Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA EPIDEMIOLOGIA RAQUEL LUZIA ALVES DA SILVA HERNÁNDEZ MATRÍCULA 121920120 EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS BACTERIANAS, VIRAIS E FÚNGICAS BARREIRAS-BA, 2021 2 RAQUEL LUZIA ALVES DA SILVA HERNÁNDEZ EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS BACTERIANAS, VIRAIS E FÚNGICAS Atividade avaliativa apresentada como requisito parcial para obtenção de nota para a disciplina de Epidemiologia Orientadora: Magda Danyella Xavier Leite da Cunha BARREIRAS-BA, 2021 3 SUMÁRIO DOENÇAS VIRAIS EM BOVINOS ................................................................. 6 1. O que é a Febre Aftosa? Qual o seu agente causador? Como ocorre sua transmissão? Descreva suas principais características. ................................................ 6 2. Caracterize o Herpesvírus bovino tipo 1, descreva seus sinais clínicos, morbidade e mortalidade, e como ocorre sua transmissão. .......................................... 7 3. Caracterize o Herpesvírus bovino tipo 5, seu agente etiológico e sinais clínicos. 8 4. Caracterize a Peste Bovina...................................................................... 9 5. Porque a raiva é considerada uma das zoonoses de maior importância em Saúde Pública? Quais principais fatores que contribuem para que a raiva no Brasil se dissemine de forma insidiosa e preocupante nos herbívoros domésticos? ................... 9 6. Quais as principais características da Leucose enzoótica bovina? Como se dá a sua transmissão? ............................................................................................. 10 7. As lesões causadas pela Papilomatose bovina distinguem-se tanto na forma, quanto na localização, com predileção para algumas áreas nos bovinos. Segundo a localização, quais são as formas mais frequentes? .................................................. 10 8. Atualmente qual é o quadro da Diarréia viral bovina no cenário mundial e nacional? 11 9. Quais os sinais clínicos da Febre Catarral Maligna? Qual são os mecanismos de transmissão? ...................................................................................... 12 10. Quais as principais características epidemiológicas da estomatite vesicular? Descreva os principais Sinais clínicos....................................................... 13 4 DOENÇAS BACTERIANAS EM BOVINOS ................................................ 14 1. O que é o Botulismo em bovinos? Qual é a sua importância epidemiológica? .......................................................................................................... 14 2. Como a bactéria causadora da Brucelose penetra no organismo dos bovinos? Descreva os sinais clínicos. ......................................................................... 14 3. Discorra sobre a Leptospirose Bovina, agentes etiológicos, sintomas clínicos e cite algumas formas de controle. ................................................................ 15 4. O que é a Mastite Bovina? Explique porque o seu controle tratamento são de fundamental importância para a pecuária leiteira. ................................................. 17 5. Discorra sobre as formas de transmissão da Salmonelose Bovina. ...... 17 6. Discorra sobre a epidemiologia da Tuberculose Bovina e seu agente etiológico. 18 7. Discorra sobre o Carbúnculo hemático, seu agente etiológico, sintomas e tratamentos. 19 8. Como ocorre a Ceratoconjuntivite Infecciosa bovina? Quais são os sintomas? 20 9. Discorra sobre o quadro epidemiológico do Edema Maligno no Brasil e formas de tratamento. ................................................................................................. 21 10. Como se caracteriza a Lechiguana? Explique sobre seu diagnóstico. .. 22 DOENÇAS FÚNGICAS ............................................................................... 22 1. Explique sobre a epidemiologia, agente etiológico, forma de transmissão, os sintomas clínicos, como é feito o diagnóstico e o tratamento da Aspergilose Canina. 22 5 2. Discorra sobre a epidemiologia e agente etiológico da Coccidioidomicose. .................................................................................................... 24 3. Discorra sobre a Histoplasmose, seu agente etiológico, forma de transmissão e epidemiologia. ...................................................................................... 25 4. O que é a Criptococose? Descreva seu agente etiológico, forma de transmissão, quadro clínico, diagnóstico e tratamento. .............................................. 26 5. Descreva a etiologia, patogenia, epidemiologia e sinais clínicos das Dermatofitoses. ........................................................................................................... 27 6. Discorra sobre a Blastomicose canina, agente etiológico, sintomas clínicos e tratamentos. ................................................................................................ 29 7. Discorra sobre o agente etiológico, a forma de transmissão, os sintomas clínicos, a epidemiologia, como é feito o diagnóstico e o tratamento da candidíase canina. 30 8. O que é a Pseudomicetoma Dermatofítico Felina? Descreva seu agente causador, a forma de transmissão, os sintomas clínicos e como é feito seu tratamento. 31 9. Descreva a Malasseziose Canina, explicando sobre seu agente etiológico, a forma de transmissão, os sintomas clínicos, diagnóstico e tratamento. ................... 31 10. Qual o agente etiológico, a forma de transmissão, os sintomas clínicos, a epidemiologia, como é feito o diagnóstico e o tratamento da Esporotricose Canina? 32 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 33 6 DOENÇAS VIRAIS EM BOVINOS 1. O que é a Febre Aftosa? Qual o seu agente causador? Como ocorre sua transmissão? Descreva suas principais características. A febre aftosa é uma enfermidade infecciosa altamente contagiosa causada por um vírus do gênero Aphtovirus pertencente à família Picornaviridae. O vírion é composto de um capsídeo icosaédrico sem envelope e por uma molécula de ácido ribonucléico (RNA) de aproximadamente 8.400 nucleotídeos. Embora a febre aftosa ocorra principalmente em bovinos, bubalinos, suínos, ovinos e caprinos, a doença é capaz de afetar qualquer animal artiodáctilo, doméstico ou selvagem, que pode servir como reservatório do vírus. A taxa de morbidade durante surtos de febre aftosa pode chegar a 100% em animais suscetíveis, embora algumas amostras virais podem apresentar limitações de infectividade para algumas espécies. Por outro lado, a taxa de mortalidade é geralmente baixa, cerca de 2% dos animais adultos e 20% dos jovens. A transmissão direta ocorre pelo contato entre animais infectados e suscetíveis pela ingestão ou inalação de partículas virais contidas em secreções e excreções, e a transmissão indireta pode ser por vetores animados ou inanimados. O homem funciona como vetor animado ao carrear material infectante em roupas ou sapatos, e são considerados como vetores inanimados veículos, implementos, instrumentos veterinários e, particularmente, produtos cárneos não processados e leite in natura contaminados. Em áreas endêmicas, o movimento de animais infectados por meio de transporte entre diferentes regiões é uma das formas de disseminação da doença. Além disso, o vírus pode permanecer viável na forma de aerossóis e ser distribuído por via aérea entre longas distâncias se submetido a condições favoráveis de calor e umidade. 