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TRABALHO 2 TEORIA DA PRÁXIS- CARTA AO PROFESSOR ANDRÉ- UNIP

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LICENCIATURA EM GEOGRAFIA 
 
 
 
 
PRÁTICA DE ENSINO: TRAJETÓRIA DA PRÁXIS (PE:TP) 
 
POSTAGEM 2 
TEXTO DISSERTATIVO 
 
CARTA AO PROFESSOR ANDRÉ 
 
 
 
 
 
 
GEOVÁ ASSUNÇÃO CERIANI 
RA: 1937120 
 
 
 
 
BARRA DO GARÇAS - MT – 
2021 
 
Barra do Garças, 03 de maio de 2021 
Caríssimo Professor André. 
Quero enviar nesse primeiro momento minha solidariedade, meu abraço e meu afeto enquanto professor 
desta linda e árdua missão de ensinar. 
Me chamo Geová Ceriani, e estou na lida da sala de aula a mais de 11 anos, trabalhando atualmente com 
alunos do 6º ano do fundamental ao 3º ano do ensino médio, e quero ser verdadeiro que em nenhum desses 
11 anos de profissão passei por esse grave problema que você está passando atualmente. 
Vejo que em nosso momento histórico a educação no país está cada vez mais devastada bem como a 
desvalorização do trabalho do professor, e também percebemos que a violência está, com certeza, ocupando 
quase todos os espaços da sociedade, uma vez alastrada pelas ruas das grandes cidades, está estendendo seus 
ramos por dentro das famílias e por fim escolas, onde deveria ser, um lar de paz e de conhecimento. 
Acredito fortemente no pensamento iluminista onde somente o conhecimento seja a luz para tantos 
problemas, e é na escola onde conseguimos acender as velas do conhecimento em tantos alunos que por ela 
devem passar, e acho que isso já mostra o nosso grande valor a frente dessa batalha. 
O aluno Carlos, que por sinal ainda é bem jovem, acredito que já vive a realidade da violência das grandes 
cidades, mas não é por esse motivo que devemos escantea-lo e apenas esquecer que ele existe. Sei que não 
sou eu que estou vivendo esse lastimo momento, mas, acho que tampar o sol com uma peneira não seria uma 
boa solução. 
Posso te contar o que eu fiz uma vez na escola para sanar um problema quase parecido com o teu? Peço 
licença: Então, por causa de uma nota baixa no final de um bimestre um aluno do 2º ano do ensino médio 
fechou a cara com o professor da disciplina de história, que por sinal era eu. Na verdade, no começo não 
sabia bem o que fazer. O aluno não respondia à chamada, não ia ao quadro-negro para participar dos 
exercícios, nos momentos de recreação quando eu aparecia perto dele, ele simplesmente saia de lá e ia para 
outro local. Aquilo me deixava muito constrangido e sentindo que meu trabalho de ensinar com ele não 
estava surtindo efeitos. Depois de muito pensar, cheguei a uma conclusão; refazer minha amizade com ele 
como se o estivesse visto no primeiro dia de aula. 
Uma semana depois em um dia que eu teria aproximadamente 2 aulas conjugadas levei os alunos para um 
ambiente aberto e expliquei que nas aulas daquele dia iriamos trabalhar sobre a cultura italiana dos fantoches, 
aliada à principal alegria daquela sociedade em estar ao redor da mesa para comer. 
Sabe, professor André, eu sou adotado por uma italiana, e ela sempre me lembra que para a cultura de seu 
país sentar-se à mesa é uma maneira de criar vínculo com as pessoas e garantir também uma vida duradoura 
através da apreciação do gosto dos pratos e uma deliciosa conversa. 
Com a ajuda de outro professor encenamos para a turma um lindo texto que eu conhecia do site Recanto das 
Letras que se intitula: As borboletas e a dança da chuva, que trata sobre a morte das plantas feita pelo mal 
(fogo) criado pelo ser humano, e a dança da chuva feita pelos índios que salvavam a floresta e tudo renascia 
muito mais bonito. Moral da história: só o bem cura todo o mal. 
No final da história o palco caiu de uma forma calculada e atrás tinha uma mesa recheada de guloseimas. 
O sorriso ficou estampado em todos, até no aluno nervoso por causa da nota ruim do final do bimestre. Sabe 
o resultado? Hoje tenho um grande amigo que terminou a faculdade, é advogado e quando me vê na rua me 
chama de... Professor! 
Professor André: você conseguiu ver a diferença entre o escantear e esquecer, com, o lutar e ser vitorioso? 
