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SISTEMA EXTRAPIRAMIDAL Relaciona-se ao comportamento motor, juntamente com o sistema piramidal. Nesse sentido, o comportamento motor envolve: - Planejamento; - Execução; - Correção; O sistema extrapiramidal fica responsável pelas etapas de planejamento e correção e a execução fica a cargo do piramidal. A. ESTRUTURAS O sistema extrapiramidal está disperso pelo SN e pode ser hierarquizado em estratos: - Superior: córtex (planejamento - áreas corticais motoras, especialmente as ditas secundárias); - Intermediário: núcleos da base, cerebelo e tálamo; - Inferior: 4 tratos eferentes - rubro / vestíbulo / teto / retículo espinal; FLUXO DE INFORMAÇÕES NO CÓRTEX ● Área primária: unimodal (pode ser especificada, por exemplo, visual, olfativa, auditiva) ● Área secundária (rosa): unimodal ● Área terciária (azul): multi ou polimodal (sem especificidade). Abarca todas as informações do córtex para a tomada de decisões B. COMPORTAMENTO MOTOR Todo comportamento motor tem seu planejamento iniciado na área terciária, área parieto-occipito-temporal (POT) pertencente ao córtex parietal posterior. Essa área abarca diversas informações sensoriais para a tomada de decisões (não existe ato motor sem transformação sensório-motora, daí a necessidade de informações sensoriais do ambiente externo). - Localização estratégica, uma vez que pega o lobo parietal (informações somestésicas), occipital (informações visuais primárias e secundárias) e temporal (informações mnemônicas). Após a geração do plano motor, essa informação irá para as áreas secundárias motoras (p ex pré-motora e motora suplementar) e aqui se inicia o sistema dito extrapiramidal - primeiro estrato do sistema extrapiramidal. As áreas secundárias motoras estão mais relacionadas à memória do comportamento que será executado - memória dos músculos (seleção de agonistas e antagonistas, duração de contração, musculatura envolvida, etc). ➔ Lesões nas áreas secundárias motoras produzem os padrões de apraxias. Por exemplo, apraxia de marcha em pacientes com Alzheimer avançado e hidrocefalia de pressão normal, tumores de lobo frontal. Nesse caso, o plano está íntegro, a musculatura também, mas na deambulação não há a execução. As áreas secundárias motoras vão recorrer a 2 alças subcorticais para o refinamento desse plano motor, sendo que uma vai para o cerebelo e outra para os núcleos da base. Essas alças retroalimentam as áreas secundárias motoras que deram início a elas. Amanda Kuroishi ➔ É necessário ressaltar: para toda ação motora há um tempo de contração do agonista, um tempo de contração do antagonista e mais um tempo de contração do agonista. A alça que vai para o cerebelo regula exatamente isso: agonista-antagonista-agonista. E o faz no seu segmento mais lateral (neocerebelo ou cérebro-cerebelo). Uma vez que o cerebelo selecionou a sequência, a alça dos núcleos da base precisa ativar de maneira somatotópica (específica) os agonistas e inibir ou excitar menos os antagonistas. E essa competição que pode originar síndromes extrapiramidais. Toda essa etapa é apenas o planejamento e ocorre em um tempo de 0,5 milissegundos, aproximadamente. Nesse contexto, o delay de Libets seria essa etapa que antecede a tomada de consciência do comportamento motor. As áreas motoras secundárias após serem retroalimentadas pelo cerebelo e núcleos da base vão enviar as informações para uma área primária (giro pré-central) que, através do sistema piramidal, alcançam o neurônio motor inferior e a musculatura. ➔ Lesões na alça do cerebelo de ida (área motora secundária → cerebelo) também produzem padrões de apraxias. Por outro lado, se a lesão é no retorno do cerebelo à área motora secundária (componente ascendente), há padrões de ataxia cerebelar (fala explosiva, que oscila para mais e para menos com alteração da ventilação associada) . OBS. Diagnóstico topográfico: olhar para o aspecto clínico e já saber a área