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THAÍS SEPP | CLÍNICA MÉDICA DERIVAÇÕES O ECG padrão se compõe de 12 derivações (precordiais e periféricas). Derivação é uma linha imaginária que liga dois eletrodos e que, a partir dessa, se forma o vetor resultante de despolarização. PRECORDIAIS Localização das derivações precordiais: V1: 4º espaço intercostal direito na linha paraesternal; V2: 4º espaço intercostal esquerdo na linha paraesternal; V3: entre as derivações V2 e V4; V4: 5º espaço intercostal esquerdo na linha hemiclavicular; V5: entre as derivações V4 e V6; V6: 5º espaço intercostal esquerdo na linha axilar anterior. Como vão estar representados no ECG (onda QRS): V1 e V2: normalmente vão ser mais negativos do que positivos. V3 e V4: normalmente isoelétricos. V5 e V6: normalmente vão ser mais positivos do que negativos. PERIFÉRICAS Para obtenção das derivações periféricas, colocam- se os eletródios sobre os braços direito e esquerdo e sobre a perna esquerda. Estes eletródios vão fornecer a base para as 6 derivações dos membros (3 derivações- padrão/bipolares - I, II e III; e 3 derivações aumentadas/unipolares - aVR, aVL, aVF). Derivações bipolares: Derivação I: braço E positivo e braço D negativo (Ângulo de orientação: 0°). Derivação II: pernas positivo e braço D negativo (Ângulo de orientação: +60°). Derivação III: pernas positivas e braço E negativo (Ângulo de orientação: +120°). Assim, as derivações bipolares ficam representadas no coração por um triângulo → cada lado representa uma derivação (DI, DII e DIII), usando-se um par de eletródios para cada derivação. THAÍS SEPP | CLÍNICA MÉDICA Derivações unipolares: AVR: braço direito positivo e os outros membros negativos (orientação: -30º). AVL: braço esquerdo positivo e os outros membros negativos (orientação: -150º). AVF: pé esquerdo positivo e os outros membros negativos (orientação: +90º). OUTRAS DERIVAÇÕES Derivações solicitadas em casos específicos: V7 - V9: suspeita de infarto com acometimento de parede “posterior” ou “dorsal” (geralmente utiliza-se cabos de V5 e V6). - V7: 5º EIC, linha axilar posterior - V8: 5º EIC, linha hemiclavicular posterior. - V9: 5º EIC, à esquerda do corpo vertebral. V3R e V4R (derivações direitas): suspeita de infarto do ventrículo direito - V3R: borda esternal D, entre 4º e 5º EIC. - V4R: 5º EIC, na linha hemiclavicular direita. REGIÕES CARDÍACAS De acordo com a localização das derivações, podemos localizar as paredes cardíacas: INFERIOR: DII, DIII, AVF. LATERAL ESQUERDA: DI, AVL, V5 e V6. LATERAL ALTA: D1 e AVL. LADO DIREITO: AVR e V1. - V3R e V4R (VD). ANTERIOR: V1 a V4. ANTERIOR EXTENSA: V1 a V6, DI e AVL. ÂNTERO-SEPTAL: V1 a V3. POSTERIOR OU “DORSAL”: V7 e V8. ONDAS, INTERVALOS E SEGMENTOS THAÍS SEPP | CLÍNICA MÉDICA ONDAS P: despolarização dos átrios (sístole atrial). QRS: despolarização dos ventrículos (sístole ventricular). - Q é septal, R são paredes e S são regiões atrioventriculares. T: repolarização ventricular (diástole). *Em alguns ECG, pode aparecer a onda U, depois da onda T. É o final da repolarização ventricular. INTERVALOS (UMA ONDA E UMA LINHA) P-R: representa a condução atrioventricular (início da despolarização atrial até o início da despolarização ventricular). Q-T: duração total da atividade elétrica ventricular (início da despolarização ventricular até o final da repolarização ventricular). SEGMENTOS (UMA LINHA) PR: passagem de sangue através das valvas atrioventriculares. ST: intervalo entre o final da sístole e início da diástole ventricular. TRAÇADO ELETROCARDIOGRAFICO Velocidade: 25mm/segundo. 