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Capítulo 02 - Módulo 02 - Imunidade Inata - CEDERJ

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25 
 
Módulo: 02 
Capítulo: 02 
Tema: Imunidade Inata 
Páginas: 25-46 
Livro: Imunologia 
Curso: Licenciatura em Ciências Biológicas 
Modalidade: Graduação a Distância 
Consórcio: Centro de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro – CEDERJ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
Curso: Licenciatura em Ciências Biológicas Disciplina: Imunologia 
 
Conteudista: Dra. Layla Janaína Hissa Borges 
 Profa. Dra. Andrea Cristina Vetö Arnholdt 
 
 
 
 
 
AULA 02 – Módulo 02 
TÍTULO: Imunidade Inata 
 
 
RECONHECIMENTO DO ANTÍGENO 
Nesse tópico você irá conhecer como os microrganismos são identificados pelo 
sistema imunológico. O reconhecimento do microrganismo, também chamado de 
reconhecimento antigênico, é sempre o passo inicial de uma resposta imunológica. É 
necessário reconhecer para depois atacar, portanto devemos pensar que há estruturas 
nos microrganismos que são reconhecidas por receptores capazes de realizar esse 
reconhecimento. Já iniciamos essa conversa quando falamos dos PRRs, dos PAMPs e 
dos DAMPs. Agora veremos quais são essas estruturas e esses receptores. 
Um dos princípios necessários para o desenvolvimento de organismos 
multicelulares é a capacidade de discriminar, reconhecer o que é parte de seu próprio 
organismo (o que em imunologia chamamos de reconhecimento do “self”), e o que não 
é próprio, que é estranho a este ser multicelular (non self). Independentemente de quão 
simples ou sofisticada seja a resposta imune em termos dos elementos celulares e 
moleculares que a compõem, isto é, se ela se passa em invertebrados ou em 
vertebrados, ela será dotada da capacidade de distinguir entre o que é próprio e o que 
não é próprio. 
Alguns elementos que compõem a imunidade dos animais vertebrados 
superiores, isto é, a partir dos peixes mandibulados, são vistos também em 
invertebrados, e alguns deles até em plantas, como defensinas! Portanto, do ponto de 
vista funcional, mecanismos de imunidade observados em diferentes filos refletem 
analogias ou homologias, as quais resultam das diferentes estratégias que os seres 
vivos exploram para alcançar o mesmo propósito de preservação individual. Este 
propósito é alcançado por meio da capacidade de distinguir entre o que é próprio e o 
que não é próprio. Alguns mecanismos de imunidade observados em animais mais 
primitivos foram mantidos (conservados) na filogênese. 
27 
 
O mesmo princípio de discriminar o próprio do não próprio dota o sistema imune 
dos vertebrados da possibilidade de distinguir células transformadas (neoplásicas) e 
eliminá-las, não permitindo que se propaguem e se constituam, por exemplo, em um 
câncer. 
 
Padrões Moleculares Associados aos Patógenos - PAMP 
O sistema imune inato é capaz de reconhecer estruturas não próprias que estão 
presentes em patógenos e que não estão presentes no corpo humano. Essas estruturas 
fazem parte de um padrão molecular, ou seja, um grupo de estruturas que podem ser 
encontradas em diversos patógenos, como em bactérias, vírus e fungos, e por isso são 
denominadas como padrões moleculares associados aos patógenos (PAMPs, do inglês 
“Pathogen-Associated Molecular Pattern”). Essas estruturas são essenciais à 
sobrevivência do patógeno, como exemplo o RNA de dupla hélice presente em vírus, 
proteínas como a pilina e a flagelina presentes em bactérias, carboidratos (mananas) 
presentes em fungos e lipídios presentes na parede celular de bactérias Gram-negativas 
(como o lipopolissacarídeo LPS) e em bactérias Gram-positivas (ácido lipoteicoico - 
Figura 6) (Tabela 1). 
 
Tabela 2: Exemplos de PAMPs. (Fonte: Livro – Imunobiologia Celular e Molecular, 7ª 
ed., pág. 57) 
 
Tabela 2 – Exemplo de PAMPs 
 
28 
 
 Você deve estar se perguntando: “Se o sistema imune inato é capaz de 
reconhecer PAMPs presentes em bactérias, por que necessitamos muitas vezes do 
auxílio de antibióticos para combater uma simples infecção de garganta? ”. Patógenos 
possuem mecanismos de escape, sofrem mutações modificando estruturas que passam 
a não serem mais reconhecidas pelo sistema imunológico, ou seja, há uma variação 
antigênica muito comum, por exemplo, no Influenza vírus e no Trypanosoma brucei. 
Algumas bactérias também são capazes de inibir a fagocitose ou a ação de proteínas 
do sistema complemento (vide box). Estes processos são conhecidos como evasão da 
resposta imunológica. 
Na tabela 3 você observa alguns dos diferentes métodos de evasão por 
bactérias intracelulares e extracelulares. 
Sistema 
Complemento 
Conjunto de 
aproximadamente 30 
proteínas presentes no 
soro ou aderidas à 
superfície celular. Atuam 
por três vias distintas e 
são capazes levar à lise 
do microrganismo e 
opsonizá-lo, favorecendo 
o processo de fagocitose. 
Este sistema será 
abordado 
detalhadamente em 
outra aula. 
29 
 