Eu acho que deveria ser esse o primeiro passo que deverias fazer com o aluno Carlos: reestabelecer o mesmo 
contato do primeiro dia de aula. Busque saber o que ele mais gosta de fazer e depois crie uma situação na 
escola para que ele estabeleça contato com você mesmo sem ele saber ao certo. 
Lembre-se do pensamento de John Locke, que o ser humano é uma tabula rasa, nós nascemos como uma 
folha em branco, e que com a vivencia no meio social somos moldados e escritos. No fundo o caractere do 
aluno Carlos é bom, o mundo que o moldou assim, ou seja, na sua psique, ele é bom. Acredite nessa versão. 
Não transpareça na frente dele que tem medo, ou que ele é um nada e que continuará sendo um nada para 
sempre. Mostre que ele é valioso, que você lhe tem respeito e que você também tem seu lugar na frente dele. 
Acho que o de expulsa-lo, colocá-lo de lado, ignora-lo vai apenas crescer ainda mais o ódio. O mal nunca 
sairá sobre o bem, lembra do ditado que quando dois não querem a briga não acontece? 
Levante a cabeça, mostre que você é forte e está disposto a encara-lo de forma positiva, não mostre que a 
intimidação dele está te fazendo mal, que ele está crescendo sobre você. Mostre que o que ele fez não te 
atacou. 
Teremos medo diante dessas ameaças? É claro, somos humanos e todos temos medo. Mas eu acho que o 
medo maior é do de perceber que nada fizemos e que colocamos mais fogo na fogueira. 
A busca por um psicólogo também vai restaurar seus pensamentos e deixa-lo mais forte para enfrentar tal 
desafio. 
Quero finalizar que no meu entendimento o que falta ao aluno Carlos seja atenção e carinho, ele deve sentir 
falta de alguém que o veja, que lhe mostre o seu valor. E nós professores muitas vezes temos que fazer esse 
papel, é uma maneira diferente de entregar uma futura pessoa com menos necessidades afetuosas que pode 
afetar sua maneira de viver em sociedade. 
Já pensou também em pedir ajuda a outros professores que tem mais afinidade com o aluno Carlos? As vezes 
uma boa conversa entre os dois possa também surgir um momento de trégua e assim consiga melhorar esse 
relacionamento. Acho impossível não haver algum professor com porta aberta com esse aluno. 
Para ir finalizando essa carta acho que na nossa profissão devemos tratar os alunos como indivíduos antes de 
tudo. Em alguns casos, as turmas são tão numerosas que os alunos passam a ser tratados apenas como 
números no papel. Quando nós professores, conhecemos cada aluno além da sala de aula, temos uma 
maior capacidade de entender e solucionar os problemas do dia a dia na escola. Devemos criar interesse pelos 
gostos pessoais dos alunos, nunca se esquecer de perguntar “como foi seu dia ou seu final de semana”; tentar 
entender suas rotinas; criar um canal de comunicação com os pais para que eles possam ver em nós a 
continuação de sua família, além de um simples professor que ele vê duas ou três vezes por semana e nada 
mais. 
Devemos sempre em nossa profissão, caro amigo professor André, ganhar a cada dia a confiança dos nossos 
alunos, devemos sempre fazer uma autoavaliação e abrirmos a todas as sugestões propostas através de um 
diálogo estabelecido com os alunos, afinal não adianta ouvir e não estar disposto a mudar em alguns 
aspectos, concorda comigo? 
Depois de nos autoavaliar, sejamos honestos com nossos alunos e admitimos nossos erros. Adultos que não 
assumem seus erros, dificilmente conseguem ser justos com as crianças e estabelecer uma relação de 
confiança. Por isso, devemos compartilhar nossas experiências e mostrar humanidade e semelhança para que 
eles consigam ver, não apenas a figura do professor, mas a figura de um amigo disposto a ajudar. 
O aluno Carlos no fundo precisa apenas ver em você a figura de um amigo. 
Enfim, espero que nossa conserva lhe ajude a passar por esse momento, que você consiga sair vitorioso, e 
que continue a trabalhar nessa profissão que é a mais importante e gloriosa perante todas as demais.Professor André, você é um construtor da sociedade!! 
Até mais. 
Seja feliz 
Seu amigo, Geová Ceriani !

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