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INTRODUÇÃO • 1000 a.C a artéria carótida era comprimida para que o paciente ficasse inconsciente. • 400 a.C Hipócrates criou a esponja soporífera que era mergulhada numa mistura de ópio, vinho e plantas como a mandrágora e o meimendro para anestesiar os pacientes. • Na idade média há relatos de uso de hipotermia, concussão e contenção para realização de procedimentos médicos. • Há relatos de uso de hipnotismo e láudano (vinho branco, ópio e outras substâncias) e na China a acupuntura foi desenvolvida para controle da dor. • Em 1540 Paracelsus observou os efeitos soporíferos do éter em galinhas, e em 1773 Joseph Prestley utilizou óxido nitroso (NO2) e falho devido a baixa quantidade. EM 1845 Wells tentou novamente o NO2, mas falhou e apenas seu aluno Morton realizou a primeira anestesia efetiva para extração deum nódulo com éter, desta forma a anestesia foi apelidada de eterização. Atualmente não se utiliza éter devido aos seus efeitos adversos. • Na Medicina Veterinária o éter é utilizado desde 1847. • A primeira universidade com a disciplina de anestesiologia veterinária foi a UNESP de Botucatu (SP). • Atualmente há grande atenção a anestesia buscando qualidade e segurança, e o bem-estar do paciente durante e após a anestesia. TERMINOLOGIA • Anestesia: Refere-se a perda total da sensibilidade em todo o organismo ou em parte dele, geralmente induzida pela administração de agentes que deprimem a atividade dos tecidos nervosos. • Agente anestésico: Substância capaz de produzir anestesia, é dosado de acordo com cada espécie, assim como seus efeitos variam com as espécies e deve ser controlável e reversível. • Anestesia regional: Anestesia em uma área específica do corpo. • Anestesia geral: Ocorre perda da consciência com depressão do SNC, perda da sensibilidade, hipnose, hiporreflexia, relaxamento muscular e analgesia (ausência de dor e movimento). • Anestésico inalatório: É um gás ou líquido com grande capacidade de se volatizar, ao atingir os alvéolos e os capilares alveolares atinge a corrente sanguínea e o SNC e produz anestesia geral. • Anestésico intravenoso: Composto que produz anestesia quando injetado diretamente na corrente sanguínea através da venopunção. • Anestésico local: Composto que quando aplicado em mucosas ou ao redor de nervos e terminações nervosas produz perda da sensação pela inibição da condução e/ou excitação nervosa. Pode ser feito em uma pequena ou extensa área dependendo do objetivo. • Analgesia: Ausência ou redução da dor. • Anestesia balanceada: Anestesia geral promovida por dois ou mais agentes ou técnicas distintas com a finalidade de potencializar o efeito analgésico e reduzir a dose e Anestesiologia veterinária Universidade Federal de Uberlândia consequentemente os efeitos adversos. • Hipnose: Sono induzido artificialmente com moderada depressão do SNC. • Tranquilização: Estado de calma durante o qual o paciente fica relaxado, acordado e indiferente ao ambiente. • Sedação: Grau moderado de depressão do SNC, o paciente fica acordado e pode dormir, mas pode acordar, fica calmo e ainda responde a estímulos. • Anestesia total ou parcial intravenosa (TIV/PIVA): Anestesia geral oriunda da administração de fármacos por via intravenosa utilizando uma bomba de infusão (TIVA), ou parcialmente pela via intravenosa com a bomba de infusão (PIVA). • Anestesia dissociativa: Ocorre uma dissociação do córtex cerebral de maneira seletiva que promove um estado de catalepsia onde o paciente permanece consciente, mas perde a capacidade de controlar seus movimentos. Também promove analgesia somática (de pele, músculos e ossos), mantém os reflexos protetores (palpebral, laringotraqueal, mandibular...) e estado de consciência fica alterado. • Período de latência: Intervalo de administração do agente e a instalação de seus efeitos. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO • Intravenosa: Sempre se deve canular o paciente, mesmo se a administração do anestésico não for intravenosa, pois caso necessite de uma administração emergencial será necessário o acesso intravenoso. Alguns anestésicos também podem ser administrados por este acesso e é muito utilizado no pré-operatório de ruminantes. • Intramuscular: Em equinos normalmente realiza-se a administração em pescoço ou glúteo, em cães utiliza-se normalmente a região lombar próximo as vértebras, antes do glúteo. Em bovinos utiliza-se o glúteo com maior frequência, em felinos normalmente realiza-se na região de membros devido ao risco de encapsular, mas é raro ocorrer encapsulamento de anestésicos. Em pequenos animais utiliza-se muito este acesso para o pré-anestésico. • Subcutânea: É mais utilizada no pós-operatório para aplicação de anti-inflamatório. • Oral: Não é muito utilizada, mas em alguns casos como em felinos muito agressivos pode utilizar-se um pré-anestésico pela via oral para tranquilizar o paciente. • Inalatória: Pode ser feita em praticamente toda espécie variando e adaptando as técnicas. Pode ser feito através da máscara ou intubação traqueal. • Tópica: Algumas pomadas e colírios podem ser anestésicos locais para pequenos procedimentos. • Espinhal: Deposita-se o anestésico diretamente na medula espinhal, é subdividida como raquidiana (mais profunda, se deposita no espaço do líquido) ou peridural (superficial) diferenciando a profundidade da agulha. • Infiltrativa: Deposita-se grande quantidade de anestésico no subcutâneo ou musculatura. Pode ser feito em procedimentos de mastectomia, bloqueando apenas o subcutâneo. AVALIAÇÃO E PREPARO DO PACIENTE O preparo e avaliação do paciente antes da anestesia possui como objetivo a redução da mortalidade e morbidade cirúrgica, adequação da saúde do paciente, determinar condição física (prever riscos/prevenir situações), planejamento da conduta pré-operatória, determinar o protocolo anestésico, estimar o risco anestésico-cirúrgico, consentimento/esclarecimento do tutor. Durante a avaliação deve ser feito o exame físico, hemograma, exames complementares, avaliação da função respiratória, cardíaca, hepática e renal. Deve-se avaliar a própria cirurgia, se é muito dolorosa, arriscada e outras características para estabelecer o melhor protocolo e orientar o tutor. Os braqueicefálicos são suscetíveis a reações adversas, pois possuem alta atividade vagal, além de possíveis problemas respiratórios e cardíacos. Os Collies e cruzamentos são muito sensíveis e podem apresentar sinais não descritos nas bulas como idiossincrasias, assim como os Galgos. Após a avaliação é necessário saber se o paciente se encontra nas melhores condições possíveis para realizar a cirurgia proposta. Caso não esteja deve-se avaliar se a cirurgia pode ser adiada. Os riscos de operar o paciente devem ser sempre menores que os riscos de não operar, avaliando riscos e benefícios. É importante conhecer as diferenças entre as raças e espécies devido a variações anatômicas, metabólicas e farmacocinéticas, também existem variações individuais que serão observadas durante a anestesia. Os répteis possuem metabolismo lento e necessitam de ajustes de dose. Raças como braquiocefálicos apresentam focinho achatado com estenose de narina, palato prolongado e traqueia estreia deve-se atentar a obstrução das vias aéreas, apneia, hipóxia e outros sinais respiratórios, atenção para retirar o tubo traqueal, deve ser retirado quando o paciente estiver mais acordado para que ele possa respirar sozinho. As idiossincrasias ocorrem frequentemente em Collies e cruzamentos e Bull Terrier (muito sensíveis a fármacos). A idade altera o metabolismo e excreção principalmente animais muito jovens ou idosos, a maturidade hepática ocorre após 6 semanas de vida e neste período a metabolização de fármacos é prejudicada. A hipotermia deve sempre ter uma atenção principalmente em idosos, jovens/neonatos e pacientes muito pequenos/magros. A anestesia prejudica o controle de temperatura, e promove vasodilataçãocausando normalmente perda