 
Tabela 3: Mecanismos de evasão imunológica de bactérias extracelulares e 
intracelulares. (Tabela adaptada de: Livro – Imunologia Celular e Molecular, 7ª ed., pág. 350) 
 
Padrões Moleculares Associados a Danos - DAMPs 
Os padrões moleculares associados a danos (DAMP, do inglês “Damage-
Associated Molecular Patterns”) são estruturas residuais de um dano celular que pode 
ser causado por um patógeno ou não. A liberação de toxinas por patógenos pode 
destruir algumas células locais gerando fragmentos celulares e a dispersão de conteúdo 
intracelular, como proteínas. Um simples trauma, uma queimadura ou um processo 
inflamatório promove a destruição de células liberando DAMPs no local, sendo assim, 
veja que a formação de DAMPs pode ocorrer por diferentes causas não condicionadas 
a presença de um agente infeccioso. As proteínas de choque térmico (HSP, do inglês 
“Heat Shock Proteins”) estão presentes em todas as células de mamíferos e, quando 
em condições de estresse celular, são liberadas, sendo posteriormente reconhecidas 
por PRRs, desencadeando uma resposta imune. Quando a célula se rompe derrama no 
meio extracelular proteínas exclusivamente intracelulares, como a HMGB1, que é uma 
proteína nuclear. O acúmulo de cristais também pode ser interpretado como sinal de 
dano. Por exemplo, os cristais de urato monossódico, resultantes da hiperurecemia, 
acumulam-se nas articulações, causando uma doença chamada como gota, tratada 
com antiinflamatórios. 
30 
 
 
 
Receptores de Reconhecimento de Padrões - PRR 
Os receptores de reconhecimento de padrões pertencem à imunidade inata e 
permitem o reconhecimento de PAMPs e DAMPs. Esses receptores são diversos e 
estão presentes na membrana plasmática de fagócitos, na membrana endossômica e 
no citoplasma, garantindo a defesa contra patógenos extracelulares e intracelulares. Os 
PRRs são codificados por genes germinativos, ou seja, não há recombinação somática 
(vide box) como ocorre na imunidade adaptativa. Portanto, a imunidade inata possui um 
repertório de especificidade restrito e a variabilidade desses receptores é limitada, assim 
a quantidade de estruturas que o sistema imune inato é capaz de reconhecer é pequena. 
A imunidade inata é capaz de reconhecer 103 padrões moleculares, enquanto a 
imunidade adaptativa é capaz de reconhecer 107-1011. 
 
Os PRRs presentes na membrana plasmática e nas membranas endossômicas, 
são responsáveis pelo reconhecimento de patógenos de origem extracelular e 
intracelular. Os principais são receptores semelhantes a receptores do tipo Toll, os TLRs 
(do inglês, “Toll-Like Receptors”). Há também os receptores presentes no citoplasma e 
que reconhecem antígenos intracelulares chamados de receptores semelhantes a NOD, 
os NLRs (do inglês, “NOD-Like Receptors”) e os receptores semelhantes a RIG, os 
Recombinação 
Somática 
Processo de rearranjo 
dos genes que codificam 
para as imunoglobulinas, 
receptores de linfócitos B 
e T. Esse processo gera 
diversidade de 
receptores e amplia a 
capacidade de 
reconhecimento de 
microrganismos distintos 
por gerarreceptores com 
diferentes 
especificidades de 
reconhecimento fino de 
antígenos. 
31 
 
RLRs (do inglês, “RIG-Like Receptors”). Vamos estudar mais adiante o grupo desses 
receptores que são tão importantes para a resposta imune inata. 
Os fagócitos reconhecem o antígeno direta ou indiretamente, sendo possível o 
reconhecimento do patógeno através da ligação direta entre o receptor da célula e o 
patógeno ou de forma indireta, onde o receptor opsônico (receptores de complemento 
ou de anticorpo) reconhece a opsonina (complemento ou anticorpo) que está ligada ao 
patógeno. 
 
