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Entre o Cativeiro e a Liberdade - TCC

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Entre o Cativeiro e a Liberdade 
As quatro leis antiescravistas e suas particularidades 
 
Cleudon Paulo Carvalho Júnior 
Frederico Castilho Tomé 
 
 
Resumo: O presente artigo busca criar uma análise bibliográfica sobre as quatro leis 
antiescravistas brasileiras, sendo elas em ordem, Lei Eusébio de Queirós (1850), Lei 
do Ventre Livre (1871), Lei dos Sexagenários (1885) e por fim Lei Áurea (1888). A 
análise começa com um contexto anterior, buscando entender o ambiente para tais 
acontecimentos, em seguida apresentar as nuanças das leis e as mudanças geradas 
no cotidiano do Brasil Império. 
 
Palavras-chaves: Escravidão. Império. Tráfico Humano. Politica. 
 
 
 
Abstract: The present article seeks to create a bibliographical analysis of the four 
brazilian anti-slavery laws, wich are in order, Lei Eusébio de Queirós (1850), Lei do 
Ventre Livre (1871), Lei do Sexagenário (1885) and, finally, the Lei Áurea (1888). The 
analysis begins with an earlier context, seeking to understand the environment for such 
events, and next present the nuances of the laws and the changes generated in the 
daily life of the Brazilian Empire. 
 
Keywords: Slavery. Empire. Human Traffic. Politics. 
 
 
 
 
 
 
Agradecimentos 
 
Agradeço inicialmente aos meus pais por terem me dado estrutura para chegar 
até aqui, me proporcionando amor, cuidado, recursos e uma base emocional. Gostaria 
de agradecer a minha noiva que me proporcionou amor, cuidado, carinho e muita 
disposição para me auxiliar nesse momento. Sou extremamente grato por cada 
professor que impactou essa jornada, vocês são fundamentais para um mundo melhor. 
Sou grato especialmente a meu orientador, você foi um professor incrível e me instigou 
a ser um professor, pesquisador e uma pessoa melhor. Agradeço aqueles que conheci 
na graduação, vocês são grandes amigos e nunca poderia esquecer de ser grato por 
ter conhecido cada um de vocês. Por fim, agradeço as pessoas que mesmo não sendo 
do ambiente acadêmico, amigos que me proporcionaram momentos incríveis, me 
sustentaram em meus fracassos e comemoraram minhas vitórias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
 
1. Introdução 
 
O Brasil foi um ambiente caótico desde o seu “descobrimento”, os momentos que 
sucederam a descoberta foram marcados na história com um império europeu, de pele 
branca e devastador para os antigos proprietários dessa região. O artigo busca 
analisar o ambiente escravocrata do Brasil imperial, especificamente os momentos 
cruciais para o processo abolicionista. A importância da pesquisa é viva no cotidiano, 
sabemos que até nos dias atuais ainda enfrentamos problemas culturais quanto a 
intolerância com a afrodescendência. 
Os questionamentos que essa pesquisa gera, procuram entender quais foram os 
acontecimentos prévios ao processo abolicionista, dando um contexto geral sobre o 
cotidiano brasileiro escravocrata e entendendo os pontos problemáticos da economia 
escravista. Esses questionamentos chegam até a promulgação das leis e nesse 
momento outras perguntas surgem. Quais foram as reações dos afetados pelo 
processo abolicionista abastecido pelas leis, como se portaram os senhores de 
escravos, os partidos da época e os próprios escravos? 
A análise bibliográfica busca trazer essas respostas nesse trabalho, procurando 
apresentar esses acontecimentos de forma clara, identificando as nuanças desse 
processo e buscando os indivíduos protagonistas dessa história. As leis 
antiescravistas mudaram totalmente o cotidiano brasileiro, trouxeram soluções para 
problemas sociais, diversos problemas econômicos para um império baseado no 
trabalho forçado e culminou em um ambiente decadente para o Império governado por 
Dom Pedro ll. 
 
2. Uma terra invadida, um povo roubado e uma cor escravizada 
 
 Dia 22 de abril de 1500, data em que marca a chegada ou como os portugueses 
diriam: descoberta da terra que futuramente se chamaria Brasil. A caravana liderada 
por Pedro Álvares Cabral saiu do Tejo (rio da Península Ibérica que banha terras 
espanholas e portuguesas), em 9 de março de 1500, ao meio-dia e era composta por 
treze navios como dito por Lilian Moritz Schwarcz e Heloisa Murgel Starling em Brasil: 
2 
 
Uma Biografia (2015). Caravana essa que saia em missão para terras nas índias, a 
procura era cotidiana e muito requisitada na vivência dos mais abastados das 
sociedades europeias, as iguarias orientais. 
 
O ano era de data redonda, prometendo bons augúrios, e a estação, 
adequada para a travessia no Atlântico Sul, que ainda surpreendia os 
desavisados com muitos e desagradáveis acontecimentos. No dia anterior a 
tripulação recebera uma despedida pública, que incluiu celebrações e uma 
missa com a presença do rei. Desde que o navegador português Bartolomeu 
Dias dobrara o extremo sul do continente africano, em 1488, e o denominara 
de cabo das Tormentas – uma homenagem ao revés, aludindo ao “mal de são 
Cosme”, cujas chuvas fétidas manchavam as roupas e provocavam 
abscessos na pele dos marinheiros-, e sobretudo, depois de a notícia correr 
o mundo e chegar aos ouvidos do rei João II, que mudou o nome do acidente 
geográfico para cabo da Boa Esperança, os lusos julgavam-se senhores dos 
mares e bafejados pela sorte. (Schwarcz & Starling, 2015, p.27) 
 
Os portugueses que iriam a essa missão não estavam arriscando pouco, como 
visto acima, a viagem era perigosa em diversos sentidos e a falta de recursos era o 
primeiro deles. As tripulações carregavam o que era possível, entretanto, não existia 
muito o que fazer para que os alimentos permanecessem com qualidade durante os 
longos meses de viagem. Eram comuns doenças causadas pela má qualidade dos 
alimentos, mortes causadas por falta de água e todos os problemas que a falta de 
recursos alimentícios gera. 
Teriam também dentro de sua empreitada os problemas naturais. Os mares não 
eram tão bem conhecidos como os portugueses achavam e não existiam senhores 
dos mares na realidade. Por mais que a tecnologia marítima europeia fosse boa para 
a época, não era o suficiente para lidar com o excesso de contratempos gerados pela 
incerteza da navegação. As chuvas tempestuosas e as longas viagens causavam 
defeitos nas navegações, e a falta de terras próximas afundava ou separava as 
comitivas facilmente. 
Outro problema dentre as incertezas da navegação era a pirataria, não era muito 
raro encontrar barcos piratas com intuito de roubar mercadorias e até as embarcações. 
O tempo de viagem unido a falta de saneamento básico causava doenças terríveis e 
a falta de cuidado medico acabava gerando inúmeras perdas durante as travessias. 
No fim das contas as embarcações também contavam com ajuda religiosa, afinal, não 
era certo desbravar lugares sem a proteção divina e sem dar início a expansão do 
evangelho por terras desconhecidas. 
3 
 
Com tantos problemas de higiene, as doenças garantiam presença durante 
as travessias. Escorbuto – mais tarde também chamado de mal de Luanda 
ou mal de gengivas -, provocado pela carência de vitamina C, e enfermidades 
pleuropulmonares eram as mais frequentes. Em vista das mortes 
praticamente diárias, a única saída era estender os cadáveres no convés, até 
que um religioso fizesse uma breve oração e por fim os corpos fossem 
atirados na água. (Schwarcz & Starling, 2015, p.26) 
 
No fim das contas, todos os perigos passados por estes desbravadores foram o 
início de um futuro em que, os brancos reinariam e os negros teriam toda sua história 
manchada pela escravidão. O negro foi tido como digno de escravidão através da 
necessidade agressiva que a expansão marítima comercial gerava, a agilidade do 
processo de exportação era visivelmente o ponto emergencial dessa equação e os 
negros a resolução dela. 
 Agressividade em todos os sentidos possíveis, o uso de mão de obra escravaera em busca do topo comercial na Europa e a consequência desse topo era todo um 
continente ser massacrado. A cor negra ao ser escolhida como amaldiçoada e digna 
de ser escravizada, vem vivendo a mais duradoura chacina da história do mundo até 
os dias de hoje. Os negros foram brutalmente abusados fisicamente, sexualmente e 
psicologicamente. A mancha de Cam, usada pela igreja para justificar a escravidão, 
hoje tem outro nome e gera as mesmas consequências. O racismo é consequência 
direta dessa realidade passada, e assim como a escravidão, mata, marginaliza e 
reprime a pele negra. 
 