de temperatura principalmente dependendo da temperatura ambiente, temperatura da mesa e outros. O sexo influencia principalmente durante o cio que propicia o sangramento, pois há ingurgitação dos vasos, e pacientes gestantes que são mais sensíveis e devem ter doses reduzidas. O peso corporal em pacientes obesos deve ser feito com doses reduzidas ou calculadas sobre o peso ideal, pois se calcular a dose sobre o peso corporal pode causar uma superdosagem. Em animais caquéticos também deve ter atenção, pois muitos deles apresentam insuficiência hepática, hipoalbunemia (albumina é a principal proteína carreadora de fármacos). O temperamento do paciente muda o protocolo anestésico, em pacientes calmos pode ser feito apenas uma sedação leve e em pacientes agressivos, agitados são necessárias doses mais altas para sedação. Os Galgos são cães com pouca gordura, e alguns fármacos após saírem do SNC se depositam na gordura, estes fármacos não devem ser usados nestes pacientes, pois ele não conseguirá se depositar na gordura caindo na corrente sanguínea e voltando para o SNC mantendo os efeitos por tempo prolongados, também apresentam idiossincrasia, assim como o Husky, Collies e Bull Terriers. Em Galgos deve-se reduzir a dose e evitar fármacos que se depositem na gordura. Fazer a anmnese com uma ficha específica anestésica assinalando convulsões, tumores principalmente em regiões de sistema nervoso, alguns anestésicos reduzem o limiar convulsivos (propiciando a convulsão), cianose, cardiopatias, problemas pulmonares, êmese frequente (problemas renais, hepáticos, gastrointestinais), reação alérgica ou efeitos adversos a fármacos. Outras doenças anteriores, procedimentos cirúrgicos e anestésicos (quanto tempo? Teve complicações?), se alimentava bem, defecação, toma outros medicamentos (anti-depressivos potencializam efeitos anestésicos), anti-inflamatório. Preparação do paciente: •Importante para evitar regurgitação e ocorrer pneumonia aspirativa. •Estômago cheio pode causar depleção de outros órgãos prejudicando a cirurgia. •Não ocorre digestão e o material fermenta, forma gás e pode ser prejudicial principalmente em ruminantes (timpanismo), cavalos (cólica). •O estômago, principalmente em grandes animais, pode causar compressão de diafragma e pulmões causando acidose respiratória. •Jejum alimentar: 8-12 horas (pequenos), 12-24 horas (cavalos), 48 horas (pequenos ruminantes), 72 horas (grandes ruminantes adultos). •Jejum hídrico: 2-4 horas (pequenos, cuidado com lugares muito quentes que não necessita e há riscos de desidratação), 12 horas (cavalo), 48 horas (pequenos ruminantes), 72 horas (grandes ruminantes). •Existem exceções quando há muito calor que deve ser reduzido o jejum hidríco dos animais de grande porte e para os de pequenos não deve ser feito. •Em filhotes não se realiza o jejum, principalmente em lactantes, pois o metabolismo é muito rápido. •Nas aves não se realiza jejum, nem coelhos, roedores e similares, exceto rapinantes (4-6 horas). Exame físico •Avaliar FC, FR e temperatura; •TPC; •Avaliação cardíaca e respiratória; •Grau de desidratação (não aparente, leve, moderada, grave); •Turgor de pele. Exames complementares Avaliar o hemograma principalmente plaquetas, hipoproteinemia (albumina), hematócrito, leucócitos (desvio a esquerda? Indicando infecção o que aumenta a probabilidade de sepse, vasodilatação e outros sinais). Avaliar também função hepática devido a metabolização dos fármacos, avaliar FA, ALT, GGT. Avaliar função renal devido a excreção renal da maioria dos fármacos avaliar creatinina, ureia, urinálise. Hemogasometria, eletrocardiograma e ecocardiograma (pacientes acima de 9 anos ou com alteração na ausculta). Após realizar anamnese, exame físico e exames complementares, avaliaram o procedimento cirúrgico deve-se enquadrar o paciente de acordo com o ASA (American Society of Anesthesiology): •ASA I: paciente hígido, sem doença e que será submetido a cirurgias eletivas como OSH, orquiectomia, estética. •ASA II: paciente com doença sistêmica leve (obesos, neonatos, geriátricos, doenças cardíacas compensada, gestante). •ASA III: paciente com doença sistêmica moderada (anemia, caquexia, anorexia, desidratação, hipovolemia moderada, fraturas complicadas, hérnias diafragmáticas). •ASA IV: paciente com doença sistêmica grave, que é um constante risco de vida (uremia, choque – comprometimento de perfusão tecidual, toxemia, desidratação e hipovolemia severa, descompensação cardíaca e renal). •ASA V: paciente moribundo, sem expectativa de sobrevivência em 24 horas com ou sem cirurgia (desidratação, choque extremo, trauma severo, tumores malignos). A ficha anestésica é um documento utilizado para registrar tudo que é feito e avaliado durante a anestesia. No cabeçário é descrito o paciente e posteriormente os nomes de cirurgiões e anestesistas que participarão da cirurgia. Deve-se anotar protocolos de anestesia feitos no pré-operatório, durante a cirurgia e no pós-operatório. Abaixo deve-se anotar os monitoramentos de FC, FR e outros parâmetros físicos feitos durante a cirurgia, a cada 5 minutos. Todo paciente que será submetido a uma cirurgia deve ser canulado e receber fluidoterapia para repor a volemia devido a perda sanguínea, manter o acesso venoso viável para administrar medicamentos, a desidratação causada pelo jejum e perdas ou já uma desidratação prévia é uma causa para necessidade de fluidoterapia de reposição. No transoperatório normalmente é utilizado uma taxa 10ml/kg/hora, se o paciente estiver muito hipotenso por hipovolemia ou desidratação é necessário aumentar o volume administrado. Em animais já desidratados/hipovolêmicos utiliza- se uma taxa de 20mlg/kg/hora, já para animais cardiopatas é necessário administrar uma taxa entre 3-5ml/kg/hora devido a baixa capacidade de manter um alto volume intracavitário e aumenta o risco de edema, mas se o paciente estiver com uma taxa de desidratação maior que 5% é necessário avaliar um aumento da taxa de fluidoterapia. Dois tipos de equipos podem ser utilizados, o microgotas e macrogotas, em um equipo de microgotas 1ml corresponde entre 40-60 microgotas (ela geralmente utiliza 60 gotas para os cálculos), no macrogotas 1ml corresponde a 20 macrogotas. O equipo é escolhido baseado no tamanho do paciente e a dose administrada, e o cálculo é feito baseado no número de gotas por segundo (encontra quantos ml por hora, depois divide por 120 para encontrar quantos ml por segundo e faz regra de três para descobrir quantas gotas equivalem aos ml encontrados dependendo do equipo utilizado). Pode ser utilizado a bom de infusão para facilitar e evitar o cálculo manual. Medicação pré- anestésica (MPA) São as primeiras medicações para início da cirurgia, a intenção é preparar o paciente para ser anestesiado, ela é feita após a avaliação pré-anestésica, seguida da MPA (paciente com analgesia e sedação), indução (anestesia), manutenção anestésica (via intravenosa ou inalatória), recuperação e manejo da dor pós-operatória. Os objetivos da MPA incluem auxiliar na contenção do paciente (sedação) e consequentemente reduz o estresse, promover analgesia e miorrelaxamento, potencializa fármacos usados na indução e manutenção anestésica, minimiza efeitos deletérios dos fármacos indutores e da manutenção (por potencializarem os fármacos deve-se reduzir a dose reduzindo também os efeitos adversos), permitir indução e recuperações suaves (o paciente não acorda excitado facilitando a anestesia novamente se necessário, pode ser que o paciente pareça excitado por estar com dor), também é usado para diminuir secreção das vias aéreas e salivação, apenas em alguns pacientes. A MPA normalmente é feita pela via intramuscular para posteriormente canular e ter acesso intravenoso, a indução da anestesia é feita IV, em grandes animais é possível canular e administra IV. Fármacosutilizados (classificação): •Anticolinérgicos: atropina, escopolamina e glicopirrolato. •Tranquilizantes: fenotiazínicos (acepromazina, clorpromazina, levomepromazina e prometazina, é usada como anti-histamínico na veterinária) e butiferonas (azaperone e droperidol, é mais utilizada em suínos). •Ansiolíticos: benzodiazepínicos (Diazepam, zolazepam e midazolam); agonistas alfa 2 (xilazina, detomidina, romifidina e medetomidina, dexmedetomidina e clonidina). Calculando volume dos fármacos líquidos: 𝐷𝑜𝑠𝑒 × 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑓á𝑟𝑚𝑎𝑐𝑜 OBS: Se a concentração estver em mg a dose também deve estar, se for em mcg deve estar tudo em mcg. Para converter bastar saber que: 1mg=1000mcg e fazer os cálculos. Uma solução a 1% apresenta 1g a cada 100ml, ou seja, 10mg/ml, portanto, para converter a porcentagem para mg/ml basta multiplicar por 10. Classificação Fármacos Características Indicações/efei tos adversos Doses/adm . Anticolinérgicos Atropina, escopolami na e glicopirrolat o. Bloqueiam acetilcolina (Ach) nas terminações das fibras muscarínicas antagonizando seus efeitos, reduzindo os efeitos parassimpáticos (parassimpatolíticos ou anticolinérgicos). A Ach é neurotransmissão das fibras pré e pós- ganglionares do SNA parassimpático. Os receptores pré- ganglionares são os receptores nicotínicos, os pós- ganglionares são muscarínicos (M1, M2, M3, M4, M5). Ela atravessa a barreira placentária e hematoencefálica, sofre metabolização hepática e parte é eliminada de forma inalterada pelos rins e parte é metabolizada em subprodutos. Coelhos, gatos e ratos possuem uma enzima chamada atropinase plasmática que reduz a resposta a atropina, em caso de pacientes que não respondem a atropina pode ser feito a superficialização do plano anestésico ou outros fármacos como o glicopirrolato (difícil de ser encontrado), efedrina (melhor São usados para minimizar os efeitos colaterais principalmente dos primeiros anestésicos como bradicardia e excesso de secreções e obstrução respiratória, indicado para BAV (bloqueio átrio-ventricular). A atropina causa taquicardia sinusal, reduzindo o tempo de enchimento ventricular e aumenta o consumo de O2 pelo miocárdio (o miocárdio recebe o O2 durante a diástole), não é recomendada para pacientes taquicárdicos ou febris (metabolismo alto e grande consumo de O2). Atualmente utiliza-se apenas em pacientes bradicárdicos e se iniciar com doses baixas e aumentar apenas se necessário. Os usos clínicos principais são: Procedimentos cirúrgicos oculares (manipulação do globo ocular Em cães e gatos as doses mais utilizadas são 0,022-0,044 mg/kg, em ruminantes e suínos entre 0,04-0,08 mg/kg. A concentração mais comum para ampolas de 1ml (0,25 ou 0,5mg/ml), as vias de administraçã o são IV, IM, SC. Sua latência via IV é de 1min (emergência) , por via IM é de 5min (feito em MPA, também pode ser usado SC). para aumento de FC), dopamina, dobutamina, principalmente nos coelhos que possuem grande quantidades desta enzima, os gatos respondem em menor grau que os cães. A duração dos efeitos IV é entre 30—40 min e SC entre 1-1:30 hora. aumenta o estímulo vagal), cervicais e que envolvam manipulação visceral, pacientes propensos a aumento de secreção que pode obstruir as vias aéreas e em casos de cirurgia em pacientes bradicardicos. Em equinos deve-se evitar pois reduz o peristaltismo e pode causar cólicas. Deve-se avaliar a PA e a hemodinâmica, TPC, arritmias, débito urinário, além da FC para avaliar se há necessidade de intervenção ou não. Fenotiazínicos Aceproma zina, clorproma zina, levomepro mazina (difícil de ser encontrada) e prometazin a (pouco poder tranquilizan te, é usada no choque anafilático como antihistamí nico, é o Fenergam). São tranquilizantes e, portanto, não promovem analgesia. Reduz a ansiedade com acentuada depressão do SNC, reduz levemente a percepção da dor, não promvem analgesia cirúrgica, deve se associar a um analgésico. Não causa perda de consciência. Agem no ciclo de vigília- sono (gatilho do adormecer/acordar) que fica na substância reticular mesencefálica, também no troco cerebral, hipotálamo, sistema límbico (comportamento) e gânglio basal. Bloqueiam neurotransmissores excitatórios (dopamina e serotonina), seus efeitos estão Os braquiocefálicos possuem o SNA parassimpático mais proeminente, e os fenotiazínicos aumentam esta atividade parassimpática podendo causar bradicardia e bradipnéia, e até mesmo óbito. Deve-se evitar doses altas, e em geral recomenda- se evitar nestes pacientes que não são muito agitados, mas pacientes agitados pode se utilizar principalmente a clorpromazina (mais segura, mas seda menos) em doses mais baixas (CUIDADO!). relacionados ao antagonismo competitivo com o neutrotranmissor DOPA nos receptores dopaminérgicos. O paciente pode dormir, mas desperta, também possuem ação anti- histamínico nos vasos e SNC (também causa depressão). Possui ação anti-sialagoga (reduz salivação), ação potencializadora (principalmente acepromazina) e antispasmódica (importante para dores abdominais relacionadas ao peristaltismo, também para pacientes obstruídos relaxando o esfíncter). Acepromazi na É um dos mais utilizados na veterinária em pequenos e silvestres, não é muito utilizada em grandes animais, por não ser observado grandes efeitos. Cuidado com equinos (priapismo, relaxamento peniano com exposição prolongada que pode lesionar o pênis e pode levar até amputamento). Maior ação tranquilizante, pode ter um efeito bifásico com excitação inicial seguido de relaxamente, é uma particularidade individual. Possui efeito potencializador de 50-60% de outros fármacos. Não é bom para equinos isoladamente, mas pode ser usado em Pode ser observado ptose palpebral (principalmente em cães e animais de grande porte), protusão da membrana nictante com protusão de 3ª pálpebra, prolapso peniano (principalmente equinos), abaixamento de cabeça (observado em equinos) e ataxia. Pode ser observado dependendo da dose e ASA do paciente hipotensão (bloqueia alfa1 adrenérgico), taquicardia reflexa, hipotermia por redução do sistema termorregulador Cães: 0,03 a 0,1mg/Kg IV, IM, SC e via oral (até 1mg/Kg) Gatos: 0,03 a 1mg/Kg IV, IM, SC (Acepran®) - Bovinos e equinos: 0,02 a 0,05mg/Kg Concentraçõe s comerciais: 0,2% e 1%. Latência de 3 a 5 minutos IV 5 a 10 minutos IM. associações, possui efeitos antieméticos não tem efeito analgésico. Efeitos clínicos 2 a 4 horas. em região de tronco cerebral e por vasodilatação que propicia a perda de calor por convecção. Também observa- se depressão do miocárdio (inotrópico negativo) e respiratória (tranquilizante e potencializadora), vasodilatação esplênica e sequestro sanguíneo com esplenomegalia (evitar em cirurgias abdominais que o baço possa atrapalhar, pacientes com hipotensão grave e anemia), redução do limiar convulsivo propiciando convulsões (atualmente é questionado, mas já foi observado pacientes com e sem epilepsia que causou crises). Evitar em pacientes em choque, geriátricos, cardiopatas, hipoproteinêmico (grande ligação com proteínas plasmáticas) e epiléticos. Clorpromaz ina Todos os efeitos da acepromazina, mas é menos exacerbado por ser um fármaco mais leve com tranquilização menos potente, não sendo efetiva para animais muito agressivos. Não possui efeito analgésico. Mais indicado para braquicefálicos e outros pacientes onde o uso de fenotiazínicos é desaconselhável. Cães e gatos: 0,3 a 1mg/Kg IV,IM (nunca exceder 25 mg) (Clorpromazi na®, Amplictil®) - Equinos: 0,05-1mg/Kg Ruminantes: 0,2- 0,5 mg/Kg. Butirofenonas Doperidol e azaperoneSão tranquilizantes, eles bloqueiam a transmissão dopaminérgica, bloqueando a dopamina que age na substância reticular mesencefálica responsável pelo estado de alerta, levando o animal a dormir. Possui pouca ação vascular em suínos, e possui um ação anti-emética importante para a espécie. Seus efeitos possuem duração de 3-6 horas. Utilizados principalmente em suínos. Promove uma leve depressão cardiovascular, reduz ação do SNA simpático, mas possui uma boa margem de segurança. Em administrações IV possuem um risco de excitação, portanto, não é