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Esteffane Seitz Agente etiologico • Leishmania donovani; • Leishmania infantum Importancia • A leishmaniose visceral ou calazar é uma doença infecciosa sistêmica, de evolução crônica. • Febre irregular de intensidade média e de longa duração, esplenomegalia, hepatomegalia com anemia, trombocitopenia, hipergamaglobulinemia e hipoalbuminemia. • Há evidências de que muitas pessoas que contraem a infecção nunca desenvolvem a doença, se recuperam espontaneamente ou assintomáticas. • No Brasil, tem ocorrência de 3500 novos casos por ano. • Condições imunossupressoras aumentam a chance de infecção. Ciclo biologico • No hospedeiro invertebrado, as formas amastigotas de L. i. chagasi são parasitam células do sistema mononuclear fagocitário. • Principais órgãos parasitários são linfoides. • Podem ser encontrados também nos rins, intestino, pulmões e pele. • Raramente encontradas no sangue, monócitos, neutrófilos, íris, placenta e timo. • Lutzomyia longipalpis: o parasito é encontrado no intestino médio e anterior • A infecção de L. longipalpis por L. i. chagasi ocorre quando as fêmeas hematófagas alimentam-se em hospedeiro vertebrado infectado e ingerem com o sangue, linfa, macrófagos, monócitos. • No intestino médio, ocorre ruptura das células liberando as formas amastigotas, • Ocorre divisão binária e se transformam em promastigotas arredondadas e de flagelo curto. • Alongadas com flagelo longo possuem divisão menos intensa. • Entre 48 e 72h a matriz peritrófica se rompe, as promastigotas livres migram para o intestino anterior. • As promastigotas são encontradas fixadas ao epitélio no esôfago, estomodeu., faringe e cibário (divisão intensa). VERTEBRADO • A transmissão ocorre quando as fêmeas infectadas se alimentam de vertebrados. • Na alimentação, a saliva é inoculada com as formas de parasito. • Há presença de maxidilam (vasodilatador). • Para escapar do sistema imunológico, as promastigotas metacíclicas são internalizadas por células dendriticas e por células SMF (fagocitose). • Dentro do fagossomo o parasita se diferencia em amastigota, ocorrem sucessivas divisões binárias. • Assim que os macrófagos estiverem bem parasitados, eles rompem e liberam as amastigotas que vão parasitar outros. Esteffane Seitz • Células dendríticas transportam as amastigotas até os linfonodos mais próximos. MECANISMO DE TRANSMISSÃO • Principal: L. i. chagasi (por meio da femea infectada) • Uso de drogas injetáveis • Transfusão sanguínea Relacao hospedeiro-parasito IMUNIDADE • A multiplicação dos parasitos dentro dos macrófagos depende de mecanismos imunes regulatórios • Resposta tipo I: TH secreta grande quantidade de INF-y associado à produção de citocinas pró-inflamatórias e à capacidade do hospedeiro em controlar a infecção. • Resposta tipo II: ocorre a produção de grande quantidade de IL-4 associada a citocinas estimuladoras de plasmócitos para a produção de anticorpos. • Os macrófagos são incapazes de destruir as amastigotas. • Nos doentes: níveis elevados de IL-10 e IL-4, fundamentais na progressão da doença porque inibem a ativação dos macrófagos. • Produção de IgG é elevada. Patogenia • Leishmania i. chagasi é um parasito de células d: SMF, principalmente do baço, do fígado, do linfonodo e da medula óssea. • Nas fases mais avançadas de doença são raros os órgãos onde não se encontra o parasito • A pele é a porta de entrada. • A inoculação das formas infectantes é acompanhada da saliva d: inseto vetor • A saliva é rica em substâncias com atividade inflamatória. • na infecção por L. i. chagasi, o local da inoculação dos parasitos normalmente é marcado por uma pequena reação inflamatória • Nas vísceras, os parasitos induzem uma infiltração focal ou difusa de macrófagos não parasitados, infiltrado de linfócitos e células plasmáticas • As alterações mais particulares ocorrem nos tecidos esplénico, hepático, sanguíneo, pulmonar e renal • A disseminação de Leishmania ocorre pelas vias hematogênica e linfática ALTERAÇÕES ESPLÊNICAS • Esplenomegalia. • Na fase inicial, a esplenomegalia não ocorre ou é pouco acentuada • O órgão apresenta superfície vermelha amarronzada e o tecido friável e congesto • Podem ser identificadas áreas de infarto. • A cápsula é espessa