1mm: 0,04 segundos. 5mm: 0,2 segundos. Configuração: 5mm = 0,5 mv. PASSOS NA INTERPRETAÇÃO DO ECG Os passos para interpretação do ECG, são: 1. Checar nome do paciente e analisar a configuração e velocidade do ECG 2. Frequência 3. Ritmo 4. Eixo 5. Intervalos 6. Ondas 7. Segmentos 8. Descrição das alterações encontradas. FREQUÊNCIA Sempre utilizar DII longo. Existem vários métodos de contar a frequência: 1. FC: 300 / No de quadradões entre R‐R. 2. FC: 1500 / No de quadradinhos entre R-R. 3. FC: No de R entre 15 quadradões x 20 (utilizar este quando o ritmo for IRREGULAR). 4. Método mais rápido: procurar complexos QRS sequênciais que estejam posicionados sobre o traçado maior. Na sequência, ir contando os valores de 300, 150, 100, 75, 60 e 50 a cada linha maior de quadrados. Mnemônico: FREIOS THAÍS SEPP | CLÍNICA MÉDICA RITMO SINUSAL Um ritmo sinusal é aquele originado no nó sinusal. Os critérios, para definição desse ritmo são: Onda P: POSITIVA em DI, DII e AVF e NEGATIVA em AVR. Toda onda P precede um complexo QRS. Intervalo PR constante e < 0,2 s (1 quadradão). DETERMINAÇÃO DO EIXO O eixo representa a despolarização completa (ou repolarização) de uma câmara, desenhando uma serie de vetores sequenciais, com cada vetor re- presentando a soma de todas as forças elétricas em um determinado momento. O vetor médio representa a média de todos os vetores instantâneos e sua direção que irá determinar o eixo elétrico médio. 1º PASSO: Delimitar o quadrante. Como? Analisando DI e aVF (ex: QRS predominante + em DI e AVF → eixo entre 0 e +90º = quadrante 1). 2º PASSO: Analisar a isoeletricidade (quando a despolarização está numa direção perpendicular a orientação de determinada derivação, a deflexão é denominada isoelétrica). 3º PASSO: Analisar a derivação que está a 90º da isoeletricidade (angulação). E quando não tem isoelétrico? - Analisar as próximas derivações ao lado do eixo. *Obs: o vetor QRS tende a se deslocar em direção a hipertrofia ventricular e se distanciar em áreas de IAM (ocasionando desvios de eixo). ONDAS ONDA P: DEFINIÇÕES: Representa a contração atrial. Comp: 0,08-0,11s (2-2,5 QUADRADINHOS). Amplitude: ≤ 2,5 mm (2,5 quadradinhos) em DII ou < 1,5mm (1,5 quadradinhos) em V1. Morf: arredondada, simétrica e monofásica. Polaridade: - Positiva em DI, DII e aVF. - Negativa em aVR. - Isoelétrica em V1. O eixo NORMAL do coração varia entre -30° e +90°, sendo verificado pela polaridade do QRS. THAÍS SEPP | CLÍNICA MÉDICA ALTERAÇÕES: COMPLEXO QRS: DEFINIÇÕES: Representa a contração ventricular. Comp: < 0,12s (3 quadradinhos). Amplitude: 5 a 20 mm (1 a 4 quadradões) nas derivações de frontais e 10 a 30 mm (2 a 6 quadradões) nas derivações horizontais. Morfologia: variável, estreita e em espícula. Polaridade: - Positiva em DI, DII e aVF. - Negativa em aVR. - Transição nas derivações precordiais (torna-se gradativamente positiva de v1 a v6). ALTERAÇÕES: ONDA T: DEFINIÇÕES: Representa a diástole ventricular. Comprimento e amplitude: variável. Morfologia: monofásica e assimétrica (ascendente lento e descendente rápido). Polaridade: semelhante ao QRS. - É típico e normal encontrar ondas T positivas nas mesmas derivações que tem ondas R altas. A onda T é altamente susceptível a todos os tipos de influencias, tanto cardíacas quanto não cardíacas (hormonais e neurológicas), apresentando, dessa forma, aspectos variáveis. ALTERAÇÕES: Hipercalemia, condição em que a onda T está apiculada, não respeitando o padrão de ascender lento e descender rápido, sobe rápido e desce rápido, principalmente em V3. No caso