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Resumo- Leishmaniose Visceral Americana 1 ⁉ Resumo- Leishmaniose Visceral Americana Qual o agente etiológico da Leishmaniose Visceral Americana? A leishmaniose visceral é causada, em todo o mundo, por parasitos do complexo L. donovani que inclui três espécies de Leishmania: Leishmania donovani; Leishmania infantum; Leishmania chagas Nas Américas, Leishmania chagasi é a espécie responsável pelas formas clínicas da leishmaniose visceral. Quais os principais sinais e sintomas de uma pessoas infectada com Leishmaniose visceral? A leishmaniose visceral ou calazar é uma doença infecciosa sistêmica, de evolução crônica, caracterizada por febre irregular de intensidade média e de longa duração, esplenomegalia, hepatomegalia, acompanhada dos sinais biológicos de anemia, leucopenia, trombocitopenia, hipergamaglobulinemia e hipoalbuminemia. A linfoadenopatia periférica é comum em alguns focos da doença. O emagrecimento, o edema e o estado de debilidade progressiva contribuem para a caquexia e o óbito, se o paciente não for submetido ao tratamento específico. Entretanto, há evidências de que muitas pessoas que contraem a infecção nunca desenvolvem a doença, se recuperando espontaneamente, ou mantendo equilíbrio da infecção e se apresentando sempre como assintomáticas. Qual a relação entre o quadro clínico da Leishmaniose Visceral e pessoas com AIDS e outros tipos de imunossupressão? AIDS e outras condições imunossupressoras aumentam o risco da infecção por Leishmania e a co-infecção por HIV é extremamente séria devido as dificuldades de diagnóstico e do tratamento das pessoas infectadas. Resumo- Leishmaniose Visceral Americana 2 Ciclo Biológico (Mesmo da LTA) A infecção do inseto ocorre quando a fêmea pica o vertebrado para exercer o repasto sanguíneo e juntamente com o sangue ingere macrófagos parasitados por formas amastígotas. Durante o trajeto pelo trato digestivo anterior, ou ao chegarem no estômago, os macrófagos se rompem liberando as amastígotas. Essas sofrem uma divisão binária e se transformam rapidamente em promastígotas, que também por processos sucessivos de divisão multiplicam-se ainda no sangue ingerido. Após a digestão do sangue entre o terceiro e o quarto dias, a membrana peritrófica se rompe e as formas promastígotas ficam livres. Nesta etapa do ciclo, as promastígotas permanecem reproduzindo por divisão binaria. Durante o processo de alimentação do flebotomíneo é que ocorre a transmissão do parasito. Na tentativa da ingestão do sangue, as formas promastigotas são introduzidas no local da picada. Dentro de quatro a oito horas, estes flagelados são interiorizados pelos macrófagos teciduais. A saliva do flebotomíneo possui neuropeptideos vasodilatadores que atuam facilitando a alimentação do inseto e ao mesmo tempo imunossuprimindo a resposta do hospedeiro vertebrado; desta forma, exerce importante papel no sucesso da infectividade das promastigotas metaciclicas. O macrófago estende pseudópodos que envolvem o parasito, introduzindo-o para o seu interior, envolto pelo vacúolo fagocitário. Rapidamente as formas promastígotas se transformam em amastígotas que são encontradas 24 horas após a fagocitose. Dentro do vacúolo fagocitário dos macrófagos, as amastigotas estão adaptadas ao novo meio fisiológico e resistem a ação destruidora dos lisossomas, multiplicando-se por divisão binaria até ocupar todo o citoplasma. O núcleo do macrófago chega a deslocar-se do centro, para dar lugar ao vacúolo com as amastígotas. Esgotando-se sua resistência, a membrana do macrófago se rompe liberando as amastígotas no tecido, sendo novamente fagocitadas, iniciando no local uma reação inflamatória. Quais os mecanismos de transmissão da LVA? O principal mecanismo de transmissão é por meio da picada da fêmea do L. longipalpis, porém pode ser transmitidos por meio de situações especiais como: Uso de drogas injetáveis: O compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas, durante o uso de drogas injetáveis, foi demonstrado como mecanismo hábil para a transmissão da leishmaniose visceral. Resumo- Leishmaniose Visceral Americana 3 Transfusão sanguínea: Processo pouco conhecido. Este processo de transmissão requer que o parasito esteja presente no sangue periférico do doador, e sobreviva ao processo de estocagem no banco