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Educação Financeira Créditos Centro Universitário Senac São Paulo – Educação Superior a Distância Diretor Regional Kamila Harumi Sakurai Simões Luiz Francisco de Assis Salgado Karen Helena Bueno Lanfranchi Katya Martinez Almeida Superintendente Universitário Lilian Brito Santos e de Desenvolvimento Luciana Marcheze Miguel Luiz Carlos Dourado Mariana Valeria Gulin Melcon Mayra Bezerra de Sousa Volpato Reitor Mônica Maria Penalber de Menezes Sidney Zaganin Latorre Mônica Rodrigues dos Santos Nathalia Barros de Souza Santos Diretor de Graduação Renata Jessica Galdino Eduardo Mazzaferro Ehlers Sueli Brianezi Carvalho Thiago Martins NavarroGerentes de Desenvolvimento Luciana Bon Duarte Coordenador Multimídia e Audiovisual Roland Anton Zottele Adriano Tanganeli Coordenadora de Desenvolvimento Equipe de Design Visual Tecnologias Aplicadas à Educação Adriana Matsuda Regina Helena Ribeiro Camila Lazaresko Madrid Danilo Dos Santos Netto Coordenador de Operação Estenio Azevedo Educação a Distância Hugo Naoto Alcir Vilela Junior Inácio de Assis Bento Nehme Karina de Morais Vaz Bonna Professor Autor Lucas Monachesi Rodrigues Carlos Alberto de Souza Cabello Marcela Corrente Marcio Rodrigo dos Reis Revisor Técnico Renan Ferreira Alves Regina Galhardi de Camargo Renata Mendes Ribeiro Técnico de Desenvolvimento Thalita de Cassia Mendasoli Gavetti Priscila dos Santos Thamires Lopes de Castro Vandré Luiz dos Santos Coordenadoras Pedagógicas Victor Giriotas Marçon Ariádiny Carolina Brasileiro Silva William Mordoch Izabella Saadi Cerutti Leal Reis Nivia Pereira Maseri de Moraes Equipe de Design Multimídia Alexandre Lemes da Silva Equipe de Design Educacional Cláudia Antônia Guimarães Rett Adriana Mitiko do Nascimento Takeuti Cristiane Marinho de Souza Alexsandra Cristiane Santos da Silva Eliane Katsumi Gushiken Angélica Lúcia Kanô Elina Naomi Sakurabu Cristina Yurie Takahashi Emília Correa Abreu Diogo Maxwell Santos Felizardo Fernando Eduardo Castro da Silva Elisangela Almeida de Souza Michel Iuiti Navarro Moreno Flaviana Neri Mayra Aniya Francisco Shoiti Tanaka Renan Carlos Nunes De Souza João Francisco Correia de Souza Rodrigo Benites Gonçalves da Silva Juliana Quitério Lopez Salvaia Wagner Ferri Temas Introdução 1 Educação financeira Considerações Finais Referências Professor Carlos Alberto de Souza Cabello Educação Financeira Aula 01 Introdução à educação financeira: definições e objetivos Objetivos Específicos • Entender a visão geral da importância dos conhecimentos de educação financeira em transações comerciais. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 3 Introdução Bem-vindo à disciplina de educação financeira. Esta disciplina é muito importante e interessante, e o objetivo é que todos compreendam o que é educação financeira de fato e os impactos de sua ausência na nossa vida. 1 Educação financeira De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a educação financeira pode ser definida como: O processo pelo qual os consumidores e investidores melhoram sua compreensão sobre produtos, conceitos e riscos financeiros, e obtêm informação e instrução, desenvolvem habilidades e confiança, de modo a ficarem mais cientes sobre os riscos e oportunidades financeiras, para fazerem escolhas mais conscientes e, assim, adotarem ações para melhorar seu bem estar. (BCB, 2009, p. 1) A educação financeira possibilita às pessoas, antes de tudo, o exercício pleno de cidadania. Saber administrar seu próprio dinheiro torna o cidadão digno de obter bens não apenas para o momento, mas também para o futuro. A educação financeira pode capacitar os cidadãos a tomarem decisões com relação a suas rendas, poupanças, investimentos, riscos financeiros com o objetivo de facilitar a vida e melhorar o bem-estar. É importante salientar a necessidade da educação financeira independente do grau de escolaridade, nível social e até mesmo sorte ou inteligência. Um dos aspectos que deve ser enfatizado é a educação financeira recebida e a capacidade de assumir um comportamento decidido, disciplinado, para que as pessoas sejam estimuladas a correr atrás de seus objetivos e sonhos. Antes de mais nada, a educação financeira exige ações disciplinares contínuas, alterando o comportamento em todos os componentes envolvidos, seja na empresa ou na família. Dados de uma pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) mostram que: 85% dos brasileiros compram sem planejamento e que 57% dos entrevistados também admitem que compram por impulso em momentos de ansiedade, tristeza e angústia. A maioria acha que sabe cuidar do próprio dinheiro, mas admite que se perdesse o emprego não conseguiria manter o padrão de vida por mais de um ano. (SPC-Brasil, 02/2013) Analisando a citação, percebe-se que uma parcela significativa da população brasileira (85%) desconhece o planejamento financeiro, o que nos induz a afirmar a importância de Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 4 ressaltar a necessidade da educação financeira em todos os níveis, independentemente de níveis sociais, escolaridade e outros. Os domínios da educação financeira devem despertar nas pessoas alguns fatos conhecidos, porém não praticados: • deve-se preparar um orçamento e procurar cumpri-lo; • provocar uma inequação em sua vida financeira atentando que o lado recebimentos deve ser maior ou igual ao lado Pagamentos ou gastos/despesas; • propiciar condições de gerar novas fontes de receitas, pois em alguns casos reduzir gastos é extremamente difícil; • deve-se criar condições de controlar os gastos1. 1.1 Referências e atitudes segundo a OCDE A Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE) disponibiliza algumas recomendações, das quais elencamos uma a seguir que foca a educação financeira com a realidade brasileira, articulando com o momento atual da economia do país. I. A educação financeira deve ser promovida de uma forma justa e sem vieses, ou seja, o desenvolvimento das competências financeiras dos indivíduos precisa ser embasado em informações e instruções apropriadas, livres de interesses particulares. (OCDE, 2004) A interpretação desse princípio, associada à educação, indica a necessidade de inserir na educação básica, tanto no ensino privado como no ensino público partindo do ensino fundamental até o ensino superior, conhecimentos financeiros articulados à faixa etária dos alunos e contexto socioeconômico. Entre as sugestões encontramos: a exploração dos conteúdos associados aos diferentes temas, à identificação da articulação de diferentes formas do pensamento matemático, a contextualização do conhecimento matemático e a possibilidade de considerar as razões históricas que deram origem e importância a esses conhecimentos, porém se observa a necessidade de escolhas organizadas e coerentes para evitar um trabalho centrado apenas na quantidade de informações. Segundo os PCN+2 , os temas escolhidos devem apresentar relevância científica e cultural, ou seja, quando se consideram a origem e a importância histórica devemos levar em conta o potencial explicativo do material escolhido de modo que os estudantes possam compreender 1 Desembolso à vista ou a prazo para a obtenção de bens ou serviços, independentemente da destinação que esses bens ou serviços possam ter na empresa. 2 PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 5 os princípios estéticos e éticos associados aos fatos mundiais que deram origem e relevância ao fato matemático estudado. Essa forma de tratamento da história pode auxiliar os professores no desenvolvimento das tecnologias associadas às técnicas por eles utilizadas para o desenvolvimento das tarefas possíveisde serem trabalhadas no Ensino Médio, tanto quando se reputam as aplicações na própria Matemática como nas outras ciências. (CABELLO, 2010, p. 12) A necessidade de associar conceitos aprendidos de uma série a outra pode ser complementada com recursos pelos quais os alunos consigam entender aplicações em seu mundo prático, contidas no seu contexto socioeconômico, iniciando uma conscientização da importância da educação financeira. Dessa forma, há possibilidade de haver um aprendizado sem viés de instituição financeira, ou seja, longe de interesses particulares. II. Os programas de educação financeira devem focar as prioridades de cada país, isto é, estar adequados à realidade nacional, podendo incluir, em seu conteúdo, aspectos básicos de um planejamento financeiro, como as decisões de poupança, de endividamento, de contratação de seguros, bem como conceitos elementares de matemática e de economia. Os indivíduos que estão para se aposentar devem estar cientes da necessidade de avaliar a situação de seus planos de pensão, necessitando agir apropriadamente para defender seus interesses. (OCDE, 2004) Nesse princípio referenciado pela OCDE são destacadas algumas prioridades, ou seja, a realidade nacional que contempla explicitamente a importância do planejamento financeiro destacando a cultura da poupança, do endividamento e contratação de seguros, assuntos a serem detalhados nos próximos módulos. III. As Instituições Financeiras devem ser incentivadas a certificar que os clientes leiam e compreendam todas as informações disponibilizadas, em específico, quando for relacionado aos compromissos de longo prazo, ou aos serviços financeiros cujas consequências financeiras são de grande magnitude. (OCDE, 2004) Nesse princípio da OCDE percebemos a origem de outra necessidade no contexto de nossa sociedade, a capacidade de interpretação dos contratos assumidos com as instituições financeiras, pois outras pessoas conseguem interpretar adequadamente os itens desses contratos. A educação financeira visa oferecer às pessoas condições de desmistificar a linguagem e os termos financeiros, de forma a oferecer uma visão clara do compromisso assinado e, principalmente, suas consequências a longo prazo. Ao assumir um compromisso com as instituições financeiras, grande quantidade de pessoas não percebe que estará refém da instituição, independentemente do bem durar ou não, até o término do compromisso financeiro, impossibilitando-as de fazer uso do capital em outras ocasiões. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 6 Atente para um exemplo: um automóvel financiado a longo prazo, sem entrada em dinheiro, irá provocar um aumento significativo no montante de preços desse bem. A OCDE demonstra também a necessidade do domínio de conceitos de matemática e de economia. Nesse item é essencial destacarmos alguns dados recentes sobre o conhecimento matemático dessa área do saber. O programa é desenvolvido e coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em cada país participante há uma coordenação nacional. No Brasil, o Pisa3 é coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. (Dados INEP-2013) O objetivo do Pisa é produzir indicadores que contribuam para a discussão da qualidade da educação nos países participantes, de modo a subsidiar políticas de melhoria do ensino básico. A avaliação procura verificar até que ponto as escolas de cada país participante estão preparando seus jovens para exercer o papel de cidadãos na sociedade contemporânea. As avaliações do Pisa acontecem a cada três anos e abrangem três áreas do conhecimento – leitura, matemática e ciências –, havendo, a cada edição do programa, maior ênfase em cada uma dessas áreas. Em 2000, o foco foi em leitura; em 2003, matemática; e em 2006, ciências. O Pisa 2009 iniciou um novo ciclo do programa, com o foco novamente recaindo sobre o domínio de leitura; em 2012, é novamente matemática; e em 2015, ciências (Dados INEP-2013). As pesquisas evidenciam a urgente necessidade de investir na educação básica de forma a reverter o quadro apresentado. Os profissionais da educação têm plena consciência dessa necessidade. A própria mídia possibilita perceber o quanto as instituições financeiras manipulam parte dos consumidores em suas compras no varejo e até mesmo no atacado, acredito que esse quadro poderá sofrer redução quando os conceitos e aplicações da educação financeira estiverem explicitados nos currículos escolares de forma efetiva fazendo com que, desde cedo, as pessoas apropriem saberes legítimos para a conquista de uma vida com acesso a bens e serviços. A ausência de determinados conhecimentos para manipular taxas, prazos entre outros é mostrada pela mídia, na qual uma parcela da população infelizmente é enganada. Compreender e emitir juízos próprios sobre informações relativas à ciência e tecnologia, de forma analítica e crítica, posicionando-se com argumentação clara e consistente sempre que necessário, identificar corretamente o âmbito da questão e buscar fontes onde possa obter novas informações e conhecimentos. Por exemplo, ser capaz de analisar e julgar cálculos efetuados sobre dados econômicos ou sociais, propagandas de vendas a prazo, [...]. (BRASIL, 2002, p. 115) 3 Pisa – Programme for International Student Assessment (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 7 Analisando trabalhos de pesquisadores da educação matemática, que apontam algumas práticas em toda a escolaridade, é possível perceber que há necessidade de inserir algumas novas práticas e disseminar atividades comuns a todas as pessoas em nível de transações comerciais nas quais a lacuna da educação financeira provoca dependência e exclusão a uma vida digna. A inserção de conhecimentos da área financeira já na formação básica escolar poderá, mesmo que seja a médio ou longo prazo, possibilitar aos egressos, seja do Ensino Médio ou do Ensino Superior, condições para tomada de decisão sobre onde comprar, como comprar e investir. Dentre as aplicações da Matemática, tem-se o interessante tópico de Matemática Financeira como um assunto a ser tratado quando do estudo da função exponencial juros e correção monetária fazem uso desse modelo. [...] O trabalho de resolver equações exponenciais é pertinente quando associado a algum problema de aplicação em outras áreas de conhecimento, como Química, Biologia, Matemática Financeira, etc. (BRASIL, 2006, p. 75) Outro aspecto nesse princípio refere-se a planos de pensão e ações para aposentadoria, cujos conceitos e princípios serão destacados em módulos posteriores, ao tratarmos das fases da vida das pessoas diante da educação financeira. O planejamento financeiro contribuirá em atitudes diante das fases da vida dos indivíduos, de forma a possibilitar uma verdadeira condição financeira para os melhores anos. Sabemos que um dos maiores dilemas para a educação financeira corresponde à necessidade de sensibilização da pessoa. É necessário que o indivíduo internalize e desenvolva novos comportamentos de consumidor consciente, não deixando de comprar ou até mesmo financiar algum “bem” ou “serviço”, mas, sim, de realizar tais ações de forma sustentável. Realizar tais ações de forma sustentável significa identificar que determinados gastos excessivos irão comprometer uma escassez futura. A capacidade de adiar a aquisição de um bem ou serviço estará articulada na maioria das vezes à capacidade de substituir por outro. É comprovado por pesquisas que inúmeros consumidores, após realizar a aquisição de um determinado “bem ou serviço”,ao chegar em casa refletem a não necessidade dele. A ansiedade, o impulso pelas compras, aliada à facilidade de crédito, explica as razões do endividamento de alguns consumidores. A importância da educação financeira está justamente em alertar as pessoas sobre como comprar, quando comprar e, principalmente, analisar a necessidade de comprar associada à forma de comprar. Aspectos sociais também são amenizados em decorrência de uma equilibrada situação financeira. O equilíbrio financeiro propicia resultados positivos em nossas relações. Atente para a citação a seguir. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 8 Ser rico não é garantia para a felicidade. Existem muitas pessoas pobres, mas felizes. Porém, as dificuldades financeiras são fontes frequentes de desentendimentos e discórdias entre os casais. Não há garantias de que um casal rico seja feliz, mas um casal com situação confortável pode evitar muitos dissabores que ocorrem no dia-a- dia ou realizar sonhos. (HOJI, 2007, p. 35) • Para saber mais sobre o assunto, leia o livro A aventura do dinheiro – Uma crônica da história milenar do dinheiro, de Oscar Pilagallo, publicado pela Publifolha. • Indicação de filme: Os Delírios de Consumo de Becky Bloom (Islã Fischer; Hugh Dancy; Krsten Ritter). Filme interessante que descreve a temática do consumo de uma compradora compulsiva, com uma considerável quantidade de cartões de crédito estourados, evidencia que suas necessidades são muito ilimitadas diante de seu salário limitado. Vale a pena! Considerações finais O objetivo desta aula foi mostrar a importância e abrangência da educação financeira, que afeta todas as pessoas independentemente de idade ou até mesmo classe social. Destacamos também a posição de nosso país diante da necessidade da disseminar esse conhecimento entre as pessoas. Inserimos também algumas contribuições da educação matemática no contexto da formação de nossos estudantes, que também são vítimas, já que não sabem manipular conceitos básicos que compõem a educação financeira. Referências BCB. Banco Central do Brasil. Boletim Responsabilidade Social e Ambiental do Sistema Financeiro. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/pre/boletimrsa/BOLRSA200902.pdf>. Acesso em: set. 2013. BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Brasília: MEC, SEMTEC, 2002, p. 360. CABELLO, C. A. de S. Relações Institucionais para o Ensino da Noção de Juros na Transição Ensino Médio e Ensino Superior. 2010. Dissertação (Mestrado). UNIBAN, São Paulo. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 9 HOJI, M. Finanças da Família: o caminho para a independência financeira. São Paulo: Profitbooks, 2007. INEP, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Pisa. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/pisa-programa-internacional-de-avaliação-de-alunos. Acesso em: set. 2013. OCDE. Assessoria de Comunicação Social. OECD´s Financial Education Project.. OCDE, 2004. Disponivel em: <http://www.oecd.org/>. Acesso em: jul. 2013. PILAGALLO, Oscar. A aventura do dinheiro – Uma crônica da história milenar do dinheiro. São Paulo: Publifolha, 2001. SDPC BRASIL Serviço de Proteção ao Crédito. Pesquisas – Compras por impulso estão relacionadas à baixa autoestima e à insatisfação com a aparência. Disponível em: <http:// www.spcbrasil.org.br/imprensa/pesquisa/109. Acesso em: set. 2013. Educação Financeira Aula 02 Orçamento Familiar: Tipos de Despesas Objetivos Específicos • Entender a importância da criação de um orçamento familiar, compreendendo seus processos para articular despesas fixas, variáveis e eventuais. Temas Introdução 1 Orçamento familiar: importância, componentes e tipos de despesas Considerações Finais Referências Professor Carlos Alberto de Souza Cabello Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 3 Introdução Nesta aula iremos abordar o orçamento familiar e os obstáculos que surgem no controle das despesas de uma família. Logo você irá entender como as suas atitudes e comportamentos podem equilibrar o dinheiro ao final de todo mês. Tenho certeza de que alguns dos fatos mencionados no decorrer da aula já aconteceram ou até mesmo estão acontecendo no momento, mas desejo que novas atitudes e comportamentos ao preparar o orçamento do próximo mês sejam tomados. Menciono algumas dicas, já conhecidas, mas pouco aplicadas. Pense nelas. 