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Higienização em Biotério Julio Anselmo Siqueira Centro de Criação de Camundongos Especiais Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP Capacitação no Uso e Manejo de Animais de Laboratório Barreiras Sanitárias “É o conjunto de sistemas que combina aspectos construtivos, equipamentos e métodos operacionais que buscam estabilizar as condições ambientais das áreas fechadas e restritas, e minimizar a probabilidade de patógenos e outros microrganismos indesejáveis contactarem ou infectarem a população animal das áreas limpas.” (ILAR,1976) Higiene “É um conjunto de medidas que utiliza métodos de limpeza, desinfecção e esterilização, com o objetivo de conservar e promover a saúde do homem e do animal.” Limpeza “É um processo básico no qual são removidas fisicamente as sujidades e a matéria orgânica de superfícies e objetos, não permitindo que o microrganismo ou esporo seja protegido, reduzindo a carga microbiana e garantindo a eficácia do processo de desinfecção e esterilização.” -Realizada preferencialmente logo após o uso do material ou local para evitar ressecamento -Utiliza água, detergentes (neutro) e artefatos não abrasivos (esponjas e escovas) - Deve contemplar todas as superfícies do material -Enxaguar com água (resíduos orgânicos e detergentes) -Uso de EPIs -A limpeza pode ser manual ou automatizada. Na limpeza automatizada se utiliza tecnologia que combina temperatura, produto químico, ação mecânica e tempo. Proporciona menor risco de acidentes aos profissionais e melhor padronização do processo. Em biotérios, normalmente é feita com uso de lavadoras de túnel, lavadoras ultrassônicas e lavadoras termodesinfectadoras. Lavadora de túnelLavadora ultrassônica Desinfecção “É um processo físico ou químico que remove ou destrói microrganismos presentes em superfícies e objetos inanimados, mas não necessariamente os esporos bacterianos.” Não existe o desinfetante ideal, assim a escolha deverá recair sobre aquele que cumprir com maior número de requisitos à finalidade desejada, lembrando-se, entretanto que um bom desinfetante, é aquele que na mesma concentração e no mesmo espaço de tempo elimina bactérias, vírus, fungos, protozoários e parasitos. Características desejáveis de um desinfetante ü ser germicida ü ser de baixo custo e de fácil aplicação ü ser atóxico para o homem e animais, não devendo irritar a pele e mucosas. ü ser estável frente a matéria orgânica, pH, luz ü ser solúvel em água. ü ser inodoro ou ter odor agradável ü ter poder residual ü apresentar poder de penetração e rapidez de ação ü não ser corrosivo ü ser biodegradável Os microrganismos variam consideravelmente quanto à suscetibilidade aos agentes desinfetantes químicos em função da sua estrutura e composição. Ordem decrescente de resistência, de maneira genérica: üesporos bacterianos ücélulas bacterianas üfungos üleveduras üvírus Propriedades antimicrobianas gerais de cinco agentes químicos desinfetantes Fatores que influenciam a eficiência dos germicidas Ø A atividade antimicrobiana é diretamente proporcional ao número de microrganismos presentes Ø Quanto maior a carga microbiana, maior o tempo de exposição necessário para destruí-la Ø Somente as superfícies em contato direto com o produto serão desinfetadas Ø Equipamentos contendo múltiplas peças devem ser desmontados Ø Limpeza prévia é fundamental Ø com poucas exceções, quanto mais concentrado o produto, maior é a eficácia e menor o tempo de exposição necessário para a destruição dos microrganismos Ø os desinfetantes são comumente usados a temperatura ambiente, porém o aumento da temperatura pode favorecer a atividade do agente desinfetante (formaldeído). Ø o efeito do valor do pH na ação antimicrobiana depende do desinfetante, dos microrganismos e do item submetido à desinfecção. Cada desinfetante tem seu pH ideal de ação. Existem vários desinfetantes, entretanto, não existe um que atenda a todas as situações e necessidades encontradas em um biotério. Por suas características, três destacam-se no uso em biotérios: Ø Álcoois (Etanol) Ø Compostos liberadores de cloro (Hipoclorito de sódio) Ø Compostos de amônio quaternário Álcool ü Álcool etílico(mais usado) e isopropílico ü Concentração ideal de 70% ü Amplo espectro ü Fácil aplicação ü Ação imediata sobre bactérias na forma vegetativa (Gram- positivas e negativas), alguns fungos e vírus lipofílicos ü Utilizado para desinfecção de superfícies em geral e anti-sepsia das mãos ü Inflamável, volátil, opacifica acrílicos, resseca plásticos e borrachas ü Irritante para os olhos e resseca a pele