O nome também foi vinculado a can (cão), e a Cam, personagem bíblico 
mencionado no livro de Gênesis. Filho mais novo de Noé, Cam, Canaã, rira 
da embriaguez do pai desacordado e por isso fora amaldiçoado e condenado 
a ser “servo dos servos”. Assim, pavimentava-se o caminho religioso para as 
futuras justificativas da escravização não só dos índios como dos negros 
africanos, ambos considerados descendentes da maldição de Cam. 
(Schwarcz & Starling, 2015, p.21) 
 
A dívida histórica que a sociedade tem com o negro é incontestável, a escravidão 
gerou inúmeras marcas na história africana e uma dinastia entorno da pele branca por 
todo o ocidente. As terras brasileiras, foco de estudo do artigo, foram manchadas com 
um banho de sangue negro, entretanto todos esses acontecimentos não foram tão 
corridos como aqui descritos. Os portugueses quando desembarcaram no Brasil só 
estavam a mando de toda uma organização política e comercial, as decisões tomadas 
daquele momento em diante mudariam a história portuguesa, indígena e africana. 
4 
 
Em primeira mão, os portugueses buscaram escravizar os indígenas moradores 
da terra ali descoberta. Os indígenas não falavam a língua portuguesa, não vestiam 
roupas, não professavam a fé cristã e muito menos seus costumes. Entretanto, a igreja 
viu “inocência” ou “ingenuidade” na pele indígena, logo a pressão da igreja pela 
catequização foi imediata. Não é tão simples como livros didáticos apresentam, os 
indígenas foram sim escravizados e assassinados pelo poderio luso, entretanto, a 
exportação da pele negra foi muito eficiente para o ideal português e a simplicidade 
em que o comércio acontecia na teoria não era demonstrada na prática. 
 
A escravidão era central à sociedade e à economia dos territórios lusitanos 
na América, e é compreensível que hoje o entendimento de suas 
transformações e implicações mais amplas paute o estudo da história do 
Brasil. A ocupação dos territórios sul-americanos pelos portugueses desde o 
século XVI foi parte de um esforço de expansão que combinava objetivos 
religiosos e estratégicos (expandir a cristandade) e econômicos (ampliar as 
redes de comércio dos mercadores portugueses) e que, tendo começado com 
a colonização das ilhas dos Açores e da Madeira, no Atlântico, em meados 
do século XV, lançou bases em vários pontos da África (atualmente São 
Tomé, Costa da Mina, Angola, Moçambique), na Ásia (Goa, Macau) e na 
América (Brasil). (Mamigonian, 2009, p.209) 
 
O tráfico negreiro era diário e assassino, africanos eram transportados com 
condições muito piores do que os desbravadores portugueses enfrentaram para 
“descobrir” o Brasil. As mortes eram incontáveis, a estrutura precária era visível e os 
que tinham a “sorte” de chegarem vivos iriam enfrentar o resto de suas vidas a cruz 
que a pele branca colocou em suas costas. Um regime escravista que buscava 
insanamente o plantio, a colheita, o estupro, o açoite e o lucro através do trabalho 
negro. 
Todo esse contexto escravocrata expansionista de Portugal culminou no que 
entendemos como Brasil colonial. Sendo assim, o sistema escravista ficou robusto, o 
tráfico consequentemente foi crescendo e a economia foi moldada ao redor do mesmo. 
O ambiente em que vamos tratar no seguinte artigo, diz respeito, ao fim da escravidão 
no Brasil imperial, não tomando como tema especifico a lei áurea e sim abordando as 
quatro leis antiescravistas em território brasileiro. 
Sequencialmente as leis são apresentadas. Iniciando o processo o tráfico 
negreiro tem seu fim em 4 de setembro de 1850 (Lei Eusébio de Queirós), a liberdade 
dos nascidos de escravas em território nacional a partir dos 21 anos chega em 28 de 
setembro de 1871 (Lei do Ventre Livre), a liberdade dos escravos acima de 60 anos 
5 
 
em 28 de setembro de 1885 (Lei dos Sexagenários) e por fim o tão sonhado fim da 
escravidão, em 13 de maio de 1888 (Lei Áurea). 
Como já é sabido, o fim do tráfico negreiro foi uma exigência inglesa para com 
Dom Pedro l e Dom Pedro ll, tendo em vista que, o processo começa com o pai e tem 
sua realização com o filho, entretanto, o contexto em que essas exigências aconteciam 
eram bem específicos. Em 1808, a família real portuguesa sai fugida de suas terras 
em um contexto conflituoso, envolvendo França e Espanha, a proteção da família real 
portuguesa em sua vinda a terras brasileiras é feita pela Inglaterra e o preço não é dos 
mais baratos, “o Tratado de Aliança e Amizade anunciavam os temas da agenda 
diplomática das décadas seguintes: defesa dos interesses comerciais britânicos e 
imposição do abolicionismo” (Mamigonian, 2009, p.214). 
Talvez a maior exigência feita pelos ingleses em cobrança a todo suporte que 
deram a família real portuguesa foi o início do processo abolicionista. Em 1810, 
Portugal se compromete a limitar seu comércio escravista mantendo, então, apenas 
em seus domínios. Esse era o princípio desenvolvido pelo fim do tráfico, o processo 
vai perdurar até 1850, tendo diversos momentos em que o Império se comprometeu a 
fechar as portas para a comercialização humana, porém, as atitudes até 1850 eram 
como diz o ditado, “para inglês ver”. 
 
A campanha abolicionista britânica entrava assim em nova fase, em que, 
valendo-se do poderio naval e de diplomacia agressiva, investiria 
pesadamente na campanha pela abolição completa do tráfico atlântico. 
Desde 1807, quando foi aprovada no parlamento britânico a proibição de 
súditos britânicos se engajarem no comércio de escravos, as vozes 
discordantes se reuniram pela cessação do “abominável comércio. 
(Mamigonian, 2009, p.215) 
 
 O sistema escravista se tornara absurdamente robusto, pois boa parte da 
população brasileira era de escravos. Dentre esses, teríamos também homens livres, 
muitos deles se denominavam pardos. A desunião dentro do processo abolicionista 
também era um problema, os pardos não faziam questão de ver a pele negra livre, 
seu real interesse era a liberdade de sua própria existência. O reconhecimento de 
cidadania era um trabalho difícil para eles, o sistema funcionava de forma lógica, 
quanto menos branco, menos respeito, liberdade e mais marginalização. 
 
No Rio de Janeiro, em 4 de novembro de 1833, um pasquim liberal exaltado, 
denominado O Mulato ou O Homem de Cor, afirmou: “Não sabemos o motivo 
6 
 
por que os brancos moderados nos hão declarado guerra. Há pouco lemos 
uma circular em que se declara que as listas dos Cidadãos Brasileiros devem 
conter a diferença de cor – e isto entre homens livres! (Mattos, 2000, p.220) 
 
O reconhecimento da cidadania era garantido por lei, a diferença de cor pelos 
homens livres já era uma realidade dentre as leis. Entretanto a vivência em sociedade 
apresenta uma conjuntura diferente, as leis não faziam tanta diferença se assim 
quisessem. Um dos exemplos era o fim do tráfico negreiro, a campanha abolicionista 
no Atlântico começa no fim do século XVIII, aproximadamente em 1808, a partir da 
pressão inglesa e só vai ter realmente efetividade em 1850 com a lei. 
 
Um em cada três habitantes do Brasil era cativo. Naquele mesmo ano, os 
britânicos, detentores da maior fatia do comércio de escravos africanos, 
seguindo medida legislativa promulgada no ano anterior, abandonaram a 
atividade e começaram campanha pela extinção de todo comérciode 
africanos ao longo do Atlântico. (Mamigonian, 2009, p.210) 
 
A pressão popular no Congresso de Viena vai acarretar na forte campanha 
abolicionista, como dito por Mamigonian (2009), o ministro das Relações Exteriores 
britânicas, Castlereagh, tomado pela pressão popular começa a ter como pauta de 
urgência o fim do tráfico escravo. Isso significava que todos os países em que a 
Inglaterra tinha influência política e comercial, naturalmente iriam ter que findar o 
comércio humano por vias marítimas. Não só os brasileiros foram afetados com isso, 
entretanto, o Brasil foi basicamente o último a realmente aderir a solicitação dos 
britânicos. 
 
A adoção do abolicionismo como política estatal havia levado a Grã-Bretanha, 
no final da década de 1810, a começar a montar uma rede de acordos 
bilaterais de proibição do comércio de escravos, um sistema de repressão 
naval e de julgamento em cortes navais ou bilaterais e ainda uma extensa 
rede de colaboradores e informantes que convergia no departamento Slave 
Trade do Foreign Office. Nas primeiras décadas do século XIX, o 
abolicionismo, unindo ingleses, galeses, irlandeses escoceses, tornou-se um 
dos símbolos da identidade britânica. (Mamigonian, 2009, p.216) 
 
Entre 1815 e 1817, foram firmados tratados que buscavam o fim do tráfico 
negreiro, sendo assim, os navios aprisionados por tráfico seriam julgados por uma 
comissão, sendo confirmada a pratica do tráfico, multas seriam aplicadas e assim 
gerando também um título de “africanos livres”, como dito por Mamigonian (2009), os 
7 
 
escravos aprisionados teriam um tempo de serviço a ser cumprido, para aprender 
sobre a religião e se profissionalizarem. Tendo assim, utilidade para o convívio social. 
Em 1822, o Brasil vai ter a sua independência declarada e isso mudava muita 
coisa no contexto do tráfico negreiro. Os tratados assinados com os ingleses eram de 
mando português. Quando a independência é declarada, o Brasil sai desse meio e 
todas as decisões anteriores são colocadas sobre os territórios portugueses. A 
independência vai ser o novo ambiente desses tratados, a Inglaterra entraria com 
apoio a independência e em troca teria um novo tratado assinado pelo Brasil. 
 