de sangue. Transmissão congênita e acidentes de laboratório já foram relatados; no entanto, são raros e não representam nenhuma relevância epidemiológica. Quais os danos aos tecidos que a LVA pode causar? A L. chagasi é um parasito principalmente do baço, fígado, linfonodo e medula óssea. Entretanto, no curso da infecção outros órgãos e tecidos podem ser afetados, como intestino, sangue, pulmões, rins e pele. Nas fases mais avançadas da doença são raros os órgãos onde não se encontra o parasito. Nas vísceras, os parasitos induzem uma infiltração focal ou difusa de macrófagos não parasitados, além de infiltrado de linfócitos e células plasmáticas, com focos de plasmacitogênese. As alterações mais particulares são descritas nos tecidos esplênico, hepático, sanguíneo, pulmonar e renal. Alterações esplências Esplenomegalia é o achado mais importante e frequente no calazar. Na fase inicial da doença, a esplenomegalia pode não ocorrer ou ser pouco acentuada, mas na doença estabelecida e crônica toma-se uma característica invariável. Alterações hepáticas Hepatomegalia é outra característica marcante no calazar. Alterações no tecido hematopoiético A medula óssea é em geral encontrada com hiperplasia e densamente parasitada. A eritropoiese e granulopoiese são normais no início do processo infeccioso. Durante as fases mais adiantadas da infecção, ocorre desregulação da hematopoiese, caracterizada pela diminuição da produção celular. A anemia é o achado mais frequente nos indivíduos doentes. As contagens de eritrócitos nesses casos são muito baixas. Em gerral, a anemia é normocítica e normocrômica. Entre os mecanismos envolvidos na anemia está a destruição dos eritrócitos no baço, a fagocitose e a hemólise. As plaquetas também estão diminuídas nos quadros graves e letais, Resumo- Leishmaniose Visceral Americana 4 principalmente nas fases mais adiantadas da doença, o que facilita a gênese de hemorragias Alterações renais A principal alteração que ocorre nos rins está relacionada com a presença de imunocomplexos circulantes. Em muitos casos ocorre glomerolonefrite proliferativa e nefrite intersticial. A perda de albumina na urina - albuminúria - ocorre em cerca de 50% dos pacientes no Brasil, e elevados níveis de creatinina, uréia e hematúria são vistos nos casos terminais. Após tratamento eficaz, estas alterações são revertidas à função normal. Alterações dos linfonodos Os linfonodos encontram-se frequentemente aumentados. Alterações pulmonares Nos pulmões ocorre, com relativa frequência, pneumonite intersticial com o espessamento dos septos pulmonares, devido a tumefação endotelial e proliferação das células septais, as vezes com fibrose septal, e de linfócitos e células plasmáticas Alterações no aparelho digestivo Ocorre edema e alongamento das vilosidades, sem ocorrência de alterações na arquitetura da mucosa e dos vasos linfáticos. Alterações cutâneas Os parasitos podem, por vezes, ser encontrados na pele normal. Pode ocorrer descamação e queda de cabelos. Na Índia e África, são relatados casos de intenso parasitismo cutâneo, associado a lesões nodulares, a leishmaniose dérmica pós- calazar. Qual o quadro clínico da doença? (Principais sintomas) A doença pode ter desenvolvimento abrupto ou gradual. Os sinais sistêmicos típicos estão associados a febre intermitente, palidez de mucosas, esplenomegalia associada ou não a hepatomegalia, e progressivo emagrecimento com enfraquecimento geral do hospedeiro. A tosse não- produtiva, a diarréia e a dor abdominal são queixas frequentes na fase aguda da infecção. Progressivamente, no curso da doença, o paciente pode apresentar anemiaepistaxes, hemorragia gengival, edema, icterícia e ascite. A anorexia e a desnutrição aumentam a debilidade do paciente. Nestes pacientes, o óbito pode Resumo- Leishmaniose Visceral Americana 5 ser decorrente do parasitismo, porém geralmente é determinado pelas hemorragias e infecções intercorrentes. As hemorragias digestivas e a icterícia são sempre indicadoras de gravidade. Como se manifesta a forma assintomática da doença? Os indivíduos podem desenvolver sintomatologias pouco específicas, que se manifestam por febre baixa recorrente, tosse seca, diarréia, sudorese, prostração e apresentar cura espontânea ou manter o parasito, sem nenhuma evolução clínica por toda a vida. O diagnóstico pode ser