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Dismorfia muscular Dismorfia muscular é um subtipo do transtorno dismórfico corporal que ocorre principalmente em homens que, apesar da grande hipertrofia muscular, consideram-se pequenos e fracos. (ASSUNÇÃO, 2002) A dismorfia muscular é um tipo do transtorno dismórfico muscular em que os indivíduos desenvolvem preocupações patológicas com sua musculatura A dismorfia corporal é um transtorno psicológico em que existe preocupação excessiva pelo corpo, fazendo com que a pessoa super valorize pequenas imperfeições ou imagine essas imperfeições, resultando num impacto muito negativo para a sua auto-estima, além de afetar sua vida no trabalho, escola e no convívio com amigos e familiares. (RAMIREZ, 2021) INTRODUÇÃO O “culto ao corpo”, teve suas origens desde a antiguidade ocidental, vem contribuindo para o surgimento de transtornos psiquiátricos como a Dismorfia Muscular, levando indivíduos ao consumo de substâncias ergogênicas com o fim de alcançar o “corpo ideal” de forma mais rápida. (MAIA, ET AL, 2016) A preocupação excessiva com o corpo e os transtornos relacionados a alterações de imagem corporal pareciam acometer, até recentemente, quase que exclusivamente indivíduos do sexo feminino. No entanto, estas alterações têm sido cada vez mais descritas em indivíduos do sexo masculino. Ao contrário das mulheres que procuram tornar-se magras, indivíduos do sexo masculino preocupam-se em se tornarem cada vez mais fortes e musculosos. A dismorfia muscular, quadro associado à distorção de imagem corporal em homens, parece ser uma resposta equivalente àquela feminina em se adequar ao padrão corporal ideal. (ASSUNÇÃO, 2002) Desde o início da humanidade, a presença física, assim como a beleza estética, a perfeição e a simetria corporal eram aspectos essenciais e vistos como atributos indispensáveis para a sobrevivência do homem. A mídia e a indústria da beleza podem ser apontadas como os elementos estruturantes para a prática do culto ao corpo. A prática do “culto ao corpo” é colocada como uma preocupação que atravessa todas as áreas, classes sociais e faixas etárias, firmadas num discurso que, em alguns momentos, exclui a questão da estética e, em outros, ignora a preocupação com a saúde. Criam-se imagens e discursos de acordo com os interesses econômicos, padrões morais e argumentos científicos de cada momento histórico. (MOTA & AGUIAR, 2011) A importância que a sociedade demonstra em relação à aparência física é notória na atualidade. Isso pode ser demonstrado, em parte, pela grande presença de matérias relacionadas à saúde, alimentação e exercício físico em qualquer veículo de comunicação. É sabido que fatores ambientais têm influência na gênese dos transtornos alimentares, O mesmo parece ocorrer com a dismorfia muscular, onde nas academias parecem ser o ambiente ideal para indivíduos com esse transtorno. (ASSUNÇÃO, 2002) CONCEITO DE DISMORFIA MUSCULAR Dismorfia muscular, quadro descrito inicialmente sob a denominação de anorexia nervosa reversa, em estudo foi analisado fisiculturistas que se descreviam como muito fracos e pequenos, quando na verdade eram extremamente fortes e musculosos. (ASSUNÇÃO, 2002 APUD POPE ET AL, 1993) Característica principal da dismorfia muscular, A preocupação de um indivíduo de que seu corpo seja pequeno e franzino, quando na verdade é grande e musculoso. Está relacionado a padrões de alimentação específicos, geralmente compostos de dieta hiperprotéica além de inúmeros suplementos alimentares a base de aminoácidos ou substâncias para aumentar o rendimento físico. (ASSUNÇÃO, 2002) Atividade física pode ser realizada de forma excessiva, inclusive causando prejuízos nos funcionamentos social, ocupacional e recreativo do indivíduo, chegando a