muito usada. É utilizado a dose 1- 4mg/KG/IM, a via IM é mais adequada por não necessitar de contenção e evitar estresse, quanto mais estressado menor será o efeito do fármaco pré- anestésico. Benzodiazepínic os (Ansiolíticos) Diazepam, zolazepam e midazola m. Nos humanos os efeitos são mais proeminentes que nos animais não humanos. Ele potencializa a neurotransmissão de sinapses GABA- érgicas, deprimindo o SNC através do influxo de cloro tornando o neurônio hiperpolarizado dificultando a despolarização e o potencial de ação. Também promove miorrelaxamente, reduz a probabilidade de convulsão (anticonvulsivante), além da redução da ansiedade (mais visível em humanos, observa-se essa redução em pacientes debilitados - ASA III ou IV, ou idosos; mas em pacientes ASA I não é recomendado, pois pode promover excitação paradoxal, bloqueando o SNC de maneira irregular causando efeitos contrários), atuação discreta sobre os parâmetros fisiológicos, praticamente nula, é muito segura para pacientes debilitados. É muito usado para cirurgias ortopédicas, devido a sua ação de miorrelaxamento. Potencializam o efeito dos outros fármacos pré- anestésicos e anestésicos. Diazepam Se aplicado pela via IV deve ser aplicado lentamente, pois seu veículo é oleoso (pode ser diluído no soro e administrado lentamente, reduz a dor causada durante a aplicação), portanto quando aplicado pela via IV pode causar trombo por embolia gordurosa, hipotensão, depressão É muito utilizado, principalmente para manobras de atendimento emergencial (convulsão), em pacientes debilitados como MPA, ou como co-indutor (administra o Diazepam para reduzir a dose do fármaco de indução). Os fármacos Dizepam, Valium e Diempax são nomes comerciais (anotar doses), a dose anticonvulsiva nte é preferencialme nte IV com dose de 0,5mg/kg, se não for possível respiratória e arritmias, causam amnésia. Quando administrado pela via IM o paciente sente dor, e pode causar uma absorção irregular e inflamação local por seu veículo ser oleoso. Alta lipossolubilidade atravessando barreiras placentárias e hematoencefálicas, ligam-se a proteínas plasmáticas em 98% (cuidado com pacientes com hipoalbuminemia, pois o fármaco não se liga e fica livre aumentando os efeitos adversos). Possui biotransformação hepática e eliminação urinária (não utilizar em pacientes hepatopatas ou com função renal prejudicada, pode demorar horas e dias para eliminar/biotransfor mar). canular pode ser aplicado via retal com o dobro da dose. Doses: Cães: 0,3 a 1 mg/Kg IV, IM ou VO Gatos: 0,3 a 1 mg/Kg IM (IV – depressão respiratória) Grandes animais: 0,1 a 0,2mg/Kg Anticonvulsiva nte: 0,5 (IV) a 1mg/kg (intraretal) Midazolam É hidrossolúvel, não causa dor ou absorção irregular pela via IM (preferível quando administrado por essa via). Possui efeitos similares ao Diazepam, mas uma meia-vida menor que o Diazepam, por ser hidrossolúvel. Possui baixa toxicidade, efeitos brandos, pode ser usado em pacientes debilitados, mas em pacientes ASA I pode causa excitação paradoxal. Possui um potente efeito amnésico, possui mais chances de causar excitação paradoxal em pacientes hígidos. Possui um potente efeito amnésico, e mais chances de causar Para convulsões mesmas doses que o Diazepam (anotar outras doses), em pacientes debilitados são utilizadas doses mais baixas. Em animais de grande porte começar com 0,3 e se necessário administrar 0,5, exceto em animais adultos que podem se machucar na excitação paradoxal em pacientes hígidos. convulsão, no máximo até 0,5, pois sua dose é mais baixa. Outras doses - Cães: 0,1 a 0,5 mg/Kg IV ou IM - Gatos: 0,1 a 0,3 mg/Kg IM - Grandes animais: 0,1 a 0,2mg/Kg. Antagonistas Flumazenil Os anticolinérgicos e fenotiazínicos não possuem antagonistas. O antagonista utilizado para benzodiazepínicos é o flumazenil. Há relatos que o excesso deste fármaco pode provocar vômito. Doses 0,05- 0,07mcg/kg/I V, repetir por até três vezes a cada 2-3 minutos até o paciente voltar. Agonistas dos receptores alfa-2 adrenérgicos: Xilazina, romifidina, detomidin a, medetomidi na e dexmedet omidina. São sedativos, promovem estimulação de alfa 2 no SNC e SNP, reduzem a liberação de noradrenalina causando depressão do SNC, promovem sedação, potente analgesia visceral, miorrelaxamento. Após administrado o primeiro efeito observado é vasoconstrição fugaz (se ligam inespecificamente em alfa 1 também causando vasoconstrição, entre 5-10 minutos, pode ser observado aumento da PA), bradicardia reflexa por causa da vasoconstrição, estimulação vagal e central simultânea potencializando a bradicardia, posteriormente ocorre vasodilatação podendo ocorrer hipotensão, efeitos arritmogênicos causados pela bradicardia (arritmia sinusal, BAV 1º e 2º grau) e hipoventilação pelo efeito sedativo. Pode causar êmese por ativação do centro do vômito e inibição do hormônio ADH causando poliúria. Outros efeitos são: hiperglicemia por inibição da secreção de insulina (cuidado com pacientes diabéticos), promovem sedação profunda causando ataxia, pode deitar (ex. bovino, os equinos não costumam deitar, mas afastam o membro), ptose labial pelo miorrelaxamento mais observado em grandes animais principalmente equinos, abaixamento de cabeça também mais observado em equinos, pode ocorre prolapso peniano principalmente em equinos, aumentam a tonicidade uterina (cuidado com gestantes), reduz o hematócrito devido a vasodilação esplênica que causa sequestro de sangue causando esplenomegalia (cuidado com paciente muito anêmico. Mais usados em animais de grande porte, exceto a dexmedetomidina que é mais usada em pequenos animais. Muito usado em equinos em casos de cólica principalmente xilazina e detomidina. Xilazina Ação potencializadora (ANOTAR). ), o período de latência é de 3-5 minutos por via IV, e 10-15 minutos IM. Causa uma analgesia entre 15 a 30 minutos (geralmente 30 minutos, apenas com doses baixas que dura apenas 15 minutos), 1-2 horas de sedação. Para cirurgias a campo, pode ser feito xilazina e bloqueios loco regionais e cirurgias em estação para animais de grande porte principalmente em equinos. Em cirurgias mais longas se o paciente estiver apenas sobre o efeito sedativo deve-se reaplicar um terço da dose após 1 hora- 1:30h. Ou colocar na bomba de infusão, se for usado só como MPA não há necessidade. Duração dos efeitos por 15 a 30 minutos e sedação de 1 a 2 h. Reduz a FC (BAV de 1,2 e 3 grau), reduz DC (DC=FCxvolume sistólico), reduz a FC e volume sistólico (reduz a força de contração), agravamento da hipotensão. Sensibiliza o miocárdio às catecolaminas, evitar em pacientes cardiopatas, aumento inicial da PA seguido de hipotensão duradoura. Os efeitos respiratórios são variáveis, normalmente observa-se redução da ventilação, mas em alguns animais pode observar aumento da FR (principalmente em pequenos ruminantes, pois o animal está relaxado e há redução da pressão de O2 no sanguearterial e há aumento de CO2 e aumenta-se a FR de forma compensatória. A xilazina não é mais usada em cães e gatos, pois os efeitos adversos são mais proeminentes devido a sua sensibilidade a excitação de alfa-2. Usado em grande porte e selvagens Doses: Cães e Gatos: 0,25- 1 mg/Kg IV/IM/SC Equinos: 0,5-1mg/Kg Bovinos, ovinos e caprinos: 0,05 - 0,1mg/Kg. Latência de 3 a 5 minutos IV e 10 a 15 minutos IM. Apresentaç ão Rompum®, Coopazine ®, Sedazine ®. Detomidina Se difere da xilazina por sua analgesia e sedação maior. Dose 10- 40mcg/kg/I V/IM. Romifidina Possui ação mais duradoura, sedação menos intensa que a detomidina e mais intensa que a Xilazina. Dose 40- 80mcg/kg. Dexmedeto midina Possui maior afinidade por alfa2 que alfa1 (proporção 1620:1). Efeitos depressores menos acentuados, com importante efeito sedativo, pode ser feito a infusão contínua provocando redução importante dos halogenados. Antagonistas de alfa-2 adrenérgicos: Ioimbina e Atipamezol e (Antisedan) Antagonistas dos efeitos de alfa-2 adrenérgicos, em casos de complicação ou superdosagem, torna o procedimento