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Noções de Epidemiologia para o Planejamento em Saúde

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FUNDAMENTOS DE 
ADMINISTRAÇÃO 
HOSPITALAR E 
SAÚDE
Simone Machado Kühn de Oliveira
Noções de epidemiologia: 
planejamento em saúde
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer os conceitos primordiais de epidemiologia.
 � Relacionar as causas da epidemiologia com o planejamento em saúde.
 � Descrever as áreas de atuação da epidemiologia.
Introdução
A epidemiologia configura-se em um importante instrumento de trabalho 
para os profissionais que atuam na área da saúde. Através do estudo da 
epidemiologia, o profissional será capaz de compreender o mecanismo 
de adoecimento, ou seja, a história natural da doença, suas causas e 
distribuição.
Essas informações são utilizadas para a realização de indicadores 
epidemiológicos que nortearão ações e intervenções em saúde. Dessa 
forma, a epidemiologia, torna-se essencial na promoção da saúde e na 
prevenção de doenças. 
Neste capítulo, você vai estudar os principais conceitos em epidemio-
logia e relacioná-los com o planejamento em saúde. Além disso, você 
descreverá as diferentes áreas de atuação da epidemiologia.
Epidemiologia: conceitos fundamentais
O estudo da epidemiologia remonta aos tempos de Sócrates, filósofo ateniense 
que viveu na Grécia Antiga (460 aC – 377 aC), considerado o pai da medicina. 
Sócrates ressaltava que as doenças possuem uma explicação física e racional. 
Além disso, reforçava que o meio ambiente influenciava diretamente a saúde 
das pessoas. 
Muitos estudiosos tornaram-se pioneiros da epidemiologia, contribuindo 
para o desenvolvimento desta como uma ferramenta fundamental para os 
profissionais de saúde no planejamento de suas ações de promoção de saúde, 
na prevenção de doenças e agravos e no desenvolvimento de tratamentos 
adequados. (MARKLE, 2010).
Alguns nomes merecem destaque:
 � John Graunt (1620 – 1674): Conhecido como pai da demografia. Foi 
o precursor na quantificação de padrões de natalidade e de ocorrência 
de doenças e mortalidade, evidenciando importantes características, 
como diferença entre os sexos e variações sazonais. Criou a Tábua de 
Vida, em Londres, 1962. 
 � Pierre Charles Alexandre Louis (1787 – 1872): Elaborou um método 
numérico de análise de estudo de casos de doenças, sendo considerado 
como pioneiro da epidemiologia clínica. 
 � William Farr (1807 – 1883): Considerado o pai da epidemiologia 
descritiva. Pioneiro na coleta e análise sistemática de dados estatísticos 
sobre mortalidade no País de Gales e na Inglaterra. 
 � John Snow (1813 – 1858): Conceituado como pai da epidemiologia 
analítica. Estabeleceu a definição epidemiológica de população em risco. 
Realizou a identificação do foco da epidemia de cólera em Londres. 
Ao analisar a morfologia da palavra epidemiologia, verifica-se que ela é 
derivada das palavras de origem grega:
epi = sobre
demos = povo
logos = estudo
Ao longo dos anos, muitos autores foram modificando o conceito de epide-
miologia, tentando aperfeiçoá-lo, na medida em que sua dimensão se amplia 
cada vez mais, no cenário epidemiológico mundial. 
De acordo com Tietzmann (2014), a análise dessas definições evidencia 
que a epidemiologia tem como área de atuação três eixos principais: a doença, 
a população e a distribuição.
Noções de epidemiologia: planejamento em saúde2
O estudo da doença permite que se conheçam suas causas, sua história 
natural e seus mecanismos de desenvolvimento e prevenção. O estudo da 
população permite a análise de variáveis demográficas e sociais. O estudo da 
distribuição das doenças e agravos tem como objetivo avaliar a forma como 
a doença ou o agravo se distribui em diferentes populações.
Segundo Pereira (1995), pode-se afirmar sobre a epidemiologia:
 � Tem como objeto a ênfase na doença.