acidental ou epidemiológico. Acredita-se que esta represente a maior parcela da população infectada em área endêmica. O equilíbrio apresentado por estes indivíduos pode, entretanto, ser rompido pela desnutrição ou por um estado imunessupressivo, como na AIDS, ou pela infecção por HIV ou decorrente do uso de fármacos pós-transplante. Aparentemente esta ruptura é induzida pela quebra da barreira funcional dos linfonodos acompanhada de aumento da prostaglandina E e baixa na produção de IL-10. Como se manifesta forma aguda da doença? Corresponde ao período inicial da doença. Observam-se febre alta, palidez de mucosas e hepatoesplenomegalia discretas. A evolução em geral não ultrapassa dois meses. Muitas vezes o paciente apresenta tosse e diarréia. Clinicamente, é confundida com febre tifóide, malária, esquistossomose, doença de Chagas aguda, toxoplasmose aguda, histoplasmose, entre outras doenças febris agudas que apresentam hepatoesplenomegalia. Os pacientes apresentam altos títulos de IgG anti-Leishmania. O parasitismo é mais frequente no figado e no baço e em menor número na medula. De que forma se manifesta a forma sintomática crônica ou calazar clássico da Leishmaniose? É uma forma de evolução prolongada, caracterizada por febre irregular e associada ao contínuo agravamento dos sintomas. O emagrecimento é progressivo e conduz o paciente para desnutrição protéico-calórica, caquexia (perda do tecido adiposo e massa muscular) acentuada, mesmo com apetite preservado. A hepatoesplenomegalia, associada à ascite determinam o aumento do abdome. É comum edema generalizado, dispneia, cefaleia, dores musculares, perturbações digestivas e retardo da puberdade. Uma vez que o calazar é uma doença de caráter debilitante e imunodepressivo, as infecções bacterianas são especialmente importantes na determinação do Resumo- Leishmaniose Visceral Americana 6 óbito (Pneumonia, tuberculose, diarreia, otite, estomatite) A leishmaniose visceral é considerada infecção oportunista para indivíduos com AIDS e portadores de HIV. Como Fazer a diagnóstico da doença? O diagnóstico clínico baseia-se nos sinais e sintomas apresentados pelos pacientes associados a história de residência em área endêmica. O diagnóstico parasitológico baseia-se na observação direta do parasito em preparações de material obtido de aspirado de medula óssea, baço, fígado e linfonodo, através de esfregaços em lâmina de vidro. Quando obtidos por biópsia podem ser elaborados cortes histológicos de fragmentos dos órgãos para a pesquisa do parasito. Os testes imunológicos que podem ser feitos são: Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI), Ensaio Imunoenzimático (ELISA), Reação de Fixação do Complemento (RFC), Teste Rápido Imunocromatográfico (TRALD; RICH). Qual o tratamento para LVA? Quimioterapia-tratamento específico O arsenal terapêutico contra a leishmaniose visceral é limitado. Os antimoniais pentavalentes (SbS+) antimoniato de N-metilglucamina (Glucantime) e o estibogliconato sódico (Pentostam) são, na maioria dos países, a primeira opção terapêutica. No Brasil, a droga de escolha é o Glucantime, que é de distribuição gratuita na rede de saúde pública. O Ministério da Saúde recomenda a dose de 20mg de Sb5+kg/dia, por via endovenosa ou intramuscular, durante 20 dias e, no máximo, por 40 dias. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, não existe documentação da presença de cepas de L. chagasi resistentes aos antimoniais, in vitro. Em caso de recidiva é recomendado um segundo tratamento, em tempo mais prolongado (40 dias no máximo) antes de utilizar esquemas terapêuticos alternativos. Neste caso, o desoxicolato de sódio de anfotericina B e suas formulações lipossomais, as pentamidinas e os imunomoduladores são as drogas indicadas, com a recomendação de uso sob regime hospitalar. Quais as melhores medidas para profilaxia e controle da doença? diagnóstico e tratamento dos doentes; Resumo- Leishmaniose Visceral Americana 7 eliminação dos cães com sorologia positiva; combate às formas adultas do inseto vetor O uso de coleiras impregnadas por inseticidas em cães O uso de borrifação por UBV (ultrabaixo volume) durante as campanhas de combate ao dengue é atribuído como ação coadjuvante na redução da transmissão do calazar canino Vacinação de cães.
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