afetada. Com relação à alça dos núcleos da base (núcleo caudado, globo pálido, núcleo subtalâmico, substância negra), eles funcionam por 3 vias principais, divididas em 2 inibitórias e 1 excitatória (uma ativa o agonista e duas inibem os antagonistas). - Via direta: excitatória; - Via indireta: inibitória; - Via hiper-direta: inibitória; Quanto maior for a atividade inibitória, mais refinado é o comportamento motor. ➔ Lesões ao núcleo subtalâmico: relaciona-se à via inibitória, por isso lesões nele implicam em um distúrbio hipercinético (movimentos balísticos, hemibalismo); ➔ Lesões do caudado (putamen, estriado): padrões coreicos (síndrome hipercinética); ➔ Doença de Parkinson: tremor de repouso, porém dentro dos distúrbios hipocinéticos; Após planejamento pela área motora piramidal, o plano vai para o trato piramidal que, por sua vez, é composto pelos tratos corticoespinal e corticonuclear, que agem sobre neurônios motores inferiores no tronco e na medula (corno anterior) e deles o comportamento vai agir na musculatura (face, pescoço, restante do corpo no caso de medulares). ➔ Lesões nos neurônios motores superiores caracterizam as síndromes piramidais com hipertonia elástica (espastismo), sinal de Babinski, hiperreflexia, clônus; Amanda Kuroishi ➔ Lesões nos neurônios motores inferiores: hipotrofia, atrofia, hiporreflexia, fasciculações; OBS. O corno anterior da medula também tem uma disposição somatotópica: - Porção medial: mm axiais e proximais de MMSS e MMII; - Porção lateral: mm de extremidades; Por isso, o trato piramidal termina no segmento mais lateral do corno anterior e o trato extrapiramidal no segmento mais medial do corno anterior. GRANDES VIAS EFERENTES 1. Via somática: a. Sistema piramidal - Trato corticoespinal; - Trato corticonuclear; b. Sistema extrapiramidal: - Nível superior: áreas corticais; - Nível intermediário: núcleos da base, tálamo e cerebelo; - Nível inferior: tratos extrapiramidais; 2. Via visceral: SNA ➔ As duas vias (somática e visceral) se relacionam no nível inferior do sistema extrapiramidal (o porquê de paciente pós AVC de cerebral média ter marcha hemiparética); O nível inferior da via extrapiramidal fica a carga de 4 tratos situados dentro do TE: - Trato rubroespinal: situado no núcleo rubro do mesencéfalo, é responsável pela facilitação da flexão do membro superior; - Trato reticuloespinal: se inicia no núcleo reticular pontino e tem a função de tônus muscular (estado de semi contração de um músculo); age nos neurônios gama da medula espinal; reflexo miotático; - Trato vestibuloespinal: situado na transição bulbopontina, facilita a extensão do membro inferior; - Trato tetoespinal: auxilia o SN através de informações visuais; O trato piramidal exerce uma influência moduladora inibitória sobre esses 4 tratos, em especial os 3 primeiros. Na vigência de lesão, por exemplo, AVC isquêmico de cerebral média com acometimento de coroa radiata e cápsula interna, o trato piramidal perde a função e esses tratos param de receber influência moduladora: de início, todas as atividades reduzem (hipotonia e hiporreflexia / “apagão inicial”), dentro de dias ou semanas, aparecem os sinais de liberação piramidal (tratos passam a trabalhar de maneira incessante e anárquica), flexão de MMSS (exacerba o rubroespinal), extensão de MMII (trato vestibuloespinal) e hipertonia (trato reticuloespinal). Tudo isso caracteriza a postura de Wernicke-Mann e marcha espástica. ➔ As hipertonias podem ser: plásticas (lesões de núcleos da base - global) e elásticas (síndromes piramidais - seletiva com predileção de flexão de MMSS e extensão de MMII). ➔ Com relação à participação talâmica: núcleos ventral anterior e ventral lateral; ➔ A participação do cerebelo se dá principalmente por meio de suas massas laterais: cerebrocerebelo (filogeneticamente mais nova). Ainda, as vias cerebelares são duas: trato espinocerebelar Amanda Kuroishi anterior e trato espinocerebelar