 � As doenças não acontecem ao acaso.
 � Todas as descobertas em epidemiologia são referentes a uma população 
(amostra).
 � É primordial realizar a comparação entre grupos populacionais.
 � O estudo da epidemiologia é essencial para a prevenção de doenças e 
agravos.
 � Os estudos epidemiológicos possuem aplicação em nível clínico, para 
o planejamento de ações em saúde, gerenciamento em saúde e de 
avaliação em saúde.
De acordo com Busato (2016), a epidemiologia busca mensurar a frequência 
com que as doenças ocorrem nas populações. Para que se possa realizar um 
estudo epidemiológico, é fundamental que se conheça a história natural das 
doenças. Para isso, faz-se necessário:
 � Realizar a classificação e caracterização da doença ou agravo.
 � Definir uma fonte para a busca de ocorrência da doença.
 � Delinear a população de risco para a ocorrência da doença.
 � Estabelecer a relação entre os casos, a probabilidade de ocorrência 
naquela população e o tempo de risco.
Dessa forma, o estudo epidemiológico torna-se uma ferramenta indispen-
sável no planejamento em saúde, permitindo o estabelecimento de relações 
estatísticas entre exposição e desfecho e as causas da doença. As respostas 
encontradas permitem que sejam definidas estratégias de prevenção da ocor-
rência da doença ou agravo estudado (BUSATO, 2016).
3Noções de epidemiologia: planejamento em saúde
Vigilância epidemiológica
A Lei 8.080 conceitua vigilância epidemiológica como: 
[...] um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detec-
ção ou a prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes 
e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de 
recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças 
ou agravos. (BRASIL, 1990, documento on-line).
Nesse sentido, a vigilância epidemiológica configura-se em uma ferramenta indis-
pensável para o planejamento, a organização e a operacionalização das ações dos 
serviços de saúde, além da regulação e normatização de todas as atividades técnicas 
relacionadas a essas ações.
A vigilância epidemiológica tem como objetivo fornecer informação e orientação 
técnica, continuamente, para os profissionais da saúde responsáveis pelas ações e 
intervenções de controle de doenças e outros agravos.
Dessa forma, a vigilância epidemiológica é responsável pela coleta e processamento 
de dados epidemiológicos, análise e interpretação desses dados e divulgação das 
informações obtidas através de boletins e relatórios epidemiológicos. Além disso, é 
responsável pela investigação epidemiológica de casos, surtos e epidemias, realizando 
análise dos dados obtidos, para que sejam tomadas as medidas preventivas e de 
controle necessárias em cada caso.
Com o objetivo de aperfeiçoar a resposta em situações de emergência em saúde 
pública no Brasil, foi criado pela Portaria nº. 30, de 07 de julho de 2005, o Centro 
de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS). O CIEVS tem como 
objetivo principal reforçar o potencial do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde na 
identificação precoce de emergências em saúde pública, otimizando a organização 
de respostas imediatas capazes de reduzir e conter o risco à saúde da população.
Epidemiologia e o planejamento em saúde
A situação de saúde no Brasil é o reflexo das exacerbadas desigualdades 
sociais frente às condições de vida da população, definindo padrões diversos 
de adoecimento e morte. Diante dessa realidade, a epidemiologia é utilizada no 
processo de formulação de políticas públicas e intervenções de saúde adequa-
das aos indicadores epidemiológicos de cada localidade (TEIXEIRA, 2009).
A partir desses indicadores, é realizada a repartição dos recursos federais, 
nos moldes preconizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para o aten-
Noções de epidemiologia: planejamento em saúde4
dimento das necessidades de cada região. Nesse sentido, verifica-se que a 
epidemiologia é essencial na elaboração dos dados que subsidiarão a elaboração 
de indicadores epidemiológicos, fundamentais no planejamento estratégico e 
operacional de todo o sistema de saúde (TEIXEIRA, 2009). 
