Universidade Comunitária

Prévia do material em texto

Universidade Comunitária 
1 Introdução 
 O ensino superior no Brasil, ao contrário dos países europeus, é um fenômeno 
recente. Apenas no século XX surgiram no país as primeiras universidades, e só mais 
recentemente ainda foi que houve um movimento de ampliação das mesmas. 
Independente disto, a sociedade brasileira reconhece a importância das universidades 
como instituições formadoras de profissionais e centros de produção do conhecimento. 
 É por meio de estratégias ligadas ao ensino, à pesquisa e à extensão, que as 
universidades cumprem com a sua finalidade. Este texto vai esclarecer a você como isto 
ocorre, e também vai lhe explicar o que significa estudar em uma Universidade como a 
Unoesc. Isto porque existem várias formas de se criar e de se organizar uma universidade. 
 
2 Definindo a natureza das Universidades 
 Considera-se universidade toda instituição de Ensino Superior que preencha os 
requisitos definidos pela Ministério da Educação, que na sua página eletrônica esclarece 
o seguinte: 
As universidades se caracterizam pela indissociabilidade das 
atividades de ensino, pesquisa e extensão. São instituições 
pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível 
superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber 
humano, que se caracterizam por: 
I - produção intelectual institucionalizada mediante o estudo 
sistemático dos temas e problemas mais relevantes, tanto do 
ponto de vista científico e cultural quanto regional e nacional; 
II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação 
acadêmica de mestrado ou doutorado; e 
III - um terço do corpo docente em regime de tempo integral. 
(BRASIL, 2019). 
 
 Contudo, as Universidades, ou ainda, todas as Instituições de Ensino Superior 
(IES) podem ser entendidas como públicas ou privadas. 
Identificar uma IES pública é uma tarefa relativamente simples. Elas são criadas 
por atos do Estado. No Brasil as mais comuns são as criadas pelo governo federal, embora 
existam também universidades estaduais e municipais, além dos Institutos de Ensino 
Superior. 
Contudo, no caso das instituições de privadas, a tipologia é mais extensa, pois 
existem instituições que são particulares, ou seja, são propriedade de alguma pessoa física 
ou jurídica; existem ainda instituições de cunho filantrópico, concebidas para alguma 
finalidade social; e ainda existem as IES confessionais, geralmente ligadas a algum tipo 
de organização religiosa, que atua também no ensino. E finalmente, as instituições 
comunitárias, que são o nosso objeto de interesse. A elas vamos nos reportar no próximo 
subtítulo. 
Antes disto, porém, é preciso entender como se caracterizam as outras instituições, 
pois a partir desta diferenciação vamos entender melhor o que é uma Universidade 
Comunitária. 
Assim, iniciando pelas Universidades Públicas, existem vários pontos que são 
importantes: primeiramente, elas são mantidas com recursos públicos, que devem ser 
utilizados somente em ações que visem a educação como finalidade. A gestão destas IES 
é também uma prerrogativa pública, na medida em que seus professores, funcionários e 
dirigentes são servidores do Estado. Sua autoridade máxima é o Reitor, eleito diretamente 
pela comunidade acadêmica e pela sociedade organizada, para composição de uma lista 
tríplice que depois é nomeada pelo Poder público. 
Como não tem finalidade lucrativa, o orçamento anual destas IES deve ser 
utilizado para custear suas despesas de funcionamento e com a obrigação das suas 
atividades serem revertidas em benefício da sociedade. Assim, são muito comuns projetos 
e iniciativas diversas destas IES para combater carências sociais. Veja a seguir uma 
imagem de uma universidade pública. 
Já as IES Privadas, diferenciam-se das públicas de várias maneiras. 
Primeiramente, seus recursos originam-se do mercado, ou seja, das mensalidades pagas 
por seus estudantes. Portanto, são instituições que podem auferir lucros e podem 
direcionar seus investimentos de acordo com os seus ordenamentos internos. 
As instituições da iniciativa privada classificam-se, conforme a Lei 9.394/1996, 
no seu artigo 20º, aqui reproduzido em apenas uma parte: 
As instituições privadas de ensino se enquadrarão nas seguintes 
categorias: 
I - Particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são 
instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou 
jurídicas de direito privado que não apresentem as 
características dos incisos abaixo; 
(...) 
III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas por 
grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas 
que atendem a orientação confessional e ideologia específicas e 
ao disposto no inciso anterior; 
IV - Filantrópicas, na forma da lei. 
 