7 2. Caracterize o Herpesvírus bovino tipo 1, descreva seus sinais clínicos, morbidade e mortalidade, e como ocorre sua transmissão. O Vírus da RinotraqueíteInfecciosa Bovina/Vulvovaginite Pustular Infecciosa é denominado Herpesvírus Bovino tipo 1 (BHV-1), sendo um membro da família Herpesviridae, sub-família Alfaherpesvirinae. Este vírus está associado a várias síndromes, tais como rinotraqueíte, vulvovaginite, balanopostite, conjuntivite e abortos. O BHV-1 está presente em forma enzoótica no Brasil há vários anos, com evidências sorológicas da infecção em virtualmente todos os locais onde foram pesquisadas (Wizigmann et al. 1972, Ikuno et al. 1982, 1984, Ravazollo et al. 1989, Rosa et al. 1992, Lovato et al. 1995, Vidor et al. 1995). Esporadicamente, o BHV-1 causa infecções clinicamente aparentes, com morbidade variável e mortalidade baixa ou nula. Animais infectados, mesmo aqueles com infecção inaparente, tornam-se portadores para o resto da vida, pois o vírus pode estabelecer infecção latente nos gânglios dos nervos sensoriais que pode ser reativada periodicamente. A reativação está, geralmente, associada a fatores de estresse como transporte, parto, desmame ou confinamento e pelo tratamento sistêmico com corticosteróides. Ocorre com ou sem sinais clínicos e há liberação de partículas virais infecciosas. A presença de um bovino portador do vírus é uma fonte de infecção na propriedade. Em rebanhos infectados usualmente ocorrem surtos esporádicos, que causam prejuízos econômicos pela perda de peso, ocorrência de abortos, infertilidade temporária e queda na produção de leite. Os casos de meningoencefalite são responsáveis por um alto índice de letalidade. As principais portas de entrada do vírus são as superfícies mucosas do trato respiratório e genital. A transmissão é geralmente associada ao contato íntimo com estas superfícies, mas o BHV-1 é também, propagado por aerossóis e secreções corpóreas. O vírus penetra no hospedeiro e liga-se às células epiteliais onde ocorre o primeiro ciclo de replicação. Do sítio de infecção, o vírus é transportado pelos monócitos para outros órgãos. Em fêmeas gestantes a viremia pode levar a uma transferência de vírus pela placenta, resultando em aborto. Bezerros neonatos podem sofrer a forma septicêmica da doença, provocada pela viremia. A infecção propaga-se, também, por via neural. O vírus multiplica-se intensamente no sítio de infecção e invade as terminações nervosas locais sendo transportado aos gânglios sensoriais da região. As lesões produzidas pelo BHV-1 localizam-se particularmente nas mucosas dos tratos 8 respiratório e genital e na pele, sendo caracterizadas pela produção, em sequência, de vesículas, pústulas e úlceras superficiais, que podem tornar-se cobertas por pseudomembranas. Ocorre a recuperação e cicatrização das lesões sem a formação de marcas, mas a infecção latente permanece por toda a vida do animal. A contaminação ocorre principalmente pelo contato íntimo entre mucosas. 3. Caracterize o Herpesvírus bovino tipo 5, seu agente etiológico e sinais clínicos. O Herpesvírus da Encefalite Bovina ou Herpesvírus Bovino tipo 5 (BHV-5) causa infecções de baixa morbidade e alta mortalidade, caracterizadas por meningoencefalites em bovinos jovens, usualmente até 8 meses de idade, podendo ocasionalmente afetar animais mais velhos. A meningoencefalite herpética bovina é uma infecção viral do sistema nervoso central (SNC), causada pelo herpesvírus bovino tipo 5 (BHV-5), que acomete animais de todas as faixas etárias, porém, principalmente animais jovens. A infecção, geralmente fatal, é caracterizada por uma meningoencefalite não purulenta, associada a lesões necróticas do córtex cerebral e inflamatórias nas substâncias branca e cinzenta. Etiologia O BHV-5, ainda sem gênero definido, está classificado na família Herpesviridae, sub-família Alphaherpesvirinae, que agrupa inúmeras espécies virais que podem infectar uma gama de hospedeiros. A infecção pelo BHV-5 em bovinos determina um quadro neurológico que inclui diversos sinais clínicos, que podem ou não estar associados à anorexia. Entre os sinais mais frequentes destacam-se corrimento nasal e ocular, tremores musculares, andar em círculos, incoordenação, opistótono, nistagmo, bruxismo e convulsões. Em um mesmo foco de meningoencefalite herpética, não necessariamente, os animais acometidos irão apresentar os mesmos sinais clínicos. A faixa etária acometida é ampla, podendo comprometer desde bezerros com menos de um mês de idade até animais com idade superior a três anos. 9 4. Caracterize a Peste Bovina. caracteriza-se por ser uma doença febril aguda de alta transmissibilidade. Quando ingressa em rebanhos indenes a morbidade pode chegar a 100% e a mortalidade pode atingir até 50%. É enzoótica em algumas regiões da África, onde é controlada mediante o uso de vacinas vivas atenuadas. Afeta principalmente bovinos e bubalinos, sendo o Bos taurus mais sensível que o Bos indicus. Suínos, ovinos e caprinos, geralmente, não apresentam sinais clínicos. Os ruminantes selvagens podem atuar como reservatórios do vírus. A peste bovina ocorreu no estado de São Paulo em 1921 e acredita-se que tenha sido introduzida através de reprodutores zebuínos procedentes da Índia, desembarcados no porto de Santos. A doença foi erradicada pelo sacrifício dos animais, desinfecção e controle de trânsito (O quadro clínico caracteriza-se por um período de 4-5 dias de hipertermia (40,5-41,5ºC), anorexia, corrimento ocular, queda na produção de leite e leucopenia. Posteriormente, ocorre diarréia, blefaroespasmo, salivação com saliva hemorrágica, corrimento nasal seroso e, posteriormente purulento, lesões necróticas esbranquiçadas de 1-5mm de diâmetro nas mucosas oral, nasal e vaginal. Mais tarde há perda do epitélio das lesões, aparecendo erosões avermelhadas de bordos irregulares. Podem, ainda, ser observadas lesões de pele no períneo, escroto, abdômen e pescoço caracterizadas por áreas úmidas, avermelhadas, que posteriormente são recobertas por crostas. Após 3-5 dias o animal apresenta severa prostração, hipotermia, dispnéia e tosse vindo a morrer 24 horas após. 5. Porque a raiva é considerada uma das zoonoses de maior importância em Saúde Pública? Quais principais fatores que contribuem para que a raiva no Brasil se dissemine de forma insidiosa e preocupante nos herbívoros domésticos? Por causa da sua evolução drástica e letal, como também por seu elevado custo social e econômico. O aumento da oferta de alimento, representado pelo significativo crescimento dos rebanhos; ocupação desordenada, caracterizada por macro modificações ambientais, como desmatamento, construção de rodovias e de hidroelétricas, que 10 alteraram o ambiente em que os morcegos viviam, obrigando-os a procurar novas áreas e outras fontes de alimentação; oferta de abrigos artificiais, representados pelas construções, como túneis, cisternas, casas abandonadas, bueiros, fornos de carvão desativados e outros; atuação insatisfatória, em alguns estados brasileiros, na execução do Programa Estadual de Controle da Raiva dos Herbívoros. 6. Quais as principais características da Leucose enzoótica bovina? Como se dá a sua transmissão? A principal característica da doença é o aumento dos linfonodos do animal, sendo comuns na região retrobulbar, onde causa exoftalmia uni ou bilateral, e na área faríngea, causando disfagia e estertores durante a respiração. A forma entérica da doença é caracterizada pelo alargamento da submucosa do abomaso. Pode existir envolvimento dos linfonodos mesentéricos associados com a infiltração do abomaso, sendo que estes podem se apresentar com volume suficiente para causar obstrução. As lesões microscópicas consistem em infiltrações nodulares ou difusas de células linfóides nos órgãos atingidos. A transmissão horizontal é a principal via de disseminação do vírus. O vírus pode ser transmitido principalmente por exposição direta a fluídos biológicos contaminados com linfócitos infectados,particularmente sangue, mas também leite, sêmen e saliva. 7. As lesões causadas pela Papilomatose bovina distinguem-se tanto na forma, quanto na localização, com predileção para algumas áreas nos bovinos. Segundo a localização, quais são as formas mais frequentes? A papilomatose cutânea fungiforme: endêmica, observada mais frequentemente em bezerros ou bovinos jovens, acometendo, preferencialmente, a região da cabeça, pescoço e barbela. Este tipo de papiloma é facilmente arrancado, provocando 11 sangramento do local. A papilomatose filiforme: espalhada pelo corpo do animal, sendo que as regiões de perna e abdômen, incluindo o úbere, são as áreas mais afetadas; este tipo de papiloma é de difícil retirada cirúrgica, e é mais frequentemente observado em animais adultos. A papilomatose plana: acomete o úbere (tetos), podendo também ser retirada com certa facilidade, sendo observada em adultos. 