De acordo com Busato (2016), a doença é o enfoque principal da epidemio-
logia. A avaliar as condiçõesde saúde de uma população, através do estudo 
das doenças e agravos é essencial para a identificação de tendências e de 
vulnerabilidades individuais e coletivas e para a caracterização do processo 
saúde-doença num espaço temporal, permitindo, assim, o desenvolvimento 
de estratégias de prevenção e controle. 
Nesse sentido, a epidemiologia aplicada às doenças é um instrumento 
essencial para a vigilância epidemiológica em âmbito municipal, estadual e 
federal. Desse modo, as doenças podem ser divididas em: doenças transmissí-
veis, doenças emergentes/reemergentes e doenças crônicas não transmissíveis 
(BUSATO, 2016)
Doenças transmissíveis
As doenças transmissíveis infecciosas e parasitárias são de fundamental 
importância do cenário epidemiológico brasileiro. No período entre 1930 e 
1950, foram consideradas a principal causa de morte no Brasil. 
O desenvolvimento de melhorias sanitárias, no saneamento básico e na 
qualidade da água, associado ao desenvolvimento de antibióticos e vacinas, 
ajudaram a mudar essa realidade. Além disso, o crescimento da oferta na 
acessibilidade dos serviços de saúde e a ampliação de políticas públicas são 
fatores determinantes na redução do número de casos dessas doenças (BU-
SATO, 2016).
As doenças transmissíveis têm como causa agentes infecciosos específicos 
ou seus produtos, que apresentam toxicidade ao organismo. O processo de 
transmissão se dá de um indivíduo para outro ou, ainda, de um animal infectado 
para o indivíduo (Figura 1).
São exemplos de doenças transmissíveis infecciosas:
 � Caxumba, rubéola, sarampo, varicela, febre amarela, leptospirose, etc.
São exemplos de doenças transmissíveis parasitárias:
 � Escabiose, ascaridíase, giardíase, teníase, etc.
5Noções de epidemiologia: planejamento em saúde
Figura 1. Cadeia de transmissão de microrganismos.
Fonte: Adaptada de Freitas (2017).
Agente 
infeccioso
Hospedeiro
suscetível
Porta de
entrada
Forma de
transmissão Porta de
saída
Fonte
Doenças emergentes e reemergentes
Doença emergente pode ser definida como o surgimento de uma nova doença, 
um novo agente causador de infecção ou mutações de um microrganismo já 
conhecido. Pode referir-se, ainda, a microorganismos que antes só causavam 
doenças em outros animais e passaram a causar doenças em seres humanos 
(WALDMAN, 1998; LUNA, 2002).
São exemplos de doenças emergentes: Hepatite C, AIDS, Influenza H5N1.
Doença reemergentes são doenças que apareceram em um determinado 
momento, foram controladas e reapareceram novamente. Observa-se nesses 
casos um novo comportamento epidemiológico da doença.
As doenças emergentes e reemergentes estão relacionadas a muitos fatores, 
capazes de favorecer o surgimento de novas doenças ou modificar o compor-
tamento epidemiológico de doenças remotas (WALDMAN, 1998; LUNA, 
2002). Pode-se destacar os seguintes fatores:
Noções de epidemiologia: planejamento em saúde6
 � Fatores ambientais: mudanças climáticas, desmatamentos, inundações, 
secas.
 � Aumento do consumo de produtos industrializados.
 � Crescimento do intercâmbio internacional.
 � Mutação de microrganismos, resistência bacteriana.
 � Implementação de novas tecnologias na medicina.
 � Evolução das técnicas de diagnóstico (maior precisão).
 � Crescimento urbano descontrolado e desorganizado, com infraestrutura 
precária.
Doenças crônicas não transmissíveis
As doenças crônicas não transmissíveis estão vinculadas a múltiplos fatores 
causais, tendo início lento e gradativo, prognóstico indefinido e duração 
indeterminada. A evolução clínica das doenças crônicas não transmissíveis 
pode se modificar ao longo tempo, apresentando períodos de agudização e 
outros de aparente melhora (WALDMAN, 1998; LUNA, 2002).
