade Bíblica do Brasil, fundadaem 1948, que distribui, no Brasil e em outros países de língua portuguesa, dezenas de milhões de Escrituras, no todo ou em parte. A Bíblia lidera traduções Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), a Bíblia tem superado largamen te, em traduções, as obras de Lenin, Marx, Júlio Veme, Pablo Neruda e todos os outros escritores de renome. No Catálogo dessa entidade, intitulado "Index Translationum", a UNESCO chegou à conclusão de que "as leituras da infância alimentam o espírito dos adultos", destacando que, como em outros tem pos, curiosamente as crianças continuam amando os contos de fadas do alemão Guilherme Grimm (1786-1859) e do dinamar quês Christian Anderson (1805-1875). A Bíblia, entretanto, cuja primeira tradução completa remon ta ao século IV d.C., vem mantendo a liderança em todo o mundo. Disponível hoje em cerca de duas mil línguas e dialetos, continua ela sendo o livro mais traduzido. Isso é deveras surpreendente, quando sabemos tratar-se de um dos mais antigos livros que se conhecem! Moisés escreveu o Pentateuco (Gênesis a Deuteronômio) cerca de setecentos anos antes de Homero escrever a "Díada" e a "Odisséia". Davi escreveu seus Salmos pelo menos seiscentos anos antes do nascimento de Heródoto. Trezentos anos antes de Tales de Mileto começar a ensinar Matemática, Astronomia e Filosofia, o sábio Salomão já havia escrito "Provérbios", "Eclesiastes" e "Cantares". Partindo-se da premissa de que 950 em cada mil livros ficam no esquecimento depois de apenas sete anos, a Palavra de Deus surpreende pela sua incomparável aceitação. Decidida mente, a Bíblia Sagrada não pode ser comparada às demais obras, quer religiosas quer clássicas. A cada ano, cerca de 500 milhões de exemplares são distribuídos em todas as nações. Mas a Bíblia, para vencer, jamais contou com o auxílio da maioria. Nações inteiras, religiosos fanáticos e pensadores céticos se têm levantado ardorosamente contra ela, numa satânica tentativa de fazê-la desaparecer da face da terra. Voltaire, por exemplo, depois de intensa campanha, declarou: "Dentro de cem anos o Cristianismo deixará de existir." Entretanto, as impressoras de Voltaire, cem anos depois, foram usadas para imprimir a Bíblia que ele com tanto afinco tentou destruir, e a casa em que ele morava, na cidade de Genebra, 20 História, Milagres e Profecias da Bíblia A Bíblia e Sm História 21 serve hoje como depósito de uma sociedade bíblica. Thomas Paine, outro ferrenho inimigo da Bíblia, declarou aos quatro ventos que a demoliria. Pobre homem! Paine morreu em desespero e a Palavra de Deus continua a viver e a dar vida abundante a milhões de criaturas em todo o mundo. As traduções do Livro de Deus, que abrangem as línguas de cerca de noventa e sete por cento da população do mundo, lançaram em todos os continentes as bases de uma nova sociedade, livre e cristã, e abriram a porta da educação e do progresso a povos outrora mergulhados nas densas trevas do paganismo. Analisando a situação mundial à luz da Bíblia, percebe-se que os ensinos desta, se adotados pelas nações, resolveriam os seus problemas. Provérbios 22:6 ordena os pais a que instruam os filhos no caminho reto. Romanos 13:67 ensina os industriais e comerciantes a pagarem devidamente as taxas impostas pela lei. 1 Timóteo 6:1 ordena que os empregados trabalhem hones tamente. Romanos 13:1-5 ordena ao povo em geral que ore pelos governantes e obedeça às autoridades. 1 Timóteo 2:1-3 ensina que todos devemos colaborar com o Governo, orando por ele, para que Deus lhe dê uma administração sábia e segura. Tanto este texto como o de Romanos 13:1-5 partem do princípio de que as autoridades, como ministros de Deus, devem ser justas, que castigam os maus e louvam os bons. Estas passagens, se postas em prática, não modificariam a situação do mundo? Outra razão que toma a Bíblia o mais precioso livro do mundo é a sua atualidade. Embora escrita há milênios, sua mensagem é hoje mais atual "do que o jornal que vai circular amanhã", usando as palavras do evangelista Billy Graham. As outras obras, mesmo as mais famosas, perdem a atualidade porque se prendem à vida presente. A Bíblia, no entanto, trata tanto desta como da outra vida, abrangendo o presente e o futuro. Que o Senhor nos ajude a amar, obedecer e anunciar a mensagem de Deus ao mundo, pois é através dela que o pecador aceita pela fé o Salvador Jesus em seu coração e passa a viver em novidade de vida. As novas versões A venda de um exemplar da Bíblia de Gutenberg, dos mais raros do mundo, foi feita em 1978 pelo negociante de livros, Hans P. Kraus, de Nova York, ao Museu Gutenberg, em Mains, Alemanha Ocidental, por um milhão^e oitocentos mil dólares. Em 1970, outra Bíblia, também impressa há mais de 500 anos pelo inventor da imprensa, foi adquirida por Kraus Arthur A. Hourhton Jr., presidente da Steuben Glass e ex- -presidente do "Metropolitan Museum of Art", exatamente pelo mesmo preço. A descoberta da imprensa contribuiu de maneira impressio nante para a divulgação da Palavra de Deus em todo o mundo. O inventor da tipografia — que fez uma tiragem de 200 exemplares da Bíblia — certamente não poderia supor que aquele livro alcançasse mais de dois bilhões de exemplares vendidos nos cinco séculos seguintes. De acordo com os colecionadores de livros antigos, existem apenas 48 exemplares da Bíblia de Gutenberg, 47 deles em poder de instituições e apenas um em mãos de particulares. Embora quase todos incompletos, o seu valor é imenso, como raro documento histórico. Segundo uma agência londrina de notícias, a Bíblia está encontrando uma multidão de novos compradores e de novos leitores. O sucesso de venda decorre de uma nova tradução publicada em Londres, em 1979. Trata-se da "Versão Interna cional", fruto do trabalho de 105 estudiosos, residentes em vários países. Foram necessários dez anos para redigi-la e dois milhões de dólares para produzi-la. Nos Estados