Receptores do tipo Toll 
O histórico da descoberta dos receptores Toll é bem interessante. Na mosca de 
frutas (Drosophila melanogaster), foi identificado um grupo de PRRs que foram 
batizados de receptores Toll. Os receptores Toll, presentes na superfície de células da 
hemolinfa das drosófilas, reconhecem PAMPs e, por isso, são importantes na defesa 
destas moscas contra patógenos. Em animais superiores, foram descobertos receptores 
na superfície de fagócitos similares aos receptores Toll das drosófilas e, por isso, foram 
batizados de TLR, do inglês Toll-Like Receptors (que quer dizer receptores similares 
aos receptores Toll). Veja a figura 11 que exemplifica uma única célula contendo, na 
sua superfície, diferentes tipos de TLRs que reconhecem diferentes PAMPs. Em 
humanos, pelo menos dez TLRs têm sido descritos, e alguns já têm a sua localização 
cromossômica identificada. Nesta figura mostramos alguns TLRs presentes na 
superfície celular. O TLR-2 reconhece peptideoglicanas e lipoproteínas; o TLR-4 
reconhece mananas, LPS e flagelinas (vide box); o TLR-5 reconhece flagelina. Os 
receptores não estão presentes somente na superfície dos fagócitos, mas estão 
presentes também nas membranas endossômicas como já visto por você nesse 
capítulo. Observe na figura 11 que alguns TLRs (TLR-3, -7, -8 e -9) são expressos 
exclusivamente em compartimentos intracelulares como na membrana endossômica, 
enquanto os TLRs -1, -2, -4, -5 e -6 são expressos na superfície de células dendríticas 
(DCs), macrófagos, entre outras. 
 
 
32 
 
 
 
 
Figura 11: Localização dos TLRs em células da imunidade inata. Note a presença dos TLRs 
na membrana plasmática e na membrana endossômica. (Fonte: Livro – Imunologia Celular e 
Molecular, 6ª ed., pág. 61) 
Flagelina 
Proteína globular 
constituinte do flagelo 
bacteriano. O flagelo é 
um filamento longo 
presente em algumas 
bactérias que confere 
mobilidade às mesmas, 
direcionando-as, assim, 
para ambientes 
favoráveis e afastando-as 
de ambientes adversos. 
33 
 
O reconhecimento desses padrões moleculares pelos TLRs, inicia vias de 
transdução de sinais que ativarão NF-B, um dos fatores de transcrição gênica, 
culminando na expressão de genes pró-inflamatórios e antivirais, dessa forma iniciando 
uma resposta imunológica contra o patógeno. 
 
Receptores Semelhantes a NOD - NLRs 
Os receptores semelhantes a NOD (proteína contendo domínio de 
oligomerização nucleotídica) estão presentes no citoplasma de diversos tipos celulares 
e são responsáveis pelo reconhecimento de patógenos intracelulares, por isso sua 
localização citoplasmática. Existem mais de 20 receptores que compõe essa grande 
família de proteínas de reconhecimento de padrões. Podemos dividir essa família em 
três subfamílias: as que possuem o domínio CARD (NOD), as que possuem o domínio 
Pirina (NLRP) e as que agem através da molécula adaptadora MAVS. 
A subfamília NOD possui dois componentes conhecidos como NOD1 e NOD2 
que reconhecem peptideoglicanas da parede bacteriana. NOD1 é capaz de reconhecer 
estruturas provenientes de bactérias Gram-negativas enquanto NOD2 é capaz de 
reconhecer estruturas de bactérias Gram-negativas e Gram-positivas, sendo liberadas 
tanto por bactérias intracelulares como extracelulares. NOD2 reconhece principalmente 
o dipeptídeo muramil, levando, por fim, à ativação de NF-B. 
A subfamília NLRP é capaz de reconhecer PAMPs e DAMPs intracelulares, 
sendo composta por um grupo de 14 proteínas que possuem o domínio pirina e, ao 
reconhecerem produtos microbianos, se dimerizam e se ligam a PYCARD, se ligam a 
proteínas ASC promovem a clivagem da caspase 1, formando um complexo chamado 
de inflamassoma. Há também o inflamassoma iniciado pela presença de DNA de dupla 
hélice (dsDNA) no citoplasma, que será reconhecido pela proteína AIM, que então se 
liga à ASC e cliva a caspase 1. Por fim, existe um inflamassoma iniciado pelas flagelinas, 
que são reconhecidas por Naip5, que então se liga a NLRC4, que ativa a caspase 1. 
 
