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TOXICOLOGIA TOXICOLOGIAToxicologia Raquel Vaz Hara Jardim Raquel Vaz Hara Jardim Maria Tereza Pamplona Silva Maria Tereza Pamplona Silva GRUPO SER EDUCACIONAL gente criando o futuro Nessa disciplina, percorreremos uma trajetória pelo universo da Toxicologia, que está totalmente alinhada ao exercício da pro� ssão em suas diversas abordagens. De modo geral, a Toxicologia estuda os efeitos tóxicos causados pelas substâncias químicas ao interagirem com organismos vivos, além de envolver diferentes áreas do conheci- mento, tais como: toxicocinética, toxicodinâmica, avaliação da toxicidade, elaboração de laudos periciais, monitorização ambiental e biológica, entre outras. É esperado que os conteúdos dessa disciplina ajudem na compreensão da relação dos sistemas biológicos com os diversos grupos de substâncias tóxicas, destacando a importância de caracterizar as propriedades de cada toxicante. Sendo assim, vamos conhecer cada grupo de intoxicantes metais (arsênio, chumbo e mercúrio), solventes orgânicos (metanol, benzeno, tolueno etc.), inalantes, compostos metemoglobini- zantes diretos e indiretos (anilina, entre outros), contaminantes ambientais, estimu- lantes (anfetaminas, nicotina/tabaco, cocaína e derivados e anfetaminas), depresso- res, alucinógenos, perturbadores do humor, medicamentos e canabinoides. Por � m, você estará apto para identi� car a toxicidade das principais substâncias quí- micas, bem como o seu impacto na saúde e no meio ambiente. Esse conhecimento é essencial para propor métodos de análise toxicológica e para traçar condutas clínicas e estratégias de prevenção. SER_FARMA_TOXICO_CAPA.indd 1,3 04/02/2021 14:05:01 © Ser Educacional 2021 Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro Recife-PE – CEP 50100-160 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Shutterstock Presidente do Conselho de Administração Diretor-presidente Diretoria Executiva de Ensino Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Diretoria de Ensino a Distância Autoria Projeto Gráfico e Capa Janguiê Diniz Jânyo Diniz Adriano Azevedo Joaldo Diniz Enzo Moreira Raquel Vaz Hara Jardim Maria Tereza Pamplona Silva DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 2 04/02/2021 12:46:54 Boxes ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple- mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. EXPLICANDO Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 3 04/02/2021 12:46:54 Unidade 1 - Introdução às análises toxicológicas Objetivos da unidade ........................................................................................................... 13 Introdução à Toxicologia .................................................................................................... 14 Elementos básicos da Toxicologia ................................................................................ 17 Classificação dos agentes tóxicos e seus efeitos ..................................................... 17 Fases da intoxicação ...................................................................................................... 18 Características de exposição ........................................................................................ 20 Toxicocinética ...................................................................................................................... 21 Absorção ........................................................................................................................... 22 Distribuição ...................................................................................................................... 24 Biotransformação ............................................................................................................ 26 Excreção ........................................................................................................................... 28 Toxicodinâmica .................................................................................................................... 30 Mecanismos de ação dos agentes tóxicos ................................................................ 31 Fatores determinantes da intoxicação ........................................................................ 33 Avaliação da toxicidade ................................................................................................. 33 Desintoxicação ................................................................................................................ 35 Toxicidade ocupacional ...................................................................................................... 38 Monitorização ambiental e limites de exposição ...................................................... 39 Monitorização biológica e limites biológicos ............................................................. 40 Sintetizando ........................................................................................................................... 43 Referências bibliográficas ................................................................................................. 44 Sumário SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 4 04/02/2021 12:46:54 Sumário Unidade 2 - Agentes tóxicos: metais pesados, solventes orgânicos e agentes metemoglobinizantes Objetivos da unidade ........................................................................................................... 46 Metais pesados..................................................................................................................... 47 Arsênio .............................................................................................................................. 48 Mercúrio ........................................................................................................................... 50 Chumbo ............................................................................................................................. 52 Tratamento e antidotização dos metais pesado ........................................................ 55 Solventes orgânicos ............................................................................................................ 57 Benzeno ............................................................................................................................ 59 Tolueno .............................................................................................................................. 61 Xileno ................................................................................................................................. 64 Agentes metemoglobinizantes .......................................................................................... 66 Anilina ................................................................................................................................67 Nitrobenzeno .................................................................................................................... 68 Sintetizando ........................................................................................................................... 70 Referências bibliográficas ................................................................................................. 72 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 5 04/02/2021 12:46:54 Sumário Unidade 3 - Toxicologia social Objetivos da unidade ........................................................................................................... 74 Metanol .................................................................................................................................. 75 Toxicocinética .................................................................................................................. 77 Toxicodinâmica ................................................................................................................ 78 Sinais e sintomas ............................................................................................................. 79 Tratamento e antidotização ........................................................................................... 80 Toxicologia social e medicamentos ................................................................................. 80 Classificação das drogas que causam dependência ............................................... 81 Dependência, tolerância e síndrome de abstinência ............................................... 81 Estimulantes ..................................................................................................................... 83 Depressores do SNC ....................................................................................................... 88 Opiáceos e opioides ............................................................................................................ 92 Mecanismo de toxicidade .............................................................................................. 93 Sinais e sintomas ............................................................................................................. 96 Tratamento ........................................................................................................................ 97 Etanol e inalantes ................................................................................................................. 97 Mecanismo de toxicidade .............................................................................................. 99 Tratamento ...................................................................................................................... 