Um novo tratado de abolição do tráfico de escravos integrou as negociações 
pelo reconhecimento da independência brasileira por parte da Grã-Bretanha, 
que se arrastaram até 1825-1826. Nessa época, algumas vozes já se 
levantavam pela emancipação gradual dos escravos. José Bonifácio de 
Andrada e Silva, o conselheiro e ministro mais próximo de d. Pedro l em 1822, 
era contrário à continuação do tráfico e da escravidão a médio prazo. A 
proposta de Constituição preparada pela Assembleia Constituinte em 1823 
continha no artigo 254 a previsão de “emancipação lenta dos negros”, mas 
ela desapareceu da Constituição outorgada em 1824, na qual não havia 
qualquer menção à escravidão. (Mamigonian, 2009, p.219) 
 
 Entre 1826-1827, outro tratado é assinado, a partir desse momento todo navio 
encontrado praticando tráfico escravo seria considerado pirata. As leis contra a mesma 
eram bem fortes, a pirataria não tem pátria e os barcos poderiam vir a ser apreendidos 
ou até afundados se assim fosse julgado necessário. Entretanto como a maioria das 
medidas até 1850, essa foi mais uma situação “para inglês ver”, e a média do tráfico 
vai subir nesses últimos vinte anos até a lei Eusébio de Queirós. 
A manutenção da escravatura vai apenas precisar de mais cuidados, 
naturalmente perder “mercadoria” era comum e só com a fiscalização inglesa o 
trabalho não era tão impossível. Os portos brasileiros ainda eram lotados de 
navegações escravagistas, a crueldade do tráfico vai crescer e chegar ao ponto de 
africanos serem arremessados das navegações para evitar a prisão das mesmas. 
 
[...] de 1826 a 1830 houve verdadeira corrida, em antecipação à suposta 
proibição iminente do tráfico, e, enquanto a média anual de importações na 
primeira metade da década girara em torno de 40 mil escravos, de 1826 a 
1829 ultrapassou-se a média de 60 mil escravos por ano. A história 
continuaria igual, com inúmeras formas de violação de proibições e com a 
impunidade escandalosa dos contrabandistas. (Schawarcz & Starling, 2015, 
p.231) 
 
 
8 
 
 
3. Eusébio e o fim do tráfico escravo 
 
Ao chegar em 1850, fica a pergunta que inicia a análise sobre as leis 
antiescravistas: quais foram as causas e consequências pelo fim do tráfico humano? 
Os tratados que foram fechados não foram obedecidos e muito menos efetivos em 
sua tentativa de aplicação. A maioria das embarcações presas por tráfico eram 
inocentadas em tribunais, algumas eram extraditadas por não poderem ser julgadas 
em território britânico e outras no máximo perdiam seu “produto” para servir de mão 
de obra inglesa. 
 
Em 1845, o balanço que os ingleses faziam do impacto da repressão era 
desanimador: só 2,8% dos africanos embarcados na África para a travessia 
atlântica foram resgatados e, fora os que morreram, o resto foi efetivamente 
escravizado. Diante da posição irredutível do governo brasileiro, a solução de 
lorde Aberdeen, então à frente do Foreign Office, foi assumir que a 
GrãBretanha tinha direito a dar continuidade à repressão do tráfico brasileiro, 
com base no compromisso firmado pelo Tratado de 1826. (Mamigonian, 2007, 
p.119) 
 
A repressão vai ser contínua, mesmo que o tratado não tivesse recebido 
renovação. O governo britânico vai basicamente ignorar a opinião brasileira, dando 
início a uma repressão mais forte e que pressionava mais o Brasil a efetivar o fim do 
tráfico escravo. Em geral a visão era dividida, de um lado teríamos os conservadores 
que por serem a massa produtora queriam a reabertura dos portos para o tráfico legal, 
e do outro os liberais que defendiam o fim do tráfico e a troca dos escravos por uma 
mão de obra imigrante europeia, que geraria um processo de “limpeza” na sociedade 
brasileira. 
 A produção econômica agrícola era totalmente dependente do trabalho forçado 
e o produto que brilhava os olhos ao comércio brasileiro era o café. Por sinal, o mesmo 
foi um dos maiores motivos para dificultar o fim do sistema escravocrata, a pressão 
dos fazendeiros quanto a manutenção da economia dificultava o diálogo com os 
ingleses e por mais que existissem camadas políticas buscando esse dialogo era um 
processo penoso. Mesmo que “europeizar” o Brasil e embranquecer a população fosse 
uma pauta chamativa o sistema cafeicultor tinha uma maior importância. 
 
No período imperial três produtos agrícolas que tinham sido importantes no 
período colonial continuaram a ter grande relevância na pauta de 
9 
 
exportações, o açúcar, o algodão e o fumo, mas o café ultrapassaria 
definitivamente o açúcar como o principal produto exportado, em termos de 
valor, no início da década de 1830. A predominância dos quatro produtos fica 
evidente de sua participação conjunta no total das exportações. Em 1821-22, 
com as ressalvas que os dados globais relativos a esses anos merecem, 
teriam respondido por 2/3 das exportações totais, sendo que couros e peles 
respondiam por outros 15%. Em meados do século, tomando-se a média do 
biênio 1849-50 e 1850-51, a participação dos quatro produtos alcançaria 
81,7%, reduzindo-se no biênio 1888-1889 para 72,2%, em virtude da 
ascensão da borracha, que nesses últimos dois anos respondeu por 14,2% 
do valor exportado. (Abreu; Lago, 2011, p.6) 
 
Uma parte dos políticos tentaria aprovar uma nova forma de trabalho africano, 
um trabalho livre e que até “resgataria” africanos provindos do tráfico para serem 
colonos livres e mão de obra para a sociedade. Esse processo dependia de aprovação 
britânica e pelo histórico que o Brasil vinha conservando ao ignorar as investidas 
britânicas pelo fim do tráfico, era minimamente complicado a aprovação de tal lei 
provinda dos mesmos e essas propostas não viriama sair do papel. 
 
Bethell destaca que Carneiro Leão e Vasconcelos teriam condicionado a 
aprovação do novo tratado antitráfico com a Inglaterra à liberação da 
imigração africana para o Brasil. O projeto não foi adiante naquele momento, 
mas nos anos seguintes houve várias tentativas de legalizar a vinda de 
africanos como colonos. A última talvez tenha sido o projeto de Holanda 
Cavalcanti, que tramitou no Senado em 1850 e previa negociação com a 
GrãBretanha para viabilizar o “resgate” de africanos na costa da África e sua 
importação como “colonos livres”. Os franceses já estavam operando esse 
sistema, mas os brasileiros precisavam do consentimento britânico, sob pena 
de ter os navios apreendidos como tumbeiros. (Mamigonian 2007, p.120) 
 
O diálogo com a base conservadora não era fácil e muito menos animador. A 
atitude dos liberais não era pelo bem abolicionista, era simplesmente uma tentativa de 
embranquecer e limpar a população brasileira e isso gerava uma opinião aproximada 
para o diálogo com a Inglaterra. Entretanto, não se pode esquecer que a base da 
economia brasileira e conservadora eram provindas do plantio que tinha como 
sustentação o pilar escravista. 
Todos esses fatores vão empurrar o fim do tráfico negreiro para a lei Eusébio de 
Queirós e ela vai ser consequência de uma empurrada final vinda dos britânicos com 
a legislação Bill Aberdeen. A legislação vem logo após uma “quebra” entre Brasil e 
Inglaterra, após a pressão exercida entre 1822 e 1845. A quebra vai gerar para os 
ingleses o motivo final para declarar o fim do comércio humano de forma incisiva. A 
caça a barcos tidos como piratas por praticar o tráfico vai ser intensa e a consequência 
da repressão absurda é um mal-estar entre Brasil e Inglaterra. 
10 
 
 
As relações entre Brasil e Inglaterra, no que concerne ao propósito de 
extinguir o tráfico de escravos, podem ser divididas em dois macroperíodos: 
o primeiro vai da independência, em 1822, a 1845, sendo caracterizado por 
uma fase de pressões, decisões e difícil cooperação entre 1826 e 1831, sendo 
que o restante do período é visto como improdutivo nessa questão; o segundo 
macroperíodo se dá a partir de 1845, representado por uma fase de ruptura 
e conflito, com a ação violenta e intransigente por parte da Inglaterra de 1845 
a 1850, e pela ação brasileira independente e eficiente após 1850 com a 
aplicação da Lei Eusébio de Queirós. (Santos, 2013, p.3) 
 
