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Tecido muscular esquelético Seiane Farias - Medicina Fibra muscular = célula muscular; O músculo esquelético também contém tecidos conjuntivos que circundam as fibras musculares, além do músculo inteiro, dos nervos e dos vasos sanguíneos; TECIDO CONJUNTIVO Ele tem a função de circundar e proteger o tecido muscular; A tela subcutânea, que separa o músculo da pele, é composta por tecido conjuntivo areolar e adiposo; O tecido adiposo armazena a maioria dos triglicerídios do corpo, serve de camada de isolamento que reduz a perda de calor e protege os músculos do trauma físico. A fáscia é uma lâmina densa ou faixa larga de tecido conjuntivo denso não modelado que reveste a parede corporal e os membros, além de sustentar e envolver músculos e outros órgãos do corpo. Três camadas de tecido conjuntivo se estendem a partir da fáscia: Endomísio: penetra no interior de cada fascículo e separa as fibras musculares individualmente. O endomísio consiste principalmente de fibras reticulares. Apenas vasos sanguíneos de pequeno diâmetro e os ramos neuronais mais finos são encontrados; Perimísio: também é uma camada de tecido conjuntivo denso não modelado, porém circunda grupos de 10 a 100, ou mais, fibras musculares, separando-as em feixes chamados de fascículos ou feixes. Epimísio: camada externa que envolve todo o músculo. Consiste em tecido conjuntivo denso não modelado; O suprimento vascular e nervoso adentra o músculo através dele; As 3 camadas são continuas com o tecido conjuntivo que fixa os músculos esqueléticos a outras estruturas como ossos e outros músculos; ex. para formar um tendão; Quando os elementos de tecido conjuntivo se estendem como uma lâmina larga e plana, observamos o que chamamos de aponeurose. CORRELAÇÃO CLÍNICA – Fibromialgia É um distúrbio reumático não articular doloroso e crônico que afeta os componentes de tecido conjuntivo fibroso de músculos, tendões e ligamentos; Um sinal marcante é a dor quando pontos dolorosos são pressionados; INERVAÇÃO E SUPRIMENTO SANGUÍNEO Em geral, uma artéria e uma ou duas veias acompanham cada nervo que penetra em um músculo esquelético; Os neurônios que estimulam o músculo esquelético a se contrair são os neurônios somáticos motores. Cada neurônio somático motor apresenta um axônio que se estende do encéfalo ou medula espinal até um grupo de fibras musculares esqueléticas. O axônio normalmente se ramifica muitas vezes e cada ramo se estende para uma fibra muscular esquelética diferente. Os capilares são abundantes nas fibras musculares; Responsáveis por levar nutrientes e oxigênio (necessários para a síntese do ATP) e remover calor e produtos residuais do metabolismo muscular; ANATOMIA MICROSCÓPICA DE UMA FIBRA MUSCULAR ESQUELÉTICA O comprimento usual de uma fibra muscular esquelética madura é de cerca de 10 cm, embora algumas apresentem até 30 cm. É uma célula longa e cilíndrica coberta por endomísio e sarcolema; contém sarcoplasma, miofibrilas, multinucleada, localizados na periferia, mitocôndrias, túbulos transversos, retículos sarcoplasmáticos e cisternas terminais. Tem aspecto estriado. A fibra se origina durante o desenvolvimento embrionário a partir da fusão de uma centena ou mais de pequenas células mesodérmicas chamadas mioblastos, por isso a célula madura é multinucleada; Ao ocorrer a fusão, a fibra perde sua capacidade de sofrer divisão celular. Assim, a quantidade é determinada antes do nascimento e a maioria dessas células dura a vida toda. Sarcolema: membrana plasmática da fibra muscular; Túbulos transversos (T): são minúsculas invaginações do sarcolema, que formam um túnel da superfície para o centro de cada fibra; Quando se abrem para o exterior da fibra estão cheios de liquido intersticial; Os potenciais de ação muscular percorrem o sarcolema e os túbulos T, espalhando-se rapidamente por toda a fibra muscular. Essa distribuição garante que um potencial de ação excite todas as partes de uma fibra muscular praticamente no mesmo instante. Sarcoplasma: citoplasma da fibra muscular; Apresenta glicogênio, usado para sintetizar ATP; Apresenta a mioglobina, uma proteína de cor vermelha; o É encontrada apenas no músculo e liga moléculas de O2 que