1 Orçamento familiar: importância, componentes e tipos de despesas Identificar a importância de um orçamento familiar é tão vital para o sucesso das pessoas quanto um plano econômico traçado pelo governo. Similar à necessidade de articular todos os setores da sociedade para obter êxito para o triunfo de um orçamento familiar, é fundamental o comprometimento de todos independentemente do sexo ou idade. Estabelecer metas para o orçamento familiar exige que todos os componentes da família estejam envolvidos. É necessário mostrar a todos que controlar o orçamento não se traduz em deixar de consumir, mas evitar desperdícios de dinheiro. Na conquista de patrimônio e na manutenção mensal das despesas o endividamento surge como um grande monstro defronte aos membros da família, e nesse momento a habilidade de controlar pode significar a felicidade financeira de todos; do contrário, longos sacrifícios. Dica 1 - Vilões que contribuem para o endividamento • Fazer uso do limite do cheque especial como parte do salário. • Acreditar que pagar o mínimo do cartão de crédito é a melhor saída naquele mês e que não irá repetir tal ação no próximo mês. • Desprezar pequenas despesas. • Comprar por impulso ou angústia. • Optar por pagamentos a prazo. Saber administrar o dinheiro é uma arte e pode ser aprendida, basta disciplina e autodeterminação. Há inúmeras razões que tentam justificar o descontrole nas finanças pessoais. Muitas pessoas não possuem o hábito de fazer planejamento por entender que sua Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 4 receita é muito baixa e que de nada adiantará. É importante destacar que diminuir despesas não é muito fácil e que existem despesas em uma casa que aparentemente é impossível reduzir, dentre elas: alimentação, educação, lazer. Mas não planejar é semelhante a estar em uma rodovia sem saber para que lado ir. Dica 2 - Preparação de um orçamento • Estabelecer prioridades sempre tendo a renda familiar como referencia. • Relacionar todos os gastos; (cafezinho, lanches, estacionamentos, jornais. revistas; xerox; lavagem do carro, etc..), afinal todos saem do mesmo lugar, seu bolso ou sua conta bancaria. • Toda a família deve estar comprometida e não apenas envolvida. • Classificar as despesas por ordem de prioridade, tais como: alimentação, plano médico, moradia, educação etc. • Procurar inserir no orçamento, mesmo que pequena quantia, uma reserva para imprevistos. Um orçamento familiar deve articular as necessidades com a renda disponível. Independentemente do valor da receita, preparar um orçamento irá direcionar principalmente as despesas. Ao que parece aumentar a receita seria, na maioria das vezes, a solução, mas nem sempre esse aumento irá resolver o problema por muito tempo, se não forem alterados atitudes e comportamentos de compras. É comum a mídia divulgar inúmeras pessoas que tiveram a vida transformada por terem ganhado muito dinheiro e, que tristemente, acabam em uma miséria pior do que antes. Há inúmeras notícias de jogadores de futebol que saíram de situação pouco privilegiada financeiramente, mas ao conquistarem fama e dinheiro caíram em desgraças, e acabaram ficando pior do que no inicioda vida. 1.1 Tipos de Despesas Despesas1 decorrem do consumo de bens e da utilização de serviços. Por exemplo: a energia elétrica consumida, os materiais de limpeza (sabões, desinfetantes, vassouras, detergentes), o café entre outros (RIBEIRO, 2010, p. 49). Dentre os tipos de despesas, temos: despesas fixas, despesas variáveis e despesas eventuais. 1 Despesa: compreende os gastos decorrentes do consumo de bens e da utilização de serviços das áreas administrativas, comercial e financeira, que direta ou indiretamente visam à obtenção de receitas. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 5 1.1.1 Despesas Fixas Despesas fixas são as despesas realizadas pela empresa, independentemente do volume produzido, tais como aluguel, salários e encargos, água, luz, telefone, manutenção (MARTINS, 2003, p. 22). Isso significa que, independente do número de pessoas que mora em uma residência, o valor do aluguel será o mesmo pactuado no contrato da locação. Existem despesas que não tem como reduzir. Em função disso, uma das estratégias diante de despesas dessa categoria é a substituição, tais como substituir telefone fixo por telefone celular. No caso do aluguel, uma das estratégias seria locar o imóvel em outra localidade mais na periferia. Enfim, a redução desse tipo de despesa exige alterar padrões de conforto, alterar comportamentos. Procuramos enfatizar que um dos principais quesitos para o sucesso da saúde financeira está em alterar comportamentos, substituir produtos ou serviços, adiar por algum tempo facilidades de locomoção de transportes etc. Tabela 1 - Despesas fixas Aluguel/Prestação Educação – Escola/Faculdade Convênio Médico Impostos (IPTU/IPVA/IR) Seguros (Carro, Residencial, Pessoal)/ Empregada Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 6 Com relação ao aluguel é importante analisar também as distâncias que todos os componentes da família enfrentam para ir ao trabalho, escola ou faculdade, pois o que se acredita ganhar com um valor mais baixo do aluguel pode ser disseminado no gasto com transportes decorrentes da distância, sem contar com o tempo e o estresse. Porém, pode ser um sacrifício gerar uma poupança e sair do aluguel no futuro. Logo nessa despesa uma visão de futuro e comprometimento de todos pode resultar em benefício geral. Um fator pouco abordado e de suma importância é a capacidade de substituição. Existem produtos que se tornaram ícones e que até mesmo a dona de casa nem procura por outro, tanto é a confiança naquela marca. Tentar substituir por outro produto pode significar arriscar, porém pode ser uma saída mais viável não somente na questão preço. Lembre-se que o marketing tem a função básica de provocar necessidade no consumidor. Outro fato importante gerador de despesa é ir ao supermercado e levar as crianças, pelo menos até certa idade, pois dificilmente iremos negar alguma “besteirinha”, mesmo sabendo do valor calórico que apresenta aquele desejo de nosso filho ou filha. Outra dica é ir ao supermercado após o almoço, pois o “estômago” age mais rápido que seu controle. Um cuidado que também é interessante é com as quantidades de determinados produtos, principalmente frutas, verduras e legumes, que podem estragar já que nas famílias nem sempre todos aceitam com facilidades determinados legumes ou verduras. Outra despesa que pode gerar conflitos na família é a conta do telefone, mesmo sabendo que parte da população brasileira está migrando para o uso de celulares ao invés do telefone fixo, é importante alguns detalhes: lembrar que o telefone é para conversas breves, palestra é ao vivo; o horário das chamadas também pode contribuir para a diminuição dessas despesas, pois em determinados horários há diferenciação de preços. 1.1.2 Despesas variáveis As despesas variáveis estão articuladas ao volume, a quantidade do referido bem ou serviço. Despesas decorrem do consumo de Bens e da utilização de serviço. Por exemplo: a energia elétrica consumida, os materiais de limpeza consumidos (sabões, desinfetantes, vassouras, detergentes), o café consumido, os materiais de expediente consumidos (canetas, papéis, impressos etc.), a utilização de serviços telefônicos etc. (RIBEIRO, 1999, p. 55) Entre as despesas variáveis em uma residência a conta de água é um bom exemplo e está articulada ao número de pessoas e ao tempo de consumo: é comum fazer a barba com a torneira ligada, não controlar o consumo de água até mesmo na descarga sanitária, sem contar possíveis vazamentos. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 7 Uma vez por ano faça ou mande fazer uma verificação nos encanamentos de sua casa ou apartamento, e repita para a parte elétrica. Pode se inferir que transportes e lazer é o tipo de despesa mais fácil de controlar e, infelizmente, essa redução ocorre com as classes sociais menos privilegiadas e assim mesmo por força das circunstâncias. Nessa situação trabalhar ou estudar mais próximo de casa pode contribuir em muito na redução das despesas em transportes, que, diga-se de passagem, não é nada barato. Alta com despesas com Transportes aumentam em todo o país. Para a parcela das famílias que corresponde aos 10% mais pobres do País, os gastos com transporte público correspondem a 13,5% da renda domiciliar. Para as famílias brasileiras de todos os níveis de renda, o mesmo item impacta, em média, 3,4% em sua renda. Os dados são de uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (4) pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). De acordo com o estudo, em 2003, as famílias mais pobres tinham um comprometimento maior na renda com os transportes públicos. Cerca de 15% de sua renda era destinada ao transportes. Já em 2009, houve uma pequena redução, passando para 13,5%. (IPEA, agosto, 2013) 1.1.3 Despesas eventuais Dentre as despesas eventuais estão aquelas que ocorrem ocasionalmente em determinadas épocas do ano, como pagamentos de impostos (tributos), compra de mercadorias, pagamento de 13º salário, substituição ou manutenção de equipamentos. Apesar de não ser mensal, você já sabe com alguma antecedência que a despesa vai aparecer (MAHER, 2001, p. 85). Destacamos que, mesmo sabendo que esse tipo de despesa não é constante, devemos prever tais valores. Fazendo uma análise geral das despesas percebemos que há despesas que não dependem unicamente de nós, como as de condomínio, que, para serem reduzidas, é necessária a conscientização de inúmeras pessoas residentes no condomínio. As despesas realmente necessárias são aquelas que não podem ser reduzidas ou completamente eliminadas imediatamente, tais como aluguel, despesas de condomínio, condução, alimentação, escola dos filhos etc. (HOJI, 2007, p. 2). Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 8 1.2 Analisando os desperdícios Existe alguns hábitos que devem ser alterados, entre eles gastar e depois ver como irá pagar, pois como consequência dessa atitude há o endividamento. Dentre as despesas fixas, uma análise acurada permite identificar desperdícios cometidos pelos componentes da família e podemos perceber que, dependendo da faixa etária, a probabilidade do desperdício é maior. O consumo de telefone, água, gás está associado ao número de pessoas da residência e ao tempo de uso. Essas despesas podem ser controladas desde que haja o comprometimento de todos os moradores da residência. Atente para a citação a seguir. Com o eminente déficit na geração de energia elétrica, o governo federal admitiu a existência da crise de abastecimento de energia elétrica em março de 2001, sendo que em maio do mesmo ano, o Ministério das Minas e Energia (MME) chegou aadmitir que seria necessário haver interrupções temporárias e regionais no fornecimento de energia elétrica. A ANEEL em conjunto com a secretaria nacional de energia apresentou um projeto que previa multa de ultrapassagem de meta de economia, com o valor de 15 vezes superior ao da tarifa, ficando três vezes maior em caso de reincidência. (JABUR, 2001, p. 34) Para justificar que é possível economizar, principalmente para os mais jovens, o Brasil, em 2001 e 2002, reduziu o consumo de energia elétrica e foi instituído bônus para os consumidores que conseguiam ficar abaixo da meta estabelecida. Isso significa que é possível reduzir despesas como a energia elétrica, reduzindo o tempo de banhos, acumulando roupas para passar em uma única ocasião, trocando lâmpadas por mais econômicas, procurando eletrodomésticos com consumo menor. Atualmente o horário de verão já faz parte de nossos hábitos. Além da redução do consumo da eletricidade, outros benefícios são proporcionados, como a redução de acidentes no horário de pico do trânsito, pois nesse horário há mais iluminação solar, além de reduzir também assaltos e crimes. 1.3 Como pagar as despesas O pagamento à vista sempre foi o mais indicado e sempre será a melhor opção. Pagar à vista é uma excelente forma de fugir do endividamento, além de possibilitar descontos e principalmente não forçar a dependência financeira. • Atentar que mesmo no parcelamento de um valor, em que é informado “sem acréscimo”, na maioria das vezes estão embutidos juros no preço total do bem ou do serviço. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 9 • Exigir, mesmo sendo pagamento à vista, informações sobre as parcelas, a entrada, taxas de juros, impostos e outros, antes de efetuar a compra. • Lembrar que atrasos no pagamento das prestações irão implicar multa de até 2% adicionados aos encargos. Outro cuidado que devemos ter ao pagar é com o uso do cheque especial. Evite entrar no limite do cheque especial, pois na maioria das vezes as taxas de juros cobrados são muito altas. Muitas pessoas consideram na prática o cheque especial como um complemento do salário. Considerações Finais Nesta aula aprendemos que um orçamento familiar contribui muito para articular receitas e despesas nas famílias. Sintetizamos também os principais tipos de despesas ilustrando atitudes cometidas até mesmo despercebidas ou por não possuir informações. Demonstramos que não faz muito tempo fomos induzidos a racionar o consumo de energia elétrica e que com conscientização das pessoas tal atitude deve ser espontânea, sendo que os benefícios ultrapassaram o âmbito monetário. Enfim, espero ter esboçado alguns fatos para, antes de qualquer atitude, repensarmos que somos capazes de conquistar um equilíbrio financeiro. Referências BARDELIN, C. E. A. Os efeitos do racionamento de energia elétrica ocorrido no Brasil em 2001 e 2002 com ênfase no Consumo de Energia Elétrica. 2004. Dissertação (Mestrado), Escola Politécnica Universidade de São Paulo. HOJI, M. Finanças da Família: o caminho para a independência financeira. São Paulo: Profitbooks, 2007. IPEA. Instituto de Pesquisa Econômicas. Disponível em: < http://www.pea.gov.br/portal/index. php?Optioon=com_content>. Acesso em: 25 ago. 2013. JABUR, M. A. Racionamento: do susto à consciência. São Paulo: Terra das Artes, 2001. MAHER. M. Contabilidade de Custos. Criando valor para a Administração. São Paulo: Atlas, 2001. MARTINS, J.P. A Educação Financeira ao alcance de todos. São Paulo: Fundamento Educacional, 2004. RIBEIRO, M. O. Contabilidade Básica Fácil. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 1999. RIBEIRO, M. O. Contabilidade Básica Fácil. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. Educação Financeira Aula 03 A necessidade de saber usar o crédito Objetivos Específicos • Compreender os conceitos de crédito e as possibilidades para o uso adequado. Temas Introdução 1 Por que precisamos de crédito? 2 A demanda por crédito 3 Conhecendo o cartão de crédito e sua importância aos consumidores Considerações finais Referências Professor Carlos Alberto de Souza Cabello Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 3 Introdução Este momento da nossa disciplina é para dedicarmos atenção às formas de trabalhar com o crédito, ou seja, as vantagens de saber usar e quando perdemos o controle como agir. Veremos também como está o crédito do brasileiro atualmente e suas consequências na economia do país. Ao término desta aula, espero que compreenda como obter crédito e principalmente como mantê-lo. 1 Por que precisamos de crédito? Para compreender as razões pelas quais necessitamos de crédito devemos entender o seu significado, tanto financeira como juridicamente. Financeiramente, definir crédito está articulado à ação para troca de bens e serviços, os quais temos no momento em que necessitamos, e que em contrapartida assumimos o compromisso de restituí-los após um período compactuado podendo ocorrer em uma única vez ou em parcelas. Crédito diz respeito à troca de bens presentes por bens futuros. De um lado, uma empresa que concede crédito troca produtos por uma promessa de pagamento futuro. Já uma empresa que obtém crédito recebe produtos e assume o compromisso de efetuar o pagamento futuro. (ASSAF, 1999, p. 99) Há uma relação temporal pela aquisição de um bem ou serviço que necessita de uma garantia de retorno e de segurança. A necessidade do crédito acontece todas as vezes que necessitamos comprar e não temos liquidez, ou seja, dinheiro vivo. Nesses momentos o crédito aparece e soluciona o problema. A compra é realizada naquele momento e o pagamento acontece depois. Para isso é necessário, antes de mais nada, uma relação de confiança, um acordo. Podemos concluir que para que essa estratégia seja possível é necessário que cada um cumpra a sua parte. Na relação entre quem recebe o crédito (consumidor) e quem cede o crédito (instituição) deve existir um comprometimento pois a instituição deve saber a capacidade de pagamento do consumidor de forma que consiga honrar sua dívida sem alterar sua vida financeira. Em contrapartida o consumidor deve utilizar o crédito com responsabilidade, não assumindo compromisso que não consiga saldar, trata-se do tão falado crédito consciente. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 4 Para saber mais sobre o assunto leia: ASSAF NETO, A Mercado Financeiro. São Paulo: Atlas, 2011. p. 68. A economia é uma das ciências mais estudadas em todo o mundo, ela demonstra e dissemina que as necessidades das pessoas são ilimitadas e os recursos são limitados. Diante desse fato, conseguir ampliar a possibilidade de saciar nossas ilimitadas necessidades torna nosso ideal constante. Nesse contexto, a confiança entre as pessoas, entre pessoas e empresas e de empresas para empresas possibilita minimizar a diferença entre necessidades e recursos, ou seja, conseguir usufruir de bens e serviços para suprir necessidades e postergando a limitação de nossos recursos. “Juridicamente, o crédito se traduz como o direito a uma prestação futura, fundado, essencialmente, na confiança e no prazo. Dilação temporal e boa fé são seus referenciais” (FAZZIO, 2010, p. 317). Em determinados momentos, o crédito em nossa sociedade passa a atuar como agente de riqueza. A necessidade de crédito para uma família que por diversas razões não consegue acumular capital transformou-se na “saída para a aquisição dos bens e serviços necessários”. Esse assunto será abordado em outras aulas. Um dos fatores que motivam os consumidores a necessitarem de crédito são as possibilidades oferecidas pelo desenvolvimento da TIC, Tecnologia da Informação e Comunicação, pois sem limitesde distâncias ou horários o que não falta é onde comprar produtos ou serviços. As administradoras de crédito, cientes desse fato, articulam parcerias com todos os tipos de comércio, tanto varejistas como atacadistas, incentivando os consumidores, independentemente de classe social, sexo ou até mesmo idade, a comprar. Estamos nos tornando ávidos consumistas, fato que aquece a economia e amplia a demanda. Em consequência estimula-se a produção e torna-se notável o crescimento em determinados setores, aquecendo o mercado de crédito. Para saber mais sobre tecnologias que nos influenciam diariamente a tornarmos consumidores de novos produtos e serviços leia o Capítulo 2 do livro Sistema de Informações Gerenciais, de Kenneth C. Laudon e Jane P. Laudon (São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009). Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 5 Uma nova estratégia na concessão de crédito, possibilitando redução de riscos e menores taxas de juros, foi articular a liberação do crédito à fonte de recebimento do beneficiário. Crédito consignado representa custo menor para o tomador. Ele possibilitou maior acesso da população menos favorecida ao crédito, articulando ao recebimento de pensões e aposentadorias pagas pelo INSS. Para as instituições financeiras essa estratégia de crédito possibilita a certeza do recebimento e, por consequência, menores riscos e oferecimento de menores taxas e burocracia na concessão do dinheiro. É bom destacar que o próprio INSS está atento a essas transações, disponíveis na instrução normativa número 28 que concentra todas as normas referentes aos empréstimos consignados para aposentados e pensionistas. Mesmo sendo oferecido crédito facilitado, não significa que não incidirá taxas, apenas as taxas serão menores em função do prazo ser menor. O crédito facilita o acesso aos produtos ou serviços, mas encarece no custo final desses produtos ou serviços, fazendo com que o emprestador durante determinado período terá em sua renda uma redução que poderá interferir no orçamento familiar. Diante desses fatos, pesquisar menores taxas de juros proporcionará uma maior tranquilidade durante o pagamento do compromisso, pois o valor das parcelas será menor. 2 A demanda por crédito A necessidade de crédito pode ser desencadeada por diversos motivos: • valor do produto ou serviço alto; • acreditar que é a melhor forma de pagamento; • por não possuir o dinheiro no momento; • em caso de necessidades inesperadas; • aproveitar uma oferta ou oportunidade inesperada. As razões que levam as pessoas a optar entre crédito, financiamento ou parcelamento são as mais diversas possíveis. Os meios de comunicação têm mostrado que consumidores com boa formação escolar acabam por tropeçar com o cartão de crédito. É claro que o consumidor estar em uma situação desfavorável financeiramente é resultado de um descontrole anterior por falta de educação financeira ou até mesmo por situações não esperadas, como doença na família. Assim, os itens a seguir podem contribuir para entender a razão do momento que Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 6 o fez se endividar e principalmente a não repetir: • não saber dosar o crédito concedido por instituições financeiras; • possuir diversos cartões de crédito, principalmente de lojas onde algumas ofertas nos impulsionam a adentrar ao cartão de fidelidade e perder o controle sobre os mesmos. Um dos critério essenciais para conceder o crédito é possuir um bom histórico frente ao mercado, tanto no atacado como no varejo, e uma renda propicia o acesso ao cartão de crédito. O equilíbrio do uso desse “dinheiro de plástico” está em possuir um controle detalhado de tudo que comprou e deve atentar para a forma de comprar e pagar, se no rotativo ou em parcelas. No crédito rotativo, você pode pagar uma parte da fatura e deixar o saldo restante para o mês seguinte. Atenção: ao utilizar o crédito rotativo, você pagará juros e encargos financeiros sobre o saldo devedor que não foi pago. Dica 1. Para um bom relacionamento com seu cartão de crédito: • Pagar o mínimo da fatura: evite, a não ser em casos de emergência, tente identificar alternativas com juros mais baixos. • Parcelamento: cuidado para não comprometer o orçamento dos próximos meses. • Planejar o uso do cartão: não torne seu cartão complemento de seu salário. • Controlar os gastos: sempre guarde os comprovantes de suas compras, tal atitude evita sustos ao abrir a fatura do mês. • Ao pagar a fatura, procure pagar o total, evite juros na próxima fatura. • Ao utilizar seu cartão de crédito, o valor total da compra não deve ultrapassar o limite de crédito oferecido pela administradora. Outro fator que contribui para o crescimento do uso do cartão de crédito é o aumento da renda dos brasileiros que facilita a ampliação da possibilidade de comprar. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 7 3 Conhecendo o cartão de crédito e sua importância aos consumidores O crescimento pelo uso do cartão de crédito está articulado ao aumento da renda e de avanços tecnológicos em nossa sociedade. Com o objetivo de impor algumas regras o CMN, Conselho Monetário Nacional, através da Resolução 3.919 de 25/11/2010, estabeleceu alguns itens que impulsionaram o crescimento desse mercado. Os benefícios oferecidos pelos cartões atingem quase todas as classes sociais, sendo assim é interessante destacar algumas interpretações decorrentes dessa resolução do CMN. Para apoiar os consumidores, o BCB, Banco Central do Brasil, através da resolução número 3.919, tornou público o que, na posição de órgão normativo, o CMN (Conselho Monetário Nacional) estabeleceu através de algumas regras para ajustar melhor as relações entre as instituições e os consumidores, disciplinando o crédito em suas modalidades e formas creditícias. Todas as regras contidas na resolução citada são muito importantes na relação administradora-consumidor, mas existem algumas que iremos enfatizar. Segundo a CMN, o valor mínimo exigido para pagamento da fatura não pode ser inferior a 20%. O que mais pretendemos destacar é que no momento em que assinamos o contrato com a administradora devemos nos ater a esses itens, lembrando que, como nas demais operações de crédito, estará sujeito a cobrança de juros. Ao assinar o contrato observe: limite de crédito tanto para compras nacionais como internacionais; limite para saques e empréstimos pessoais; relação das compras efetuadas, inclusive as parceladas; valor total das compras; taxa de juros; tarifas; encargos financeiros cobrados; CET Custo Efetivo Cobrado. Dentre as tarifas que podem ser cobradas estão: • Anuidade: é interessante sempre atentar para o contrato e verificar os valores a serem cobrados como anuidade. • A emissão de segunda via do cartão. • Serviços como uso do cartão para pagamento de contas ou retirada em espécie de saques, o consumidor deve articular com o contrato. Em um mundo competitivo as administradoras de cartões de crédito também estão antenadas nas necessidades e nos benefícios oferecidos aos consumidores, vale a pena pesquisar e até negociar tais condições, mesmo sabendo que haverá cobrança, permitida pelo Banco Central do Brasil através da CMN. Enfatizamos que as administradoras de cartões por não serem empresas financeiras em sua gênese enquadram-se na condição de prestadoras de serviços, logo fazendo a intermediação entre os estabelecimentos afiliados e os portadores de cartão de crédito. É Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 8 interessante destacar que, diante das dificuldades legais de proteçãodo consumidor frente à cobrança das taxas de juros e no parcelamento das vendas a longo prazo, as administradoras estão se tornando instituições financeiras e por consequência ficando fora da lei da usura1 . Assim, podem praticar as taxas de juros que considerarem viáveis. Dessa forma, cabe ao consumidor ficar atento a taxas e outras despesas cobradas quando usam o cartão. Os órgãos do governo através de normas fazem a parte deles, o que significa que o consumidor deve, antes de usar os cartões, se conscientizar das consequências do mau uso. O consumidor é dono de seu próprio futuro, possuir cartão de crédito requer habilidades para saber usá-lo. Atente à citação abaixo. O futuro está ligado ao presente por meio da linha do tempo. A escolha que fazermos no presente determina o futuro. Se você tomar sol ao meio-dia sem utilizar o protetor solar (escolha no presente), no final do dia seu corpo estará igual a um “pimentão vermelho” (resultado no futuro). (HOJI, 2007, p. 32) Destacamos também que o cartão de crédito não oferece apenas benefícios, mas também complicações profundas, pois alguns consumidores descuidam de seus controles com a fatura do cartão e acabam pagando apenas o mínimo. Os encargos financeiros incidentes nessas operações de crédito acarretarão a cobrança de juros pactuada entre os clientes e a emissora do cartão. O Banco Central é responsável por regular e fiscalizar as operações de cartão de crédito estabelecendo as regras tanto das administradoras para com os clientes e vice-versa. Outro ponto importante sobre cartão de crédito é a tentativa de fraudes. Segundo a Serasa2 , o indicador registrou 1,22 milhão de tentativas de golpes no período entre janeiro e julho de 2013, número recorde que representa uma tentativa a cada 15 segundos, em média. Criminosos usam dados falsos ou informações de vítimas para aplicar golpes na emissão de cartões de crédito, compra de automóveis, abertura de conta-corrente, financiamento de eletrônicos, compra de celulares, etc. Interpretação e procedimentos de algumas tentativas de golpe apontadas pelo indicador da Serasa Experian: • Emissão de cartões de crédito: o golpista solicita um cartão de crédito usando uma identificação falsa ou roubada, deixando a “conta” parta a vítima e o prejuízo para o emissor do cartão. Esses casos são muito frequentes, devemos estar atentos quando perdemos documentos ou mesmo quando somos furtados ou roubados, devemos imediatamente dirigir-se a um Distrito policial e abrir um BO, Boletim de Ocorrência. • Financiamento de eletrônicos (Varejo): o golpista compra um bem eletrônico (TV, aparelho de som, celular, etc.) usando uma identificação falsa ou roubada, deixando a conta para a vítima. Mesmo procedimento anterior. 