Unidos, em apenas nove meses depois de lançada, ela vendeu dois milhões de exemplares. A "Versão Internacional" é a oitava tradução em inglês desde o final da Segunda Guerra Mundial. Um porta-voz da Socieda de Bíblica Britânica e Estrangeira afirmou: "Até agora estas oito traduções venderam 100 milhões de exemplares da Bíblia". Os seus editores não conseguem explicar a razão do incrível êxito das novas traduções da Bíblia, uma vez que as pessoas parecem cada vez mais indiferentes ao culto cristão, mas reconhecem que tal paradoxo não deixa de ser uma boa novidade, e não apenas para os comerciantes. Dentre essas oito traduções, da que recebeu o título de "Boas Notícias" foram vendidos sete milhões de exemplares em três anos. A "Bíblia Viva", que é mais uma paráfrase, vendeu mais 22 História, Milagres e Profecias da Bíblia A Bíblia e Sm História 23 de 23 milhões de exemplares em oito anos. A "Nova Bíblia Inglesa", editada em 1970, vendeu 10 milhões de exemplares em dez anos. Eduardo England, funcionário da editora da Nova Versão Internacional vê a necessidade dessas muitas traduções da Escritura Sagrada: "Acredito que se trata da mesma obra, apresentada em níveis diferentes. É como ter roupas para diversas ocasiões. A antiga Versão Autorizada do Rei Tiago, remonta a 1611: é a Bíblia de luxo. A Bíblia 'Boas Notícias' é a Bíblia tipo esportiva. A 'Bíblia Viva' é uma paráfrase, por assim dizer, em pijamas. Quanto à nova Versão Internacional, é a Bíblia em roupas de homens de negócios. É frugal, terra a terra, em nada sensacional". England cita, como exemplo, as diferentes formas assumidas pelo primeiro versículo do Gênesis. As célebres palavras que remontam a 1611 são: "N o princípio Deus criou o céu e a Terra; e a Terra era sem forma e vazia. E havia escuridão sobre a face das profundezas". A nova Versão Internacional diz: "No princípio Deus criou os céus e a Terra. Ora, a Terra era informe e vazia; e havia escuridão sobre a superfíciedas profundezas". Também no mundo comunista O periódico brasileiro, "Jornal do Comércio", edição de 23 de outubro de 1979, publicou interessante matéria acerca da colocação da Bíblia Sagrada no mundo comunista. O artigo diz o seguinte: "A guerra fria pode ter acabado, mas a guerra santa entre o Ocidente e o bloco comunista continua. Entre as armas mais poderosas usadas por algumas nações membros da Aliança Atlântica para penetrar na cortina-de-ferro está a Bíblia. Calcu la-se que nada menos que quarenta diferentes organizações nos Estados Unidos e na Europa estão engajadas em contrabandear cópias das Sagradas Escrituras na Rússia e em outros países comunistas. "Este tráfico não é novo. Sabe-se que, pelo menos desde a década de 60, viajantes, quando transitavam pela Europa Oriental, carregavam exemplares da Bíblia e outra literatura religiosa na bagagem de mão. Muitos turistas, desde velhas senhoras de aspecto inocente até estudantes universitários, sofriam de ataques de amnésia ao chegar em solo comunista. Aconteda-lhes então esquecer em hotéis, lavatórios públicos, taxis ou ônibus, cópias que eram apanhadas pela população daqueles países. "Em 1972, um inglês, David Tathaway, foi sentendado a 10 meses de prisão na Tchecoslováquia por levar quantidades de livros religiosos e Bíblias através da fronteira num ônibus de turistas. Desde então, guardas de fronteira e inspetores de alfândegas aprenderam como deter ou pelo menos desencora jar este comérdo. Isto compeliu os Trabalhadores de Deus ou os Evangelistas Contrabandistas a adotar métodos mais sofisticados. Eles agora estão invocando a ajuda dos elementos. Os russos, em feriados à margem do mar Negro e do Báltico, colhem pequenas sacolas de plástico flutuantes ao sabor das marés, para acabar encontrando Bíblias em miniatura escritas em sua própria língua. Cuidadosos estudos do vento e das correntes oceânicas possibilitam aos contrabandistas enviar grandes quantidades desta literatura subversiva, apesar da vigilânda cada vez maior. Os que colhem os envelopes plásticos desco brem que, além da literatura evangélica, há uma pequena recompensa em forma de goma de mascar. Até mesmo o não- -crente comunista tomou-se hoje um pesquisador da verdade cristã nas praias. Uma Bíblia em russo encontra logo um mercado clandestino, enquanto a goma de mascar continua a ser um raro petisco no outro lado da cortina-de-ferro. As autoridades soviéticas estão furiosas com este assalto em suas praias." Certos homens, por sua arrogânda e ambição, não se detêm diante das armas mais modernas e poderosas, mas recuam ante o poder da Palavra de Deus. Hitler zombava das nações bem armadas que se aliaram para combatê-lo, mas temia um homem que não possuía outra arma senão a Bíblia. O nome dele era Martinho Niemobler. A arma de Niemobler era tão poderosa que estremeceu o homem que fez tremer o mundo. A página que não foi escrita Depois de havermos acompanhado as Sagradas Escrituras em sua vitoriosa marcha no afã de falar a muitos povos, em muitas terras e em muitas línguas, desejamos afirmar que a página mais importante da história da Bíblia não está ao nosso alcance, e, portanto, não a podemos transcrever aqui. Ela 24 História, Milagres e Profecias da Bíblia A Bíblia e Sm História 25 pertence a Deus, pois só ele conhece o número dos que se chegaram a ele guiados por sua Palavra escrita. Só Deus conhece todas as circunstâncias em que as páginas eternas se escreveram. Só ele acompanhou de perto sua Palavra, velando para que ela cumprisse fielmente seus nobres objetivos e criando condições para o cumprimento, no tempo oportuno, de toda a palavra profética, pois ele vela sobre a sua Palavra para a cumprir. Contudo, mesmo que nos fosse revelada essa história secreta da Bíblia, faltar-nos-ia competência para escrevê-la em toda a sua beleza e profundidade. Limitar-nos-íamos a registrar que muitos milhões de abnegados cristãos foram tachados de hereges e martirizados por não abjurarem