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ESCOLA SUPERIOR BATISTA DO AMAZONAS MEDICINA VETERINÁRIA MAX SANTOS ANATOMIA RESPIRATÓRIA E MANEJO ANESTESICO DEANIMAIS BRAQUICEFÁLICOS MANAUS 2021 MAX SANTOS ANATOMIA RESPIRATÓRIA E MANEJO ANESTESICO DEANIMAIS BRAQUICEFÁLICOS Projeto de pesquisa apresentado para execução do Pré-projeto do Curso de Graduação em Medicina veterinária da Escola Superior Batista do Amazonas (ESBAM). Orientado pela Profº Luciene A. Siqueira de Vasconcelos. MANAUS 2021 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................4 1.1 TEMA ............................................................................................................................. ...4 1.1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA........................................................................................4 1.2 PROBLEMA ....................................................................................................................4 1.3 HIPOTESE........................................................................................................................5 1.4 JUSTIFICATIVA..............................................................................................................5 1.5 OBJETIVOS......................................................................................................................5 5.1.1 OBJETIVO GERAL......................................................................................................5 5.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................................................5 2 METODOLOGIA................................................................................................................5 3 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................................6 3.1 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES ANATOMICAS............................................................6 3.2.1 ESTENOSE DAS NARINAS........................................................................................7 3.2.2 PROLONGAMENTO DO PALATO MOLE..............................................................7 3.2.3 HIPOPLASIA DA TRAQUEIA E COLAPSO DA LARINGE.................................8 3.3 MANEJO ANESTÉSICO.................................................................................................8 3.4 AVALIAÇÃO E PRÉ-ANESTESIA...............................................................................8 3.5 MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA (MPA)..................................................................9 3.5.1 FENOTIAZÍNICOS.....................................................................................................10 3.5.2 BENZODIAZEPÍNICOS............................................................................................11 3.5.3 AGONISTA A2-ADRENÉRGICOS...........................................................................11 3.5.4 OPIÓIDES....................................................................................................................13 3.6 OXIGENAÇÃO...............................................................................................................15 3.7 TEMPERATURA...........................................................................................................16 3.8 INDUÇÃO E ENTUBAÇÃO.........................................................................................18 3.9 MANUTENÇÃO ANESTÉSICA..................................................................................18 3.10 MONITORAMENTO E RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA....................................19 3.11 RISCO NA ANESTESIA..............................................................................................20 4 REFERÊNCIAS.................................................................................................................22 4 1. INTRODUÇÃO O animal com síndrome braquicefálica é o tipo de animal bastante popular entre as raças que ele apresenta, por serem diferente e com o rosto pouco exótico, os donos e criadores desses animais em geral se interessam bastante por eles, mesmo com suas delimitações e anatomia desproporcional, um focinho achatado, órbita ocular rasa e grande quantidade de pele solta pela face. As principais raças de cães acometidas por essa anomalia são Shih-Tzu, Boxer, Buldogue Inglês, Buldogues Francês, Lhasa Apso, Pequinês, Pug e Boston Terrier (PONCET, 2005; TORREZ & HUNT, 2006) em gatos é comum nos de face curta como as de raças Himalaia e Persa (NELSON; COUTO, 2001). Estas anormalidades incluem narinas estenóticas 48%, palato mole alongado 80%, sáculos laríngeos evertidos 48%, colapso laríngeo e em algumas raças, traquéia hipoplásica (FOSSUM; DUPREY, 2005; MONNET, 1993; NELSON; COUTO, 2001; VADILLO, 2007). Para a anestesiologia, animais com essa anomalia precisam ter um cuidado diferente dos demais, pois sua dificuldade de respiração e sensibilidade a alguns fármacos, dificultam o manejo anestésico desses pacientes, sendo susceptíveis a complicações na hora do procedimento cirúrgico. 