mais seguro. Aumentam a liberação de noradrenalina e outros neurotransmissore s excitatórios, pode ocorrer excitação, hipertensão e taquicardia. Sempre começar com doses mais baixas, quanto maior a dose usada do agonista maior deve ser a dose dos antagonista s, anotar doses, depende da espécie também. Administrar de 10 em 10 minutos. Doses de Ioimbina: 0,01- 0,2mg/kg/I V, dependend o da espécie; doses atipamezole 0,1- 0,4mg/kg. Fisiologia da dor e analgesia A analgesia é vantajosa para a recuperação clínica que é mais rápida, reduz o tempo de internação e re-internação, melhora a qualidade de vida, aumenta a produtividade, sendo que a dor é um estresse que reduz a imunidade e gera outros problemas que pioram o tratamento. A dor aumenta o tônus simpático causando aumento de pressão arterial e frequência cardíaca que pode levar a arritmias cardíacas causadas por dor excessiva. Além disso, um frequência cardíaca muito elevada reduz o débito cardíaco por reduzir o tempo de diástole. A dor também causa aumento dos níveis de cortisol levando a sequelas observadas no comportamento e até mesmo levar o paciente ao óbito. O limar de dor varia entre as espécies e indivíduos, portanto, deve ser avaliado de maneira individual. O que é dor? “A dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável associada ao dano tecidual real ou potencial” – Hellyer, 2007 “A dor é a percepção de um estímulo nocivo seguida da elaboração de uma resposta integrada ao processo emocional.” – George, 2003 Os conceito de nocicepção e dor frequentemente são confundidos, mas eles são conceitos diferentes. Sendo que a nocicepção é a transmissão de um estímulo nocivo, mas sem a percepção do sistema nervoso central e sem estímulo emocional. Diferente da dor onde há percepção pelo SNC e estímulo emocional. Nocicepção: Recepção e transmissão de sinais percebidos pelos nociceptores como estímulos nocivos aos tecidos. Nociceptores: São receptores ativados por estímulos mecânicos, térmicos ou químicos. Possuem terminações nervosas amplamente distribuídas na pele e tecidos profundos. São neurônios aferentes primários, alguns podem ser específicos para um estímulo mecânico ou térmico ou químico ou polimodais. Analgesia: Promoção da redução ou ausência da dor. Algesia: Sensação de dor. Hipoalgesia: Sensibilidade reduzida aos estímulos nocivos. Hiperalgesia: Sensibilidade aumentada aos estímulos nocivos. Alodinia: Sensação de dor na ausência de estímulos nocivos. Existem dois tipos de fibras ou axônios nociceptivos, os axônios carregam o potencial de ação até a medula espinhal. Existem 2 tipos destas fibras: A-Delta (fibras mielinizadas, grossas, de condução rápida – 5 a 30m/s) e C-Polimodal (fibras amielinizadas, finas e de condução lenta – 0,5 a 2m/s). A invervação visceral ocorre principalmente por fibras C, desta forma as visceras só sentem dor por 3 estímulos: compressão, distenção e/ou isquemia. A maior quantidade de receptores para dor está na pele e, portanto, lesões nesta região gera mais dor. A dor fisiológica é um instinto protetivo e auto-limitante, já a dor patológica é persistente indicando lesão tecidual, inflamação ou alguma neuropatia, sendo que a dor neuropática é causada por lesão nervosa. A dor também pode ser idiopática, sem causa primária identificável. Assim, a dor pode ser classifica em: Aguda: É conduzida por fibras de condução rápida que causa sinais clínicos aparentes como taquipneia, taquicardia e vocalização. Crônica: É conduzida por fibras de condução lenta e provoca sinais sutir e persistentes, o paciente pode ter alteração de postura, se isolar e ficar deprimido. Visceral: É a dor interna observada em órgãos viscerais. Somática: É a dor superficial observada em pele, músculos e ossos. A analgesia também possui classificações, a analgesia preemptiva é realizada antes de uma injúria, por exemplo, no MPA, desta forma ela retarda a transmissão do impulso nervoso, auxiliando na analgesia do pós e trans-operatório. A analgesia multimodal é caracterizada pela associação de fármacos para aumentar o efeito analgésico e reduzir a dose de cada um dos fármacos reduzindo seus efeitos colaterais. Por fim, a analgesia do pós-operatório deve ser feita sempre tendo em vista que não é uma dor fisiológica que sera persistente causando estresse e queda de imunidade. A dor ocorre em três fases antes de atingir o cérebro: Transdução: O estímulo nocivo é recebido e transformado em potencial de ação. Transmissão: O impulso elétrico segue pelos axônios até a medula espinhal. Modulação: Ao atingir o cono dorsal da medula espinhal o impulso atravessa a medula espinha e atinge sua região ventral onde ocorre a modulação, ou seja, a gravidade do estímulo é interpretada e conduzida até o córtex cerebral. No córtex ocorre a percepção da dor. Foram criadas escalas para avaliação de dor, a escala mais antiga é a Escala análoga visual (VAS), onde é traçado uma linha no papel ou imaginária. Em uma extremidade está o paciente sem dor e na outra o paciente com a pior dor possível, no meio da linha uma dor moderada. Após aplicar a medicação avalia se o paciente teve uma melhora clínica e apresentou redução ou ausência dos sinais de dor. Escala de avaliação numérica é muito utilizada em humanos, principalmente crianças, mas para animais não é muito utilizada, é feito uma escala de 0-10, onde 0 é ausência de dor e 10 é a pior dor possível. As escalas mais utilizadas na veterinária são as escalas de dor aguda da Colarado State que apresenta a versão para cães e gatos, existem outras escalas para diferentes espécies. Escala de dor para gatos (Colorado State) Escala de dor para cães (Colorado State) Outro modelo de escala de dor (VetSmart) A Escala de dor preemptiva refere-se a escala de dor que deve ser avaliada em relação a cirurgia, se é um procedimento muito doloroso e necessita de uma analgesia intensa ou se é um procedimento pouco doloroso e uma analgesia leve será suficiente. Em caso de dor nos membros pode ser avaliada através da Escala simples descritiva de dor nos membros: escore 0 – apoio total nos 4 membros, escore 1 – apoio parcial em estação e em movimento, escore 2 – apoio parcial apenas em estação e escore 3 – não apoia o membro afetado. Os principais grupos de fármacos que realizam redução da dor são os opióides, agonistas alfa-2 adrenérgicos, anestésicos locais, anestésicos dissociativos e anti-inflamatórios não esteroidais. Opióides Os opioides são analgésicos potentes muito utilizados em casos de dor severa, moderada e até mesmo leve. Eles atuam promovendouma hiperpolarização da célula e desta forma inibem a deflagração do potencial de ação que irá liberar neurotransmissores, assim, inibe a transmissão da dor. São compostos naturais ou sintéticos derivados do ópio que é um líquido leitoso extraído da papoula. Estes fármacos se ligam aos receptores Kappa, Mu, Sigma e Delta, mas os receptores mais importantes para analgesia são Kappa e Mu. Os opioides agonistas puros são aqueles que possuem afinidade com apenas um receptore específico como a Morfina, Meperidina, Fentanil, Sufentanil, Remifentanil e Metadona que possuem afinidade específica com receptores Mu, sendo mais potentes. Os agonistas-antagonistas são agonistas de apenas um receptor e antagonista de outro. Por exemplo, o Butorfanol é agonista Kappa e antagonista Mu, a Nalbufina também possui esta característica, mas é pouco utilizada e de difícil acesso. O Tramadol e Buprenorfina (não é vendida no Brasil) são agonistas parciais, o Tramadol é um opioide muito fraco e seus efeitos são de apenas 30%. Por fim, os antagonistas revertem a ação do opioide, um exemplo é a Naloxona. Fármaco Características Indicações/efeitos adversos Doses/adm. Morfina É um agonista um-puro, não causa perda de consciência. Promove sedação e tranquilização, potencializando os fármacos da MPA, normalmente causa depressão do SNC. Mas dependendo do asa e em alguns indivíduos pode causar disforia e hiperexcitabilidade, já relatado em