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LUANA PONS POSSER – ATM 25/2 - FEEVALE @resumed.lu FARMACOCINÉTICA CLÍNICA Entre uma dose de fármaco administrada por um profissional e os efeitos do fármaco ocorrem diversas coisas no caminho. Há também várias fontes de variabilidade de pessoa para pessoa. Fatores que causam essa variabilidade Na farmacocinética, ocorrem entre a dose prescrita e a concentração do fármaco no local de ação. • Adesão ao tratamento; • Erros de dosagem de medicação; • Variações na absorção; • Composição corporal (pessoa obesa tem mais tecido adiposo, distribuição diferente); • Interações medicamentosas; • Velocidades de eliminação diferentes; • Tolerância, mecanismos de receptores, etc. ➔ Necessidade de estratégias mais racionais para utilizar tratamentos -> medicina de precisão ➔ Testes farmacogenéticos podem ser usados clinicamente para seleção de fármacos e doses. Monitoramento terapêutico de fármacos Especialidade clínica multidisciplinar que busca melhorar o cuidado dos pacientes ajustando individualmente a dose de fármacos que, em ensaios clínicos, mostraram que isso melhora os resultados na população em geral ou em uma população específica. PODE SER BASEADO EM: • informações a priori (dados farmacogenéticos, dados demográficos e clínicos) • informações a posteriori (monitoramento farmacocinético e/ou monitoramento farmacodinâmico) É medir, no laboratório, concentrações de fármacos no sangue do paciente e verificar se as concentrações presentes estão dentro da faixa terapêutica ou não. Normalmente, há curvas diferentes para a probabilidade de resposta tóxica e resposta terapêutica em relação a concentração. ➔ Permite obter concentrações terapêuticas de forma mais rápida e segura; ➔ Busca um equilíbrio entre resposta e toxicidade. O Monitoramento Terapêutico de Fármacos (MTF) existe porque sabemos que existe uma variabilidade farmacocinética interindividual que acontecem devido aos fatores como: • Variações na absorção • Variações na distribuição • Diferenças genéticas que modificam o metabolismo • Estados patológicos (doenças renais ou hepáticas) • Características fisiológicas (idade, obesidade) • Interações entre fármacos QUANDO O MTF É ÚTIL? • Quando existe uma correlação definida entre a concentração do fármaco no plasma e a resposta farmacológica (estudos clínicos) • Quando existe muita variação na farmacocinética • Quando o fármaco tem um intervalo terapêutico estreito (a diferença entre concentrações terapêuticas e tóxicas no sangue é pequena) • Quando não conseguimos medir o efeito terapêutico mais simples QUANDO O USO DO MTF É LIMITADO? • Quando não conhecemos as concentrações-alvo que se deseja alcançar • Quando o fármaco forma muitos metabólitos, tornando difícil fazer a medida dele em laboratório • Quando o fármaco pode provocar eventos tóxicos mesmo em doses baixas (quimioterápicos) • Quando não tem muita consequência da concentração ser alta (omeprazol p. ex.) CICLO IDEAL DE TOMADA DE DESISÕES COM MTF • A dose inicial é decidida de acordo com as características do paciente. • O efeito de um fármaco também pode ser determinado pelo tempo presente no local de ação. LUANA PONS POSSER – ATM 25/2 - FEEVALE @resumed.lu Modelos Farmacocinéticos São feitos para prever o comportamento cinético de fármacos, assim conseguimos calcular que dose usar para cada pessoa para atingir a concentração desejada no plasma (é mais usado em pessoas em estado mais crítico). Para isso, precisamos usar “modelos” do comportamento dos fármacos. MODELOS COMPARTIMENTAIS • São os mais simples. • São mais comuns os modelos de um (+ simples), dois e de múltiplos compartimentos. • Os compartimentos representam tecidos de características semelhantes, tecidos altamente perfundidos normalmente representam o compartimento central. • Descrevem matematicamente as concentrações ao longo do tempo. 7 ➔ Modelos de um compartimento são muito úteis para fármacos muito polares que não se distribuem muito para os tecidos extravasculares. Fármacos como antibióticos aminoglicosídeos. ➔ O mais usado na prática clínica. ➔ É assumido que após uma dose, a distribuição ocorre de forma instantânea. ➔ No modelo de dois compartimentos o fármaco chega rápido no sangue e em órgão muito irrigados e depois chega em órgão menos irrigados. ➔ Distribuição não homogênea. ➔ Administração em bolo (intravenosa). ➔ Ex: Digoxina, concentrações do início caem rápido e depois mais devagar (fase pós-equilíbrio). Fase de distribuição é aparente por 4 a 6h após a administração. As amostras para o MT devem ser obtidas depois do fim da fase de sitribuição. ➔ Quando é alcançado um equilíbrio entre o compartimento central e os fluidos e tecidos periféricos a curva se torna linear. ➔ Para alguns fármacos, como os aminoglicosídeos, a fase de distribuição é curta (15-20min). Se as concentrações são medidas após esse tempo, pode- se usar o modelo de um compartimento. NOTA - Creatinina é um indicador de função renal - Clearance da creatinina é proporcional a capacidade de eliminação da pessoa Taxas: • Expressam modificações ocorridas nos processos corporais ao longo do tempo. • Taxa de eliminação: mudança das concentrações do fármaco no corpo ao longo do tempo (a maioria dos modelos presume que essa taxa não muda ao longo do tempo - CONSTANTE). • Quanto mais fármaco no corpo, mais tu elimina. Quanto menos fármaco, menos tu elimina. MODELOS FISIOLÓGICOS • Normalmente usados na indústria farmacêutica para modelagem e simulação de dados de concentração de fármacos. • Normalmente requerem equações diferenciais para cada órgão. • Raramente usados na farmacocinética clínica. • Vantagens dos modelos PBPK: Potencialmente mais realistas; Podem gerar predições sem necessidade de dados in vivo. • Desvantagens dos modelos PBPK: Grande número de equações para descrever o modelo, requerendo significativa capacidade computacional; Necessário o conhecimento de um grande número de parâmetros fisiológicos, em diferentes condições. Componentes dos modelos PBPK: - Parâmetros fisiológicos: fluxo de sangue e os volumes dos órgãos que compões o modelo - Parâmetro dos fármacos: coeficientes de partição tecido/plasma, lig. a proteínas, clearance intrínseco para cada via de eliminação - Estrutura do modelo: nº de organização dos tec. LUANA PONS POSSER – ATM 25/2 - FEEVALE @resumed.lu Biotransformação É o processo no qual o fármaco é transformado em outras moléculas por nossas enzinas, normalmente essas outras moléculas são mais polares (mais solúveis em água, o que facilita sua eliminação por via renal). • Pode resultar na formação de um metabólito ativo ou inativo que pode ser eliminado de forma mais rápida ou mais lenta que o composto original. Pró-fármaco: quando a metabólito é muito mais potente que o fármaco. Ex.: Carbamazepina-10, 11-epóxido, formada a partir da carbamazepina (usado para epilepsia). Prednisolona, formada a partir da prednisona (corticóide de uso oral). BIOTRANSFORMAÇAO HEPÁTICA Fase I – gera compostos mais hidrossolúveis (normalmente) - Mais sujeitas a interações com outros fármacos e alimentos - Citocromo P450 (CYP) Fase II – gera conjugados com ác. glucurônico, sulfato, glutationa, entre outros • Difere nos extremos de idade. Ex: bebês bem pequenos tem menor capacidade de fazer reações de fase II • Estilo de vida também influencia, etanol e tabagismo podem aumentar a biotransformação de alguns fármacos • Doenças que afetam os órgãos com grande atividade metabólica, como cirrose hepática, podem diminuir a taxa de biotransformação de alguns fármacos NOTA Tamoxifeno: utilizado pra câncer de mama, tumores que tem receptores de estrogênio. É um fármaco antiestrogênico.Endoxifeno: metabólito do tamoxifeno que faz 100x mais efeito que o tamoxifeno. *Pessoas com deficiência na enzima CYP2D6 não formam endoxifeno. *A fluoxetina é uma inibidora do CYP2D6 e ai também não forma o endoxifeno. EFEITO DE PRIMEIRA PASSAGEM É a remoção do fármaco pelo fígado e pelas enzimas da parede intestinal antes de chegar na circulação sistêmica. Ex: propranolol, dose de 40mg via oral = 1mg por via intravenosa Eliminação Processo que remove o fármaco do nosso corpo. Inclui processos de biotransformação e excreção (tira o fármaco dos tecidos e da circulação). • Via renal: principal via de excreção • 3 processos mais importantes da excreção via renal: filtração glomerular, secreção tubular e reabsorção tubular. • Pessoa adulta c/ função renal normal = 130mL de fluido atravessam os glomérulos por minuto Taxa de filtração glomerular • Tamanho molecular • Lig. de proteínas • Integridade glomerular e nº total de néfrons funcionando LUANA PONS POSSER – ATM 25/2 - FEEVALE @resumed.lu • Alguns fármacos são secretados ativamente do sangue no túbulo proximal, que contém urina o Enzimas que transportam fármacos e estão presentes nos túbulos renais: PGP, OAT, OCT • A reabsorção tubular, muitos fármacos retornam para o sangue o Processo passivo para fármacos lipossolúveis ou pouco ionizados o Depende das propriedades físico-químicas do fármaco e do pH da urina Clearance / Depuração É uma medida da remoção do fármaco do corpo ao longo do tempo. • Quanto maior o clearance maior a taxa de remoção, quanto menor o clearance menor a remoção. • Indica o volume de plasma que é depurado do fármaco por unidade de tempo (L/h ou ml/min). • O clearance total é a soma do clearance obtido por diferentes mecanismos • Pra maioria dos fármacos o principal órgão de depuração, de clearance, são os rins. SITE ANIMAÇÕES: https://icp.org.nz/drug-elimination/where RELAÇAO ENTRE CLEARANCE E TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR Podemos medir a