Receptores Semelhantes a RIG - RLRs 
O grupo de receptores semelhantes a RIG (RLRs) possui duas proteínas 
principais conhecidas como RIG-1 (gene induzível por ácido retinoico I) e MDA5 
(proteína 5 associada à diferenciação de melanoma). Ambas as proteínas são 
responsáveis por reconhecer RNA viral presente no citosol. Tais receptores 
34 
 
semelhantes a RIG estão presentes em células imunológicas e em diversas células 
teciduais, dotando assim a capacidade de células não imunológicas de reconhecerem 
RNA viral e disparar uma resposta a qual é caracterizada por produção final de 
Interferon tipo I. Esses receptores reconhecem apenas RNA não-próprio, uma vez que 
os RNAs de fita simples virais possuem uma cauda trifosfato, garantindo uma resposta 
contra o vírus preservando o indivíduo. A proteína RIG-1 possui um domínio helicase e 
um domínio que se liga ao domínio CARD, que faz parte da proteína MAVS presente na 
membrana externa da mitocôndria, induzindo a sua dimerização que resultará na 
ativação de NF-B e a expressão de genes de citocinas pró-inflamatórias. 
Você poderá conhecer mais sobre respostas a vírus em nossa aula de imunidade 
a infecções. 
 
Receptores de Carboidratos 
Diversos patógenos possuem carboidratos em sua superfície e podem ser 
reconhecidos por receptores que pertencem à família das Lectinas tipo C. Estes 
receptores estão presentes como proteínas no sangue e ancorados na membrana de 
células imunológicas como em células dendríticas e macrófagos. São responsáveis pelo 
reconhecimento do patógeno auxiliando o processo de fagocitose ou pela transdução 
de sinais induzindo a produção e secreção de citocinas que poderão ativar uma resposta 
imune ou amplificá-la. Dessa forma os receptores para carboidratos são PRRs, que 
reconhecem PAMPs, neste caso, carboidratos exclusivamente presentes em 
patógenos, como as lectinas entre outras. 
O nome da família desses receptores de Lectina tipo C (CLR) tem origem no 
mecanismo de ação desses receptores, que somente reconhecem estas lectinas 
associadas à Ca2++, por isso são chamadas de Lectinas do tipo C. 
Existem diversos receptores de carboidratos que pertencem à família das 
Lectinas tipo C, esses receptores possuem especificidade diferente entre si e 
conseguem reconhecer carboidratos diferentes tais como glicose, manose, β-glucanas 
e N-acetilglicosamina. Dois receptores de lectinas chamam a atenção: o receptor de 
manose (também conhecido como CD206), presente na superfície de macrófagos e 
células dendríticas, auxiliando no processo de fagocitose; e as Dectinas 1 e 2, presentes 
na superfície das células dendríticas, que irão reconhecer os carboidratos β-glucanas e 
oligossacarídeos ricos em manose presentes em leveduras e hifas do fungo Candida 
albicans, respectivamente. 
 
 
35 
 
Receptores de Varredura (Scavenger) 
Os receptores de varredura são estruturalmente diferentes entre si e foram 
agrupados em oitos classes (classe A-H) e estão presentes em macrófagos. São 
considerados receptores fagocíticos, reconhecendo lipoproteínas de baixa densidade 
acetiladas e polímeros aniônicos. Esses receptores são capazes de reconhecer LPS, β-
glucanas, proteínas e ácidos nucléicos. Alguns receptores de varredura mais 
conhecidos são os de classe A: SR-A I, SR-A II, MARCO e o declasse B: CD36. 
 
Moléculas solúveis de reconhecimento de padrões e moléculas efetoras 
O sistema imune inato é capaz de reconhecer antígenos através de receptores 
presentes na superfície das células e no interior das células que o compõe. Mas isso 
não é tudo, a imunidade inata também é capaz de reconhecer antígenos através de 
proteínas solúveis que estão presentes no sangue, essas proteínas são as pentraxinas, 
as colectinas, as ficolinas, os anticorpos naturais e o sistema complemento. Mas aqui 
vamos conhecer um pouco sobre os três primeiros, o sistema complemento você poderá 
explorar mais futuramente na aula “Sistema Complemento”. 
As moléculas solúveis, também conhecidas como mediadores humorais, atuam 
na defesa do organismo de quatro modos: 1 – opsonização de antígenos facilitando a 
fagocitose; 2 – ativação do sistema complemento; 3 – lise direta do patógeno ao inserir-
se em sua superfície e 4 - promovendo respostas inflamatórias, tais como a quimiotaxia 
ou a ativação de mastócitos culminando na liberação de histamina. 
As pentraxinas são um grupo de proteínas pentaméricas, sendo as principais a 
proteína C-reativa (CRP) e a amiloide sérica (SAP). São capazes de reconhecer 
diversas bactérias e fungos se ligando a fosforilcolina e a fosfatidiletanolamina, 
respectivamente. Ainda ativam a via clássica do sistema complemento se ligando a C1q. 
Você já deve ter observado em seu exame de sangue ou de um familiar a dosagem de 
proteína C-reativa, não é mesmo? Pois bem, por muito tempo estas proteínas foram 
chamadas de APPs (proteínas de fase aguda), dentre elas a proteína C-reativa. Esta 
tem sua síntese aumentada no fígado quando a imunidade inata está combatendo uma 
infecção e as citocinas IL-1 e IL-6 produzidas por macrófagos induzem a produção da 
CRP pelo fígado. Assim o seu médico solicita a dosagem para averiguar indícios de 
infecção e inflamação agudas. 
As colectinas compreendem a MBL, (do inglês “Mannose-Binding Lectin”) que 
se liga à manose formando complexos pentaméricos; a SP-A e a SP-D (proteínas 
surfactantes pulmonares) podem formar trímeros ou hexâmeros. A MBL pode atuar de 
36 
 