posterior. Então, uma vez executado o movimento, este precisa constantemente retroalimentar o cerebelo para refinar o movimento e reorganizá-lo deacordo com as demandas do ambiente externo, o que é feito pelos 2 tratos espinocerebelares: - Trato espinocerebelar anterior: “o plano que foi elaborado”; - Trato espinocerebelar posterior: “o que está acontecendo”; A partir disso o cerebelo pode comparar e corrigir, enviando informações para a área secundária e depois primária (executa). ➔ Em suma, componentes do sistema piramidal: córtex motor primário, coroa radiada, cápsula interna, TE, medula espinal e nervos periféricos (neurônio motor inferior / musculatura esquelética). SÍNDROME HIPOCINÉTICA ● TRAP: tremor - rigidez - acinesia - postural/marcha; ● Parkinsonismo: 2 dos 4 acima; ● Síndromes parkinsonianas: ○ Doença de Lewy: alucinações visuais; ○ Degeneração corticobasal: parkinsonismo assimétrico, distonia, apraxia e afasia, membro alienígena; ○ Paralisia supranuclear progressiva: quedas e disfagia precoces, paresia da mirada vertical, fácies de preocupação, declínio cognitivo de padrão frontal; ● Multi-causal (medicamentosos, por exemplos); ● Na semiologia: ○ Fácies em máscara e sinal de Myerson (o paciente não para de piscar após percussões na glabela); ○ Bradicinesia; ○ Rigidez plástica generalizada e sinal da roda denteada de Negro; ○ Alterações posturais: posição fletida, perda do reflexo postural, síndrome de Pisa; ○ Marcha em pequenos passos com fastinação; ● Doença de Parkinson: 2 dos 4, sendo um a acinesia/bradicinesia (ausência ou lentidão de movimentos). ○ Fase 1: sintomas assimétricos, fácies em máscara, tremor e membro fletido; ○ Fase 2: sintomas simétricos, marcha em pequenos passos e alterações posturais; ○ Fase 3: alterações posturais graves e tendência a queda; ○ Fase 4: deambulação com assistência; ○ Fase 5: paciente acamado ou em cadeira de rodas. SÍNDROME HIPERCINÉTICA ● Tremor ○ Na avaliação, observar repouso, marcha, movimento dos membros, escrita e braços estendidos; ○ Principais tipos: a. Tremor parkinsoniano: tremor de repouso, unilateral, 3 a 6 hz, com predileção por mãos, mento e pernas e acompanhado de bradicinesia e rigidez. Pode ser um tremor reemergente quando é suprimido no início da ação e retorna após um período de latência ou durante atividade voluntária; b. Tremor essencial: tremor postural, bilateral, 4 a 12 hz, melhora com bebida alcoólica, Amanda Kuroishi beta-bloqueadores ou diazepínicos; c. Tremor cerebelar: tremor de intenção/postural, menor que 5 hz (lento), ocorre em ação e piora ao atingir um alvo, distribuição variável e acompanhado de dismetria e disdiadococinesia. Desaparece durante o sono ou relaxamento completo; ● Distonia ○ Contrações musculares sustentadas ou intermitentes, resultando em movimentos em torno de uma eixo e/ou posturas anormais; ○ Frequentemente repetitivos; ○ Sempre numa mesma direção; ○ Apresentam o fenômeno do transbordamento: movimento para além da região acometida; ○ Pode ser classificadas de acordo com a etiologia, distribuição anatômica e idade de início; ● Coreia ○ “Dança” - movimentos rápidos, sem propósito, irregulares e arrítmicos, grande amplitude e mais intenso nas extremidades proximais, serpingiforme; ○ Pode ter causa estrutural ou metabólica; ● Balismo ○ Movimento de grande amplitude e bruscos / arremesso; ○ Porção proximal dos membros; ○ Lesões do núcleo subtalâmico; ○ Deslocamento rápido das extremidades; ● Atetose ○ Movimentos lentos e sinuosos; ○ Predomínio distal (dedos); ○ Tentaculiforme ○ Sinal da ordenha. REFERÊNCIAS: - Slides de aula; - BORGES, Vanderci; FERRAZ, Henrique Ballalai. Tremores. Revista Neurociências, 2006. - SISTEMA EXTRAPIRAMIDAL - Dr. Júlio Santos (Ineuro). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v =f4DGm1xkbzM Amanda Kuroishi https://www.youtube.com/watch?v=f4DGm1xkbzM https://www.youtube.com/watch?v=f4DGm1xkbzM
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