8. Atualmente qual é o quadro da Diarréia viral bovina no cenário mundial e nacional? O vírus da BVD tem distribuição mundial. O primeiro isolamento do vírus associado ao quadro de doença das mucosas no Brasil foi realizado no Estado de São Paulo. A presença do vírus no Rio Grande do Sul foi demonstrada através de isolamento viral de soros e tecidos de neonatos e fetos sadios e abortados. A enfermidade já foi diagnosticada em outros países do Mercosul. No Rio Grande do Sul, 3 surtos de doenças com quadro clínico-patológico compatível com a infecção pelo vírus da BVD foram relatados. Em um surto vacas em lactação apresentaram sinais clínicos e lesões semelhantes as observadas na forma tradicional de BVD, com diarreia e úlceras na mucosa oral; a morbidade foi de 8,9% e a mortalidade de 1,37% (10). Nos outros dois surtos, compatíveis com a forma hemorrágica, observaram-se lesões hemorrágicas nas mucosas e serosas do trato digestivo e, em alguns casos, em músculos, e úlceras na mucosa do trato digestivo; a letalidade foi próxima a 10%. O vírus do tipo II já foi isolado de casos de animais adultos com diarréia e ulcerações na mucosa oral e intestino, e de fetos normais. A situação atual da enfermidade não é clara. É provável que ocorra maior número de casos, especialmente da forma reprodutiva, sendo confundida com outras enfermidades que afetam a reprodução. O vírus se mantém endêmico em um rebanho através de animais portadores imunotolerantes e é transmitido através de contato direto ou indireto, por fômites, pela placenta ao feto e pelo sêmen. O agente está presente em todas as secreções e excreções dos animais infectados, tanto naqueles com infecção aguda quanto nos infectados persistentemente. 12 9. Quais os sinais clínicos da Febre Catarral Maligna? Qual são os mecanismos de transmissão? De acordo com a literatura corrente, Beer (1999) afirma que o quadro clínico da FCM não é único, pois podem ser diferenciadas da forma sobreaguda, forma oculocefálica e forma intestinal. O autor afirma que o período de incubação na infecção natural se dá entre 14 a 150 dias. De acordo com o autor, a doença tem início com um pico febril de 40°C (posteriormente febre persistente), onde são observados tremores musculares, calafrios, inapetências, ausência de produção de leite e atonia do rúmen. Com a evolução da FCM, podem ser observados problemas oftálmicos como iridociclite e ceratite, que pode desencadear uma ulceração e perfuração de córnea, com prolapso de íris. Radostits (2010) acrescenta como sinal clínico oftálmico opacidade de córnea. Em relação ao sistema respiratório, é notável o aumento do fluxo nasal, com produção purulenta e fétida. A mucosa nasal apresenta-se hiperemica e inflamada. As lesões podem alcançar também os pulmões, provocando bronquiolite e pneumonia, seguido de tosse. A doença afeta também partes do crânio, promovendo proeminências ósseas, o que acaba interferindo na sustentação dos cornos, tornando-os mais fracos e susceptíveis a lesões como afirma Lemos et al (2005), onde um animal acometido pela FCM apresentou desprendimento da capa córnea dos chifres e cascos. A FCM atinge também o sistema gastrintestinal, onde são observados lábios, gengiva e língua inflamados, seguidos por problemas de deglutição, na qual posteriormente pode levar a quadros de diarreias, cólicas e obstruções. Esta doença pode acometer também o SNC promovendo transtornos de equilíbrio, acessos epileptiformes clônicos podendo levar ao quadro de coma, o que condiz com o descrito por Garmatz et al (2004), na qual em uma transmissão experimental, o animal apresentou sinais clínicos de incoordenação, agressividade e convulsão. Podem ser observados ainda movimentos de pedaleio enquanto o animal está em decúbito (SANCHEZ et al 2000). Podem aparecer também alterações cutâneas, como formação de pápulas (RADOSTITS 2010). Podem ser notados sons anormais à auscultação da traqueia, inflamação e necrose da vulva e espaços interdigitais (MENDONÇA et al 2008). Segundo Garmatz et al (2004), a evolução dos sinais clínicos é rápida e complicada, levando a óbito dentro de poucos dias. Segundo Radostits (2010), a FCM pode ser transmitida aos bovinos a partir de transferência de grandes transfusões sanguíneas. Para o autor, a transmissão pode ser realizada também pela inalação de 13 aerosóis ou pela ingestão de pasto contaminado pelo vírus excretado pelo gnu jovem, sendo que estes contaminam o pasto através de corrimentos nasais e oculares. O autor levanta hipóteses, onde o vírus da FCM pode estar presente em fômites, ou ainda de bovinos recuperados (reservatórios), que atuariam disseminando a doença para o rebanho. O autor faz ainda uma ressalva, onde afirma que a FCM não pode ser transmitida entre bovinos. 10. Quais as principais características epidemiológicas da estomatite vesicular? Descreva os principais Sinais clínicos. Os focos ocorrem de forma súbita e simultaneamente em propriedades bastante distantes uma da outra, geralmente em épocas quentes e chuvosas; os animais adultos são os mais afetados e aproximadamente 10%-15% desenvolvem sinais clínicos; em clima temperado a doença é de ocorrência sazonal, nos meses de primavera e verão e, em áreas úmidas e baixas, de clima tropical e com alta população de insetos, pode ser enzoótica. A sintomatologia clínica da doença é indistinguível das demais enfermidades vesiculares mencionadas no diagnóstico diferencial. O período de incubação varia de 24 horas até 10 dias. Em bovinos e equinos o sinal clínico inicial é o aparecimento de sialorreia acompanhada de febre alta nos primeiros dias. Nos suínos os sinais iniciais incluem febre e claudicação. Nas 48-72 horas após o início dos sinais, começa o aparecimento de vesículas na mucosa oral, glândula mamária e no rodete coronário que, invariavelmente, se rompem liberando um fluído aquoso, rico em partículas víricas. Essas vesículas transformam-se em úlceras, geralmente com contaminação bacteriana na fase final do quadro clínico. O curso da enfermidade é de aproximadamente de 8-15 dias, sendo que nos animais em lactação pode ocorrer mastite como sequela. 14 DOENÇAS BACTERIANAS EM BOVINOS 1. O que é o Botulismo em bovinos? Qual é a sua importância epidemiológica? Botulismo é uma intoxicação de bovinos e outras espécies animais, resultante principalmente da ingestão de toxina previamente formada pela bactéria anaeróbia Clostridium botulinum. Assume importância econômico-sanitária no Brasil o botulismo epidêmico, relacionado com a osteofagia observada em bovinos mantidos em áreas deficientes em fósforo, sem a adequada suplementação mineral, e com a presença na pastagem de restos de cadáveres contaminados. Surtos têm sido registrados nos últimos anos em extensas regiões do país acometendo sobretudo fêmeas em gestação ou lactação, com a estimativa de centenas de milhares de mortes (Döbereiner et al. 1992, Dutra & Döbereiner1995), atribuídas às toxinas botulínicas C e D. Um importante fator que contribuiu para o agravamento do problema foi a intensificação da contaminacão ambiental pelos esporos de C. botulinum, principalmente a partir de cadáveres que entram em decomposição no pasto. Por outro lado, são ocasionalmente observadas situações em que pelas características e condições epidemiológicas, permite-se associar a ingestão de água contaminada à ocorrência de surtos da doença (Dutra et al. 1990). Surtos de intoxicação botulínica associados à ingestão de água foram descritos acometendo bovinos no Senegal (Doutre 1969, Thiongane et al. 1984) e em búfalos no Brasil (Langenegger & Döbereiner 1988). 2. Como a bactéria causadora da Brucelose penetra no organismo dos bovinos? Descreva os sinais clínicos. A bactéria penetra no organismo pela mucosa oral, nasofaríngea, conjuntival ou genital ou pelo contato direto com a pele. Após a penetração, as brucelas são levadas aos linfonodos regionais. Sua sobrevivência no interior das células fagocitárias pode ocorrer devido à inibição da fusão do lisossomo com os grânulos secundários. Assim, são transportadas até os linfonodos e, após, disseminam-se pelo organismo. Aparentemente, localizam-se e multiplicam-se no interior do retículo endoplasmático rugoso. Os sinais clínicos predominantes em vacas gestantes são o aborto ou o nascimento de animais 15 mortos ou fracos. Geralmente o aborto ocorre na segunda metade da gestação, causando retenção de placenta, metrite e, ocasionalmente, esterilidade permanente. É estimado que a brucelose cause perdas de 20%-25% na produção leiteira, devido aos abortos e aos problemas de fertilidade. Fêmeas contaminadas no momento da inseminação voltam ao cio como no caso da campilobacteriose e tricomoníase. Os animais infectados antes da fecundação seguidamente não apresentam sinais clínicos e podem não abortar. Após um ou dois abortos algumas vacas podem não apresentar sinais clínicos mas continuam a excretar as brucelas contaminando o meio ambiente. Elas serão a origem da infecção para as novilhas. Nos touros a infecção se localiza principalmente nos testículos, vesículas seminais e próstata. A doença manifesta-se por orquite, que acarreta baixa de libido e infertilidade. Os testículos podem apresentar, também, degeneração, aderências e fibrose. Às vezes podem ser observados higromas e artrites. 