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Historia,Milagres e pofecias da Biblia- Abraão de Almeida

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ISBN 0-8297-1702-1
Categoria: Bibliologia
Copyright ® 1986 by Abraão de Almeida 
Copyright ® 1987 by Editora Vida
Todos os direitos reservados na língua portuguesa por 
Editora Vida, Miami, Florida 33167 — E .U .A .
Capa: Hector Lozano
História.
Milagres
Profecias
da
Bíblia
ABRAÃO DC ALMEIDA
©
Editora Vida
índice
Prefácio ............................................................................................. 5
1. A Bíblia e sua h istória........................................................... 7
2. A Bíblia e seu p o d e r............................................................. 27
3. A Bíblia e suas doutrinas..................................................... 50
4. A Bíblia e as heresias............................................................ 63
5. A Bíblia e sua mensagem ................................................... 82
6. A Bíblia e suas profedas ..................................................... 103
Prefácio
Este volume, produzido ao longo de mais de duas décadas 
de pesquisas, destina-se tanto aos interessados em aprofundar 
seus conhecimentos do Livro dos livros — a bendita Palavra de 
Deus — como à evangelização, pois apresenta de maneira 
simples o plano divino para redimir a humanidade caída. As 
mensagens de um de seus capítulos são um amoroso convite ao 
pecador para que receba Jesus Cristo como seu Salvador 
pessoal.
Neste trabalho o leitor encontrará, primeiramente, os pontos 
mais salientes da inspiradora história da Bíblia, desde os 
primeiros manuscritos em argila, papiro ou peles de animais, 
até as incríveis tiragens de milhões de exemplares em nossos 
dias, que comprovam a inquestionável liderança absoluta da 
Bíblia tanto em número de traduções como em circulação 
mundial.
Três capítulos tratam da exposição clara de algumas das 
principais doutrinas bíblicas, da sua mensagem sempre atual 
para a Igreja e o mundo, e das principais heresias antigas e 
modernas, confrontadas com as eternas verdades divinas.
No segundo capítulo deparamo-nos com o extraordinário 
poder da Bíblia em transformar vidas arruinadas pelo pecado. 
Todas as histórias são verídicas, tocantes e dramáticas, e 
mostram como a gloriosa mensagem do evangelho, qual 
penetrante luz celeste, alcança o recôndito tenebroso das 
almas, regenerando-as e dando-lhes poder para viver uma 
nova vida em Cristo, a única vida para a qual vale a pena viver!
O capítulo final, ao focalizar aquelas profecias bíblicas hoje 
transformadas em fatos históricos, constitui um eloqüente 
testemunho da infalibilidade das predições divinas. O leitor 
verá como a palavra dos profetas acerca da Assíria, do Egito, de 
Israel, ou de famosas cidades como Nínive, Tiro, Babilônia, 
Sidom e Ascalom, tiveram nos últimos vinte e cinco séculos o
6 História, Milagres e Profecias da Bíblia 
seu mais perfeito cumprimento. O mesmo capítulo analisa 
ainda algumas das muitas predições de Jesus para os últimos 
tempos, tomando esta obra, também, uma bpa introdução ao 
estudo da escatologia bíblica — o apaixonante tema de alguns 
de meus livros.
Ora, se Deus tem sido zeloso em cumprir tudo o que 
prometeu, como tem feito até aqui, pode o prezado leitor estar 
seguro de uma coisa: Ele continua velando sobre a sua Palavra 
para a cumprir (Jeremias 1:12). Aleluia!
Abraão de Almeida 
Bristol, Rhode Island, agosto de 1986
1
A Bíblia e 
Sua História
Que é a Bíblia?
Pelo fato de conter as origens da criação, as alianças de Deus 
com os homens, a história de Israel e da Igreja apostólica, as 
profecias reveladoras do futuro, bem como por revelar o 
insondável amor de Deus na pessoa de Jesus Cristo como o 
Salvador do mundo, a Bíblia Sagrada poderià ser definida com 
uma só frase: Ela é a Palavra de Deus. Contudo, vale a pena 
ouvir o que dela falaram algumas pessoas célebres, como 
líderes religiosos, teólogos, pregadores, escritores, poetas, 
músicos, políticos, cientistas, e até mesmo ateus.
"Que regra mais pura e santa, que caminho mais seguro para 
o homem público, para o político, do que a verdade vinda do 
céu, pregada e ensinada pela boca de um Deus e registrada no 
livro do Evangelho? Leia-se, pois, medite-se o livro santo do 
Evangelho!" (Cardeal Arcoverde).
"Suprima-se a Bíblia e logo ficará suprimida a sonora, a 
elegante, a preciosa literatura portuguesa, ou despojada, pelo 
menos, dos seus mais esplêndidos esmaltes e das suas maiores 
e mais pomposas magnificêndas. . . Livro incomparável este, 
que há trinta e três séculos o gênero humano começou a ler, e 
lendo-o todos os dias e noites e horas, não tem podido ainda 
conduir a sua leitura" (Padre Alves Mendes, de Portugal).
"Impressiona-nos, na contemplação do mundo atual, a 
exatidão das Sagradas Escrituras. Nestes nossos tempos, com 
predsão admirável, cumprem-se previsões do velho e bendito 
livro. Páginas proféticas assumem o sabor de crônicas contem-
8 História, Milagres e Profecias da Bíblia 
porâneas, em que fatos e feitos, na história e através dos 
homens, proclamam a veracidade da eterna palavra, que não 
falhou nem falhará. Por isso é tempo de voltar à Palavra de 
Deus. E é isso que a humanidade está fazendo, depois de 
tantas fugas. Depois de procurar tantos caminhos, onde a 
frustração lhes foi fatal, os homens retomam ao caminho, ao 
único e verdadeiro caminho. E, nesse caminho, em sentido de 
libertação e esperança, brilha a palavra, que é luz e lâmpada de 
Deus" (Ivan E. Ávila, da Academia Evangélica de Letras do 
Brasil).
"Depois de ter pregado o Evangelho por quarenta anos, e ter 
impresso os sermões que preguei semanalmente durante trinta 
e seis anos, tendo estes alcançado o número de 22 mil, creio 
que devo ter direito a dizer algo sobre a riqueza e a plenitude da 
Bíblia como o livro do pregador. Irmãos, ela é inesgotável. Não 
haverá perigo de ficarmos secos se nos apegarmos ao texto 
deste volume sagrado. Não haverá dificuldade em arranjar 
assuntos totalmente distintos dos já usados; a variedade é tão 
infinita como a sua plenitude. Uma longa vida mal dá para 
ladear as margens deste continente de luz. Nos quarenta anos 
do meu ministério tenho podido apenas tocar a orla das vestes 
da verdade divina; mas que virtude já fluiu dela! A Palavra é 
como o seu Autor — infinita, imensurável, eterna. Se fosses 
ordenado ao ministério por toda a eternidade, terias na mão 
tema suficiente para as exigências eternas" (Charles Spurgeon).
"Apegai-vos solidariamente à Bíblia, como a âncora das 
vossas liberdades; gravai os seus preceitos nos vossos corações 
e ponde-os em prática nas vossas vidas. A esse livro devemos 
os progressos que temos feito em nossa civilização, e para ele 
devemos olhar como o guia da nossa vida futura" (General 
Ulysses Grant, presidente dos Estados Unidos).
Outro presidente dessa nação, Theodoro Roosevelt, expediu 
da Casa Branca a seguinte mensagem durante a Segunda 
Guerra Mundial: "Como comandante-chefe, tenho o prazer de 
recomendar a leitura da Bíblia a todos os que servem nas forças 
armadas dos Estados Unidos. Através dos séculos, homens de 
muitos credos e de origens diversas têm encontrado no Livro 
Sagrado palavras de sabedoria, conselho e inspiração. É uma 
fonte de fortaleza, e agora como sempre, um auxílio poderoso 
na conquista das mais altas aspirações da alma humana".
A Bíblia e Sua História 9
Tobias Barreto, pensador e escritor brasileiro, escreveu: "A 
Bíblia é um modelo de tudo quanto é belo e bom e, se outras 
razões não determinassem a sua leitura, bastaria o gosto, o 
simples instinto literário, para levar-nos a folhear suas páginas 
eternas".
"Não compreendo que se tenham posto milhares de obstácu­
los à propagação da Bíblia, pois ela é a revelação mais pura que 
de Deus existe na sociedade, na natureza, na história" (Emílio 
Castelar, escritor espanhol).
"Progrida quanto quiser, desenvolvam-se ao máximo os 
ramos da pesquisa. Nada tomará o lugar da Bíblia" (Johann 
Von Goethe).
"Espero e confio em que os meus súditos nunca deixarão de 
cultivara sua nobre herança na Bíblia inglesa, a qual, num 
aspecto secular, é o primeiro dos tesouros, enquanto que na 
sua significação espiritual é o objeto mais valioso que o mundo 
nos outorga" (Jorge V, rei da Inglaterra).
O escritor ateu, H. L. Mencken assim se exprime sobre o 
valor real da Bíblia: "É a Bíblia, inquestionavelmente, o mais 
lindo livro do mundo. Não há literatura, quer antiga quer 
moderna, que se lhe compare".
Concluo esta série de testemunhos citando Thomas Henry 
Huxley, famoso cientista inglês: "A Bíblia tem sido a Carta 
Magna dos pobres e dos oprimidos: até aos tempos modernos 
nenhum país tem tido uma constituição em que os interesses 
dos povos sejam tão largamente considerados".
A Bíblia fala por si mesma
Em toda a Bíblia afirma-se duas mil e oito vezes que Deus é 
seu Autor. No Novo Testamento, essa autoria divina é reclama­
da 225 vezes, cerca de 50 vezes pelo próprio Senhor Jesus. 
Como Palavra de Deus, a Bíblia exerce poderosa e benéfica 
influência onde quer que é difundida. "Porque a palavra de 
Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de 
dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, 
juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos e 
propósitos do coração. E não há criatura que não seja manifesta 
na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descober­
tas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar 
contas" (Hebreus 4:12-13).
Deus mesmo afirma: "Assim será a palavra que sair da minha 
boca; não voltará para mim vazia" (Isaías 55:11), e o apóstolo 
Paulo fala do evangelho como o "poder -de Deus" e da 
transformação gerada por este mesmo evangelho na vida do 
que o aceita: "E nova criatura: as coisas antigas já passaram; eis 
que se fizeram novas" (2 Coríntios 5:17).
A Bíblia apresenta-se a si mesma como alimento (Amós 8:11), 
como fogo (Jeremias 23:29), como luz (Salmo 119:105), como 
leite (1 Pedro 2:2), como mel (Salmo 19:10), como ouro (Salmo 
19:10), como espelho (Tiago 1:23-25), como martelo que esmiú- 
ça a penha (Jeremias 23:29), como espada (Efésios 6:17) e como 
semente (1 Pedro 1:23).
Como nos veio a Bíblia?
A palavra "bíblia", como plural de "biblion", que no grego 
significa "livro", sugere a idéia de livros, ou biblioteca. São 
Jerônimo usou a apropriada expressão "biblioteca divina" para 
as Sagradas Escrituras. A Bíblia, em realidade, compõe-se de 
uma coleção de 66 livros, sendo 39 no Antigo e 27 no Novo 
Testamento.
