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Carolina Mendes – MED102 Dor Torácica – Sandra Objetivo da aula: identificas as principais causas de dor torácica, conhecer as características da dor torácica de origem cardíaca e diferenciar a dor torácica de origem coronariana de outras causas de dor torácica. É importante diferenciar a dor torácica de origem coronária porque a doença coronariana é uma doença de alta mortalidade, sendo uma das que mais mata no mundo. Então é importante que a gente saiba ao identificar um paciente com dor torácica na emergência, 70% dos atendimentos são por conta de dor torácica, é importante avaliar se é de origem isquêmica do miocárdio, de alta mortalidade, ou não. Tem uma outra doença do coração de alta mortalidade que é a dissecção aguda de aorta, que também precisa ser identificada. Então nós temos a dor torácica que pode ser de origem cardíaca ou de origem não cardíaca. Das de origem não cardíaca, nós temos as que podem ser causadas por distúrbios gastroesofagianos: → Espasmo de esôfago: uma dor retroesternal, em aperto, pode simular uma dor de doença cardíaca → Doença Ácido Péptica: pode dar tanto uma dor retroesternal mas pode localizar na região epigástrica → Refluxo Gastroesofágico Dor muscular é muito comum nas emergências, é de fácil localização, o paciente aponta onde dói e se apertar onde ele aponta, ele refere que a dor piora. Esse tipo de dor que piora quando aperta e piora com movimento do tórax, não é dor de origem cardíaca. Outra dor que pode simular uma dor do infarto é o paciente que chega na emergência com síndrome do pânico, as vezes o paciente simula toda sensação de mal estar de um paciente que possa estar enfartando. No paciente com síndrome do pânico, além de dados de HPP, dados do exame físico, as vezes até exame complementar será preciso para ter certeza que esse paciente está tendo síndrome do pânico e não um infarto agudo do miocárdio. As próximas três dores estão relacionados a problemas do pulmão, que são paciente com pneumotórax, pneumonia e pleurite. A Zóster, que é causado pela Varicela Zoster, mesmo vírus que causa catapora, ela pode ter Zoster a nível de região torácica e o paciente chega na emergência referindo dor, só que essa dor muita das vezes vem antes das vesículas, essa dor é diferente, aguda, em trajeto do nervo intercostal, tem características diferentes da dor de doença coronariana. As dores de origem cardíaca, temos dois grupos: isquêmica e não isquêmica → Não isquêmica ∙ Pericardite ∙ Valvular: tem duas que causam dor no peito, uma é estenose aórtica, que o paciente com a válvula estenosada ele pode ter hipertrofia do músculo cardíaco e para conseguir vencer a resistência desse músculo cardíaco, ele aumenta muito o consumo de oxigênio no músculo e essa falta de oxigênio no músculo cardíaco vai gerar dor, assim como a falta de oxigênio em qualquer lugar do corpo. A outra doença valvular que causa dor é a insuficiência aórtica, porque como o fluxo de sangue durante a diástole que devia perfundir a coronária e ele volta para o ventrículo esquerdo, esse paciente tem baixa oferta de oxigênio para o músculo cardíaco então ele vai ter dor porque também tem um distúrbio na oferta e consumo de oxigênio. ∙ Dissecção Aórtica ∙ TEP → Isquêmica: são as dores do grupo de doenças conhecidas como doença da artéria coronariana. ∙ Angina Estável ∙ Angina Instável ∙ Infarto Agudo do Miocárdio Essas são causadas por uma obstrução na placa coronariana ou por um espasmo na mesma, ela acontece na circulação coronariana, porque como dito anteriormente, quase todo oxigênio que chega para irrigar o musculo cardíaco pelas coronárias, 89% do oxigênio é consumido. Então se tiver uma placa que está obstruindo e não está deixando Carolina Mendes – MED102 chegar os 100% de oxigênio, começa ter uma oferta diminuída e qualquer consumo aumentado, como uma hipertrofia muscular ou aumento do débito cardíaco por atividade física, aumento de consumo por um paciente com hipertireoidismo ou até mesmo o estresse emocional, esse aumento de consumo por uma baixa na oferta vai gerar uma falta de oxigênio no músculo, essa falta vai gerar dor porque gera isquemia que significa que aquele músculo está com pouco oxigênio porque sua circulação está comprometida. Aqui nessa imagem, nós temos uma artéria coronária normal em que a luz dela não tem nenhum tipo de obstrução. A medida que vai sendo formada placas dentro dessa artéria, o seu diâmetro vai diminuindo, ai começa a diminuir a oferta de oxigênio. Só que até 70% de obstrução, na maioria das vezes, o paciente não sente nada, são assintomáticos. Quando passa de 70% esse paciente começa a ter manifestação de falta de oxigênio, mas essa manifestação começa quando o paciente aumenta o consumo ou seja o paciente não sente nada em repouso, mas sim quando faz algum esforço físico podendo ter dor. A medida que isso progride, o paciente começa a ter dor até mesmo em repouso, porque a obstrução no vaso vai aumentando, e a oferta vai diminuindo mesmo que