1.1 TEMA Manejo e protocolo anestésico de animais braquicefálicos 1.1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA avaliação ideal de um manejo e protocolo anestésico seguro para o animal braquicefálicos 1.2 PROBLEMA O protocolo e manejo anestésico nos animais braquicefálicos é fundamental devido as suas peculiaridades nas vias respiratórias, sendo um desafio para o anestesiologista veterinário na hora da insensibilização desses animais (RISCO-LOPEZ, 2015). As complicações pós-operatórias presentes na cirurgia desses animais chega a 15% e 5% de desenvolver dispneia grave ou morte. Um dos grandes problemas presentes na hora da anestesia é o desenvolvimento de obstrução das vias aéreas podendo ser desde a sedação até a hora da recuperação, predisposição a bradicardia e regurgitação (MCDONELL & KERR, 2015). 5 1.3 HIPOTESE Possuindo o conhecimento básico da anatomia desses animais em junção da combinação do manejo e protocolo anestésico indo desde o medicamento pré-anestésico até a recuperação total do animal, busca em si alcançar um melhor resultado sem grandes ou se possível nenhuma complicação aparente na hora de sua realização. 1.4 JUSTIFICATIVA Os animais braquicefálicos são bastante populares na clínica veterinária de pequenos animais, conhecer sua anatomia é de extrema importância, principalmente por suas anormalidades, conhecendo o seu protocolo anestésico ideal, se assegurando contra complicações que podem apresentar na hora da anestesia, em busca do bem estar animal. 1.5 OBJETIVOS 1.5.1 OBJETIVO GERAL Chegar em um embasamento único a respeito na anestesia em animais braquicefálicos, seus meios e complicações. 1.5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Buscar meios de anestesias para determinadas comorbidades de animais braquicefálicos, medicamentos ideias para seu uso, manejos e meios de melhorar o seu pré e pós anestésico sem complicações ao animal 2. METODOLOGIA A metodologia usada para estre trabalho foi revisão de literatura de livros e artigos a respeito da anestesia em animais braquicefálicos com o intuito de achar um ponto de vista em meio a essa pesquisa. 6 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1 ANIMAIS BRAQUICEFÁLICOS A braquicefalia é uma deformidade corporal que altera o formato cranial e principalmente o trato respiratório de algumas espécies animais, deixando-os predisponentes a problemas como hidrocefalia, paralisia de nervo facial, prolapso do bulbo ocular e posicionamento inadequado dos dentes, entre outros (KOCH et al., 2003). Diversas raças, como Bulldog francês e inglês, Shih Tzu, Pug, Maltês, Boxer e Pequinês,são exemplos comuns de cães braquicefálicos. Nos gatos é comum observar nas raças Persa, Exotic Shorthair, Sagrado da Birmânia e Himalaio (KOCH et al., 2003; FASANELLA et al., 2010; FONFARA et al., 2011; FOSSUM & DUOPREY, 2005; OECHTERING, 2012; RIECKS et al., 2007; TILLEY & SMITH, 2008). Segundo Knoch et al. (2003), os cães podem ser classificados, por medições do seu crânio, em dolicocéfalos (focinho estreito e longo), mesocéfalos (proporcionais) e braquicefálicos (focinho curto) 3.2 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES ANATÔMICAS As raças dos animais braquicefálicos possuem alterações bastante presentes em sua estrutura óssea, resultando em uma alteração para menos de um terço do seu tamanho normal o que gerou um grande problema em sua fisiopatologia. A principalmente alteração está no crânio, sendo ele curto no comprimento e grande em sua largura, ocasionando uma diminuição da cavidade nasal e um encurtamento da cavidade oral. (SUMMERS et al., 2010; HOFMANN-APOLLO, 2009; HARVEY, 1982). As principais anormalidades anatômicas presentes nesses animais são: focinho achatado, orbita ocular rasa e formação de pregas na pele da face. No seu sistema respiratório superior é notório suas alterações primárias tais como: estenose das narinas, palato mole prolongado e hipoplasia traqueal. (TORREZ & HUNT, 2006; MEOLA, 2013). Essas alterações interferem na aspiração do ar até os pulmões, dependendo da gravidade do caso, estimulam o sistema digestivo e dificultam a termorregulação do animal (RISCO-LOPEZ, 2015). Cães que apresentam anormalidades no sistema gastrointestinal, como gastrite, esofagite e duodenite ocasionadas pela aerofagia, foram comprovadas em Buldogues ingleses obesos, Buldogues franceses e Pug. (PONCET, 2005). 7 3.2.1 ESTENOSE DAS NARINAS A estenose das narinas se dá pela diminuição do fluxo do ar pelas vias superiores, essa diminuição ocasiona uma pressão negativa pelo aumento da força na inspiração, com essa pressão negativa os tecidos moles são evertidos para dentro do lúmen e acabam se tornando hiperplásticos. (KOCH et al., 2003; KEATS, 2012a). Um dos sintomas presentes nessa alteração é a respiração ruidosa, estridor, cianose, em casos graves se é observado síncope em junção a outras alterações das vias aéreas desses tipos de animais. Uma particularidade típica e facilmente observável das narinas estenóticas é o estreitamento do orifício nasal que fica reduzido a uma pequena fenda, visível do exterior (OECHTERING, 2010; CARVALHO et al., 2010; LIU et al., 2016). 3.2.2 PROLONGAMENTO DO PALATO MOLE O prolongamento do palato mole ocorre devido a uma mutação genética, cães com essa condição apresentam uma língua desproporcional a sua cavidade oral. O palato mole é restrito por uma mucosa respiratória na superfície dorsal e na superfície ventral por uma mucosa oral. A região ventral é feita de glândulas salivares, aglomeradas. O músculo palatino está disposto no sentido longitudinal, que é responsável pelo encurtamento do palato. (DYCE et al., 2004; VADILLO, 2007) A transição entre o palato duro e o palato mole localiza-se caudal ao último molar em raças não braquicéfalas e é ainda mais caudal em braquicéfalos. A ponta do palato mole estende-se até a ponta da epiglote, no entanto, em braquicéfalos o palato mole pode estender-se para além deste ponto, o que pode provocar uma obstrução da rima glótica, prejudicando a respiração e por conta da vibração dos tecidos pela passagem de ar, pode ocasionar um edema em sua faringe. (VADILLO, 2007; KOCH et al., 2003). O prolongamento do palato mole é encontrado em 62% dos cães braquicéfalos. FASANELLA et al., 2010). 