Para redigir a sua Palavra, Deus inspirou mais de 40 autores, 
dentre eles os estadistas José e Daniel, o legislador Moisés, o 
poeta Davi, o sábio Salomão, os profetas Isaías e Jeremias, o 
médico Lucas, o filósofo Paulo, o cobrador de impostos Mateus 
e os pescadores Pedro, Tiago e João. Estes e muitos outros 
gastaram dezesseis séculos na redação da Bíblia, começando 
por volta de 1500 antes de Cristo e terminando no final do 
primeiro século da nossa era. Mas, apesar das épocas, lugares e 
estilos diferentes em que os livros da Bíblia foram escritos, 
nenhum deles foge ao vínculo que a todos unifica: a pessoa do 
Messias, o Salvador do mundo.
A Bíblia divide-se em duas grandes partes: Antigo e Novo 
Testamento. O primeiro foi escrito originalmente na língua 
hebraica, com as seguintes passagens em aramaico: Daniel 2:4; 
7:28; Esdras 4:8-16, 18; 7:12-26, e se completou cerca de 434 
antes de Cristo. O Novo Testamento foi escrito no grego 
popular, o koinê, contendo também algumas frases em aramai­
co. Teve o seu surgimento entre os anos 53 e 96 d. C. Portanto, 
entre o último livro do Antigo Testamento e o primeiro do 
Novo há um lastro de quase quinhentos anos, no qual se insere
10 História, Milagres e Profecias da Bíblia
A Bíblia e Sua História 11
o período interbíblico, em que se escreveram os principais 
livros apócrifos, ou seja, não inspirados por Deus.
Segundo alguns eruditos, foram os escribas Esdras e Nee- 
mias que agruparam os livros do Antigo Testamento, por volta 
de 480 a.C., na grande reforma religiosa daquela época, pois 
até então os livros sagrados dos judeus permaneciam separa­
dos uns dos outros. É importante salientar que esses livros 
agrupados receberam o nome de Texto Massorético (a Massora — 
corpo de tradições), o único reconhecido pelos judeus como 
verdadeiro e digno de toda confiança. Nesse texto, ou nas 
cópias dele, baseiam-se as bíblias modernas, principalmente as 
editadas pelas sociedades bíblicas evangélicas.
Não havendo imprensa de qualquer espécie no período de 
sua escritura, todos os livros bíblicos foram redigidos à mão e 
divulgados por meio de cópias manuais. Os copiadores, 
chamados escribas, copistas ou massoretas, tinham tal respeito 
pelo texto sagrado e tão grande cuidado em não alterá-lo que, 
antes de iniciarem a copiação de qualquer parte da Bíblia, 
contavam o número de palavras e letras nela contidas. Dessa 
forma, esses homens sabiam o número exato das palavras e 
letras de cada um dos trinta e nove livros do Antigo Testamen­
to. Sabiam também quantas vezes ocorria cada letra. Os 
copistas não admitiam rasuras de espécie alguma. Se, depois 
de pronta uma cópia, fosse constatada nela algum erro, mesmo 
o mais simples, tal cópia era totalmente destruída.
Apesar das épocas remotas em que foram copiados os livros 
bíblicos, a arte da escrita já havia alcançado significativo 
progresso, principalmente quanto à qualidade da tinta: uma 
mistura de carvão com um líquido desconhecido, capaz de as 
conservar maravilhosamente durante muitos séculos.
O tipo de caneta usado pelos escribas dependia do material 
em que deveriam escrever. Se esse material era o pergaminho, 
usavam então uma cana cortada ou uma pena de ave. No caso 
de se escrever em cera, utilizavam um estilete metálico.
Antes da imprensa, o preço de um manuscrito da Bíblia era 
enorme, levando-se em conta o penoso trabalho dos copistas, o 
longo tempo gasto nessas escrituras e o elevado custo do 
material necessário: cerca de duzentos couros de cordeiros. 
Usavam-se também, secundariamente, outros tipos de "pa­
pel": o papiro, derivado de uma planta do mesmo nome, e o
ostrakon, pedaços de vasilhas de barro e tabuinhas enceradas, 
além de vários outros materiais.
As primeiras traduções
Como conseqüência dos setenta anos de cativeiro na Babilô­
nia e em virtude da forte influência do aramaico, a língua 
hebraica se enfraqueceu. Todavia, fiéis à tradição de preservar 
os oráculos em sua própria língua, os judeus não permitiam 
ainda fossem esses livros sagrados vertidos para outro idioma. 
Alguns séculos mais tarde, porém, essa atitude exclusivista e 
ortodoxa teria de dar lugar a um senso mais prático e liberal. 
Com o estabelecimento do império de Alexandre o Grande, a 
partir de 331 a.C ., o grego popularizou-se ao ponto de se tomar 
imprescindível uma tradução da Sagrada Escritura para essa 
língua.
Segundo o escritor Aresteas, a tradução grega foi feita por 
setenta e dois sábios judeus (daí o seu nome "Septuaginta"), na 
cidade de Alexandria, a partir de 285 a.C., a pedido de 
Demétrio Falario, bibliotecário do rei Ptolomeu Filadelfo. Ter­
minada trinta e nove anos mais tarde, essa versão assinalou o 
começo de uma grande obra que, além de preparar o mundo 
para o advento de Cristo, deveria tomar conhecida de todos os 
povos a Palavra de Deus. Na igreja primitiva, era essa versão 
conhecida de todos os crentes.
Nem todos os livros do Antigo Testamento, infelizmente, 
foram bem traduzidos na "Septuaginta", razão pela qual 
Orígenes, por volta de 228 d.C., compôs a Hexapla, ou versão 
de seis colunas, contendo a versão grega dos LXX e as três» 
traduções gregas do Antigo Testamento efetuadas por Áquila 
do Ponto, Teodoro de Éfeso e Símaco de Samaria, traduções 
estas realizadas, respectivamente, em 130, 160 e 218 d.C. Além 
destas, constavam nas duas últimas colunas o texto hebraico e 
o mesmo texto em grego. Esta grandiosa obra, constituída de 
cinqüenta volumes, perdeu-se provavelmente quando os sarra- 
cenos saquearam Cesaréia em653 d.C.
Em 382 d.C ., o bispo Dâmaso encarregou São Jerônimo de 
traduzir da Septuaginta para o latim o livro dos Salmos e o 
Novo Testamento, o que ele fez em três anos e meio. Mais 
tarde, um novo bispo assumia a direção da Igreja em Roma e 
percebia, com inveja, a grande cultura e a influência de
12 História, Milagres e Profecias da Bíblia
A Bíblia e Sua História 13
Jerônimo. Este, perseguido e humilhado, se dirige a Belém, na 
Terra Santa, e ali estuda e trabalha durante trinta e quatro anos 
na tradução de toda a Bíblia para a língua jatina. Jerônimo 
escreveu ainda vinte e quatro livros de comentários bíblicos, 
um conjunto de biografias de eremitas, duas histórias da igreja 
primitiva e diversos tratados. Mais tarde, a Bíblia de Jerônimo 
ficou conhecida por "Vulgata" (vulgar), sendo hoje usada pela 
Igreja Católica Romana como a autêntica versão das Escrituras 
em latim, apesar de muitos eruditos a acharem pobre e até 
conter falhas graves.
Códices e manuscritos bíblicos
A partir do quarto século depois de Cristo, os livros cristãos 
passaram a ser escritos em codex, palavra derivada de caudex, 
que era uma tabuinha coberta de cera na qual se escrevia com 
um estilete metálico (stylus). Reunidos por um cordão que 
passava por orifícios feitos no alto dos exemplares, à esquerda, 
os códices ficavam em forma de livro, portanto bem mais 
práticos de serem manuseados que os antigos rolos. Os mais 
importantes códices bíblicos são:
Sinaiticus, produzido cerca de 325 d.C., contém todo o 
Antigo Testamento grego, além das epístolas de Bamabé e 
parte do Pastor de Hermas. Foi encontrado pelo sábio alemão 
Constantino Tischendorf, em 1844, no mosteiro de Santa 
Catarina, situado na encosta do Sinai. Tischendorf viu 129 
páginas do manuscrito numa cesta de papel, para serem 
lançadas ao fogo. Percebendo o seu enorme valor, levou-as 
para a Europa. Em 1859 voltou ao mosteiro e encontrou as 
páginas restantes. Doada pelo seu descobridor a Alexandre II, 
da Rússia, essa preciosidade foi posteriormente comprada pela 
Inglaterra pela vultosa quantia de cem mil libras esterlinas. Está 
no Museu Britânico desde 1933.
Alexandrino, de meados do quarto século d.C., contém o 
Antigo Testamento grego e quase todo o Novo, com omissões 
de 24 capítulos de Mateus, cerca de quatro de João e oito da 
Segunda Carta aos Coríntios. Contém ainda a Primeira Epístola 
de Clemente de Roma e parte da Segunda. Está no Museu 
Britânico.
Outros famosos códices bíblicos são: o Vaticano, do quarto 
século d.C., contém o Antigo e o Novo Testamento com
omissões. Está na Biblioteca do Vaticano. O Efraemi, produzido 
por volta de 450 d.C., acha-se na Biblioteca Nacional de Paris. 
O Baza, encontrado por Teodoro Baza no mpsteiro de Santo 
Irineu, na França, em 1581, está vinculado ao quinto século 
d.C. e encontra-se atualmente na Biblioteca de Cambridge, 
Inglaterra. O códice Washington, produzido nos séculos quarto 
e quinto d.C., acha-se no museu Freer, na capital dos Estados 
Unidos.
Há, ainda, vários outros códices de menor importância, 
expostos em museus e bibliotecas de várias partes do mundo. 
Somente de livros do Novo Testamento, completos ou em 
fragmentos, conhecem-se hoje 156.
Em se tratando de manuscritos em rolos, o mais antigo e o 
mais importante de todos foi encontrado casualmente em 1947 
por um beduíno, numa bem dissimulada gruta nas proximida­
des de Jericó, junto ao mar Morto. Examinado pelo professor 
Sukenik, da Universidade Hebraica de Jerusalém, revelou-se 
pertencer ao terceiro século antes de Cristo. Contém o livro 
completo de Isaías e comentários de Habacuque, além de 
outras importantes informações sobre a época em que foi 
escondido. E mais conhecido como Rolo do Mar Morto.
Traduções renascentistas
Na segunda metade do século XIV, o valoroso inglês John 
Wicliffe reúne as palavras-chave dos duzentos dialetos falados 
em sua pátria e faz deles uma língua, para a qual traduz quase 
todas as Escrituras Sagradas, partindo-se da Vulgata Latina. Ao 
morrer, em 1384, sua grande obra foi continuada por John 
Purvey e concluída em 1388. As cópias dessa Bíblia foram 
objeto de grandes queimas públicas nos anos de 1410 e 1413, 
mas, pelo menos 170 delas ainda existem hoje.