parado. Existe o evento agudo que é o infarto agudo do miocárdio ou angina instável que é quando a placa que era fixa, causada pelo deposito de gordura, ela faz com que o endotélio seja inflamado, e ele vai se romper, quando o endotélio rompe, tem uma lesão endotelial vai ter os fatores de coagulação intervindo nesse endotélio e gerando coagulo, formando um coagulo em cima da placa e obstruindo totalmente o vaso. Quando isso acontece tem o infarto agudo do miocárdio, antes do infarto, pode ter uma ruptura dessa placa mas com o coagulo ainda permitindo o fluxo de sangue e esse paciente começa a ter dor mesmo no repouso, é o paciente que a gente diz que tem angina instável. Então nas formas clinicas de angina, vai ter três classes: → Angina Estável → Angina Instável → Infarto Agudo do Miocárdio A placa que rompe pode ser responsável tanto pelo quadro de angina instável quando pelo quadro de infarto agudo do miocárdio. Todo paciente que enfarta tem que ter uma placa quase obstruindo o vaso? Não! Às vezes tem paciente na fase assintomática que por um fator inflamatório por algum distúrbio, ele pode romper essa placa que ainda estava menor de 70% para causa dor, e pode ter infarto sem nunca ter tido angina. A doença mesmo tendo essa característica evolutiva, de evolução dessa placa até se romper, ela pode ser aguda, pode existir uma formação aguda da placa, ela se rompe e tem o coagulo. Pode existir uma formação aguda de um distúrbio no endotélio, formar o coágulo e ele obstruir e o paciente enfartar. Pode um paciente ter um distúrbio endotelial que vai só gerar um espasmo da coronariana que vai chegar toda e esse paciente vai enfartar. É importante lembrar da anatomia, porque tem que saber, por exemplo, qual parede a artéria descendente anterior irriga, é a parede anterior do ventrículo esquerdo, tem que saber isso porque tem que saber qual parede que enfartou e consequentemente qual foi a coronária acometida. Característica da dor da doença coronariana: dor em aperto, tórax inclinado para frente, mão espalmada no peito e fácie de angustia. Fatores desencadeantes da dor: frio, esforço físico, qualquer causa de aumento de consumo e de débito cardíaco, estresse. Sinal de Levine: mão espalmada no peito com essa sensação de que ele está apertando o peito. A dor isquêmica irradia com frequência para ombro esquerdo, face ulnar do braço, região epigástrica, região cervical, para mandíbula e menos frequente para o ombro direito. Angina Carolina Mendes – MED102 Dor retroesternal ou precordial, tipo opressiva irradiada para o membro superior esquerdo, com duração de 3-10 minutos, desencadeada com esforços e aliviada com repouso euso nitrato. Toda vez que a gente pega um paciente com esse tipo de dor 95% de chance dessa dor ser isquêmica. Angina Estável: é a que tem a placa fixa. Começa a ter obstrução em torno de 70% da luz do vaso. Vai ser uma dor que vai aparecer com esforço e com o mesmo nível. Ex: toda vez que ando 1 km eu sinto dor no peito. Porque essa marcação é fixa? Porque a placa é fixa e só quando eu chego naquele nível de consumo em que o fluxo não é mais suficiente para irrigar o miocárdio, que ele começa a sentir dor. Só que no momento que ele diminui o consumo, a dor dele vai desaparecer com repouso em torno de 5-10 minutos. Se esse paciente procurou um médico e já foi tratado, ele vai melhorar com o uso de nitrato que é uma substancia que dilata o vaso, e ele vai melhorar com 3 -5 minutos. O paciente que chega a emergência com dor no peito, ele pode ser orientado a procurar um cardiologista porque não tem alto risco. Mas ao mesmo tempo que você orienta esse paciente a procurar um cardiologista, você precisa orientar que se ele tiver mudança no padrão da dor, a dor não melhora que dura 10 minutos, não melhora com nitrato que podem conduzir um paciente de baixo risco para paciente com alto risco. A doença coronariana, na maioria das vezes ela “avisa” que vai acontecer, então o paciente mal orientado não procura o médico. É importante a orientação de qualquer tipo de dor torácica tem que ser procurado o médico e esse médico tem que avaliar e orientar o que precisa ser feito ou não. Existe uma classificação par angina: Classe 1: na atividade física habitual não causa angina. Mas ocorre se fizer exercícios extenuantes e prolongados. Classe 2: limitação discreta da atividade usual. Angina ocorre ao subir escadas rapidamente, caminha em ladeira, caminhar ou subir escadas após refeições ou no frio ou no vento ou sob estresse emocional, ou apenas durante algumas horas após despertar. Classe 3: começa a ter limitações marcares das atividades físicas usuais. Angina ocorre caminhando um a dois quarteirões no plano e subindo um andar e escadas em ritmo normal. Classe 4: angina instável. Paciente mesmo em repouso sente dor. Sente dor para atividades pequenas do dia a dia como tomar banho, calçar sapatos, escovar os dentes. Angina Instável: é a classe IV da ainda. É a dor que aparece com repouso ou a esforços muito pequenos, que habitualmente não a