Após alguns anos de embates ideológicos entre brasileiros conservadores de um 
lado, liberais e britânicos do outro, teríamos a chegada da lei. Eusébio de Queirós era 
ministro da Justiça e foi quem encabeçou a lei. O mesmo já vinha argumentando a um 
tempo a favor da lei e defendia a procura de novas formas para condenar o tráfico, 
tornando a prática menos atrativa. Eusébio defendia que o Brasil não deveria 
necessitar dos britânicos para esse fim e que tinha autonomia para tomar medidas 
pelo fim da prática, como foi dito por Flávia Campany do Amaral (2009). 
Em 4 de setembro de 1850, a lei é aplicada na legislação, logo de cara vai forçar 
a apreensão mais frequente de navegações e isso resultaria em milhares de africanos 
emancipados em alguns meses, como dito por Mamigonian (2011). Isso resultou numa 
repressão conservadora que solicitava a proibição de novos africanos livres em 
território brasileiro e a extradição dos que aqui estavam. Se não eram escravos, eram 
estrangeiros e não deveriam ficar em terras brasileiras dando trabalho. 
Com a real aplicação da lei, o tráfico vai acabar e as lavouras ficariam 
necessitadas de mão de obra. A realeza do momento era o café e não se podia ter um 
abalo tão forte nas estruturas econômicas cafeicultoras como o fim do tráfico escravo. 
A partir deste fim, a ideia liberal de trazer mão de obra europeia para território brasileiro 
começa e consegue fazer uma certa diferença, evitando um rombo tão grande. 
Junto a Lei Eusébio de Queirós, viria a Lei de Terras, início de uma formulação 
de propriedade privada e separação de terras do Império, e demais terras. A lei 
acabava com as sesmarias (distribuição de terras para fins agrícolas, iniciadas na 
colonização brasileira) e teoricamente organizaria mais o ambiente rural. A lei não 
consegue ser muito respeitada e a influência dos produtores dentro do império 
cafeicultor vai ser mais forte. Mais para frente em 1869, a lei Aberdeen vai ser 
revogada e esse seria considerado o fim do tráfico intercontinental de escravos. 
 
11 
 
Do ponto de vista penal, a Lei Eusébio de Queirós era menos abrangente do 
que a lei de 1831, pois quem comprasse africanos importados ilegalmente 
não seria mais considerado réu em crime de contrabando. Essa mudança de 
foco ajuda a explicar a necessidade de uma segunda lei de proibição do 
tráfico, num momento em que a figura do traficante/contrabandista 
“descolara-se” da imagem dos senhores de terras e escravos perante a 
opinião pública. (Rodrigues, 2011, p.330) 
 
4. Soldados escravos e inutilidade do ventre livre 
 
A Lei do Ventre Livre chega em um contexto absurdamente conturbado dentro 
da sociedade brasileira, a Guerra do Paraguai acaba de ter seu fim após quase cinco 
longos anos. O conflito com os paraguaios vai ter uma grande importância dentro da 
aplicação da lei, o uso de mão escrava nos campos de batalha foi amplo e não existia 
espaço para retornar esses escravos a seus trabalhos. 
Vale ressaltar que os escravos eram também uma forma de se livrar dos campos 
de batalha. Por diversas vezes, senhores de escravo ou pequenos proprietários 
enviavam seus escravos em seus lugares para lutar pelo pelotão de voluntários. O 
início do pelotão é literalmente voluntário, entretanto com o seguir dos conflitos o 
exército fica necessitado de recrutamento e o voluntariado se torna algo obrigatório. 
Por sinal, uma ferramenta usada até para enviar inimigos pessoais aos campos de 
batalha. 
 
Os cidadãos do império dispunham de diversas formas de se esquivarem da 
convocação. Os mais aquinhoados, utilizavam-se de doações de recursos, 
equipamentos, escravos e empregados à Guarda Nacional e aos Corpos de 
Voluntários para lutarem em seu lugar; os que podiam menos, faziam 
oferecimento de familiares, ou seja, alistavam seus parentes, filhos, 
sobrinhos, agregados etc. (Toral, 1995, p.292) 
 
Em primeiro lugar, boa parte dos escravos iria a guerra com a promessa de 
liberdade e seus senhores com a promessa de indenização. Porém, o Império não 
tinha recurso suficiente para lidar com o peso da guerra e a indenização dos escravos. 
Visivelmente, esse déficit econômico diante as promessas seria um grande problema 
ao fim da guerra e o contexto abolicionista vai ser aferventado a partir daí. A lei vai ser 
encabeçada pela imagem de Duque de Caxias, um dos se não o maior herói dentro 
da guerra. Caxias entra na guerra para substituir o líder argentino, Bartolomé Mitre, 
conduz o embate até quase o fim e recebe a confiança, o amor e o mais importante, 
voz ativa e influência dentre os soldados. 
12 
 
 
Soldados negros, ex-escravos ou não, lutaram em pelo menos três dos quatro 
exércitos dos países envolvidos. Os exércitos paraguaio, brasileiro e uruguaio 
tinham batalhões formados exclusivamente por negros. Como exemplos 
temos o Corpo dos Zuavos da Bahia e o batalhão uruguaio Florida. Escravos 
propriamente ditos, engajados como soldados, lutaram comprovadamente 
nos exércitos paraguaio e brasileiro. (Toral, 1995, p.287) 
 
 O fim do conflito vai trazer um ambiente muito ruim, os escravos voltando da 
guerra, cobrando sua liberdade prometida e atitudes pelo fim da escravatura. Os 
senhores de escravo já não têm um contingente de serviço forçado tão farto, afinal, o 
tráfico já tinha sido findado a 20 anos e a produção de café já não é tão incrível como 
foi a décadas. O efervescer do movimento abolicionista vai crescer, algumas vertentes 
dahistória colocam o abolicionismo como mera distração para os reais problemas da 
escravatura, entretanto a presença de abolicionistas negros como Luís Gama, André 
Rebouças e José do Patrocínio apresentam uma real importância nesse movimento. 
A situação não estava fácil para Dom Pedro ll, a duração da guerra é 
absurdamente maior do que o esperado, as perdas são muito maiores do que foram 
calculadas e a influência do exército só cresce. Vale ressaltar que boa parte dos 
escravos que se alistaram, voltaram como homens livres que tentaram se manter no 
serviço militar e tinham uma certa proteção por seus feitos. Entretanto a pressão dos 
cafeicultores e demais líderes da casta escravagista pressionariam o Imperador, e 
ideias republicanas começam a ser mais interessantes nesse contexto. 
A pergunta a ser feita é, em que a Lei do Ventre Livre realmente fez diferença no 
cotidiano do escravo brasileiro? Por um fim lógico, ninguém nascido no ano de 
promulgação da Lei do Ventre Livre foi realmente beneficiado pelo que diz o texto da 
lei. Na mesma, é tido que o senhor tinha o direito sobre o trabalho do futuro liberto até 
seus vinte e um anos (maior idade para o indivíduo), entretanto em 1888, a Lei Áurea 
é assinada e a escravidão acaba, foram dezessete anos até a abolição completa. 
Com o fim do tráfico intercontinental de escravos, o tráfico interno iria ser 
constante e mais um problema na vida de um escravo. Se tornaria comum a 
escravização ilegal de livres de cor (termo usado para negros livres), o próprio 
abolicionista Luís Gama diz em sua biografia que teria sido escravizado ilegalmente, 
através de uma dívida que seu pai fizera e o usara para resolver o problema. Nesse 
momento é que a lei começa a ter sua funcionalidade, afinal, o texto da lei é inútil em 
seu contexto real. 
13 
 
O processo de matrícula dos escravos geraria outra discussão muito importante, 
o ambiente social brasileiro tinha cidadãos muito bem definidos anteriormente, 
brancos, livres e em geral com posses. O processo de miscigenação, e a “criação” dos 
pardos vai também mudar essa ideia de cidadania, aos olhos dos brancos os pardos 
não tinham essa liberdade, os pardos lutavam por si, ignorando os negros e usando a 
cor da pele negra como argumento para sua liberdade. O processo de abolição mais 
constante vai gerar outro problema, homens livres de cor seriam considerados 
cidadãos ou além de escravizados, marginalizados e filhos do processo escravista 
seriam considerados “estrangeiros” em seu país de origem. 
 