Na Alemanha, entre os anos 1521 e 1522, o reformador 
Martinho Lutero traduz o Novo Testamento do grego para o 
alemão popular, iniciando em seguida a tradução de todo o 
Antigo Testamento diretamente do hebraico, terminando-o 
onze anos mais tarde, em 1534. Essa Bíblia de Lutero teve uma 
aceitação impressionante, pois apesar de ser inicialmente 
vendida a trezentos dólares o exemplar, os editores se apressa­
ram a publicar novas edições. Aos poucos foi o seu preço se 
reduzindo até que as pessoas mais pobres pudessem adquiri-la.
14 História, Milagres e Profecias da Bíblia
A Bíblia e Sm História 15
O inglês William Tyndale, contemporâneo de Lutero, em­
preendeu a grande tarefa de colocar a Bíblia na mão de seu 
povo. Para tanto, deixa a Inglaterra em 1524 e vai à Alemanha, 
uma vez que em sua pátria essa empreitada seria impossível. 
Ao cabo de um exaustivo ano de trabalho, Tyndale publica o 
Novo Testamento inglês, baseado nos dialetos que Wicliffe 
reunira. Em 1526, cerca de seis mil cópias da poderosa Palavra 
de Deus foram distribuídas secretamente em toda a Inglaterra.
Os inimigos da Bíblia, ao tomarem conhecimento dos fatos, 
moveram contra ela intensa perseguição, culminando com um 
grande espetáculo público no lugar denominado Cruz de 
Paulo, onde empilharam cento e cinqüenta cestos de Novos 
Testamentos e obrigaram os crentes a atearem o fogo. Foi uma 
queima tão grande que o povo, curioso, estava agora disposto a 
pagar qualquer preço pelo livro proibido. Assim, as impresso­
ras alemãs tiraram novas edições, que entraram na Inglaterra 
enriquecendo gananciosos comerciantes e espalhando a luz do 
evangelho nos redutos da tenebrosa idolatria.
Todavia, novos sofrimentos aguardavam ainda o povo de 
Deus. O bispo Tunstall e o cardeal Wolsey, líderes da oposição 
à Bíblia, "prenderam dezenas de pessoas, queimaram vivos 
todos os condenados à morte e enviaram agentes à Alemanha 
para prenderem Tyndale e o levarem vivo à Inglaterra. Este, 
percebendo o perigo que corria, refugiou-se em casa de Filipe, 
o Magnânimo, amigo da Reforma, e ali começou a estudar o 
hebraico e a traduzir o Antigo Testamento para o inglês. 
Infelizmente, só conseguiu traduzir até Crônicas, pois uma 
terrível perseguição aos protestantes varria a Europa naquela 
época. Tyndale foi preso e, quatorze meses mais tarde, no dia 6 
de outubro de 1536, estrangulado publicamente'. Em seguida 
queimaram o seu corpo" (Almeida, A., A Reforma Protestante, 
CPAD, Rio, 1983, p. 110).
Entretanto, durante o tempo em que esse valoroso homem 
de Deus esteve preso, o reino inglês passou por profundas 
transformações religiosas. Tunstall foi executado na Torre de 
Londres como traidor, e uma nova versão inglesa da Bíblia, 
feita por Miles Coverdale, foi distribuída gratuitamente ao 
povo. A Bíblia vencia, enfim, mais uma batalha.
Henrique III, ao abolir a autoridade papal, acabou promo­
vendo uma reforma religiosa em seu país. Porém, tal reforma
não agradou a todos, mesmo porque a nova religião ainda 
continuava com muitas práticas romanistas. Os que se confor­
maram com a situação religiosa vieram a se chamar anglicanos; 
os que queriam uma reforma mais profunda1, nos moldes da 
luterana, foram chamados de puritanos. Em 1603, o rei Tiago I, 
tão logo subiu ao trono inglês, convocou alguns dos mais 
eminentes anglicanos e puritanos para discutirem coisas erra­
das dentro da igreja. Havia muita contenda entre os dois lados, 
pois enquanto um usava a Bíblia do Bispo, o outro usava a de 
Genebra, ou calvinista. Cada partido religioso procurava de­
predar a Bíblia do outro. O rei Tiago indicou então uma 
comissão de cinqüenta e quatro eruditos dentre os dois grupos 
religiosos, a fim de preparar uma revisão perfeita e completa da 
Bíblia, que seria ofidalda Igreja da Inglaterra. A comissão, que 
mais tarde se reduziu a quarenta e sete sábios, em vez de 
revisar, preparou uma tradução direta das Escrituras Hebraicas 
e Gregas, trazendo à luz a famosa versão hoje conhecida por 
Versão do Rei Tiago, publicada em 1611. É ela um monumento 
de beleza literária que tem influendado profundamente todos 
os povos de língua inglesa.
Traduções modernas e contemporâneas
Desde o inído do século XVI — graças à Renascença, à 
invenção da imprensa em 1439 por Johann Gutenberg e 
prindpalmente ao movimento reformista chamado protestan­
te — a Bíblia tem falado cada vez em maior número de países, 
em virtude do inestimável trabalho dos missionários-tradu- 
tores. Vejamos alguns desses casos:
John Eliot, após vinte e sete anos de exaustivo trabalho, 
publicava, em 1661, o Novo Testamento na língua dos índios 
massachusetts, tribo dos Estados Unidos, hoje extinta.
Por volta de 1810, os missionários William Carey, William 
Ward e Josué Marshman já haviam traduzido a Bíblia toda para 
o bengali e o Novo Testamento para o sânscrito, o criiá, o 
marata, o hindustani, o guzerate, o lalmiga e o canarês.
Em 1815, a Sociedade Bíblica Russa, de São Petersburgo, 
publicava o Novo Testamento em persa, e no ano seguinte a 
Sodedade Bíblica Britânica e Estrangeira publicava o mesmo 
livro em árabe, frutos do trabalho do denodado missionário 
Henry Martyn.
16 História, Milagres e Profecias da Bíblia
A Bíblia e Sm História 17
O missionário Robert Morrison, em 1819, publicava a Bíblia 
completa em wenli puro, língua literária da China antiga. 
Nessa monumental obra Morrison foi ajudado pelo missionário 
William Milne, que traduziu dez livros do Antigo Testamento.
Por volta de 1830, Karl Friedrich Gutzlaff já havia traduzido 
os livros de Gênesis e Mateus para o japonês e o Novo 
Testamento completo para o siamês.
Samuel Isaac Joseph Schereschewxky, em 1873, terminava a 
tradução da Bíblia completa para o mandarim, língua falada na 
China. Na tradução do Novo Testamento, Schereschewxky 
contou com a ajuda de sete missionários. Mais tarde, já 
paralítico, o irmão Scherry (como lhe chamavam), revisou sua 
Bíblia em mandarim e ainda conseguiu traduzir toda a Palavra 
de Deus para o wenli popular, língua falada por um quarto dos 
habitantes da terra naquela época.
No ano de 1839, após 9 anos de intenso trabalho e estudo, os 
missionários Hiram Bingham e Thurstom publicavam a Bíblia 
completa na língua havaiana. Cerca de cinqüenta anos mais 
tarde, o filho de Hiram Bingham, do mesmo nome, traduziu 
para a língua gilbertence o Evangelho de Mateus. Foram 
necessários quarenta anos de sofrimento sem conta e estudos 
constantes para que essa tradução se tomasse realidade. Com 
seus pais e Thurstom, Bingham compilou as palavras, criou o 
alfabeto, preparou um dicionário e uma gramática para uma 
língua não escrita.
Adoniram Judson, missionário norte-americano à Birmânia, 
após 22 anos de trabalho sob constante perseguição, publicou 
sua Bíblia birmaniana em 1835.
Os missionários Thomas S. Williamson, Gideon H. Pond e 
Stephen R. Riggs trabalharam durante quarenta anos na 
tradução da Bíblia para a língua dos índios Dakota, tribo norte* 
-americana, hoje extinta. Publicaram-na em 1880.
Em língua portuguesa temos a tradução de João Ferreira de 
Almeida, ministro protestante da Igreja Reformada Holandesa, 
traduzida diretamente dos originais hebraicos e gregos. Almei­
da teria feito sua tradução em Java, Oceania, em fins do século 
XVn. Essa Bíblia foi revisada e publicada em 1819. Outras 
versões em português: a do padre Antônio Pereira de Figueire­
do, publicada em 1821, a do padre Mattos Soares e a Tradução 
Brasileira, publicadas no início deste século.
Em inglês podemos citar, além da célebre Versão do Rei 
Tiago, a "American Standard Version" e a "Revised Standard 
Version", editadas respectivamente em 190^ e 1952.
Uma obra de grande valor literário, que merece ser aqui 
citada, é a Bíblia em esperanto, tradução da Sociedade Bíblica 
Britânica e Estrangeira. Por ser o esperanto uma língua 
internacional, moderna, precisa e flexível, a Palavra de Deus 
nessa língua tem sido lida por milhares de pessoas, com muito 
proveito para a causa do evangelho.
Sociedades bíblicas
Em se tratando do importante papel que as sociedades 
bíblicas vêm desempenhando na evangelização dos povos, 
seriamos injustos com nossos leitores se nos esquecêssemos de 
alguém que muito contribuiu para a formação dessas abençoa­
das sociedades: a menina Mary Jones.
Filha de modestos operários, Mary teve como berço natal a 
aldeia de Bala, País de Gales, Inglaterra, pacato vilarejo que 
nem escolas possuía. Sem esperança de poder um dia ler a 
Palavra de Deus por falta de instrução, Mary foi surpreendida 
por uma iniciativa do governo, que resolveu criar uma escola 
naquela localidade. Com muita alegria ela se matriculou e 
aprendeu a ler rapidamente.
— Se eu tivesse um exemplar da Palavra de Deus poderia lê- 
-lo diariamente e instruir-me — disse Mary muitas vezes. Mas 
as Bíblias, naquele tempo, além de raras eram caríssimas.
Todavia, Deus está sempre pronto a atender àqueles que 
amam a sua Palavra. Uma senhora ouviu falar da menina que 
tanto desejava ler a Bíblia, e como possuísse uma, colocou-a à 
disposição de Mary. Esta, cheia de contentamento, ia todos os 
dias, após a escola, à casa da bondosa senhora a fim de ler o 
Santo Livro. A leitura impressionou-a de tal forma que julgava 
não poder mais passar sem a Palavra de Deus.
— Se eu tivesse uma Bíblia que fosse só minha, como a 
estimaria! — dizia ela consigo mesma.
Depois de muito pensar, Mary resolveu economizar tudo o 
que ganhava para comprar uma Bíblia. Ao fim de seis longos 
anos, abriu o cofre e viu que já possuía dinheiro suficiente 
para adquirir uma. Obteve permissão e se dirigiu à cidade, 
distante vinte e cinco quilômetros, mas quando chegou à
18 História, Milagres e Profecias da Bíblia
A Bíblia e Sua História 19
única casa que as vendia, ouviu a triste notícia:
— As duas únicas que tenho já estão vendidas; não as posso 
ceder.
Um soluço ressoou pela sala. Mary Jones chorava sentida- 
mente. Economizara durante seis anos, privando-se de brin­
quedos que outras crianças usavam, e, após tão longa caminha­
da, não conseguira o que tanto desejava!
