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A PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

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2009
3.ª edição
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Capa: IESDE Brasil S.A.
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© 2006-2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autoriza-
ção por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
P324 Paula, Ercília Maria Angeli Teixeira de; Mendonça, Fernando 
Wolff. / Psicologia do Desenvolvimento. / Ercília Maria 
Angeli Teixeira de Paula; Fernando Wolff Mendonça. 3. ed. — 
Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009.
292 p.
ISBN: 978-85-387-0040-1
1. Psicologia do desenvolvimento. 2. Comportamento humano 
– desenvolvimento. 3. Aprendizagem. I. Título. II. Mendonça, 
Fernando Wolff.
CDD 155
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Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná – UFPR. Especialista em 
Pedagogia Terapêutica pela Universidade Tuiuti do Paraná. Fonoaudiólogo pela 
Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR.
Fernando Wolff Mendonça
Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia – UFBA. Mestre em 
Educação pela Universidade de São Paulo – USP. Pedagoga pela Universidade Es-
tadual de Campinas – UNICAMP. Professora do Ensino Superior.
Ercília Maria Angeli Teixeira de Paula
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Sumário
Aspectos históricos da 
Psicologia do Desenvolvimento ......................................... 13
A importância dos estudos do desenvolvimento infantil .......................................... 13
As diferentes linhas do pensamento psicológico .......................................................... 14
As primeiras correntes psicológicas ................................................................................... 14
Correntes teóricas da Psicologia no século XX ............................................................... 17
Corrente teórica da Psicologia voltada 
para os estudos do inconsciente e da afetividade ........................................................ 19
Correntes teóricas da Psicologia voltadas para as interações sociais ..................... 20
A criança como um ser que aprende e se desenvolve ................................................. 22
Vygotsky: vida e obra .............................................................. 27
Vygotsky e a sua visão da realidade ................................................................................... 29
Bases epistemológicas de Vygotsky .................................. 37
O processo de humanização ................................................ 47
A cultura ....................................................................................................................................... 50
A significação .............................................................................................................................. 51
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A função do instrumento, do símbolo 
e da linguagem no desenvolvimento humano ............. 57
A função instrumental ............................................................................................................. 58
O papel da linguagem e da fala no desenvolvimento humano ............................... 59
A formação de conceitos elementares ............................. 67
Os sujeitos de interação como mediadores de conceitos .......................................... 68
A tomada de consciência pela criança da organização social .................................. 70
O papel da linguagem na estruturação do pensamento infantil ............................ 72
A formação de conceitos científicos .................................. 79
O papel da escola e os conceitos científicos ................................................................... 80
O professor e os conhecimentos científicos .................................................................... 83
O desenvolvimento mental segundo Piaget .................. 89
Introdução ................................................................................................................................... 89
O desenvolvimento mental segundo Piaget ................................................................... 90
Estágios do desenvolvimento da teoria piagetiana .....103
O que são os estágios ............................................................................................................104
O estágio sensório-motor ....................................................................................................105
O estágio pré-operatório ......................................................................................................106
O estágio operatório concreto ...........................................................................................108
O estágio operatório formal ................................................................................................109
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O desenvolvimento da inteligência .................................115
Fatores de desenvolvimento ...............................................................................................116
Aprendizagem e conhecimento ........................................................................................118
Tipos de experiência ..............................................................................................................120
Desenvolvimento moral .......................................................................................................120
Wallon e a Psicologia genética ..........................................131
Aspectos biográficos ..............................................................................................................131
Método ........................................................................................................................................134
Fundamentos epistemológicos..........................................................................................134
Wallon e o desenvolvimento da consciência ...............145
As leis reguladoras dos estágios ........................................................................................145
Os estágios .................................................................................................................................146
A teoria psicanalítica de Sigmund Freud .......................157
Contextualização da Psicanálise ........................................................................................159
A construção do aparelho 
psíquico e o estágio do espelho .......................................171
Segunda teoria do aparelho psíquico..............................................................................171
Fase oral ......................................................................................................................................174
A fase anal ..................................................................................................................................175
Fase fálica ...................................................................................................................................176