São exemplos de doenças crônicas não transmissíveis: doenças cardiovas-
culares, doenças respiratórias crônicas, neoplasias, diabetes mellitus.
A prevenção e controle das doenças crônicas não transmissíveis é uma das 
prioridades do SUS. Para isso, indicadores epidemiológicos são constantemente 
atualizados e utilizados no planejamento de ações de saúde que visem controlar 
e prevenir essas doenças (OLIVEIRA, 2009).
Os dados epidemiológicos apurados sobre o comportamento das doenças 
em diferentes localidades vão embasar a tomada de decisão em relação às 
políticas públicas de saúde que serão adotadas em cada região. Além disso, 
esses dados permitem que se façam alertas epidemiológicos, prevenindo 
doenças e agravos que possam surgir em dados momentos.
A vigilância epidemiológica atua de forma a monitorar a ocorrência de 
doenças e agravos, realizando notificações e investigação epidemiológica, 
combatendo focos de transmissão, realizando bloqueios epidemiológicos e co-
ordenando campanhas de vacinação. Além disso, é responsável pela tabulação 
e controle dos dados epidemiológicos obtidos a partir do Sistema Nacional de 
Agravos de Notificação Compulsória (OLIVEIRA, 2009).
É importante ressaltar que o planejamento financeiro dos recursos da 
saúde é elaborado a partir dos indicadores epidemiológicos de cada região. 
Campanhas de educação em saúde, grupos de apoio, combate a endemias, 
campanhas de vacinação e outras ações são planejadas de acordo com os 
relatórios epidemiológicos de cada localidade (OLIVEIRA, 2009).
7Noções de epidemiologia: planejamento em saúde
Investir em prevenção primária é mais barato do que tratar as doenças depois 
que elas já se instalaram. Nesse sentido, os investimentos em saneamento, 
qualidade da água, saneamento básico, promoção de hábitos saudáveis de vida, 
educação em saúde e prevenção de doenças são fundamentais no controle de 
muitas doenças (ROTHMAN; GREENLAND; LASH, 2011).
Da mesma forma, a disponibilização de testes diagnósticos nas unidades 
básicas de saúde, a distribuição de preservativos e a abordagem preventiva 
de redução de riscos pelas equipes da saúde da família podem ser pensadas, 
planejadas e implementadas a partir de dados epidemiológicos levantados 
pelas próprias equipes no território adstrito às suas unidades de saúde.
Além disso, indicadores epidemiológicos hospitalares podem auxiliar no 
planejamento do desenvolvimento tecnológico da organização. O levantamento 
das necessidades, do perfil epidemiológico e das demandas atendidas pela 
unidade pode ser obtido a partir desses relatórios. A vigilância epidemiológica 
hospitalar tem um papel importante na prevenção e controle das infecções 
hospitalares, atuando juntamente com o controle de infecção hospitalar (RO-
THMAN; GREENLAND; LASH, 2011).
Desse modo, evidenciou-se a importância da epidemiologia enquanto 
ferramenta essencial no trabalho dos profissionais de saúde. Trata-se de as-
sunto complexo e dinâmico, que compreende abordagens e estudos diferentes, 
capaz de fundamentar o mundo científico, administrativo e tecnológico da 
saúde mundial.
História natural da doença
Constitui o processo evolutivo natural de uma doença quando não há nenhum tipo 
de intervenção externa. O desenvolvimento natural de uma doença passa por três 
momentos distintos:
 � período pré-doença: influenciado por fatores ambientais e sociais relacionados 
aos agentes patogênicos causadores da doença.
 � período de latência: período em que o indivíduo já está com a doença, mas ainda 
é assintomático.
 � período sintomático: período em que o paciente já apresenta sintomas da doença.
O processo saúde-doença é influenciado por muitas variáveis. A compreensão 
dessas variáveis é fundamental para o estudo epidemiológico (BUSATO, 2016). Nesse 
sentido, Leavell e Clarck elaboraram, em 1976, um modelo conhecido como Tríade 
Ecológica, demonstrando a interação entre três elementos fundamentais no processo 
de desequilíbrio causador da doença: o ambiente, o agente e o hospedeiro (Figura 2).