O comerciante, entretanto, ficou de tal maneira comovido 
que resolveu vender uma Bíblia à menina, embora deixasse de 
atender a outro cliente.
Mary enxugou as lágrimas, entregou as moedas e recebeu o 
Livro que tanto amava, abraçando-o fortemente e sorrindo de 
alegria.
O poder de vontade da pequena Mary e seu profundo amor à 
Palavra de Deus foi uma bênção para todos os crentes. 
Sensibilizados, alguns líderes evangélicos resolveram organizar 
uma sociedade que se dedicasse à edição e distribuição da 
Sagrada Escritura em todo o mundo, nascendo assim, em 1804, 
a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira. Através de suas 
milhares de agências e instituições afiliadas, essa célebre 
entidade distribuiu, desde a sua fundação até 1984, perto de 
um bilhão de exemplares da Palavra de Deus, em quase mil 
línguas.
Imitando a feliz iniciativa dos pioneiros ingleses, evangélicos 
da América do Norte fundaram em 1816 a sua Sociedade Bíblica 
Americana, organização que vem ocupando os primeiros 
lugares na circulação da Palavra de Deus, tendo já distribuído 
mais de um bilhão de exemplares da Bíblia em mais de 1.100 
línguas e dialetos.
Além destas, duas centenas de entidades similares estão 
empenhadas na grande obra de semear a Palavra de Deus em 
toda a terra, e essa gloriosa semeadura está assumindo em nossos 
dias proporções gigantescas: centenas de milhões de Escrituras 
completas ou em parte estão sendo distribuídas anualmente, 
especialmente nos países islâmicos e comunistas, entre estes 
últimos o Vietnã e a China. Desse grande esforço, que objetiva 
colocar a Palavra de Deus em todos os lares do mundo, participa 
ativamente a Sociedade Bíblica do Brasil, fundadaem 1948, que 
distribui, no Brasil e em outros países de língua portuguesa, 
dezenas de milhões de Escrituras, no todo ou em parte.
A Bíblia lidera traduções
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, 
Ciência e Cultura (UNESCO), a Bíblia tem superado largamen­
te, em traduções, as obras de Lenin, Marx, Júlio Veme, Pablo 
Neruda e todos os outros escritores de renome. No Catálogo 
dessa entidade, intitulado "Index Translationum", a UNESCO 
chegou à conclusão de que "as leituras da infância alimentam o 
espírito dos adultos", destacando que, como em outros tem­
pos, curiosamente as crianças continuam amando os contos de 
fadas do alemão Guilherme Grimm (1786-1859) e do dinamar­
quês Christian Anderson (1805-1875).
A Bíblia, entretanto, cuja primeira tradução completa remon­
ta ao século IV d.C., vem mantendo a liderança em todo o 
mundo. Disponível hoje em cerca de duas mil línguas e 
dialetos, continua ela sendo o livro mais traduzido. Isso é 
deveras surpreendente, quando sabemos tratar-se de um dos 
mais antigos livros que se conhecem! Moisés escreveu o 
Pentateuco (Gênesis a Deuteronômio) cerca de setecentos anos 
antes de Homero escrever a "Díada" e a "Odisséia". Davi 
escreveu seus Salmos pelo menos seiscentos anos antes do 
nascimento de Heródoto. Trezentos anos antes de Tales de 
Mileto começar a ensinar Matemática, Astronomia e Filosofia, o 
sábio Salomão já havia escrito "Provérbios", "Eclesiastes" e 
"Cantares".
Partindo-se da premissa de que 950 em cada mil livros ficam 
no esquecimento depois de apenas sete anos, a Palavra de 
Deus surpreende pela sua incomparável aceitação. Decidida­
mente, a Bíblia Sagrada não pode ser comparada às demais 
obras, quer religiosas quer clássicas. A cada ano, cerca de 500 
milhões de exemplares são distribuídos em todas as nações.
Mas a Bíblia, para vencer, jamais contou com o auxílio da 
maioria. Nações inteiras, religiosos fanáticos e pensadores 
céticos se têm levantado ardorosamente contra ela, numa 
satânica tentativa de fazê-la desaparecer da face da terra. 
Voltaire, por exemplo, depois de intensa campanha, declarou: 
"Dentro de cem anos o Cristianismo deixará de existir." 
Entretanto, as impressoras de Voltaire, cem anos depois, foram 
usadas para imprimir a Bíblia que ele com tanto afinco tentou 
destruir, e a casa em que ele morava, na cidade de Genebra,
20 História, Milagres e Profecias da Bíblia
A Bíblia e Sm História 21
serve hoje como depósito de uma sociedade bíblica. Thomas 
Paine, outro ferrenho inimigo da Bíblia, declarou aos quatro 
ventos que a demoliria. Pobre homem! Paine morreu em 
desespero e a Palavra de Deus continua a viver e a dar vida 
abundante a milhões de criaturas em todo o mundo.
As traduções do Livro de Deus, que abrangem as línguas de 
cerca de noventa e sete por cento da população do mundo, 
lançaram em todos os continentes as bases de uma nova 
sociedade, livre e cristã, e abriram a porta da educação e do 
progresso a povos outrora mergulhados nas densas trevas do 
paganismo.
Analisando a situação mundial à luz da Bíblia, percebe-se 
que os ensinos desta, se adotados pelas nações, resolveriam os 
seus problemas. Provérbios 22:6 ordena os pais a que instruam 
os filhos no caminho reto. Romanos 13:67 ensina os industriais 
e comerciantes a pagarem devidamente as taxas impostas pela 
lei. 1 Timóteo 6:1 ordena que os empregados trabalhem hones­
tamente. Romanos 13:1-5 ordena ao povo em geral que ore 
pelos governantes e obedeça às autoridades. 1 Timóteo 2:1-3 
ensina que todos devemos colaborar com o Governo, orando 
por ele, para que Deus lhe dê uma administração sábia e 
segura. Tanto este texto como o de Romanos 13:1-5 partem do 
princípio de que as autoridades, como ministros de Deus, 
devem ser justas, que castigam os maus e louvam os bons. 
Estas passagens, se postas em prática, não modificariam a 
situação do mundo?
Outra razão que toma a Bíblia o mais precioso livro do 
mundo é a sua atualidade. Embora escrita há milênios, sua 
mensagem é hoje mais atual "do que o jornal que vai circular 
amanhã", usando as palavras do evangelista Billy Graham. As 
outras obras, mesmo as mais famosas, perdem a atualidade 
porque se prendem à vida presente. A Bíblia, no entanto, trata 
tanto desta como da outra vida, abrangendo o presente e o 
futuro. Que o Senhor nos ajude a amar, obedecer e anunciar a 
mensagem de Deus ao mundo, pois é através dela que o 
pecador aceita pela fé o Salvador Jesus em seu coração e passa a 
viver em novidade de vida.
As novas versões
A venda de um exemplar da Bíblia de Gutenberg, dos mais
raros do mundo, foi feita em 1978 pelo negociante de livros, 
Hans P. Kraus, de Nova York, ao Museu Gutenberg, em 
Mains, Alemanha Ocidental, por um milhão^e oitocentos mil 
dólares. Em 1970, outra Bíblia, também impressa há mais de 
500 anos pelo inventor da imprensa, foi adquirida por Kraus 
Arthur A. Hourhton Jr., presidente da Steuben Glass e ex- 
-presidente do "Metropolitan Museum of Art", exatamente 
pelo mesmo preço.
A descoberta da imprensa contribuiu de maneira impressio­
nante para a divulgação da Palavra de Deus em todo o mundo. 
O inventor da tipografia — que fez uma tiragem de 200 
exemplares da Bíblia — certamente não poderia supor que 
aquele livro alcançasse mais de dois bilhões de exemplares 
vendidos nos cinco séculos seguintes. De acordo com os 
colecionadores de livros antigos, existem apenas 48 exemplares 
da Bíblia de Gutenberg, 47 deles em poder de instituições e 
apenas um em mãos de particulares. Embora quase todos 
incompletos, o seu valor é imenso, como raro documento 
histórico.
Segundo uma agência londrina de notícias, a Bíblia está 
encontrando uma multidão de novos compradores e de novos 
leitores. O sucesso de venda decorre de uma nova tradução 
publicada em Londres, em 1979. Trata-se da "Versão Interna­
cional", fruto do trabalho de 105 estudiosos, residentes em 
vários países. Foram necessários dez anos para redigi-la e dois 
milhões de dólares para produzi-la. Nos Estados Unidos, em 
apenas nove meses depois de lançada, ela vendeu dois milhões 
de exemplares.
A "Versão Internacional" é a oitava tradução em inglês desde 
o final da Segunda Guerra Mundial. Um porta-voz da Socieda­
de Bíblica Britânica e Estrangeira afirmou: "Até agora estas oito 
traduções venderam 100 milhões de exemplares da Bíblia". Os 
seus editores não conseguem explicar a razão do incrível êxito 
das novas traduções da Bíblia, uma vez que as pessoas parecem 
cada vez mais indiferentes ao culto cristão, mas reconhecem 
que tal paradoxo não deixa de ser uma boa novidade, e não 
apenas para os comerciantes.
Dentre essas oito traduções, da que recebeu o título de "Boas 
Notícias" foram vendidos sete milhões de exemplares em três 
anos. A "Bíblia Viva", que é mais uma paráfrase, vendeu mais
22 História, Milagres e Profecias da Bíblia
A Bíblia e Sm História 23
de 23 milhões de exemplares em oito anos. A "Nova Bíblia 
Inglesa", editada em 1970, vendeu 10 milhões de exemplares 
em dez anos.
Eduardo England, funcionário da editora da Nova Versão 
Internacional vê a necessidade dessas muitas traduções da 
Escritura Sagrada: "Acredito que se trata da mesma obra, 
apresentada em níveis diferentes. É como ter roupas para 
diversas ocasiões. A antiga Versão Autorizada do Rei Tiago, 
remonta a 1611: é a Bíblia de luxo. A Bíblia 'Boas Notícias' é a 
Bíblia tipo esportiva. A 'Bíblia Viva' é uma paráfrase, por assim 
dizer, em pijamas. Quanto à nova Versão Internacional, é a 
Bíblia em roupas de homens de negócios. É frugal, terra a terra, 
em nada sensacional".
England cita, como exemplo, as diferentes formas assumidas 
pelo primeiro versículo do Gênesis. As célebres palavras que 
remontam a 1611 são: "N o princípio Deus criou o céu e a Terra; 
e a Terra era sem forma e vazia. E havia escuridão sobre a face 
das profundezas". A nova Versão Internacional diz: "No 
princípio Deus criou os céus e a Terra. Ora, a Terra era informe 
e vazia; e havia escuridão sobre a superfíciedas profundezas".