Complexo e castração de Édipo .........................................................................................176Fase de latência ........................................................................................................................178
Fase genital ................................................................................................................................178
O estágio do espelho em Lacan .........................................................................................179
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Mecanismo de defesa ...........................................................185
Projeção ......................................................................................................................................186
Isolamento .................................................................................................................................187
Negação ......................................................................................................................................187
Anulação .....................................................................................................................................188
Introjeção ...................................................................................................................................188
Identificação ..............................................................................................................................188
Formação reativa .....................................................................................................................189
Deslocamento ..........................................................................................................................189
Idealização .................................................................................................................................190
Conversão ..................................................................................................................................190
Regressão ...................................................................................................................................190
Racionalização ..........................................................................................................................190
Sublimação ................................................................................................................................191
Princípio fundamental da teoria psicanalítica ..............................................................192
O professor e a teoria freudiana da aprendizagem ....................................................192
Erik Erikson: o desenvolvimento psicossocial ..............205
Formação da personalidade ................................................................................................206
Crise psicossocial .....................................................................................................................207
Desenvolvimento contínuo .................................................................................................208
Psicologia cognitiva: 
o processamento da informação ......................................221
A evolução das ciências cognitivas do século XX e XXI .............................................222
As áreas de desenvolvimento da pesquisa cognitiva ................................................224
Contribuições para os dias de hoje ...................................................................................227
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As inteligências múltiplas de Howard Gardner ...........235
O que são as múltiplas inteligências? ..............................................................................236
Critérios e características para existência da inteligência ........................................236
Os tipos de inteligência de Gardner .................................................................................238
Perspectiva do estudo da inteligência segundo Gardner ........................................240
A inteligência triárquica de Robert Sternberg .............247
Teoria triárquica da inteligência e processo de resolução de problemas ...........248
As relações da inteligência com o sujeito e com o mundo ......................................250
Teorias psicológicas do desenvolvimento humano .....259
Teorias psicológicas do desenvolvimento .....................................................................259
Diferentes ideias e reflexões sobre a escola ..................................................................262
Gabarito .....................................................................................269
Referências ................................................................................281
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Apresentação
Este livro foi preparado para que você acompanhe as aulas de Psicologia do De-
senvolvimento e aprofunde seus conhecimentos sobre as mudanças de compor-
tamento humano durante as mais diferentes fases da vida.
Nele, você encontrará subsídios essenciais para sua prática profissional; ao longo 
das aulas, além de entrar em contato com o contexto histórico do surgimento 
dessa disciplina, conhecerá suas diferentes correntes, alguns dos principais estu-
diosos e as contribuições contemporâneas a esse campo. 
Para que você possa fixar o que aprendeu, o livro traz atividades abertas, exercí-
cios e também sugestões de leitura e filmes, os quais ilustram os debates e podem 
ajudá-lo a perceber a aplicação dos conceitos aprendidos na prática.
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Aspectos históricos da 
Psicologia do Desenvolvimento
A importância dos estudos 
do desenvolvimento infantil
O estudo do desenvolvimento humano tem sido objeto de várias ci-
ências ao longo da história. A Filosofia, Medicina, Antropologia, Biologia, 
Educação, entre outras áreas, buscam compreender como o homem se 
constitui sob diferentes perspectivas. Os estudos dos processos evolutivos 
da criança, através da Psicologia do Desenvolvimento, colaboram signi-
ficativamente para o entendimento dos processos biológicos e culturais 
envolvidos na formação das pessoas como sujeitos sociais. Conhecer esses 
aspectos e a evolução humana permite que os professores possam enten-
der os alunos nas suas características globais. Dessa maneira, o professor 
que compreende o modo de agir e pensar da criança, com suas especifici-
dades, contribui para uma melhor qualidade de seu trabalho cotidiano.
A Psicologia, embora tenha sido uma das ciências mais antigas da humani-
dade, durante muitos anos foi considerada pré-científica, pois defendia o du-
alismo do corpo e da alma. Acreditava-se que os “desvios” de comportamento 
humano ocorriam em função dos espíritos que habitavam o corpo físico. O 
pensamento mítico era predominante e as diferenças comportamentais eram 
explicadas em função dos deuses e fenômenos sobrenaturais.
De acordo com Davidoff (1983), no século XIX, a preocupação da Psicolo-
gia esteve voltada para o estudo do cérebro, nervos e órgãos dos sentidos. 