3. Discorra sobre a Leptospirose Bovina, agentes etiológicos, sintomas clínicos e cite algumas formas de controle. A Leptospirose é uma doença infecto-contagiosa causada por bactérias do gênero Leptospira. A prevalência de infecções depende do tempo e de fatores ambientais que favorecem a sobrevivência da Leptospira no meio ambiente. Condições ótimas de sobrevivência ocorrem em temperaturas altas e ph próximo ao neutro. Os roedores (camundongos e ratos) e alguns animais silvestres são portadores assintomáticos e eliminam a Leptospira na urina, contaminando águas, alimentos e rações. Nos bovinos encontramos principalmente as sorovariedades L. hardjo, L. icterohaemorrhagiae, L. pomona, L. grippotyphosa, L. canicola, L. goiano e L. guaicurus, sendo que outras variedades também podem causar infecções, levando a perdas econômicas. A principal fonte de infecção em bovinos geralmente é um animal infectado, que contamina o pasto, a água e a ração por meio da urina infectada, fetos abortados e corrimentos uterinos. A urina é a principal fonte de transmissão, pois um bovino urina de 50 a 60 litros por dia e a Leptospira pode ser excretada via urina até 180 dias depois da infecção. A doença é transmitida entre populações através de animais doentes, esperma contaminado (inseminação artificial) e pela água corrente. Não é rara a infecção de bovinos a partir de suínos infectados mantidos nas vizinhanças. Nos casos de leptospirose, os eventos característicos de manifestação clínica são: repetições de cio, infertilidade, abortos, 16 natimortos, mortes de bezerros, nascimento de bezerros fracos e mastites. Bezerros jovens podem desenvolver um quadro de anemia, febre, fraqueza, perda de apetite, prostação, urina com sangue, icterícia e morte (5 a 15% dos animais). Em bovinos adultos os sinais mais importantes são os reprodutivos. A infecção do útero pela bactéria leva a febre nos animais (não é percebida) e fêmeas no final da gestação apresentam abortos, podendo atingir a taxa de 40%. Os fetos já estão mortos 24 ou mais horas antes de serem expulsos. Bezerros mumificados, natimortos ou fracos ao nascer, são também indicativos do problema. O controle da doença no rebanho deve partir do diagnóstico laboratorial da sorovariedade circulante na propriedade. Conhecida a amostra circulante podem ser aplicadas duas estratégias de controle. A primeira delas baseia-se no tratamento dos animais doentes no sentido de controlar a eliminação de leptospiras na urina e conseqüente contaminação ambiental. O antibiótico mais frequentemente utilizado no tratamento da leptospirose é a estreptomicina alcançando resultados bastante satisfatórios. A segunda estratégia a ser aplicada é a vacinação do rebanho. Atualmente estão disponíveis vacinas comerciais que, de uma forma geral, tem em sua composição as sorovariedades: grippotyphosa, pomona, canícola, hardjo, wolffi e icterohaemorrhagiai. Estas vacinas buscam a característica de amplo espectro de atuação utilizando-se do artifício de possivelmente induzir a produção de anticorpos que determinem reação cruzada com outras sorovariedades do gênero ampliando a eficiência desta estratégia de controle. Quando a sorovariedade presente no rebanho não faz parte da composição das vacinas comerciais, ou quando o responsável pelo rebanho opta por fazer um controle direcionado as sorovariedade circulantes na região, é possível ser realizada em alguns laboratórios do país, a produção de vacinas com bacterinas específicas para a situação epidemiológica do rebanho. Preventivamente a vacinação deve-se iniciar em bezerros com 4 a 6 meses, seguidas por revacinações anuais ou semestrais. Também é relevante a realização de testes sorológicos regulares, mantendo-se vigilância constante do rebanho, na possibilidade da entrada de novos sorotipos. Além da vacinação, medidas de higiene como identificação da fonte de infecção (lamaçais, lugares úmidos, áreas alagadiças, presença de roedores) e diminuição do contato dos animais com essas áreas podem ser de grande eficácia no controle da leptospirose bovina. 17 4. O que é a Mastite Bovina? Explique porque o seu controle tratamento são de fundamental importância para a pecuária leiteira. A mastite é a inflamação da glândula mamária que se caracteriza por apresentar alterações patológicas no tecido glandular e uma série de modificações físico-químicas no leite. As mais comumente observadas são: alteração de coloração, aparecimento de coágulos e presença de grande número de leucócitos. Entre as diversas patologias que afetam o rebanho leiteiro, esta enfermidade se destaca, pois causa grandes prejuízos como o descarte do leite, a queda da produção leiteira, os gastos com antibióticos e, eventualmente, o descarte do animal. A etiologia dessa doença pode ser de origem tóxica, traumática, alérgica, metabólica ou infecciosa, sendo as causas infecciosas as principais, destacando-se as bactérias pela maior frequência, além de fungos, algas e vírus. Alguns estudos demonstram prejuízos de aproximadamente US$ 200 (duzentos dólares) para cada vaca acometida por mastite ao ano (CASSOL, 2010). Esses prejuízos são representados por: 70% devido à redução na produção dos quartos mamários com mastite subclínica; 14% por desvalorização dos animais pela redução funcional dos quartos acometidos, descarte precoce do animal ou morte; 8% pela perda do leite descartado por alterações e/ou pela presença de resíduos após tratamento; 8% pelos gastoscom tratamentos, honorários de veterinários, mais despesas com medicamentos (COSTA, 1998); (CASSOL, 2010). Como a mastite bovina é a doença que mais onera a exploração de animais com interesse zootécnico, destinados à produção de leite; a prevenção, controle e tratamento dessa doença são de fundamental importância para a pecuária leiteira. 5. Discorra sobre as formas de transmissão da Salmonelose Bovina. As salmonelas são disseminadas direta ou indiretamente. Os animais com infecções agudas, crônicas ou portadores eliminam níveis variáveis do patógeno em suas fezes, contaminando o ambiente, principalmente os suprimentos de água e alimentos. Isso representa a principal fonte de infecção para os demais animais do rebanho através da 18 transmissão fecaloral. Fômites e utensílios de uso comum na criação animal, como comedouros, bebedouros e mamadeiras, também podem servir como veiculadores do agente. Em adição, devido à característica oportunista da bactéria, outras vias também são observadas na infecção por Salmonella spp. em animais, entre elas as vias geniturinária, umbilical, cutânea, conjuntival, transplacentária e respiratória. Os bezerros com doença hiperaguda ou aguda frequentemente desenvolvem septicemia e podem eliminar a bactéria em outras secreções, como saliva e urina. A transmissão aerógena pode ser um método primário de infecção de S. Typhimurium. Estudos demonstram que o microrganismo pode sobreviver no ar por um tempo suficientemente longo para constituir um significativo risco de disseminação (RADOSTITS et al., 2007). O leite e colostro podem ser contaminados diretamente por vacas que excretam o microrganismo no úbere, especialmente em vacas infectadas por S. Dublin e S. Muenster, ambas adaptadas à colonização da glândula mamária bovina. Porém, é mais provável a contaminação destes por fezes, tanto de um animal com salmonelose clínica, quanto de um animal portador assintomático, durante o processo de ordenha. As fontes adicionais de contaminação durante a ordenha são o uso de água ou de equipamento contaminados. Os trabalhadores com higiene pessoal precária e que apresentam salmonelose clínica ou são eliminadores crônicos do microrganismo também podem contaminar os produtos lácteos. 6. Discorra sobre a epidemiologia da Tuberculose Bovina e seu agente etiológico. A tuberculose bovina é uma zoonose causada pelo M. bovis e apesar de ter uma distribuição cosmopolita, ela ocorre principalmente em países em desenvolvimento. Usualmente a doença apresenta uma evolução crônica com efeito debilitante, porém em alguns casos pode assumir um caráter agudo e ter curso rápido (CENTRO PANAMERICANO DE ZOONOSIS, 1988). Além do bovino, que é o hospedeiro primário, o homem e diversos mamíferos domésticos e silvestres podem ser susceptíveis ao bacilo. Em modelos animais foi demonstrado que de um a dez bacilos em suspensão podem causar a infecção. Esses bacilos, quando inalados, são fagocitados por macrófagos alveolares e poderão ser eliminados ou então crescer no interior de macrófagos, em lesões denominadas tubérculos. O agente da tuberculose causa uma doença primordialmente 19 respiratória e de transmissão aerógena. Além da disseminação pela respiração, o bacilo pode ser eliminado pelo corrimento nasal, leite, fezes, urina, secreção vaginal e uterina e também pelo sêmen. A manifestação da tuberculose é influenciada pela resposta imune individual e na maioria das vezes, em razão do predomínio dessa resposta, o bacilo coexiste com o hospedeiro na forma de uma infecção dormente, que em condições imunossupressivas poderá ser reativada, causando o aparecimento de uma tuberculose ativa. 