Também no mundo comunista
O periódico brasileiro, "Jornal do Comércio", edição de 23 de 
outubro de 1979, publicou interessante matéria acerca da 
colocação da Bíblia Sagrada no mundo comunista. O artigo diz 
o seguinte:
"A guerra fria pode ter acabado, mas a guerra santa entre o 
Ocidente e o bloco comunista continua. Entre as armas mais 
poderosas usadas por algumas nações membros da Aliança 
Atlântica para penetrar na cortina-de-ferro está a Bíblia. Calcu­
la-se que nada menos que quarenta diferentes organizações nos 
Estados Unidos e na Europa estão engajadas em contrabandear 
cópias das Sagradas Escrituras na Rússia e em outros países 
comunistas.
"Este tráfico não é novo. Sabe-se que, pelo menos desde a 
década de 60, viajantes, quando transitavam pela Europa 
Oriental, carregavam exemplares da Bíblia e outra literatura 
religiosa na bagagem de mão. Muitos turistas, desde velhas 
senhoras de aspecto inocente até estudantes universitários, 
sofriam de ataques de amnésia ao chegar em solo comunista.
Aconteda-lhes então esquecer em hotéis, lavatórios públicos, 
taxis ou ônibus, cópias que eram apanhadas pela população 
daqueles países.
"Em 1972, um inglês, David Tathaway, foi sentendado a 10 
meses de prisão na Tchecoslováquia por levar quantidades de 
livros religiosos e Bíblias através da fronteira num ônibus de 
turistas. Desde então, guardas de fronteira e inspetores de 
alfândegas aprenderam como deter ou pelo menos desencora­
jar este comérdo. Isto compeliu os Trabalhadores de Deus ou os 
Evangelistas Contrabandistas a adotar métodos mais sofisticados. 
Eles agora estão invocando a ajuda dos elementos. Os russos, 
em feriados à margem do mar Negro e do Báltico, colhem 
pequenas sacolas de plástico flutuantes ao sabor das marés, 
para acabar encontrando Bíblias em miniatura escritas em sua 
própria língua. Cuidadosos estudos do vento e das correntes 
oceânicas possibilitam aos contrabandistas enviar grandes 
quantidades desta literatura subversiva, apesar da vigilânda 
cada vez maior. Os que colhem os envelopes plásticos desco­
brem que, além da literatura evangélica, há uma pequena 
recompensa em forma de goma de mascar. Até mesmo o não- 
-crente comunista tomou-se hoje um pesquisador da verdade 
cristã nas praias. Uma Bíblia em russo encontra logo um 
mercado clandestino, enquanto a goma de mascar continua a 
ser um raro petisco no outro lado da cortina-de-ferro. As 
autoridades soviéticas estão furiosas com este assalto em suas 
praias."
Certos homens, por sua arrogânda e ambição, não se detêm 
diante das armas mais modernas e poderosas, mas recuam ante 
o poder da Palavra de Deus. Hitler zombava das nações bem 
armadas que se aliaram para combatê-lo, mas temia um homem 
que não possuía outra arma senão a Bíblia. O nome dele era 
Martinho Niemobler. A arma de Niemobler era tão poderosa 
que estremeceu o homem que fez tremer o mundo.
A página que não foi escrita
Depois de havermos acompanhado as Sagradas Escrituras 
em sua vitoriosa marcha no afã de falar a muitos povos, em 
muitas terras e em muitas línguas, desejamos afirmar que a 
página mais importante da história da Bíblia não está ao nosso 
alcance, e, portanto, não a podemos transcrever aqui. Ela
24 História, Milagres e Profecias da Bíblia
A Bíblia e Sm História 25
pertence a Deus, pois só ele conhece o número dos que se 
chegaram a ele guiados por sua Palavra escrita. Só Deus 
conhece todas as circunstâncias em que as páginas eternas se 
escreveram. Só ele acompanhou de perto sua Palavra, velando 
para que ela cumprisse fielmente seus nobres objetivos e 
criando condições para o cumprimento, no tempo oportuno, de 
toda a palavra profética, pois ele vela sobre a sua Palavra para a 
cumprir.
Contudo, mesmo que nos fosse revelada essa história secreta 
da Bíblia, faltar-nos-ia competência para escrevê-la em toda a 
sua beleza e profundidade. Limitar-nos-íamos a registrar que 
muitos milhões de abnegados cristãos foram tachados de 
hereges e martirizados por não abjurarem a fé no Livro de 
Deus; que homens, mulheres e crianças piedosos viveram 
errantes pelos desertos, escondidos nas montanhas e cavernas, 
tudo sofrendo e tudo suportando para que esse livro bendito 
sobrevivesse, trazendo a nós, hoje, sua divina mensagem de 
paz e esperança. Falaríamos também da angústia e dos sofri­
mentos que os fiéis servos de Jesus suportaram nos obscuros 
séculos medievais, quando os eclesiásticos, obstinados no 
fanatismo sectário e declaradamente antibíblico, tudo fizeram 
para bani-la da terra. Mas, por outro lado, falaríamos também 
da paz que transbordava os corações crentes, do sincero louvor 
e das ardentes orações, espontaneamente brotadas de suas 
almas cheias de uma felicidade mais forte que os horrores de 
uma perseguição implacável. Esses odiados "hereges" nada 
possuíam nesta vida, e, no entanto, eram os amados de Deus, 
possuidores de tudo: uma fé inabalável nas infalíveis promes­
sas do santo Livro de Deus.
Esse glorioso livro, leitor amigo, tão popular e tão acessível a 
todos, traz-nos hoje as mesmas palavras que animaram e 
confortaram nossos irmãos nos séculos idos, quando à força 
eram lançados às feras ou brutalmente pendurados em estacas 
a fim de serem queimados vivos pelo crime único de amarem a 
Deus e permanecerem fiéis à sua Palavra.
Permita Deus que, ao compulsarmos o Santo Livro, possa­
mos recordar as sábias palavras de Dante Alighieri, o maior dos 
literatos italianos: "Nada provoca em tão alto grau a ira celestial 
como o forçar o Livro de Deus a ceder ante a autoridade 
humana ou apartá-lo da sua retidão, sem calcular quanto
sangue custou o semeá-lo no mundo e quanto proveito recebe
aquele que com humildade se aproxima dele".
Certo homem sonhou que, ao abrir a Bíblia para conferir uma 
citação, achou todas as páginas em branco. Maravilhado, 
apressou-se a ir à casa de um vizinho, despertando-o do sono e 
pedindo que lhe mostrasse sua Bíblia. Mas, quando a recebeu, 
achou-a também com as páginas em branco. Eles então 
disseram: "Vamos às bibliotecas e recolhamos dos grandes 
livros todas as citações das Escrituras, e assim faremos nossa 
Bíblia de novo". Mas, quando examinaram todos os livros nas 
prateleiras de todas as bibliotecas, acharam em branco todos os 
lugares onde havia antes citações das Escrituras. Ao despertar, 
o homem tinha o rosto coberto de suor frio por causa da agonia 
que sentiu enquanto sonhava. Quão grandes seriam as trevas 
aqui neste mundo se não tivéssemos a Bíblia! Os homens 
seriam como náufragos em alto mar.
O célebre compositor Haendel morreu em Londres em 1759. 
Havia algum tempo que se encontrava cego. Sobre o seu leito 
de morte, na hora derradeira, pediu a seu fiel servidor João que 
lesse o Salmo 91: "O que habita no esconderijo do Altíssimo, e 
descansa à sombra do Onipotente, diz ao Senhor: Meu refúgio 
e meu baluarte, Deus meu, em quem confio. . . Porque a mim 
se apegou com amor, eu o livrarei; pô-lo-ei a salvo, porque 
conhece o meu nom e." Terminada a leitura, Haendel excla­
mou: "Como é bom! Eis um alimento que satisfaz e que 
restaura! Lê-me mais qualquer coisa; todo o capítulo 15 da 
Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios." João leu o que o seu 
mestre ordenava e várias vezes o doente interrompia para 
dizer: "Pára, repete isso outra vez."
Alguns instantes depois, quis que lhe lesse, na antologia de 
cânticos, o que sua mãe amava tão particularmente: "Tenho 
plena segurança na fé que me une a Cristo." Suas últimas 
palavras foram: "Senhor Jesus, recebe o meu espírito".
Sobre o seu túmulo, na Abadia de Westminster, uma estátua 
representa-o diante de um órgão. Ele tem nas mãos uma 
partitura musical na qual se lêem estas palavras: "Eu sei que o 
meu Redentor vive" (Jó 19:25).
26 História, Milagres e Profecias da Bíblia
2
A Bíblia e 
Seu Poder
A Bíblia emparedada
Há mais de um século, quando ainda não existia o túnel de 
São Gotardo, os que se dirigiam à Suíça procedentes da Itália, 
ou vice-versa, tinham de transporo desfiladeiro do mesmo 
nome a pé, o que exigia muito tempo. Como era comum 
naquele tempo viajar-se em grupos, alguns pedreiros de 
Lugano se dirigiam à Suíça em busca de melhores salários. 
Entre estes estava Antônio, um jovem que depois de evangeli- 
zado por uma senhora, ganhara desta uma Bíblia de luxo, 
encadernada a couro. Embora a recebesse, não se interessou 
em lê-la, pois não queria saber nada do Cristianismo.
Já em seu posto de trabalho em Glarus, Antônio, enquanto 
ajudava na construção de um edifício, zombava e praguejava 
com os colegas de tudo que fosse sagrado. De repente, ao 
rebocar uma parede, deparou com um vão que devia ser 
preenchido com um tijolo. Subitamente lembrou-se da Bíblia 
em sua bagagem e disse aos colegas:
— Camaradas, ocorre-me uma boa brincadeira. Vou colocar 
esta Bíblia neste vão.
Em virtude do tamanho, a Bíblia foi espremida, danificando a 
encadernação.
— Vejam, — disse Antônio — agora reboco à frente e quero 
ver se o diabo consegue tirá-la daqui!
Semanas mais tarde ele voltou à sua pátria.
No dia 10 de maio de 1851, irrompeu em Glarus um grande 
incêndio que destruiu 490 edifícios. Embora a cidade toda
28 História, Milagres e Profecias da Bíblia
estivesse em ruínas, decidiu-se reconstruí-la.
Um pedreiro perito do norte da Itália, de nome João, foi 
incumbido de examinar uma residência ainda nova, porém 
parcialmente destruída. Batendo com seu martelo em diversos 
pontos de uma parede intacta, a certa altura deslocou-se uma 
parte do reboco e surgiu um livro embutido na parede. 
Bastante admirado ele o puxou. Era uma Bíblia. . . Como teria 
ido parar ali? Era-lhe inexplicável, especialmente porque já 
possuíra uma, mas tinham-na tomado. "Esta eles não me 
tomarão", cogitou.
João tomou-se um leitor da Bíblia em toda as suas horas 
livres. Embora entendesse apenas algumas partes dos Evange­
lhos e dos Salmos,'aprendeu e compreendeu que era um 
pecador. Descobriu também que Deus o amava e que poderia 
obter o perdão dos seus pecados pela fé no Senhor Jesus. 
Quando, no outono, regressou à sua pátria e à sua família, 
anunciou por toda a parte a sua salvação em Cristo.