8 3.2.3 HIPOPLASIA DA TRAQUEIA E COLAPSO DA LARINGE A hipoplasia da traqueia é quando se ocorre um estreitamento ao longo da traqueia, os anéis traqueais cartilaginosos tendem a ser pequenos e mais rígidos que o normal. Com isso, há um aumento do esforço respiratório, durante a passagem de ar na respiração (PEREIRA & YAMATO, 2015; COYNE; FINGLAND, 1992). Essa afecção é de origem genética e normalmente é diagnosticada em animais braquicefálicos jovens (HARVEY; FINK, 1982). Os cães mais afetados são os das raças bulldog e Boston terrier, sendo eles macho (COYNE; FINGLAND, 1992). O colapso de laringe ocorre devido a perda da função das cartilagens que compõem a laringe, isso ocorre devido à pressão exercida no interior da laringe, causando a aproximação das cartilagens e até mesmo sua sobreposição (DYCE et al.,2010). 3.3 MANEJO ANESTÉSICO A taxa de complicações cirúrgicas pós-operatórias de espécies braquicefálicas no período pré-operatório é em torno de 12%, com 5% desenvolvendo dispneia grave ou morte. Em geral, as principais preocupações associadas à anestesia do paciente com síndrome das vias aéreas braquicefálicas são o desenvolvimento de obstrução das vias aéreas (parcial ou completa) em qualquer período anestésico (desde a sedação pré- operatória a recuperação completa) e tendência para bradicardia e regurgitação (MCDONELL & KERR, 2015). Um protocolo anestésico é diferente para cada tipo de animal, diferenciando-se da particularidade de cada um, raça, tamanho, comorbidade, alergias, o seu estado físico, patologia presente, além de exames complementares e drogas disponíveis na hora da cirurgia. É de importância também saber o histórico do animal, conversar com o proprietário antes de iniciar o protocolo anestésico. Sabendo-se disso e identificando as suas particularidades, minimiza possíveis problemas na hora da anestesia. 3.4 AVALIAÇÃO E PRÉ-ANESTESIA Na avaliação pré-anestésica é onde o paciente é submetido a realização de exames, tais como, histórico clinico, exame físico, hemograma, exames de imagem, bioquímico sérico, medicamentos tomados durante a semana, tudo isso em virtude de minimizar riscos na cirurgia (BRODBELT; FLAHERTY & PETTIFER, 2015; LOPEZ, 2015). 9 No eletrocardiograma é onde irá se observar se há presença de arritmias devido ao alto tom parassimpático que essas raças costumam apresentar, ondas T elevadas também podem aparecer, devido a possível hipóxia, pode haver presença de extrassístoles nesses pacientes com alterações cardíacas pré-existentes que devem ser acompanhadas de perto durante todo o processo. Raio-X do tórax pode detectar colapso traqueal ou possíveis alterações pulmonares e cardíacas (LOPEZ, 2015). É indicado o teste de tolerância ao exercício, que ajuda a identificar o grau da gravidade da braquicefalia apresentada pelos cães. Um teste de tolerância ao exercício pode ser realizado correndo com o paciente por alguns minutos e, portanto, será possível determinar se há um alto risco de anestesia ou se deve ser adiado. (DOWNING & GIBSON, 2018; RIGGS et al., 2017) Recomenda-se em pacientes braquicefálicos administrar um medicamento que diminua a acidez gástrica, como o omeprazol, podendo ser iniciado um dia antes da cirurgia e mantido no pós-operatório (DOWNING & GIBSON, 2018). A administração de 1 mg/kg de omeprazol pelo menos 4 horas antes da indução da anestesia reduz a incidência gastroesofágica em pacientes anestesiados (Panti et al. 2009). É necessário deixar o animal em jejum para a realização do procedimento cirúrgico, devido a presença de conteúdo gástrico que eleva o risco de regurgitação no decorrer da anestesia injetável e/ou após o procedimento, sendo capaz de ocorrer aspiração via traqueal e por consequência a evolução de um possível quadro de pneumonia por aspiração. É recomendado jejum alimentar de 12hs e hídrico de duas horas, sendo animais braquicefálicos mais propicio a isso se possuírem edema de epiglote (DOWING & GIBSON, 2018). Cães braquicefálicos possuem maior dificuldade na intubação, sendo avaliados pela escala de Mallampati, que prevê visualmente a classificação do paciente, cuja técnica é convertida da medicina humana paraa medicina veterinária, com o paciente em decúbito esternal, com a boca aberta, expondo a língua para frente (MOLINA & GARCÍA, 2017). Ainda, pré-oxigenação se faz necessária de 10 a 15 minutos antes do uso da medicação pré-anestésica (MPA), pelo excesso de tecido do palato mole, deve se fazer uso de máscara ou caixa apropriada para oxigenação (PEREIRA & YAMATO, 2015) 3.5 MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA (MPA) A medicação pré-anestésica antecede a anestesia e é parte do protocolo anestésico, o seu objetivo é alcançar uma sedação adequada, sem depressão respiratória, reduzindo a 10 ansiedade e estresse, evitar a êmese, reduz o necessário na dose de indução e fornece analgesia. Recomenda-se o uso de antieméticos, por exemplo, metoclopramida, em quem vomita facilmente, especialmente em cirurgia do paladar (MURREL, 2016; LOPEZ, 2015). Não há pré-medicação "perfeita" e protocolo de indução para cães braquicefálicos, sem robusta evidência clínica revisada por pares para apoiar o indiscriminado uso de uma técnica acima da outra. Seleção de drogas dependem do temperamento do paciente, da presença e gravidade de doença simultânea, o procedimento a ser realizado, a disponibilidade de diferentes drogas e a familiaridade do médico com um particular protocolo (DOWING & GIBSON, 2018). Os medicamentos usados no MPA variam de Fenotiazínicos, Benzodiazepínicos, agonistas alfa2 adrenérgicos com subclasses Acepromazina, Midazolam, Xilazina, entre outros 3.5.1 FENOTIAZÍNICOS Os fenotiazínicos são usados como sedativos ou em associação de MPA, são classificados como tranquilizantes, neurolépticos ou antipsicóticos. Não possuem efeitos analgésicos, e devem ser associados a analgésico, normalmente opioide (neuroleptoanalgesia) (PAWSON, 2010; RANKIN, 2015; MURREL, 2016). A acepromazina é um fenotiazínico comumente usados na MPA, sendo usada em doses baixas. Tem efeito mínimo sobre a função ventilatória em cães, mas pode aumentar a obstrução das vias aéreas porque também causa um relaxamento da musculatura faringeal. (POPOVIC et al. 1972; DOWING & GIBSON, 2018). Em caes da raça Boxer o uso de fármacos fenotiazínicos em dose alta pode levar o animal a ter síncopes vasovagais devido ao alto nível do tônus vagal, bradicardia e hipotensão medicamento (PAWSON, 2010; DOWING & GIBSON, 2018). Portanto, se a acepromazina for usada em cães Boxers, doses baixas ( < 0·01 mg/kg) são rotineiramente recomendados (Murrel 2016). Se sedação adicional ou mais profunda é necessária, os agonistas α-2 Medetomidina ou dexmedetomidina podem ser apropriadas. No entanto, eles devem ser usados com cautela para evitar excesso sedação e hipoventilação consequente (DOWING & GIBSON, 2018). O principal fármaco dessa classe empregados em pequenos animais é a acepromazina sua dose para cães é de 0,01 a 0,1 mg/kg, pelas vias intravenosa, intramuscular ou 11 subcutânea. O tempo para o aparecimento do efeito total é de aproximadamente 30 minutos após as injeções intramusculares, mas é menor se utilizada a via intravenosa (PAWSON, 2010; RANKIN, 2015; MURREL, 2016; DOWING & GIBSON, 2018); 3.5.2 BENZODIAZEPÍNICOS Os benzodiazepínicos são considerados tranquilizantes menores possuindo ampla segurança, tornando úteis em pacientes frágeis e calmos. Possuem pouco poder sedativo em animais hígidos com boas condições gerais e, além disso, podem causar excitação e agressividade quando utilizados sem combinação com outros fármacos. No geral, diminuem a agressividade, produzem ação ansiolítica, miorrelaxamento e potencial anticonvulsivante e não possuem ação analgésica, sendo utilizado em associação com opioides. O diazepam e o midazolam são os fármacos dessa classe mais utilizados na medicina veterinária e são aplicados pela via parenteral (RANKIN, 2015; MURREL, 2016). O diazepam é usado como anticonvulsivante e como sedativo leve em pequenos animais. Por via enteral, ocorre mínima depressão respiratória e do débito cardíaco e, em via intravenosa, a frequência cardíaca, o débito e a pressão arterial permaneceram inalteradas (PAWSON, 2010; MURREL, 2016). Não deve ser usado em pacientes gestantes, lactantes, geriátricos, ou com insuficiência hepática ou renal, coma, choque e insuficiência respiratória. Em animais com SARA, não deve ser administrado, pois pode agravar a sintomatologia (TEIXEIRA, 2009). O midazolam é o principal benzodiazepínico de uso parenteral em medicina veterinária. É um medicamento seguro para braquicefálicos, mas não deve ser administrado isoladamente, especialmente em animais hígidos, podendo causar reação paradoxal, com a excitação do paciente (PAWSON, 2010). Em cães os efeitos cardiovasculares são mínimos, podendo utilizar a dose de 0,25 e 1,0mg/kg (RANKIN, 2015). 3.5.3 AGONISTAS Α2-ADRENÉRGICOS Os agonistas α2-adrenérgicos são classificados como sedativo-hipnóticos, possuindo prioridade de miorrelaxantes e analgésicas, o seu uso pode ser mais eficaz que os benzodiazepínicos ou fenotiazinas quando usados em pacientes não apresentam excitação, dor, medo, presentes em locais ruidosos, alguns cães apresentam agressividade ao toque, 12 mesmo aparentando estar profundamente sedados (PAWSON, 2010). A primeira medicação dessa classe utilizada em medicina veterinária foi a xilazina e, atualmente está sendo mais utilizada em pequenos animais a dexmedetomidina ou medetomidina (MURREL, 2016). Essas drogas podem causar depressão cardiovascular excessiva, hipoventilação e também podem causar vômitos. Também é recomendado ser administrado em doses baixas para evitar sedação profunda e relaxamento muscular excessivo ao nível dos músculos faringeais que podem piorar a obstrução das vias aéreas (MURREL, 2016; ELLIS & LEECE, 2017) Embora sejam considerados sedativos mais confiáveis, principalmente por possuírem reversor (antagonista seletivo), eles também exercem efeitos profundos em outros sistemas do corpo, já que existem α2-adrenoreceptores tanto a nível central quanto perifericamente em localizações pré e pós-sinápticas e seu uso deve ser limitado ao paciente jovem e saudável). A ação analgésica dos α2-agonistas é mais evidente quando doses altas são utilizadas e, dessa forma, uma associação com opioides produzem uma sedação e analgesia segura, utilizando doses baixas dos α2 (PAWSON, 2010; RANKIN, 2015) A xilazina provoca o aumento da pressão arterial mediado pela estimulação de receptores