De fato, o impacto (político, social e jurídico) da lei de 1871 não foi pequeno, 
e a matrícula geral dos escravos foi talvez sua mais significativa 
materialização. Com sua instituição, além do silêncio ritual, as relações entre 
raça e cidadania modificaram-se de modo radical. Até então, os chamados 
homens livres “de cor” precisavam ser socialmente reconhecidos como tal, o 
que no mínimo limitava sobremaneira seu direito de ir e vir além das já 
referidas redes imediatas. Após 1871 deslocava-se o ônus da prova: era o 
senhor que precisava apresentar a matrícula de seu escravo. Sem ela, 
qualquer pessoa “de cor” era juridicamente livre. A instituição da matrícula se 
por um lado, servia para garantir futura indenização ao direito de propriedade 
senhorial no processo gradual de abolição para o qual a lei sinalizava, de 
outro, pela primeira vez, rompia com a associação legal entre cor e suspeita 
da condição de escravidão. (Mattos, 2009, p.23) 
 
Todo homem de cor que não tivesse sua matricula nas mãos de seu senhor, era 
na teoria considerado um homem livre e isso vai se tornar uma ferramenta para a 
liberdade dos escravos. Muitos escravos usariam dessas funcionalidades para fugir e 
ter a proteção de abolicionistas e quilombos. Casos de escravos que compravam suas 
liberdades também aconteceriam e isso revoltaria de certa forma os produtores 
escravistas. 
 
O texto da Lei do Ventre Livre, além de libertar a descendência dos últimos 
escravizados, fez da preferência das famílias no acesso à alforria remunerada 
uma regra estruturadora do recém-criado Fundo de Emancipação. As famílias 
escravas, cuja existência tantos debates produziu na historiografia, foram 
explicitamente reconhecidas pela lei de 1871, como elemento de classificação 
e hierarquização da escravaria. Por meio dessas famílias organizaram-se 
listas de matrícula, criadas a partir do Fundo de Emancipação, que 
relacionavam separadamente famílias e indivíduos escravos. (Mattos, 2009, 
p.22) 
 
Ventre Livre vai ser a continuidade de uma saturação no modo econômico 
baseado no trabalho escravo, a Inglaterra ao forçar o fim do tráfico estaria 
14 
 
sentenciando o fim do sistema escravista. A falta de reposição causaria em algum 
momento o fim, e é interessante lembrar que boa parte da influência monárquica como 
poder supremo é devido a manutenção do sistema escravista. Ter ao lado do poder 
os grandes cafeicultores, açucareiros e diversos fazendeiros senhores de terra era a 
base de um governo tranquilo para o Império unido aos conservadores. 
A Guerra do Paraguai vai trazer aos holofotes do povo o exército e o poderio 
militar. Antes do conflito, Dom Pedro ll preferia manter um exército miúdo e sem muitos 
recursos, evitando um excesso de poder na mão dos militares, tornando-os assim 
inimigos e não um dos braços do Império. A figura de Duque de Caxias fica muito forte 
ao final da guerra, a pressão abolicionista efervesce e a Lei do Ventre Livre é uma 
forma de ganhar tempo sem gerar uma revolta desenfreada dos senhores das terras. 
Vale lembrar que nesse momento o Brasil é movido pelo reinado do café e a mão de 
obra escrava era o que fazia esse mercado borbulhar constantemente. 
 
Finalmente, devemos mencionar uma forma incomum de conquista da 
liberdade. Em momentos de conflito armado, os escravos buscaram ampliar 
as possibilidades de alcançar a alforria. Isso aconteceu em 1822, quando, na 
esperança de se tornarem livres, muitos escravos se alistaram nos batalhões 
brasileiros lutarem contra as tropas portuguesas estacionadas no Rio de 
Janeiro e em Salvador. Quarenta anos depois, as forças armadas 
transformaram-se numa das alternativas de libertação para muitos escravos 
durante a Guerra do Paraguai (1864-1870). O governo comprou, por 1 conto 
e 200 mil reis cada, a alforria de muitos escravos enviados para servir na 
guerra. Indivíduos de posses chegaram a oferecer gratuitamente seus 
escravos para o governo imperial como forma de se livrarem do recrutamento 
militar. Por exemplo, no Rio Grande do Sul, em 1866, o pardo Luís foi libertado 
para integrar as fileiras do Exército brasileiro em substituição ao filho de seu 
senhor. (Albuquerque; Filho, 2006, p.152-153) 
 
No fim das contas, a Lei do Ventre Livre é útil por um lado, entretanto seu real 
objetivo colocado no texto é inútil e basicamente se apresenta como uma lei para 
“abolicionista ver”. Deve ser ressaltado que a lei vai gerar um acréscimo na chama 
abolicionista, o escravo e os recém libertos vão começar a buscar mais direitos e um 
ambiente desse não comporta senhores e escravos com fortes solicitações. Em algum 
momento iria pender para um lado e pelo contexto ocidental era visível que o império 
escravagista estava próximo do fim, tanto pelo fim do trabalho escravo como pelo fim 
do império devido à pressão pelas atitudes do Imperador. 
 
O crescimento urbano do século XIX trouxe para a política o perigo da 
agitação das massas, as quais, normalmente, eram consideradas como um 
grande perigo pelas elites no poder. A experiência das revoluções na Europa 
15 
 
(principalmente as de 1848) e o aumento assombroso da criminalidade nas 
grandes cidades do mundo inteiro fizeram com que os poderes constituídos, 
com auxílio das ciências, introduzissem novos métodos para conter as turbas 
enfurecidas. Os políticos brasileiros, quando chegada a décadade 1880, 
conviveram com este estado de coisas e tiveram que elaborar respostas para 
as agitações. Na Câmara dos deputados do Império, no fim do século XIX, 
essa situação ganhou destaque. Politicamente explorou-se muito o perigo das 
revoluções no Brasil; – o medo foi uma importante arma para aqueles que se 
opuseram ao grande movimento social organizado no país então: o 
abolicionismo. A ruína total seria o resultado da inconseqüência de um 
movimento que não ponderava racionalmente suas ações. A guerra civil, a 
exemplo do que acontecera com os EUA, seria o limite dessa situação. Por 
outro lado, devido à força que o movimento abolicionista ganhara entre muitos 
cidadãos brasileiros, incluindo homens ilustres, ele foi respeitado por muitos 
parlamentares. Os seus defensores, ao contra-atacarem aqueles que 
acusavam o movimento de conduzir o Império à ruína, diziam serem os 
lavradores escravocratas os causadores da agitação que levaria o Brasil à 
guerra e à decadência. (Saba, 2008, p.1) 
 
Sempre é valido lembrar o medo constante das grandes potências colonizadoras 
europeias com a revolução haitiana. O acontecido gerou um alarde geral e qualquer 
faísca abolicionista poderia ser o significado de uma possível rebelião em massa, 
formando assim, uma guerra civil e prejudicando em grande escala os negócios 
baseados nessa cultura econômica escravagista. O Brasil sofreu com esse medo 
constantemente por ter uma população cativa absurdamente grande, o medo de 
pensamentos abolicionistas e revoltas escravas eram mais alarmantes e temidos do 
que no resto do ocidente. 
 
A lei de 28 de setembro de 1871 – popularmente conhecida por “lei do ventre 
livre” – fora posta em execução no meio das tremendas apreensões dos que 
lhe tinham combatido o projeto e das exageradas esperanças dos que a 
haviam preparado e defendido perante o corpo legislativo e a opinião pública. 
Em verdade, como sucede quase sempre com as reformas sociais mais 
discutidas, a lei não dera satisfação aos terrores de uns, nem aos anelos de 
outros. Certo, não se verificou a geral insurreição dos escravos, temida pelo 
deputado Perdigão Malheiro, involuído para o escravismo em 1871; certo, não 
entrou a desordem nos nossos estabelecimentos agrícolas, segundo previra 
o Barão da Vila da Barra; certo, não recrudesceram a anarquia social e a 
miséria pública, agoiradas, por Gama Cerqueira; tampouco sobreviveram os 
dias lúgubres, com todo seu cortejo de crimes, horrores e cenas 
escandalosas, imaginados dramaticamente por José de Alencar. Isso pelo 
aspecto negativo. Por outra parte: a marcha da libertação gradual, que a lei 
confiara ao fundo de emancipação e a generosidade dos particulares, onze 
anos depois se revelava lena e ineficaz; a situação dos que a lei fizera nascer 
livres incerta e cercada de perigos; o desleixo e o desrespeito no cumprimento 
da lei eram manifestos e iniludíveis. Não se suponha fora o relativo fracasso 
da lei devido à falta de regulamentação e de outros cuidados oficiais. (Moraes, 
1986, p.23) 
 