101 Sintetizando ......................................................................................................................... 103 Referências bibliográficas ............................................................................................... 104 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 6 04/02/2021 12:46:54 Sumário Unidade 4 - Drogas de abuso e cromatografia Objetivos da unidade ......................................................................................................... 107 Tabaco .................................................................................................................................. 108 Mecanismo de toxicidade ............................................................................................ 110 Sinais e sintomas ........................................................................................................... 113 Tratamento ...................................................................................................................... 113 Cannabis............................................................................................................................... 113 Mecanismo de toxicidade ............................................................................................ 116 Sinais e sintomas ........................................................................................................... 119 Tratamento ...................................................................................................................... 119 Derivados da cocaína ........................................................................................................ 119 Mecanismo de toxicidade ............................................................................................ 122 Sinais e sintomas ........................................................................................................... 124 Tratamento ...................................................................................................................... 124 Cromatografia...................................................................................................................... 125 Cromatografia da Cannabis sativa e estimulantes .................................................. 126 Cromatografia e identificação de venenos ............................................................... 129 Sintetizando ......................................................................................................................... 131 Referências bibliográficas ............................................................................................... 132 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 7 04/02/2021 12:46:54 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 8 04/02/2021 12:46:54 Nessa disciplina, percorreremos uma trajetória pelo universo da Toxicolo- gia, que está totalmente alinhada ao exercício da profi ssão em suas diversas abordagens. De modo geral, a Toxicologia estuda os efeitos tóxicos causados pelas substâncias químicas ao interagirem com organismos vivos, além de en- volver diferentes áreas do conhecimento, tais como: toxicocinética, toxicodinâ- mica, avaliação da toxicidade, elaboração de laudos periciais, monitorização ambiental e biológica, entre outras. É esperado que os conteúdos dessa disciplina ajudem na compreensão da relação dos sistemas biológicos com os diversos grupos de substâncias tóxicas, destacando a importância de caracterizar as propriedades de cada toxicante. Sendo assim, vamos conhecer cada grupo de intoxicantes metais (arsênio, chumbo e mercúrio), solventes orgânicos (metanol, benzeno, tolueno etc.), ina- lantes, compostos metemoglobinizantes diretos e indiretos (anilina, entre ou- tros), contaminantes ambientais, estimulantes (anfetaminas, nicotina/tabaco, cocaína e derivados e anfetaminas), depressores, alucinógenos, perturbadores do humor, medicamentos e canabinoides. Por fi m, você estará apto para identifi car a toxicidade das principais subs- tâncias químicas, bem como o seu impacto na saúde e no meio ambiente. Esse conhecimento é essencial para propor métodos de análise toxicológica e para traçar condutas clínicas e estratégias de prevenção. TOXICOLOGIA 9 Apresentação SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 9 04/02/2021 12:46:54 Dedico a todos que, assim como eu, acreditam na importância do conhecimento e da ciência. “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina” (Cora Coralina). A professora Raquel Vaz Hara Jardim é doutora em Biologia Celular e Mole- cular pela Universidade Estadual Júlio Mesquita Filho – UNESP (2016). Mestre em Biologia Celular e Molecular pela Universidade Estadual Júlio Mesquita Filho – UNESP (2012). Graduada em Biomedicina pelo Centro Universitário Filadélfi a – UNIFIL (2009). É professora conteudista desde 2018. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2697823505608748 TOXICOLOGIA 10 A autora SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 10 04/02/2021 12:46:55 TOXICOLOGIA 11 Dedico este material a todos aqueles que buscam no ensino o conhecimento como instrumento para alcançar seus sonhos. “A educação, qualquer que seja ela, é sempre uma teoria do conhecimentoposta em prática” (Paulo Freire). A professora Maria Tereza Pamplona Silva é doutora em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista – UNESP (2017), tem mestrado em Ciên- cias Biológicas pela UNESP (2013) e é graduada em Biomedicina pelo Centro Universitário Filadélfi a – UNIFIL (2009). Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3377333918279412 A autora SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 11 04/02/2021 12:46:55 INTRODUÇÃO ÀS ANÁLISES TOXICOLÓGICAS 1 UNIDADE SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 12 04/02/2021 12:47:12 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Compreender os principais eventos históricos da Toxicologia; Entender os conceitos básicos relacionados às substâncias tóxicas, divisão e áreas da Toxicologia; Compreender as características das diferentes fases da intoxicação; Identificar os processos toxicocinéticos e os fatores que interferem em cada fase; Assimilar os conceitos relacionados à toxicodinâmica e compreender os vários tipos de mecanismos de ação; Compreender a monitorização ambiental e biológica, bem como conhecer os limites de tolerância. Introdução à Toxicologia Elementos básicos da Toxico- logia Classificação dos agentes tóxi- cos e seus efeitos Fases da intoxicação Características de exposição Toxicocinética Absorção Distribuição Biotransformação Excreção Toxicodinâmica Mecanismos de ação dos agen- tes tóxicos Fatores determinantes da into- xicação Avaliação da toxicidade Desintoxicação Toxicidade ocupacional Monitorização ambiental e limites de exposição Monitorização biológica e limi- tes biológicos TOXICOLOGIA 13 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 13 04/02/2021 12:47:13 Introdução à Toxicologia A Toxicologia é uma das ciências mais antigas, cuja história acompanha o processo evolutivo humano. Desde os primórdios da civilização, o homem pos- sui conhecimento sobre os efeitos tóxicos provocados por venenos de animais peçonhentos e de plantas tóxicas. Os acontecimentos mais importantes da his- tória da Toxicologia são: • Papiro de Ebers (1500 a.C.): é um documento que apresenta cerca de 800 substâncias ativas, como por exemplo, chumbo, cobre, venenos de animais e plantas tóxicas; • Sócrates (470-399 a.C.): foi o caso mais conhecido pelo uso de veneno, devido à sua sentença de morte pela ingestão de extrato de cicuta; • Mitrídates (120-63 a.C.): provavelmente foi o responsável pelas primei- ras experiências toxicológicas. Ele testava vários tipos de venenos para encon- trar seus antídotos; • Dioscórides (40 a 90 d.C.): realizou a primeira classifi cação de venenos, dividida em animais, vegetais e minerais; • Avicena (980-1037): estudou o mecanismo de ação de venenos, incluindo neurotoxicidade e efeitos metabólicos; • Paracelsus (1493-1541): foi o responsável por diversos estudos e ideias envolvendo a Farmacologia, a Toxicologia e a Terapêutica. Seus princípios ainda são aplicados na Toxicologia, principalmente, seu postulado mais conhecido: “todas as substâncias são venenos; não há nenhuma que não seja um veneno. A dose correta diferencia o veneno do remédio”; • Bernard Rognetta (1800-1857): estudou os mecanismos de ação de vá- rias substâncias químicas, inclusive do arsênio; • Joseph Jacob Plenck (1739-1807): foi responsável pela introdução de al- gumas técnicas analíticas na Toxicologia, com o objetivo de identifi car e quanti- fi car os compostos tóxicos nos tecidos; • Friedrich Accum (1769-1838): utilizou a química analítica para detectar a presença de determinadas substâncias em alimentos e preparações far- macêuticas; • Mathieu Orfi la (1787-1853): foi o primeiro toxicologista que usou a com- binação da Toxicologia forense, clínica e química analítica. TOXICOLOGIA 14 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 14 04/02/2021 12:47:13 Como se pode observar, a Toxicologia se consolidou e passou por avanços importantes ao longo dos anos. Atualmente, é considerada uma verdadeira ciência social, cuja proposta é estudar as formas seguras de se expor às subs- tâncias químicas, ajudando o homem a se beneficiar dos avanços tecnológicos. No estudo da Toxicologia, é impor- tante definir e contextualizar alguns termos frequentemente utilizados. Os agentes tóxicos ou toxicantes são compostos de origem natural (animal, mineral ou vegetal) ou sinté- tica (produzida pelo homem) capazes de provocar danos a um organismo vivo, podendo resultar em alterações