Assim é que, resumidamente, as instituições privadas podem ser criadas por 
iniciativas de pessoas físicas e jurídicas, podem servir a finalidades religiosas ou 
filantrópicas, mas principalmente surgem e são mantidas sem envolver recursos públicos. 
Todavia, obedecem aos mesmos critérios de regulação que as demais instituições. 
Mas é na universidade comunitária que está o nosso grande objeto de estudo deste 
texto. A elas vamos nos referir em sequência. 
3 Universidades Comunitárias 
 As universidades comunitárias possuem elementos comuns com as universidades 
públicas e privadas, mas não pertencem nem a esta nem a aquela categoria. Dito de outra 
forma: as universidades comunitárias constituem uma categoria jurídica específica, por 
conta de sua constituição e finalidade. Vamos entender isto aos poucos. Inicialmente, 
vamos recuperar novamente ao art. 20 da Lei de Diretrizes e Bases, que já nos referimos 
anteriormente, agora com a caracterização das comunitárias: 
II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por 
grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, 
inclusive cooperativas de professores e alunos que incluam na 
sua entidade mantenedora representantes da comunidade; 
II – comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por 
grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11693342/art-20-inc-i-da-lei-de-diretrizes-e-bases-lei-9394-96
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11693270/art-20-inc-iii-da-lei-de-diretrizes-e-bases-lei-9394-96
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11693233/art-20-inc-iv-da-lei-de-diretrizes-e-bases-lei-9394-96
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11693342/art-20-inc-i-da-lei-de-diretrizes-e-bases-lei-9394-96
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11693304/art-20-inc-ii-da-lei-de-diretrizes-e-bases-lei-9394-96
inclusive cooperativas de pais, professores e alunos, que 
incluam em sua entidade mantenedora representantes da 
comunidade; (Redação dada pela Lei nº 11.183, de 2005) 
II - Comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por 
grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, 
inclusive cooperativas educacionais, sem fins lucrativos, que 
incluam na sua entidade mantenedora representantes da 
comunidade; (Redação dada pela Lei nº 12.020, de 2009) 
(BRASIL,2019). 
 
 Observe que o artigo repete três vezes a definição das instituições comunitárias, 
mas isto por conta dos acréscimos que foram sendo definidos pelas leis subsequentes à 
LDB, que estão identificadas nos parênteses. Assim, a universidade comunitária pode ser 
criada a partir da iniciativa de pessoas ligadas à educação (como professores e gestores, 
por exemplo), assim como pelo poder público. Neste caso, temos as universidades 
comunitárias catarinenses, quase todas originadas a partir de uma lei municipal. 
 Agora você vai ver um quadro que resume as características dos três tipos de 
universidade. Com isto, ficará claro a constituição da universidade comunitária: 
Quadro 1 - Universidades e suas características 
Características Pública Privada Comunitária 
Propriedade Estado Particular Estado 
FinalidadeLucrativa 
Não Sim Não 
Mantenedora Estado Mensalidades Mensalidades 
Atuação 
Educação e ações 
sociais 
Educação 
Educação e 
Desenvolvimento 
regional 
Fonte: o autor 
 Observando o quadro, você percebe que tanto a universidade pública quanto a 
comunitária pertencem ao estado, ou seja, elas não são propriedade de nenhum indivíduo 
ou empresa; todavia as universidades públicas são mantidas pelo estado e não cobram 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11693304/art-20-inc-ii-da-lei-de-diretrizes-e-bases-lei-9394-96
mensalidade, já as comunitárias obtém suas receitas dos serviços que prestam à sociedade, 
por meio de mensalidades dos estudantes. 
 Por conta destas semelhanças e diferenças, as universidades comunitárias sempre 
estiveram numa espécie de indefinição jurídicas, pois não se enquadravam totalmente em 
nenhuma categoria. Para você entender melhor, um exemplo: a universidade comunitária 
não podia participar de editais de incentivo a pesquisa, financiados pelo estado, por conta 
de que estes editais são somente para as públicas. Mas ao mesmo tempo, não recebem 
verbas do estado, como as públicas recebem 
Só muito recentemente a legislação brasileira criou a categoria jurídica para a 
universidade comunitárias. Desta forma, aos poucos, agora e nos próximos anos, serão 
definidas quais políticas do estado podem ser acolhidas pelas universidades comunitárias. 
Este é um avanço importante e que os estudantes vão poder perceber, na forma de 
convênios, bolsas de estudos e financiamento de atividades de pesquisa e extensão. 
 Enfim, uma universidade comunitária é aquela que se origina de uma lei municipal 
ou estadual, é resultado de um desejo da sociedade, não é mantida pelo estado, embora 
seus bens a ele pertençam, nem tampouco é administrada pelo mesmo. Mas o mais 
interessante é que, por não visar o lucro, as comunitárias investem os recursos que obtém 
na manutenção e aprimoramento da oferta de seus serviços (ensino, pesquisa e extensão), 
e mais importante ainda, no planejamento, assessoria e execução de atividades que visem 
o desenvolvimento da região onde estão inseridas. 
 É neste sentido que você vai conhecer melhor a identidade regional da Unoesc. 
4 A Unoesc e sua inserção regional 
 Criada por lei municipal em 1968 e elevada a categoria de Universidade em 1996, 
a Unoesc tua no meio oeste catarinense, na região compreendida entre a divisa com a 
Argentina até o início do planalto catarinense. Também é referência em educação para o 
noroeste gaúcho e para o sudoeste paranaense, tendo significativo número de alunos 
destas regiões matriculados nos seus cursos. Veja no mapa: 
 