7. Discorra sobre o Carbúnculo hemático, seu agente etiológico, sintomas e tratamentos. Nos casos que foram observados sintomas, o carbúnculo hemático é conhecido como moléstia febril, com manifestações de depressão, debilidade, corrimentos hemorrágicos de orifícios corporais, e ocasiona tumefações subcutâneas edematosas. Nos suínos e cães a infecção se localiza na faringe, com o crescimento dos linfonodos cervicais, ou surge na forma de uma gastrenterite hemorrágica ou aguda. A moléstia da faringe ou entérica é também o quadro habitual em equinos. O reservatório do B. antracis é a terra, onde permanece sob a forma de esporos, que podem passar à forma vegetativa em condições adequadas de calor e umidade na presença de húmus, voltando a esporular em presença de oxigênio. Esse ciclo de esporo à forma vegetativa e a esporo novamente, é que mantém a contaminação presente por muitos anos nas áreas enzoóticas. O modo mais comum de infecção natural é pela via oral, através da mucosa faringeana ou intestinal, podendo os esporos ser ingerido em pastos contaminados, através de água contaminada, ou em rações que tem na composição produtos de origem animal contaminados, como farinha de carne, de ossos e de sangue. Os sintomas que os animais apresentam são variáveis, e podem passar despercebidos em casos curtos, onde a morte é a primeira indicação da moléstia. Até os anos 50, único tratamento eficaz era a injeção de soro anticarbunculoso. Ainda hoje continua sendo usado, mas ele apenas neutraliza a toxina liberada pelo bacilo e não inibe a multiplicação do agente em casos de doenças progressiva. A penicilina e outros antibióticos mostraram-se muito eficazes frente ao bacilo do carbúnculo. A penicilina e outros antibióticos, tem capacidade para inibir a multiplicação do agente, de maneira que, ainda em casos avançados, foi conseguida a cura. De forma lógica, são utilizados soro anticarbunculosos e penicilina combinados. 20 Das medidas postas em prática para a prevenção do carbúnculo hemático, a única verdadeiramente eficiente consiste na imunização dos animais sensíveis. 8. Como ocorre a Ceratoconjuntivite Infecciosa bovina? Quais são os sintomas? A enfermidade ocorre quando uma cepa de Moraxella bovis patogênica, integrante da microbiota ocular do animal portador, ou transmitido por vetores, começa a sintetizar, sob influência de estímulos ainda não elucidados, fímbrias de aderência. As fímbrias reconhecem receptores específicos presentes na conjuntiva e conduto lacrimal (fímbrias tipo a) e na córnea (fímbrias tipo b), fixando-se às células. Devido às fímbrias conferirem elevada hidrofobicidade de superfície para as bactérias, estas se dispõem em duas ou três camadas recobrindo totalmente o tecido ao qual se aderiram. Exotoxinas com atividade enzimática, inclusive o lipopolissacarídeo somático, provocariam lesões na superfície da córnea, permitindo a invasão das bactérias que através das exotoxinas produzem desorganização das fibras de colágeno. A lesão celular desencadeia um processo inflamatório que provoca edema da córnea e migração de células inflamatórias e, como consequência, opacidade corneal. Outras bactérias patogênicas da microbiota ocular colonizam as lesões provocadas por Moraxella bovis contribuindo para o agravamento do quadro. A espessura corneal diminuída faz com que, em casos extremos, a pressão do humor aquoso provoque a ruptura da córnea levando o animal à cegueira irreversível. Seus primeiros sintomas são lacrimejamento intenso com corrimento de líquido pela goteira lacrimal e fotofobia (os animais procuram os lugares sombreados e ficam com o olho afetado fechado). Nesse período, é frequente ver moscas alimentando-se do exsudato conjuntival, podendo haver, também, corrimento nasal de liquido lacrimal, do qual pode recuperar-se a bactéria em altas concentrações. Inicialmente ocorrem lesões ulcerativas próximas ao centro da córnea. Após dois a três dias, essa opacidade (mancha esbranquiçada), em casos severos, pode evoluir para a córnea inteira, levando o animal a ficar cego daquele olho. Raramente a ação ulcerativa continuada pode causar a ruptura da córnea com a saída de um liquido viscoso (Humoraquoso), ocasionando cegueira permanente. A recidiva pode ocorrer em qualquer estágio de recuperação da doença, mas 21 as lesões posteriores não são tão severas quanto as iniciais. Os sintomas principais da CIB são: 1. Lacrimejamento uni ou bilateral; 2. Ceratite; 3. Conjuntivite; 4. Opacidade da córnea; 5. Dor; 6. Ruptura da córnea. 9. Discorra sobre o quadro epidemiológico do Edema Maligno no Brasil e formas de tratamento. Casos de edema maligno são observados esporadicamente. Surtos ocorrem somente quando há traumatismo coletivo. Afeta animais de diversas espécies e de qualquer idade. Pode ocorrer após balneações, tosquia, corte da cola, castrações ou injeções com agulhas contaminadas. Em ovelhas pode ocorrer em conseqüência da contaminação de feridas na vulva durante o parto. Quando a doença é causada pela utilização de agulhas contaminadas a mortalidade é muito alta nas primeiras 48 horas. No Brasil, surtos de edema maligno ocorrem, eventualmente, como conseqüência de traumatismos diversos. No Rio Grande do Sul, surtos causados por seringas contaminadas por C. septicum causaram mortalidade de 100% em bezerros e 10% em vacas (2). No Mato Grosso do Sul, foram observados surtos de edema maligno com lesões de mionecrose na língua, ocasionadas, aparentemente, por contaminação de feridas causadas por pastagens grosseiras. É uma doença aguda que causa a morte 24-48 horas após a observação dos primeiros sinais. Observa-se anorexia, depressão, hipertermia e, dependendo da localização da lesão, severa claudicação. A área afetada está aumentada de volume e pode apresentar crepitação e/ou edema. Em surtos observados no Mato Grosso do Sul a língua apresentava-se aumentada de volume, fora da cavidade oral, de cor escura e com presença de edema sanguinolento e gás. Os animais afetados podem ser tratados com altas doses de penicilina ou antibióticos de amplo espectro. Para a profilaxia é necessário evitar a contaminação, principalmente com terra, dos instrumentos e seringas utilizados no rebanho. Os animais devem ser vacinados anualmente, com vacinas que contenham C. septicum, C. novyi, C. perfringens, C. Chauvoei e, se possível, C. sordelli. 22 10. Como se caracteriza a Lechiguana? Explique sobre seu diagnóstico. A doença caracteriza-se pelo desenvolvimento de massas subcutâneas de consistência dura, com rápido aumento de volume que, ao corte, apresentam sangramento intenso e ausência de pus. A pele da superfície da lesão, em muitos casos, apresenta alopecia e pode apresentar nódulos causados por D. hominis ou estar ulcerada, em outros casos pode estar normal. Em todos os casos há aumento de volume dos linfonodos regionais. O animal apresenta emagrecimento progressivo, podendo morrer se não tratado, em 3-11 meses. O tamanho, a consistência, a localização e o rápido crescimento da lesão permitem um diagnóstico clínico presuntivo. Para o diagnóstico laboratorial, biópsias profundas do tumor, obtidas com agulha ou cirurgicamente, devem ser enviadas refrigeradas ao laboratório para isolamento e identificação do agente. Para o diagnóstico histológico um fragmento de biópsia deve ser enviado ao laboratório em formol a 10%. Os sinais clínicos e a histologia são de grande importância para o diagnóstico quando o isolamento do agente não é possível. Pode ser enviado, também, sangue do animal doente para detecção de anticorpos através do teste de imunodifusão. Abscessos produzidos por bactérias piogênicas, lesões de tuberculose, principalmente dos gânglios pré-escapulares, e actinobacilose dos linfonodos da cabeça podem ser confundidos com lechiguana. DOENÇAS FÚNGICAS 1. Explique sobre a epidemiologia, agente etiológico, forma de transmissão, os sintomas clínicos, como é feito o diagnóstico e o tratamento da Aspergilose Canina. Por conta da sua característica oportunista, os Aspergillus infectam, na maioria dos casos, animais com imunossupressão, como nos casos de neoplasias, má nutrição, uso de quimioterápicos e antibioticoterapia prolongada, ou exposição a uma alta taxa de conídios do meio ambiente. A principal forma de