1 Lei da Usura estabelece que é proibido incidir juros dos juros; essa proibição não compreende a acumulação de juros vencidos aos saldos líquidos em conta-corrente de ano a ano. 2 Serasa significa Centralização de Serviços dos Bancos, e não é uma sigla. A Serasa é uma empresa privada brasileira que faz análises e pesquisas de informações econômico-financeiras das pessoas, para apoiar decisões de crédito, como empréstimos. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 9 Para saber mais sobre a evolução do mercado de cartões de crédito, acesse na midiateca e leia a cartilha disponibilizada pelo Banco Central do Brasil chamada Cartilha Cartão de Crédito. Apesar de a Abecs3 apresentar que o número de transações com cartão de débito poderá superar as operações com cartão de crédito, é interessante analisar o gráfico a seguir, lembrando que um dos fatores que contribui para o aumento do uso do cartão de crédito são as compras com na internet. Outro aspecto a destacar com referência ao gráfico é que a elevação da taxa Selic4 , que até 1º de julho de 1996 era a base do custo do dinheiro, passou a ser determinada pela lei da oferta e demanda e provoca mudanças tanto no varejo como no atacado. Isso significa que uma alteração nessa taxa provoca alterações no comportamento dos consumidores diante do aumento dos juros frente ao crédito e reduz o volume de compras. Gráfico 1 - Posição do cartão de crédito Fonte: Associação Brasileira de Cartões e Crédito e Serviços 3 Associação Brasileira de Cartões de Crédito e Serviços. 4 É a taxa de referência do mercado e regula as operações diárias com títulos públicos federais no sistema especial de liquidação e custódia do banco central. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 10 Para saber mais sobre o assunto leia o capítulo 11 do livro Macroeconomia em Contexto, de Peter E. Kennedy (São Paulo: Saraiva, 2011). Nesse capítulo da obra são articulados os impactos de variações das taxas e as consequências diretas no crédito oferecido ao consumidor. Considerações finais Nesta aula vimos que valorizar o crédito junto ao mercado pode ser uma das alternativas de amenizar momentos desfavoráveis financeiramente. Foi explicitado o quanto a Tecnologia da Informação e Comunicação tem contribuído diretamente para o crescimento desse segmento de crédito. Posicionamos também algumas dicas para manipular o cartão em transações comerciais. Sintetizamos alguns órgãos governamentais (BACEN, CMN, SERASA, ABCES) nas relações entre comerciantes, instituições financeiras e consumidores. Algumas reflexões sobre possíveis fraudes em cartões e a posição atual nas finanças dos consumidores. Nas próximas aulas, refletiremos sobre os serviços bancários e as estratégias para usar esses serviços. Referências ABECS. Associação Brasileira de Cartões de Crédito e Serviços. Disponível em: <http://www. abecs.org.br/site2012>. Acesso em: 14 set. 2013. ASSAF NETO, A.; TIBURCIO SILVA, C. A. Administração de capital de giro. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999. ___________________. Mercado Financeiro. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2011. BACEN. Banco Central do Brasil. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/pt-br/paginas/default. aspx> . Acesso em: 14 set. 2013. CMN. Conselho Monetário Nacional. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/?CMN>. Acesso em: 14. set. 2013. HOJI, M. Finanças da Família: o caminho para a independência financeira. São Paulo: Profitbooks, 2007. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 11 FAZZIO, Jr. W. Manual de direito comercial. 11. ed. São Paulo: Atlas.2010. KENNEDY, P. Macroeconomia em contexto: uma abordagem rela e aplicada do mundo econômico. São Paulo: Saraiva. 2011. LAUDON, C. K.;LAUDON, J. P. Sistema de Informações Gerenciais. 5 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. SERASA. Serasa Experian. Centralização de Serviços dos Bancos. Disponível em: <www. serasaexperian.com.br >. Acesso em: 14 set. 2013. Educação Financeira Aula 04 As funções do Banco Central e o impacto de suas decisões na economia como um todo. Objetivos Específicos • Conhecer as funções do Banco Central e os impactos de suas decisões como um todo. Temas Introdução 1 Banco Central do Brasil e suas funções 2 As competências do Banco Central do Brasil 3 Os impactos das ações do Banco Central nas transações cotidianas das pessoas e empresas Considerações finais Referências Professor Carlos Alberto de Souza Cabello Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 3 Introdução Este momento da nossa disciplina dedicamos a estudar o papel do Banco Central do Brasil e o impacto de suas decisões na economia como um todo. Ao término desta aula você compreenderá como as ações do Banco Central repercutem na vida dos consumidores em transações comerciais e por consequência no setor produtivo. Com certeza você ficará surpreso ao identificar que alterações financeiras macroeconômicas interferem profundamente na vida das pessoas. 1 Banco Central do Brasil e suas funções Pretendemos apresentar a instituiçãoBanco Central do Brasil e suas funções para que seja possível articular suas responsabilidades diante dos impactos na economia brasileira. Banco Central é a entidade criada para atuar como órgão executivo central do sistema financeiro, cabendo-lhe a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposições que regulam o funcionamento do sistema e as normas expedidas pelo CMM. (FORTUNA, 2011, p. 20) Não é nosso objetivo descrever todas as funções do BC, doravante neste texto Banco Central do Brasil, e sim articular algumas dessas atribuições vinculadas à economia brasileira, especificamente a economia familiar. Todas as incumbências desse órgão são importantes para apoiar a política econômica de nosso país. Nem todas as repercussões na economia são imediatas, algumas podem provocar impactos imediatos enquanto outras medidas demoram alguns anos para serem sentidas. Uma das funções do BC, através do Copom1 , é estabelecer e manipular a taxa Selic2 entre outras atribuições destacando que entre suas ações um dos objetivos é controlar a inflação3 . Ao aumentar a taxa Selic o governo promove efeitos sobre a oferta e demanda e por consequência no setor produtivo. Alexandre Tombini, presidente do BC e sua equipe de economistas do Comitê de Política Monetária (Copom), decidiram, por unanimidade, apertar um pouco o nó do laço que tenta conter a inflação. Na quarta feira (04/09/2013) o Copom elevou os juros em 0,25 pontos percentuais, levando a taxa Selic para o patamar de 12,25% ao ano. (BCB, 2013) 1 Copom – Comitê de Política Monetária. 2 Selic – é a taxa de referência do mercado que regula as operações diárias com títulos públicos federais que reajusta diariamente os preços unitários. 3 Inflação – aumento generalizado de preços de produtos e serviços. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 4 Entendemos que a política econômica do atual governo dinamiza-se no tripé, controle da inflação, pagamento da dívida externa e inclusão social. Nas intervenções desse órgão os resultados são de médio e longo prazos, mas afetam a economia como um todo, e estar atento a esse tipo de notícia significa agir com cautela em transações comerciais articuladas ao prazo. Medidas desse tipo, aumento da taxa básica de juros, Selic, podem ser notadas em operações de créditos de lojas ou rotativo. Podemos tentar prever as consequências, pois com inflações altas agora, poucas opções restaram ao governo para estimular a demanda nos meses seguintes esperados pelos lojistas e produtores. Figura 1 - Casal almoçando em um restaurante Uma das explicações visíveis ao consumidor de forma imediata está na taxa do IPCA4 que avançou de 0,03% em julho para 0,24% em agosto, sendo que os alimentos em restaurantes fora de casa tiveram alta de preços de 0,76% e o preço do leite subiu 3,75% em agosto, segundo o IBGE. Essas são apenas algumas informações oficiais que justificam a intervenção do BC na taxa Selic (BCB, 2013). Percebemos que medidas do BC interferem na vida dos consumidores, e em alguns setores seus reflexos são imediatos. Muitas vezes uma parcela da população critica algumas ações do governo sem compreender as razões para essa ação. Outra medida realizada pelo BC, através do ministro da Fazenda foi a redução do IPI5 incidente nos automóveis e caminhões em 2012, o que visava evitar a queda das vendas de veículos e por consequência anular a possibilidade do aumento do desemprego. O desemprego é um dos fatores mais agressivos na aceleração da inflação. 2 As competências do Banco Central do Brasil O BC através do CMN tem a responsabilidade de zelar pela liquidez e pela solvência das instituições financeiras. Nesse tópico devemos atentar que, quando uma instituição financeira entra em falência ou pede concordata6 , diversas consequências são repassadas à sociedade, como o desemprego das pessoas que ali trabalhavam. Depois, há redução do poder de compra até que essas pessoas consigam recolocação no mercado de trabalho. As ações do BC refletem em toda a sociedade e a recuperação nem sempre é a curto e médio 4 IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo. 5 IPI – Impostos sobre Produtos Industrializados. 