Compostos liberadores de cloro ü Hipoclorito de sódio (mais usado) ü Ação rápida, baixo custo e amplo espectro de ação ü Quanto maior a concentração e/ou tempo, maior o espectro de ação ü Muito ativos para bactérias na forma vegetativa gram positiva e gram negativa ü Ativo para micobactérias, esporos bacterianos (altas concentrações), fungos e vírus lipofílicos e hidrofílicos Compostos liberadores de cloro ü Instável (afetado pela luz solar, temperaturas >25°C e pH básico) ü Inativado na presença de matéria orgânica ü Corrosivo para metais ü Ataca plástico e borrachas ü Odor desagradável e irritante para olhos e mucosa ü Necessidade de limpeza prévia ü Uso de EPIs Compostos de amônio quaternário ü Detergente catiônico com propriedades germicidas ü Muitos efetivos contra bactérias e para alguns vírus não lipídicos. ü Não apresenta ação letal para esporos bacterianos e para micobactérias ü Pouco corrosivo e baixa toxicidade ü Incompatibilidade com detergentes aniônicos ü Pode ser inativado em presença de matéria orgânica Esterilização Processo físico ou químico capaz de eliminar todas as formas viáveis de microrganismos, inclusive esporos bacterianos, de uma área ou material. Ø No processo físico, utilizam-se vapor sob pressão (autoclave), calor seco (forno), filtração e radiação não ionizante. Ø No processo químico, utilizam-se o glutaraldeído, peróxido de hidrogênio e ácido peracético. Esterilização por agentes físicos v Vapor sob pressão – Autoclave ü A autoclave é imprescindível em biotérios com alta qualidade sanitária ü Processo mais eficiente de destruição dos microrganismos ü Usada para todo material que não seja prejudicado pelo calor e umidade ü Gaiolas, maravalha, bebedouros, ração(autoclavável), uniformes, etc. ü A temperatura e tempo depende de cada equipamento e do material a ser esterilizado Autoclave de barreira Esterilização por agentes físicos v Calor seco ü Flambageme Forno Pasteur ü Limitado aos materiais que não resistem a ação corrosiva ou hidrolizadora do calor úmido v Filtração ü Água ou soluções que se decompõem com o calor ü Ar (filtro Hepa) v Radiação ü Luz Ultravioleta: não considerado agente esterilizante, devido ao baixo poder de penetração e fraca atividade antimicrobiana ü Radiação gama: menos agressivo para os materiais, mas com alto custo e dificuldades de logística. Esterilização por agentes químicos Ø Poucos agentes químicos são capazes de eliminar esporos bacterianos na concentração e sob as condições ideais de seu uso Ø Seu valor principal está no uso em áreas e materiais onde os métodos físicos de esterilização não podem ser empregados Ø Em biotérios os agentes químicos que podem ser usados são: glutaraldeído, peróxido de hidrogênio e ácido peracético; o formaldeído já foi utilizado, mas hoje, por ser carcinogênico, tem seu uso restrito. Ø Deixam resíduos tóxicos, são irritantes e potencialmente carcinogênicos Validação dos métodos de higienização e esterilização ü A área interna (sala de criação/experimentação) e área externa(lavagem e estoque de materiais) devem ser validadas com uma inspeção visual e coleta de swabs em pontos estratégicos, os quais são semeados em meios de cultura específicos para agentes patogênicos. ü Equipamentos como capela de fluxo laminar ou módulo de troca e racks ventiladas, por exposição de placascom meios de cultura abertas por 45 minutos nesses ambientes Validação dos métodos de higienização e esterilização ü As autoclaves de dupla porta devem ser calibradas periodicamente ü Deve-se estabelecer ciclos com vácuo, pressão, tempo e temperatura para cada material a ser esterilizado ü A validação deve ser feita com carga máxima de cada material, colocando-se sensores de temperatura, fitas ou ampolas contendo Bacillus stearothermophylus distribuídos dentro da câmara, conforme figura a seguir ü O uso de microprocessador acoplado à autoclave fornece, imediatamente após cada ciclo, todas as informações sobre o ciclo realizado. 3 4 1 2 5 67 89 10 Distribuição de bioindicadores, termopares e termômetros de máxima na câmara interna da autoclave Câmara inferior Câmara superior Conceitos abordados Métodos de limpeza, desinfecção, esterilização e sua validação Referências complementares LAPCHIK, Valderez Bastos Valero; MATTARAIA, Vania Gomes de Moura; KO, Gui Mi. Cuidados e manejo deanimais de laboratório. 2ª Ed. Atheneu, 2017. NATIONAL RESEARCH COUNCIL et al. Guide for the care and use of laboratory animals. National Academies Press, 2010. Contato para esclarecimento de dúvidas cebiot_curso@icb.usp.brREBIOTERIO
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