infecção é por inalação, mas também pode ocorrer penetração dos esporos de Aspergillus através de ingestão ou trauma 23 tecidual. A apresentação clínica da aspergilose em cães varia de acordo com o sistema acometido. Podendo ocorrer sinais característicos de rinosinusite fúngica, como espirros, descarga nasal e outros sinais. No caso em que o pulmão for acometido o animal apresentará sinais de pneumonia. E em situações em que ocorreu disseminação, vários órgãos serão acometidos. Aspergillus spp. são amplamente distribuídos pelo mundo, com algumas espécies ocorrendo em maior quantidade nos países de clima tropical e subtropical. Em seres humanos, a aspergilose está mais associada com pessoas imunocomprometidas. Os cães podem apresentar vários fatores que predispõem ao desenvolvimento da doença, como idade, raça, predisposição genética e imunidade do hospedeiro, associados a condições climáticas inadequadas e ambiente onde vive o animal. Mesmo possuindo vários fatores que predispõem os animais a desenvolverem a aspergilose, ela não é considerada contagiosa entre os cães. Cães de qualquer idade e sexo podem apresentar a aspergilose, sendo que a maioria dos casos ocorre em machos jovens ou até os de meia-idade. Raças dolicocefálicas (cães com focinho alongado) estão mais predispostas à aspergilose, enquanto as braquicefálicas (cães com focinho curto) são mais raramente acometidas. Cães da raça Pastor Alemão e seus mestiços são mais susceptíveis à forma nasal, possivelmente devido a um defeito imunológico transmitido geneticamente (TILLEY; SMITH JR., 2008). Por serem fungos oportunistas, os Aspergillus exigem hospedeiros com a imunidade comprometida, como em animais que possuem neoplasias, má nutrição ou outras condições que prejudiquem a imunidade do hospedeiro. São descritas três formas de apresentação da aspergilose: a nasal, a disseminada e a pulmonar.Por estarem presentes na poeira e no ar atmosférico, os esporos de Aspergillus são inalados com grande frequência. Normalmente quando ocorre a inalação dos esporos, em humanos ou animal sadio, ocorrem as respostas imunes locais envolvendo IgA e os macrófagos que eliminam esses esporos, evitando que tenha colonização fúngica. Os esporos podem permanecer por tempo prolongado no ar e contaminar qualquer superfície que entre em contato com este. Recentemente a água tem sido implicada como reservatório. A principal forma de infecção é por inalação dos esporos, mas também pode ocorrer infecção através de ingestão dos esporos ou por trauma tecidual, sendo menos comum. Quando inalados podem vir a serem direcionados à cavidade nasal e, ocasionalmente, chegar a atingir às porções inferiores do trato respiratório. 24 2. Discorra sobre a epidemiologia e agente etiológico da Coccidioidomicose. A coccidioidomicose é uma micose sistêmica que acomete o homem e uma ampla variedade de animais e é causada pelo fungo dimórfico geofílico Coccidioides immitis. A doença é adquirida pela inalação de artroconídios infectantes presentes no solo, onde o fungo cresce saprofiticamente sob a forma filamentosa. Usualmente, apresenta-se como uma infecção benigna e de resolução espontânea; porém, uma pequena proporção dos indivíduos infectados desenvolve quadros progressivos, potencialmente letais, podendo atingir, além dos pulmões, outros órgãos por disseminação hematogênica. A coccidioidomicose, também conhecida por doença de Posadas-Wernicke, reumatismo do deserto, febre do Vale de São Joaquim e granuloma coccidióidico, é uma micose sistêmica causada pelo C. immitis, fungo prevalente em regiões áridas e semiáridas do continente americano, ocorrendo entre os paralelos 40ºN e 40ºS, sendo o sudoeste dos Estados Unidos e o norte do México a maior área contíguaconhecida com grande prevalência. Ocorre também em áreas endêmicas da América Central e da América do Sul. A região semiárida do nordeste do Brasil só recentemente foi identificada como uma área endêmica de coccidioidomicose. Pelo pouco conhecimento da coccidioidomicose em nosso país, muitos casos dessa micose provavelmente são erroneamente diagnosticados como pneumonias inespecíficas, TB ou mesmo pneumoconiose e silicose. Recentemente, a partir de estudos de filogenia molecular, demonstrou-se a existência de outra espécie do agente etiológico, que estava "escondida" junto ao C. immitis, sendo chamada de Coccidioides posadasii, em homenagem a Alexandre Posadas, seu descobridor. Assim, conceitua-se atualmente que C. immitis corresponde aos fungos isolados na Califórnia, sobretudo no Vale do São Joaquim, nos Estados Unidos, e a espécie C. posadasii prevalece em todas as demais áreas endêmicas do continente americano, desde o sul dos Estados Unidos até a Argentina. Dessa maneira, o agente da coccidioidomicose no Brasil denomina-se C. posadasii. 25 3. Discorra sobre a Histoplasmose, seu agente etiológico, forma de transmissão e epidemiologia. A histoplasmose é uma doença fúngica sistêmica de caráter clínico agudo ou crônico, que pode resultar em infecção subclínica, pulmonar ou disseminada, acometendo humanos e animais. Esta micose é causada pelo fungo dimórfico saprófita do solo, Histoplasma capsulatum, que se apresenta no ambiente sob a forma filamentosa e no organismo do hospedeiro adquire a morfologia leveduriforme (LACAZ et al., 2002). Atualmente relatos indicam que a histoplasmose é comum em gatos assim como em cães, contrariando estudos anteriores que apontavam os gatos menos suscetíveis que cães. Sendo que dentre as micoses sistêmicas mais frequentes na clínica de pequenos animais, a histoplasmose é a segunda de maior ocorrência em gatos. A infecção por H. capsulatum nestas duas espécies geralmente é subclínica e apresenta uma variedade de manifestações clínicas, muitas vezes com sinais inespecíficos como febre, anorexia, emagrecimento progressivo e letargia. H. capsulatum está presente em solos úmidos com pH ácido e elevado teor de nitrogênio. Excrementos de aves e de morcegos favorecem seu crescimento, por este motivo pode ser encontrado nos habitats desses animais, como cavernas, minas, árvores ocas, sótãos ou porões de casas, galinheiros, construções abandonadas e áreas rurais. Nas últimas décadas, o fungo H. capsulatum tem sido descrito como um patógeno de caráter oportunista em pacientes humanos com distúrbios de imunidade celular, tais como transplantados, doentes imunodeprimidos, pacientes em corticoterapia prolongada e, principalmente, pacientes acometidos com a síndrome da imunodeficiência adquirida (CURY et al., 2001; FERREIRA; BORGES, 2009). H. capsulatum tem distribuição mundial principalmente em regiões de clima tropical e temperado, sendo endêmico no Continente Americano, embora alguns casos isolados de histoplasmose clássica tenham sido relatados na Europa e Ásia. A variedade capsulatum, responsável pela forma clínica mais comum da doença tem maior ocorrência nas Américas. Enquanto as variedades duboisii ocorrem nas regiões tropicais da África e farciminosum na Europa, África e Ásia, responsável pela linfangite epizoótica em equinos e mulas e já tendo sido relatada como agente causador da micose em cães no Japão. Nos EUA a maior prevalência localiza-se entre as bacias dos rios Ohio, Missouri e Mississipi, regiões que apresentam condições climáticas apropriadas para o crescimento desse fungo, como elevada umidade relativa do ar (67 a 87%) e índice de precipitação pluviométrica, 26 assim como temperatura média entre 20 e 30 oC. No Brasil já foram relatados surtos e/ou microepidemias em humanos nos Estados de Espírito Santo, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Distrito Federal, Paraíba, Amazonas, Bahia e Ceará. Utilizando o teste de reação dérmica com histoplasmina avaliou-se a prevalência, em diversas regiões do País, que apresentou taxas entre 2,6 a 93,2%, sendo encontrados os índices mais altos de positividade no Rio de Janeiro (AIDE, 2009). 