Esse período foi considerado o início da Psicologia científica, a qual utiliza-
va diferentes procedimentos experimentais para explicar a mente humana. 
Com o tempo, a Psicologia foi se expandindo através de diferentes correntes 
psicológicas. A linguagem da Psicologia também foi sendo popularizada.
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Psicologia do Desenvolvimento
Habitualmente usamos o termo psicologia para as características de compor-
tamento das pessoas que encontramos no cotidiano. É comum usarmos expres-
sões como:
– Hoje estou psicologicamente afetado.
– Você percebeu como ela ficou abalada psicologicamente?
– Saí da loja com produtos que não queria comprar: aquele vendedor usou 
de muita psicologia para me convencer.
– José, eu vim falar com você, porque você tem muita psicologia para ouvir 
as pessoas.
Essa forma popular de falarmos da Psicologia não representa, de fato, o fazer 
do psicólogo no seu dia-a-dia. Esse psicologismo, utilizado no cotidiano por 
muitas pessoas, ressalta o impacto que a ciência da Psicologia vem causando, 
por suas ações e seu fazer, junto às pessoas. Porém, distante de toda essa reali-
dade, a Psicologia veio buscando sua identidade como trabalho científico. Muito 
mais que a simples observação dos fenômenos cotidianos, ela procura estabe-
lecer um critério sistematizado para analisar os fenômenos humanos inseridos 
na realidade cotidiana. Sendo assim, busca se diferenciar do senso comum para 
se tornar efetivamente uma disciplina científica. Para tanto, vem buscando fun-
damentos teóricos e científicos, bem como metodológicos, que proporcionem 
esse posicionamento diante da sociedade contemporânea.
As diferentes linhas do pensamento psicológico
Como decorrência dessa necessidade de se colocar socialmente como ciên-
cia, muitas correntes foram se estabelecendo na Psicologia, tentando entender 
como o ser humano poderia ser concebido. Mostraremos algumas delas e seus 
principais pressupostos.
As primeiras correntes psicológicas
As primeiras correntes psicológicas dos estudos da Psicologia do Desenvol-
vimento estavam centradas em definir métodos de estudos da personalidade 
humana e comprovar empiricamente como os comportamentos manifestavam-
se e suas implicações.
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Aspectos históricos da Psicologia do Desenvolvimento
15
Funcionalismo
Seus representantes mais destacados são o pedagogo e filósofo americano 
John Dewey (1859-1952) e o filósofo americano William James (1842-1910). Eles 
incorporam a concepção do naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882), afir-
mando que a mente e a conduta humana são adaptativas e que o ponto central 
da Psicologia está na ação ou na conduta. Para Dewey e James, o que a cons-
ciência possui é menos importante do que aquilo que ela faz. Segundo esses 
autores, não existe produção mental que não seja acompanhada de uma modi-
ficação corporal. Além disso, eles apresentam a relação estímulo-resposta como 
a proposta metodológica de seu trabalho.
A Psicologia funcionalista interessa-se em compreender como ocorre o fun-
cionamento e adaptação da mente dos indivíduos no meio em que se inserem. 
De acordo com Schultz e Schultz (1992), o funcionalismo estuda as influências 
das crenças no comportamento emocional e corporal das pessoas, bem como in-
vestiga a formação dos conceitos de acordo com as necessidades humanas. Para 
essa corrente psicológica, as pessoas apresentam comportamentos diferencia-
dos em relação aos estímulos que recebem. Não existe uma única resposta aos 
estímulos, mas as respostas variam conforme os comportamentos adaptativos 
das pessoas. Portanto, a consciência e as sensações são mutáveis. O funcionalis-
mo investigou a estrutura psicológica de diferentes populações, como animais, 
crianças, povos primitivos e deficientes, para descobrir as variações nas organi-
zações mentais desses grupos.
Associacionismo
Para o psicólogo americano Edward Lee Thorndike (1874-1949), o compor-
tamento do sujeito é modelado pelo ambiente e segue leis que o direcionam. E 
esse comportamento só será efetivo se for condicionado por três princípios:
Lei do efeito � – a aprendizagem se manterá ou não segundo as conse-
quências que produz (reforçamento);
Lei do exercício � – a importância da prática para que se mantenham as 
conexões nervosas e se fortaleça o aprendido;
Lei da disposição � – se não existe disposição, não se produz comporta-
mento aprendido, pois é a disposição que permite o comportamento.