duas formas, opsonizando bactérias e assim facilitando o processo de fagocitose pelos 
fagócitos ou ainda ativando a cascata do sistema complemento conhecida como via das 
lectinas. As proteínas surfactantes (SP-A e SP-D) estão presentes nos alvéolos 
pulmonares, opsonizando antígenos no local, dessa forma facilitando a fagocitose por 
macrófagos alveolares. Os receptores e as moléculas envolvidas nesta cascata de 
ativação você conhecerá melhor na aula sobre “Sistema Complemento”. 
As ficolinas são proteínas semelhantes às colectinas, mas não possuem 
domínio de lectina tipo C. São capazes de reconhecer o ácido lipoteicoico, que é um 
dos constituintes da parede celular de bactérias Gram-positivas. 
 Dentre as moléculas solúveis que fazem parte da imunidade inata estão os 
anticorpos naturais. Mas ora, anticorpo não é algo exclusivo da imunidade adaptativa? 
Quando pensamos em anticorpos o nosso primeiro pensamento é: que células os 
produzem? E sim, são os linfócitos B que produzem anticorpos e essas células 
pertencem à imunidade adaptativa e não à imunidade inata. Então, por que estamos 
falando sobre anticorpos na imunidade inata? Bem, não estamos falando de quaisquer 
anticorpos, estamos falando dos anticorpos naturais, isso significa que eles estão 
naturalmente presentes no nosso corpo. Estes anticorpos são gerados em resposta a 
lipídeos ou glicolipídeos (como lisofosfatidilcolina e fosforilcolina) presentes em micro-
organismos que compõem a nossa microbiota. A microbiota de cada indivíduo é formada 
a partir do seu parto, do contato com a mãe e outras pessoas, através da dieta, e até os 
3 anos de idade ela sofre alterações e é capaz de modular o sistema imune. Assim, os 
anticorpos naturais são formados em resposta a estes estímulos, e caso 
microrganismos invasores apresentem moléculas como estas, os anticorpos naturais 
serão capazes de iniciar uma resposta imune nas superfícies de contato com o meio 
externo onde se localizam, como pele e mucosas. Além disso, os anticorpos naturais 
nos auxiliam na preservação do próprio, da integridade do nosso organismo. Você já 
parou para pensar a origem dos anticorpos que reconhecem as hemácias de um doador 
de sangue não compatível? Você sabe que se um paciente receptor receber uma 
transfusão de sangue não compatível o mesmo poderá vir a óbito, não é mesmo? Sim, 
a reação imunológica na defesa do próprio é intensa, isso se deve aos anticorpos 
naturais do tipo IgM que reconhecem antígenos do complexo ABO. Chamamos estes 
antígenos resultantes deste complexo de aglutinogênios. Este complexo de genes 
autossômicos faz com que sejam expressas diferentes glicosiltransferases gerando os 
glicolipídeos A e B. Se em heterozigose, estas enzimas serão expressas em 
codominância e as aglutininas A e B serão expressas na superfície das nossas 
hemácias. Porém, ambos, A e B, são dominantes sobre O. Esta expressão ocorre já na 
5ª-6ª semana de vida intrauterina e o feto já produz anticorpos contra os antígenos que 
37 
 
são ausentes em suas hemácias. Assim, se o sangue do doador for do tipo A, ele 
possuirá anticorpos naturais do tipo anti-B. Se o doador for sangue tipo B, irá possuir 
anticorpos naturais do tipo anti-A. Se for do tipo AB não irá possuir anticorpos naturais 
contra o complexo ABO, sendo chamado de receptor universal. Já o indivíduo O é assim 
chamado de doador universal por não expressar aglutinogênios A ou B. Sei que parece 
muito complicado agora, mas quando estudarmos como são formados os nossos 
linfócitos T e B, entenderemos melhor. 
 Agora que você já conhece os principais receptores e moléculas presentes na 
imunidade inata, observe o resumo presente na tabela 4. Contudo, há muitos outros, e 
você poderá buscá-los em artigos de revisão ou, se desejar, solicitar algumas indicações 
ao mediador da sua disciplina. 
38 
 
 
 
Tabela 4: Receptores e moléculas de reconhecimento padrão. (Figura adaptada de: 
Livro – Imunologia Celular e Molecular, 7ª ed., pág. 59) 
 