16 
 
5. Os sexagenários e o último suspiro do sistema escravocrata 
 
A Lei dos Sexagenários extrapola o conceito de inutilidade, visivelmente a lei é 
apresentada como um suspiro final ante a eminente abolição dos escravos e fim da 
economia que sustentava o poderio da pele branca desde o século XVl. Como no caso 
de ventre livre, o texto proposto pela lei é quase que por inteiro inútil. A libertação de 
escravos acima de sessenta anos era algo embaraçoso, o próprio sistema 
escravocrata reduzia as chances de vida do cativo para migalhas. 
A possibilidade de um escravo chegar em uma idade avançada era baixíssima, 
o excesso de trabalho, rotinas intensas, agressivas e o ambiente hostil que é o trabalho 
escravo destruía o corpo do escravo. O ambiente brasileiro estava colapsando, Dom 
Pedro ll estava com uma popularidade baixíssima, suas viagens realizadas pela 
Europa após a desgastante Guerra do Paraguai foram um dos sintomas mais 
aparentes de um Imperador que já não tinha mais tanta habilidade e estrutura para 
governar tranquilamente. 
Os conservadores já não tinham a voz absurdamente maior do que os liberais, o 
exército que antes tinha forças menores, era o braço de ferro que defendia o Império 
de qualquer possível algoz. Naquele momento o crescimento do exército, combinado 
com o crescimento de suas vozes no ambiente político se torna uma ameaça ao poder 
monárquico. A influência liberal se torna forte o suficiente para implantar um 
pensamento diário, a possibilidade de outro sistema de governo, nesse momento a 
república aparece e toma os holofotes. 
Um dos pensamentos que efervescia dentre os liberais era o fim do sistema 
escravagista, o padrão de conhecimento político e intelectual brasileiro provinha dos 
filhos abastados de fazendeiros que estudavam na Europa e deste contexto europeu 
traziam tendências, pensamentos atuais e conhecimentos gerais. Esta casta se 
apresentava em grande parte como abolicionista, não necessariamente por entender 
o que o sistema causava aos cativos, muitas vezes o pensamento era um 
embranquecimento da população e a saída era a troca da mão de obra cativa negra 
pela mão de obra europeia livre. 
Entre esta casta burguesa abolicionista existiam os mais influentes e dentre 
esses nomes o que mais criou alarde foi Joaquim Nabuco. O jurista foi um ferrenho 
crítico ao sistema escravocrata e boa parte de sua vida acadêmica foi voltada para 
17 
 
uma literatura antiescravista. Dentre seus feitos, um dos mais importantes foi a criação 
da Sociedade Brasileira contra a Escravidão, e anteriormente já havia feito inúmeras 
solicitações buscando facilitar o processo abolicionista. Em geral as suas solicitações 
mais pretenciosas foram negadas, entretanto a audácia de Nabuco era visível e 
facilitou muito a busca do abolicionismo. 
 
Em 1880 Joaquim Nabuco apresenta um projeto de extinção da escravidão. 
São os seguintes os pontos principais do projeto: Cessação imediata da 
compra e venda de cativos e em conseqüência, fim do tráfico interprovincial; 
As associações organizadas para emancipar escravos receberiam terras, 
para o estabelecimento de colônias de libertos; Proibição da separação das 
mães de seus filhos, para serem alugadas como amas-de-leite, como criadas 
ou outro fim; Libertação imediata dos escravos mais velhos, doentes, cegos 
ou comprovadamente nascidos na África (veja-se que, mesmo que fossem 
recém-nascidos ao chegar aqui, as vítimas do tráfico ilegal, ingressados a 
partir de 31, já estariam, naquela data, com pelo menos 50); Os irmãos mais 
velhos dos “ingênuos” seriam libertados em dois anos; Proibia-se o uso de 
ferros, correntes, bem como qualquer forma de castigo corporal; O ensino 
primário seria estabelecido, para os escravos, em todas as vilas e cidades, 
com os proprietários sendo obrigados a enviar todos seus escravos e 
ingênuos para as escolas, a fim de que adquirissem um conhecimento de 
leitura, escrita e de “princípios de moralidade”. Nabuco faz um pedido de 
urgência para conseguir a discussão de seu projeto ainda no ano de 80 mas 
o mesmo é rejeitado e há uma intensa reação em contrário ao projeto. 
Tampouco conseguiu inserir alguns artigos antiescravistas na lei de 
orçamento. Derrotado, o movimento anti-escravista toma a via da 
propaganda. (Menezes, 2009, p.91) 
 
Em meio as discussões políticas, as investidas abolicionistas vão se mostrar 
eficazes, províncias vão começar a abandonar o tráfico interestadual e começar a se 
apresentar como um pilar abolicionista. A recusa de permanecer no sistema escravista 
era uma lastima para o Império, um pouco mais a frente falarei da Lei Áurea como 
uma manobra de manutenção da monarquia, entretanto, o fim da economia 
escravagista é um baque forte para o Império e boa parte de suas funções 
administrativas no âmbito socioeconômico foram perdidas. 
 
Foi o Ceará, porém, que, no início da décadade 80, deu mais vitalidade ao 
movimento. Com a redução do número de escravos nas províncias do Norte, 
motivada pelo tráfico interprovincial, diminuía o interesse dos grupos 
dominantes nesta região pela manutenção do cativeiro. Este fato levou as 
províncias cafeicultoras do Sudeste a aprovar, em janeiro de 1881, leis de 
proibição do tráfico entre as províncias, como forma de restabelecer o 
compromisso daqueles grupos com a escravidão. O tiro saiu pela culatra. No 
dia 27 de janeiro, estimulada pela proibição, que, inclusive, diminuía o valor 
dos escravos, a Sociedade Cearense Libertadora convocou a população para 
impedir um embarque de escravos no navio mercante Pará. Liderados por 
dois ex-escravos — Francisco do Nascimento, que se tornou conhecido como 
"Dragão do Mar", e José Napoleão—, os jangadeiros recusaram-se a levar os 
18 
 
cativos, enquanto cerca de 1.500 pessoas gritavam no cais: "No porto do 
Ceará náo se embarcam mais escravos". (Biblioteca Nacional, 1998, p.38) 
 
 A discussão não pairava somente em abolir ou não os escravos, a forma em 
que esta abolição poderia acontecer era muito importante e discutida. Uma parte 
abolicionista efervescida defendia que a abolição deveria acontecer sem indenização 
aos senhores de escravo e por outro ponto de vista os prejudicados com essa 
possibilidade defendiam o pensamento de propriedade que exerciam sobre os 
escravos. O raciocínio era simples, se pagaram pela “mercadoria”, deveriam receber 
a indenização por libertar e perder a mesma. 
 
Com a ascensão do conselheiro Dantas em 1884 ressurgiu com força nos 
debates parlamentares a questão da emancipação dos escravos. As 
declarações do experiente político liberal e de seus aliados geraram uma 
divisão irreconciliável na Câmara: de um lado ficaram os abolicionistas, que 
apoiavam o gabinete 06 de junho a fim de libertar, sem indenização de 
espécie alguma, os escravos sexagenários; do outro se colocou o grupo 
escravista, que defendia a todo o custo a legitimidade da propriedade escrava 
e, conseqüentemente, a necessidade de indenização ao proprietário pela 
libertação de qualquer escravo. (Saba, 2008, p.1) 
 
O problema de governabilidade que Dom Pedro ll tinha era crescente, algumas 
províncias vão abolir a escravidão sem solicitar permissões ao Império e isso 
apresentava um enorme descaso com o poder imperial. A logística é simples, o império 
era dirigido por um poder unilateral, o Imperador tinha o direito de fazer e desfazer o 
que bem queria em décadas anteriores. A falta de controle sobre a influência do 
exército, a perca de influência sobre a própria população, e a voz desmedida dos 
gabinetes conservadores e liberais era o inevitável fim da monarquia se aproximando. 
“Em 1884 as províncias do Ceará, de Porto Alegre e do Amazonas aboliram a 
escravidão em seus territórios, sendo um sinal de que o Estado Monárquico estava 
perdendo o controle de suas instituições”. (Vieira, 2013, p.3) 
Após um efervescer significativo dos abolicionistas suas aparições e solicitações 
começam a ser notadas pelos monarquistas. O barulho feito em prol da abolição 
começa a incomodar, sendo motivo de observação e temor para o ambiente 
escravocrata. Como já dito, a atitude de algumas províncias em abandonar o sistema 
escravista vai auxiliar ainda mais o discurso abolicionista e a escravatura vai ser 
apresentada como o pilar de um ambiente retrogrado e absurdamente atrasado em 
ser findado. 
19 
 
 
Nos quatro anos que tinham decorrido desde o surto da campanha 
propriamente abolicionista, o espírito público estivera sempre agitado a 
propósito, a propaganda não esmorecera, a idéia caminhara vantajosamente. 
Começaram chefes políticos dos dois partidos monárquicos a compreender a 
força do movimento e o perigo, que adviria para as instituições, da sua 
aceleração, se continuasse simplesmente entregue ao elemento popular. Por 
outra parte, o Imperador, que nunca esquecia completamente o problema, 
procurava (tal como o fizera com os conservadores desde 1868 até 1871) um 
homem capaz de acudir à oportunidade e realizar a reforma. (Moraes, 1986, 
p.59) 
 