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Psicologia do Desenvolvimento
Thorndike propunha conexões entre estímulos e respostas. Seus experimen-
tos envolviam o uso de animais. Um dos seus estudos clássicos foi a experiência 
que realizou com um gato, privado de alimentos, que ficou em uma caixa fecha-
da com vários trincos. O animal, para sair da caixa, tinha que encontrar a alavan-
ca correta para acessar o alimento, que estava do lado de fora. Através da lei do 
exercício, com diversas tentativas de ensaio e erro: de empurrar, farejar e dar pa-
tadas, o gato conseguiu abrir a alavanca. Em outras situações, quando o animal 
era recolocado novamente na caixa, acionava a alavanca e conseguia o alimen-
to; manifestava-se, assim, a lei do efeito. A comida era sua recompensa e funcio-
nava como um reforço positivo. Porém, quando o gato acionava a alavanca e 
não encontrava o alimento, sua resposta era enfraquecida. O uso prolongado da 
resposta incorreta fazia com que a resposta fosse sendo extinta, pois funcionava 
como um reforço negativo. Portanto, para os conexionistas, um comportamento 
tanto podia ser reforçado como poderia ser esquecido, se não fossem realizadas 
as conexões necessárias. Se o animal não encontrasse uma maneira de alcançar 
o alimento desejado, não havia disposição para realizar a ação. O que predo-
minava nesses estudos era a observação de comportamentos e as associações 
realizadas pelos animais e também pelo homem em suas expressões.
Estruturalismo
Tem como seus principais representantes o psicólogo e fisiologista alemão 
Wilhelm Wundt (1832-1920) e o psicólogo americano Edward Bradford Titchener 
(1867-1927), os quais, no começo do século XX, discutiram com pensadores da 
época o conceito de mente e certas condições do método da introspecção cien-
tífica. O objeto de estudo dessa escola é a consciência mediante a introspecção 
e a auto-observação controlada. A mente, ou consciência imediata, não é algo 
substancial, mas somente processos elementares da atividade mental: sensação, 
sentimento e imagem.
Para Davidoff (1983), a Psicologia experimental de Wundt estuda as operações 
mentais centrais como: atenção, intenções e metas. Os sujeitos desses estudos 
são treinados para descrever, da forma mais objetiva possível, suas experiências 
com determinados estímulos de cores, sabores e odores. Wundt interessava-se 
por anatomia e desenvolvia a vida acadêmica voltada para a pesquisa fisiológica 
sobre as percepções sensoriais. O sistema da introspecção, proposto e praticado 
nos laboratórios de Wundt, refletia o método que os psicólogos utilizavam para 
que os sujeitos das pesquisas relatassem suas experiências internas em relação 
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Aspectos históricos da Psicologia do Desenvolvimento
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aos estímulos ambientais. Esses relatos eram os julgamentos e as observações 
conscientes dos sujeitos sobre o tamanho, intensidade e duração dos estímulos. 
A partir desses experimentos e relatos, Wundt descrevia a maneira como a cons-
ciência humana era estruturada.
Correntes teóricas da Psicologia no século XX
Essas correntes teóricas investigam as influências dos comportamentos bio-
lógicos na constituição dos homens e seu intelecto. Tanto na concepção inatista 
do desenvolvimento como no behaviorismo, o aspecto biológico é predomi-
nante nos estudos. Já na Gestalt, as influências culturais no desenvolvimento 
humano começam a ser pesquisadas.
Inatismo
A concepção inatista do desenvolvimento humano consideraque o comporta-
mento do homem é inato. Ou seja, as características de sua personalidade nascem 
com ele e não são modificadas ao longo do seu processo de desenvolvimento.
Oliveira (1990), ao analisar a teoria inatista, descreve que essa concepção de 
desenvolvimento tem como princípio a ideia de que não somente a persona-
lidade, mas os valores do homem, seus hábitos, crenças, reações emocionais 
e sua forma de pensar já se encontrariam prontas desde o nascimento do in-
divíduo. O ambiente, portanto, exerceria pouca influência no comportamento 
do indivíduo. Essa concepção teórica é tipicamente representada no ditado 
popular: “Pau que nasce torto morre torto”.