A IMUNIDADE INATA NO PROCESSO INFLAMATÓRIO. 
A imunidade inata participa de eventos importantes no corpo, não somente da 
defesa contra o patógeno, mas também de eventos que são capazes de recuperar 
Tabela 4 - Receptores e Moléculas de Reconhecimento Padrão. 
Receptores de Reconhecimento Padrão 
Presentes em Células 
 
 
 
C3b 
 
39 
 
danos causados por patógenos ou por traumas. Isso lhe remete a algo? Um pequeno 
acidente, como um tombo, uma batida na maçaneta da porta ou algo do tipo pode quase 
que instantaneamente deixar o local traumatizado roxo, não é mesmo? Isso se deve ao 
rompimento de capilares sanguíneos e, por consequência, ao extravasamento de 
sangue para o tecido; há também a ruptura de células locais causando destruição do 
tecido devido à presença de enzimas intracelulares que são liberadas na ruptura celular. 
Esse processo nada mais é que um evento de necrose. Dependendo da intensidade e 
da extensão do acidente, dentro de 1 a 2 semanas o hematoma não é mais visível e o 
local não doi mais, ou seja, o tecido está recuperado. Mas se há várias células rompidas 
e conteúdo intracelular disperso no local, como o corpo “arruma essa bagunça” e 
reorganiza o tecido lesionado? 
Estamos falando de um processo imunológico chamado de inflamação. Este 
processo também ocorre quando uma infecção se estabelece no organismo, embora 
ocorram particularidades em cada uma das situações. Iremos falar melhor destes 
eventos e diferenças no capítulo onde abordaremos as infecções causadas pelos 
diversos patógenos aos quais somos expostos. Por ora, vamos desmistificar o processo 
inflamatório. Sim, a inflamação não é o vilão do nosso corpo, pelo contrário, o processo 
inflamatório é ummecanismo de defesa que é composto por elementos da imunidade 
inata, mas note que isso não impede que os elementos da imunidade adaptativa 
participem de reações imunológicas, a fim de devolver ao organismo seu equilíbrio, ou 
seja, mantê-lo saudável. É importante sabermos que a inflamação pode ocorrer 
independentemente da presença de um microrganismo patogênico no local, um bom 
exemplo é um hematoma causado por um tombo, se não houve arranhão, não houve 
rompimento da pele, portanto a barreira anatômica está preservada e aquele local não 
entrou em contato com agentes patogênicos, certo? Mas, mesmo assim, o processo 
inflamatório irá ocorrer para reparar o tecido danificado e remover os restos celulares 
no local lesionado. 
O processo inflamatório começa com alterações vasculares que irão 
proporcionar o recrutamento de mais células para o local inflamado. Essas alterações 
vasculares são as responsáveis pelos sintomas de calor, vermelhidão, dor e inchaço na 
região lesionada. As alterações vasculares compreendem o aumento da permeabilidade 
vascular e a vasodilatação. O aumento da permeabilidade vascular permite que células 
imunológicas deixem o vaso sanguíneo por um processo chamado diapedese, já citado 
aqui neste capítulo, e migrem até o tecido lesionado. As principais células envolvidas na 
inflamação aguda são os neutrófilos e os macrófagos que fagocitam restos celulares 
e/ou de microrganismos, no caso de infecção. A vasodilatação proporciona a passagem 
40 
 
de um volume de sangue maior na região e, portanto, de mais células imunológicas. 
Esses dois eventos são possíveis devido à ação de mediadores inflamatórios como a 
histamina liberada por mastócitos, também presentes no tecido conjuntivo da derme e 
nas mucosas que revestem nosso corpo. 
Além das células imunológicas que participam diretamente dos processos de 
fagocitose, outras células como as células epiteliais e do endotélio vascular secretam 
proteínas que sinalizam o estado alterado do tecido, chamando outras células a 
participar do processo inflamatório. Estas proteínas são chamadas de quimiocinas, e 
pertencem a uma classe de citocinas que criam um gradiente quimiotático indicando 
onde deve ocorrer a diapedese das células recrutadas. Citocinas são moléculas 
secretadas, responsáveis pela comunicação entre células. Veremos em outros capítulos 
as principais citocinas do sistema imune, quando são secretadas e quais os resultados 
dessa sinalização. 
Ocorre também a ativação do Sistema Complemento (SC), já citado aqui 
também e que veremos em uma aula especialmente dedicada a ele. Durante a 
inflamação as proteínas C3a e C5a do SC são capazes de se ligarem a receptores 
presentes na superfície de mastócitos e desencadearem a liberação de mediadores 
inflamatórios, como a histamina, para o meio extracelular. Essas proteínas também são 
chamadas de anafilatoxinas (vide box), ou seja, também são quimioatrativas e, portanto, 
participam do processo de quimiotaxia, atraindo células para o local da infecção e/ou 
inflamação. 
 