ocupar de 4 a 5 horas por dia. As atividades aeróbias são evitadas para que não ocorra perda da massa muscular adquirida durante as pesadas sessões de musculação. Os possíveis ganhos musculares são checados exaustivamente, Pensamentos intrusivos de que estão fracos ou que precisam se tornar mais fortes são vivenciados por mais de 5 horas diárias, Estes pensamentos influenciam a auto-estima e a concentração dos indivíduos acometidos e os próprios consideram o tempo gasto com estes pensamentos excessivo. (ASSUNÇÃO, 2002) O uso dos esteroides e anabolizantes são usados com o objetivo de aumentar a força muscular ou melhorar a aparência. Seus usuários acreditam que estas drogas proporcionam sessões de atividade física mais intensas por retardar a fadiga, aumentar a motivação e a resistência, estimular a agressividade e diminuir o tempo necessário para a recuperação entre as sessões de exercício. Além disso, os esteróides anabolizantes teriam ação direta no crescimento do tecido muscular. (ASSUNÇÃO, 2002) Indivíduos procuram na prática de musculação uma autoafirmação social, fato que se agrava quando estes indivíduos passam a se submeterem a tratamentos com o uso de esteroides e estimulantes. (MAIA, ET AL, 2016) O uso de esteróides anabolizantes está associado a uma série de problemas tanto físicos quanto psiquiátricos: · Físicos: doenças coronarianas, hipertensão arterial, tumores hepáticos e, por alterar os níveis de hormônios sexuais, hipertrofia prostática, atrofia testicular, atrofia mamária, alteração no padrão de pilificação, alteração da voz e hipertrofia de clitóris em mulheres. · Psiquiátricas: sintomatologias psicótica e maniforme na vigência do seu uso e sintomas depressivos quando de sua abstinência. Especula-se também um fator de associação entre criminalidade e uso de esteróides anabolizantes. CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO DE DISMORFIA MUSCULAR Quadro II: Critérios para diagnóstico de dismorfia muscular – Preocupação do indivíduo com o fato de que seu corpo não seja suficientemente forte e musculoso. – Presença de sofrimento e prejuízo social, ocupacional e em outras áreas de funcionamento clinicamente significantes diante de tal preocupação. – Desistência de atividades sociais, ocupacionais ou recreativas importantes, pois o sujeito tem uma necessidade compulsiva de manter sua rotina de exercícios físicos ou sua dieta. – Evitamento, por parte da pessoa, de situações nas quais seu corpo possa ser exposto, ou, quando não puder evitá-las, vivência de sofrimento e ansiedade intensos. – Opção por exercitar-se, fazer dieta ou usar substâncias para melhorar seu desempenho a despeito de efeitos colaterais ou consequências psicológicas. (MOTA & AGUIAR, 2011) SOBRE OS ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E ETIOLÓGICOS Algumas informações sobre essa doença e as suas causas que potencializam a mesma · Quadro ainda não validado nem presente nos manuais diagnósticos em psiquiatria. · Não contamos ainda com estudos epidemiológicos na população geral (amostras selecionadas, com atletas ou fisiculturistas) · Aspectos socioculturais parecem desempenhar um papel fundamental na gênese da dismorfia muscular. · A alta prevalência de comorbidades entre os indivíduos com dismorfia muscular sugere que este quadro possa fazer parte de um grupo de sintomas com características em comum, como os transtornos alimentares, transtorno obsessivo-compulsivo e outros transtornos dismórficos corporais. · Indivíduos com dismorfia muscular após desenvolvido o quadro de dismorfia muscular, costumam fazer uso de esteróides anabolizantes, sugerindo que estes possam causar alterações na percepção da imagem corporal. CONSIDERAÇÕES FINAIS A dismorfia muscular é um quadro ainda pouco estudado, mas que