cardiovasculares pós-sinápticos, resultando em vasoconstrição. Já o efeito posterior desse parâmetro ocorre por diminuição do tônus simpático, tornando-se um efeito negativo para a anestesia em braquicefálicos devido ao efeito central do fármaco pela ativação de receptores pré-sinápticos periféricos no sistema nervoso simpático. Ainda no sistema cardiovascular, o efeito mais observado é a bradicardia reflexa, devido à redução central do impulso simpático e resposta barorreceptora à hipertensão. A bradicardia também pode vir acompanhada de alterações no ritmo como bloqueio atrioventricular de primeiro e segundo grau (PAWSON, 2010; RANKIN, 2015). A êmese e salivação são descritos como efeitos comuns no uso da xilazina, agravando assim a possibilidade de pneumonia aspirativa e aumento do risco de refluxo gastroesofágico em cães braquicefálicos, sendo este mais um motivo para que seu uso não seja aconselhável (PAWSON, 2010; RANKIN, 2015). No SNC, os efeitos dos α2- agonistas relatados são tanto anticonvulsivantes como pró-convulsivantes, ainda pode causar hipotermia ou hipertermia (PAWSON, 2010). Já a dexmedetomedina apresenta menores efeitos sobre a condução elétrica cardíaca comparada a xilazina (PAWSON, 2010). Outras vantagens da dexmedetomidina incluem 13 a analgesia melhorada, sedação mais previsível e uma exigência reduzida para o metabolismo da droga, além da possibilidade da utilização de seu reversor, o atipamezol. A utilizaçãodesse fármaco pode contribuir significativamente para a analgesia transoperatória, podendo resultar em um plano muito estável de anestesia durante a fase de manutenção, reduzindo as flutuações na profundidade da anestesia associada com mudanças na intensidade da estimulação cirúrgica (RANKIN, 2015; MURREL, 2016). De maneira geral, os α2-agonistas são recomendados para animais jovens e saudáveis, sendo contraindicados em pacientes com doença miocárdica ou reserva cardíaca reduzida, hipotensos, em choque, com doença respiratória, insuficiência hepática e/ou renal, diabete melito, prenhes e qualquer paciente doente ou debilitado (PAWSON, 2010). 3.5.4 OPIÓIDES Os opioides são drogas derivadas do ópio e interagem com receptores opioides, sendo os mais utilizados em medicina veterinária a morfina e seus derivados semisintéticos, Meperidina, metadona, Fentanil e Tramadol (KUKANICH & WIESE, 2015; KERR, 2016). A utilização de opioides na MPA tem por finalidade fornecer analgesia e melhorar a confiabilidade e intensidade da sedação fornecida pela droga sedativa primária (KUKANICH & WIESE, 2015; MURREL, 2016). A escolha da droga dependerá sobre o grau de analgesia necessária e sobre a velocidade de início da ação e da duração necessária, visto que a intensidade da analgesia de cada fármaco é diferente, sendo essas drogas o ponto-chave no controle da dor perioperatória (MURREL, 2016). Ainda, apresentam efeito sedativo dose-dependente e droga-dependente (KUKANICH & WIESE, 2015; MURREL, 2016), seus efeitos cardiovasculares são mínimos, podem causar bradicardia com manutenção do débito cardíaco, e altas doses administradas via intravenosa podem causar excitação (KUKANICH & WIESE, 2015). Eles também devem ser administrados em doses baixas para evitar a possibilidade de depressão respiratória (MCNERNEY, 2017; BROWNING, 2011). Os opioides agonistas do receptor μ puros costumam causar respiração ofegante e, portanto, devem ser adiados até que o animal seja induzido. Administração de um opioide agonista parcial, como buprenorfina no manejo anestésico do cão com síndrome braquiocefálica evita uma respiração ofegante, então pode ser uma opção no MPA (HOAREAU, 2012) A metadona produz boa analgesia e pode ser administrada SC, IM ou IV. (LOPEZ, 2015; GARCIA, 2016) A Morfina é considerada a droga opioide protótipo, é a mais utilizada na medicina 14 veterinária devido a sua eficácia, tolerância e baixo custo. Possui ótima analgesia, e é indicada para controle da dor moderada a severa, porém seu uso mais indicado é IM, pois causa alta degranulação de mastócitos e liberação de histamina (KUKANICH & WIESE, 2015; KERR, 2016; GÓRNIAK, 2017), não sendo indicada para tratamento de mastocitoma. Causa depressão respiratória, e aumento da pressão intracraniana (PIC), induz êmese e causa hipotensão (KUKANICH & WIESE, 2015; GÓRNIAK, 2017), porém pode ser utilizada em pacientes com doença respiratória (KUKANICH & WIESE, 2015). A Meperidina não é tão eficaz como a morfina no tratamento da dor severa, sendo indicada para procedimentos que causam dor leve a moderada (KERR, 2016), e seu principal efeito a nível cardiovascular é inotropismo negativo (KUKANICH & WIESE, 2015). A Metadona é indicada para analgesia de curta duração, na sedação e como adjuvante anestésico, e possui potência similar à morfina. É compatível com a maioria dos anestésicos e pode ser usada como parte de abordagens multimodais analgésicas ou anestésicas, proporciona boa analgesia, pode ser administrada SC, IM ou IV e tem muito poucos efeitos colaterais, por isso é indicada para procedimentos com dor severa a aguda, e é o fármaco de eleição para procedimentos em braquicefálicos (KUKANICH & WIESE, 2015; KERR, 2016). O Fentanil possui latência imediata e rápida ação, em torno de 15 minutos seu efeito em cães exibe bloqueio sinoatrial, mesmo não sendo comprovada a cardiopatia, devido ao estímulo vagal durante a respiração ou apenas o aumento do tônus vagal, com efeitos mínimos no miocárdio (KERR, 2016). Ideal para transoperatório em cirurgias com expectativa de dor intensa a torturante (KUKANICH & WIESE, 2015; KERR, 2016). O Tramadol é usado no tratamento do controle de dor leve a moderada, mais usado como medicação pós-operatória e em trauma torácico. É muito utilizado na analgesia multimodal em associações com anti-inflamatórios não esteroidais (AINES). Não deve ser usado em pacientes com insuficiência cardiorrespiratória e hepatopatas (KERR, 2016). 