 
Anafilatoxinas 
Proteínas C3a, C4a e C5a 
do sistema 
complemento, que 
atuam como 
quimioatraentes, 
participam do processo 
de quimiotaxia no 
processo inflamatório. 
Ligam-se à superfície de 
mastócitos promovendo 
a liberação de histamina 
que promove aumento 
da permeabilidade 
vascular favorecendo à 
diapedese. 
41 
 
CARACTERÍSTICAS DA IMUNIDADE INATA X IMUNIDADE ADAPTATIVA 
O primeiro aspecto diz respeito ao tempo em que ambas começam a atuar no 
curso da resposta imune como um todo, ou seja, a resposta inata se inicia minutos após 
o organismo ter sido invadido por um patógeno, por exemplo. Já a resposta adaptativa 
demora dias para se manifestar, uma vez que processos de reconhecimento e 
apresentação antigênica e ativação de linfócitos T e de linfócitos B são necessários. O 
segundo aspecto está relacionado ao tamanho do repertório de ambos os tipos de 
resposta, sendo o repertório da imunidade adaptativa bem maior do que o da imunidade 
inata. O terceiro aspecto diz respeito à capacidade de memória, que é propriedade 
exclusiva da imunidade adquirida. 
A imunidade inata é a primeira linha de defesa de um organismo, quando as 
barreiras epiteliais e químicas são vencidas por um agente infeccioso, é a imunidade 
inata que irá prontamente combater o patógeno. Seu início ocorre a partir do minuto da 
infecção até algumas horas. Os elementos inatos como células e proteínas estão 
presentes no nosso corpo de maneira constitutiva, ou seja, não é necessário que um 
agente infeccioso adentre seu corpo para que essas células inatas ou proteínas do 
sistema imune inato sejam produzidas. Esses componentes já se encontram em nosso 
organismo mesmo antes da infecção por um agente ou de possíveis injúrias teciduais. 
Por isso, a imunidade inata é considerada a primeira linha de defesa do sistema 
imunológico, pois possui componentes inatos. Embora esses componentes estejam 
prontos para combater uma possível infecção, a resposta inata pode ser amplificada. O 
que queremos dizer com isso, caro leitor, é que a partir da infecção do organismo 
diversas células e proteínas irão combater o agente infeccioso, mas além disso, irão 
também promover a produção de mais proteínas antimicrobianas e de citocinas que são 
capazes de ativar a proliferação de diversos tipos celulares, inclusive de células da 
imunidade adaptativa. 
Observe na figura 12 e na tabela 5 as principais diferenças entre a imunidade 
inata e adaptativa. 
42 
 
 
Figura 12: Tempo de ativação da imunidade inata e adaptativa. A imunidade inata é a 
primeira linha de defesa e é ativada no momento da infecção. A imunidade adaptativa é ativada 
a partir do tempo de 12 horas de infecção. (Fonte: Livro – Imunologia Celular e Molecular, 7ª ed., 
pág. 3) 
 
 
Tabela 5 – DIFERENÇAS ENTRE IMUNIDADE INATA E ADAPTATIVA 
 INATA ADAPTATIVA 
CARACTERÍSTICAS 
Especificidade 
Possui especificidade limitada. Os receptores são 
específicos somente para PAMPs e DAMPs 
Possui especificidade ilimitada. Os receptores 
são altamente específicos contra todos os 
antígenos 
Diversidade Limitada; receptores gerados pela codificação da 
linhagem germinativa 
Grande; receptores gerados por recombinação 
somática 
Memória Não possui células de memória Sim. Apresenta linfócitos B e T de memória. 
Tempo para iniciar a resposta 0 a 12 horas. A partir de 12 horas 
 
Resposta repetida à infecção secundária* 
 
Idêntica a resposta primária* 
Mais rápida que a resposta primária e mais 
especifica, com afinidade aumentada 
COMPONENTES 
 
Barreiras 
 
Anatômica, físico-química, outras. 
Linfócitos no epitélio e anticorpos secretados na 
mucosa. 
Celulares Fagócitos e células Natural Killer Linfócitos B e T 
Receptores Celulares Receptores de Reconhecimento Padrão (PRRs) Receptores de linfócitos B (BCR) e T (TCR) 
 
Humorais (proteínas presentes no sangue) 
 
Sistema Complemento, pentraxinas, ficolinas 
anticorpos naturais e outras. 
Anticorpos 
* Infecção primária é o primeiro contato do indivíduo com determinado antígeno, enquanto a infecção secundária é o segundo contato do indivíduo com o mesmo 
antígeno da infecção primária. O mesmo procede para resposta primária e secundária, a resposta primária ocorre na infecção primária e a resposta secundária 
ocorre na infecção secundária. 
Tabela 5: Diferenças entre a imunidade inata e a imunidade adaptativa. (Fonte: Livro – 
Imunologia Celular e Molecular) 
43 
 