Noções de epidemiologia: planejamento em saúde8
Figura 2. Tríade ecológica de Leavell e Clarck.
Fonte: Adaptada de Fonseca e Corbo (2007 apud BUSATO, 2016).
Idade, raça, 
sexo, hábitos,
costumes...
Idade, raça, 
sexo, 
hábitos,
costumes...
Idade, raça,sexo, 
hábitos,
costumes...
AMBIENTE
AGENTE HOSPEDEIRO
Áreas de atuação da epidemiologia
A epidemiologia possui diferentes áreas de atuação na saúde. De acordo com 
Oliveira (2009), merecem destaque: vigilância em saúde pública (ou epide-
miológica), análise da situação de saúde, identificação de perfis e fatores de 
risco e avaliação epidemiológica de serviços.
A vigilância em saúde é encarregada das ações de vigilância, prevenção e 
controle de agravos e doenças transmissíveis pelo controle de fatores de risco 
associados às doenças crônicas não transmissíveis, da vigilância de saúde 
ambiental, do controle de endemias e da saúde do trabalhador e pelo estudo 
e análise da situação de saúde da população em nível municipal, estadual e 
nacional (GIESEL; TRENTIN, 2017). A análise da situação de saúde tem como 
objetivo “[...] influenciar o processo decisório, auxiliando na priorização, na 
formulação e na avaliação das políticas de saúde” (BRASIL, 2015, p. 15). 
Nesse sentido, configura-se em uma das ferramentas indispensáveis da saúde 
coletiva baseada em evidências (Figura 3).
9Noções de epidemiologia: planejamento em saúde
Figura 3. Tomada de decisão baseada em evidências: ciclo da produção de evidências e 
respostas.
Fonte: Brasil (2015).
Disseminação oportuna,
(em tempo, espaço, 
linguagem)
do conhecimento
Interpretação da 
informação produzida 
= conhecimento
Análise: análise da situação
de saúde, vigilância e 
avaliação em saúde, pesquisas.
Formulação e
implementação
de respostas
informadas pelas
evidências
Adequados sistemas de
informação e de
monitoramento
Outras fontes de
in­uência atuando
continuamente (a favor
ou contra): valores, 
capacidade institucional,
sustentabilidade política,
técnica e �nanceira
entre outras
Co
nh
ec
im
ent
o
Ação
Da
do
Inform
ação
A identificação de perfis e fatores de risco está relacionada aos riscos 
advindos da urbanização e industrialização, ao controle de poluição, à gestão 
de resíduos, aos riscos de contaminação ambiental da água, ao uso de pestici-
das e às ameaças ocupacionais e a como esses fatores podem afetar ou estão 
afetando a saúde da população. Além disso, a avaliação de fatores de risco de 
cada população permite determinar os condicionantes e determinantes em 
saúde de cada região específica, mapeando vulnerabilidades (ROTHMAN; 
GREENLAND; LASH, 2011).
A avaliação epidemiológica dos serviços relaciona-se ao monitoramento da 
cobertura dos serviços oferecidos pelo SUS e à acessibilidade a esses serviços 
em cada região. Nesse sentido, a acessibilidade pode ser mensurada através 
de delimitações de distância, tempo e custo. A mensuração da cobertura se 
dá através da análise do número de atendimentos em relação ao número de 
usuários de cada unidade de saúde. Essa avaliação tem como escopo demonstrar 
a efetividade (alcance dos objetivos esperados com o mínimo de recursos) e a 
eficiência (alcance de resultados almejados) dos serviços de saúde oferecidos 
em cada região (DEL DUCA; HALLAL, 2011).
Em atendimento às necessidades dessas áreas de atuação, são planeja-
das estratégias que possam subsidiar dados e informações. Nesse sentido, 
destacam-se:
Noções de epidemiologia: planejamento em saúde10
 � Integração com a atenção básica: fonte riquíssima de informações, a 
atenção básica é a porta de entrada do sistema de saúde, constituindo-se 
em excelente oportunidade para o estudo de perfis epidemiológicos 
regionais.