6. A Lei Áurea e o fim Império 
 
O tão sonhado fim da escravidão estava a poucos passos de acontecer, as 
mudanças na sociedade brasileira eram visíveis e a voz abolicionista era 
ensurdecedora. Os setores se dividiam, cada um tinha um motivo para defender o fim 
do regime escravista, a situação da monarquia que já não estava boa e poderia vir a 
piorar. A escolha feita por Dom Pedro ll, em minha análise foi muito mais estratégica 
do que uma aceitação do real fim do regime escravista e não existiu piedade ou amor 
nas ações de Princesa Isabel ou como era chamada Isabel do Brasil. 
A única escolha possível para o império era ceder a abolição, a pressão europeia 
vinda desde o fim do tráfico intercontinental, até a pressão abolicionista presente entre 
os próprios intelectuais brasileiros eram muito presentes e visíveis. Em uma tentativa 
de manter a monarquia e dar início a um terceiro regime imperial, Dom Pedro ll faz 
com que Isabel assine a carta de alforria para todos os escravos. A carta é feita de 
modo formal e chamada de Lei Áurea. A escravidão havia sido findada e o processo 
que se iniciou nas primeiras décadas de 1800 tem seu desfecho. 
O fim da história já é conhecido, toda a mancha que a escravidão gerou na pele 
negra também e as consequências por mais que obvias vão ser abordadas nesta 
última parte do artigo. Antes de chegar à conclusão de todo esse processo, um tanto 
quanto revolucionário para o cenário político-econômico do Brasil, vamos analisar as 
últimas consequências prévias a abolição. As conquistas e decisões que geraram o 
estopim de tudo isso, são os pontos principais da análise. 
Desde 1880, províncias já vinham apresentando suas decisões individuais 
quanto ao regime escravocrata, como já dito no texto anteriormente. O império já não 
tinha a mesma voz ativa, entretanto, alguns problemas ainda eram diários na 
20 
 
sociedade escravista. As punições feitas pelos senhores com seus escravos eram um 
desses problemas e revoltava os abolicionistas. Fugas para quilombos ou para 
proteção de abolicionistas eram frequentes, com o efervescer do cenário, muitos 
escravos tinham atritos com seus senhores e a morte de dois escravos condenados a 
açoites seria a gota d’água. 
 
Em outubro de 1886, em seguida à morte de dois de quatro escravos 
condenados a 300 açoites em Paraíba do Sul, o abolicionismo obtinha uma 
importante conquista: a abolição do açoite, o que iria estimular mais ainda as 
fugas de escravos. Antônio Bento de Sousa e Castro, rico advogado e líder 
do abolicionismo paulista desde a morte de Luís Gama, em 1882, era o líder 
do grupo Os Caifazes, o principal responsável pelas fugas na província de 
São Paulo. (Biblioteca Nacional, 1988, p.39) 
 
Como já dito antes, o impacto que a Guerra do Paraguai gerou na moral, 
influência e grandeza do exército foi notável. A ida de cativos aos conflitos foi uma 
situação difícil de ser lidada pelo exército e deu motivos para discursos abolicionistas. 
A proteção exposta da liderança do exército com os soldados era visível, a ida de 
cativos com promessa de liberdade e indenização foi escolha de Dom Pedro ll e se 
tornaria um problema absorvido por dentro do exército. A consequência dessa escolha 
foi a Lei do Ventre Livre, obviamente não pararia por aí, a importância de Duque de 
Caxias e Marechal Deodoro da Fonseca explodiria junto a sua influência. 
A voz dos líderes do exército viria a ser motivo de reflexão, as camadas sociais 
e políticas que já eram frequentadas por tais, começam a dar mais voz a esses 
indivíduos. Um dos deveres do exército era a manutenção do sistema escravista, 
assim como era a função de toda camada envolvida com segurança. A captura de 
escravos também era parte desse serviço, em décadas anteriores, a solicitaçãode 
busca e apreensão de escravos em jornais eram constantes. Boa parte desse serviço 
era realizado por membros da camada militar do Império, e em 1887, Deodoro vai 
solicitar a exclusão dessa obrigação quanto ao exército, para ele a situação era 
embaraçosa e não deveria ser dever de seus soldados. 
 
No dia 25 de outubro de 1887 os setores escravistas sofreram um novo golpe. 
O Marechal Deodoro da Fonseca, presidente do Clube Militar, apresentava 
uma petição à Princesa Isabel para que poupasse o Exército da "humilhante 
tarefa" de perseguir escravos. Sem condições para evitar fugas, os 
fazendeiros do Oeste Velho paulista, a região em torno de Campinas, 
passaram a libertar os escravos, exigindo em troca a prestação remunerada 
de serviços. Sob a liderança de Antônio Prado, antes um ferrenho defensor 
da servidão, eles chegaram a criar uma sociedade de emancipação — um 
21 
 
meio de reter os escravos nas fazendas — , ao mesmo tempo em que 
intensificavam a introdução do trabalhador livre, iniciada na década anterior. 
(Biblioteca Nacional, 1988, p.39-40) 
 
 Projetos visando o fim definitivo do sistema escravista começam a surgir, em 
1886, o Senador Dantas da província baiana vai propor o fim da escravidão com o 
prazo de cinco anos, e a discussão entra em voga graças a repercussão que a morte 
dos escravos açoitados gerou, como dito por Menezes (2009). O prazo para o fim do 
sistema escravista estava dado, mesmo que o projeto de lei não fosse aceito, o 
momento era abolicionista, sendo por vontades de embranquecimento ou justiça, a 
abolição já era uma realidade no imaginário político brasileiro. 
 
Em 1887 o clima já era tão diverso que o próprio Dantas apresenta outro 
projeto, encurtando o prazo previsto no projeto do ano anterior. Toma como 
prazo dezembro de 1889 - tendo como marco o ano do Centenário da 
Declaração dos Direitos do Homem. O projeto retoma as Disposições Gerais 
de seu projeto de 1884, inspiração de André Rebouças, prevendo o 
estabelecimento de Colônias Agrícolas para os libertos e os ingênuos, que 
seriam futuros donos das glebas de terra que cultivassem. No ano de 1887 
se dão grandes conflitos, mormente em São Paulo. O ministro Cotegipe, 
através do seu chefe de polícia, reprime duramente a chamada “ação direta” 
abolicionistas, chegando a quase suspender as garantias constitucionais na 
província visando frear o movimento e destruir o reduto de Cubatão. Ainda 
em 1887 mais dois projetos são apresentados: o do Senador Taunay, que 
antecipa para 25 de dezembro de 1889 o final da escravidão, mas vinculando 
os escravos a mais um ano de serviços; o segundo, de Floriano Godoy, 
extingue a escravidão na data da lei, mas com previsão de serviços por mais 
3 anos - o que significaria levar a escravidão ate 1890. (Menezes, 2009, 
p.9495) 
 
A abolição já era uma realidade, talvez a estratégia dos conservadores poderia 
atrasar ela o máximo possível, entretanto o estopim já havia acontecido, as outras três 
leis antiescravistas apresentavam todo o tempo que os senhores de escravos tinham 
para atrasar a abolição e o processo já estava em andamento. Novamente em 1888 
surgiriam novas solicitações pelo fim do processo escravista, os pilares do sistema já 
estavam apodrecidos, mesmo com todo esse contexto o Império consegue tardar a 
abolição e o Brasil se torna o último local a abolir o trabalho escravo nas américas. 
 
A extinção do elemento servil, pelo influxo do sentimento nacional e das 
liberalidades particulares, em honra do Brasil, adiantou-se pacificamente de 
tal modo, que é hoje aspiração aclamada por todas as classes, com 
admiráveis exemplos de abnegação da parte dos proprietários. Quando o 
próprio interesse privado vem espontaneamente colaborar para que o Brasil 
se desfaça da infeliz herança, que as necessidades da lavoura haviam 
mantido, Confio que não hesitareis em apagar do direito pátrio a única 
excepção que nele figura em antagonismo com o espírito cristão e liberal das 
22 
 
nossas instituições. (Senado Federal – A Abolição no Parlamento: 65 anos 
de lutas. Brasília, 1988, V.1, p.22-23). 
 
Finalmente, em 13 de maio de 1888 a Lei Imperial nº 3.353 é sancionada e o 
processo abolicionista completo. O sentimento de euforia era geral, os cativos tinham 
suas correntes arrebentadas e senzalas abandonadas. O aparente trabalho feito por 
brancos estudados era o mínimo, o real significado desse trabalho era a pele negra, 
massacrada por séculos e abusada diariamente. Agora, o fim do cativeiro literal 
acontecia e as consequências da liberdade não indenizada viriam rapidamente. 
Em março de 1888, a Princesa Isabel substituiu o gabinete presidido por 
Cotegipe, que ainda defendia a escravidão, por outro, a ser organizado pelo 
também conservador João Alfredo Correia de Oliveira. O novo ministro tinha 
a incumbência de providenciar uma lei que extinguisse a escravidão. Dois 
projetos foram apresentados; um, preparado pelo conservador Antônio Prado, 
estabelecia a abolição com condições, entre as quais a indenização para os 
proprietários e a obrigação para os ex-escravos de servirem aos seus 
senhores até terminar a safra de café:.. Os liberais, através de projeto 
preparado por André Rebouças, exigiram a abolição sem condições. João 
Alfredo optou pela abolição incondicional, de acordo com o desejo da 
princesa. O projeto foi aprovado, com votos contrários apenas na Câmara dos 
Deputados. No dia 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel sancionava a Lei 
Áurea, que em dois artigos dizia: "É declarada extinta a escravidão no Brasil" 
e "Revogam-se as disposições em contrário". (Biblioteca Nacional, 1988, 
p.40) 
 
O sentimento geral era muito bom, a tão sonhada liberdade chegara e as 
comemorações eram intensas. A realidade agora era a busca de um reconhecimento 
verdadeiro dentro da cidadania e um projeto de vida melhor para os antigos cativos. 
Entendo que a abolição era o ponto principal dentro dessa revolução social, 
econômica e política no Brasil. Entretanto, esse imaginário não acabaria aí, o negro 
se torna livre, mas não deixa de ser marginalizado, não existe mais trabalho escravo, 
entretanto não se dava empregos justos a negros e as marcas do sistema 
escravocrata permanecem vivas. 
 