 
ATIVIDADE 
A Sindrome de Chediak-Higashi é uma desordem clínica autossômica recessiva 
rara e severa, caracterizada por albinismo óculo-cutâneo, disfunção plaquetária e atrofia 
progressiva do sistema nervoso central. A síndrome é causada por uma mutação na 
proteínaCHS1 que é responsável pela formação e tráfego de vesículas. Sabemos o 
quão importante é a função das células fagocíticas na defesa do próprio. As células de 
pacientes portadores da síndrome apresentam algumas anormalidades, como falha no 
processo de fusão da vesícula fagocítica com a vesícula lisossomal, organelas e 
grânulos gigantes, entre outros. De acordo com os seus conhecimentos obtidos na aula, 
você é capaz de relacionar que a síndrome afeta diretamente a imunidade inata por 
afetar as células fagocíticas, desse modo elabore sua resposta descrevendo as 
possíveis consequências negativas da síndrome na resposta imune inata. 
 
RESPOSTA 
8 linhas 
A mutação na proteína CHS1 acarreta falha na fusão do fagossomo com o 
lisossomo, portanto a eficiência da destruição do microrganismo pela fagocitose fica 
comprometida, a principal consequência é a suscetibilidade do paciente a infecções. 
 
CONCLUSÃO 
 
Estamos chegando ao fim da nossa aula. Isso mesmo! Agora você já conhece 
as principais características e mecanismos de atuação da imunidade inata, a primeira 
linha de defesa do nosso corpo. Você conquistou um grande passo nessa disciplina 
conhecendo novos conceitos que serão empregados nas aulas futuras. A imunologia é 
uma ciência extremamente interessante e podemos notar o quão coordenadamente o 
sistema imunológico atua, com tamanha capacidade em nos defender contra os 
patógenos e manter nosso organismo em equilíbrio. Você aprendeu muito, mas ainda 
há diversos eventos interessantes para estudarmos. Vamos lá! Vamos construindo todo 
o passo a passo juntos! 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
RESUMO 
 
O sistema imunológico é constituído por uma grande e complexa rede de 
elementos celulares e humorais. Coordenadamente, atuam de maneira regulada 
protegendo o corpo contra eventuais infecções e outras alterações que perturbem o 
equilíbrio saúde x patologia. O sistema imunológico é classificado, didaticamente, em 
imunidade inata e adaptativa, cada qual com suas características, tais como: tempo de 
atuação distintos, tipos celulares, especificidade de reconhecimento, células e 
receptores. A imunidade inata é a primeira linha de defesa e se inicia logo após a 
invasão do corpo pelo antígeno. Os elementos humorais, tais como defensinas, 
colectinas, pentraxinas e proteínas do sistema complemento, atuam na defesa em 
conjunto com as células da imunidade inata. Podemos destacar como fagócitos 
neutrófilos e macrófagos, que atuam contra antígenos extracelulares, e as células NK, 
que atuam contra antígenos intracelulares (vírus, bactérias intracelulares e células 
neoplásicas). 
As células da imunidade inata reconhecem estruturas chamadas de padrões 
moleculares associados a patógenos (PAMPs) e padrões moleculares associados a 
danos (DAMPs), através dos receptores presentes em sua superfície denominados 
receptores de reconhecimento de padrões (PRRs). Os principais mecanismos efetores 
da imunidade inata são a fagocitose do antígeno, a lise do antígeno ou do patógeno 
através da liberação de peptídeos antimicrobianos, NETs e algumas enzimas, e a 
opsonização do antígeno, por proteínas do complemento e anticorpos naturais, seguida 
de fagocitose. Processos inflamatórios ocorrem e, após uma gama diversificada de 
eventos, tendem a reparar o tecido lesionado e/ou conter a infecção. 
Caro leitor, tenha em mente que a imunidade inata é capaz de ativar a imunidade 
adaptativa através da apresentação de antígenos para os linfócitos B e T, assim 
amplificando e direcionando a resposta imunológica contra o invasor. O envolvimento 
da resposta adaptativa tem por objetivo conter danos provocados pelos processos 
inflamatórios exacerbados, eliminando o patógeno ou possíveis modificações celulares, 
como no caso de injúria tecidual ou da presença de células neoplásicas. Lembremos 
sempre que, apesar de suas características particulares, imunidade inata e a imunidade 
adaptativa atuam em conjunto! 
 
 
 
 
45 
 
 
INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA 
 
Na próxima aula, estudaremos as células e os órgãos que compõem o sistema 
imune dos vertebrados superiores. Você verá quão fantástica é a estrutura 
organizacional e a especialização de algumas células que compõem esse sistema 
fascinante. Aguarde! 
 
 
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