e mostra áreas de inflamação. • Hiperplasia e hipertrofia das células do SMF. • Macrófagos e as células plasmáticas podem ser observados densamente parasitados • Na polpa branca, é menos intenso e há diminuição da população de células em áreas T dependentes. ALTERAÇÕES HEPÁTICAS • Hepatomegalia • hiperplasia e hipertrofia das células de Kupffer, densamente parasitadas. • Podem ser observadas fibroses septal e portal, leves ou moderadas. • Deposição de material hialino ALTERAÇÕES NO TECIDO HEMOCITOPOÉTICO Esteffane Seitz • A medula óssea é em geral encontrada com hiperplasia e densamente parasitada. • Eritropoiese e a granulopoiese são normais no início do processo infeccioso. • Em fases mais avançadas há desregulação da hematopoiese. • Anemia normocítica e normocrômica. ALTERAÇÕES RENAIS • As formas amastigotas de Leishmania são raramente visualizadas nos rins. • Presença de imunocomplexos circulantes. • Em muitos casos ocorre glomerulonefrite proliferativa e neffite intersticial. • Alterações: perda de albumina na urina, elevados níveis de creatinina, ureia e hematúria registrados nos casos terminais. ALTERAÇÕES DOS LINFONODOS • Encontram-se geralmente aumentados • Ocorre reatividade nos centros germinativos dos folículos linfoides, reflexo do aumento na celularidade perifolicular • Na zona paracortical há depleção de células T e presença de plasmócitos e macrófagos parasitados ALTERAÇÕES PULMONARES • Pneumonite intersticial com o espessamento dos septos pulmonares, em razão de tumefação endotelial e proliferação das células septais • Amastigotas são raras ou ausentes no pulmão • Os pacientes apresentam como principal sintoma a tosse seca. • O paciente pode desenvolver broncopneumonia ALTERAÇÕES NO A. DIGESTIVO • Excessiva proliferação de células do SMF, especialmente no jejuno e íleo, com presença de amastigotas. • Ocorrem edema e alongamento das vilosidades, sem ocorrência de alterações na arquitetura da mucosa e dos vasos linfáticos ALTERAÇÕES CUTÂNEAS • Descamação e queda de cabelos. • Os parasitos podem ser encontrados na pele normal de pacientes infectados • Nos locais onde o calazar é uma antroponose, os parasitos estão presentes em maior proporção na pele dos indivíduos infectados/doentes. QUADRO CLÍNICO • Pode ter desenvolvimento abrupto ou gradual. • Sintomas: febre intermitente, palidez de mucosas, esplenomegalia, presença ou não de hepatomegalia e progressivo emagrecimento com enfraquecimento geral do paciente. • Fase aguda: A tosse não produtiva, a diarreia e a dor abdominal. • Com a evolução da doença o paciente pode apresentar anemia, epistaxe, hemorragia gengival. edema, icterícia e ascite. • As hemorragias digestivas e a icterícia são sempre indicadoras de gravidade. • Fatores de risco: a idade, a ocorrência de hemorragias, a presença de comorbidades e as complicações decorrentes de infecções secundárias. • Pacientes portadores de HIV, diabéticos e portadores de patologias crônicas estão mais suscetíveis ao óbito. FORMA ASSINTOMÁTICA • Febre baixa, tosse seca, diarreia, sudorese, prostação e cura espontânea. • Pode-se manter o parasito sem manifestar a doença. • Desnutrição, estado imunossupressivo, diabetes, tuberculose, uso de fármacos imunossupressores pós-transplante Esteffane Seitz podem quebrar esse “equilíbrio” da doença. FORMA AGUDA • Período inicial da doença• Febre alta, palidez de mucosas e hepatoesplenomegalia discretas. • A evolução em geral não ultrapassa 2 meses. • Muitas vezes o paciente apresenta tosse e diarreia. • Os pacientes apresentam altos títulos de IgG anti-Leishmania • Mais frequente no baço, no fígado e, menos intenso, na medula óssea. FORMA SINTÓMATICA CRÔNICA • Forma de evolução prolongada. • Febre irregular e associada ao contínuo agravamento dos sintomas. • Emagrecimento progressivo que pode causar desnutrição proteico-calórica. • Hepatoesplenomegalia associada à ascite determina o aumento do abdome. • Comum edema generalizado, dispneia, cefaleia, dores musculares, perturbações digestivas, epistaxe e retardo da puberdade. • Infecções comuns: ✓ pneumonia e broncopneumonia ✓ tuberculose ✓ diarreia e disenteria ✓ otite média, gengivite, estomatite ✓ infecções concomitantes por Plasmodium ou Schistosoma LEISHMANIOSE DÉRMICA PÓS-CALAZAR • Manifestação cutânea da leishmaniose atribuída à L. donovani, que ocorre após o tratamento da forma visceral. • Se manifesta normalmente de 6 meses a 5 anos após a cura clínica do calazar • Acomete crianças e adultos igualmente • O parasitismo cutâneo é intenso, mas a e não há febre ou outro sinal de envolvimento visceral. • As lesões podem levar meses ou anos para desaparecerem e o tratamento pode ser prolongado Diagnostico • A confirmação do diagnóstico é realizada pelo encontro do parasito em amostras biológicas do paciente. DIAGNÓSTICO CLÍNICO • Baseia-se nos sinais clínicos e sintomas apresentados pelos pacientes associados à história de residência em área endêmica. • Nos pacientes com AIDS, doenças malignas, doenças crônicas e submetidos a transplantes de órgãos em uso de fármacos, os sinais e sintomas do calazar podem ser alterados • Pacientes com AIDS: os sintomas mais relatados são as lesões de pele, manifestações hemorrágicas Esteffane Seitz gastrointestinais e respiratórias, ausência de febre e esplenomegalia. DIAGNÓSTICA LABORATORIAL • Pesquisa do parasito: ✓ Observação direta do parasito em preparações de material obtido de aspirado de medula óssea, baço, fígado e linfonodo com esfregaço em lâmina. ✓ A punção de medula óssea é considerada uma técnica simples que representa pouco risco para o paciente. ✓ A biópsia hepática oferece resultados questionáveis. MÉTODOS IMUNOLÓGICOS: • Presença de hipergamaglobulinemia, decorrente da expansão policlonal de linfócitos B. • Os testes apresentam sensibilidade e especificidade variáveis. • Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) • Teste Rápido Imunocromatográfico • Ensaio Imunoenzimático (ELISA) MÉTODOS MOLECULARES • A partir da amplificação de sequências específicas do DNA do parasito extraído de amostras biológicas. • Aspirados de medula óssea, baço ou linfonodos, fragmentos de pele ou mucosa, sangue periférico total, etc. • PCR: metodologia mais empregada no diagnóstico, amplifica sequências do DNA presente no cinetoplasto do parasito. Tratamento QUIMIOTERAPIA • Os antimoniais pentavalentes antimoniato de N-metil glucamina e estibogluconato sódico são a primeira opção terapêutica. na maioria dos países. • No Brasil, o fármaco de escolha é o Glucamina. (distribuição gratuita). • 20 mg de Sb5+kg/dia, por via endovenosa ou intramuscular. • Anfotericina B lipossomal é indicada para pessoas que atendam pelo menos um: ✓ Gestantes; ✓ Idade menor que 1 ano; ✓ Insuficiência hepática ou cardíaca; ✓ Intervalo QT corrigido no exame eletrocardiográfico0 maior que 450 ms; ✓ Uso concomitante de medicamentos que alteram o intervalo QT; ✓ Hipersensibilidade a medicamentos utilizados para e tratamento do calazar; ✓ Infecção pelo HIV, comorbidades ou uso de medicação que comprometa a imunidade; ✓ Falha terapêutica ao antimoniato de N-metil glucamina ou a outros medicamentos; ✓ Escore de gravidade: clínico > 4 ou clínico-laboratorial > 6 IMUNOQUIMIOTERAPIA • Alto custo. • Usadas em pacientes com leishmaniose visceral aguda ou refratários aos antimoniais pentavalentes. • São utilizadas substâncias imunorreguladoras, rHINF-gama. TRATAMENTO INESPECÍFICO • Medidas paralelas ao tratamento específico que visam corrigir manifestações clínicas próprias da doença. • Ex: anemia, desnutrição, fenômenos hemorrágicos. Epidemiologia Esteffane Seitz • Endêmica em 79 países localizados nas regiões tropicais e subtropicais da Ásia, do Oriente Médio, África, da América Central e da América do Sul. • Ocorre nos países situados no mar Mediterrâneo, no sul da Europa e no norte da África. • Na índia, assume também caráter urbano. • Na América Latina, é encontrada na Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Guadalupe, Guatemala, Flonduras, México, Nicarágua, Paraguai, Uruguai e Venezuela. • No Brasil, ocorre 90% dos casos da América Latina, principalmente no Nordeste Ciclo epidemiologico • Vetor: L. longipalpis • Reservatórios: Canídeos silvestres (raposa), cão doméstico. Profilaxia • Eliminação de cães infectados • Combate às formas adultas do inseto vetor • Aplicação de inseticidas de ação residual no ambiente peridomiciliar e domiciliar • Detecção e tratamento dos casos positivos. Esteffane Seitz
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