 � Integração com a área clínica: a área clínica configura-se em fonte 
de dados de morbidade e mortalidade. Trata-se de campo em franco 
desenvolvimento tecnológico.
 � Integração com níveis estratégicos e operacionais do SUS: cada vez 
mais, percebe-se a importância da articulação da epidemiologia com 
os sistemas de gestão em saúde na adoção de estratégias e intervenções 
direcionadas às diferentes populações, respeitando seu perfil epidemio-
lógico e particularidades, na gestão e distribuição de recursos, levando-
-se em conta o princípio da equidade do SUS, e no desenvolvimento 
de estratégias de prevenção de doenças e agravos, redução de riscos e 
promoção de saúde.
 � Monitoramento contínuo de fatores de risco e de fatores de proteção em 
diferentes populações: realização de estudos em populações específicas, 
levando-se em contas as particularidades socioculturais e a diversidade 
demográfica do país.
 � Análise de vulnerabilidades individuais e coletivas: mapeamento de 
vulnerabilidades, desenvolvimento de estratégias que possam se adaptar 
às diferentes realidades.
 � Desenvolvimento de novos métodos de coleta e análise de dados: aprimo-
ramento contínuo de metodologias de estudo e análise de informações, 
buscando garantir a veracidade das informações coletadas e a correta 
interpretação dos resultados obtidos.
A epidemiologia divide-se, basicamente, em dois tipos: a epidemiologia 
descritiva e a epidemiologia analítica. A partir da definição do objetivo do 
estudo, o investigador deve escolher o tipo epidemiológico que será mais 
adequado ao desenvolvimento do seu trabalho (GIESEL; TRENTIN, 2017).
Segundo Giesel e Trentin (2017) a epidemiologia descritiva tem sua uti-
lização voltada para a exploração e informação a respeito de um evento em 
saúde onde precisam ser respondidas questões pontuais que irão permitir 
a análise do caso. Nesse sentido, o investigador deve buscar responder às 
seguintes questões:
11Noções de epidemiologia: planejamento em saúde
 � O quê? Definição do caso a ser estudado.
 � Quem? Número de pessoas envolvidas.
 � Onde? Procedência das pessoas, suas atividades e moradia.
 � Quando? Taxa de ocorrência da doença em relação ao tempo.
 � Por quê? Causas e efeitos da doença. Associação com determinantes 
e ocorrência de eventos.
A epidemiologia descritiva fornece informações acerca do perfil socioe-
conômico, demográfico, comportamental e de saúde da população estudada. 
Pra isso, utiliza-se, basicamente de estudos descritivos ou transversais.
A epidemiologia analítica realiza estudos com o objetivo de validar uma 
hipótese na relação causal de uma doença ou agravo, direcionando estudos 
epidemiológicos relacionados à exposição de interesse do estudo e à doença 
estudada. Utiliza-se, para isso, de estudos de casos controles e estudos de 
coorte, entre outros (JECKEL; KATZ; ELMORE, 2005).
Medidas de morbidade
Segundo Tietzmann (2014), morbidade pode ser definida como um conjunto 
de eventos em saúde (doenças ou agravos) que acometem uma determinada 
população. As medidas de morbidade utilizadas em epidemiologia para men-
surar a frequência com que um determinado evento em saúde ocorre são a 
incidência e a prevalência.