6 Concordata – Direito entre o falido e os seus credores. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 5 prazo. Segundo fonte do próprio BC, em 2005 o Banco Santos teve sua falência decretada repercutindo aos devedores, credores e à sociedade como um todo. As competências do Banco Central do Brasil são: • emitir papel-moeda metálica nas condições e limites autorizados pelo CMN; • exercer o controle de crédito sob todas as suas formas; • exercer fiscalização das instituições financeiras, punindo-as quando necessário; • determinar via Copom a taxa de juros de referência para as operações de um dia – a taxa Selic; • emitir títulos de responsabilidade própria, de acordo com as condições estabelecidas pela CMN; • autorizar o funcionamento, estabelecendo a dinâmica operacional, de todas as instituições financeiras. Entendemos que o BC interfere nas instituições financeiras e no sistema financeiro alterando relações de crédito e, por consequência, no setor produtivo. Podemos refletir que ele influencia a economia, mesmo que indiretamente. 3 Os impactos das ações do Banco Central nas transações cotidianas das pessoas e empresas Figura 2 - Banco Em suas ações diárias articuladas com os critérios da política econômica, o BC depende de flutuações não apenas do mercado interno. Muitos acontecimentos internacionais repercutem em nossa política cambial, monetária e fiscal. O Banco Central executa a política cambial definida pelo Conselho Monetário Nacional. Parta tanto, regulamenta o mercado de câmbio7 e autoriza as instituições que nele operam. Também compete ao Banco Central fiscalizar o referido mercado, podendo punir dirigentes e instituições mediante multas, suspensões e outras sanções previstas em lei. Além disso, o Banco Central pode atuar diretamente no mercado, comprando e vendendo moeda estrangeira de forma ocasional e limitada, com o objetivo de conter movimentos desordenados da taxa de câmbio. (BCB, Mercado de Câmbio, 2013). 7 Câmbio – é a operação de troca de moeda de um país pela moeda de outro país. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 6 Essa ação do BC manipula as variações cambiais, o que provoca altas e baixas de preços em determinados produtos ou serviços, especificamente aqueles que dependem de matéria- prima proveniente de outros países. Além dessa interferência, é necessário lembrar o papel do mercado focado nas relações de oferta e demanda. Atente para a citação a seguir, na qual é detalhado que todos os tipos de produtos ou serviços também estão presos à lei da oferta e demanda. “O preço de um bem ou serviço é determinado de acordo com a lei da oferta e procura, e o valor a ele atribuído depende do que os comprados estão dispostos a pagar pela utilidade que lhes proporcionam”. (HOJI, 2007, p. 57) Determinados setores que dependem diretamente de matéria-prima e tecnologia externa sofrem imediatamente, e graças à interferência do BC conseguem sobreviver. Para saber mais sobre o assunto leia o livro: KENNEDY, P. Macroeconomia em Contexto: uma abordagem real e aplicada do mundo econômico. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 330-33. Ele destaca as influências do governo na taxa de câmbio explicando suas variações e as consequências nos preços dos produtos e serviços. Figura 3 – Microcomputador O setor de informática e de novas tecnologias é o setor que mais sente a influência das medidas do BC junto à política de câmbio. De uns tempos até hoje esse setor apresentou diversas inovações e desenvolvimentode tecnologia própria reduzindo a dependência de outras nações e assim das variações cambiais. Isso reflete na economia, especificamente na aquisição de computadores e na geração de empregos no comércio. Figura 4 - Carro importado Outro setor que também reflete a política cambial refere-se ao setor comercial de carros importados. Cada vez que ocorre uma alta na moeda americana, há reflexos no mercado de automóveis importados e em serviços prestados, repercutindo diretamente sobre os subprodutos e mão de obra para esse setor. A presença do BC em ações de compra e venda da moeda americana estabiliza esse mercado. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 7 Outro setor que também está articulado às ações do BC é o estímulo ao depósito de poupança, considerando que as capacitações dos depósitos estão atreladas às operações do SFH8 e com efeito cascata sobre produtores de material para construção civil e mão de obra diretamente. Nos últimos doze meses, junho de 2012 a maio de 2013, a soma dos financiamentos para a aquisição e para a construção de imóveis habitacionais no âmbito do SFH, chegou se a cifra de R$ 70,28 bilhões para um total de 407.821 unidades. Para o período de junho de 2011 a maio de 2012, tivemos R$ 61,54 bilhões para 406.326 unidades financiadas. Em percentuais, os novos números representam acréscimo de 14,21% no volume de recursos e acréscimos de 0,37% na quantidade de imóveis financiados. (BCB, 2013) Destacamos na citação do BC que está havendo um desenvolvimento nesse setor e enfatizamos que a participação do BC na regulação de taxas contribui para esse cenário, que sabemos ainda não é o ideal. Enfatizamos também que não apenas os bancos e órgãos públicos estão na empreitada de financiamentos de moradia. Esse nicho também foi passado aos bancos privados, mas é monitorado pelo Banco Central do Brasil em suas operações de crédito imobiliário, não apenas. Para saber mais sobre o Assunto leia o Capitulo 3 do livro: FORGHIER, L. C. SFH Sistema Financeiro de Habitação. São Paulo: Quartier Latin, 2012. Nesse capítulo são abordadas as características básicas do SFH, apresentando as principais diretrizes dirigidas aos mutuários. Considerações finais Como vimos nesta aula existem diversas ações do Banco Central do Brasil que influenciam a vida financeira das pessoas e empresas. Tratamos das competências do Banco Central diante do mercado financeiro posicionando suas responsabilidades e atuações. Destacamos também os reflexos da atuação do BC no controle da Política Cambial e suas consequências para as indústrias eletroeletrônicas, informática e automobilísticas. Finalizamos com a participação através de normas sobre o SFH, Sistema Financeiro de 8 SFH – Sistema Financeiro de Habitação. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 8 Habitação, que proporciona reflexos no mercado de trabalho e imobiliário. Na próxima aula abordaremos os serviços bancários e suas ações perante a vida de pessoas físicas e jurídicas. Referências ABCS. Associação Brasileira de Cartões de Crédito e Serviços. Disponível em: <www.abecs.org. br/>. Acesso em: set. 2013. BCB. Banco Central do Brasil. Sistema Financeiro de Habitação. Disponível em: <http://www. bcb.gov.br/sfh>. Acesso em: set. 2013. CMM. Conselho Monetário Nacional. Disponível em: <www.bcb.gov.br/?CMN> Acesso em: set. 2013. FORTUNA, E. Mercado Financeiro Produtos e Serviços. 18. ed. São Paulo: Qualtymark, 2011. HOJI, M. Finanças da Família: O caminho para a independência financeira. São Paulo: Profitbooks, 2007. KENNEDY, P. Macroeconomia em Contexto: Uma abordagem real e aplicada do mundo econômico. São Paulo: Saraiva, 2011. SERASA. Centralização de Serviços dos Bancos. Disponível em: <http:// http://www. serasaexperian.com.br/> - Serasa Experian> Acesso em: set. 2013. Educação Financeira Aula 05 Serviços bancários: Quando e como usar? Objetivos Específicos • Entender o uso dos produtos e serviços bancários. Temas Introdução 1 Produtos e serviços oferecidos pelos bancos 2 A investida dos bancos nos setores de varejo apoiados nas TICs e benefícios e malefícios oferecidos aos clientes 3 Critérios básicos da educação financeira e harmonia com os bancos frente ao orçamento familiar e conquista da moradia Considerações finais Referências Professor Carlos Alberto de Souza Cabello Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 2 Introdução Na sociedade capitalista em que vivemos a necessidade de produtos e serviços bancários tornou-se marcante em todos os níveis sociais. O banco conquistou destaque nas diversas esferas públicas e privadas tendo nesse contexto uma influência sem precedentes tanto para pessoas físicas como pessoas jurídicas. Todos são envolvidos pelas atividades bancárias. Para as pessoas físicas do pagamento de uma conta de luz ao recebimento do contracheque, financiamento de imóveis, empréstimos e outros. Para as pessoas jurídicas desde a abertura da empresa passando a ser parceiras nos relacionamentos com clientes e fornecedores tendo uma participação relevante no aspecto financeiro e econômico de microempresas a multinacionais, do operariado ao empresário. Ao final desta aula esperamos que você aproprie conhecimentos sobre os diversos produtos e serviços bancários e principalmente conquiste competências e habilidades para manipular os benefícios oferecidos pelas instituições financeiras. 