Os negros das senzalas, das casas-grandes e dos sobrados celebravam 
festivamente a emancipação legal. Os negros contestatários podiam sair de 
seus refúgios e compartilhavam, sem ilusões, o clima geral da festa popular. 
Pobres, dos trabalhadores e da pequena burguesia das cidades e de uma 
imensa massa de brancos que fora, de um modo ou de outro, afastada do 
sistema de trabalho e do crescimento econômico por causa dos efeitos diretos 
ou indiretos da escravidão. Era a nossa Bastilha que ruía e o Povo celebrava 
o que aparentava ser a derrocada do “antigo regime”. (Fernandes, 1989, p.30-
31) 
 
23 
 
A saída para essas situações muitas vezes era prestar serviço ao antigo senhor, 
recebendo uma remuneração pequena e condições de trabalho razoavelmente 
melhores. Outro problema gigante é a falta de moradia, isso geraria um aglomerado 
de residências em ambientes sem estrutura e a formação de complexos 
marginalizados, sem saneamento básico e com o tempo perigosos. 
 Aqui conheceríamos um processo de transição, o negro deixa de ser sinônimo 
de escravo e se torna sinônimo de vagabundagem. O pensamento retrogrado que 
mantinha a escravidão ainda era vivo, o embranquecimento da população ainda era 
um desejo e a constante falta de oportunidades transforma a população que antes era 
escrava em possíveis criminosos. A linha de raciocínio era simples, ou se retornava a 
seu antigo posto, recebendo migalhas e sem condições verdadeiramente boas de 
serviço ou a falta de oportunidades geraria um ambiente perigoso. 
Entendo que nesse momento damos início a um processo que inunda suas 
consequências até hoje, a falta de recursos com os libertos vai criar um local hostile 
desagradável ao futuro do país. Os negros não têm acesso a uma educação básica, 
não se profissionalizam e continuariam na base da economia, subempregos sem 
suporte de lei trabalhista vigente que criariam uma escravidão velada. 
 
O 13 de Maio delimita historicamente a eclosão da única revolução social que 
se realizou no Brasil. O enlace da desagregação final do sistema de trabalho 
escravo com a generalização do sistema de trabalho livre configurava-se 
como uma revolução no modo de produção, na ordenação da sociedade civil 
e na consciência social burguesa. A ela se seguiu uma revolução -política, 
com a implantação da República. As elites no poder da raça dominante 
exprimiram metaforicamente essa revolução sob a bandeira: “homem livre na 
Pátria livre” , que deveria unir o fazendeiro, o burguês e o assalariado, 
especialmente o de origem estrangeira, na conformação da “Pátria livre” . No 
entanto, só os de cima faziam parte dessa “Pátria” oligárquica emergente; os 
de baixo foram automaticamente excluídos da sociedade civil que se 
constituía. Os negros não foram somente espectadores passivos dessa 
revolução social espontânea. Mas dela foram banidos, de imediato e ao longo 
de mais de três décadas, postos à margem da condição de agentes do 
processo de redefinição do trabalho livre como categoria histórica. 
(Fernandes, 1989, p.31) 
 
O processo abolicionista foi longo e absurdamente penoso. A economia 
escravocrata brasileira durou mais de 300 anos, tendo seu início em aproximadamente 
1550 e sendo findada em 1888. Todo esse tempo gerou uma instabilidade social, 
dando base para uma divisão quase que no sentido literal da palavra raça e isso é 
muito assustador. Entender uma divisão do ser humano da mesma forma em que 
24 
 
animais são subdivididos é complexo, não temos características suficientes para uma 
divisão racial, ou não tínhamos até o momento em que o branco decidiu que o negro 
era escravo e diferente de todos os outros. 
Todo esse momento foi absurdamente complexo para o ambiente brasileiro, as 
cicatrizes são visíveis e geraram uma forte cultura racista e xenófoba. Talvez não 
ficaremos vivos para ver o final dessas cicatrizes e o início de uma sociedade 
minimamente igualitária. Todo o parâmetro ético e moral foi ignorado durante o regime 
escravocrata. O homem abusou de sua própria raça e o fim desse ambiente vai gerar 
uma nova geração política brasileira. 
Dom Pedro ll não vai resistir à pressão, sua popularidade, governabilidade e 
habilidade com o poder já havia se esvaído, em 15 de novembro de 1889, o Imperador 
é deposto, a monarquia é findada e a República do Brasil tem seu nascimento. Ali 
começaríamos a história que hoje acompanha o ambiente político brasileiro, um local 
cheio de golpes e regimes autoritários. Talvez, ainda não tenhamos entendido todas 
as consequências que o processo escravista gerou e pode gerar. Não no sentido 
historiográfico ou teórico, o ambiente social é moldado constantemente e até os dias 
de hoje ainda refletimos sobre esses acontecimentos. 
O assunto escravidão talvez não seja tão atual em um sentido prático da coisa, 
entretanto o peso que esse momento histórico gerou e as consequências que ainda 
são vividas nos dias atuais são algo a ser absurdamente estudado e abordado no 
âmbito acadêmico. É dever de cada historiador, reviver esse ambiente no cotidiano 
social, extirpar as consequências desse período e o mais importante é evitar que esse 
ambiente tóxico venha a retornar na atualidade. 
 
7. Considerações Finais 
 
Após esse trabalho de analise bibliográfica, entendo que todo o sistema 
escravista gerou instabilidade cultural e econômica no Brasil. Todos os 
acontecimentos anteriores as leis antiescravistas, apresentavam a insustentabilidade 
do negócio escravocrata. Não era possível manter o ambiente de trabalho forçado por 
tanto tempo, os problemas a longo prazo causados pelo tráfico e trabalho escravo 
eram inúmeros. A importância econômica que o café, açúcar e tabaco geraram para o 
25 
 
Brasil dentro do ocidente é incontestável, entretanto todo o desgaste social que o 
trabalho e comércio humano forçado cria, é visivelmente decadente. 
Todo o sistema escravista ocidental é criado pelo ambiente europeu 
expansionista e por ele mesmo extinguido. A influência inglesa quanto ao fim do tráfico 
é realmente notável, entretanto, as instabilidades de relacionamento entre escravo e 
patrão eram cotidianas desde o início. Não era impossível uma espécie de Revolta de 
São Domingos acontecer, cedo ou tarde a falência da economia escravista chegaria, 
assim como a falência do processo imperial brasileiro. 
Analisar esse contexto é absurdamente necessário e revelador. O sistema 
escravista tem por base um visual muito cultural, a história contada sempre paira na 
realidade de culturas diferentes e expansão da cristandade. Entretanto, entendo que 
o sistema escravocrata parte de um princípio inicial, a ganância pela expansão vai 
gerar o trabalho escravo, a necessidade de embasamento geraria uma explicação e 
no fim de tudo observamos a construção de uma colônia e dois regimes imperiais 
embasados na cor, no trabalho e no massacre a pele negra. 
Talvez, o escravista do Império realmente acreditava em uma explicação cultural 
e religiosa para todo aquele sistema. Mas não foi a religião que gerou a escravidão e 
muito menos a piedade que gerou a abolição. As diversas revoltas, fugas e solicitações 
da população cativa negra ficaram na história. Apresentando-se como a sustentação 
de toda uma divisão racial criada pelo branco, abrindo os olhos dos historiadores para 
um sistema injusto e cruel. Esmagou a cultura afrodescendente e empurrou a 
população negra pelo menos 300 anos atrás da branca. 
Por fim, entendo como necessário uma provocação quanto a historiografia fictícia 
e embaraçosa atual. Após mais de 300 anos de processo escravista, 200 anos de 
historiografia sobre o sistema, ainda paira dentre uma camada da população o ideal 
de que a piedade de Princesa Isabel gerou o sistema abolicionista, ignorando que toda 
sua linha anteposta criou esse sistema e manteve o poder através do mesmo. Talvez, 
nós historiadores devêssemos buscar contar histórias e espalhar conhecimento, 
deixando de lado a necessidade de abstração e glamourização de nossas escritas. 
 
 
26 
 
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