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DESCANSO SEMANAL REMUNERADO (DSR) Repouso semanal remunerado (DSR) é o período semanal de 24 horas consecutivas em que o empregado, embora percebendo remuneração, deixa de prestar serviços ao empregador. O trabalhador faz jus ao descanso, como o nome explicita, uma vez por semana, de preferência aos domingos. Os feriados, embora evidentemente não sejam semanais, configuram, também, hipóteses de descanso remunerado do trabalhador. São princípios do descanso semanal remunerado: • a semanalidade, uma vez que a cada 6 dias de trabalho segue-se o direito ao descanso de 24 horas; a dommicalidade, uma vez que recai preferencialmente aos domingos, embora não obrigatoriamente; a remunerabilídade, pois deve ser integralmente remunerado, como nos demais dias úteis, incluindo-se até mesmo as horas extras habituais. A Constituição Federal dispõe que o repouso semanal remunerado será concedido preferencialmente aos domingos. Não impede, portanto, seja ele concedido em outro dia que não o domingo. Ao descanso semanal remunerado não se aplicam as disposições da CLT, constantes dos arts. 67 a 70, que foram revogados pela Lei n.° 605/1949, a qual passou a regular a matéria, nos termos a seguir examinados. É condição para a manutenção da remuneração do repouso semanal a freqüência integral do empregado durante a semana, entendida esta como o período de segunda-feira a domingo, anterior à semana em que recair o dia de repouso semanal. A freqüência integral compreende o comparecimento do empregado ao trabalho durante toda a semana anterior, sem faltas, bem assim o cumprimento do horário no referido período, isto é, que não tenha havido atrasos ou saídas antecipadas. Portanto, são dois os requisitos para o pagamento do DSR: • a assiduidade; e • a pontualidade. A freqüência deve ser integral, na semana que precede o DSR. Nas empresas que adotam regime de trabalho reduzido (de segunda-feira a sextafeira, por exemplo), a freqüência exigida corresponderá ao número de dias em que o obreiro tiver que trabalhar. As faltas justificadas, em qualquer das hipóteses, não prejudicam o direito. Se não foi cumprida integralmente a jornada devida na semana precedente, o empregado perde o direito à remuneração do descanso, mas conserva o direito ao repouso. Exemplificando: um trabalhador, com DSR aos domingos, teve uma ou mais faltas injustificadas, ou foi impontual em um ou mais dias, em determinada semana (semana 1). Neste caso, o trabalhador perderá a remuneração do DSR da semana seguinte (semana 2), mas conservará o direito ao descanso. Caso nessa semana (semana 2) houvesse, também, um feriado na quarta-feira, o empregado perderia a remuneração do feriado e a do DSR; conservaria, porém o direito ao descanso em ambos (feriado e domingo). Entretanto, no caso da impontualidade, entende o TST que fica assegurado “o repouso remunerado ao empregado que chegar atrasado, quando permitido seu ingresso pelo empregador, compensado o atraso no final da jomada de trabalho ou da semana” (PN 92). Tanto os empregados quinzenalistas quanto os mensalistas estão sujeitos ao desconto da remuneração do descanso semanal. Se o empregado falta ao serviço durante um dia da semana, além do desconto de salário referente a este dia, poderá o empregador descontar-lhe a remuneração do DSR. Não permite a lei que o empregado deixe de ter descanso semanal, ainda que recebendo pagamento substitutivo da falta de descanso. Apenas nos feriados, dias nos quais também é garantido o repouso remunerado, a lei permite a conversão do descanso em pagamento, desde que, pelas exigências técnicas da atividade da empresa, não seja possível conceder o descanso ao empregado. Faculta-se ao empregador, todavia, determinar outro dia de folga para compensar o feriado não gozado pelo empregado, caso em que não haverá, evidentemente, conversão do repouso em pagamento. Cabe repisar que a lei não prevê a possibilidade de o empregador não conceder o descanso semanal remunerado ao empregado. Entretanto, a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho admite a conversão do descanso em pagamento, sujeita às mesmas regras aplicáveis à hipótese de feriado não gozado. Em qualquer caso, quando houver conversão do descanso em pagamento, este deverá ser feito em dobro. A Súmula n.° 146 do Tribunal Superior do Trabalho (redação original, de Í982) dispunha que “o trabalho realizado em dia feriado, não compensado, é pago em dobro e não em triplo”. Entretanto, em novembro de 2003, a Súmula TST n.° 146 foi revisada, sendo a sua redação, atualmente em vigor, alterada para: “o trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado, deve ser pago em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso semanal”. Portanto, hoje, é a seguinte a regra defluente da Súmula TST n.