Gestalt
Questionando o reducionismo proposto pelo estruturalismo e pelo funcio-
nalismo, a Gestalt prega que o todo é maior que a soma de suas partes, assim bus-
cando ser uma Psicologia integrativa de caráter globalista. Propõe que, para en-
tender o todo, é preciso analisá-lo em sua configuração, analisando e integrando 
as suas partes constituintes.
A Gestalt, segundo Davidoff (1983), surgiu como protesto contra o estrutu-
ralismo, principalmente contra a prática de se reduzir experiências complexas 
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Psicologia do Desenvolvimento
a elementos simples. A invenção do cinema foi a demonstração de como uma 
série de fotografias e imagens imóveis, quando eram rapidamente apresenta-
das, transformavam-se em imagens contínuas. Dessa maneira, verificava-se que 
o filme retratado nas telas esboçava o todo das partes que o compunham. O 
movimento aparente não podia ser compreendido, portanto, sem as análises 
de todos os seus componentes. A Gestalt é uma corrente muito significativa no 
estudo das percepções e também contribui para a compreensão dos indivíduos 
como parte de um campo mais amplo, que inclui o organismo e o meio.
Behaviorismo
O fisiologista russo Ivan Sechenov (1829-1905) e o fisiologista e psicólogo 
soviético Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936) descobrem os mecanismos regu-
ladores da conduta, os quais podem ser inibidos ou intensificados pelos me-
canismos de estímulo e resposta. Pavlov propõe que as atividades nervosas 
superiores podem ser estudadas pelo procedimento do reflexo condicionado. 
Assim, o condicionamento é assumido como técnica fundamental, o que per-
mite descobrir as condições para que, frente ao estímulo, haja uma resposta 
que não lhe pertence.
Pavlov, através de pesquisas realizadas com cães, demonstrou como um com-
portamento pode ser condicionado. Em seus estudos, observou que, ao ofertar 
comida aos cães associada ao som de uma campainha, essa ação fazia com que 
esses animais, com o passar do tempo, quando ouviam o sinal da campainha, já 
começavam a salivar. Esse aspecto representava um reflexo condicionado. Essa 
resposta só ocorria em função de uma conexão existente entre o estímulo = som 
e a resposta = a comida. O processo de condicionamento não ocorre somente 
com os animais, mas também no cotidiano das pessoas. Alguns exemplos como 
acordar ao som do despertador, atender o som do celular, dormir em horários 
determinados, representam que o organismo está condicionado a oferecer de-
terminadas respostas em função dos estímulos gerados.
O behaviorismo tem como base a Psicologia prática sem nada de intros-
pecção, tendo como objetivos a predição e o controle da conduta. São seus 
representantes os psicólogos americanos John Broadus Watson (1878-1958), 
Clarck Leonard Hull (1884-1952), Edward Chace Tolman (1886-1959) e Burrhus 
Frederic Skinner (1904-1990). Para Skinner, no condutivismo radical ou beha-
viorismo, toda conduta humana é completamente determinada, nunca haven-
do liberdade de escolha.
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Aspectos históricos da Psicologia do Desenvolvimento
19
O termo behaviorismo deriva da palavra inglesa “behavior” que significa 
comportamento. Skinner, um dos principais representantes dessa corrente 
psicológica, observava que o comportamento humano podia ser modelado. 
De acordo com Fadiman (1986), em um dos seus experimentos, Skinner ob-
servou que, quando uma criança, após realizar uma ação positiva, recebia uma 
bala, esse ato reforçava os comportamentos positivos da criança. Entretanto, 
quando essa mesma criança realizava comportamentos de birra com a mãe, 
todas as vezes que frequentava uma loja, com intuito de que sua mãe com-
prasse brinquedos e, se a criança fosse atendida nos seus apelos, a mãe estava 
reforçando comportamentos negativos de sua filha. Portanto, ao estudar os re-
flexos, Skinner investigava a ocorrência dos mesmos e as respostas desejadas e 
indesejadas. A teoria condutivista é criticada na educação, por estudar formas 
de recompensas no processo educacional, formas de controle do comporta-
mento e enfatizar o ensino programado, no qual existe uma centralização do 
processo educacional no professor.
