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Reprodução em Chondrichthyes

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
CAMPUS RIO CLARO
ISABELA CARDOSO SANTOS
REPRODUÇÃO EM CHONDRICHTHYES
RIO CLARO
2021
1. Introdução.
A classe Chondrichthyes, os chamados peixes cartilaginosos ,constituídos de
duas subclasses,sendo estas os elasmobrânquios,que acometem as raias e os tubarões,
e holocephali,que remete às quimeras. Os peixes cartilaginosos contam, então,com
mais de 1.200 espécies conhecidas.
Boa parte do sucesso desse clado de animais,está ligado com a diversidade e
sofisticação de seus mecanismos de reprodução. Com fecundação interna sendo um
fator universal e com a evolução da fecundação interna,os elasmobrânquios adotaram
uma estratégia reprodutiva que favorece a produção de um número pequeno de
proles,mas que tem grande expectativa de vida,a maturidade sexual tardia é também
relacionada a este mecanismo. Este modo de reprodução significa um grande
investimento de energia por parte da fêmea.
A energia que a fêmea irá investir na alimentação do embrião poderá ser de
forma Lecitotrofia,na qual o vitelo supre a maior parte na nutrição do embrião. Ou
também poderá ser macrófita,onde o trato reprodutivo da fêmea supre a maior parte
da nutrição do embrião.
Neste trabalho será descorrido os aspectos gerais da biologia reprodutiva dos
peixes cartilaginosos,como também características específicas dos diversificados
sistemas de reprodução apresentados pelo grupo.
2. Aspectos gerais da biologia reprodutiva dos peixes cartilaginosos.
Como já citado anteriormente,a fecundação nos peixes cartilaginosos é
interna,e há dimorfismo sexual,ou seja,os sexos são separados. Podendo ser
ovíparos,ovíparos ou vivíparos. Produzem ovos muito ricos em vitelo,mas não
possuem anexo embrionário,como os animais amnióticos. O desenvolvimento é
direto,não passando por estado larval,sendo que o tempo de gestação pode variar entre
10 e 18 meses,dependendo da espécie e outros aspectos físicos onde o animal se
encontra.
Em questão dos aparelhos reprodutivos,nas fêmeas,o trato reprodutivo é
composto pela glândula nidamental ou oviducal,que realizam a secreção das cascas de
ovos quando o sistema de reprodução é ovíparo. Esta glândula é mais espessa nos
animais ovíparos,mais fina na viviparidade lecitotrófica e ausente na viviparidade. É
composto também pelos dois ovários,os dois úteros,que são alargamentos do
oviduto,a vagina,a cloaca e o funil.
Já o aparelho reprodutor masculina consiste em uma estrutura chamada
claspers,que é um órgão copulador que provém das nadadeiras pélvicas. Os claspers
pélvicos dos machos contém uma estrutura esquelética sólida que tem potencial de
aumentar sua eficiência.
No processo da cópula,um único clasper em movido em ângulo reto em
direção ao eixo crânio-caudal do corpo,para que o canal dorsal da estrutura fique sob
a papila cloacal a partir da qual o esperma é expelido. O clássico é inserido na cloaca
da fêmea e nela é fixado através de um conjunto de farpas ou espinhos,estando estes
próximos das extremidades dos claspers. O esperma oriundo dos órgãos
reprodutores,é ejaculado no clasper,ao passo que um saco muscular subcutâneo sob as
nadadeiras pélvicas se contrai o fluido seminal proveniente do saco sifonal,leva o
esperma através do canal até a cloaca da fêmea,onde então,os espermatozóides nadam
até o trato reprodutor da fêmea.
Em tubarões machos de espécies pequenas,durante a copula eles se asseguram
as femeas enrolam-se ao redor do corpo da fêmea,enquanto as espécies grandes
andam lado a lado,com os corpos se tocando ou iniciam a cópula com corpos
separados,com seus rostos voltados para o substrato e os corpos voltados para cima.
Muitos tubarões machos mordem suas parceiras nos flancos durante a cópula,a pele
dos flancos ou das costas destas espécies podem ser duas vezes ou mais espessas que
a de machos de mesmo tamanho.
Figura 1.Tubarão martelo-recortado ,da família Sphyrnidae,nadando lado a lado durante a cópula.
(Fonte: Departamento de zoologia, IB/UNESP.Botucatu.)
Figura 2. Tubarão pata-roxa S. canicula se enrolando na fêmea durante o momento da cópula.
(Fonte: Departamento de zoologia,IB/UNESP,Botucatu.)
2.1 Ocorrência de poligamia e poliandria .
Segundo BOOMER e colaboradores (2013),foi confirmada nas diversas espécies
estudadas,como por exemplo o género Mustelus, paternidade dupla. As espécies retornam
para o local de reprodução de maneira quase exata,onde aguardam as fêmeas para
cruzar,sendo a população masculina mais numerosa que a feminina,possibilitando assim a
paternidade múltipla. Na espécie Mustelus lenticulatus, foram feitas análises genéticas que
comprovaram a paternidade múltipla de suas ninhadas.
Os pesquisadores também acreditam que o fato das fêmeas copulam com vários
machos,seria um fator de aumento da fecundidade,sendo um comportado que evitaria
confronto entre os machos em disputa pelas fêmeas, Porém,até o momento,não existem
estudos conclusivos para provar esta hipótese. (BOOMER et al, 2013).
2.2 Segregação entre macho e fêmea em tubarões.
Os machos não investem tanto na produção de gametas e cuidados parentais como
fazer as fêmeas,entretanto pode obter um maior genético em um grande número de eventos
de acasalamento com fêmeas,o que causa um impacto no comportamento dos machos e
consequentemente,afetam negativamente o sucesso reprodutivo das fêmeas. Essas
diferenças,que não ocorrem apenas nos tubarões,mas em todos os animais,leva a uma
separação espacial entre machos e fêmeas,o que eventualmente leva à segregação sexual.
