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Equações homogêneas com coeficientes constantes 𝑦 + 𝑝(𝑡)𝑦′ + 𝑞(𝑡)𝑦 = 𝑔(𝑡) (1) Onde a linha denota a diferenciação em relação a t. No lugar da equação acima encontramos, com frequência, a equação: 𝑃(𝑡)𝑦 + 𝑄(𝑡)𝑦′ + 𝑅(𝑡)𝑦 = 𝐺(𝑡) (2) E se 𝑃(𝑡) ≠ 0, dividimos a equação (2) por P(t) obtendo assim, uma equação do tipo (1). Ao discutir a equação (1) e tentar resolvê-la, vamos nos restringir a intervalos nos quais as funções p, q e g sejam contínuas. Um problema de valor inicial consiste em uma equação diferencial do tipo (1) ou (2) junto com um par de condições iniciais: 𝑦(𝑡 ) = 𝑦 𝑦 (𝑡 ) = 𝑦 A primeira condição nos fornece o ponto (𝑡 , 𝑦 ) e a segunda condição nos traz 𝑦 que é o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico, no ponto (𝑡 , 𝑦 ). 𝑦 e 𝑦 são números dados que descrevem os valores de y e y' no ponto inicial 𝑡 . Note que, as condições iniciais para uma equação de segunda ordem não indicam, apenas, um ponto particular (𝑡 , 𝑦 ) que tem que pertencer ao gráfico da solução, mas também, o coeficiente angular 𝑦 da reta tangente ao gráfico naquele ponto. É razoável esperar que sejam necessárias 2 condições iniciais para uma equação de segunda ordem, já que, a grosso modo, precisa-se de duas integrações para se encontrar a solução e cada integração introduz uma constante arbitrária, logo, presume-se que duas condições serão suficientes para determinar as duas constantes. Uma EDO de segunda ordem é dita homogênea, se g(t)=0 na equação (1) ou G(t)=0 na equação (2). Caso contrário, a equação é dita não homogênea. Começaremos nossa discussão com as equações homogêneas, que descreveremos da forma: 𝑃(𝑡)𝑦 + 𝑄(𝑡)𝑦 + 𝑅(𝑡)𝑦 = 0 (∗) Obs: Uma vez resolvida a equação homogênea, sempre é possível resolver a equação não homogênea correspondente, ou, pelo menos, expressar sua solução em função de uma integral, portanto, o problema de resolver a equação homogênea é o mais fundamental. Vamos concentrar nossa atenção à equações nos quais as funções P, Q e R são constantes, logo, em (*), temos: Equações diferenciais lineares de 𝟐𝒂 ordem Página 1 de 12 EDO de segunda ordem logo, em (*), temos: 𝑎𝑦 + 𝑏𝑦 + 𝑐𝑦 = 0 (∗∗) Onde a, b e c são constantes dadas. Procurando soluções exponenciais para a equação acima, vamos supor que: 𝑦 = 𝑒 Onde r é um parâmetro a ser determinado. Segue que 𝑦′ = 𝑟𝑒 e 𝑦′′ = 𝑟 𝑒 , logo, em (**) temos: 𝑎𝑟 𝑒 + 𝑏𝑟𝑒 + 𝑐𝑒 = 0 ⟺ 𝑒 (𝑎𝑟 + 𝑏𝑟 + 𝑐) = 0 Como 𝑒 ≠ 0 segue que 𝑎𝑟 + 𝑏𝑟 + 𝑐 = 0 que é a equação característica de (**). Então r é uma raiz e 𝑦 = 𝑒 é uma solução de (**). 