Corrente teórica da Psicologia voltada para 
os estudos do inconsciente e da afetividade
A Psicologia do Desenvolvimento também se preocupou com as manifestações 
afetivas e emocionais do comportamento humano influenciadas por mecanismos 
inconscientes. Freud e Erikson foram teóricos expressivos desses estudos.
Psicanálise
Para o médico austríaco Sigmund Freud (1859-1939), pai da Psicanálise, os 
processos psíquicos são de natureza inconsciente e os processos conscientes 
não são senão atos isolados ou fracionados da vida total. Segundo Freud, deter-
minados impulsos instintivos, que podem ser unicamente de natureza sexual, 
desempenham um papel entre as causas das enfermidades nervosas, psíquicas, 
e colaboram na gênese das mais altas criações culturais, artísticas e sociais.
A Psicanálise considera que os processos mentais não ocorrem ao acaso. Exis-
tem razões para os acontecimentos humanos, sentimentos ou ações. De acordo 
com Bock (2000), a Psicanálise busca o significado oculto das nossas ações 
que é expresso por meio de gestos, palavras ou sonhos. Na educação, a Psica-
nálise assume um papel significativo no estudo da afetividade, dos recalques, 
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20
Psicologia do Desenvolvimento
repressões, projeções, transferências e mecanismos de defesa vivenciados nas 
relações entre professores e alunos.
O teórico Eric Erikson nasceu na Suécia em 1902 e pintava quadros. De acordo 
com Barros (1993), Erikson foi convidado para pintar o retrato de uma criança na 
Áustria. Essa criança era filha de Freud. Quando Erikson pintava esse retrato, ele 
pôde dialogar com Freud sobre seus estudos. Poucas semanas depois, recebeu 
um convite de Freud para inscrever-se no Instituto Psicanalítico de Viena e estudar 
análise de crianças. Erikson aceitou o convite e escreveu uma teoria significativa 
sobre o desenvolvimento psicossocial do homem, suas diferentes fases da infância 
à idade adulta, os conflitos humanos e as emoções geradas nesses períodos.
Correntes teóricas da Psicologia 
voltadas para as interações sociais
Na educação atual, os princípios defendidos pelas teorias sociointeracio-
nistas são largamente aplicados nas escolas por conceberem as crianças como 
seres ativos nos seus processos de desenvolvimento. Nessas teorias, os aspectos 
biológicos e culturais se complementam no desenvolvimento das pessoas.
Sociointeracionismo
Para o médico francês Henri Wallon (1879- 1962), o desenvolvimento humano 
não é um processo composto por estágios lineares. Ele é marcado por períodos 
de preponderâncias e alternâncias entre aspectos cognitivos e afetivos. Pelo fato 
de Wallon ter vivido nos períodos das duas primeiras grandes guerras mundiais 
na Europa, sua teoria foi influenciada por esses períodos. Para Wallon, o desen-
volvimento é caracterizado por crises e turbulências. Ele considera que o homemé um ser biologicamente social. Na sua teoria, os aspectos motores influenciam 
na construção do pensamento e existe uma relação expressiva entre emoção, 
afeto, movimento e inteligência.
Psicologia soviética – histórico-cultural
O psicólogo russo Lev Semionóvitch Vygotsky (1896-1934) estudou as capa-
cidades humanas (como cada um é capaz, com as ajudas adequadas, de desen-
volver uma habilidade) e define consciência como o autêntico objeto de estudo 
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Aspectos históricos da Psicologia do Desenvolvimento
21
da Psicologia: a consciência é a função mais especializada do cérebro e se desen-
volve no contexto das relações sociais. Em suas investigações sobre os processos 
neuropsicológicos da mente humana, Vygotsky teve a colaboração do neurolo-
gista russo Alexander Romanovitch Luria (1902-1977).
A origem russa de Vygotsky contribuiu para que seus estudos recebessem 
influência do socialismo e estivessem voltados para as interações sociais e a 
construção coletiva do conhecimento. O ensino não estava somente centrado 
no professor, mas em todos os integrantes da sala de aula. A Psicologia soviética 
discutia a não-universalidade de padrões de desenvolvimento. Nessa corrente 
psicológica, a estrutura e o funcionamento do psiquismo humano são construí-
dos de acordo com a cultura dos indivíduos.