a fé no Livro de Deus; que homens, mulheres e crianças piedosos viveram errantes pelos desertos, escondidos nas montanhas e cavernas, tudo sofrendo e tudo suportando para que esse livro bendito sobrevivesse, trazendo a nós, hoje, sua divina mensagem de paz e esperança. Falaríamos também da angústia e dos sofri mentos que os fiéis servos de Jesus suportaram nos obscuros séculos medievais, quando os eclesiásticos, obstinados no fanatismo sectário e declaradamente antibíblico, tudo fizeram para bani-la da terra. Mas, por outro lado, falaríamos também da paz que transbordava os corações crentes, do sincero louvor e das ardentes orações, espontaneamente brotadas de suas almas cheias de uma felicidade mais forte que os horrores de uma perseguição implacável. Esses odiados "hereges" nada possuíam nesta vida, e, no entanto, eram os amados de Deus, possuidores de tudo: uma fé inabalável nas infalíveis promes sas do santo Livro de Deus. Esse glorioso livro, leitor amigo, tão popular e tão acessível a todos, traz-nos hoje as mesmas palavras que animaram e confortaram nossos irmãos nos séculos idos, quando à força eram lançados às feras ou brutalmente pendurados em estacas a fim de serem queimados vivos pelo crime único de amarem a Deus e permanecerem fiéis à sua Palavra. Permita Deus que, ao compulsarmos o Santo Livro, possa mos recordar as sábias palavras de Dante Alighieri, o maior dos literatos italianos: "Nada provoca em tão alto grau a ira celestial como o forçar o Livro de Deus a ceder ante a autoridade humana ou apartá-lo da sua retidão, sem calcular quanto sangue custou o semeá-lo no mundo e quanto proveito recebe aquele que com humildade se aproxima dele". Certo homem sonhou que, ao abrir a Bíblia para conferir uma citação, achou todas as páginas em branco. Maravilhado, apressou-se a ir à casa de um vizinho, despertando-o do sono e pedindo que lhe mostrasse sua Bíblia. Mas, quando a recebeu, achou-a também com as páginas em branco. Eles então disseram: "Vamos às bibliotecas e recolhamos dos grandes livros todas as citações das Escrituras, e assim faremos nossa Bíblia de novo". Mas, quando examinaram todos os livros nas prateleiras de todas as bibliotecas, acharam em branco todos os lugares onde havia antes citações das Escrituras. Ao despertar, o homem tinha o rosto coberto de suor frio por causa da agonia que sentiu enquanto sonhava. Quão grandes seriam as trevas aqui neste mundo se não tivéssemos a Bíblia! Os homens seriam como náufragos em alto mar. O célebre compositor Haendel morreu em Londres em 1759. Havia algum tempo que se encontrava cego. Sobre o seu leito de morte, na hora derradeira, pediu a seu fiel servidor João que lesse o Salmo 91: "O que habita no esconderijo do Altíssimo, e descansa à sombra do Onipotente, diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio. . . Porque a mim se apegou com amor, eu o livrarei; pô-lo-ei a salvo, porque conhece o meu nom e." Terminada a leitura, Haendel excla mou: "Como é bom! Eis um alimento que satisfaz e que restaura! Lê-me mais qualquer coisa; todo o capítulo 15 da Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios." João leu o que o seu mestre ordenava e várias vezes o doente interrompia para dizer: "Pára, repete isso outra vez." Alguns instantes depois, quis que lhe lesse, na antologia de cânticos, o que sua mãe amava tão particularmente: "Tenho plena segurança na fé que me une a Cristo." Suas últimas palavras foram: "Senhor Jesus, recebe o meu espírito". Sobre o seu túmulo, na Abadia de Westminster, uma estátua representa-o diante de um órgão. Ele tem nas mãos uma partitura musical na qual se lêem estas palavras: "Eu sei que o meu Redentor vive" (Jó 19:25). 26 História, Milagres e Profecias da Bíblia 2 A Bíblia e Seu Poder A Bíblia emparedada Há mais de um século, quando ainda não existia o túnel de São Gotardo, os que se dirigiam à Suíça procedentes da Itália, ou vice-versa, tinham de transporo desfiladeiro do mesmo nome a pé, o que exigia muito tempo. Como era comum naquele tempo viajar-se em grupos, alguns pedreiros de Lugano se dirigiam à Suíça em busca de melhores salários. Entre estes estava Antônio, um jovem que depois de evangeli- zado por uma senhora, ganhara desta uma Bíblia de luxo, encadernada a couro. Embora a recebesse, não se interessou em lê-la, pois não queria saber nada do Cristianismo. Já em seu posto de trabalho em Glarus, Antônio, enquanto ajudava na construção de um edifício, zombava e praguejava com os colegas de tudo que fosse sagrado. De repente, ao rebocar uma parede, deparou com um vão que devia ser preenchido com um tijolo. Subitamente lembrou-se da Bíblia em sua bagagem e disse aos colegas: — Camaradas, ocorre-me uma boa brincadeira. Vou colocar esta Bíblia neste vão. Em virtude do tamanho, a Bíblia foi espremida, danificando a encadernação. — Vejam, — disse Antônio — agora reboco à frente e quero ver se o diabo consegue tirá-la daqui! Semanas mais tarde ele voltou à sua pátria. No dia 10 de maio de 1851, irrompeu em Glarus um grande incêndio que destruiu 490 edifícios. Embora a cidade toda 28 História, Milagres e Profecias da Bíblia estivesse em ruínas, decidiu-se reconstruí-la. Um pedreiro perito do norte da Itália, de nome João, foi incumbido de examinar uma residência ainda nova, porém parcialmente destruída. Batendo com seu martelo em diversos pontos de uma parede intacta, a certa altura deslocou-se uma parte do reboco e surgiu um livro embutido na parede. Bastante admirado ele o puxou. Era uma Bíblia. . . Como teria ido parar ali? Era-lhe inexplicável, especialmente porque já possuíra uma, mas tinham-na tomado. "Esta eles não me tomarão", cogitou. João tomou-se um leitor da Bíblia em toda as suas horas livres. Embora entendesse apenas algumas partes dos Evange lhos e dos Salmos,'aprendeu e compreendeu que era um pecador. Descobriu também que Deus o amava e que poderia obter o perdão dos seus pecados pela fé no Senhor