1 Produtos e serviços oferecidos pelos bancos Iniciaremos esta aula apresentando os bancos e justificando as necessidades dos serviços bancários lembrando que eles estão presentes em diversas atividades em nosso dia a dia. Possuir conta-corrente em um banco passa a ser uma das prerrogativas para essa nova sociedade consumista. Os bancos são instituições especializadas em manipular o dinheiro, para tal obtêm autorização do governo e, dessa forma, integram a sociedade e atuam na vida das pessoas direta ou indiretamente. Quadro 1 - Instituições financeiras bancária Instituições financeiras bancárias Instituições financeiras não bancárias Bancos Comerciais Bancos Múltiplos Caixas Econômicas Banco de Investimentos Banco de Desenvolvimento Sociedades de Crédito e Financiamentos e Investimento Sociedade de Arrendamento Mercantil Cooperativas de Crédito Sociedade de Crédito Imobiliário e Associações de Poupança e Empréstimos Fonte: Adaptação de Subsistema de Intermediação – Estrutura do Sistema Financeiro Nacional. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 3 Para saber mais sobre o assunto leia o Capítulo 3, do livro Mercado Financeiro, de Alexandre Assaf Neto (Atlas, 2011). Nesse capítulo é oferecida uma visão completa do Sistema Financeiro Nacional (SFN), posicionando o papel de cada tipo de banco e instituições de crédito articulando com suas funções na sociedade. Dentre os serviços e produtos oferecidos pelos bancos, a maior demanda está articulada aos bancos comerciais. As atividades oferecidas pelos bancos comerciais fogem um pouco às necessidades da população. Atente à citação abaixo: De acordo com o MMI1 , seu objetivo precípuo é proporcionar o suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários para financiar, a curtos e médios prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços e as pessoas físicas. (FORTUNA, 2011, p. 28) É interessante posicionar que os bancos manipulam com grande habilidade informações originárias de depósitos, saques, empréstimos e investimentos, que caracterizam seus serviços. Destacando que um banco comercial são instituições que possuem depósitos à vista e são capazes de manipular e multiplicar moeda. Sintetizando, podemos elencar a importância dosbancos comerciais, lembrando que eles são as principais instituições do sistema financeiro diante das seguintes razões: Quadro 2 - Principais funções dos bancos comerciais • Estão envolvidos no processo de criação de moedas e de controle monetário. • Principais intermediários financeiros, tanto na captação quanto na aplicação de recursos. • Encabeçam um conglomerado financeiro que envolve um conjunto de instituições auxiliares. Fonte: Leite (2000, p. 35). 1 MNI – Manual de Normas e Instruções, do Banco Central do Brasil. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 4 Devemos destacar que os bancos brasileiros com grandes investimentos em tecnologia estão em uma posição de destaque mundial propiciando uma grande variedade de produtos e serviços. Além disso, possibilitam também às famílias e empresas segurança e praticidade para manipulação de valores em qualquer momento e horário. Quadro 3 - Serviços oferecidos pelos bancos comerciais • Descontar títulos. • Realizar operações de abertura de crédito simples ou em conta-corrente (contas garantidas). • Realizar operações especiais, inclusive de crédito rural, de câmbio e comércio internacional. • Captar depósitos à vista e a prazo fixo; obter recurso junto às instituições oficiais para repasse aos clientes. • Obter recursos externos para repasse. • Efetuar a prestação de serviços, inclusive mediante convênio com outras instituições. Fonte: Fortuna (2011, p. 28). Em nosso cotidiano imediato, que está articulado ao nosso nível de renda, os bancos são instituições que recebem os depósitos e utilizam esse dinheiro para emprestar a outras pessoas, o que estimula o desenvolvimento da economia. 2 A investida dos bancos nos setores de varejo apoiados nas TICs e benefícios e malefícios oferecidos aos clientes Produtos e serviços oferecidos pelos bancos, segundo a Febraban (2013): • melhoria do atendimento das agências via call center; • telefones para deficientes auditivos; • ampliação dos serviços aos clientes internautas; • melhoria das comunicações com clientes (CRM); • segurança em transações eletrônicas; Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 5 • oferecimento de cartilhas para uso consciente do crédito, além dos tradicionais cartões de débito/crédito . Em grande parte de nossas transações comerciais existe a interferência de um banco. O desenvolvimento de novas soluções tecnológicas comerciais ancoradas no computador revolucionou o mercado de varejo. A automação comercial e a adoção de TICs, Tecnologia da Informação e Comunicação, proporcionaram retornos imediatos. Os clientes ampliaram a capacidade de consumidores a diversos novos produtos e serviços e tais estratégias aquecem a economia do país. Por trás de todo esse processo existe a presença de uma instituição financeira. Dentre os benefícios oferecidos aos clientes/consumidores podemos elencar diversos, que concederam o acesso imediato a bens e serviços dantes nunca imaginados: • Carros, viagens aéreas, telefones celulares, inovações tecnológicas tais como televisores LCD, tablets e uma infinidade de novos produtos. Apesar dos benefícios oferecidos aos clientes/consumidores serem ampliados a cada mês, é importante destacar o custo dessas facilidades. Esse custo está associado por parte dos clientes/consumidores à fidelidade irrestrita gerada pelos cartões de lojas que propulsionam a compras nem sempre necessárias. Para os bancos e as redes de lojas os benefícios são enormes, tais como oferecer aos clientes/consumidores das lojas até mesmo empréstimos e venda casada2 . Aos bancos e redes de lojas os malefícios estão articulados à inadimplência que, através das taxas cobradas, são amenizadas de forma a não deter o crescimento financeiro. Um malefício compartilhado tanto por lojas/bancos e consumidores é a eterna dependência tecnológica das telecomunicações. Para os consumidores, há praticidade e facilidades para a aquisição de produtos e serviços. A fusão ou a parceria entre lojas e bancos estenderam-se a diversos setores, do comércio de roupas à construção civil, sem comentar os bancos das indústrias automobilísticas. As adoções de cartões articulados aos bancos geraram um novo de tipo de serviço que, ancorados nas tecnologias, propiciaram aos bancos a presença em quase todos os tipos de transações fora do espaço físico das agências, estimulando os clientes a irem às compras. 2 Vendas Casadas - induzir o cliente a compra um bem ou serviço diante da compra de outro. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 6 3 Critérios básicos da educação financeira e harmonia com os bancos frente ao orçamento familiar e conquista da moradia Conforme vimos no tópico anterior, a abrangência dos serviços e produtos bancários se dá nos mais diversos setores da economia. Sendo assim, nós clientes/consumidores devemos desenvolver controles para gerar uma parceria com os bancos. A educação financeira vista em nossa primeira aula do curso aponta os bancos como um dos integrantes do Sistema Financeiro Nacional (SFN), que exige uma boa dose de cuidado. A necessidade de saber dosar o uso dos serviços e produtos oferecidos por essas instituições é um dos grandes segredos para a vida financeira. Entre eles o crédito é um dos sintomas positivos disseminados pela educação financeira. O uso consciente do dinheiro e do crédito são fatores determinantes nas diversas fases da vida. A situação financeira atual (boa ou má) de uma família é consequência de planejamento (ou falta dele) e decisões tomadas ao longo da vida. Algumas famílias acham que tiveram muito “azar” e acabaram endividadas, em vez de acumular riqueza. Será que a culpa foi exclusiva do azar? Não teria sido falta de planejamento e disciplina financeira? (HOJI, 2004, p. 30). Dentre as opções de serviços e produtos bancários, o crédito imobiliário é um dos produtos mais viáveis aos bancos, pois a taxa de inadimplência é baixa e possibilita a redução do déficit habitacional. Esse produto oferecido pelos bancos é aquecido em função do nível de emprego e da renda da população e contribui sensivelmente na composição do Produto Interno Bruto (PIB). Diante da importância desse produto, as exigências para o cliente obter junto aos bancos são enormes e estão articuladas à vida financeira do cliente. É uma das formas mais viáveis para a conquista da moradia, porém exige alguns cuidados. É um investimento de médio e longo prazo, portanto exige um planejamento financeiro eficiente. A carteira de crédito imobiliário dos bancos vai superar a de crédito pessoal até outubro, estima Felipe Pontual, diretor executivo da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança. Segundo Pontual, a demanda por crédito imobiliário está aquecida devido às boas condições de emprego e renda da população, além do apetite dos bancos por esse tipo de carteira, cuja inadimplência é inferior a 2% e apresenta fidelização dos clientes. “Os bancos estão otimistas, e os mutuários estão demandando financiamento.” Pontual citou que, em 2006, 470 mil unidades foram financiadas, enquanto em 2013, devem ultrapassar 1 milhão. (BONATELLI, 2013) Analisando a citação acima podemos concluir que dentre os produtos oferecidos pelos bancos o crédito imobiliário articula positivamente a economia de um país focando o lado social e motivacional das pessoas na conquista da moradia. Educação Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 7 Considerações finais Como vimos neste tema, existem diversos serviços e produtos oferecidos pelos bancos. Atentamos a que esses serviços/produtos ultrapassam as contribuições em nível pessoal. Destacamos também os tipos de bancos e enfatizamos as funções dos bancos comerciais não apenas para clientes,
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