se difundem nas fibras musculares a partir do liquido intersticial; o Libera O2 para a mitocôndria; As mitocôndrias estão em fileiras por toda a fibra, perto das proteínas musculares contráteis que usam ATP durante a contração, de forma que ele seja produzido rápido quando necessário; O sarcoplasma contém as miofibrilas, as organelas contráteis do músculo esquelético; Suas estriações proeminentes fazem com que toda a fibra muscular esquelética pareça estriada. Sacos membranosos cheios de líquido chamados retículo sarcoplasmático (RS) envolvem cada miofibrila. Ele é similar ao retículo endoplasmático liso nas células não musculares. Sacos terminais dilatados do retículo sarcoplasmático chamados cisternas terminais flanqueiam os túbulos T dos dois lados. Um túbulo transverso e as duas cisternas terminais em cada lado formam uma tríade. Na fibra muscular relaxada, o retículo sarcoplasmático armazena íons cálcio (Ca2+). A liberação de Ca2+ das cisternas terminais do retículo sarcoplasmático desencadeia a contração muscular. Dentro das miofibrilas existem estruturas proteicas menores chamadas filamentos ou miofilamentos; Os filamentos finos são compostos principalmente pela proteína actina, enquanto os filamentos grossos pela proteína miosina. Há dois filamentos finos para cada filamento grosso nas regiões de sobreposição dos filamentos. Os sarcômeros são os locais que “guardam” esses filamentos, e são as unidades básicas funcionais de uma miofibrila; Regiões estreitas de material proteico denso chamadas linhas Z separam um sarcômero do outro. A sobreposição dos filamentos grossos e finos depende de o músculo estar contraído, relaxado ou estirado. O padrão da sobreposição cria as estriações que podem ser vistas nas miofibrilas individuais e em fibras musculares inteiras. A parte do meio, mais escura, é a banda A, que se estende por todo o comprimento dos filamentos grossos. Em cada extremidade da banda A está uma zona de sobreposição, onde os filamentos grossos e finos repousam lado a lado. A banda I é uma área mais clara e menos densa que contém o resto dos filamentos finos e nenhum filamento grosso, cujo centro passa uma linha Z. A estreita zona H no centro de cada banda A contém filamentos grossos e não finos. Lembrar que a letra I é fina (contém filamentos finos) e a letra H é grossa (contém filamentos grossos). Proteínas de sustentação que mantêm os filamentos grossos juntos no centro da zona H formam a linha M, assim chamada porque se encontra no meio do sarcômero. As miofibrilas são construídas de três tipos de proteínas: 1. As proteínas contráteis, que geram força durante a contração; Miosina (grossos): é uma proteína motora, ou seja, empurram estruturas celulares para conseguir o movimento convertendo energia química em ATP em energia mecânica de movimento; o A cauda aponta para a linha M; o As cabeças se projetam para fora da diáfise de maneira espiralada; e contém locais para combinação com ATP; Actina (finos); são ancorados nas linhas Z, se enroscam como uma hélice; e em cada molécula há um local de ligação com a miosina, onde a cabeça pode se prender; 2. As proteínas reguladoras, que ajudam a ativar e desativar o processo de contração, tem-se 2, que são parte do filamento fino; Tropomiosina: cobrem os locais de ligação com a miosina na actina; Troponina: é um complexo de 3 subunidades – TnT que se liga fortemente à tropomiosina,TnC, que tem grande afinidade por íons cálcio (Ca2+), e TnI, que cobre o sítio ativo da actina, no qual ocorre a interação da actina com a miosina. 3. As proteínas estruturais, que mantêm os filamentos grossos e finos no alinhamento adequado, conferem à miofibrila elasticidade e extensibilidade e ligam as miofibrilas ao sarcolema e à matriz extracelular. Titina: ocupa metade de um sarcômero, indo de uma linha Z a uma linha M, por isso estabiliza a posição do filamento grosso; o Provável que ajude o sarcômero a voltar ao seu comprimento de repouso depois da contração ou estiramento muscular, que ajude a evitar a extensão excessiva dos sarcômeros e que mantenha a localização central das bandas A. A-actina: se ligam às moléculas de actina e à tinina; Miomesina: formam a linha M; Nebulina: proteína longa e não elástica