funcionais ou levar à morte. O termo veneno é usado para às substâncias químicas que causam intoxicação ou morte, mesmo em doses relati- vamente baixas. Além disso, alguns autores denominam como veneno as substâncias secretadas por animais peçonhentos e que estão relacionadas à sua autodefesa ou predação, como, por exemplo, o veneno de cobra. Em Toxicologia, as substâncias químicas estranhas ao organismo e que não pos- suem papel fisiológico conhecido são denominadas de xenobióticos. Os fármacos são substâncias de estrutura química definida, utilizados para proporcionar efeitos benéficos ao organismo por meio da sua capaci- dade de modificar ou explorar o sistema fisiológico ou o estado patológico. Por outro lado, o termo droga é utilizado para substâncias com composição indefinida, podendo ser utilizadas com ou sem a intenção de promover be- nefícios para o organismo. Para a melhor compreensão da diferença entre fármaco e droga, considera-se alguns exemplos: a maconha (Cannabis sativa) é uma droga e seu principal princípio ativo (tetra-hidrocanabinol – THC) é um fármaco. O ópio é uma droga de abuso que contém morfina, uma substância de estrutura definida utilizada para combater dores intensas, portanto, é con- siderado um fármaco. TOXICOLOGIA 15 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 15 04/02/2021 12:47:18 Em geral, a Toxicologia compreende o estudo dos efeitos tóxicos provo- cados por substâncias químicas em organismos vivos envolvendo diversas áreas de aplicação. Essas áreas são definidas de acordo com as característi- cas do agente tóxico ou pelo seu modo de interação com o sistema biológi- co. As principais áreas da Toxicologia, incluem: • Toxicologia ambiental: é o ramo que estuda os efeitos tóxicos dos po- luentes ambientais (água, sedimento, solo e ar) nos organismos vivos; • Toxicologia ocupacional: é a área da Toxicologia que estuda os efeitos tóxicos em indivíduos expostos às substâncias químicas presentes no ambiente de trabalho; • Toxicologia de alimentos: dedica-se ao estudo dos efeitos tóxicos provo- cados por agentes químicos encontrados nos alimentos. Essa área é extrema- mente importante para garantir que os alimentos ingeridos não causem danos ao organismo humano; • Toxicologia de medicamentos e cosméticos: realiza a análise dos efeitos tóxicos provocados pelo uso inadequado de medicamentos ou cosméticos nos organismos vivos; • Toxicologia social: estuda os efeitos tóxicos decorrentes do uso de drogas de abuso (por exemplo, cocaína e Cannabis sativa) ou do uso não médico de fár- macos, que podem acarretar problemas sérios ao próprio usuário e à sociedade; • Toxicologia forense: busca detectar e identificar agentes tóxicos envolvi- dos em mortes (post mortem), representando uma área importante para solu- cionar diversos crimes. A Toxicologia abrange diferentes campos de trabalho e pode ser dividida em: Toxicologia analítica ou química, Toxicologia clínica ou médica e Toxicologia ex- perimental. A Toxicologia analítica engloba um conjunto de métodos precisos e sensíveis que investigam a presença de agentes tóxicos ou algum parâmetro re- lacionado à sua exposição (por exemplo, alterações bioquímicas) em diferentes tipos de amostras, como fluidos orgânicos, alimentos, água, entre outros. Os profissionais relacionados à área de Toxicologia clínica buscam compreen- der o quadro clínico do paciente exposto ao agente tóxico ou intoxicado para esta- belecer as medidas de prevenção, o diagnóstico e a terapêutica das intoxicações.Já a Toxicologia experimental é responsável pelos estudos que fornecem informações elucidativas sobre os mecanismos de ação dos agentes tóxicos sobre os organismos vivos, além de avaliar os efeitos resultantes dessa ação. TOXICOLOGIA 16 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 16 04/02/2021 12:47:18 Elementos básicos da Toxicologia A Toxicologia é uma ciência multidisciplinar que se baseia em três elemen- tos básicos: • A existência de uma substância química (agente tóxico) capaz de induzir um efeito; • A identifi cação do sistema biológico (organismo) que pode interagir com a substância química; • Uma resposta por meio do efeito tóxico (sinais e sintomas) sobre o siste- ma biológico. O objetivo principal da Toxicologia é compreender os efeitos tóxicos e os mecanismos de ação das substâncias para evitar impactos na saúde e no meio ambiente. Além disso, a Toxicologia utiliza diferentes métodos para identifi - car e quantifi car os agentes tóxicos presentes em amostras biológicas (sangue, urina, saliva etc.). Todas essas informações são necessárias para estabelecer medidas terapêuticas seguras que possam contribuir para a prevenção de en- venenamentos e intoxicações. Classificação dos agentes tóxicos e seus efeitos Os agentes tóxicos podem ser classifi cados de diferentes modos, podendo considerar sua origem, seus órgãos-alvo, uso, efeito, estado físico, estrutura química, potencial de intoxicação, entre outros. Vale ressaltar que os critérios de classifi cação são defi nidos conforme o interesse e necessidade do classifi ca- dor. Alguns exemplos de classifi cação dos agentes tóxicos são: • Órgão de ação: de acordo com os efeitos do agente tóxico sobre os ór- gãos-alvo, como neurotóxico (ação no sistema nervoso central), hepatotóxico (ação no fígado), entre outros; • Estrutura química: a estrutura química também pode determinar a toxi- cidade, como as aminas aromáticas e os hidrocarbonetos halogenados; • Estado físico: os agentes tóxicos podem apresentar toxicidade diferente conforme o seu estado físico (gás, líquido e sólido), como o chumbo, que pode ser inofensivo em sua forma sólida, mas pode apresentar toxicidade moderada como poeira e ser altamente tóxico como fumo metálico; TOXICOLOGIA 17 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 17 04/02/2021 12:47:19 • Mecanismo de ação: causador de metemoglobinizante (asfi xiantes quími- cos – induzem a oxidação do ferro da hemoglobina), anticolinesterásico (inibem a enzima anticolinesterase), entre outros; • Efeitos clínicos: podem ser classifi cados de acordo com o aparecimento dos efeitos em imediatos, como irritantes que causam lesão na pele, ou tar- dios, como carcinógenos químicos; também podem ser classifi cados pela re- versibilidade dos efeitos (tóxicos reversíveis ou irreversíveis). O Comitê de Carcinógenos Ambientais da IARC (Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer) classifi ca os agentes tóxicos com base no potencial car- cinogênico para seres humanos e animais em: • Grupo 1: considerados carcinógenos humanos; • Grupo 2A: indica que o agente é provavelmente carcinogênico; • Grupo 2B: indica que o agente é possivelmente carcinogênico; • Grupo 3: não podem ser classifi cados em relação ao seu potencial carcino- gênico, pois os dados são insufi cientes. Fases da intoxicação Por defi nição, pode-se dizer que a intoxicação é um processo patológico causado por substâncias endógenas ou exógenas. Essas substâncias são capa- zes de provocar alterações bioquímicas no organismo exposto, levando a um desequilíbrio fi siológico. A intoxicação envolve uma série de eventos que começam com a exposição do organismo ao agente tóxico e vão até o surgimento de sinais e sintomas. Desse modo, a intoxicação pode ser dividida em quatro fases: • Fase I – exposição: é a fase em que o organismo entra em contato com a substância tóxica. Existem vários fatores que infl uenciam a disponibilidade da substância para a absorção, como por exemplo, a dose ou concentração do agente tóxico, a via de introdução, a duração e a frequência da exposi- ção, as propriedades físico-químicas das substân- cias e a suscetibilidade do indivíduo; TOXICOLOGIA 18 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 18 04/02/2021 12:47:19 • Fase II – toxicocinética: essa fase inclui os processos que promovem o movimento da substância química pelo organismo. Tais processos incluem a absorção, distribuição, armazenamento, biotransformação e a excreção de substâncias químicas. Alguns fatores, como as propriedades físico-químicas dos agentes tóxicos, determinam a biodisponibilidade da substância química para interagir com o órgão-alvo e a velocidade de excreção; • Fase III – toxicodinâmica: está relacionada ao processo de interação do agente tóxico com o receptor do seu sítio de ação. Essa interação promove al- terações morfológicas e funcionais, resultando em um desequilíbrio homeos- tático no organismo exposto; • Fase IV – clínica: essa fase engloba os sinais e sintomas dos efeitos pro- vocados pela ação tóxica de uma substância química, evidenciando um quadro de intoxicação. Além disso, os efeitos da interação do agente tóxico com o or- ganismo também podem ser evidenciados por meio da detecção de alterações patológicas observadas na análise laboratorial. Portanto é importante entender que os efeitos da intoxicação começam quan- do o agente tóxico alcança o órgão-alvo em quantidade suficiente para provocar alterações estruturais e funcionais. No entanto, todos esses processos podem so- frer influência dos fatores de suscetibilidade de cada organismo (Diagrama 1). Fonte: DORTA et al., 2018, p. 80. (Adaptado). Toxicocinética Toxicodinâmica Exposição Dose efetiva Fatores de susceptibilidade Efeitos biológicos precoces Alterações de estrutura e função Intoxicação DIAGRAMA 1. RELAÇÃO ENTRE A TOXICOCINÉTICA E A TOXICODINÂMICA TOXICOLOGIA 19 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 19 04/02/2021 12:47:19 Características de exposição Em um sistema biológico, a resposta tóxica de uma substância química depende de alguns fatores, incluindo as condições de exposição. As principais vias de introdução de agentes tóxicos são: • Via sistema trato gastrintestinal (ingestão por via oral); • Via pulmonar (inalação); • Via cutânea (absorção pela pele); • Outras vias parenterais (diferentes da via intestinal). A Figura 1 ilustra as principais vias de introdução de agentes químicos no organismo humano. Inalação Injeção Ingestão Absorção pela pele Figura 1. Vias de exposição a substâncias tóxicas. Fonte: WHALEN; FINKEL; PANAVELIL, 2016, p. 631. (Adaptado). A intensidade do efeito e o tempo de resposta variam de acordo com a via de exposição. Sendo assim, a efi cácia das vias, em ordem decrescente, deve ser: inalação, in- traperitoneal, subcutânea, intramuscular, intradérmica, oral e dérmica. TOXICOLOGIA 20 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 20 04/02/2021 12:47:29 Toxicocinética A toxicocinética é responsável pelo estudo do comportamento de uma substância nos diferentes compartimentos do organismo, ou seja, por meio dela é possível estudar os movimentos da substância no organismo. Em geral, a toxicocinética pode ser dividida em quatro mecanismos que de- terminam o início, a intensidade e a duração da ação da substância química (Diagrama 2). Esses processos são: • Absorção: permite a entrada da substância química no plasma; • Distribuição: a substância química pode sair da circulação sanguínea e se distribuir nos líquidos intersticial e intracelular; • Biotransformação: a substância química pode ser biotransformada no fígado e em outros tecidos; • Eliminação: a substância química e seus metabólitos são eliminadas do organismo por meio da urina, da bile ou das fezes. Fonte: OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014, p. 8. (Adaptado). DIAGRAMA 2. FASES DA TOXICOCINÉTICA Xenobiótico livre Xenobiótico ligado Metabólitos Biotransformação Absorção Excreção Sangue Local de ação LigadoLivre Tecidos de depósito Livre Ligado TOXICOLOGIA 21 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 21 04/02/2021 12:47:29 Cada indivíduo pode apresentar efeitos diferentes mesmo que expostos a concentrações similares. Essas diferenças podem ocorrer devido aos fatores que interferem nos processos toxicocinéticos, como, por exemplo, as modifi ca- ções genéticas e fatores fi siológicos (idade ou sexo). Além disso, podem ocorrer modifi cações na capacidade de metabolizar substâncias, pois as enzimas po- dem estar induzidas ou inibidas. No período gestacional, são observadas muitas alterações toxicocinéticas devido à ação hormonal, como indução da metabolização de compostos, alte- ração no volume de distribuição, entre outros efeitos. A obesidade também é um fator que altera a toxicocinética, principalmente, das substâncias lipofílicas. Nesse caso, ocorre a distribuição das substâncias lipofílicas para os tecidos de armazenamento, diminuindo a toxicidade dessas substâncias no obeso. Absorção A absorção é um processo pelo qual as substâncias químicas passam do local de contato por meio da membrana celular e entram na corrente circula- tória. Os principais locais de absorção são a pele (via dérmica), os pulmões (via respiratória) e o trato gastrintestinal (via oral). A absorção dérmica ocorre quando o agente tóxico consegue atravessar as múltiplas camadas celulares da pele. Basicamente, a pele é formada por duas camadas principais: • Camada externa (epiderme): contém o estrato córneo que representa uma barreira limitante, ou seja, é ela que determina a quantidade de substân- cia química que será absorvida. Vale ressaltar que a permeabilidade da pele de- pende da espessura do estrato córneo, que varia conforme a região do corpo; • Camada interna (derme): é composta por tecido gorduroso, conjuntivo, irrigado por capilares e vasos sanguíneos e os anexos da pele (glândulas su- doríparas e folículos pilosos). Essa camada é uma barreira inferior ao estrato córneo, pois não é seletiva. De modo geral, a pele é uma barreira relativamente impermeável à maio- ria dos íons e soluções aquosas, entretanto, algumas substâncias químicas conseguem ser absorvidas pela pele em quantidades sufi cientes para indu- TOXICOLOGIA 22 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 22 04/02/2021 12:47:29 zir efeitos tóxicos. O principal mecanismo de absorção é a difusão passiva e, por isso, as substâncias lipossolúveis (polares) são mais bem absorvidas do que as hidrossolúveis (apolares). Algumas substâncias possuem ação diretamente sobre a pele, causando danos à epiderme, como corrosão e sensibilização. Os ácidos e bases são subs- tâncias químicas que podem causar efeitos locais. Diversos fatores podem exercer influência na absorção dérmica por meio do aumento da permeabilidade dos agentes tóxicos, tais como: • Comprometimento da integridade do estrato córneo; • Nível de hidratação do estrato córneo aumentado; • Aumento da temperatura do ambiente, que aumenta o fluxo sanguíneo capilar; • Baixa solubilidade do agente toxicante no veículo; • Substâncias de tamanho pequeno. A via respiratória é uma importante via de entrada de substâncias quí- micas, que passam pelos órgãos do sistema respiratório até alcançar a circu- lação sanguínea. Existem diferentes tipos de compostos tóxicos que podem ser absorvidos pelos pulmões, incluindo gases, vapores, líquidos voláteis e material particulado. Os gases e vapores são inalados pelos pulmões e se difundem dos al- véolos pulmonares para a corrente sanguínea, onde são dissolvidos para que possam chegar até os tecidos. Todo esse processo ocorre até atingir um equilíbrio entre a concentração das moléculas no sangue e no espaço alveolar. Essa relação de equilíbrio entre os dois meios é chamada de coefi- ciente de partição sangue/gás e é única para cada tipo de gás. Portanto, a taxa de absorção de gases pela via respiratória pode variar de acordo com a solubilidade do agente tóxico no sangue. CITANDO Segundo Oga, Camargo e Batistuzzo (2014), substâncias com alto coefi- ciente de partição sangue/ar, como clorofórmio, passam facilmente do ar para o sangue. Já em substâncias de baixo coeficiente de partição, como o etileno, somente uma pequena quantidade é difundida para o sangue, devido à sua rápida saturação. TOXICOLOGIA 23 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 23 04/02/2021 12:47:29 O Quadro 1 apresenta algumas características que infl uenciam na absorção de material particulado (aerossóis e partículas) pela via respiratória. Vale res- saltar que a exposição humana a esses poluentes atmosféricos pode causar infl amação e irritação das vias aéreas superiores. QUADRO 1. CARACTERÍSTICAS DA ABSORÇÃO DAS PARTÍCULAS SUSPENSAS NO AR Tamanho das partículas Local de deposição Destino < 1 μm Alvéolos pulmonares Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá- tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares. 2 a 5 μm Traqueobronquial Remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares; fagocitose por macrófagos. > 5 μm Nasofaríngea Eliminação por assopro, espirro ou limpeza. Fonte: OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014, p. 9. (Adaptado). A absorção oral é uma via relevante para os diferentes grupos de agentes tóxicos, uma vez que está relacionada à ingestão de água ou alimentos con- taminados ou a situações de tentativa de suicídio (ingestão de drogas ou fár- macos de abuso). A absorção pode ocorrer ao longo de todo o trato gastrin- testinal, sendo que as regiões mais comuns são o estômago e o intestino. Os fatores que infl uenciam na absorção de cada compartimento incluem o pH, ir- rigação, características anatômicas e propriedades físico-químicas do agente tóxico. Vale ressaltar que as microvilosidades intestinais são estruturas que intensifi cam a irrigação sanguínea e proporcionam uma maior superfície de contato, favorecendo a absorção dos agentes tóxicos. Outra característica im- portante é que as substâncias lipossolúveis são absorvidas mais rapidamente do que as substâncias hidrossolúveis. Distribuição A distribuição dos agentes tóxicos ocorre por meio do sangue e da lin- fa até atingir diversos tecidos do organismo. De modo geral, a distribuição depende do fl uxo sanguíneo e linfático e de outros fatores relacionados às propriedades físico-químicas da substância (por exemplo, pH, coefi ciente < 1 μm< 1 μm 2 a 5 μm2 a 5 μm Alvéolos pulmonares 2 a 5 μm > 5 μm Alvéolos pulmonares > 5 μm Alvéolos pulmonares > 5 μm Alvéolos pulmonares Traqueobronquial Alvéolos pulmonares Traqueobronquial Alvéolos pulmonares Traqueobronquial Alvéolos pulmonares Traqueobronquial Nasofaríngea Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá- tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o Traqueobronquial Nasofaríngea Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá- tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares. Traqueobronquial Nasofaríngea Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá- tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares. Nasofaríngea Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá- tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares. Remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares; fagocitose por macrófagos. Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá- tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares. Remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares; fagocitose por macrófagos. Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá- tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares. Remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares; fagocitose por macrófagos. Eliminação por assopro, espirro ou limpeza. Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá- tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares. Remoçãocom o muco, por meio de movimentos ciliares; fagocitose por macrófagos. Eliminação por assopro, espirro ou limpeza. Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá- tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares. Remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares; fagocitose por macrófagos. Eliminação por assopro, espirro ou limpeza. Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá- tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares. Remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares; fagocitose por macrófagos. Eliminação por assopro, espirro ou limpeza. Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá- tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares. Remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares; fagocitose por macrófagos. Eliminação por assopro, espirro ou limpeza. Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá- tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares. Remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares; fagocitose por macrófagos. Eliminação por assopro, espirro ou limpeza. Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá- tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares. Remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares; fagocitose por macrófagos. Eliminação por assopro, espirro ou limpeza. Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá- tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares. Remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares; fagocitose por macrófagos. Eliminação por assopro, espirro ou limpeza. Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá- tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o Remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares; fagocitose por macrófagos. Eliminação por assopro, espirro ou limpeza. tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o Remoção com o muco, por meio de movimentos Eliminação por assopro, espirro ou limpeza. Remoção com o muco, por meio de movimentos Eliminação por assopro, espirro ou limpeza. Remoção com o muco, por meio de movimentos Eliminação por assopro, espirro ou limpeza.Eliminação por assopro, espirro ou limpeza. TOXICOLOGIA 24 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 24 04/02/2021 12:47:30 óleo/água e ligação com as proteínas plasmáticas). Destaca-se ainda que a distribuição ocorre mais facilmente em tecidos altamente irrigados (cora- ção, cérebro e fígado) do que em tecidos pouco irrigados (tecido adiposo, ossos, unhas e dentes). O Diagrama 3 mostra que somente as substâncias livres conseguem al- cançar o sítio de ação, enquanto as substâncias que se ligam às proteínas plasmáticas, como a albumina, as lipoproteínas e as globulinas, são elimina- das. Além disso, as substâncias distribuídas pelo organismo chegam ao sítio de ação de modo mais eficiente no estado lipossolúvel. Fonte: OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014, p. 11. (Adaptado). DIAGRAMA 3. ESQUEMA DA DISTRIBUIÇÃO DE UM AGENTE TÓXICO ATÉ SEU SÍTIO-ALVO A extensão da distribuição de uma substância ao longo do corpo humano pode ser avaliada por meio de um parâmetro toxicocinético, chamado volume de distribuição. Desse modo, é possível obter informações sobre a quantida- Introdução do xenobiótico na circulação Xenobiótico ligado às proteínas Líquido intersticial Células-alvo Xenobiótico ligado às proteínas Xenobiótico ligado a sítios inertes Complexo xenobiótico-alvo Intensidade do efeito tóxico Xenobiótico livre Xenobiótico livre Eliminação Xenobiótico livre Fora do organismo Plasma TOXICOLOGIA 25 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 25 04/02/2021 12:47:30 de de substâncias tóxicas existente no organismo e a quantidade presente no plasma. Substâncias que apresentam grande volume de distribuição tendem a ser distribuídas para o corpo inteiro, sendo que somente uma pequena porção permanece no plasma. Por outro lado, pequenos volumes de distribuição indi- cam que a maior fração da substância permanece no plasma, possivelmente devido à ligação entre a substância química e as proteínas plasmáticas. Assim, a distribuição pode ser afetada pela ligação das substâncias tóxicas às proteínas plasmáticas, uma vez que se tornam incapazes de atravessar as membranas. A albumina é a proteína mais abundante e com maior afi nidade com substâncias tóxicas. Além disso, as β-globulinas e as lipoproteínas tam- bém são proteínas importantes que podem se ligar a um amplo número de substâncias químicas. As barreiras biológicas difi cultam a passagem de substâncias dissolvidas no sangue para os tecidos, sendo que as mais importantes são: barreira he- matoencefálica (protege o sistema nervoso central) e a barreira placentária (protege o feto). Além disso, a ação tóxica de algumas substâncias químicas pode ser pro- longada devido ao seu acúmulo em reservatórios teciduais. Por exemplo, o chumbo é um metal tóxico que pode se acumular durante anos nos ossos e ser liberado tardiamente. Biotransformação Para compreender a biotransformação, é importante lembrar que o com- portamento toxicocinético das substâncias químicas dependem de suas pro- priedades físico-químicas. Normalmente, as substâncias lipofílicas são ab- sorvidas de modo mais efi ciente, entretanto, não são facilmente excretadas e tendem a se acumular no organismo. Por outro lado, as substâncias hidrofílicas possuem outro comportamento, uma vez que sua absorção é mais difícil e sua excreção ocorre mais facilmente. Desse modo, a biotransformação é um mecanismo que altera a estrutura química das substâncias lipofílicas, facilitando a sua excreção. Em outras pala- vras, pode-se dizer que esse processo transforma substâncias polares e lipos- solúveis em metabólitos mais polares e hidrossolúveis. TOXICOLOGIA 26 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 26 04/02/2021 12:47:30 As reações de biotransformação são divididas em dois grupos: • Fase I (não sintética): são reações que conferem polaridade às substâncias tóxicas, aumentando a sua hidrofi licidade. Para isso, ocorre uma exposição ou inserção de grupamentos de funcionais polares, como grupos sulfi drilas (-SH), hidroxilas (-OH), amina (-NH2) ou carboxila (-COOH). Os produtos (metabólitos) dessas reações podem ser mais tóxicos que a substância original, devido ao processo de bioativação; • Fase II (sintética): alguns produtos da fase I precisam sofrer modifi cações adicionais para serem excretados. Desse modo, passam pela fase II, que serve para adicionar cofatores endógenos às moléculas provenientes da fase I por meio de ligação de grupos hidrofílicos (como o ácido glicurônico), criando con- jugados mais polares. Nessa fase, estão envolvidas duas enzimas: sintetase (síntese de cofatores) e transferase (transferência dos cofatores). O Quadro 2 mostra as principais reações de biotransformação. QUADRO 2. REAÇÕES DE BIOTRANSFORMAÇÃO Fase I Fase II • Oxidação; • Hidrólise; • Redução. • Glicuronidação; • Sulfotransferase; • Metilação; • Acetilação; • Conjugação com a glutationa; • Conjugação com aminoácidos. As enzimas que catalisam a biotransformação das substâncias tóxicas es- tão distribuídas pelo organismo, nos pulmões, rins, adrenais, pele, mucosa gas- trintestinal e, principalmente, no fígado. Alguns fatores podem inferir no mecanismo de biotransformação, sendo classifi cados em internos e externos. Os fatores internos estão relacionados ao próprio sistema biológico, como por exemplo, espécie/raça, fatores genéticos, gênero, idade e estado patológico. Entre os fatores externos estão as substân- cias que podem ativar ou inibir os sistemas enzimáticos. O Quadro 3 apresenta alguns exemplos de substâncias que podem atuar sobre o citocromo (CYP) P450, uma importante enzima responsável pelas reações de oxidação de inú- meras substâncias tóxicas. • Oxidação;• Oxidação; • Hidrólise; • Oxidação; • Hidrólise; •Redução. • Oxidação; • Hidrólise; • Redução. • Hidrólise; • Redução. • Glicuronidação; • Sulfotransferase; • Glicuronidação; • Sulfotransferase; • Conjugação com a glutationa; • Conjugação com aminoácidos. • Glicuronidação; • Sulfotransferase; • Metilação; • Conjugação com a glutationa; • Conjugação com aminoácidos. • Glicuronidação; • Sulfotransferase; • Metilação; • Acetilação; • Conjugação com a glutationa; • Conjugação com aminoácidos. • Glicuronidação; • Sulfotransferase; • Metilação; • Acetilação; • Conjugação com a glutationa; • Conjugação com aminoácidos. • Sulfotransferase; • Metilação; • Acetilação; • Conjugação com a glutationa; • Conjugação com aminoácidos. • Acetilação; • Conjugação com a glutationa; • Conjugação com aminoácidos. • Conjugação com a glutationa; • Conjugação com aminoácidos. • Conjugação com a glutationa; • Conjugação com aminoácidos. • Conjugação com a glutationa; • Conjugação com aminoácidos.