taxa de filtração glomerular de cada indivíduo e estimar quanto seria o cleareance do fármaco pra essa pessoa. • Clearance de creatinina é normalmente usado como medida do glomerular filtration rate (GFR) • A creatinina é uma molécula livremente filtrada nos rins. • Se o fármaco é excretado por filtração glomerular ou por outra rota adicional (ex: excreção biliar), a relação entre o clearance corporal total e a taxa de filtração glomerular (glomerular filtration rate, GFR) é (exemplo dos antibióticos aminoglicosídeos): AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL • Normalmente o clearance de creatinina é utilizado como parâmetro • Só medir a creatinina no soro não é suficiente, pessoas de tamanho diferentes tem taxas diferentes de creatinina • A determinação do clearance de creatinina requer a coleta de urina de 24 h – mede o volume de urina e a concentração de creatinina na urina. Fórmulas para cálculo do clearance de creatinina usando peso corporal do paciente. Elas usam: • PCI – peso corporal ideal • Em pacientes obesos, o uso do peso corporal total é mais do que 30% do seu PCI Fórmula Cockcroft-Gault para estimativa de CrCl usando PCI: Link calculadora oline: https://arquivos.sbn.org.br/equacoes/link/ *Quanto maior o clearance melhor, os rins estão filtrando “mais”. Eliminação DE PRIMEIRA ORDEM A quantidade de fármaco eliminado vai caindo à medida que tenho menos fármaco no corpo. • Taxa constante • A quantidade eliminada varia de acordo com o tempo • Maior parte dos fármacos tem eliminação de primeira ordem • A fenitoina, quando em dose muito alta passa para a fase zero • Quando se aumenta a dose de um fármaco de primeira ordem a concentração aumenta na mesma proporção DE ORDEM ZERO A velocidade de eliminação é sempre constante. • Acontece com frequência para fármacos eliminados por biotransformação quando o paciente usa uma dose muito alta. https://icp.org.nz/drug-elimination/where https://arquivos.sbn.org.br/equacoes/link/ LUANA PONS POSSER – ATM 25/2 - FEEVALE @resumed.lu • Se uma dose de um fármaco de ordem zero for dobrada a concentração aumenta muito mais, pois a eliminação ta diminuindo. CONSTANTE DE TAXA DE ELIMINAÇÃO Expressa como horas na -1 (por hora) e representada pela letra K. • Uma reta bem fechada/inclinada = eliminação mais rápida • Uma reta quase horizontal = eliminação mais lenta • A inclinação da reta, então, é usada para definir a constante de eliminação do fármaco • Constante de eliminação com nº perto de 0 = elimina devagar • Constante de eliminação com números maiores = elimina mais rápido Meia Vida Tempo necessário para a concentração cair pela metade. • Quanto maior o tempo de meia vida, mais devagar a substância vai ser eliminada • Quanto menor o tempo de meia vida, mais rápido a substância vai ser eliminada • Tempo de meia vida e constante de eliminação são inversamente proporcionais Volume de Distribuição É o quanto a substância se espalha no nosso organismo. • Quanto maior o volume de um paciente, maior a dose necessária para atingir uma certa concentração. • É um volume teórico, não pode ser medido. • Patologias que envolvem o aumento de líquidos no organismo podem levar a um aumento no volume de distribuição do fármaco. Assim, é necessário aumentar a dose/concentração da substância. • Deve ser calculado antes do início da eliminação. • Os fármacos muito polares tendem a ficar na água do corpo, tem pouca penetração intracelular. Adm múltipla de doses IV em bolo SUPERPOSIÇÃO DE DOSES • Na segunda dose, sobra um pouco da primeira então a concentração é aquela da segunda dose administrada + o que sobrou da dose anterior. • O ganho de concentração depende da dose e do volume de distribuição. • Se tu souber o comportamento da primeira dose, tu pode estimular o de todas as doses futuras. ESTADO ESTACIONÁRIO • Momento em que as máximas e as mínimas são iguais • À medida que as doses vão sendo adm. A quantidade fármaco no corpo aumenta mas também é eliminada a cada dose • O estado estacionário, em múltiplas doses, é sempre alcançado após 5 meias vidas do fármaco • Fármaco com tempo de meia vida mais curto atinge o estágio estacionário mais rápido DOSE DE ATAQUE • Primeira dose maior que as seguintes com o objetivo de alcançar o estado estacionário mais rapidamente. • Antibióticos em infecções graves. Farmacocinética Populacional Modelo que testa a farmacocinética de uma substância em uma população com características semelhantes. • Importante para seleção de doses quando características farmacocinéticas individuais não são conhecidas PARÂMETROS FARMACOCINÉTICOS MAIS RELEVANTES PARA O AJUSTE DE DOSES DE FÁRMACOS: Clearance (frequência de adm. Eliminação mais rápida = adm em intervalos mais curtos) e volume (quanto maior a dose, maior o volume).
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