Jesus. Quando, no outono, regressou à sua pátria e à sua família, anunciou por toda a parte a sua salvação em Cristo. Munido de uma mala de bíblias, João aproveitava suas horas livres para divulgar o evangelho. Assim, chegou ele à região onde residia Antônio e armou sua estante de bíblias numa feira. Quando Antônio, perambulando pela feira, parou diante da estante de João, disse: — Ora, bíblias! Disso não preciso. Basta-me ir a Glarus, pois lá tenho uma bem escondida na parede. Gostaria de saber se o diabo consegue tirá-la dali. João fitou o homem seriamente e disse: — Tome cuidado, jovem! Zombar é fácil. O que você diria se eu lhe mostrasse a tal Bíblia? — Você não me enganaria — replicou Antônio. — Reconhe cê-la-ia imediatamente, pois ela está marcada. — E asseverou: — Nem o diabo consegue tirá-la da parede! João buscou a Bíblia e perguntou: — Amigo, reconhece esta marca? Ao ver a Bíblia danificada, Antônio calou-se, perplexo. — Você está vendo? No entanto não foi o diabo quem a retirou da parede, mas Deus, para que você pudesse reconhe cer que ele vive. Ele quer salvá-lo também. Nesse instante, embora com sua consciência o acusando, Antônio extravasou todo o ódio acumulado contra Deus. Chamou os amigos: A Bíblia e Seu Poder 29 _• Ei, colegas! O que este sujeito, com sua estante religiosa, procura aqui? Em poucos segundos a estante de João estava arrasada e ele mesmo violentamente agredido. Os agressores rapidamente desapareceram entre o povo. Desde então Antônio revoltava-se cada vez mais contra Deus. Certo dia, depois de beber em demasia, caiu do andaime a dezessete metros de altura e foi hospitalizado em estado grave. João, ao saber do addente, foi visitá-lo no hospital. Embora impressionado com a atitude de João, o coração de Antônio continuava empedernido. João o visitou cada semana. Decorrido algum tempo, o addentado começou a ler a Bíblia, inicialmente como passatempo, e mais tarde com interesse. Certa ocasião leu em Hebreus 12:5: "Filho meu, não menospre zes a correção que vem do Senhor". Ora, isso se ajustava bem a seu caso. Antônio prosseguiu a leitura, e a Palavra de Deus, capaz de esmiuçar a penha, passou a operar em sua vida. Reconheceu sua culpa e confessou-a a Deus. Creu verdadeiramente na obra de Cristo consumada na craz. Sua alma convalescera, porém seu quadril, paralisado, o incapadtava para a sua antiga profissão. Encontrou um serviço condizente com suas aptidões, e, mais tarde, casou-se com a filha de João, agora seu sogro, amigo e pai na fé. Antônio já está, há muito, na pátria celestial, mas a Bíblia por ele emparedada permanece como uma valiosa herança de seus descendentes. * * * Quando Wung Fu, chinezinho incorrigível, começou a ler a Bíblia, os que o conhedam notaram nele uma transformação radical, inclusive a sua professora. Esta perguntou-lhe: — Que aconteceu, Wung? Você não é mais o mesmo! Não predso mais repreendê-lo nem castigá-lo. Já não mente como antes e não provoca os outros à briga. O que está acontecendo com você? — É simples, professora, — disse Wung Fu. —• Ê que eu agora estou lendo a Bíblia! Razão tinha o evangelista Moody ao colocar, na capa da sua Bíblia, como solene advertênda e sublime lembrança, estas palavras: "Este livro me fará evitar o pecado, ou o pecado me fará evitar este livro". 30 História, Milagres e Profecias da Bíblia O livro empenhado Aos dezessete anos, W. P. Mackay deixou seu humilde lar na Escócia para estudar medicina numa Universidade. Como recordação, sua mãe deu-lhe uma Bíblia com uma dedicatória e um texto bíblico. O jovem conhecia a história da redenção e não podia se esquecer do ensino que havia recebido na sua meninice. Durante algum tempo, a recordação da fé radiante de sua querida mãe imunizou-o contra as tentações da vida universitá ria, mas, como nunca se tinha realmente convertido e consagra do sua vida a Deus, suas convicções enfraqueceram e ele começou a mergulhar-se no pecado. Depois de formado, buscou a companhia de ateus, bêbados e depravados, e acabou sendo eleito presidente de um clube de ateus, cujos membros viviam dissolutamente, sem quaisquer restrições morais. A vida de pecado de Mackay quebrantou o coração da mãe, que continuou a orar pela salvação do filho até passar para o Senhor. Mackay, entretanto, por ser inteligente, passou a fazer parte da equipe médica de um hospital. Ganhava muito dinheiro, mas esbanjava com bebidas e outros vícios. Certa ocasião, sob o efeito do áicool, empenhou por um copo de bebida a Bíblia que sua mãe lhe dera. Tempos depois, Mackay estava de plantão no hospital quando lhe trouxeram um pedreiro, vítima de uma grave quebra do andaime. O doutor, ao tratar do ferido, ficou muito impressionado pela tranqüilidade deste e sua radiante alegria. Não pôde impedir que a recordação de sua mãe cruzasse, fugaz, a sua memória. O ferido, embora sofrendo muito, esboçou um sorriso e perguntou: — Que me diz, doutor? * — E minha opinião que sarará — respondeu o médico. — Não, doutor, não é uma simples opinião que lhe peço — respondeu afavelmente o homem. E acrescentou: —• A verdade não me assusta. Se morrer, sei que serei levado à presença de Jesus Cristo, pois ele prometeu que o que a ele for não será lançado fora. Faz um ano que a ele recorri, aceitando-o como meu Salvador. Estou preparado para morrer. Mas quero que me diga a verdade: sararei ou não? A Bíblia e Seu Poder 31 — Só lhe restam três horas de vida — foi a lacônica resposta do médico. A calma expressão do paciente, reflexo da sua paz interior, não sofreu nenhuma alteração. — Vou pedir-lhe um último favor, doutor, — disse lenta mente. — Num dos meus bolsos encontrará um cheque. Queira enviá-lo à dona da casa onde me hospedo e diga-lhe que me mande o livro. — Que livro? — perguntou Mackay. — Oh, o Livro — respondeu o paciente. — Ela sabe. O médico providenciou para que fosse satisfeito o desejo do doente e retirou-se.Entretanto, as palavras "a verdade não me