que acompanha cada filamento fino por toda sua extensão. Ajuda a ancorar os filamentos finos às linhas Z e regula a extensão dos filamentos finos durante o desenvolvimento. Distrofina: liga os filamentos finos do sarcômero às proteínas integrais de membrana do sarcolema; que estão presas às proteínas na matriz de tecido conjuntivo que circunda as fibras musculares; acredita-se que ajude a reforçar o sarcolema e a transmitir a tensão dos sarcômeros aos tendões. CORRELAÇÃO CLÍNICA – Hipertrofia, fibrose e atrofia muscular A hipertrofia muscular é decorrente da produção mais intensa de miofibrilas, mitocôndrias, retículo sarcoplasmático e outras organelas em resposta à atividade muscular repetitiva e bastante forçada como o treinamento de força; Durante a infância, o GH e outros hormônios estimulam o crescimento do tamanho das fibras musculares esqueléticas. O hormônio testosterona promove o crescimento ainda maior das fibras musculares. Alguns mioblastos persistem no musculo maduro como células satélites; São capazes de se fundir uma a outra ou à fibras musculares danificadas para regeneração; Quando a quantidade de células satélites não é suficiente para compensar uma degeneração, o tecido muscular sofre fibrose, que consiste na substituição das fibras musculares por tecido cicatricial fibroso. A atrofia muscular é a diminuição de tamanho das fibras musculares com perda progressiva de miofibrilas; as fibras são substituídas por tecido conjuntivo fibroso; Produzir movimentos; Estabilizar posições corporais. Armazenar e mover substâncias dentro do corpo. Gerar calor (termogênese). Os potenciais de ação muscular emergem na junção neuromuscular (JNM), que consiste na sinapse entre um neurônio somático motor e uma fibra muscular esquelética; Em geral, a JNM fica próxima ao ponto médio da fibra muscular esquelética. Os potenciais de ação muscular que surgem na JNM se propagam para as extremidades. Dentro das vesículas sinápticas dos neurônios há moléculas de acetilcolina que serão ligadas na placa motora do sarcolema, em receptores de ACh; Esses receptores são proteínas integrais transmembrana e são abundantes nas dobras juncionais, sulcos profundos na placa que oferecem uma grandes área de superfície; O impulso nervoso (potencial de ação nervoso) evoca um potencial de ação muscular da seguinte maneira: 1. Liberação de acetilcolina. A chegada do impulso nervoso nos botões sinápticos terminais estimula a abertura dos canais dependentes de voltagem. As vesículas sinápticas sofrem exocitose e se fundem com a membrana plasmática do neurônio motor, liberando ACh na fenda sináptica. Em seguida, ela se difunde pela fenda sináptica entre o neurônio motor e a placa motora. 2. Ativação dos receptores de ACh. A ligação de duas moléculas de ACh ao receptor na placa motora abre um canal iônico no receptor de ACh. Uma vez aberto o canal, pequenos cátions, sobretudo Na2+, fluem através da membrana. 3. Produção do potencial de ação muscular. O influxo de Na2+ torna o interior da fibra muscular mais positivamente carregado, desencadeando um potencial de ação muscular. O potencial de ação se propaga pelo sarcolema para os túbulos T, fazendo com que o retículo sarcoplasmático libere seus Ca2+. 4. Início da contração: o Ca+ vai se ligar à troponina, que faz com que a tropomiosina se movimente para longe dos canais de ligação com a miosina – actina; 5. Hidrólise de ATP. A cabeça de miosina engloba um local de ligação com o ATP e uma ATPase, enzima que hidrolisa o ATP em ADP (difosfato de adenosina) e um grupo fosfato. Essa reação de hidrólise reorienta e energiza a cabeça de miosina. Os produtos da hidrólise de ATP – ADP e um grupo fosfato – ainda continuam presos à cabeça de miosina; 6. Acoplamento da miosina à actina para formar pontes transversas. As cabeças de miosina energizadas se fixam aos locais de ligação com a actina e liberam o grupo fosfato previamente hidrolisado. Quando as cabeças de miosina se prendem à actina durante a contração, elas são chamadas pontes transversas. 