• Conjugação com aminoácidos. TOXICOLOGIA 27 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 27 04/02/2021 12:47:30 QUADRO 3. REAÇÕES DE BIOTRANSFORMAÇÃO Citocromo P450 Indutores Inibidores CYP1A HPAs; Benzopireno; Rifampicina. Fluvoxamina; Furafi lina. CYP2D Etanol; Isoniazida. Dissulfi ram. CYP3A Barbitúricos; Carbamazepina; Fenitoína; Rifampicina. Cetoconazol; Itraconazol; Eritromicina. Fonte: OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014, p. 17. (Adaptado). Excreção As substâncias químicas são eliminadas do organismo por um processo de- nominado excreção. Muitas vezes, as substâncias são biotransformadas em produtos mais hidrossolúveis, o que as tornam mais compatíveis para serem eliminadas do organismo. Os órgãos excretores mais representativos são os rins (via urinária), o trato digestivo (via fecal) e os pulmões (via pulmonar). É importante compreender que a urina excreta substâncias hidrossolúveis, enquanto as fezes eliminam substâncias não absorvidas no trato digestivo e que são excretadas pela bile. Já os pulmões são necessários para excreção de voláteis e gases. A excreção renal é um processo efi ciente para eliminar substâncias polares e hidrossolúveis pela urina. Basicamente, a formação da urina e excreção de substâncias envolve os seguintes mecanismos (Figura 2): • Filtração glomerular: as substâncias químicas são fi ltradas no glomé- rulo renal; • Secreção tubular: consiste na passagem de substâncias tóxicas do san- gue diretamente para a urina, nos túbulos proximais, por mecanismos de transporte ativo; • Reabsorção tubular: as substâncias lipossolúveis são reabsorvidas a partir do lúmen tubular (túbulo proximal) e transportadas de volta à circulação sistêmica. CYP1ACYP1ACYP1A CYP2DCYP2DCYP2D CYP3ACYP3A Benzopireno; CYP3A HPAs; Benzopireno; Rifampicina. HPAs; Benzopireno; Rifampicina. Benzopireno; Rifampicina. Benzopireno; Rifampicina. Etanol; Isoniazida. Rifampicina. Etanol; Isoniazida. Barbitúricos; Etanol; Isoniazida. Barbitúricos; Carbamazepina; Isoniazida. Barbitúricos; Carbamazepina; Fenitoína; Barbitúricos; Carbamazepina; Fenitoína; Rifampicina. Barbitúricos; Carbamazepina; Fenitoína; Rifampicina. Fluvoxamina; Carbamazepina; Fenitoína; Rifampicina. Fluvoxamina; Furafi lina. Carbamazepina; Rifampicina. Fluvoxamina; Furafi lina. Rifampicina. Fluvoxamina; Furafi lina. Dissulfi ram. Fluvoxamina; Furafi lina. Dissulfi ram.Dissulfi ram. Cetoconazol; Dissulfi ram. Cetoconazol; Itraconazol; Dissulfi ram. Cetoconazol; Itraconazol; Eritromicina. Cetoconazol; Itraconazol; Eritromicina. Cetoconazol; Itraconazol; Eritromicina. Itraconazol; Eritromicina.Eritromicina. TOXICOLOGIA 28 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 28 04/02/2021 12:47:31 Capilar peritubular Secreção tubular Túbulo proximal Filtração glomerular Arteríola aferente Reabsorção tubular Arteríola eferente Fármaco no sangue Urina 4 3 2 1 Figura 2. Etapas da excreção urinária. Fonte: GOLAN et al. 2018, p. 36. (Adaptado). A excreção pelo trato digestivo também é uma via importante de elimina- ção de substâncias químicas no organismo. Alguns agentes tóxicos passam pelo canal alimentar sem serem absorvidos e acabam sendo excretados pelas fezes, como o paraquat e o curare, que são produtos de biotransformação de diversas substâncias. Além disso, a excreção biliar envolve a eliminação de substâncias biotransformadas pelo fígado e que ingressam no intestino pela bile. Assim, o destino dessas substâncias tóxicas e de seus metabólitos, dependendo de suas propriedades físico-químicas, pode ser a excreção pelas fezes ou a reabsorção por meio de um processo chamado circulação êntero-hepática. TOXICOLOGIA 29 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 29 04/02/2021 12:47:32 A excreção pulmonar é responsável pela eliminação de substâncias gaso- sas e voláteis pelos pulmões, por meio de difusão simples. Em geral, a excre- ção de gases é inversamente proporcional à quantidade de sua solubilidade no sangue (taxa de absorção), ou seja, quanto menor o coefi ciente de solubilidade, mais rápida é a excreção pelos pulmões. Do mesmo modo, as substâncias pou- co solúveis no sangue devem ter a secreção limitada pela perfusão (circulação), enquanto as substâncias altamente solúveis devem ter a excreção limitada pela ventilação (respiração). EXEMPLIFICANDO O bafômetro, utilizado para a determinar a quantidade de etanol presente no plasma, é uma aplicação do princípio da proporcionalidade entre a quantidade de etanol eliminada e a sua pressão de vapor. As substâncias tóxicas também podem ser excretadas por outras vias, como pelo leite materno, saliva, suor e pelo fl uido cerebrospi- nal. A eliminação de toxicantes por essas vias dependem de alguns fatores, como a diferença de pH entre o plasma e as glândulas/tecidos, o pKa das substâncias, a lipossolubilida- de e a presença de transportes ativos. Toxicodinâmica A toxicodinâmica estuda os mecanismos da ação tóxica, ou seja, descreve o que a substância química faz no sistema biológico com base nos aspectos bioquímicos e moleculares. Desse modo, os dados obtidos são fundamentais para auxiliar na avaliação de risco e no desenvolvimento de produtos especí- fi cos, além de contribuir para o desenvolvimento de procedimentos preventi- vos e estratégias de tratamento. Além disso, os dados podem auxiliar na com- preensão sobre as substâncias tóxicas utilizadas em pesquisas científi cas. Assim como existem vários tipos de substâncias químicas com potencial tó- xico, existem também diversos mecanismos de ação. Basicamente, a substân- cia tóxica ou seu metabólito precisa atingir seu sítio de ação (ou tecido-alvo) em concentração adequada para provocar o efeito tóxico. As alterações provoca- das pelo efeito tóxico podem ser corrigidas por meio de mecanismos de reparo TOXICOLOGIA 30 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 30 04/02/2021 12:47:32 que atuam em nível molecular, celular e tecidual. Entretanto, podem ocorrer falhas no reparo, contribuindo para o aparecimento da toxicidade. O Diagrama 4 apresenta as etapas da toxicodinâmica no desenvolvimento da toxicidade. Fonte: DORTA et al., 2018, p. 80. (Adaptado). DIAGRAMA 4. ETAPAS DA TOXICODINÂMICA Agente tóxico Alcance do tecido-alvo Disfunção celular/injúria Interação com a molécula-alvo Alteração do ambiente biológico Falhas no reparo Dano Toxidade Mecanismo de ação dos agentes tóxicos Como visto, é muito importante conhecer os mecanismos moleculares e bioquímicos das substâncias tóxicas, bem como o seu sítio de ação, pois por meio dessas informações é possível defi nir as medidas preventivas e terapêu- ticas da intoxicação. Os mecanismos de ação mais conhecidos são: • Interação da substância tóxica com receptores: os receptores são cons- tituídos por macromoléculas ou partes delas que atuam como um elemento de comunicação para coordenar as funções celulares no organismo. Estão presen- TOXICOLOGIA 31 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 31 04/02/2021 12:47:32 tes nas membranas celulares,no citoplasma ou no núcleo. Algumas substân- cias tóxicas (S) se ligam a esses receptores (R) para desencadear seus efeitos tóxicos, mas, em geral, essa ligação é reversível, ou seja: (R + S ⇆ RS) (1) Como exemplo, os fármacos do tipo atropina se ligam ao receptor musca- rínico no sistema nervoso autônomo e central, bloqueando a ação do neuro- transmissor acetilcolina; • Interferências nas funções de membranas excitáveis: as substâncias tóxicas podem interferir na manutenção e na estabilidade das membranas ex- citáveis, alterando a sua função. Existem vários meios pelos quais as substân- cias tóxicas podem agir nas membranas, por exemplo, bloqueando os canais de íons, aumentando a sua permeabilidade ou alterando a sua fluidez; • Inibição da fosforilação oxidativa: algumas substâncias tóxicas interferem na oxidação de carboidratos na síntese de adenosina trifosfato (ATP) e, assim, provocam seus efeitos tóxicos. Normalmente, esse mecanismo ocorre devido ao bloqueio do fluxo de oxigênio para os tecidos. A diminuição do ATP compromete a integridade da membrana, o funcionamento de bombas iônicas e a síntese de proteínas. E a diminuição da energia leva à perda das funções celulares; • Complexação com componentes enzimáticos: muitas substâncias quí- micas agem como inibidores enzimáticos, como os inseticidas fosforados (ini- bem as colinesterases), o cianeto (age sobre as enzimas envolvidas na respira- ção celular), o cádmio (inibe o citocromo P450), o monóxido de carbono (age no citocromo oxidase), entre outros; • Complexação com proteínas: algumas substâncias e seus metabólitos podem interagir covalentemente com os sítios nucleofílicos das proteínas, como a aflatoxina B1, o paracetamol, tetracloreto de carbono, entre outros; • Complexação com lipídios: a peroxidação lipídica é um mecanismo de morte celular provocado por substâncias tóxicas. Em geral, o processo de peroxidação lipídica promove a deterioração oxidativa dos ácidos graxos poli-insaturados e, consequentemente, pode ocorrer a ruptura das estruturas celulares; TOXICOLOGIA 32 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 32 04/02/2021 12:47:32 • Complexação com ácidos nucleicos: as substâncias tóxicas (agentes ele- trofílicos) podem interagir com o DNA se ligando aos sítios nucleofílicos e, as- sim, alterar a expressão de produtos gênicos necessários para a sobrevivência das células. Além disso, algumas substâncias tóxicas também podem interagir covalentemente com os sítios nucleofílicos do RNA, comprometendo o proces- so de síntese proteica. Fatores determinantes da intoxicação Os efeitos tóxicos causados pelas substâncias químicas são consequências das alterações fi siológicas e bioquímicas normais dos órgãos. Assim, a exten- são da lesão é diretamente proporcional às concentrações do agente tóxico, podendo acarretar uma intoxicação mais leve, severa ou até mesmo não sofrer nenhuma alteração. A severidade dos efeitos tóxicos também pode variar de acordo com o ór- gão afetado, ou seja, os efeitos podem ser mais graves quando afetam órgãos vitais. Além disso, alguns órgãos são capazes de se regenerar (fígado), enquan- to outros não se regeneram (sistema nervoso). Em resumo, os fatores determinantes da intoxicação incluem: • Fatores relacionados à exposição: dose ou concentração da substância, a via de introdução e a frequência de exposição; • Fatores relacionados às propriedades físico-químicas da substância: solubilidade, estado físico, grau de ionização etc.; • Fatores relacionados ao organismo: espécie, fatores genéticos, idade, sexo, estado hormonal, estado patológico, entre outros; • Fatores relacionados ao ambiente: temperatura, pressão, radiações, umidade, entre outros. Avaliação