assusta, estou preparado para morrer", ressoavam ainda aos seus ouvidos. Mackay, insensível como era diante do sofrimento alheio, jamais demonstrava por um paciente um interesse mais que profissional. Não obstante, depois de atender os outros enfer mos, voltou ao quarto onde se encontrava o pedreiro. — Morreu há pouco — disse-lhe a enfermeira. — Recebeu o livro? — perguntou o médico. — Sim, trouxeram-lhe momentos antes de morrer. — O que era? O seu talão de cheques, talvez? — Não, não era um talão de cheques. Está debaixo do seu travesseiro. O médico dirigiu-se à cama do pedreiro, levantou o travessei ro e retirou uma Bíblia. Abriu-a na primeira página e os seus olhos pousaram imediatamente na dedicatória escrita por sua piedosa mãe! Sentiu um nó na garganta. Ali estava a Bíblia que tinha empenhado! Com o livro debaixo do braço, dirigiu-se ao seu gabinete particular. Ali, abriu-a e leu novamente as palavras que nela escrevera a mãe. E pensar que esse livro, que ele jamais lera e que empenhara por uma bagatela, havia sido o instrumento que guiara uma alma aos pés do Salvador, que a iluminara nos seus derradeiros momentos e que viera a cair de novo em suas mãos! Enquanto lia o precioso volume, notou que muitos versículos estavam sublinhados. Sua mãe os havia marcado para que despertassem a atenção do filho. E agora, depois de tantos anos estragados, começou a meditar nesses versículos. 32 HistóriaM ilagres e Profecias da Bíblia Algumas horas se escoaram. Antes de abrir a porta de seu consultório para prosseguir nos seus deveres profissionais, Mackay ajoelhou-se e pediu perdão a Deus. E aquele homem, de coração insensível e vida dissoluta, converteu-se num crente humilde e agradecido. Era nova criatura, pois a vida velha passara. W. P, Mackay, o médico, abraçou posteriormente o ministé rio da Palavra. Pregou o evangelho, e foram muitos os que por seu intermédio aceitaram a Cristo, As orações feitas com tanto fervor e persistência pela sua mãe, durante a vida, receberam gloriosa resposta depois de sua morte. Quão fiel é o nosso Deus! * * * Gabriela Mistral, poetisa chilena, afirmou: "A Bíblia é para mim o livro. Não vejo como alguém possa viver sem ele, a não ser que se tome pobre, nem como pode ser forte sem este alimento, nem doce sem este mel". * * * "Há um livro que desde a primeira letra até a última é uma emanação superior. . . um livro que contém toda a sabedoria divina; um livro que a sabedoria dos povos chamou — a Bíblia. Espalhai Evangelhos em cada aldeia, uma Bíblia em cada casa" (Victor Hugo). * * * "Eu vos recomendo a leitura da Bíblia toda na versão russa. Chega-se à conclusão de que a humanidade não possui nem pode possuir outro livro de igual significação" (Feodor Dos- toiewsky). Uma força viva O testemunho que agora trazemos aos leitores foi adaptado do jornal "Brasil Presbiteriano". Embora trate de outra maravi lhosa conversão ocorrida há muito tempo, revela o mesmo poder transformador da Palavra de Deus, Moody pregou, certa vez, na cidade de Saint Louis, em cuja cadeia estava Valentim Burke, um assaltante muito temido que, mesmo encarcerado, insultava, amaldiçoava e ameaçava o A Bíblia e Seu Poder 33 carcereiro. Toda a cidade tomara conhecimento da presença do evangelista e os jornais todos os dias publicavam o sermão pregado na noite anterior, que era sempre precedido de um título exagerado para chamar a atenção dos leitores. Certa manhã jogaram um jornal da ddade na cela de Burke, e este, na falta do que fazer, resolveu folheá-lo. Virando as páginas, numa delas deparou com um pomposo título: "Como o carcereiro de Filipos foi apanhado". Pensando tratar-se de uma localidade perto de Illinois, que ele também conheda, sentou-se para ler sobre a derrota do carcereiro, pois era isso que também desejava ao que cuidava da sua prisão. Desde logo estranhou a notícia, os personagens e os fatos mendonados. Paulo e Silas, um grande terremoto, a pergunta: "Que é necessário fazer para me salvar?" Tudo aquilo eram asneiras e, arremessando o jornal ao chão, chutou-o para um canto da cela. Desistiu da leitura e do jornal. Procurou esquecer e distrair-se, mas a presença do jornal'1 naquele canto o deixava incomodado. Algum tempo mais tarde, não conseguindo suportar a curiosidade e o anseio, tomou novamente o jornal para ler aquela história que agora achava tão extraordinária. Acabada a leitura, em sua cabeça martelava a pergunta: — Que quer dizer isso? — e o seu radotínio avançava: — Há muitos anos sou ladrão, mas nunca me senti como agora. Por quê? Que quer dizer tudo isso? Tenho tido uma vida de cão e já estou farto dela. Se há realmente o Deus de quem o pregador fala, hei de achá-lo também. . . — e assim foi todo aquele dia. A noite chegara à cela daquele preso sem que ele conseguisse ordenar seus pensamentos. Já deitado, recordou-se dos dias de sua infância, ao lado de sua mãe, de quem se afastara muito cedo, fugindo de casa para nunca mais voltar. Compreendeu então que há verdadeiramente um Deus que pode e quer ajudar, que está sempre pronto a apagar toda a nódoa do coração. Chorou muito aquela noite até sentir-se aliviado, tranqüilo e poder agradecer e louvar a Deus por essa bênção. Cumpriam-se naquela vida as palavras do profeta: "Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados são como a escarlate, eles se tomarão brancos como a neve; ainda que são vermelhos como o carmesim, se tomarão como a lã. Se quiserdes, e me ouvirdes, comerds o melhor desta terra" (Isaías 1:18). 