Munido de uma mala de bíblias, João aproveitava suas horas 
livres para divulgar o evangelho. Assim, chegou ele à região 
onde residia Antônio e armou sua estante de bíblias numa 
feira. Quando Antônio, perambulando pela feira, parou diante 
da estante de João, disse:
— Ora, bíblias! Disso não preciso. Basta-me ir a Glarus, pois 
lá tenho uma bem escondida na parede. Gostaria de saber se o 
diabo consegue tirá-la dali.
João fitou o homem seriamente e disse:
— Tome cuidado, jovem! Zombar é fácil. O que você diria se 
eu lhe mostrasse a tal Bíblia?
— Você não me enganaria — replicou Antônio. — Reconhe­
cê-la-ia imediatamente, pois ela está marcada. — E asseverou:
— Nem o diabo consegue tirá-la da parede!
João buscou a Bíblia e perguntou:
— Amigo, reconhece esta marca?
Ao ver a Bíblia danificada, Antônio calou-se, perplexo.
— Você está vendo? No entanto não foi o diabo quem a 
retirou da parede, mas Deus, para que você pudesse reconhe­
cer que ele vive. Ele quer salvá-lo também.
Nesse instante, embora com sua consciência o acusando, 
Antônio extravasou todo o ódio acumulado contra Deus. 
Chamou os amigos:
A Bíblia e Seu Poder 29
_• Ei, colegas! O que este sujeito, com sua estante religiosa, 
procura aqui?
Em poucos segundos a estante de João estava arrasada e ele 
mesmo violentamente agredido. Os agressores rapidamente 
desapareceram entre o povo.
Desde então Antônio revoltava-se cada vez mais contra 
Deus. Certo dia, depois de beber em demasia, caiu do andaime 
a dezessete metros de altura e foi hospitalizado em estado 
grave. João, ao saber do addente, foi visitá-lo no hospital. 
Embora impressionado com a atitude de João, o coração de 
Antônio continuava empedernido. João o visitou cada semana. 
Decorrido algum tempo, o addentado começou a ler a Bíblia, 
inicialmente como passatempo, e mais tarde com interesse. 
Certa ocasião leu em Hebreus 12:5: "Filho meu, não menospre­
zes a correção que vem do Senhor".
Ora, isso se ajustava bem a seu caso. Antônio prosseguiu a 
leitura, e a Palavra de Deus, capaz de esmiuçar a penha, passou 
a operar em sua vida. Reconheceu sua culpa e confessou-a a 
Deus. Creu verdadeiramente na obra de Cristo consumada na 
craz. Sua alma convalescera, porém seu quadril, paralisado, o 
incapadtava para a sua antiga profissão. Encontrou um serviço 
condizente com suas aptidões, e, mais tarde, casou-se com a 
filha de João, agora seu sogro, amigo e pai na fé.
Antônio já está, há muito, na pátria celestial, mas a Bíblia por 
ele emparedada permanece como uma valiosa herança de seus 
descendentes.
* * *
Quando Wung Fu, chinezinho incorrigível, começou a ler a 
Bíblia, os que o conhedam notaram nele uma transformação 
radical, inclusive a sua professora. Esta perguntou-lhe:
— Que aconteceu, Wung? Você não é mais o mesmo! Não 
predso mais repreendê-lo nem castigá-lo. Já não mente como 
antes e não provoca os outros à briga. O que está acontecendo 
com você?
— É simples, professora, — disse Wung Fu. —• Ê que eu 
agora estou lendo a Bíblia!
Razão tinha o evangelista Moody ao colocar, na capa da sua 
Bíblia, como solene advertênda e sublime lembrança, estas 
palavras: "Este livro me fará evitar o pecado, ou o pecado me 
fará evitar este livro".
30 História, Milagres e Profecias da Bíblia
O livro empenhado
Aos dezessete anos, W. P. Mackay deixou seu humilde lar na 
Escócia para estudar medicina numa Universidade. Como 
recordação, sua mãe deu-lhe uma Bíblia com uma dedicatória e 
um texto bíblico.
O jovem conhecia a história da redenção e não podia se 
esquecer do ensino que havia recebido na sua meninice. 
Durante algum tempo, a recordação da fé radiante de sua 
querida mãe imunizou-o contra as tentações da vida universitá­
ria, mas, como nunca se tinha realmente convertido e consagra­
do sua vida a Deus, suas convicções enfraqueceram e ele 
começou a mergulhar-se no pecado.
Depois de formado, buscou a companhia de ateus, bêbados e 
depravados, e acabou sendo eleito presidente de um clube de 
ateus, cujos membros viviam dissolutamente, sem quaisquer 
restrições morais. A vida de pecado de Mackay quebrantou o 
coração da mãe, que continuou a orar pela salvação do filho até 
passar para o Senhor.
Mackay, entretanto, por ser inteligente, passou a fazer parte 
da equipe médica de um hospital. Ganhava muito dinheiro, 
mas esbanjava com bebidas e outros vícios. Certa ocasião, sob o 
efeito do áicool, empenhou por um copo de bebida a Bíblia que 
sua mãe lhe dera.
Tempos depois, Mackay estava de plantão no hospital 
quando lhe trouxeram um pedreiro, vítima de uma grave 
quebra do andaime. O doutor, ao tratar do ferido, ficou muito 
impressionado pela tranqüilidade deste e sua radiante alegria. 
Não pôde impedir que a recordação de sua mãe cruzasse, 
fugaz, a sua memória. O ferido, embora sofrendo muito, 
esboçou um sorriso e perguntou:
— Que me diz, doutor?
*
— E minha opinião que sarará — respondeu o médico.
— Não, doutor, não é uma simples opinião que lhe peço — 
respondeu afavelmente o homem. E acrescentou: —• A verdade 
não me assusta. Se morrer, sei que serei levado à presença de 
Jesus Cristo, pois ele prometeu que o que a ele for não será 
lançado fora. Faz um ano que a ele recorri, aceitando-o como 
meu Salvador. Estou preparado para morrer. Mas quero que 
me diga a verdade: sararei ou não?
A Bíblia e Seu Poder 31
— Só lhe restam três horas de vida — foi a lacônica resposta 
do médico.
A calma expressão do paciente, reflexo da sua paz interior, 
não sofreu nenhuma alteração.
— Vou pedir-lhe um último favor, doutor, — disse lenta­
mente. — Num dos meus bolsos encontrará um cheque. 
Queira enviá-lo à dona da casa onde me hospedo e diga-lhe que 
me mande o livro.
— Que livro? — perguntou Mackay.
— Oh, o Livro — respondeu o paciente. — Ela sabe.
O médico providenciou para que fosse satisfeito o desejo do 
doente e retirou-se.Entretanto, as palavras "a verdade não me 
assusta, estou preparado para morrer", ressoavam ainda aos 
seus ouvidos.
Mackay, insensível como era diante do sofrimento alheio, 
jamais demonstrava por um paciente um interesse mais que 
profissional. Não obstante, depois de atender os outros enfer­
mos, voltou ao quarto onde se encontrava o pedreiro.
— Morreu há pouco — disse-lhe a enfermeira.
— Recebeu o livro? — perguntou o médico.
— Sim, trouxeram-lhe momentos antes de morrer.
— O que era? O seu talão de cheques, talvez?
— Não, não era um talão de cheques. Está debaixo do seu 
travesseiro.
O médico dirigiu-se à cama do pedreiro, levantou o travessei­
ro e retirou uma Bíblia. Abriu-a na primeira página e os seus 
olhos pousaram imediatamente na dedicatória escrita por sua 
piedosa mãe! Sentiu um nó na garganta. Ali estava a Bíblia que 
tinha empenhado!
Com o livro debaixo do braço, dirigiu-se ao seu gabinete 
particular. Ali, abriu-a e leu novamente as palavras que nela 
escrevera a mãe. E pensar que esse livro, que ele jamais lera e 
que empenhara por uma bagatela, havia sido o instrumento 
que guiara uma alma aos pés do Salvador, que a iluminara nos 
seus derradeiros momentos e que viera a cair de novo em suas 
mãos!
Enquanto lia o precioso volume, notou que muitos versículos 
estavam sublinhados. Sua mãe os havia marcado para que 
despertassem a atenção do filho. E agora, depois de tantos anos 
estragados, começou a meditar nesses versículos.
32 HistóriaM ilagres e Profecias da Bíblia
Algumas horas se escoaram. Antes de abrir a porta de seu 
consultório para prosseguir nos seus deveres profissionais, 
Mackay ajoelhou-se e pediu perdão a Deus. E aquele homem, 
de coração insensível e vida dissoluta, converteu-se num crente 
humilde e agradecido. Era nova criatura, pois a vida velha 
passara.
W. P, Mackay, o médico, abraçou posteriormente o ministé­
rio da Palavra. Pregou o evangelho, e foram muitos os que por 
seu intermédio aceitaram a Cristo, As orações feitas com tanto 
fervor e persistência pela sua mãe, durante a vida, receberam 
gloriosa resposta depois de sua morte. Quão fiel é o nosso 
Deus!
* * *
Gabriela Mistral, poetisa chilena, afirmou: "A Bíblia é para 
mim o livro. Não vejo como alguém possa viver sem ele, a não 
ser que se tome pobre, nem como pode ser forte sem este 
alimento, nem doce sem este mel".
* * *
"Há um livro que desde a primeira letra até a última é uma 
emanação superior. . . um livro que contém toda a sabedoria 
divina; um livro que a sabedoria dos povos chamou — a Bíblia. 
Espalhai Evangelhos em cada aldeia, uma Bíblia em cada casa" 
(Victor Hugo).
* * *
"Eu vos recomendo a leitura da Bíblia toda na versão russa. 
Chega-se à conclusão de que a humanidade não possui nem 
pode possuir outro livro de igual significação" (Feodor Dos- 
toiewsky).
Uma força viva
O testemunho que agora trazemos aos leitores foi adaptado 
do jornal "Brasil Presbiteriano". Embora trate de outra maravi­
lhosa conversão ocorrida há muito tempo, revela o mesmo 
poder transformador da Palavra de Deus,
Moody pregou, certa vez, na cidade de Saint Louis, em cuja 
cadeia estava Valentim Burke, um assaltante muito temido que, 
mesmo encarcerado, insultava, amaldiçoava e ameaçava o
A Bíblia e Seu Poder 33
carcereiro. Toda a cidade tomara conhecimento da presença do 
evangelista e os jornais todos os dias publicavam o sermão 
pregado na noite anterior, que era sempre precedido de um 
título exagerado para chamar a atenção dos leitores.
Certa manhã jogaram um jornal da ddade na cela de Burke, e 
este, na falta do que fazer, resolveu folheá-lo. Virando as 
páginas, numa delas deparou com um pomposo título: "Como 
o carcereiro de Filipos foi apanhado". Pensando tratar-se de 
uma localidade perto de Illinois, que ele também conheda, 
sentou-se para ler sobre a derrota do carcereiro, pois era isso 
que também desejava ao que cuidava da sua prisão. Desde logo 
estranhou a notícia, os personagens e os fatos mendonados. 
Paulo e Silas, um grande terremoto, a pergunta: "Que é 
necessário fazer para me salvar?" Tudo aquilo eram asneiras e, 
arremessando o jornal ao chão, chutou-o para um canto da 
cela. Desistiu da leitura e do jornal.