da toxicidade A avaliação toxicológica das substâncias químicas envolve um conjunto de testes padronizados aceitos por agências regulamentadoras para investigar seus possíveis efeitos tóxicos em humanos. Normalmente, esses testes utili- zam animais de laboratório sob condições previamente estabelecidas. Entre- TOXICOLOGIA 33 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 33 04/02/2021 12:47:32 tanto, alguns métodos alternativos, que utilizam quantidades reduzidas de ani- mais ou modelos in vitro, também têm apresentado resultados toxicológicos semelhantes aos observados em estudos in vivo. É importante entender que os testes toxicológicos possuem o objetivo de caracterizar os efeitos tóxicos produzidos por uma substância química, toda- via, não demonstram a segurança da substância-teste. Os testes utilizados para a avaliação da toxicidade são: • Toxicidade aguda: a substância-teste é administrada em uma ou mais do- ses em um período de 24 horas. Após a administração, os animais são observa- dos por até 14 dias. Os resultados a partir dos estudados de toxicidade aguda fornecem informações importantes sobre o mecanismo de ação da substância, além de identificar órgãos ou sistemas sensíveis. Além disso, também permi- tem determinar se os efeitos tóxicos causados pela substância são reversíveis; • Toxicidade subcrônica: é um estudo realizado para obter informações sobre a toxicidade de uma substância química após exposições repetidas. O tempo desse teste é de pelo menos 21 dias, mas, normalmente, é realizado em 90 dias. Esse estudo é importante para estabelecer os níveis nos quais não se observam os efeitos tóxicos, identificar os órgãos afetados e deter- minar a severidade após as exposições repetidas. A observação dos animais após o período de tratamento é importante para determinar se efeitos ocor- reram devido ao acúmulo da substância ou não, bem como para estabelecer se os efeitos são reversíveis; • Toxicidade crônica: é um estudo realizado para determinar os efeitos tó- xicos da substância-teste após exposições repetidas, cujo tempo de duração deve ser superior a três meses; • Estudo dos efeitos locais sobre a pele e olhos: esses testes avaliam a irritação provocada por substâncias químicas sobre a pele e os olhos. Os parâ- metros utilizados para avaliar a irritação da pele são eritema, escaras, edema e corrosão. Já os parâmetros observados nos olhos, incluem as alterações da conjuntiva, córnea, íris e cristalino. Os testes de irritação podem ser: irritação local ou aguda (reposta de uma exposição única); irritação cumulativa (respos- ta de exposição repetida); irritação induzida fotoquimicamente (resposta pri- mária resultante de luz). É importante frisar que a irritação não reversível é aquela que persiste por mais de 14 dias após a exposição; TOXICOLOGIA 34 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 34 04/02/2021 12:47:32 • Sensibilização cutânea: esse teste é usado quando há possibilidade de contatos repetidos da substância com a pele; • Mutagênese: é um estudo usado para avaliar a capacidade de uma subs- tância química de induzir lesões (mutações) no material genético das células. Essas mutações podem afetar o indivíduo exposto, mas também podem ser transmitidas para as gerações futuras (transferência hereditária); • Carcinogênese: esses testes de carcinogenicidade são empregados para avaliar a capacidade de uma substância química de gerar câncer ou tumores. Algumas substâncias já são reconhecidas como carcinogênicas para o homem, como as aflatoxinas (micotoxina), benzeno, cloreto de vini- la, entre outros. Algumas substâncias vêm sendo estudadas e são classi- ficadas como provavelmente carcinogênicas, como o formaldeído, a sílica cristalina etc.; • Teratogênese: estuda a capacidade de uma substância causar alterações durante o desenvolvimento embrionário, ou seja, entre a concepção e o nas- cimento. Vale ressaltar que os efeitos dessas substâncias dependem de qual fase do desenvolvimento ocorreu a exposição. Desintoxicação A desintoxicação ou descontaminação é um processo que pode ser reali- zado em pacientes estabilizados. No entanto, os métodos e os procedimentos devem ser escolhidos de acordo comcada quadro de intoxicação, conside- rando as características da substância tóxica, a via de exposição e o quadro clínico do paciente. O primeiro passo da desintoxicação é interromper o processo de absorção da substância tóxica. Em muitos casos, é necessário realizar a descontami- nação de superfície por meio da lavagem dos olhos (exposições oculares) e da pele (exposições cutâneas). Essas lavagens devem ser feitas com solução salina ou água tépida até obter pH neutro. A descontaminação gastrintestinal (DGI) envolve um conjunto de méto- dos utilizados para prevenir ou reduzir a absorção da substância após ter sido ingerida. O Quadro 4 apresenta as principais estratégias para a DGI, suas indicações, contraindicações e procedimentos. TOXICOLOGIA 35 SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 35 04/02/2021 12:47:32 QUADRO 4. MÉTODOS DE DESCONTAMINAÇÃO GASTRINTESTINAL Método Indicações Contraindicações Procedimentos Carvão ativado (CA) Casos de ingestão de substâncias bem adsorvidas pelo CA. Risco de aspiração do conteúdo gástrico em doentes com depressão neurológica e vias áreas desprotegidas; Risco de sangramento e perfusão do TDG. Crianças até 1 ano: 0,5 a 1 g/kg de peso (10 a 25 g); Crianças 1 a 12 anos: 1 g/ kg de peso (25 a 50 g); Adolescentes e adultos: 50 a 100 g/dose. Catárticos (CAT) Não há indicação formal. Crianças pequenas, idosos e pessoas debilitadas; Depleção de líquido e desequilíbrio eletrolítico; Íleo adinâmico; Obstrução e perfuração intestinal. Sulfato de magnésio: recomenda-se dose única no caso de não haver trânsito intestinal adequado com o uso de múltiplas doses de CA; Não misturar com o CA. Crianças: 2,5 mL/kg de solução a 10%; Adultos: 150 mL de solução a 10%. Lavagem gástrica (LG) Em situação excepcional, que evolve grande quantidade de agente comprovadamente tóxico ou com toxicidade potencializada por associação entre agentes. Risco de aspiração do conteúdo gástrico em doentes com depressão neurológica e vias aéreas não protegidas; Risco de sangramento e perfusão do TDG; Ingestão de ácidos e bases fortes. Lavagem via sonda orogástrica várias vezes até obter retorno de líquido claro, sem resíduos. Crianças: 10 mL/Kg de soro fi siológico (SF) morno por vez. Adultos: 200-300 mL de SF morno ou água morna por vez. Êmese ou indução de vômito com ipeca (IP) Deve ser evitada tanto no local quanto no serviço médico de emergência (SME). Ipeca pode atrasar a administração ou reduzir a efi cácia do CA e de antídotos por via oral, assim como da IC. Procedimento não recomendado. Irrigação intestinal completa (IC) Doses tóxicas de agentes pouco adsorvidos pelo CA. Vias aéreas não protegidas; Íleo adinâmico; Obstrução ou perfuração gastrintestinal; Vômitos incontroláveis; Instabilidade hemodinâmica. Administração de soluções eletrolíticas de polietilenoglicol até obter efl uente renal claro. Crianças de 1 a 6 anos: 500 mL/hora; Crianças de 6 a 12 anos: 1000 mL/hora; Adolescentes e adultos: 1500 a 2000 mL/hora. Fonte: OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014, n. p. (Adaptado). Carvão ativado (CA) Carvão ativado (CA) Carvão ativado (CA)ativado (CA) Casos de ingestão de substâncias bem Casos de ingestão de substâncias bem adsorvidas pelo CA. Casos de ingestão de substâncias bem adsorvidas pelo CA. Casos de ingestão de substâncias bem adsorvidas pelo CA. Catárticos Casos de ingestão de substâncias bem adsorvidas pelo CA. Catárticos (CAT) de substâncias bem adsorvidas pelo CA. Risco de aspiração do Catárticos (CAT) adsorvidas pelo CA. Risco de aspiração do conteúdo gástrico em doentes com depressão Risco de aspiração do conteúdo gástrico em doentes com depressão Risco de aspiração do conteúdo gástrico em doentes com depressão neurológica e vias áreas desprotegidas; Não há indicação Risco de aspiração do conteúdo gástrico em doentes com depressão neurológica e vias áreas desprotegidas; Risco de sangramento Não há indicação Risco de aspiração do conteúdo gástrico em doentes com depressão neurológica e vias áreas desprotegidas; Risco de sangramento e perfusão do TDG. Não há indicação formal. Risco de aspiração do conteúdo gástrico em doentes com depressão neurológica e vias áreas desprotegidas; Risco de sangramento e perfusão do TDG. Não há indicação formal. conteúdo gástrico em doentes com depressão neurológica e vias áreas desprotegidas; Risco de sangramento e perfusão do TDG. Não há indicação doentes com depressão neurológica e vias áreas desprotegidas; Risco de sangramento e perfusão do TDG. Crianças até 1 ano: 0,5 a Crianças pequenas, áreas desprotegidas; Risco de sangramento e perfusão do TDG. Crianças até 1 ano: 0,5 a 1 g/kg de peso (10 a 25 g); Crianças pequenas, idosos e pessoas Risco de sangramento e perfusão do TDG. Crianças até 1 ano: 0,5 a 1 g/kg de peso (10 a 25 g); Crianças 1 a 12 anos: 1 g/ Crianças pequenas, idosos e pessoas debilitadas; Depleção de líquido Em situação Crianças até 1 ano: 0,5 a 1 g/kg de peso (10 a 25 g); Crianças 1 a 12 anos: 1 g/ kg de peso (25 a 50 g); Adolescentes e adultos: Crianças pequenas, idosos e pessoas debilitadas; Depleção de líquido e desequilíbrio Em situação Crianças até 1 ano: 0,5 a 1 g/kg de peso (10 a 25 g); Crianças 1 a 12 anos: 1 g/ kg de peso (25 a 50 g); Adolescentes e adultos: Crianças pequenas, idosos e pessoas debilitadas; Depleção de líquido e desequilíbrio eletrolítico; Íleo adinâmico; Obstrução e perfuração Em situação Crianças até 1 ano: 0,5 a 1 g/kg de peso (10 a 25 g); Crianças 1 a 12 anos: 1 g/ kg de peso (25 a 50 g); Adolescentes