34 História, Milagres e Profecias da Bíblia Pela manhã, quando o guarda apareceu, Burke não esbrave jou como de costume, mas dirigiu-lhe palavras amáveis. O carcereiro, ao tomar conhecimento dessa mudança, ordenou que reforçassem o cuidado, pois certamente o preso estava simulando algo, pretendendo uma nova fuga. Alguns meses depois Burke foi julgado, mas em virtude de uma falha da acusação, foi absolvido e posto em liberdade. "E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (João 8:32). Burke deixou a prisão, mas, sem amigos, temido como perigoso assaltante e desprezado por todos, era um fracassado. Onde quer que pedisse emprego, as pessoas procuravam livrar-se dele como de um pesadelo. Mas Burke, como um cristão, não desanimava, procurando vencer a terrível prova de fogo por que estava passando. De tanto lutar sem nenhum resultado, e com a impressão de estar marcado por sua vida passada, um dia pediu a Deus que melhorasse a sua aparência para poder arranjar emprego. Desanimado e frustrado, ia ele de cidade em cidade, vivendo de pequenos serviços e de algumas esmolas que lhe davam. Um dia resolveu ir a Nova York na esperança de que, longe de sua antiga cidade, pudesse encontrar um pouco de paz e trabalho. Pura ilusão, pois, ao fim de poucas semanas, teve de voltar para S. Louis muito mais desanimado do que partira. Mas mesmo assim sua fidelidade ao Senhor era a nota dominante de sua vida. Passou as maiores dificuldades, sofreu as mais sérias provações e muitas vezes, durante dias, supor tou a fome. Mas jamais vacilou. Sempre se manteve firme e fiel ao seu Senhor e Mestre. Certa tarde, pouco depois de ter regressado de Nova York, um oficial da justiça trouxe-lhe um recado do juiz que havia presidido o seu julgamento. Este queria falar-lhe. Burke pen sou logo tratar-se de alguma infração antiga ou algum crime anteriormente praticado, mas só agora descoberto. Que fazer? Ao chegar diante do juiz, Burke fala com firmeza e decisão: — Se for alguma coisa antiga de que eu seja culpado, confessarei e lhe direi a verdade, pois já acabei com a mentira em minha vida. Depois de um rápido diálogo, o magistrado diz-lhe: — Burke, tenho acompanhado sua vida desde que deixou a prisão, até mesmo enquanto esteve em Nova York. A princípio A Bíblia e Seu Poder 35 não acreditei na sua transformação nem em sua reiigião. Mas agorasei que você tem sido correto, que tem tido uma vida honesta e cristã. Por isso mandei chamá-lo, pois tenho para você um emprego aqui no Tribunal. Preciso de um homem em quem possa depositar toda a minha confiança. Pode começar quando quiser. Imediatamente Burke começou seu serviço como funcionário do Tribunal, como pessoa de confiança daquele magistrado. Com firmeza, decisão e muita fidelidade a Cristo, portou-se sempre como um verdadeiro e fiel cristão, tomando-se um homem de muita reputação, acatado e respeitado por todos. Era um autêntico pregador. Anos mais tarde, ao passar novamente por aquela cidade, Moody fez questão de conhecer o ex-prisioneiro. Encontrou-o numa das salas do Tribunal, guardando pedras preciosas que valiam uma grande fortuna. Burke disse a Moody: — Senhor, veja o que a graça de Deus fez em favor de um ladrão! O juiz me escolheu de propósito para tomar conta deste tesouro. Durante muitos anos, ali mesmo no Tribunal e junto à cela onde estivera preso, Valentim Burke, com sua palavra e seu testemunho, pregou a mensagem do amor de Deus. Muitas vidas se voltaram para Cristo. Aquele ladrão e malfeitor tomara-se um benemérito, um grande cristão. Ao morrer, seu sepultamento foi acompanhado por centenas de amigos, ricos e pobres, grandes e pequenos, crianças e jovens, dentre eles muitos pais cujos filhos foram resgatados do crime e do vício pelo esforço da pregação e do testemunho paciente e persuasi- vo daquele ex-ladrão que se transformara em poderoso prega dor do evangelho. “O evangelho não é meramente um livro, mas uma força viva — um livro que sobrepuja a todos os outros. A alma jamais pode vaguear sem rumo, se tomar esse livro como seu guia" (Napoleão Bonaparte). "Manancial de consolo e conselho, refúgio para as horas de tormenta e tribulação, guia de exemplos e ensinamentos, mestre silencioso e permanente em disponibilidade, a Bíblia é o mais secreto confidente das penas e aflições, e ninguém sai de suas páginas sem receber apaziguadora resposta para as dúvidas, e bálsamo e estímulo nas ocasiões de angústia e 36 História, Milagres e Profecias da Bíblia desespero" (Austregésilo de Athayde, escritor brasileiro). "Acima de tudo, a pura e benigna luz da revelação exerce uma benéfica influência sobre a humanidade e aumenta as bênçãos da sociedade" (George Washington). O trabalho de uma Bíblia Durante a Segunda Guerra Mundial, Clarence W. Hall, correspondente de guerra dos Estados Unidos, ao visitar a aldeia de Shimabuko, em Okinawa, escreveu: "Durante anos a aldeia não tivera cadeia, nem bordel, nem embriaguez, nem divórcio. Havia ali um alto nível de saúde e felicidade. . . Criaram uma democracia cristã na sua forma mais pura". É que os mil habitantes de Shimabuko haviam recebido a visita de um missionário que ia para o Japão, uns trinta anos antes, o qual deixara ali um exemplar da Bíblia e dois shimabukanos convertidos, Mejun Nakamura e Shasei Kina, respectivamente chefe e professor da aldeia. Ao partir, disse o missionário aos dois crentes: "Estudem este Livro, pois ele dará a vocês uma fé robusta. Quando a fé é forte, tudo é forte". Sem noção de ritual ou templo cristão, os mil habitantes criaram o seu próprio sistema de adoração. O professor Kina fazia a leitura da Bíblia e todos repetiam em forma de cântico. Entoavam hinos e faziam orações voluntárias. Em seguida passavam a tratar dos problemas da aldeia, e, para cada questão, Kina procurava na Bíblia uma resposta. Após tomar parte num desses cultos, o motorista de Hall disse-lhe com ares de mofa: "Veja, tudo isso é resultado de uma só Bíblia, e de dois fanáticos que querem viver como Jesus". Impressionado com o que viu, o motorista acrescentou: "Talvez estejamos usando as armas erradas para tomar o mundo melhor". Ele fazia referência às armas de guerra. Alguns anos depois de terminada a guerra, Clarence Hall voltou a Okinawa para ver o efeito da civilização que os norte- -americanos tinham introduzido. Okinawa estava irreconhecí vel. Em lugar de pequenas aldeias havia