° 146: o trabalho prestado no descanso remunerado deve ser pago em dobro, sem que isso afaste a remuneração do descanso, já incluída na remuneração mensal do empregado. O trabalho realizado em domingos e feriados, sem folga compensatória, deve ser remunerado de forma dobrada, não sendo computável, para esse fim, o salário mensal, sob pena de prejudicar o obreiro com o pagamento de forma simplificada. Exemplificando: se um empregado com jomada normal de oito horas, e DSR aos domingos, for chamado para prestar serviço em seu descanso, receberá a remuneração equivalente a dois dias de trabalho, pelo serviço prestado no domingo, mais a remuneração do repouso, já incluída em sua remuneração mensal (que ele receberia de qualquer forma). Portanto, se a remuneração mensal desse empregado fosse de R$ 3.000,00 (R$ 100,00 por dia, considerando um mês de 30 dias e já incluídas as verbas referentes ao DSR), o fato de ele haver trabalhado no domingo acarretaria o pagamento, no fim do mês, de R$ 3.200,00 ao trabalhador. Nesse valor, R$ 3.200,00, estão incluídos os R$ 100,00 relativos ao DSR, que ele receberia em qualquer hipótese (englobados na remuneração), e mais R$ 200,00 relativos à remuneração em dobro do trabalho prestado no domingo. Pensamos que esse entendimento, adotado atualmente pelo TST, coaduna-se com maior adequação à letra e ao espírito da lei, assegurando ao trabalhador, que seja compelido a trabalhar em dia no qual estaria sendo, de qualquer forma, remunerado, uma compensação efetiva pelo descanso não gozado. Caso a remuneração do DSR, que ele receberia de qualquer forma, fosse computada no pagamento dobrado, o seu trabalho no dia de descanso estaria, na verdade, sendo remunerado de forma simples, e não dobrada. Se o feriado cair no domingo e o empregado trabalhar nesse dia, não haverá o pagamento do feriado e mais do domingo, não sendo acumuladas a remuneração do repouso semanal e a do feriado civil ou religioso, que caírem no mesmo dia. A Lei n.° 10.101/2000 autoriza o trabalho aos domingos nas atividades do comércio em geral, observada a legislação municipal, nos termos do art. 30, inciso I, da Constituição. Mas, nesse caso, determina a lei que o repouso semanal remunerado deverá coincidir, pelo menos uma vez no período máximo de três semanas, com o domingo, respeitadas as demais normas de proteção ao trabalho e outras a serem estipuladas em negociação coletiva (art. 6.°, com a redação dada pela Lei n.° 11.603, de 05.12.2007). Essa mesma lei permite, também, o trabalho em feriados nas atividades do comércio em geral, mas, neste caso, somente se previamente autorizado em convenção coletiva de trabalho e observada a legislação municipal, nos termos do art. 30, inciso I, da Constituição (art. 6-A, acrescentado pela Lei n.° 11.603, de 05.12.2007). Note-se que o legislador estabeleceu regras distintas para o trabalho aos domingos e nos feriados. Para o trabalho aos domingos, não há necessidade de prévia autorização em convenção coletiva, mas é obrigatório que o repouso semanal remunerado coincida, pelo menos uma vez no período máximo de três semanas,com o domingo. Já para o trabalho nos feriados, exige-se autorização prévia em negociação coletiva. Nos dois casos - trabalho aos domingos e nos feriados —, impõe-se a observância da legislação municipal, haja vista que, por força do inciso I do art. 30 da Constituição Federal, compete aos municípios legislar sobre o horário de funcionamento do comércio local. A remuneração do DSR obedecerá ao seguinte: * para os que trabalham por dia, semana, quinzena ou mês, será equivalente à de um dia de serviço; * para os que trabalham por hora, será equivalente à de sua jornada normal de trabalho; * para os que trabalham por tarefa ou peça, será equivalente ao salário das tarefas ou peças feitas durante a semana, no horário normal de trabalho, dividido pelo número de dias de serviço efetivamente prestados ao empregador na mesma semana; para o empregado em domicílio, será equivalente ao quociente da divisão por seis da importância total da sua produção na semana; para o trabalhador avulso, consistirá no acréscimo de 1/6 calculado sobre os salários efetivamente percebidos pelo trabalhador e pago juntamente com os salários; * para os comissionistas, será de 1/6 sobre as comissões dos dias trabalhados na semana. Os empregados mensalistas ou quinzenalistas já têm remunerados os dias de repouso semanal. As horas extras habitualmente prestadas devem integrar o repouso semanal remunerado, mesmo que o trabalhador preste serviços por hora, por dia, por semana, quinzena ou mês. As gratificações de produtividade e por tempo de serviço, pagas mensalmente, não repercutem no cálculo do repouso semanal remunerado (TST, Súmula n.° 225). As gorjetas, se forem mensais, não refletirão no cálculo do repouso semanal remunerado para fim de acréscimo, pois no pagamento dessas gorjetas já estão incluídos os valores relativos aos dias de descanso (TST, Súmula n.° 354). Não é devido o pagamento, à parte, de descanso semanal remunerado nas férias, pois quando o empregado goza as férias, recebe um salário por todo o período, já se incluindo esses descansos. Os vendedores que ganham comissões têm direito a um dia de vendas por semana, a título de repouso semanal remunerado. É o que estabelece a Súmula n.° 27 do TST: É devida a remuneração do repouso semanal e dos dias feriados ao empregado comissionista, ainda que pracista. Em relação ao bancário, decidiu o TST que o sábado é dia útil não trabalhado, não dia de repouso remunerado, não cabendo a repercussão do pagamento de horas extras habituais em sua remuneração (Súmula n.° 113).
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