e adultos: 50 a 100 g/dose. Crianças pequenas, idosos e pessoas debilitadas; Depleção de líquido e desequilíbrio eletrolítico; Íleo adinâmico; Obstrução e perfuração Crianças até 1 ano: 0,5 a 1 g/kg de peso (10 a 25 g); Crianças 1 a 12 anos: 1 g/ kg de peso (25 a 50 g); Adolescentes e adultos: 50 a 100 g/dose. Depleção de líquido e desequilíbrio eletrolítico; Íleo adinâmico; Obstrução e perfuração Crianças até 1 ano: 0,5 a 1 g/kg de peso (10 a 25 g); Crianças 1 a 12 anos: 1 g/ kg de peso (25 a 50 g); Adolescentes e adultos: 50 a 100 g/dose. Depleção de líquido e desequilíbrio eletrolítico; Íleo adinâmico; Obstrução e perfuração intestinal. Sulfato de magnésio: 1 g/kg de peso (10 a 25 g); Crianças 1 a 12 anos: 1 g/ kg de peso (25 a 50 g); Adolescentes e adultos: 50 a 100 g/dose. Íleo adinâmico; Obstrução e perfuração intestinal. Sulfato de magnésio: recomenda-se dose única no caso de não haver trânsito intestinal Risco de aspiração kg de peso (25 a 50 g); Adolescentes e adultos: 50 a 100 g/dose. Obstrução e perfuração intestinal. Sulfato de magnésio: recomenda-se dose única no caso de não haver trânsito intestinal adequado com o uso de Risco de aspiração Obstrução e perfuração Sulfato de magnésio: recomenda-se dose única no caso de não haver trânsito intestinal adequado com o uso de múltiplas doses de CA; Risco de aspiração Sulfato de magnésio: recomenda-se dose única no caso de não haver trânsito intestinal adequado com o uso de múltiplas doses de CA; Não misturar com o CA. Crianças: 2,5 mL/kg de Risco de aspiração Sulfato de magnésio: recomenda-se dose única no caso de não haver trânsito intestinal adequado com o uso de múltiplas doses de CA; Não misturar com o CA. Crianças: 2,5 mL/kg de Risco de aspiração recomenda-se dose única no caso de não haver trânsito intestinal adequado com o uso de múltiplas doses de CA; Não misturar com o CA. Crianças: 2,5 mL/kg de solução a 10%; Adultos: 150 mL de Risco de aspiração única no caso de não haver trânsito intestinal adequado com o uso de múltiplas doses de CA; Não misturar com o CA. Crianças: 2,5 mL/kg de solução a 10%; Adultos: 150 mL de haver trânsito intestinal adequadocom o uso de múltiplas doses de CA; Não misturar com o CA. Crianças: 2,5 mL/kg de solução a 10%; Adultos: 150 mL de solução a 10%. múltiplas doses de CA; Não misturar com o CA. Crianças: 2,5 mL/kg de solução a 10%; Adultos: 150 mL de solução a 10%. Lavagem via sonda Não misturar com o CA. Crianças: 2,5 mL/kg de solução a 10%; Adultos: 150 mL de solução a 10%. Lavagem via sonda Adultos: 150 mL de solução a 10%. Lavagem via sonda Lavagem via sonda Lavagem via sonda Lavagem via sonda Lavagem gástrica (LG) Lavagem gástrica (LG) Lavagem gástrica (LG)gástrica (LG) Em situação excepcional, que quantidade de agente Em situação excepcional, que evolve grande quantidade de agente Em situação excepcional, que evolve grande quantidade de agente comprovadamente Em situação excepcional, que evolve grande quantidade de agente comprovadamente tóxico ou com Êmese ou indução de excepcional, que evolve grande quantidade de agente comprovadamente tóxico ou com toxicidade potencializada por Êmese ou indução de vômito com quantidade de agente comprovadamente tóxico ou com toxicidade potencializada por associação entre Êmese ou indução de vômito com ipeca (IP) quantidade de agente comprovadamente tóxico ou com toxicidade potencializada por associação entre indução de vômito com ipeca (IP) comprovadamente toxicidade potencializada por associação entre agentes. Risco de aspiração do conteúdo gástrico vômito com ipeca (IP) Deve ser evitada tanto potencializada por associação entre agentes. Risco de aspiração do conteúdo gástrico em doentes com depressão neurológica Deve ser evitada tanto potencializada por associação entre agentes. Risco de aspiração do conteúdo gástrico em doentes com depressão neurológica e vias aéreas não Deve ser evitada tanto no local quanto no serviço médico de Risco de aspiração do conteúdo gástrico em doentes com depressão neurológica e vias aéreas não Risco de sangramento Deve ser evitada tanto no local quanto no serviço médico de emergência (SME). Irrigação Risco de aspiração do conteúdo gástrico em doentes com depressão neurológica e vias aéreas não protegidas; Risco de sangramento e perfusão do TDG; Deve ser evitada tanto no local quanto no serviço médico de emergência (SME). Irrigação intestinal do conteúdo gástrico em doentes com depressão neurológica e vias aéreas não protegidas; Risco de sangramento e perfusão do TDG; Ingestão de ácidos e Deve ser evitada tanto no local quanto no serviço médico de emergência (SME). Irrigação intestinal depressão neurológica e vias aéreas não protegidas; Risco de sangramento e perfusão do TDG; Ingestão de ácidos e Deve ser evitada tanto no local quanto no serviço médico de emergência (SME). depressão neurológica e vias aéreas não protegidas; Risco de sangramento e perfusão do TDG; Ingestão de ácidos e bases fortes. serviço médico de emergência (SME). Risco de sangramento e perfusão do TDG; Ingestão de ácidos e bases fortes. orogástrica várias vezes até obter retorno emergência (SME). Ipeca pode atrasar Doses tóxicas de Risco de sangramento e perfusão do TDG; Ingestão de ácidos e bases fortes. orogástrica várias vezes até obter retorno de líquido claro, sem Ipeca pode atrasar a administração ou reduzir a efi cácia do CA Doses tóxicas de agentes pouco Ingestão de ácidos e bases fortes. orogástrica várias vezes até obter retorno de líquido claro, sem Crianças: 10 mL/Kg de Ipeca pode atrasar a administração ou reduzir a efi cácia do CA e de antídotos por via oral, assim como da IC. Doses tóxicas de agentes pouco orogástrica várias vezes até obter retorno de líquido claro, sem resíduos. Crianças: 10 mL/Kg de soro fi siológico (SF) Ipeca pode atrasar a administração ou reduzir a efi cácia do CA e de antídotos por via oral, assim como da IC. Doses tóxicas de agentes pouco orogástrica várias vezes até obter retorno de líquido claro, sem resíduos. Crianças: 10 mL/Kg de soro fi siológico (SF) Adultos: 200-300 mL de SF morno ou água morna Ipeca pode atrasar a administração ou reduzir a efi cácia do CA e de antídotos por via oral, assim como da IC. Doses tóxicas de agentes pouco vezes até obter retorno de líquido claro, sem resíduos. Crianças: 10 mL/Kg de soro fi siológico (SF) morno por vez. Adultos: 200-300 mL de SF morno ou água morna Ipeca pode atrasar a administração ou reduzir a efi cácia do CA e de antídotos por via oral, assim como da IC. vezes até obter retorno de líquido claro, sem Crianças: 10 mL/Kg de soro fi siológico (SF) morno por vez. Adultos: 200-300 mL de SF morno ou água morna a administração ou reduzir a efi cácia do CA e de antídotos por via oral, assim como da IC. Vias aéreas não Crianças: 10 mL/Kg de soro fi siológico (SF) morno por vez. Adultos: 200-300 mL de SF morno ou água morna reduzir a efi cácia do CA e de antídotos por via oral, assim como da IC. Vias aéreas não protegidas; Íleo adinâmico; Crianças: 10 mL/Kg de soro fi siológico (SF) morno por vez. Adultos: 200-300 mL de SF morno ou água morna por vez. e de antídotos por via oral, assim como da IC. Vias aéreas não protegidas; Íleo adinâmico; Obstrução ou Adultos: 200-300 mL de SF morno ou água morna por vez. Procedimento não Vias aéreas não protegidas; Íleo adinâmico; Obstrução ou perfuração Adultos: 200-300 mL de SF morno ou água morna Procedimento não recomendado. Vias aéreas não protegidas; Íleo adinâmico; Obstrução ou perfuração SF morno ou água morna Procedimento não recomendado. Íleo adinâmico; Obstrução ou perfuração Procedimento não recomendado. Obstrução ou perfuração Procedimento não recomendado. Administração de soluções eletrolíticas de polietilenoglicol até obter Procedimento não recomendado. Administração de soluções eletrolíticas de polietilenoglicol até obter Administração de soluções eletrolíticas de polietilenoglicol até obter efl uente renal claro. Crianças de 1 a 6 anos: Administração de soluções eletrolíticas de polietilenoglicol até obter efl uente renal claro. Crianças de 1 a 6 anos: Administração de soluções eletrolíticas de polietilenoglicol até obter efl uente renal claro. Crianças de 1 a 6 anos: Administração de soluções eletrolíticas de polietilenoglicol até obter efl uente renal claro. Crianças de 1 a 6 anos: soluções eletrolíticas de polietilenoglicol até obter efl uente renal claro. Crianças de 1 a 6 anos: polietilenoglicol até obter efl uente renal claro. Crianças de 1 a 6 anos: Crianças de 1 a 6 anos: intestinal completa (IC) intestinal completa (IC) intestinal completa (IC)completa (IC) agentes pouco adsorvidos pelo CA. agentes pouco adsorvidos pelo CA. agentes pouco adsorvidos pelo CA. agentes pouco adsorvidos pelo CA. agentes pouco adsorvidos pelo CA. adsorvidos pelo CA. perfuração gastrintestinal; Vômitos incontroláveis; perfuração gastrintestinal; Vômitos incontroláveis; perfuração gastrintestinal; Vômitos incontroláveis; Instabilidade hemodinâmica. perfuração gastrintestinal; Vômitos incontroláveis; Instabilidade hemodinâmica. gastrintestinal; Vômitos incontroláveis; Instabilidade hemodinâmica. Vômitos incontroláveis; Instabilidade hemodinâmica. Vômitos incontroláveis; hemodinâmica. Crianças de 1 a 6 anos: Crianças de 6 a 12 anos: Crianças de 1 a 6 anos: 500 mL/hora; Crianças de 6 a 12 anos: Crianças de 1 a 6 anos: 500 mL/hora; Crianças de 6 a 12 anos: 1000 mL/hora; Adolescentes e adultos: Crianças de 1 a 6 anos: 500 mL/hora; Crianças de 6 a 12 anos: 1000 mL/hora; Adolescentes e adultos: 1500 a 2000 mL/hora. Crianças de 1 a 6 anos: 500 mL/hora; Crianças de 6 a 12 anos: 1000 mL/hora; Adolescentes e adultos: 1500 a 2000 mL/hora. Crianças de
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