Conforme Pereira (2005), a incidência aponta o número de novos casos de 
uma doença, num período de tempo definido, em uma população em risco de 
desenvolver a doença. A incidência pode ser calculada através da fórmula:
Incidência = Nº de casos novos de uma doença numa população num determinado períodoNº de pessoas sob risco de ter a doença durante o mesmo período ∙ 10
n
Outra forma de representação matemática possível: 
Incidência= [Nº de casos novos / população no período] . 10n
Segundo Pereira (2005), a prevalência aponta a proporção de indivíduos, 
em uma determinada população, que têm uma doença (casos novos + casos 
antigos) em um determinado período. É importante destacar que, no cálculo 
da prevalência, o numerador engloba o total de pessoas doentes (casos novos + 
Noções de epidemiologia: planejamento em saúde12
casos já existentes) em um período definido. A prevalência pode ser calculada 
através da fórmula:
Prevalência = Nº de casos conhecidos da doença num determinado período + Nº de casos novosPopulação no período ∙ 10n
Outra forma de representação matemática possível: 
Prevalência = [Nº de casos conhecidos da doença + Nº de casos novos / 
população no período]. 10n
ATENÇÃO: nas expressões matemáticas do cálculo da incidência e da 
prevalência apresentadas acima, o resultado da divisão foi multiplicado por10n. Dessa forma, o expoente pode ser substituído conforme o tamanho da 
população a ser estudada. Ex.: 10¹ = 10 (a cada 10 habitantes), 10² = 100 (a 
cada 100 habitantes), 10³ = 1.000 (a cada 1.000 habitantes), 104 = 10.000 (a cada 
10.000 habitantes), 105 = 100.000 (a cada 100.000 habitantes) e assim por diante.
A prevalência pode ser compreendida como uma fotografia dos casos da doença 
em uma população em um ponto definido do tempo. Sua interpretação é mais 
complexa do que a da incidência, na medida em que o resultado é o número de 
indivíduos que tiveram a doença no passado e permanecem doentes no presente.
Nesse sentido, observa-se que a incidência é a medida de morbidade mais 
aconselhável na mensuração de doenças agudas, que têm uma duração menor, 
enquanto que a prevalência é mais indicada na mensuração de doenças crôni-
cas. Ambas são ferramentas indispensáveis no desenvolvimento de estudos 
epidemiológicos.
Abraham Lilienfeld, 1920-1984, médico, nascido em Nova 
York, em 1920, deixou importante contribuição na epide-
miologia de doenças crônicas, tendo atuação fundamental 
em saúde pública. É considerado o “Pai da Epidemiologia 
da Doença Crônica Contemporânea”. Você pode conhecer 
mais sobre Abrahan Lilienfeld no link a seguir.
https://goo.gl/DwKZ1J
13Noções de epidemiologia: planejamento em saúde
BRASIL. Lei nº. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promo-
ção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços 
correspondentes e dá outras providências. Brasília, DF, 1990. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm. Acesso em: 23 fev. 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. ASIS: Análise de Situação de Saúde. Brasília, DF: Ministério 
da Saúde, 2015. 3v.: il. 
BUSATO, I. M. S. Epidemiologia e processo saúde e doença. Curitiba: InterSaberes, 2016. 
(Série Princípios da Gestão Hospitalar).
DEL DUCA, G. F.; HALLAL, P. R. C. Introdução a epidemiologia. In: FLORINDO, A. A.; 
HALLAL, P. C. R. Epidemiologia da atividade física. São Paulo: Atheneu, 2011. 
FREITAS, K. Transmissão de doenças infecciosas: como ocorrem?. In: FREITAS, K. Infecto-
logia. São Paulo, 2017. Disponível em: https://www.drakeillafreitas.com.br/transmissao- 
de-doencas-infecciosas-como-ocorrem/. Acesso em: 24 fev. 2019.
GIESEL, V. T.; TRENTIN, D. T. (Org.). Fundamentos de saúde para cursos técnicos. Porto 
Alegre: Artmed, 2017.
JECKEL, J. F.; KATZ, D. L.; ELMORE, J. G. Conceitos e princípios básicos em epidemiolo-
gia. In: JEKEL, J. F. (Org.). Epidemiologia, bioestatística e medicina preventiva. 2. ed. Porto 
Alegre: Artmed, 2005. 
LUNA, E. J. A. A emergência das doenças emergentes e as doenças infecciosas emergen-
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15Noções de epidemiologia: planejamento em saúde

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