4. O que é a Criptococose? Descreva seu agente etiológico, forma de transmissão, quadro clínico, diagnóstico e tratamento. A criptococose é uma doença infecciosa fúngica considerada incomum, potencialmente fatal, que afeta o homem, gatos, cães, equinos e outras espécies animais. O agente causador da criptococose é a levedura Cryptococcus neoformans (C. neorformans), de comportamento oportunista, encontrada tanto no ambiente como nos animais infectados. O C. neoformans é cosmopolita, isolado do solo, de frutas, da mucosa oronasal e da pele de animais e pessoas saudáveis e, principalmente, do solo rico em excretas de aves, particularmente de pombos, nas quais pode permanecer viável por no mínimo dois anos se não exposto a ambiente seco ou luz solar. É considerada micose sistêmica, subaguda a crônica, sem predisposição evidente por sexo ou raça. A transmissão entre animais e seres humanos é improvável. Acomete mamíferos domésticos, principalmente o gato e o cão, animais silvestres e o homem. A forma de infecção não está bem determinada. Sugere-se que as infecções ocorram principalmente pela inalação dos esporos e sua deposição no trato respiratório), e há relatos de transmissão via transcutânea em cães. A disseminação de C. neoformans ocorre via hematógena ou linfática, existindo um tropismo pelo sistema nervoso central (SNC), globo ocular, linfonodos e tecido cutâneo. O estabelecimento do quadro clínico e a disseminação da infecção parece ter estreita relação com a imunidade do hospedeiro. Os sinais clínicos podem ser divididos em quatro síndromes principais, podendo ser encontradas associações destas em um mesmo animal. A tosse pode estar presente em cães. A síndrome neurológica, mais comum em cães, pode apresentar-se como uma 27 meningoencefalomielite, estando os sinais neurológicos relacionados ao local da lesão. Observa-se principalmente desorientação, diminuição da consciência, dor cervical, espasticidade, andar em círculos, ataxia vestibular, pressão de cabeça, anisocoria, dilatação pupilar, cegueira, surdez, perda de olfato, ataxia progredindo para paresia, paraplegia e convulsões. A síndrome ocular manifesta-se por um complexo de sinais incluindo uveíte anterior, coriorretinite, neurite óptica, fotofobia, blefarospasmo, opacidade de córnea, edema inflamatório da íris e/ ou hifema. A síndrome cutânea ocorre preferencialmente na pele da cabeça e pescoço dos gatos. As lesões na derme caracterizam-se como nódulos múltiplos, de crescimento rápido, firmes e indolores que tendem a ulcerar e drenar exsudato serosanguinolento. Para o diagnóstico da criptococose são usados diferentes métodos dependendo da manifestação clínica. Na suspeita de criptococose neurológica a infecção é diagnosticada após identificação do agente no líquido cefalorraquidiano (LCR) por microscopia direta com coloração de Gram ou tinta nanquim, isolamento fúngico a partir de cultura do LCR ou detecção de antígenos capsulares com o teste de aglutinação em látex. O tratamento da criptococose no SNC utilizando anti-fúngicos convencionais como anfotericina B, cetoconazol e flucitosina individualmente ou em conjunto não mostraram bons resultados, visto que estas drogas possuem capacidade limitada de alcançar concentrações terapêuticas eficazes no SNC sem causar efeitos adversos. Alguns triazóis mais recentes, como o itraconazol e o fluconazol parecem mais eficientes no tratamento da criptococose, pois apresentam alta disponibilidade quando administrados por via oral e boa penetração no SNC, porém há experiência limitada com estas drogas e o tempo de tratamento eficaz é desconhecido, havendo limitações comoo custo e efeitos colaterais 5. Descreva a etiologia, patogenia, epidemiologia e sinais clínicos das Dermatofitoses. As dermatofitoses conhecidas, também, como “ringworm” ou "tinhas" são micoses cutâneas infecto-contagiosas de curso crônico determinadas por um grupo de fungos taxonomicamente relacionados chamado dermatófitos. Como são queratinofílicos a enfermidade está condicionada ao estrato córneo da pele e anexos, atacando pelos, 28 unhas, cascos, penas e as células queratinizadas da pele. Os dermatófitos infectam várias espécies animais inclusive o homem, sendo o Microsporum canis o agente mais comum em felinos e caninos; Trichophyton verrucosum em bovinos e Trichophyton mentagrophytes e Trichophyton equinum em equinos. Os dermatófitos produzem enzimas proteolíticas, que são liberadas durante o seu desenvolvimento, as quais são responsáveis pelas lesões características das enfermidades. As dermatofitoses dos bovinos e equinos têm como agentes etiológicos mais importantes e de maior ocorrência o T. verrucosum e T. equinum, respectivamente; ambos são zoofílicos e necessitam do contato direto (animal/animal; homem/animal) ou indireto (fômites) para a transmissão da doença. Quando as barreiras de defesa superficial como atividade mecânica, flora microbiana e pH da pele encontram-se alterados em consequência de fatores estressantes intrínsecos (idade, troca de dentes ou alguma doença de base) e/ou extrínsecos (clima, épocas de carência e manejo) os propágulos infectantes (conídeos) do Trichophyton sp. germinam e, graças a ação de potentes queratinases, invadem a queratina em poucas horas após a sua instalação. Com a maturidade sexual ocorre a produção de hormônios que tendem a diminuir o pH da pele dos bovinos tornando-o mais ácido e desta forma ajudam a impedir a fixação e germinação dos propágulos dos dermatófitos, especialmente T. verrucosum. As dermatofitoses são enfermidades de distribuição mundial, sendo comum em regiões de clima tropical e temperado, particularmente em áreas quentes e úmidas, embora os surtos em bovinos e equinos, na sua maioria, sejam observados nos meses de outono e inverno. Afeta bovinos, equinos, cães, gatos, suínos, aves, ovinos, humanos e animais silvestres, sendo os animais jovens mais suscetíveis que os adultos. As infecções são perpetuadas por animais portadores e a transmissão pode ocorrer de forma direta e/ou indireta, através dos conídeos do fungo. A introdução de animais portadores associada a fatores estressantes, como alta lotação, queda da resistência devido a carência alimentar, estresse da desmama e mudança de alimentação favorecem o surgimento da doença. Esses dermatófitos são transmitidos aos hospedeiros suscetíveis através do contato com pelos, pele ou crostas contaminadas. O contato pode ser via transmissão direta com um hospedeiro contaminado, indiretamente através de um fômite contaminado ou pelo ambiente onde os conídeos podem manter-se por vários anos desde que o meio se mantenha seco. Surtos de dermatofitose em bovinos causados por T. verrucosum têm 29 sido observados em diversos municípios da região sul do Rio Grande do Sul e na grande Porto Alegre, atingindo tanto animais adultos como jovens, durante os meses de outono e inverno, com prevalências de 7,5%-42,85%. Geralmente não há mortalidade, mas em um surto houve mortalidade de 1,66%. Casos de dermatofitose equina por M. gypseum têm sido, também, observados. No Rio Grande do Sul, a frequência de dermatofitose bovina e equina é maior no outono/inverno devido ao aumento do crescimento dos pelos dos animais, que associado às trocas metabólicas com desprendimento de calor, para manutenção da temperatura corporal, cria um microclima ideal para a germinação dos conídeos. No Mato Grosso do Sul a dermatofitose dos bovinos ocorre esporadicamente na maioria dos rebanhos de criação extensiva, enquanto nos confinamentos e estábulos a doença é mais frequente e dissemina-se rapidamente atingindo todo o lote. As lesões caracterizam-se por áreas de alopecia de bordos regulares, com descamação e formação de crostas de coloração acinzentada retratando fielmente a patogenia da doença. Em bovinos as lesões atingem, principalmente, a cabeça e o pescoço, podendo disseminarem-se para o tronco, membros e cauda. Em animais gravemente afetados observa-se emagrecimento e formação de crostas disseminadas por todo o corpo, que ao serem removidas deixam áreas úmidas e hemorrágicas. Em equinos as lesões iniciais são pequenas e normalmente observadas em áreas de abrasão, principalmente no lombo, garupa e cabeça. 6. Discorra sobre a Blastomicose canina, agente etiológico, sintomas clínicos e tratamentos. A blastomicose é uma doença respiratória causada pelo fungo Blastomyces dermatitidis que afeta os cães e os seres humanos. Em cães, os grupos de risco são animais jovens, de raças de grande porte, principalmente machos não castrados. A transmissão dessa doença ocorre pela inalação de esporos produzidos pelo fungo que se encontram no ambiente, esses esporos se alojam nos pulmões, causando uma infecção respiratória primária, que pode ou não se disseminar para o restante do organismo, os animais imunocompetentes geralmente apresentam infecção não apenas nos pulmões, mas também nos olhos e pele, manifestando pouco ou nenhum sinal clínico. O diagnóstico é 30 baseado na anamnese e em exames complementares que identifiquem as leveduras em amostras citológicas ou histológicas. Os sintomas principais dessas doenças são: letargia, fraqueza, anorexia, perda de peso, tosse, taquipneia, dispneia, aumento dos sons respiratórios, febre, lesões no focinho, conjuntivite e até cegueira. Os animais identificados como positivos para essa enfermidade devem receber tratamento com antifúngicos de ação sistêmica e os animais saudáveis devem evitar atividades de caça e esportes em regiões alagadiças e de acúmulo de matéria orgânica em decomposição, pois são locais onde o fungo pode estar presente. 