15 3.6 OXIGENAÇÃO A pré-oxigenação usando máscara facial bem adequada é realizada rotineiramente na medicina humana antes da indução da anestesia, para aumentar a saturação do oxigênio arterial e, assim, reduzir a taxa de dessaturação após a apneia (NIMMAGADDA et al. 2017). A saturação do oxigênio pode cair tão rapidamente quanto 30% por minuto durante períodos de apneia (SIRIAN & WILLS 2009). Em cães, pré-oxigenação usando 100% de oxigênio fornecido através de uma máscara facial por 3 minutos antes da indução da anestesia aumenta o tempo para a dessaturação (MCNALLY et al. 2009). Isso pode ser de particular benefício em raças braquicefálicas, nas quais a obstrução do trato respiratório superior é comum durante a indução de anestesia e a intubação pode ser difícil, atrasando assim a garantia de uma patente via aérea e iniciando ventilação de pressão positiva se necessário. Além disso, muitos cães braquicefálicos têm menor do que concentrações normais de oxigênio arterial quando consciente e em descanso (HOAREAU et al. 2012), o que significa que a dessaturação pode ocorrer mais rapidamente durante períodos de apneia, tornando a pré-oxigenação eficaz e essencial. (DOWING & GIBSON, 2018). A pré-oxigenação pode apresentar problemas em potenciais, incluindo aumento do estresse do paciente, absorção atelectasia, produção de espécies de oxigênio reativo e indesejável efeitos hemodinâmicos (NIMMAGADDA et al. 2017). Devido à brevidade da pré-mobilidade em espécies veterinárias, estas últimas três complicações são improváveis de serem problemáticas. Na veterinária os pacientes durante o ato de pré-oxigenação, incluindo a aplicação de uma máscara facial, contenção física e o ruído/sensação de alto fluxo oxigênio, podem ser uma fonte de estresse. Como o estresse pode exacerbar a respiração e aumentar a exigência de oxigênio, é importante parar para pensar sobre os benefícios da pré-oxigenação sobre o risco de um problema em potencial. Também é importante ter cuidado com os olhos do paciente e protege durante a pré-oxigenação, danos à córnea pode ocorrem devido ao contato físico direto com a máscara e por causa da secagem se forem usados altos fluxos de oxigênio (DOWING & GIBSON, 2018). Todos os pacientes com insuficiência respiratória devem ser oxigenados. A pre- oxigenação será aconselhável para evitar hipoxemia e dessaturação do paciente durante a indução anestésica. Para a pré-xigenação a coisa mais confortável é colocar um tubo nasotraqueal ou uma máscara. Caso o paciente não tolere esses procedimentos, podem ser 16 utilizadas gaiolas ou câmaras de oxigenação. Se o paciente tiver uma laringe obstruída, é realizada uma traqueostomia para garantir o fornecimento de oxigênio (LEAO; MOWER, MALDONADO; ANDRES, 2010) 3.7 TEMPERATURA A temperatura do paciente deve ser mantida dentro da faixa normal desde o momento da admissão até a alta. Hipotermia é indesejável como tremores no pós-operatório, esse período aumentará a demanda de oxigênio em até 400% (MOSING, 2016), enquanto a hipertermia pode exacerbar a doença respiratória existente e angústia. Métodos para conservar calor em pacientes incluem cobertores/plástico bolha, almofadas de calor, cobertores de ar quente e trocadores de umidade do calor. Se os pacientes são hipertérmicos (mas não pirexico), o resfriamento ativo pode ser necessário, incluindoo uso de ventiladores, fluidoterapia intravenosa, banhos de água fria e em casos extremos, enemas de água fria. Se o estresse e a agitação estão contribuindo para a hipertermia, os médicos podem considerar a sedação, embora pacientes sedados devem ter sua temperatura verificada regularmente e seja monitorado em caso de obstrução do trato respiratório superior (DOWING & GIBSON, 2018). 3.8 INDUÇÃO E ENTUBAÇÃO O período de indução junto a recuperação anestésica é um momento crítico, principalmente para animais braquicefálicos, pelas características cardiorrespiratórias desses animais, é exatamente no trans e pós-operatórios, onde ocorrem maiores problemas com a anestesia (FANTONI; CORTOPASSI & BERNARDI, 2017). A sequência de indução e intubação deve ser realizada o mais rápido possível para evitar a aspiração de material orgânico em caso de regurgitação. A intubação deve ser cuidadosa, tendo-se em conta que são animais que apresentam hipoplasia traqueal e geralmente a intubação é realizada com um tubo endotraqueal menor do que o esperado pelo tamanho do animal. Às vezes, entubar pode exigir a ajuda de um fio guia dentro do tubo endotraqueal, um laringoscópio, uma boa fonte de luz e cateter de sucção para permitir sucção de material regurgitado ou salivar. Em casos graves de hipoplasia traqueal, um cateter urinário pode ser necessário para intubação, seja com um fio guia, ou modificado para se conectar a um sistema de respiração. Se realizado ele pode ser seguro, mas é aconselhável avaliar a presença e gravidade de síndrome obstrutiva das vias aéreas e o colapso da laringe em todos os cães braquicefálicos na indução de anestesia. Isso pode ajudar a identificar 17 pacientes com maior