Procurou esquecer e distrair-se, mas a presença do jornal'1 
naquele canto o deixava incomodado. Algum tempo mais 
tarde, não conseguindo suportar a curiosidade e o anseio, 
tomou novamente o jornal para ler aquela história que agora 
achava tão extraordinária. Acabada a leitura, em sua cabeça 
martelava a pergunta: — Que quer dizer isso? — e o seu 
radotínio avançava: — Há muitos anos sou ladrão, mas nunca 
me senti como agora. Por quê? Que quer dizer tudo isso? 
Tenho tido uma vida de cão e já estou farto dela. Se há 
realmente o Deus de quem o pregador fala, hei de achá-lo 
também. . . — e assim foi todo aquele dia.
A noite chegara à cela daquele preso sem que ele conseguisse 
ordenar seus pensamentos. Já deitado, recordou-se dos dias de 
sua infância, ao lado de sua mãe, de quem se afastara muito cedo, 
fugindo de casa para nunca mais voltar. Compreendeu então que 
há verdadeiramente um Deus que pode e quer ajudar, que está 
sempre pronto a apagar toda a nódoa do coração. Chorou muito 
aquela noite até sentir-se aliviado, tranqüilo e poder agradecer e 
louvar a Deus por essa bênção. Cumpriam-se naquela vida as 
palavras do profeta: "Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor; 
ainda que os vossos pecados são como a escarlate, eles se 
tomarão brancos como a neve; ainda que são vermelhos como o 
carmesim, se tomarão como a lã. Se quiserdes, e me ouvirdes, 
comerds o melhor desta terra" (Isaías 1:18).
34 História, Milagres e Profecias da Bíblia
Pela manhã, quando o guarda apareceu, Burke não esbrave­
jou como de costume, mas dirigiu-lhe palavras amáveis. O 
carcereiro, ao tomar conhecimento dessa mudança, ordenou 
que reforçassem o cuidado, pois certamente o preso estava 
simulando algo, pretendendo uma nova fuga.
Alguns meses depois Burke foi julgado, mas em virtude de 
uma falha da acusação, foi absolvido e posto em liberdade. "E 
conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (João 8:32).
Burke deixou a prisão, mas, sem amigos, temido como 
perigoso assaltante e desprezado por todos, era um fracassado. 
Onde quer que pedisse emprego, as pessoas procuravam 
livrar-se dele como de um pesadelo. Mas Burke, como um 
cristão, não desanimava, procurando vencer a terrível prova de 
fogo por que estava passando. De tanto lutar sem nenhum 
resultado, e com a impressão de estar marcado por sua vida 
passada, um dia pediu a Deus que melhorasse a sua aparência 
para poder arranjar emprego.
Desanimado e frustrado, ia ele de cidade em cidade, vivendo 
de pequenos serviços e de algumas esmolas que lhe davam. 
Um dia resolveu ir a Nova York na esperança de que, longe de 
sua antiga cidade, pudesse encontrar um pouco de paz e 
trabalho. Pura ilusão, pois, ao fim de poucas semanas, teve de 
voltar para S. Louis muito mais desanimado do que partira. 
Mas mesmo assim sua fidelidade ao Senhor era a nota 
dominante de sua vida. Passou as maiores dificuldades, sofreu 
as mais sérias provações e muitas vezes, durante dias, supor­
tou a fome. Mas jamais vacilou. Sempre se manteve firme e fiel 
ao seu Senhor e Mestre.
Certa tarde, pouco depois de ter regressado de Nova York, 
um oficial da justiça trouxe-lhe um recado do juiz que havia 
presidido o seu julgamento. Este queria falar-lhe. Burke pen­
sou logo tratar-se de alguma infração antiga ou algum crime 
anteriormente praticado, mas só agora descoberto. Que fazer?
Ao chegar diante do juiz, Burke fala com firmeza e decisão:
— Se for alguma coisa antiga de que eu seja culpado, 
confessarei e lhe direi a verdade, pois já acabei com a mentira 
em minha vida.
Depois de um rápido diálogo, o magistrado diz-lhe:
— Burke, tenho acompanhado sua vida desde que deixou a 
prisão, até mesmo enquanto esteve em Nova York. A princípio
A Bíblia e Seu Poder 35
não acreditei na sua transformação nem em sua reiigião. Mas 
agorasei que você tem sido correto, que tem tido uma vida 
honesta e cristã. Por isso mandei chamá-lo, pois tenho para 
você um emprego aqui no Tribunal. Preciso de um homem em 
quem possa depositar toda a minha confiança. Pode começar 
quando quiser.
Imediatamente Burke começou seu serviço como funcionário 
do Tribunal, como pessoa de confiança daquele magistrado. 
Com firmeza, decisão e muita fidelidade a Cristo, portou-se 
sempre como um verdadeiro e fiel cristão, tomando-se um 
homem de muita reputação, acatado e respeitado por todos. 
Era um autêntico pregador. Anos mais tarde, ao passar 
novamente por aquela cidade, Moody fez questão de conhecer 
o ex-prisioneiro. Encontrou-o numa das salas do Tribunal, 
guardando pedras preciosas que valiam uma grande fortuna. 
Burke disse a Moody:
— Senhor, veja o que a graça de Deus fez em favor de um 
ladrão! O juiz me escolheu de propósito para tomar conta deste 
tesouro.
Durante muitos anos, ali mesmo no Tribunal e junto à cela 
onde estivera preso, Valentim Burke, com sua palavra e seu 
testemunho, pregou a mensagem do amor de Deus. Muitas 
vidas se voltaram para Cristo. Aquele ladrão e malfeitor 
tomara-se um benemérito, um grande cristão. Ao morrer, seu 
sepultamento foi acompanhado por centenas de amigos, ricos e 
pobres, grandes e pequenos, crianças e jovens, dentre eles 
muitos pais cujos filhos foram resgatados do crime e do vício 
pelo esforço da pregação e do testemunho paciente e persuasi- 
vo daquele ex-ladrão que se transformara em poderoso prega­
dor do evangelho.
“O evangelho não é meramente um livro, mas uma força 
viva — um livro que sobrepuja a todos os outros. A alma 
jamais pode vaguear sem rumo, se tomar esse livro como seu 
guia" (Napoleão Bonaparte).
"Manancial de consolo e conselho, refúgio para as horas de 
tormenta e tribulação, guia de exemplos e ensinamentos, 
mestre silencioso e permanente em disponibilidade, a Bíblia é o 
mais secreto confidente das penas e aflições, e ninguém sai de 
suas páginas sem receber apaziguadora resposta para as 
dúvidas, e bálsamo e estímulo nas ocasiões de angústia e
36 História, Milagres e Profecias da Bíblia
desespero" (Austregésilo de Athayde, escritor brasileiro).
"Acima de tudo, a pura e benigna luz da revelação exerce 
uma benéfica influência sobre a humanidade e aumenta as 
bênçãos da sociedade" (George Washington).
O trabalho de uma Bíblia 
Durante a Segunda Guerra Mundial, Clarence W. Hall, 
correspondente de guerra dos Estados Unidos, ao visitar a 
aldeia de Shimabuko, em Okinawa, escreveu: "Durante anos a 
aldeia não tivera cadeia, nem bordel, nem embriaguez, nem 
divórcio. Havia ali um alto nível de saúde e felicidade. . . 
Criaram uma democracia cristã na sua forma mais pura".
É que os mil habitantes de Shimabuko haviam recebido a 
visita de um missionário que ia para o Japão, uns trinta anos 
antes, o qual deixara ali um exemplar da Bíblia e dois 
shimabukanos convertidos, Mejun Nakamura e Shasei Kina, 
respectivamente chefe e professor da aldeia. Ao partir, disse o 
missionário aos dois crentes: "Estudem este Livro, pois ele dará 
a vocês uma fé robusta. Quando a fé é forte, tudo é forte".
Sem noção de ritual ou templo cristão, os mil habitantes 
criaram o seu próprio sistema de adoração. O professor Kina 
fazia a leitura da Bíblia e todos repetiam em forma de cântico. 
Entoavam hinos e faziam orações voluntárias. Em seguida 
passavam a tratar dos problemas da aldeia, e, para cada 
questão, Kina procurava na Bíblia uma resposta.
Após tomar parte num desses cultos, o motorista de Hall 
disse-lhe com ares de mofa: "Veja, tudo isso é resultado de 
uma só Bíblia, e de dois fanáticos que querem viver como 
Jesus". Impressionado com o que viu, o motorista acrescentou: 
"Talvez estejamos usando as armas erradas para tomar o 
mundo melhor". Ele fazia referência às armas de guerra.
Alguns anos depois de terminada a guerra, Clarence Hall 
voltou a Okinawa para ver o efeito da civilização que os norte- 
-americanos tinham introduzido. Okinawa estava irreconhecí­
vel. Em lugar de pequenas aldeias havia agora ruas, lojas, 
armazéns, clubes, cinemas, teatros, campos de golfe, piscinas, 
estação de rádio e televisão. Havia bares e prostíbulos. Hall 
procurou Shimabuko e a encontrou "cercada" pelo "progres­
so". Entretanto, toda aquela confusão e aflição do "progresso" 
não a tinham atingido. Permanecia espiritualmente separada
A Bíblia e Seu Poder 37
tudo aquilo, baseando sua vida nos ensinos da Bíblia. E 
Clarence Hall não pôde esquecer do que lhe dissera seu 
motorista anos passados: "Talvez estejamos usando as armas 
e r r a d a s para tomar o mundo melhor!"
Como é gloriosa a Bíblia! Bela, majestosa e santa é a sua 
doutrina! Grandiosa, desejável, inestimável é a sua moral! 
poderosíssima, inigualável, eficaz em seus efeitos!
O Dr. Joaquim L. Villanueva resumiu a milagrosa influência 
da Palavra de Deus nesta frase lapidar: "Com a Bíblia propaga- 
-se a doutrina mais importante e pura, espalha-se a semente 
dos bons costumes. . . . aprende-se a submissão às autorida­
des e à boa ordem que deve reinar em todas as hierarquias do 
Estado".
Shimabuko constitui uma prova de que a obediência aos 
preceitos bíblicos é o único caminho para a verdadeira demo­
cracia cristã, caracterizada pelo amor a Deus e ao próximo e, 
conseqüentemente, pela paz e respeito sociais.
Bom seria se os estadistas modernos, em vez de se armarem 
de destruidoras armas que semeiam insegurança, medo e 
terror, distribuíssem bíblias a mão-cheia.
Riqueza num cesto de lixo
Um missionário em Manágua, Nicarágua, narra numa de 
suas cartas o seguinte: "Espero dentro em breve ter a oportuni­
dade de oferecer-lhe um Novo Testamento em espanhol, que, 
embora rasgado e com falta de muitas folhas, lhe será uma 
linda lembrança por causa da sua história. Ele tem cumprido 
uma gloriosa missão. Há tempo foi ele oferecido a uma família 
aqui em Manágua, mas como ninguém o quisesse, foi por fim 
lançado no lixo. A sua capa vermelha chamou a atenção de uma 
menina que o apanhou e levou para sua casa, no interior. Lá, 
sua mãe começou a fazer cigarros de suas folhas. O pai, um 
beberrão infeliz que quando embriagado era um terror para 
toda a população, viu casualmente o livro e, sem saber por quê, 
mostrou-se interessado em lê-lo e mandou a esposa guardá-lo.