suínos, equinos, felinos, caprinos e ovinos. Quando a dor é superextimada pode ocorrer hiperexcitabilidade. Produz efeitos por 2-6 horas com pico de analgesia as 2 horas. Indicado para dor severa. Pode causar náusea e vômitos por estimulação do centro do vômito por liberação de dopamina. Pode ser utilizado na MPA, caso a dor seja superextimada podem ocorrer 3-4 episódios de vômito, também no trans e pós operatório. Possui efeitos endócrinos, principalmente em cães e o principal efeito é o aumento da secreção de ADH causando retenção de água (pode ficar até 24 horas sem urinar). Também pode causar constipação intestinal que é importante principalmente em equinos e liberação de histamina que pode causar choque anafilático. É importante atentar a a vasodilatação que pode causar redução da pressão arterial. Evitar a administração em pacientes sem dor severa e pacientes com mastocitoma. Pode ser administrado via SC, IM, IV ou peridural, sendo que a administração IV pode aumentar os efeitos sobre a liberação de histamina, deve-se utilizar em doses pequenas e lentamente. Pode ser encontrada na concentração 10mg/ml e 1mg/ml. Doses: Cão: 0,1 - 0,7 mg/kg Gatos:0,1- 0,2 mg/kg Equinos:0,05- 0,2mg/kg Bovinos:0,05- 0,1mg/kg Meperidina É agonista Mu-puro, mas promove analgesia moderada com efeito de até 3 horas. Possui efeito sedativo e tranquilizante, principalmente quando associado a fenotiazina. Indicado para dores moderadas. Deve ser evitado em pacientes hipotensos e com mastocitoma devido a liberação de histamina. Além disso, não pode ser administrada IV, pois seus efeitos adversos são potencializados. Também em pacientes nefropatas e cardiopatas, pois causa vasoconstrição renal e coronariana. Doses: Cães:2 a 5 mg/Kg IM/SC Felinos:2 a 10 mg/kg/IM/SC Equinos:0,5– 1mg/kg/IM/SC Possui apresentação de 50mg/2ml (Dolosal) e de 100mg/2ml (Dolantina). Fentanil É muito utilizado, cerca de 1000x mais potente que a morfina, possui duração muito curta (15-20 minutos), portanto, não é muito utilizado em MPAs, pode ser utilizado em posicionamentos radiográficos dolorosos. No transoperatório pode ser utilizado com infusão contínua. É um agonista Mu- puro, possui ação analgésica e hipnótica. Outros similares são: Alfentanil, Sufentanil, Remifentanil (não possui efeito cumulativo, é caro e por isso é menos usado) e Carfentanil. O Fentanil possui efeitos cumulativos, portanto, não deve ser utilizado na infusão contínua por mais de 5 horas. Indicado para dor severa. Apresenta estímulo vagal quando administrado por IV que é dose-dependente e tempo- dependente, observando bradicardia, hipotensão e depressão respiratória que pode levar a apnéia. Infusão contínua dose de 5- 10mcg/kg/h. Pode ser administrado via IM e IV entre 2-10mcg. Existem adesivos de liberação entre 25- 50-100mcg/h, mas possui uma absorção irregular. Deve ser realizado uma boa tricotomia e assepsia local antes de colocar o adesivo, é mais utilizado em humanos. Metadona É agonista Mu-puro e antagonista não competitivo do receptor NMDA promovendo analgesia por duas vias reforçando a analgesia somática e com leve analgesia visceral. É 2x mais potente que a morfina e seus efeitos duram entre 4-6 horas e seu pico é as 2 horas. Utilizado em poli-traumas, não induz liberação de histamina, causa vasoconstrição e bradicardia reflexa. Utilizada para dor severa no MPA e pós- operatório. Não induz vômito. Doses: Cães:0,1- 0,5mg/kg/IM Gatos:0,1-0,2 mg/kg/IM quinos e Bovinos: 0,1mg/kg/IM. O tratamento da dor é feito baseado no nível de dor do paciente antes ou após a cirurgia. Para pacientes com dor leve segundo a OMS é utilizado a associação de um analgésico não opioide+adjuvante, para dor moderada utiliza-se opioides para dor moderada + adjuvante + não opioide. Para dores severas utiliza-se opioides fortes +adjuvante+não opioide. Caso não seja controlada, a dor é classificada com dor incontrolável. Na MPA normalmente busca-se uma neuroleptoanalgesia que é obtida por um neuroléptico e um analgésico associados. Por exemplo, fenotiazínicos+opioides, butirofenonas+opioides, benzodiazepínicos+opioides. Terapia intensiva MLK: protocolo de associação de morfina/lidocaína/ketamina nas concentrações de 1ml/7,5ml/0,3ml, respectivamente, e dose de 10ml/kg/hora. Fentanil: 5-10mcg/kg/h. Remifentanil: 0,25mcg/kg/min. Alfentanil: 3-8mcg/kg/min. Sufentanil: 0,5-1mcg/kg/h. Lidocaína: 50mcg/kg/min. Cetamina: 10mcg/kg/min. Estágios e planos anestésicos O plano de Guedel é utilizado para avaliar o estágio e plano anestésico e para enquadrar o paciente neste plano é necessário utilizar alguns reflexos e parâmetros fisiológicos. O plano e estágio só pode ser estabelecido ao submeter o paciente a uma anestesia geral. Os sinais de depressão do SNC são avaliados pelos estágios e planos de Guedel, são quatro estágios distintos, mas não há uma divisão muito evidente. É importante ressaltar que há diferenças entre espécies, indivíduos, MPA, fármacos utilizados e ASA dos pacientes. Tramadol Inibe a recaptação de serotonina e noradrenalina, sua potência é 6000x menor que a morfina. Seus efeitos duram cerca de 6-8 horas. É um agonista Mu-parcial. Mínimos efeitos adversos, em felinos e equinos principalmente observa-se a síndrome serotoninérgicas (aumenta a serotonina causando excitação). Pode ser observado principalmente em casos de superextimação da dor, o animal fica anadando compulsivamente (reduzir dose ou interromper). Indicado para MPA ou pós- cirúrgico (administração segura em casa), muitas vezes associado a outros como dipirona, AINEs e outros. A dose é entre 2- 6mg/kg/IM/SC/VO ou IV. Sendo que as menores doses são utilizadas em felinos e animais de grande porte. E acima de 4mg em cães, menos que isto não produz efeitos, pode ser utilizado até 8mg, mas não é necessário utilizar altas doses. Butorfanol É um agonista Kappa/antagonista Mu, possui pico de ação de 30-45 minutos, a concentração frequente é 10mg/ml (Turbogesic). Indicado para MPA, dor visceral e dor somática, efeito teto, antitussígeno. Doses: Cães 0,1- 0,6mg/kg/IV, IM, SC. Gatos 0,2- 0,8mg/kg/IV, IM, SC. Equinos e Bovinos: 0,2mg/kg/IV, IM, SC. Antagonist as A Naloxona é um antagonista de opioides. Indicado para reverter toxicidade por opioides. Dose: 0,005- 0,02mg/kg/IV. Apresentação: Narcan (ampola concentração 0,4mg/ml),Cloridrato de Nalorfina (5mg/ml). Estágio I: É o estágio desejado onde o paciente passa do estado alerta diretamente para perda de consciência. Estágio II: Ocorre excitação e delírio. Estágio III: É o objetivo do anestesista, onde a anestesia cirúrgica é estabelecida, existem 4 planos neste estágio (plano 1 – anestesia superficial, plano 2, plano 3 – são desejáveis, onde o paciente está anestesiado de forma adequada e plano 4 – muito profundo, indesejável. Estágio IV: Ocorre choque bulbar, pois o paciente se aprofundou muito no plano anestésico e pode vir a óbito. Reflexos e atividades autonômicas avaliados: Reflexo pupilar: coloca o feixe de luz e observa o reflexo da pupila (miose), este reflexo deve estar presente nos planos anestésicos desejados (2 e 3). Reflexo palpebral: No plano 2 e 3 o reflexo palpebral medial e lateral devem estar ausentes, sendo que o lateral é o primeiro a se perder e pode estar ausente no plano 1, se o medial estiver presente indica que foi atingido apenas o plano 1. Reflexo corneal: Toca-se levemente a córnea, cuidado com a unha para não lesionar a córnea, este reflexo deve estar presente, mas este teste é mais utilizado em grandes animais, pois em pequenos animais sua avaliação é difícil, pois este reflexo é perdido facilmente. Nele é feito uma pressão no globo ocular e após retirar o dedo o paciente deve piscar indicando que a anestesia não está muito profunda. Interdigital/de retirada: Realiza uma pressão no membro e o paciente retira o membro, durante a anestesia plano 2 e 3 este reflexo está ausente. Laringotraqueal: Deve estar ausente o que é importante para a intubação do paciente. Anal: É o reflexo mais avaliado em