risco de desenvolver problemas durante o período de recuperação e fornecerá um ponto de referência se houver progressão das vias respiratórias superiores pré-existente em uma cirurgia futura no cão. (GARCÍA, 2016; LOPEZ, 2015; DOWING & GIBSON, 2018). Hipercapnia e hipoventilação não são incomuns em cães braquicefálicos (HOAREAU et al. 2012) e são susceptivelmente exacerbados pela anestesia geral (DOWING & GIBSON, 2018). A ventilação durante a anestesia geral pode ser afetada negativamente por drogas anestésicas, posicionamento do paciente e obesidade. Em cães braquicefálicos, a hipoplasia traqueal e intubação com um tubo endotraqueal de diâmetro estreito pode contribuir para hipoventilação durante a anestesia devido ao aumento da resistência das vias aéreas e o trabalho de respiração. Monitorização dos níveis finais de dióxido de carbono (ETCO2) usando capnografia auxilia no reconhecimento de hipoventilação significativa, que requer intervenção com ventilação de pressão positiva. a faixa normal de ETCO2 é 35 a 45 mmHg (4·7 a 6·0 kPa). No entanto, podemos aceitar na ETCO2 até 55 mmHg em pacientes anestesiados estáveis, se ele não tem outras comorbidades, antes de intervir e fornecer suporte ventilatório manual ou mecânico (DOWING & GIBSON, 2018). A principal droga de indução utilizada em cães é o Propofol (BERRY, 2015; KÄSTNER, 2016), que é inicialmente hipnótico, com início rápido de ação (60 a 90 segundos) e curta duração (aproximadamente 10 minutos em dose única), normalmente administrado ao efeito, causando moderada hipotensão e, em pacientes com bradicardia pré-existente pode causar assistolia (KÄSTNER, 2016), e injeções rápidas podem causar apneia. Não possui ação analgésica (BERRY, 2015; KÄSTNER, 2016) e, portanto, procedimentos dolorosos devem receber analgésicos apropriados como parte do protocolo anestésico (BERRY, 2015). O Etomidato é utilizado principalmente em pacientes cardiopatas ou com instabilidade miocárdica de origem extra cardíaca, indicado para animais idosos e em cesarianas, sempre associado a um benzodiazepínico (FANTONI; CORTOPASSI & BERNARDI, 2017). Ainda nesse contexto, os agentes dissociativos possuem a característica de um estado de catalepsia, com olhos abertos e com nistagmo lento. Seus efeitos sãos simpatomiméticos, causam hipertensão arterial e taquicardia, aumentando o consumo de oxigênio pelo miocárdio. 18 O fármaco mais usado na anestesia da clínica veterinária é a Cetamina, desde que seja em associação com fármacos que atenuem seus efeitos colaterais. Podendo ser usada na MPA com um relaxante, ou na indução com Propofol. Porém não é aconselhável em braquicefalicos por gerar reflexo laringotraqueal (PAWSON & FORSYTH, 2010). 3.9 MANUTENÇÃO ANESTÉSICA A manutenção anestésica pode ser realizada com o uso de anestesia inalatória (agentes que permitem um rápido despertar, porém deprimem o sistema respiratório) (SEGURA, 2011; FANTONI; CORTOPASSI & BERNARDI, 2017), ou anestesia total intravenosa, na qual é empregado exclusivamente drogas injetáveis (FANTONI; CORTOPASSI & BERNARDI, 2017). Durante a manutenção anestésica há a recomendação de que, independentemente do procedimento realizado, deve-se sempre posicionar o animal com a cabeça e o tórax levemente elevados, em relação ao abdome, para que não dificulte a respiração, dessa forma, a mesa cirúrgica deve ser inclinada (posição de Trendelemburg invertida) (SEGURA, 2011). Atualmente o Isoflurano é o anestésico inalatório mais usado na medicina veterinária, esse fármaco provoca depressão da função respiratória, alterações cardiovasculares e hipotensão de forma dose-dependente, produz indução e recuperação rápidas, produz pequena bradicardia, vasodilatação progressiva e, à medida que se aprofunda a anestesia, o relaxamento muscular é excelente, é absorvido e excretado pelos alvéolos (PAWSON & FORSYTH, 2010) Ao utilizar a anestesia inalatória, deve-se levar em conta que arritmias e depressão no sistema respiratório podem ser presenciadas com o uso do Isoflurano, embora tenha uma taxa menor se comparada ao Halotano. Porém, arritmias desencadeadas pelo Isoflurano podem ser controladas ou revertidas pelo uso de lidocaína em infusão contínua, sendo que o mecanismo pelo qual a lidocaína exerce sua ação sobre as arritmias ventriculares é pelo bloqueio dos canais de sódio abertos e inativados, fazendo com que o limiar de excitabilidade das células aumente, desacelerando a condução dos impulsos pelo tecido ventricular (THIESEN et al., 2012). A anestesia total intravenosa (Total intravenous anesthesia - TIVA) é uma técnica de anestesia geral que utiliza uma combinação de agentes administrados exclusivamente por via intravenosa sem recurso a agentes de inalação (Gás Anestésico). Essa técnica não 19 deve ser utilizada em animais hepatopatas e nefropatas, pois os fármacos utilizados passam pelo processo de biotransformação e excreção do organismo, existe a dificuldade de mensuração dessas concentrações plasmáticas, não podendo ser executada em tempo real, diferentemente da anestesia inalatória (KÄSTNER, 2016). As principais vantagens da técnica são o baixo custo de equipamentos, não tem sobrecarga pulmonar, não produz poluição, podendo ser usada em diagnósticos e cirurgias rápidas. Suas principais desvantagens são superficialização difícil, eliminação dependente da integridade orgânica, recuperação extensa, dificuldade na avaliação do plano anestésico e obrigatoriedade de oxigenioterapia em braquicefalicos (BERRY, 2015). As drogas mais utilizadas na TIVA são o propofol com associações como opioides. Esse procedimento possui uma recuperação tranquila e rápida, mesmo após longos processos cirúrgicos, como uma de suas vantagens é menor depressão cardiorrespiratória (KÄSTNER, 2016). No pós-anestésico, a principal classe farmacológica utilizada são os AINES, sendo o Meloxicam o medicamento de eleição em braquicefálicos, pois tem ótimo efeito anti- inflamatório, analgésico e antiexsudativo com poucos efeitos gastro lesivos ou ulcerogênicos (KERR, 2016). 