7. Movimento de força. Depois da formação das pontes ocorre o movimento de força. O local na ponte transversa onde o ADP ainda está ligado se abre. Em consequência disso, a ponte transversa roda e libera o ADP. A ponte transversa gera força ao rodar em direção ao centro do sarcômero, deslizando o filamento fino pelo filamento grosso na direção da linha M. 8. Desacoplamento da miosina da actina. Ao final do movimento de força, a ponte transversa permanece firmemente presa à actina até se ligar a outra molécula de ATP. Quando o ATP se liga ao local de ligação com o ATP na cabeça de miosina, a cabeça de miosina se solta da actina. 9. Com a queda do nível de Ca2+, a tropomiosina cobre os locais de ligação da miosina e a fibra muscular relaxa. 10. Término da atividade da ACh. O efeito da ligação da ACh dura pouco porque a ACh é logo degradada por uma enzima chamada acetilcolinesterase (AChE). Essa enzima está presa às fibras de colágeno na matriz extracelular da fenda sináptica. A AChE degrada a ACh em acetil e colina, produtos incapazes de ativar o receptor de acetilcolina. ACOPLAMENTO EXCITAÇÃO-CONTRAÇÃO Conforme o potencial de ação muscular vai se propagando ao longo do sarcolema e nos túbulos T, os canais de liberação de Ca2+ na membrana do RS vão se abrindo; Esses são bombas de transporte ativo de Ca2+ que usam ATP para movimentar Ca2+ de maneira constante do sarcoplasma para o RS. Enquanto os potenciais de ação musculares se propagam pelos túbulos T, os canais de liberação de Ca2+ são abertos. Depois da propagação pelos túbulos T do último potencial de ação, os canais de liberação de Ca2+ fecham. O Ca2+ é levado para o RS pelas bombas e a concentração de íons no sarcoplasma rapidamente diminui. Dentro do RS, moléculas de uma proteína de ligação com cálcio, apropriadamente chamada calsequestrina, se ligam ao Ca2+, possibilitando que ainda mais Ca2+ seja sequestrado ou armazenado dentro do RS. As fibras musculares possuem três maneiras de produzir ATP: 1. A partir do fosfato de creatina; 2. Por respiração celular anaeróbica; 3. Por respiração celular aeróbica. O uso do fosfato de creatina para a produção de ATP é exclusivo das fibras musculares; Embora os mecanismos exatos que causam a fadiga muscular ainda não estejam esclarecidos, acredita-se que diversos fatores contribuam. Um deles é a liberação inadequada de íons cálcio do RS, resultando em declínio da concentração de Ca2+ no sarcoplasma. A depleção de fosfato de creatina também é associada à fadiga, porém, surpreendentemente, os níveis de ATP no músculo fatigado muitas vezes não estão muito mais baixos do que no músculo em repouso. Outros fatores que contribuem para a fadiga muscular incluem insuficiência de oxigênio, depleção de glicogênio e outros nutrientes, formação de ácido láctico e ADP e falha dos potenciaisde ação no neurônio motor para liberar acetilcolina suficiente. A maioria dos músculos esqueléticos apresenta uma mistura dos três tipos de fibras musculares esqueléticas; Fibras oxidativa lentas: Revelam-se da cor vermelha escura, com grandes quant. de mioglobina e muitos capilares sanguíneos; Possuem muitas mitocôndrias grandes, por isso geram ATP principalmente por respiração aeróbica; São lentas pois a ATPase nas cabeças de miosina hidrolisam ATP devagar, com isso tem velocidade de contração lentas; São mais resistentes à fadiga e são adaptadas para manutenção da postura e para atividades aeróbicas de resistência como corrida de maratona; Fibras oxidativo-glicolíticas rápidas: São normalmente maiores, elas contém grandes quantidades de mioglobina (aparência vermelho-escura) e muitos capilares; Podem gerar quantidade de ATP considerável por respiração aeróbica, o que lhes confere resistência moderadamente elevada à fadiga. Uma vez que seu nível intracelular de glicogênio é alto, elas também geram ATP por glicólise anaeróbica; Contribuem na caminhada e na corrida de velocidade; Fibras glicolíticas rápidas: Apresentam pouca mioglobina, por isso se mostram de cor branca, poucos capilares sanguíneos e poucas mitocôndrias; Possuem grande quantidade de glicogênio e geram ATP principalmente por glicólise; Tem a capacidade de hidrolisar o ATP rápido e com isso se contraem forte e rapidamente; São adaptadas para movimentos anaeróbicos intensos de curta duração, como o levantamento de peso ou arremesso de bola, porém fadigam logo;
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