 
 
 Figura 1: Unoesc e sua área de atuação 
Fonte: Disponível em www.unoesc.edu.br 
 Dentro desta região, a Unoesc faz valer a sua missão, sua visão e os seus valores, 
assim expressos no seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI): “Promover a 
formação humana e profissional, por meio do ensino, da pesquisa e da extensão, gerando 
conhecimento para o desenvolvimento regional com sustentabilidade. ” (Unoesc, 2017, 
p. 30). Ainda neste sentido, a visão da Unoesc como universidade reforça a sua 
identidade, calcada no compromisso: “Ser a melhor instituição de ensino superior no 
Oeste de Santa Catarina, reconhecida pela sua relevância social como agente do 
desenvolvimento regional. ” (Unoesc, 2017, p. 31). Finalmente, caracterizando a 
identidade da Unoesc, os valores pelos quais se constroem, diariamente, as ações da 
universidade: “Ética: fundamentar as ações e os resultados na honestidade e na justiça; 
Humanismo: cuidado com a vida; Cooperação: capacidade de atuar em equipe; 
Comprometimento: atuar com profissionalismo para atingir objetivos; Responsabilidade 
social: desenvolvimento sustentável e qualidade de vida; Inovação: inovar com 
criatividade, flexibilidade e capacidade de adaptar-se a novas situações; e Solidez: 
garantir viabilidade presente e futuro”. (Unoesc, 2017, p. 31). 
http://www.unoesc.edu.br/
 Desta forma, o estudante e a comunidade em geral podem perceber que, para além 
das palavras expressas nos documentos norteadores, existem as ações, o planejamento 
estratégico, os controles internos, a comunicação com a sociedade, que estão em 
permanente renovação para atingir estes objetivos. Alguns números possibilitam uma 
compreensão mais concreta desta realidade. 
 A Unoesc possui cinco campi, além de cinco unidades articuladas com os campi 
de Joaçaba e São Miguel do Oeste. São ao todo 10 cidades com instalações físicas da 
universidade, que compõe um conjunto significativo de salas de aula, laboratórios, 
ginásios, hospitais humanos e veterinários, espaços pedagógicos, esportivos e de lazer, 
enfim, toda uma infraestrutura equipada e atualizada. 
 Usufruem desta estrutura aproximadamente 20.000 estudantes, desde o ensino 
fundamental até o doutorado. São mais de 90 cursos de graduação, cerca de uma centena 
de especializações oferecidas a cada ano, seis programas de mestrado e três programas de 
doutorado. Todas as áreas do conhecimento estão contempladas, o que vale dizer que a 
Unoesc capacita o estudante para qualquer profissão que o mesmo decida para sua 
carreira. 
 Além do ensino, a Unoesc, por meio da pesquisa, cumpre com as suas 
características de propulsora do desenvolvimento regional. Vinculada aos cursos de 
graduação, aos programas de pós-graduação e aos órgãos de renovação tecnológica, a 
cada ano são iniciados centenas de projetos de pesquisa, que buscam soluções para as 
demandas regionais, em todas as áreas do conhecimento. 
 Desta forma, ficam caracterizados os valores que alimentam as ações da Unoesc. 
Mas ainda é necessário acrescentar a Extensão. Isto porque as atividades de extensão 
desenvolvidas pela Unoesc se constituem numa importante rede de ações sociais que 
elevam a qualidade de vida na região. Primeiramente, vamos recuperar um breve conceito 
do termo extensão, para que você possa compreender a amplitude do tema, e também para 
que você reflita como participar de um programa de extensão, colocando seus 
conhecimentos a disposição da sociedade, e ao mesmo tempo preparando-se para exerceu 
sua atividade profissional. Depois, será mostrado um resumo das ações sociais da Unoesc. 
De acordo com o PDI da Unoesc, “A extensão constitui processo educativo que 