Cognitivismo
O objetivo principal dessa corrente é a atividade humana de um sujeito que 
busca, escolhe, elabora, interpreta, transforma, armazena e reproduz a informação 
proveniente do meio ambiente ou do seu interior. Direcionado por um objetivo, 
esse sujeito planeja, programa, executa e corrige a ação em processo até o tér-
mino dessa ação. O biólogo e filósofo suíço Jean Piaget (1896-1980) concebe o 
conhecimento como um conjunto de estruturas cognitivas que permite à criança 
adaptar-se ao ambiente. E ele chama de epistemologia genética ao seu campo de 
estudo sobre as origens e os estágios da inteligência e do conhecimento na crian-
ça. Os teóricos do processamento da informação estabelecem correlação entre os 
comportamentos humanos e os ordenadores de modelos virtuais que processam 
informações mediante mecanismos de entrada, processamento e saída de infor-
mações, assim como acontece com o sistema cerebral humano. A partir disso, esses 
teóricos propõem um sistema de modelos de funcionamento da mente humana.
Piaget buscou nas crianças a origem do conhecimento. No início de suas pes-
quisas, realizava observação direta do comportamento de seus três filhos. Com 
o tempo, foi sistematizando seu método de investigação para entender a lógica 
infantil. O desenvolvimento cognitivo, para ele, ocorria através de processos de 
constantes de desequilíbrios e equilibrações. Ou seja, a cada interação do indi-
víduo com um objeto desconhecido, o indivíduo assimilava as estruturas desse 
objeto e, posteriormente, acomodava suas características em seu pensamento. 
Dessa maneira, novos elementos eram incorporados à estrutura mental dos in-
divíduos e em processos de desequilibrações e equilibrações sucessivas, os su-
jeitos construíam conhecimentos.
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Psicologia do Desenvolvimento
A criança como um ser 
que aprende e se desenvolve
A partir dessas diferentes abordagens e pontos de vista sobre o comporta-
mento humano, buscaremos um referencial que nos permita entender como 
nos constituímos como sujeitos. Para tanto, partimos de algumas premissas.
Em primeiro lugar, o princípio de que o ser humano não é um sujeito acabado 
ao nascimento: ele se constitui ao longo de seu desenvolvimento e de maneira 
tão peculiar e única que exige um estudo organizado para serem conhecidas as 
formas e as condições em que um sujeito vai se formando ao longo de sua vida. 
Para tanto, faz-se necessário que a Psicologia do Desenvolvimento estude, base-
ada nos teóricos que admitem tais condições de desenvolvimento da criança, o 
processo de constituição de cada um.
É preciso compreender, também, que o professor tem um papel fundamental 
no conhecimento do desenvolvimento infantil e na utilização desses conheci-
mentos na sua prática pedagógica. Nesse sentido, é preciso entender a relação 
das correntes teóricas com os contextos de vida das crianças, as diversidades nos 
modos de ser, agir e pensar. Essas correntes teóricas situam o modo de pensar 
das crianças com especificidades próprias que se diferem dos modos de agir e 
pensar dos adultos. O professor também precisa compreender a criança como 
um ser em desenvolvimento e que ainda não está pronto e acabado.
Posteriormente, deve estar claro que devemos levar em conta a condição 
de existência de cada um de nós a partir desse processo contínuo. Assim, te-
óricos que tenham essa óptica são eleitos para nosso estudo: as perspectivas 
psicanalítica, cognitivista e interacionista são as escolhidas para discutirmos, ao 
longo deste material, como se dá o comportamento humano a partir do desen-
volvimento da infância até a maturidade. Dessa forma, poderemos construir um 
referencial teórico útil na relação que manteremos com a criança ao longo do 
processo de escolarização.
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Aspectos históricos da Psicologia do Desenvolvimento
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Texto complementar
Afinal, o que é Psicologia?
(MOREIRA, 1994, p. 13-14)
A Psicologia é uma ciência, o que significa a utilização de um certo método 
para estudar o seu objeto. Esse método científico procura superar as afirma-
ções superficiais do senso comum, utilizando a observação atenta e controla-
da dos fenômenos psicológicos com o objetivo de chegar a conclusões gerais 
a respeito deles.