(JACOBY et al,2010).
Grandes predadores como os tubarões formam grupos de individuos de mesmo sexo
como parte de seu comportamento diurno. Comportamento este que é contrastante com seu
comportamento em períodos reprodutivos.
Um estudo realizado com tubarões brancos Carcharodon carcharias realizado em
uma ilha na África do sul,mostram que durante outono e inverno,fêmeas e machos são
encontrados mais próximos à costa desta ilha. Em contraste,na primavera e no verão ocorre
uma segregação,com grande número de fêmeas encontradas na baía,onde os machos
raramente são vistos.
Este estudo evidencia a segregação sexual espacial não somente em adultos,mas
também entre jovens e filhotes. (KOCK et al, 2013).
3. Estratégias reprodutivas Variadas.
Grande parte do sucesso desta espécie,como já colocado anteriormente,se deve às
sofisticadas e diversificadas estratégias de reprodução. Podendo ser ovíparos, - nos
quais os ovos são liberados envoltos em cápsulas semi rígidas- ovovivíparos, onde os
ovos são mantidos dentro da mãe,e nascem filhotes completamente formados,ou
vivíparos,na qual os jovens desenvolvem-se em uma estrutura homóloga a placenta,e
são alimentados pela mãe.
3.1 Oviparidade.
É considerado o modo de reprodução mais ancestral. Ao menos 400 espécies desta
classe são ovíparos, e grande parte destas são de raias,e espécies que são pequenas e não de
grande profundidade.O juvenil nasce de um ovo,onde é alimentado pelo vitelo. As glândulas
nidimentais secretam a casca,e os jovens são miniaturas dos adultos.
Os ovos são protegidos por uma cápsula resistente, e existe grande variedade de
formas de tais ovos. E esta variedade provém de acordo com o local onde os ovos são
depositados,podendo ser estes o substrato ou em plantas aquáticas. Nas cascas dos
ovos,existem prolongamentos que firmam o ovo no substrato.
A oxigenação dos ovos é feita através da movimentação de água,que é induzida pelo
embrião,e penetra nos poros presentes na casca do ovo.
Espécies de tubarões ovíparos,a casca tem a forma de um parafuso,pela maneira a
qual é depositado.
Figura 4: Variedade de ovos de raia.(Fonte: Biologia e Ecologia dos
vertebrados,BENEDITO,Evanilde (org.)).
Figura 5: Ovo com visualização do embrião e vitelo. ( Fonte: Departamento de
Zoologia, IB/UNESP/Botucatu.).
3.2 Ovoviviparidade.
Neste caso, a nutrição ocorre através de reservas de vitelo. Os jovens são mantidos
junto com o vitelodentro do útero,entretanto não existe relação entre a placenta e o filhote.
Após a eclosão dos ovos,que são finos,o filhote pode ficar no útero a mesma quantidade de
tempo que ficaria no ovo, o útero tem função única de proteção. Como a quantidade de vitelo
é pequena,os filhotes não são tão grandes.
3.3 viviparidade.
A viviparidade matrofica acontece quando a mãe alimenta os filhotes. Para que a
nutrição ocorra,existem três procedimentos possíveis.
a) Análogos placentários.
São regiões do epitélio uterino que secretam um “leite” altamente nutritivo.
Este modo é muito comum em raias,o trofonemata são filamentos que secretam o leite
na boca ou espiráculo dos embriões.
b) Oofagia e canibalismo intrauterino.
Neste caso,os ovários das fêmeas são enormes,por consequência da constante
produção de ovócitos. Estes ovócitos são em maioria pequenos e tróficos. Há dois
estágios,um primeiro que é curto,onde ocorre dependência vitelina,e a outra onde os
filhotes se alimentam dos ovócitos ou de outros embriões em menor estágio de
desenvolvimento.
Neste último estágio,há o desenvolvimento de dentição temporária,para a
predação dos ovos menores.
c) Placental.
10 % dos tubarões apresentam este tipo de nutrição. Há também duas etapas.
Na primeira o filhote se alimenta do vitelo,com o esgotamento da reserva vitelina,a
nutrição é feita através da conexão entre a corrente sanguínea da mãe e do filhote, por
meio da placenta. Esta plancenta é oriunda da membrana que envolve o ovo,secretada
pela glândula oviducal.
4. Referências Bibliográficas.
Benedito,E. ( org.). 2015. Biologia e Ecologia dos Vertebrados. Gen/Roca,Rio de Janeiro.
Pough F.H; Heiser,JB & Macfarland,W.N,A Vida Dos Vertebrados,Atheneu editora,São
Paulo.
Oliveira,Daniele da silva.”COMPORTAMENTO REPRODUTIVO DE TUBARÕES EM
CATIVEIRO E VIDA LIVRE”
(url:http://conic-semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho-1000017260.pdf)
KOCK, A. O et al Residency habitat use and sexual segregation of white
sharks, Carcharodoncarcharias in fase bay, south Africa. PLOS ONE, 8(1):1-
12, 2013
JACOBY, D. M. P. BUSAWON, D. S. SIMS, D. W. Sex and social networking
the influence of male presence on social structure of female shark groups.
Behavioral ecology Advance Access publication 10 May 2010.
BOOMER, J. J. et al. Frequency of multiple paternity in gummy shark
mustelusantarcticus and rig, musteluslenticulatus, and the implications of
mate encountes rate postcopulatory influences, and reprodutive mode. The
journal of heredity the american genetic association. 104: p371, 2013.
http://conic-semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho-1000017260.pdf

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