agora ruas, lojas, armazéns, clubes, cinemas, teatros, campos de golfe, piscinas, estação de rádio e televisão. Havia bares e prostíbulos. Hall procurou Shimabuko e a encontrou "cercada" pelo "progres so". Entretanto, toda aquela confusão e aflição do "progresso" não a tinham atingido. Permanecia espiritualmente separada A Bíblia e Seu Poder 37 tudo aquilo, baseando sua vida nos ensinos da Bíblia. E Clarence Hall não pôde esquecer do que lhe dissera seu motorista anos passados: "Talvez estejamos usando as armas e r r a d a s para tomar o mundo melhor!" Como é gloriosa a Bíblia! Bela, majestosa e santa é a sua doutrina! Grandiosa, desejável, inestimável é a sua moral! poderosíssima, inigualável, eficaz em seus efeitos! O Dr. Joaquim L. Villanueva resumiu a milagrosa influência da Palavra de Deus nesta frase lapidar: "Com a Bíblia propaga- -se a doutrina mais importante e pura, espalha-se a semente dos bons costumes. . . . aprende-se a submissão às autorida des e à boa ordem que deve reinar em todas as hierarquias do Estado". Shimabuko constitui uma prova de que a obediência aos preceitos bíblicos é o único caminho para a verdadeira demo cracia cristã, caracterizada pelo amor a Deus e ao próximo e, conseqüentemente, pela paz e respeito sociais. Bom seria se os estadistas modernos, em vez de se armarem de destruidoras armas que semeiam insegurança, medo e terror, distribuíssem bíblias a mão-cheia. Riqueza num cesto de lixo Um missionário em Manágua, Nicarágua, narra numa de suas cartas o seguinte: "Espero dentro em breve ter a oportuni dade de oferecer-lhe um Novo Testamento em espanhol, que, embora rasgado e com falta de muitas folhas, lhe será uma linda lembrança por causa da sua história. Ele tem cumprido uma gloriosa missão. Há tempo foi ele oferecido a uma família aqui em Manágua, mas como ninguém o quisesse, foi por fim lançado no lixo. A sua capa vermelha chamou a atenção de uma menina que o apanhou e levou para sua casa, no interior. Lá, sua mãe começou a fazer cigarros de suas folhas. O pai, um beberrão infeliz que quando embriagado era um terror para toda a população, viu casualmente o livro e, sem saber por quê, mostrou-se interessado em lê-lo e mandou a esposa guardá-lo. "Dia após dia o homem lia o Novo Testamento. Ficou tão impressionado com o que leu, que convidou um seu colega — beberrão como ele, um homem que em cada contenda estava pronto a dar um rápido fim à briga com seu facão — para juntos lerem o livro. A Palavra de Deus mostrou seu poder 38 História, Milagres e Profecias da Bíblia transformador no coração deles. Aqueles que conheceram estes dois homens, antes destes serem vencidos pelo evangelho, confessam que foi uma maravilha operada por Deus, pois seus corações de pedra se derreteram e a vida deles se tomou um poderoso testemunho do amor de Jesus. "Desses dois convertidos, o primeiro dirige a obra evangélica local. Durante o dia ele trabalha na terra, e à noite sai para anundar a Palavra de Deus. A conversão deles foi o início da obra do Espírito Santo em toda essa comarca. Antes não havia ali nenhum cristão. Agora, diversas pessoas foram batizadas, e nos cultos há boa assistência. Tudo é fruto daquele pequeno Novo Testamento, uma prova viva do poder da Palavra de Deus". De que outro livro podemos dizer algo semelhante? De nenhum outro, é claro. E o motivo é simples: Deus opera, pelo Espírito Santo, através de sua Palavra. E está escrito que sua Palavra não volta para ele vazia. No dizer de Suzane de Dietrich, "a palavra escrita toma-se a palavra de Deus para nós, quando a ouvimos com fé e quando, através dela, ouvimos o chamado de Deus para o arrependi mento e a vida. A Bíblia revela-nos o plano de salvação de Deus; é o meio pelo qual aprendemos a conhecê-lo e a ouvir o seu desafio e apelo". William A. Spicer, discorrendo sobre o valor incomparável da Bíblia, diz: "E ela a voz do Todo-poderoso.É muito diferente dos livros sagrados das religiões não cristãs. Naqueles, o homem fala a respeito de Deus; na Sagrada Escritura, é Deus quem fala ao homem". Do precioso livro Em Cada Terra uma Bandeira, p. 68, editado pela Casa Publicadora Batista, transcrevo a carta que Kaumua- lii, rei da ilha Kauai, dirigiu ao Secretário da Junta Americana de Missões, agradecendo a Bíblia que alguns missionários norte-americanos lhe haviam ofertado. Essa carta data de 1821, e foi escrita pelo próprio punho do rei, após aprender um pouco da língua inglesa com os missionários: "Caros amigos: Desejo escrever-vos algumas linhas a fim de agradecer-vos o livro que tão bondosamente me mandastes. Creio que é um livro excelente, um livro que Deus nos deu para ler. Espero que breve o meu povo o lerá assim como todos os bons livros. Agora acredito que os meus ídolos nada valem, e que o vosso Deus é o único Deus verdadeiro, o Deus que criou todas as A Bíblia e Seu Poder 39 coisas. Os meus ídolos, atirei-os para longe — não servem — eles me iludem — prejudicam-me. Dou-lhes cocos, bananas da terra, porcos e muitas coisas boas, e no fim me enganam. Agora atiro-os para longe. Já o fiz. Quando a vossa boa gente me ensina, louvo a Deus. Sinto prazer em que venhais ajudar- -nos — nada sabemos. Agradeço-vos o terdes proporcionado ensino ao meu filho. Agradeço a todo o povo da América. Aceitai isso do vosso amigo, Rei Kaumualii". Como é gloriosa a Bíblia, e como Deus, através dela, opera em suas criaturas a sua boa, agradável e perfeita vontade! Somente a Bíblia revela ao homem o insondável amor de Deus. Só ela fala acalentadoramente ao seu coração acerca do porvir e da necessidade de preparar-se para ele. Somente a Bíblia descortina o glorioso caminho que conduz à felicidade presente e futura. O último roubo O tribunal da cidade de Saltinho, no México, foi certo dia agitado pela presença de um homem que queria falar ao juiz alguma coisa séria e urgente. Quando este apareceu, o estra nho foi logo dizendo: — Aqui estou como prisioneiro. Aqui