O objeto da Psicologia é o homem, ser tão complexo que sempre escapa 
e ultrapassa as definições que dele se fazem. O homem é objeto também de 
outras ciências: Biologia, Antropologia e Sociologia.
Através de seu objeto de estudo, a Psicologia se defronta com uma va-
riedade de teorias explicativas sobre o homem e sobre os fenômenos que 
o cercam. Apresenta, por isso mesmo, perspectivas teóricas e técnicas que 
chegam a ser opostas. Apesar dessa divergência, o que caracteriza sua espe-
cificidade é que ela trata de uma dimensão especial de fenômenos – o fato 
psíquico – que não se confunde com manifestações puramente fisiológicas 
ou sociais.
Ao longo do tempo, a Psicologia procurou se colocar de maneira autônoma, 
definindo claramente seu objeto de estudo, sua história, um campo de pesqui-
sas e um conceito de homem. Enfim, uma área de conhecimento cuja especifi-
cidade é dada pela possibilidade de um ponto de vista teórico e de uma prática 
sobre o comportamento. Sua metodologia exibe características peculiares, já 
que aqui, o observador é, ao mesmo tempo, sujeito e objeto da pesquisa.
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Psicologia do Desenvolvimento
Esta situação é sua grandeza e seu “calcanhar de Aquiles”, gerando uma 
permanente crise de identidade, pois é impossível separar o método e o su-
jeito que observa. Esse dilema põe em xeque toda a construção teórica da 
Psicologia e atinge também o seu objeto de estudo: o homem.
A resposta a tais questões nos remete a um impasse histórico entre obje-
tividade e subjetividade que coloca, de um lado, as origens da Psicologia, a 
partir dos filósofos gregos, e a Psicologia atual, de cunho científico.
Para os gregos, a Psicologia se definia a partir de sua etimologia (psyche = 
mente e logos = estudo, ciência), unindo vida mental e comportamento.
Atividades
1. Qual a importância dos estudos do desenvolvimento infantil?
2. Como a Psicologia soviética de Vygotsky define o processo de formação da 
consciência humana?
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Aspectos históricos da Psicologia do Desenvolvimento
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Dicas de estudo
Para entender melhor as teorias psicanalíticas, assista aos filmes:
Perspectiva psicanalítica � – Freud, Além da Alma (EUA, 1962). Direção de 
John Huston.
 Um documentário que aborda os problemas vivenciados por Freud para 
que a Psicanálise fosse aceita como ciência. O filme também retrata as 
principais ideias da teoria freudiana.
Para entender melhor a teoria behaviorista, há dois filmes, conforme abaixo:
Behaviorismo � – Laranja Mecânica (Inglaterra, 1971). Direção de Stanley 
Kubrick. 
 O filme retrata a vida de um líder de um grupo de jovens violentos e tortu-
radores que é preso. Na cadeia, são realizados experimentos e apresenta-
das diversas formas de controle do seu comportamento e consciência.
O Show de Truman � (EUA, 1998). Direção de Peter Weir, roteiro de Andrew 
Niccol.
 O personagem Truman é interpretado por Jim Carrey. O sujeito do talk 
show é uma pessoa que tem sua vida transmitida para os Estados Unidos 
inteiro em canal de TV paga. Mas, ele não sabe o que acontece. Tudo o que 
ocorre ao seu redor é fictício. Até o dia em que ele descobre a farsa. O filme 
retrata os limites do controle do comportamento na vida humana.
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Aspectos históricos da 
Psicologia do Desenvolvimento
1. Os estudos do desenvolvimento infantil colaboram significativa-
mente para o entendimento dos processos biológicos e culturais 
envolvidos na formação das pessoas como sujeitos sociais. Conhe-
cer esses aspectos e a evolução humana permite que os professores 
possam entender os alunos nas suas características globais. Dessa 
maneira, o professor que compreende o modo de agir e pensar da 
criança, com suas especificidades, contribui para uma melhor quali-
dade de seu trabalho cotidiano.
2. Vygotsky compreende que a formação da consciência humana se 
desenvolve a partir do contexto cultural e das relações sociais. O 
conhecimento é construído de forma coletiva.
Gabarito
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