parece ser prevalente entre indivíduos do sexo masculino. Uma vez que pode ter sua gênese parcialmente explicada por fatores ambientais, uma crescente pressão, exercida em grande parte pela mídia, para que os homens tenham um corpo forte e musculoso pode acarretar um aumento na incidência do transtorno. A dismorfia muscular está associada a sofrimento e prejuízos em várias áreas de funcionamento do indivíduo. Além disto, sua presença pode aumentar o risco de uso de esteróides anabolizantes, drogas com conseqüênciaspotencialmente perigosas. Apesar de seu tratamento ainda não estar definido, é importante que o quadro seja identificado e que as diretrizes terapêuticas atualmente disponíveis sejam aplicadas. (ASSUNÇÃO, 2002) O uso de medicamentos antidepressivos, ansioliticos e realização de sessões de psicoterapia, com ajuda de um psicólogo ou psiquiatra, ajudam no tratamento (RAMIREZ, 2021) Dados mostram que terminologias são adotadas com o passar dos anos, pelo incremento de novos conceitos e classificações, bem como uma leve despreocupação dos profissionais competentes pela pouca abordagem do assunto. Pela realidade demonstrada nos trabalhos encontrados percebeu-se que a patologia supramencionada não é bastante explorada nas academias. O que leva a construção de profissionais inabilitados a lidar com o assunto. Bem como, foi vista uma influência sócio cultural na construção e caracterização da doença. O ideal de ‘corpo perfeito’ parece ser atualizado de acordo com as tendências da época. (MAIA, ET AL, 2016) Nos últimos tempos, o transtorno da imagem corporal cresceu mais entre os homens do Ocidente, concluindo que a dismorfia muscular atinge de 1% a 2% dos homens ocidentais e, em contrapartida, há o conhecimento de apenas um caso de dismorfia muscular na Ásia, o que demonstra a raridade deste transtorno em sociedades não ocidentais. Questionando os motivos que levam os homens ocidentais a estarem vulneráveis aos transtornos da imagem corporal. Algumas dessas motivações podem ser as seguintes: os homens ocidentais possuem ideias irreais de seu corpo; e a sociedade ocidental está valorizando cada vez mais o corpo masculino. A dismorfia muscular é uma síndrome emergente entre os praticantes de exercícios físicos e pode estar relacionada com outros tipos de transtornos, como o transtorno alimentar. Poucos são ainda os estudos que tratam sobre essa síndrome, o que traz a necessidade de se desenvolverem pesquisas a respeito do assunto em destaque para que, dessa maneira, seja possível, talvez, conscientizar os praticantes de exercícios físicos com peso sobre o fato de que essa atividade, executada de maneira exacerbada, por vezes pode trazer graves prejuízos à saúde do indivíduo (MOTA & AGUIAR, 2011) . REFERÊNCIAS ASSUNÇÃO, Sheila Seleri Marques. Dismorfia muscular. Rev. Bras. Psiquiatr. vol.24 suppl.3 São Paulo Dec. 2002 Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462002000700018#:~:text=A%20dismorfia%20muscular%20%C3%A9%20um,consideram%2Dse%20pequenos%20e%20fracos MOTA, C. G. AGUIAR, E.F. Dismorfia Muscular: Uma nova síndrome em praticantes de musculação. Revista brasileira de ciências da saúde, ano 9, nº 27, jan/mar 2011. Disponível em: file:///C:/Users/User/OneDrive/%C3%81rea%20de%20Trabalho/FACULDADE%202020%202/NECESSIDADE%20ESPECIAIS/seminario/1340-Texto%20do%20Artigo-4508-1-10-20110909.pdf MAIA, A.A.ET AL. Dismorfia muscular: um transtorno dismórfico corporal. Revista Encontros Universitários da UFC, Fortaleza, V. 1, 2016. Disponível em: http://www.periodicos.ufc.br/eu/article/view/17750 RAMIREZ, G. Dismorfia corporal: o que é, sintomas e tratamentos. Site Tua Saúde. Janeiro 2021 Disponível em: https://www.tuasaude.com/dismorfia/ http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452014000100007