𝑎𝑟 + 𝑏𝑟 + 𝑐 = 0 é uma equação quadrática com coeficientes reais, logo ela terá: (1) duas raízes reais e distintas; (2) duas raízes reais e iguais; (3) duas raízes complexas e conjugadas. Vamos aos casos então: (1) Raízes reais e distintas: 𝒓𝟏 e 𝒓𝟐 com 𝒓𝟏 ≠ 𝒓𝟐 Teremos aqui 𝑦 (𝑡) = 𝑒 e 𝑦 = 𝑒 que são soluções de (**), logo: 𝑦 = 𝑐 𝑦 (𝑡) + 𝑐 𝑦 (𝑡) ⟺ 𝑦 = 𝑐 𝑒 + 𝑐 𝑒 Também é solução de (**). Exemplos: (1) Encontre a solução geral de 𝑦 + 5𝑦 + 6𝑦 = 0. Página 2 de 12 EDO de segunda ordem (2) Encontre a solução do PVI: 𝑦 + 5𝑦 + 6𝑦 = 0 𝑦(0) = 2 𝑦 (0) = 3 Teorema da existência e unicidade: Considere o PVI 𝑦 + 𝑝(𝑡)𝑦 + 𝑞(𝑡)𝑦 = 𝑔(𝑡) 𝑦(𝑡 ) = 𝑦 𝑦 (𝑡 ) = 𝑦 Onde p, q e g são contínuas em um intervalo aberto I que contém o ponto 𝑡 . Então, existe exatamente uma solução 𝑦 = ϕ(𝑡) desse problema e a solução existe em todo intervalo I. O teorema diz 3 coisas: (1) Existe uma solução para o PVI; (2) A solução é única; Página 3 de 12 EDO de segunda ordem (2) A solução é única; (3) A solução ϕ(𝑡) está definida em todo o intervalo I, onde os coeficientes são contínuos, e é pelo menos, duas vezes diferenciável ali. Exemplo: Encontre o maior intervalo no qual a solução do PVI existe: (𝑡 − 3𝑡)𝑦 +𝑡𝑦 − (𝑡 + 3)𝑦 = 0 𝑦(1) = 2 𝑦 (1) = 1 Teorema 2 (Princípio da Superposição): 𝑦 𝑦 Página 4 de 12 EDO de segunda ordem Teorema 2 (Princípio da Superposição): Se 𝑦 e 𝑦 são soluções da ED: 𝑦 + 𝑝(𝑡)𝑦 + 𝑞(𝑡)𝑦 = 0 Então, a combinação linear 𝑦 = 𝑐 𝑦 + 𝑐 𝑦 também é solução, quaisquer que sejam os valores das constantes 𝑐 e 𝑐 . O teorema nos diz que, começando apenas com duas soluções, podemos construir uma família de soluções. A pergunta é, se todas as soluções da equação: 𝑦 + 𝑝(𝑡)𝑦 + 𝑞(𝑡)𝑦 = 0 Estão incluídas na equação 𝑦 = 𝑐 𝑦 + 𝑐 𝑦 , ou se podem existir soluções com formas diferentes. Examinando as constantes 𝑐 e 𝑐 , será que elas podem ser escolhidas de modo que a solução satisfaça as condições iniciais atribuídas 𝑦(𝑡 ) = 𝑦 𝑦 (𝑡 ) = 𝑦 ? Sempre será possível escolher constantes tais que: 𝑦 = 𝑐 𝑦 + 𝑐 𝑦 que satisfaça A EDO e as condições iniciais se, e somente se, o Wronskiano 𝑊 = 𝑦 𝑦 𝑦 𝑦 = 𝑦 𝑦 − 𝑦 𝑦 Não se anula em 𝑡 .Ou seja, se 𝑊 ≠ 0, temos soluções linearmente independentes (LI). Exemplo: Vimos que 𝑦 (𝑡) = 𝑒 e 𝑦 (𝑡) = 𝑒 são soluções da ED 𝑦 + 5𝑦 + 6𝑦 = 0. Encontre o Wronskiano de 𝑦 (𝑡) e 𝑦 (𝑡). Página 5 de 12 EDO de segunda ordem Teorema: Sejam 𝑦 e 𝑦 soluções da ED: 𝑦 + 𝑝(𝑡)𝑦 + 𝑞(𝑡)𝑦 = 0 E suponha que as condições iniciais 𝑦(𝑡 ) = 𝑦 𝑦 (𝑡 ) = 𝑦 Sejam atribuídas. Então, sempre é possível escolher constantes 𝑐 e 𝑐 tais que 𝑦 = 𝑐 𝑦 + 𝑐 𝑦 Satisfaça a ED e as condições iniciais se, e somente se, o Wronskiano 𝑊 = 𝑦 𝑦 𝑦 𝑦 = 𝑦 𝑦 − 𝑦 𝑦 Não se anula em 𝑡 . Exemplo: Suponha que 𝑦 = 𝑒 e 𝑦 = 𝑒 são duas soluções da equação 𝑦 + 𝑝(𝑡)𝑦 + 𝑞(𝑡)𝑦 = 0. Mostre que elas formam um conjunto fundamental de soluções se 𝑟 ≠ 𝑟 . 𝑊(𝑦 , 𝑦 ) = 𝑒 𝑒 𝑟 𝑒 𝑟 𝑒 = 𝑟 𝑒( ) − 𝑟 𝑒( ) = (𝑟 − 𝑟 )𝑒( ) A exponencial nunca se anula, logo teremos 𝑊 ≠ 0 se 𝑟 − 𝑟 ≠ 0 ⟺ 𝑟 ≠ 𝑟 . Portanto 𝑦 = 𝑒 e 𝑦 = 𝑒 formam um conjunto fundamental de soluções. Exemplo: Mostre que 𝑦 = 𝑡 / e 𝑦 = 𝑡 formam um conjunto fundamental de soluções da equação 2𝑡 𝑦 + 3𝑡𝑦 − 𝑦 = 0, 𝑡 > 0. Página 6 de 12 EDO de segunda ordem Página 7 de 12 EDO de segunda ordem Página 8 de 12 EDO de segunda ordem