"Dia após dia o homem lia o Novo Testamento. Ficou tão 
impressionado com o que leu, que convidou um seu colega — 
beberrão como ele, um homem que em cada contenda estava 
pronto a dar um rápido fim à briga com seu facão — para 
juntos lerem o livro. A Palavra de Deus mostrou seu poder
38 História, Milagres e Profecias da Bíblia
transformador no coração deles. Aqueles que conheceram estes 
dois homens, antes destes serem vencidos pelo evangelho, 
confessam que foi uma maravilha operada por Deus, pois seus 
corações de pedra se derreteram e a vida deles se tomou um 
poderoso testemunho do amor de Jesus.
"Desses dois convertidos, o primeiro dirige a obra evangélica 
local. Durante o dia ele trabalha na terra, e à noite sai para 
anundar a Palavra de Deus. A conversão deles foi o início da obra 
do Espírito Santo em toda essa comarca. Antes não havia ali 
nenhum cristão. Agora, diversas pessoas foram batizadas, e nos 
cultos há boa assistência. Tudo é fruto daquele pequeno Novo 
Testamento, uma prova viva do poder da Palavra de Deus".
De que outro livro podemos dizer algo semelhante? De 
nenhum outro, é claro. E o motivo é simples: Deus opera, pelo 
Espírito Santo, através de sua Palavra. E está escrito que sua 
Palavra não volta para ele vazia.
No dizer de Suzane de Dietrich, "a palavra escrita toma-se a 
palavra de Deus para nós, quando a ouvimos com fé e quando, 
através dela, ouvimos o chamado de Deus para o arrependi­
mento e a vida. A Bíblia revela-nos o plano de salvação de 
Deus; é o meio pelo qual aprendemos a conhecê-lo e a ouvir o 
seu desafio e apelo".
William A. Spicer, discorrendo sobre o valor incomparável 
da Bíblia, diz: "E ela a voz do Todo-poderoso.É muito diferente 
dos livros sagrados das religiões não cristãs. Naqueles, o 
homem fala a respeito de Deus; na Sagrada Escritura, é Deus 
quem fala ao homem".
Do precioso livro Em Cada Terra uma Bandeira, p. 68, editado 
pela Casa Publicadora Batista, transcrevo a carta que Kaumua- 
lii, rei da ilha Kauai, dirigiu ao Secretário da Junta Americana 
de Missões, agradecendo a Bíblia que alguns missionários 
norte-americanos lhe haviam ofertado. Essa carta data de 1821, 
e foi escrita pelo próprio punho do rei, após aprender um 
pouco da língua inglesa com os missionários: "Caros amigos: 
Desejo escrever-vos algumas linhas a fim de agradecer-vos o 
livro que tão bondosamente me mandastes. Creio que é um 
livro excelente, um livro que Deus nos deu para ler. Espero que 
breve o meu povo o lerá assim como todos os bons livros. 
Agora acredito que os meus ídolos nada valem, e que o vosso 
Deus é o único Deus verdadeiro, o Deus que criou todas as
A Bíblia e Seu Poder 39
coisas. Os meus ídolos, atirei-os para longe — não servem — 
eles me iludem — prejudicam-me. Dou-lhes cocos, bananas da 
terra, porcos e muitas coisas boas, e no fim me enganam. Agora 
atiro-os para longe. Já o fiz. Quando a vossa boa gente me 
ensina, louvo a Deus. Sinto prazer em que venhais ajudar- 
-nos — nada sabemos. Agradeço-vos o terdes proporcionado 
ensino ao meu filho. Agradeço a todo o povo da América. 
Aceitai isso do vosso amigo, Rei Kaumualii".
Como é gloriosa a Bíblia, e como Deus, através dela, opera 
em suas criaturas a sua boa, agradável e perfeita vontade! 
Somente a Bíblia revela ao homem o insondável amor de Deus. 
Só ela fala acalentadoramente ao seu coração acerca do porvir e 
da necessidade de preparar-se para ele. Somente a Bíblia 
descortina o glorioso caminho que conduz à felicidade presente 
e futura.
O último roubo
O tribunal da cidade de Saltinho, no México, foi certo dia 
agitado pela presença de um homem que queria falar ao juiz 
alguma coisa séria e urgente. Quando este apareceu, o estra­
nho foi logo dizendo:
— Aqui estou como prisioneiro. Aqui estou para pagar 
minhas culpas. Vim dar minha satisfação à sociedade a quem 
tanto mal eu fiz.
— Mas, quem é você? — indagou o magistrado.
— Eu sou Juan Chaves, o facínora que todos perseguiam.
Estremece o juiz, ao ouvir o nome do temido marginal, e
pergunta, preocupado:
— Mas, por que você está se apresentando à justiça, como 
prisioneiro, como réu confesso?
Tirando do bolso um exemplar da Bíblia, disse o criminoso 
serenamente:
— Este livro me trouxe aqui. Trouxe-me de volta, a fim de 
que eu possa pagar minha dívida para com a sociedade, 
exatamente como meu Senhor e Salvador Jesus Cristo pagou 
todas as minhas dívidas perante Deus.
Esse bandido, em sua carreira criminosa pontilhada de 
assaltos e roubos, um dia, ao assaltar uma residência, levara a 
Bíblia entre outros objetos. E como a polida o procurasse 
persistentemente, o facínora refugiara-se numa caverna, em
40 História, Milagres e Profecias da Bíblia
lugar ermo, e ali, para matar o tempo, lia aquele estranho livro. 
O fato é que as verdades eternas atuaram poderosamente na 
sua consciência, fazendo-o ouvir a voz divina convidando-o a 
arrepender-se. E Juan Chaves teve sua vida regenerada e 
radicalmente mudada, graças à sublime mensagem que a Bíblia 
contém para o coração ferido e oprimido pelo pecado. Com 
razão exclamou Coelho Neto:
"Homem de fé, o livro da minha alma, aqui o tenho: é a 
Bíblia. Não o encerro na biblioteca, entre os de estudo; 
conservo-o sempre à minha cabeceira, à mão. É dele que tiro a 
água para a minha sede de verdade; é dele que tiro o bálsamo 
para as dores das minhas agonias, É vaso em que, semeando a 
bondade, vejo sempre verde a esperança, abrindo-se na flor 
celestial, que é a fé. Eis o Livro que é a valise com que ando em 
peregrinação pelo mundo".
O livro odiado
Infelizmente ainda hoje, em alguns países, pessoas educadas 
se levantam arrogantemente contra o Livro de Deus, tentando 
bani-lo de suas terras e dos corações de seus patrícios. Tais 
perseguidores se constituem nos mais ferrenhos inimigos da 
virtude, da paz, do seu próprio povo, da humanidade e de 
Deus. Fernando Martinez, escrevendo a respeito dessas perse­
guições à Bíblia no periódico lusitano "Novas de Alegria", 
disse: "não obstante esses diabólicos ataques, a Palavra de 
Deus, sempre vencedora, continua sendo disseminada por 
todos os quadrantes do globo terrestre. É certo que milhares de 
volumes foram lançados, por pessoas sem escrúpulos nem 
temor divino, às chamas! Muitas delas seguiam o deísmo, o 
agnostidsmo e o ateísmo. . . É da pena inspirada de Garrett o 
seguinte período: 'Fez-se crime até da leitura dos livros santos, 
chamou-se sacrilégio o próprio estudo da lei de Deus! Ignorân- 
da crassa, estúpida, a maior inimiga do Cristianismo' " .
A oposição da Igreja Romana à Bíblia não se restringiu 
apenas à Idade Média. Até o século passado ainda vigorava o 
"Index" acerca das Escrituras, com suas leis sobre a circulação 
destas. Algumas dessas leis afirmam o seguinte:
— Desde que é manifesto, pela experiência, que a Bíblia 
Sagrada em língua vulgar, se for permitida em toda a parte sem 
discriminação, produzirá mais mal do que bem, em razão do
A Bíblia e Seu Poder 41
atrevimento dos homens, seja observada a decisão do bispo ou 
inquisidor sobre esta matéria, de sorte que, segundo o conselho 
do confessor ou do pároco, a leitura das edições católicas da 
Bíblia em Kngua vulgar só será permitida àqueles que, em sua 
opinião, não possam tirar dessa leitura prejuízo algum, antes 
aumento de fé e de piedade, "e essa permissão deve ser dada 
por escrito".
— Se alguém "se atrever" a lê-la ou possuí-la, sem esta 
permissão, "não poderá receber a absolvição de seus pecados", 
a não ser que primeiro entregue a Bíblia ao superior eclesiásti­
co.
— Também os livreiros que venderem bíblias em língua 
vulgar a pessoas que não tenham aquela permissão, ou de 
qualquer maneira lhas ministrarem, perderão o preço dos 
livros, o qual será aplicado pelo bispo a obras de caridade, e 
ficarão ainda sujeitos a outras penas, ao arbítrio do bispo, 
segundo a natureza da ofensa.
— O clero regular "não poderá lê-las ou comprá-las" senão 
com a permissão de seus prelados.
Se as coisas mudaram dentro do catolicismo romano, nos 
países comunistas, todavia, a oposição à Bíblia continua forte. 
Tais fatos, porém, não devem nos assustar, pois Deus vela 
sobre a sua Palavra para a cumprir, e as portas do inferno não 
prevalecerão contra ela. É fato lamentável que a maior parte 
dos cristãos da União Soviética possua apenas um exemplar de 
um dos Evangelhos, para sua leitura e meditação, enquanto os 
grandes e modernos prelos daquele país trabalham dia e noite à 
serviço do comunismo ateu. Isso porque o Governo não 
permite a impressão da Bíblia em seu país, e a reduzida 
importação de outras terras não corresponde às necessidades 
do povo de Deus.
Várias vezes a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira tem 
solicitado à União Soviética permissão para suprir de bíblias os 
evangélicos daquele país. A costumeira resposta de Moscou é 
que seu país mesmo pode editar a Bíblia. Todavia não edita, 
porque os dirigentes soviéticos simplesmente não querem a 
Bíblia. Os princípios sadios desta clamam corajosamente contra 
0 seu regime ditatorial, imperialista e opressor, onde não existe 
a mais importante e a mais cara de todas as liberdades — a 
liberdade religiosa.
42 História, Milagres e Profecias da Bíblia
Contudo, por mais dura tenha sido a perseguição movida 
contra a Palavra de Deus, os cristãos soviéticos não têm 
diminuído sua fidelidade a Cristo. A poderosa influência da 
Bíblia resiste a toda oposição humana, e ninguém pode impedir 
a sua gloriosa obra. Foi o que disse o Sr. Karev, Secretário Geral 
da Federação Batista Pentecostal da Rússia, quando visitou a 
Noruega anos atrás: "É para mim uma alegria poder contar a 
todos os que amam o Senhor Jesus Cristo, que temos cerca de 
5.400 igrejas

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