7. Discorra sobre o agente etiológico, a forma de transmissão, os sintomas clínicos, a epidemiologia, como é feito o diagnóstico e o tratamento da candidíase canina. A candidíase canina é causada por um fungo do gênero Candida, que podem estar presentes no organismo do animal, mas sem causar doença, no entanto, se houver queda na imunidade esses microrganismos se reproduzem em excesso, causando lesões. O uso de corticoides, diabetes e lesões de pele podem predispor ao aparecimento da doença, que afeta predominantemente os ouvidos, embora possa causar lesões na pele, unhas. Vale ressaltar que esses microrganismos preferem ambientes úmidos e por isso e é preciso ter atenção com áreas do corpo permanentemente úmidas como é o caso do ouvido. Esse fungo pode ser transmitido pelo contato direto com aves, humanos e outros cães e gatos infectados ou através de materiais contaminados. As principais manifestações clínicas dessa enfermidade são: dermatite pustular persistente, dermatite ulcerativa, lesão crônica na pele, otite crônica, escurecimento dos pelos, alopecia, cistite recorrente e vaginite persistente. Na rotina clínica, para o diagnóstico dessa enfermidade, o médico veterinário deve realizar a anamnese e exames clínicos complementares como hemograma completo, microscopia direta, cultura fúngica e histopatologia. Para os animais diagnosticados como positivos para essa enfermidade, é necessário estimular a defesa imunológica do próprio animal com fármacos suplementares associados a medicamentos antifúngicos sistemáticos de amplo aspecto. Como forma de prevenção, recomenda-se higienização periódica do animal e do ambiente. 31 8. O que é a Pseudomicetoma Dermatofítico Felina? Descreva seu agente causador, a forma de transmissão, os sintomas clínicos e como é feito seu tratamento. A pseudomicetoma dermatofítico é umainfecção cutânea rara em gatos, geralmente causada pelo fungo Microsporum canis. Esse fungo é muito resistente e por isso as recidivas são comuns, mesmo após o tratamento prolongado. Gatos Persas com histórico de dermatofitose são predispostos ao surgimento de pseudomicetomas, formados após a invasão do subcutâneo e derme pelo agente etiológico. Para o diagnóstico correto, o médico veterinário deve realizar a anamnese e exames clínicos complementares como hemograma completo e exames complementares como cultura fúngica ou exame histopatológico. Como forma de tratamento para essa enfermidade, recomenda-se a retirada cirúrgica dos nódulos acompanhada do uso prolongado de antifúngicos. Antibióticos podem ser necessários para resolver problemas secundários. Como forma de evitar a contaminação, faz-se necessário que o animal portador seja separado dos demais e que o ambiente seja higienizado com frequência. 9. Descreva a Malasseziose Canina, explicando sobre seu agente etiológico, a forma de transmissão, os sintomas clínicos, diagnóstico e tratamento. A malasseziose é uma doença causada pelo fungo Malassezia sp. que está, normalmente, presente na flora tecidual sem causar problemas, mas seu crescimento descontrolado resulta no surgimento da infecção. Esse tipo de dermatite ocorre principalmente como consequência de lesões em pele causadas por prurido intenso, portanto, toda a pele e anexos podem ser afetados por esses fungos caso ele venha a se desenvolver descontroladamente. Vale ressaltar que essa doença não é transmissível e que suas manifestações clínicas principais são: prurido, alopecia, seborreia, descamação de pele, eritema, ulceração de pele, mau cheiro e hiperpigmentação da pele. Para diagnosticar essa doença, o médico veterinário deve realizar o exame clínico e 32 complementar com o hemograma, raspado cutâneo, biopsia e cultura de fungos. Para os animais diagnosticados como positivos para essa dermatite, o tratamento deve envolver o controle do crescimento descontrolado da Malassezia sp. com o uso de antifúngicos sistemáticos ou tópicos. Para evitar que esse tipo de proliferação aconteça é preciso evitar qualquer alteração que gere comprometimento da barreira protetora da pele, como por exemplo, o uso de produtos não prescritos ou impróprios para cães. 10. Qual o agente etiológico, a forma de transmissão, os sintomas clínicos, a epidemiologia, como é feito o diagnóstico e o tratamento da Esporotricose Canina? A esporotricose é uma micose zoonótica causada pelo fungo do Complexo Sporothrix schenkii, essa enfermidade é pouco frequente em cães, mas os gatos são muito suscetíveis a essa enfermidade. Os principais sintomas dessa doença são lesões nodulares avermelhadas individuais ou múltiplas na pele do animal que podem, no estágio grave, acometer ossos, pulmões e articulações. A transmissão acontece através do contato com objetos contaminados ou quando o fungo entra no organismo por meio de uma ferida na pele ou por pequenas lesões. Os principais locais onde são encontrados esses fungos são em plantas e no solo. Tais microrganismos têm preferência por regiões tropicais e subtropicais pois precisam de umidade e altas temperaturas para se replicarem. As formas de prevenção baseiam-se em medidas higiênico-sanitárias visando reduzir os riscos de transmissão do fungo para outros animais e até mesmo os humanos, além disso, os animais doentes devem ser mantidos em isolamento até o fim do tratamento. Para o diagnóstico dessa enfermidade, o médico veterinário deve avaliar o histórico do animal além de realizar exames complementares como hemograma, citologia e cultura de fungos. O tratamento para os animais positivados deve incluir antifúngicos orais. 33 REFERÊNCIAS BACCILI, C. A.; TORRES, F. D.; GOMES, V. Manejo sanitário contra herpes e vírus da diarreia viral bovina na fase reprodutiva. Disponível em: <http://www.milkpoint.br>. Acesso em: 17 jun. 2021. FLORES, E.F. Virologia Veterinária. 3.ed. Santa Maria: Ed. Da UFSM, 2017. 1136 p. MEGID, J., RIBEIRO, M.G., PAES, A.C. Doenças Infecciosas em animais de produção e de companhia. Rio de Janeiro: Roca, 2016. 1294p. PEGORARO, L. M. C.; SAALFELD, M. H.; WEISSHEIMER, C. F.; VIEIRA, A. D. Manejo reprodutivo em bovinos de leite. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2009. 38 p. (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 286). PITUCO, E. M. Aspectos clínicos, prevenção e controle da IBR. 2009. Artigo em Hypertexto. Disponível em: http://www.infobibos.com/Artigos/2009_2/IBR/index.htm>. Acesso em: 21 jun. 2021. OLIVEIRA, M. C. de S. Doenças infecciosas em sistemas de produção de leite. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 2006. 34 p. (Embrapa Pecuária Sudeste. Documentos, 50). RIET-CORREA, F.; SCHILD, A. L.; LEMOS, R. A. A.; BORGES, J. R. Doenças de ruminantes e eqüídeos. 3. ed. Santa Maria: Pallotti, 2007, 694 p. SANTOS, M. V.; TOMAZI, T. O que sabemos sobre a mastite? Estratégias de prevenção. Disponível em: <http://www.milkpoint.com>. Acesso em: 22 jun. 2021. 34 BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de Vigilância Epidemiológica – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 7ª edição. MORAES, Mário A P et al. Coccidioidomicose: novo caso brasileiro. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, [s. l.], p. 559 - 562 CRIVELLENTIN, L. Z.; BORIN-CRIVELLENTIN, S. Casos de rotina em medicina veterinária de pequenos animais. São Paulo, 2ª edição, MedVet, 2015. GREENE, C. E. Doenças infecciosas em cães e gatos . Grupo Gen-Editora Roca Ltda., 2015 SOUSA, Marlos Gonçalves. Doenças infecciosas: Criptococose. In: CRIVELLENTI, Leandro Z.; CRIVELLENTI, Sofia Borin. Casos de Rotina em Medicina veterinária de pequenos animais. 2. ed. São Paulo: MedVet, 2015. cap. 4, p. 156 - 157. QUEIRÓZ, João Paulo Araújo Fernandes et al. Criptococose - Uma revisão Bibliográfica. Acta Veterinaria Brasilica, [s. l.], ano 2008, v. 2, ed. 2, p. 32 - 38, 17 dez. 2008. MOÇO, H. F. et al. Dermatite por Malassezia. Anais do X Simpósio de Ciências Aplicadas da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal (FAEF). Editora FAEF, pg. 241 a 243, 2007. Lopes N. L.; Peixoto A. P.; Ferreira F. F.; Costa T. S.; Pinto T. G.; Laguna A. G. V.; Barbalho C. M.; Fernandes J. I.; Ramadinha R. R. Aspectos clínicos de cães com esporotricose atendidos no hospital veterinário da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, v. 13, n. 3, p. 43-43, 18 jan. 2016.
Compartilhar