de isquemia aguda, o primeiro achado não é nem supra de ST, é alteração na onda T, em que sobe lento e desce lento. ONDA U: DEFINIÇÕES: A onda U sucede a onda T e está presente em menos da metade da população, sendo melhor visualizada em V2 e V3. Morfologia: pequena e arredondada. Amplitude: proporcional à da onda T, não ultrapassando 25% da amp. desta onda (além disso, em condições normais, estas 2 ondas sempre apresentam a mesma polaridade). - Ela é inversamente proporcional a FC, assim é comum ser maior em atletas e bradicardíacos e menor em crianças. THAÍS SEPP | CLÍNICA MÉDICA INTERVALOS INTERVALO PR: DEFINIÇÕES: Representa a condução atrioventricular. Formato: início da onda P até o início do complexo QRS. Comp: 0,12 a 0,20s (3 a 5 quadradinhos). - Esse intervalo varia com a idade e a FC. - Observar em DII extenso. ALTERAÇÕES: 1. Intervalo PR prolongado: pensar em atrasos de condução, como BAV. 2. Intervalo PR curto: suspeitar de ritmo ectópico, iniciando- se fora do nó sinusal, ou síndrome de Wolf-Parkinson- White. INTERVALO QT: DEFINIÇÕES: Representa a duração total da atividade elétrica ventricular (inicio do complexo QRS, até o final da onda T). Comp: 0,35 a 0,45s (8 a 12 quadradinhos). - Observar em DII e V5. Devido à variação do intervalo QT com a FC, uma forma de melhor avaliar esse dado é calculando o QT corrigido com a fórmula Bazett (colocar em segundos): ALTERAÇÕES: 1. Aumento do comp (duração): síndrome do QT longo congênita (Lange-Nielsen, Romano- Ward), distúrbios eletrolíticos (hipocalcemia, hipocalemia), drogas (ex.: amiodarona, cloroquina, atd. tricíclicos, haloperidol). - A consequência mais grave associada ao prolongamento do QT é a taquicardia ventricular polimórfica do tipo Torsades Pointes. SEGMENTOS SEGMENTO PR: DEFINIÇÕES: O segmento PR corresponde à linha isoelétrica que se inicia exatamente quando termina a onda P e vai até o começo do complexo QRS → representa a condução do estímulo através do nodo atrioventricular, do feixe de His e das fibras de Purkinje. Comp: inversamente proporcional à FC. ALTERAÇÕES: É importante sempre pesquisarmos desníveis deste segmento (comparar com a linha de base do início da onda P), pois sua presença está associada a algumas doenças importantes como a pericardite (infradesnível). SEGMENTO ST: DEFINIÇÕES: Começa no momento que o complexo QRS termina (ponto J) (linha isoelétrica). Comp: não há um limite discernível entre este segmento e a onda T, portanto, a sua duração não é bem estabelecida (é avaliado em conjunto com o intervalo QT). Fatores mais importantes a serem observados: forma e a presença ou não de desnivelamentos, os quais são percebidos sempre avaliando o ponto J em relação ao início do QRS. - Desnivelamentos < 1 mm podem estar presentes em pessoas normais. - Atenção: NEM TODO SUPRA É INFARTO! ALTERAÇÕES: Supra de ST Infra de ST THAÍS SEPP | CLÍNICA MÉDICA LAUDO NORMAL PARA ECG Tipos de laudos: Mais resumido: eletrocardiograma rítmico, em ritmo sinusal, com FC de ... bpm, eixo elétrico normal, em torno de 45º graus. Intervalo PR e QT normais, sem alterações nas ondas e nos segmentos. Mais detalhado: eletrocardiograma rítmico, em ritmo sinusal, com FC de ... bpm. Onda P positiva em todas as derivações, exceto em aVR. QRS estreito, com eixo elétrico do QRS normal, em torno de 45º. Intervalo PR normal de 0,15s, QT corrigido normal de 400ms, segmento ST isoelétrico sem alterações significativas, onda T positiva em todas as derivações, exceto em aVR. Sem presença de onda Q patológica.
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