provoca. Tem uma mudança rápida na característica da dor, agora está mais forte que o habitual. A dor é relacionada com a presença de um coagulo sobre a placa. A dor não desaparece com o repouso. Dura de 10 a 30 minutos, desaparece com nitrato após 10 minutos ou mais. Infarto Agudo do Miocárdio: pode ser da mesma maneira que angina instável, aparece em pequenos esforços ou em repouso. A diferença é a intensidade da dor, a angina instável o paciente pode ter dor 8 ou 9, no infarto a dor é nota 10, sensação de morte associada. Também é relacionada com coágulo sobre a placa e é acompanhada de sintomas associados como sudorese, náuseas, vômitos e palidez cutânea. Não tem sensação de alivio com nada que você faça. Tem fácies de dor e angustia. A dor não melhora com nitrato, dura mais que 30 minutos e só desaparece com derivado morfínico. A diferença entre infarto agudo e angina instável: a duração da dor e melhora por nitrato. A angina instável dura 30 minutos e melhora com nitrato o infarto agudo do miocárdio leva mais que 30 minutos e não melhora com nitrato, a intensidade da dor é maior e o paciente pode ter características na ectoscopia que mostra que ele está bem pior que uma angina instável. O infarto agudo do miocárdio, a placa rompeu e obstruiu todo o vaso, não passa mais fluxo de sangue, o músculo depois dessa obstrução fica isquêmico. O tratamento do infarto hoje em dia é fazer o cateterismo/angioplastia nesse paciente, nem sempre é possível porque para fazer o cateterismo na hora, tem que ter um laboratório de hemodinâmica disponível, que não é a realidade de todos os hospitais brasileiros. Pode tratar o paciente com um trombolítico, drogas que vão dissolver esse trombo, ou com um stent que você vai colocar dentro da artéria que tem um trombo, entra na artéria, dilata, coloca uma rede que protege o endotélio para que não faça um espasmo e para que não feche novamente e forme um novo coágulo. Carolina Mendes – MED102 O padrão de tratamento ideal é angioplastia nas primeiras 6 horas de dor, mas não é possível para todos. Então o médico tem que avaliar se tem a possibilidade de mandar o paciente para uma angioplastia ou se vai fazer o trombolítico que vai tirar aquele trombo que existia ali e vai melhorar aquele paciente até que ele possa ser encaminhado para fazer a angioplastia. Diagnóstico diferencial Quando a gente fala de doença coronariana, a gente tem que lembrar dos diagnósticos diferenciais dela. Que são: → Dor de condricte ou ósteo-muscular da parede torácica: é diferente porque o paciente aponta onde dói, não espalma a mão. Quando você aperta ele diz onde dói. → Dor pleurítica: dor com piora quando respira, a dor do infarto não tem relação com a respiração. → Dor de espasmo esofageano: é bem parecida por ser retroesternal mas na história do paciente consiga identificar caso de refluxo e ai vai avaliar o tempo de dor, característica. → Dor da pericardite: é em pontada, perfurante ou opressiva, que piora com tosse, inspiração ou decúbito dorsal, deglutição, varia de intensidade, de localização precordial e irradiação para o dorso, trapézio do lado esquerdo e região epigástrica. Alivia com a posição sentada e inclinação para frente (a dor é do tipo pleurítica), é uma dor que dura dias. Pericardite viral e tuberculosa são frequentes. → Dor da dissecção aórtica: o infarto tem mortalidade alta mas a dissecção de aorta também, em torno de 80%. O infarto é muito mais fácil de conduzir e tratar do que a dissecção. A dor da dissecção o paciente diz que está rasgando o peito em direção ao dorso, é uma dor que vai da frente para trás, vai do centro da região, é uma dor lancinante que pode irradiar para o abdômen, não melhora nem com morfina (diferente do infarto). Paciente tem uma intensa inquietude por conta do desconforto nas costas. Palidez cutânea, hipertensão arterial (uma das causas, porque fica fazendo lesão no endotélio até que rompe a lamina e o fluxo ao invés de passar dentro do vaso, passa entre da lâmina externa e interna e vai rasgando). A gente tem como fazer diagnóstico pela história clínica, é importante saber se é dissecção de aorta ou infarto. Se você acha que o paciente tem um trombo na coronária e dá a esse paciente um trombolítico, mas na verdade ele tem uma dissecção de aorta isso é muito grave, porque o que pode melhorar esse quadro, até levar esse paciente até uma sala cirúrgica ou até um laboratório de hemodinâmica, é quando ele forma um trombo que obstrui essa dissecção que ele está tendo. No infarto eu tenho um trombo que eu preciso tirar, na dissecção eu tenho um trombo que eu preciso que ele fique ali. Embolia pulmonar: quando é microembolias que levam a dor torácica e pequenas embolias, ela tem outros sintomas associados que o paciente com infarto não tem, como dispneia, tosse, hemoptise, síncope, taquipnéia, hiperfonese P2 (segunda bulha), taquicardia, febre, cianose. Tem um quadro muito mais voltado para o lado respiratório do que o cardiovascular.
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