estou para pagar minhas culpas. Vim dar minha satisfação à sociedade a quem tanto mal eu fiz. — Mas, quem é você? — indagou o magistrado. — Eu sou Juan Chaves, o facínora que todos perseguiam. Estremece o juiz, ao ouvir o nome do temido marginal, e pergunta, preocupado: — Mas, por que você está se apresentando à justiça, como prisioneiro, como réu confesso? Tirando do bolso um exemplar da Bíblia, disse o criminoso serenamente: — Este livro me trouxe aqui. Trouxe-me de volta, a fim de que eu possa pagar minha dívida para com a sociedade, exatamente como meu Senhor e Salvador Jesus Cristo pagou todas as minhas dívidas perante Deus. Esse bandido, em sua carreira criminosa pontilhada de assaltos e roubos, um dia, ao assaltar uma residência, levara a Bíblia entre outros objetos. E como a polida o procurasse persistentemente, o facínora refugiara-se numa caverna, em 40 História, Milagres e Profecias da Bíblia lugar ermo, e ali, para matar o tempo, lia aquele estranho livro. O fato é que as verdades eternas atuaram poderosamente na sua consciência, fazendo-o ouvir a voz divina convidando-o a arrepender-se. E Juan Chaves teve sua vida regenerada e radicalmente mudada, graças à sublime mensagem que a Bíblia contém para o coração ferido e oprimido pelo pecado. Com razão exclamou Coelho Neto: "Homem de fé, o livro da minha alma, aqui o tenho: é a Bíblia. Não o encerro na biblioteca, entre os de estudo; conservo-o sempre à minha cabeceira, à mão. É dele que tiro a água para a minha sede de verdade; é dele que tiro o bálsamo para as dores das minhas agonias, É vaso em que, semeando a bondade, vejo sempre verde a esperança, abrindo-se na flor celestial, que é a fé. Eis o Livro que é a valise com que ando em peregrinação pelo mundo". O livro odiado Infelizmente ainda hoje, em alguns países, pessoas educadas se levantam arrogantemente contra o Livro de Deus, tentando bani-lo de suas terras e dos corações de seus patrícios. Tais perseguidores se constituem nos mais ferrenhos inimigos da virtude, da paz, do seu próprio povo, da humanidade e de Deus. Fernando Martinez, escrevendo a respeito dessas perse guições à Bíblia no periódico lusitano "Novas de Alegria", disse: "não obstante esses diabólicos ataques, a Palavra de Deus, sempre vencedora, continua sendo disseminada por todos os quadrantes do globo terrestre. É certo que milhares de volumes foram lançados, por pessoas sem escrúpulos nem temor divino, às chamas! Muitas delas seguiam o deísmo, o agnostidsmo e o ateísmo. . . É da pena inspirada de Garrett o seguinte período: 'Fez-se crime até da leitura dos livros santos, chamou-se sacrilégio o próprio estudo da lei de Deus! Ignorân- da crassa, estúpida, a maior inimiga do Cristianismo' " . A oposição da Igreja Romana à Bíblia não se restringiu apenas à Idade Média. Até o século passado ainda vigorava o "Index" acerca das Escrituras, com suas leis sobre a circulação destas. Algumas dessas leis afirmam o seguinte: — Desde que é manifesto, pela experiência, que a Bíblia Sagrada em língua vulgar, se for permitida em toda a parte sem discriminação, produzirá mais mal do que bem, em razão do A Bíblia e Seu Poder 41 atrevimento dos homens, seja observada a decisão do bispo ou inquisidor sobre esta matéria, de sorte que, segundo o conselho do confessor ou do pároco, a leitura das edições católicas da Bíblia em Kngua vulgar só será permitida àqueles que, em sua opinião, não possam tirar dessa leitura prejuízo algum, antes aumento de fé e de piedade, "e essa permissão deve ser dada por escrito". — Se alguém "se atrever" a lê-la ou possuí-la, sem esta permissão, "não poderá receber a absolvição de seus pecados", a não ser que primeiro entregue a Bíblia ao superior eclesiásti co. — Também os livreiros que venderem bíblias em língua vulgar a pessoas que não tenham aquela permissão, ou de qualquer maneira lhas ministrarem, perderão o preço dos livros, o qual será aplicado pelo bispo a obras de caridade, e ficarão ainda sujeitos a outras penas, ao arbítrio do bispo, segundo a natureza da ofensa. — O clero regular "não poderá lê-las ou comprá-las" senão com a permissão de seus prelados. Se as coisas mudaram dentro do catolicismo romano, nos países comunistas, todavia, a oposição à Bíblia continua forte. Tais fatos, porém, não devem nos assustar, pois Deus vela sobre a sua Palavra para a cumprir, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. É fato lamentável que a maior parte dos cristãos da União Soviética possua apenas um exemplar de um dos Evangelhos, para sua leitura e meditação, enquanto os grandes e modernos prelos daquele país trabalham dia e noite à serviço do comunismo ateu. Isso porque o Governo não permite a impressão da Bíblia em seu país, e a reduzida importação de outras terras não corresponde às necessidades do povo de Deus. Várias vezes a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira tem solicitado à União Soviética permissão para suprir de bíblias os evangélicos daquele país. A costumeira resposta de Moscou é que seu país mesmo pode editar a Bíblia. Todavia não edita, porque os dirigentes soviéticos simplesmente não querem a Bíblia. Os princípios sadios desta clamam corajosamente contra 0 seu regime ditatorial, imperialista e opressor, onde não existe a mais importante e a mais cara de todas as liberdades — a liberdade religiosa. 42 História, Milagres e Profecias da Bíblia Contudo, por mais dura tenha sido a perseguição movida contra a Palavra de Deus, os cristãos soviéticos não têm diminuído sua fidelidade a Cristo. A poderosa influência da Bíblia resiste a toda oposição humana, e ninguém pode impedir a sua gloriosa obra. Foi o que disse o Sr. Karev, Secretário Geral da Federação Batista Pentecostal da Rússia, quando visitou a Noruega anos atrás: "É para mim uma alegria poder contar a todos os que amam o Senhor Jesus Cristo, que temos cerca de 5.400 igrejas
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