3.10 MONITORAMENTO E RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA Nesses animais, é necessáriofocar principalmente no monitoramento da respiração (capnografia) e na saturação da hemoglobina (oximetria de pulso), antes e depois da intubação. (GARCIA, 2016; LOPEZ, 2015). Por meio da capnografia, a respiração do paciente é avaliada e a quantidade de CO2 nas vias aéreas de um paciente durante seu ciclo respiratório é medida, sendo capaz de detectar qualquer alteração na respiração, podendo estabelecer ventilação mecânica caso a ventilação seja ineficiente (GARCIA, 2016). Por meio de oximetria de pulso, a porcentagem de saturação de oxigênio da hemoglobina no sangue de um paciente será determinada (GOMEZ, 2016) Os casos em que a cianose clínica é observada visualmente correspondem a um valor de saturação de 70-75% , que é extremamente baixo e pode ser fatal iminentemente. Portanto, é aconselhável usar o oxímetro de pulso para detectar saturação antes de atingir níveis abaixo de 90%, que correspondem aos níveis de PaO2 de <60 mmHg (GARCIA, 2016). 20 É esses cães que também há uma tendência importante para a bradicardia, por isso o monitoramento constante do eletrocardiograma também é importante. Além disso, o controle e manutenção da temperatura é especialmente importante, uma vez que há também uma tendência à hipotermia intraoperatória. Para evitar isso, podem ser usados cobertores térmicos ou outros sistemas similares. Por outro lado, também não é incomum que eles desenvolvam hipertermia em tempo quente, especialmente em casos de despertares animados ou em locais com instalações mal ventiladas (LOPEZ, 2015) O animal deve ser observado, avaliando o esforço inspirador e a capacidade de expansão do tórax, bem como a cor das membranas mucosas, o tempo de enchimento capilar (TCR), a auscultação traqueoesofágica e movimentos respiratórios. LEAO et al; 2018) 3.10 RISCO DA ANESTESIA A anestesia apresenta riscos para todos os pacientes, mas em maior medida em pacientes braquicefálicos devido à obstrução das vias aéreas e menor oxigenação. No pós- operatório, a vigilância é rigorosa e importante porque uma série de complicações podem ocorrer. Problemas respiratórios devido à obstrução das vias aéreas superiores e hipertermia devido à má termo regulação são os casos mais fatais desses animais e a explicação para a deterioração de sua qualidade de vida. Outras complicações pós- anestésicas comuns que encontramos são pneumonia aspirativa, disforia, recuperação prolongada, respiração severa, vômito, anemia que requer transfusão de sangue, hematúria ou infecção do trato urinário, edema craniano ou facial, perda de apetite, contrações ventriculares prematuras e morte (GRUENHEID, 2018) Existem vários fatores associados a complicações anestésicos que podem surgir. Alguns fatores são o tempo anestésico, o peso corporal do paciente, o estado ASA do paciente e o tipo de cirurgia a ser realizada. Quanto maior o anestésico, o peso corporal ou o estado ASA, maior o risco. A cirurgia realizada na resolução dessa síndrome é invasiva, portanto, há também um risco maior do que uma cirurgia não invasiva. A droga anestésico a ser usada também influencia. Por exemplo, o uso de cetamina na indução será mais complicado do que o uso de propofol (GRUENHEID, 2018) 21 Dentro do ambiente hospitalar pós-cirúrgico, pode ocorrer uma taquipnéia induzida por dor ou medo, resultando em aumento do trabalho respiratório, e com ela o aumento da pressão negativa dentro das vias aéreas. Essa pressão negativa pode agravar o colapso ou obstrução que apresentam e, consequentemente, há ventilação e hipóxia ineficazes que podem acabar em edema pulmonar de pressão negativa (GRUENHEID, 2018) Inflamação ou sangramento estão entre as complicações mais comuns após a cirurgia para a resolução desta síndrome. A laringe e a traqueia podem ser obstruídas, complicando a ventilação e causando problemas respiratórios da mesma forma descrita acima (LODATO,2019). Há uma alta prevalência de sinais gastrointestinais como vômito, regurgitação, esofagite e hiperplasia pilórica difusa, que também são uma série de fatores que aumentam o risco de complicações nesses cães. Portanto, recomenda-se a administração de gases, antieméticos e procinéticos. Trata-se de uma administração profilática, antes de ser submetida à cirurgia das vias aéreas superiores, que pode prevenir a regurgitação e com ela uma possível pneumonia aspirativa. A importância do jejum de alimentos nas 24 horas anteriores à cirurgia e sedação antes da anestesia também deve ser levada em conta (GRUENHEID, 2018). 22 4 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA GARCÍA, Rioja E. et al. Manual de Anestesia y Analgesia de Pequeños Animales con Patologías o Condiciones Específicas. 1 Ed. Zaragoza: Servet editorial, 2016 LÓPEZ, Risco M. Anestesia en perros braquicefálicos. Clin Vet Peq Anim. Barcelona. 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