grandes para avaliar a profundidade do plano anestésico, e deve estar presente nos planos 2 e 3. Nistagmo: Indica supercialização da anestesia, é observado em pequenos quando eles atingem o estágio II e no paciente de grande porte logo antes do paciente acordar da anestesia. Produção de lágrimas: É mais visível em pacientes de grande porte e indica supercialização do plano anestésico. Frequência e padrão respiratório: Excesso de depressão respiratória ou respiração superficial indica possível plano anestésico muito profundo, já o aumento desta frequência pode indicar superficialização do plano anestésico. Frequência cardíaca e pressão arterial: A redução da FC e PA indica aprofundamento do plano anestésico e aumento da FC e PA indica superficialização deste plano. Anestesia Geral Intravenosa e agentes dissociativos A anestesia intravenosa faz parte da indução da anestesia geral, promovendo inconsciência e analgesia (não são analgésicos, mas causam depressão do SNC reduzindo sua percepção da dor, mas ainda é importante administrar um analgésico na MPA ou em infusão contínua). Também observa-se miorrelaxamento, supressão dos reflexos protetores, preservação das funções autonômicas. Portanto, promove depressão do SNC de forma dose-dependente e reversível resultando na perda da capacidade de percepção e resposta aos estímulos dolorosos. Podem ser utilizados apenas na indução e fazer a manutenção com anestesia inalatória, mas também pode ser utilizado para manutenção anestésica (TIVA), ou pode ser utilizado apenas para contenção química. Classificação Fármacos Características Indicações/efeitos adversos Doses e adm. Barbitúricos Tiopental (ação ultracurta), pentobarbital (ação curta, não é encontrado), fenobarbital (ação longa), tiamilal (ação ultracurta). São derivados do ácido barbitúrico, sintetizados pela primeira vez em 1882, primeiros indutores IV, o pH é alcalino (pH=10), pKa é de 7,6. Altamente lipossolúvel atravessando barreiras biológicas facilmente como barreira hematoencefálica e placentária. Possui alta ligação com proteínas plasmática (72-86%), principalmente albumina e a fração livre do fármaco realiza sua ação. Evitar em pacientes com Indicado para pequenas intervenções (30 min.), indução anestésica e pacientes refratários a outros anticonvulsivantes. Pode causar necrose intravascular devido ao seu pH muito diferente do sanguíneo (pH=7,35 a 7,45). Reduz força de Exclusivamente via IV. Doses: Cães e gatos 5- 12,5mg/kg/IV com MPA. Equinos 5mg/kg/IV com MPA e 10mg/kg/IV sem MPA. 1/3 deve ser administrado hipoproteinemia, ou reduzir a dose, pois esta fração livre ficará muito alta causando toxicidade. Se dissolve rapidamente nos tecidos e são depositados em tecido adposo demorando para ser completamente excretado. Evitar em paciente obesos que pode haver excesso de deposição e em paciente magros que o fármaco vai se redistribuir pelo sangue e pode causar toxicidade. Possui efeito cumulativo aumentando o período de recuperação. Atua potencializando GABA causando entrada de íons Cl- e hiperpolarizando a célula. Redução da condutância de íons Na+, Ca2+ e K+, também reduz a ligação de Ach e glutamato com o receptor NMDA. Causa depressão irregular do SNC, reduz percepção da dor, reduz consumo de O2, pressão intracraniana (PIC), depresão do centro termorregulador e anticonvulsivante. Período de latência do fenobarbital é 12 minutos e ele age por 6-8h, o pentobarbital possui latência de 30-60seg e duração de 60-120 min, o tiopental 15-30seg de latência e 10-20min de duração e o tiamilal latência de 15-30 seg e duração de 10-20min. O tiopental possui biotransformação hepática e eliminação renal com reabsorção tubular por ser muito lipossolúvel. contração cardíaca, retorno venoso, PA por bloqueio vagal inicial, taquicardia reflexa. Reduz a perfusão sanguínea renal, reduz o tônus uterino e causa depressão fetal. Causa apnéia transitória, depressão do centro- bulbar, reduz o volume inspiratório por minuto, bradipnéia, reduz a sensibilidade a hipóxia e hipercapnia, aumento das secreções. Também pode causar miose puntiforme e redução da motilidade intestinal. Possui metabolização lenta e recuperação tardia (evitar em pacientes críticos), depressão cardiorrespiratória (inviável para pacientes de alto risco), provoca pouco relaxamento muscular, possui efeito cumulativo e pode se redistribuir. Possui o efeito glicose, quando é administrado com glicose ou Ringer Lactato há uma redução da metabolização do fármaco por redução do sistema microssomal hepático ficando com efeito prolongado. Também tem efeito cumulativo e se redistribui em pacientes com pouca gordura. rapidamente e o restante dose- efeito. As diluições comerciais são de 2,5 (para pequenos animais) -5%, deve ser refrigerado 5- 6ºC. Alquil-fenóis Propofol O Propofol é o principal agente indutor utilizado na rotina para indução ou TIVA, e possui uma cor branca característica, deve ser armazenado sob refrigeração a 4ºC por ter glicitina de ovo que é substrato bacteriano, caso observe crescimento bacteriano deve-se descartar e não utilizado após aberto por mais de 6 horas. Pode ser comercializado em frasco-ampola onde é possível tampar e guardar de um dia para o outro, mas nunca deve-se colocar uma agulha Reduz débito cardíaco e pressão arterial. Bradipnéia e apneia (muito observada dose dependente e velocidade dependente, basta intubar e ventilar), mínimos efeitos sobre a respiração fetal. Indicado para anestesias de curta duração, longa Doses: Cães e gatos: 2 a 10mg/kg/IV. - Bezerros e potros: 2 a 5 mg/kg/IV. Pequenos ruminantes: 3 a 5mg/kg/IV. Infusão contínua: 0,2 a 0,5mg/kg/min contaminada. Possui 97-98% de ligação a proteínas plasmáticas, evitar ou reduzir dose em pacientes com hipoproteinemia, latência de 30seg, periodo hábil de 10 minutos, indução rápida e suave (raramente observa-se o estágio 2, se observar pode se administrar mais rapidamente). Um agente co-indutor como o Midazolam/Diazepam e outros é possível reduzir 50% de sua dose, principalmente em pacientes críticos, provocando mínimadepressão cardiovascular. Sua metabolização é hepática onde ocorre a conjugação glicuronídeos e sulfatos, pulmonar, intestinal e plasmática. A excreção ocorre pela urina e fezes. O mecanismo de ação é a potencialização dos efeitos GABA deprimindo o SNC por hiperpolarização devido a entrada de Cl-, reduzindo também o metabolismo cerebral. Reduz a PIC, possui efeito sedativo e hipnótico, inotrópico negativo (reduz consumo de O2), miorrelaxamento e aumenta o fluxo sanguíneo coronariano. Em grandes animais não é usado devido o preço e quantidade necessária. É muito importante utilizar a infusão contínua e não replicações em bolus, pois pode causar aumento excessivo da dose que é cumulativa propiciando os efeitos adversos e até mesmo intoxicação. duração, intubação orotraqueal, indução de pacientes críticos, manutenção de pacientes de alto risco (infusão contínua), anestesisas repetidas em intervalos curtos, exceto em felinos (não administrar dias consecutivos, pois é um composto fenólico que precisa de conjugação com ácido glicurônico que é deficiente nos felinos, podendo intoxicá-lo e causar hemólise). É o mais utilizado para TIVA em pequenos e selvagens. (anestesia cirúrgica em pequenos animais). 