se articula com o ensino, a pesquisa, a cultura, o desporto e a inovação, de modo a 
viabilizar a relação entre a Instituição e seu entorno, com foco no desenvolvimento 
regional sustentável. É, portanto, um espaço de construção de uma identidade regional, 
que passa pela produção do conhecimento e valorização das diferenças e diversidades 
socioculturais. Por outro lado, a extensão é processo acadêmico, organicamente vinculado 
à aprendizagem e à produção do conhecimento, de forma a permitir a compreensão da 
realidade social, bem como a atualização das práticas de ensino e pesquisa que envolve 
discentes e docentes na interface com a comunidade regional. A extensão organiza-se a 
partir de programas, projetos, cursos, eventos e serviços. Compreende-se por programas 
o conjunto de ações/ projetos organizados a partir de uma temática/problemática, 
construídos e implementados orgânica e institucionalmente e desenvolvidos na forma de 
educação continuada”. (Unoesc, 2017, p. 53) 
 Assim, percebe-se como a extensão compreende todas as necessidades da 
sociedade. Neste sentido, a Unoesc, no ano de 2018, realizou um trabalho bastante 
significativo, que pode ser refletido pelos seguintes números, de forma sintética: 
 Em relação às bolsas de estudo, considerando programas federais, estaduais e da 
própria Unoesc, 4.059 estudantes foram contemplados. Neste número não contam os 
alunos que já recebem bolsa anteriormente a 2018. Isto quer dizer que mais de 75% dos 
estudantes da Unoesc contam com algum tipo de auxilio, seja por carência financeira, 
seja por estimulo à pesquisa. 
 Em relaçãoàs atividades desenvolvidas pela Unoesc para a comunidade, no ano 
de 2018 um total de 149.510 pessoas foram beneficiadas. Estas ações ocorrem nos mais 
variados setores: Na saúde, atendimento odontológico, psicológico, fisioterápico, médico, 
e de atividade física. Além do atendimento de enfermagem e da saúde animal. No campo 
pedagógico, atenção ao idoso, programas de capacitação docente e de atendimento às 
escolas. No campo contábil, suporte para as empresas e para as declarações de imposto 
de renda. E uma série de atividades esportivas, de lazer, de conhecimento, desenvolvidas 
ao longo do ano. 
 Desta forma, você pode concluir que as universidades comunitárias são uma 
importante ferramenta da qualificação do ensino superior no Brasil, além de serem 
decisivas na adoção de iniciativas desenvolvimentistas para a sua área de atuação. 
 Para saber mais, acesse o Relatório Social 2019 na íntegra: 
https://issuu.com/editoraunoesc/docs/miolo_9b1c41cc414565 
https://issuu.com/editoraunoesc/docs/miolo_9b1c41cc414565
 
 
REFERENCIAS 
BRASIL. Ministério da Educação. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/pet/127-
perguntas-frequentes-911936531/educacao-superior-399764090/116-qual-e-a-diferenca-
entre-faculdades-centros-universitarios-e-universidades. Acesso em 05 de junho de 2019. 
UNOESC. Plano de Desenvolvimento Institucional - PDI. 2017. Disponível em: 
https://www.unoesc.edu.br/images/uploads/atendimento/PDI_-_web_12_04.pdf. Acesso 
em 06 de junho de 2019. 
 
 
http://portal.mec.gov.br/pet/127-perguntas-frequentes-911936531/educacao-superior-399764090/116-qual-e-a-diferenca-entre-faculdades-centros-universitarios-e-universidades
http://portal.mec.gov.br/pet/127-perguntas-frequentes-911936531/educacao-superior-399764090/116-qual-e-a-diferenca-entre-faculdades-centros-universitarios-e-universidades
http://portal.mec.gov.br/pet/127-perguntas-frequentes-911936531/educacao-superior-399764090/116-qual-e-a-diferenca-entre-faculdades-centros-universitarios-e-universidades
https://www.unoesc.edu.br/images/uploads/atendimento/PDI_-_web_12_04.pdf