0,2 mg/kg/min (anestesia cirúrgica em grandes animais). Compostos imidazólicos Etomidato Possui potente ação hipnótica, é hidrossolúvel, pH 6,9, e provoca dor e pode ocorrer mioclonias durante a aplicação. Causa rigidez muscular e uma indução rígida. Possui ligação a proteínas plasmáticas de 75%. Provoca anestesia ultra-curta (10min no cão, dose-dependente, assim que o fármaco é administrado inicia a depuração hepática). Não possui efeito cumulativo, metabolismo hepático e plasmático, mantém parâmetros cardiovasculares, excreção renal. Age potencialização as ações GABA, reduz o consumo de O2 cerebral, fluxo sanguíneo cerebral e PIC, utilizado em pacientes críticos e/ou trauma cranio-encefálico. Não deprime o sistema cardiovascular (aumento FC, VS e DC), provoca mínimas alterações respiratórias com leve aumento da FR. Sempre deve ser associado com MPA, não é analgésico. Não é muito barato e necessita de doses muito altas em Indicado para indução em pacientes traumatizados, em casos de distúrbios severos do miocárdio, lesão intracraniana e cesarianas, é o fármaco de escolha para pacientes cardiopatas associado com benzodiazepínico, se utilizar o Diazepam deve-se administrá-lo antes e em seringas diferentes, pois seu veículo é oleoso. Pode causar vômitos e náusea (dificilmente observado na prática), excitação e tremores musculares (associar com benzodiazepínicos, sempre), o veículo do Etomidato é o Exclusivamente IV. Doses: Cães e gatos 0,5- 2mg/kg/IV. Não administrar em replicações nem infusão contínua, deve- se aplicar apenas uma dose em bolus rápido, pois se administrar lentamente ele pode não atingir concentrações para deprimir SNC Agentes dissociativos: Diferentemente dos agentes intravenosos os agentes dissociativos não são considerados anestésicos gerais (inconsciência, miorrelaxamento, analgesia, preservação do sistema nervoso autônomo e perda dos reflexos protetores), portanto, não promovem os efeitos esperados durante uma anestesia geral, utilizados para indução e deve ser associado a algum adjuvante. São muito versáteis para todos os animais, pequenos, grandes e silvestres, pode ser administrado por diversas vias sendo facilmente administrado, para animais estressados, agressivos, promovem analgesia somática, para manipulação de vísceras deve ser associado a um analgesico que atue na dor visceral. Agem dissociando a atividade neuronal do tálamo e no sistema límbico (controla o comportamento e é controlado pelo córtex), observando sinais de depressão da função do córtex cerebral (memória, atenção, percepção) e tálamo (transmissão de sinais sensitivos e motores), ocorre ativação do sistema límbico que é responsável pelo comportamento, como o córtex fica deprimido o sistema límbico age sem controle. Age pelo antagonismo não competitivo pelos receptores glutaminérgicos (sinapse excitatória e relacionada com transmissão do impulso doloroso) do tipo N-Metil-D-Aspartato (NMDA) promovendo depressão do SNC e analgesia somática, aumentam o tônus serotoninérgicos e dopaminérgicos (são neurotransmissores excitatórios, levando efeitos clínicos visíveis envolvendo excitação, dependendo da dose e do ASA), potencializam a atividade gabaérgica (é uma sinapse inibitória que abre canais de Cl- ). Além disso, possui agonismo por receptores opioides (potencialização do efeito analgésico) e antagonismo por receptores muscarínicos (sinapse pós-ganglionar do SNA parassimpático, os efeitos do SNA simpático serão proeminentes observando taquicardia, taquipnéia e outros). Não é possível enquadrá-los no esquema de Guedel por não conceituar como anestesia geral, não são hipnóticos (não causam inconsciência), provocam amnésia, analgesia somática, manutenção de reflexos protetores (mexe a língua, pisca, e é dose-dependente), supressão do medo e ansiedade, estado caraleptóide (permanece consciente, mas arresponsivo, pode apresentar movimento de pedalada ou movimentos dissociados, também é dose-dependente), hipertronia muscular (rigidez), nistagmo horizontal ou vertical e midríase por proeminência do SNA simpático, salivação, pode ficar com a língua caída. Fármaco Características Indicações/efeitos adversos Doses/adm. Cetamina É o mais utilizado em animais de diversas espécies, e é o de escolha para indução anestésica em animais de grande porte, é muito potente e o volume administrado é baixo, não deprime tanto o sistema cardiovascular. Possui ligação de 20-30% com proteínas plasmáticas, é uma solução transparente e inodora, de biotransformação hepática e eliminação renal (cuidado com hepatopatas e nefropatas). O período de latência é entre 0,5- 5 minutos, e a duração dos efeitos é entre 30-40 minutos, depende da dose e associações. Subdosagens possuem efeitos anticonvulsivantes/analgésicas (infusão contínua de 10mcg/kg/min), são Em pacientes com histórico de convulsão podem apresentar convulsão (doses anestésicas), em geral recomenda- se evitar. Em trauma craniano não é recomendado em doses analgésicas, provoca aumento do fluxo sanguíneo cerebral e PIC. Midazolam, diazepam e fentanil atenuam os efeitos da cetamina na PIC. É comum observar uma certa excitação e agitação na indução e recuperação, a clorpromazina e Via SC, IM, IV, nasal, oral, retal, medular (raquidiana ou peridura). Possui apresentação de 5-10%. Doses: Cães e gatos 2-5mg/kg/h/IV ou 10-20mg/kg/IM. Subdoses: Menor que 1mg/kg/IV. Grandes animais 2mg/kg/h/IV. Infusão contínua de analgésicos: Cetamina: 10mcg/kg/min peq ; 2mg/kg/h gds MLK:(3,3mcg/kg/min, 50mcg/kg/min,10mcg/kg/min) FLK:(5-10mcg/kg/hora, 50mcg/kg/min,10mcg/kg/min), assim observa-se um sinergismo reduzindo o requerimento analgésico IV ou inalatório, usado no tratamento da dor, analgesia multimodal. grandes animais. Reduz mais a PIC quando comparado ao Propofol, e mantém melhor a redução do consumo de O2 pelo cérebro, melhor para trauma cranioencefálico, pois mantém as células viáveis por mais tempo. propilenoglicol que causa hemólise quando administrado continuamente, e supressão de glândulas adrenais em reaplicações/contínua, evitar em pacientes com hipoadrenocorticismo. neuroprotetoras, mas na dose anestésica há efeitos adversos importantes como aumento da PIC por aumento do fluxo sanguíneo e reduz o limiar convulsivo. Deve ser associada com outros fármacos para reduzir reações adversas, com fenotiazínicos, benzodiazepínicos, agonistas alfa2 adrenérgicos (sedativos, promovem miorrelaxamento e analgesia visceral). acepromazina. Em doses analgésicas observa-se amnésia, em subdoses não. Tiletamina- Zolazepam (Zoletil) Possui períodolatente de 7-8 minutos IM e 30-60 segundos IV (depende do ASA e das associações). Duração entre 15- 30 minutos e ocorre recuperação completa após 4 horas (nos gatos a tiletamina é eliminada primeiro, 4,5 horas para o zolazepam e 2,5 horas para a tiletamina, nos cães o zolazepam é eliminado em 1 hora e a tiletamina em 1,2 horas, portanto, os cães acordarão mais excitados). Pode ser reaplicada, se necessário. Em gatos, principalmente, pode causar depressão respiratória. Doses: Cão e gato 2-4mg/kg/IV ou 5- 15mg/kg/IM. Não deve-se ultrapassar 10mg/kg/IV, principalmente em felinos que pode causar depressão respiratória importante. Intubação orotraqueal Para induzir um paciente com anestesia inalatória é feito com a máscara que necessita de um bom acoplamento para cada paciente, para pacientes saudáveis é complicado, o cheiro não é agradável, principalmente do isofluorano, e é preferível IV. Mas em pacientes debilitados pode ser utilizada, onde é administrado por nebulização o medicamento indutor junto com a oxigenação, também pode ser utilizado para pré-oxigenação em paciente obesos e outros para reduzir a hipóxia durante a depressão respiratória. A indução pode ser feita por via IV ou inalatória, em seguida é feito a intubação, após perda dos reflexos. O anestésico inalatório necessita de pouca metabolização e eliminação pela via respiratória e rápida, desta forma são mjais seguros, principalmente para pacientes debilitados. Em alguns casos podem ser usados câmaras com anestésicos inalatórios, pode ser usado em felinos, silvestres e outros, para evitar manipulação que pode levar a parada cardíaca. Os anestésicos inalatórios, principalmente na câmara gasta muito gás, é necessário que na câmara tenha uma saída de gás. Para manutenção é importante fazer a intubação orotraqueal, para alguns pacientes selvagens que não é possível intubar pode ser feito a manutenção na máscara. Para grandes animais utiliza- se um abridor de boca de equino e bovino, para pequenos animais os tubos para intubação vão da numeração 2 até 10, para grandes existem numerações maiores dependendo do tamanho do paciente. No tubo observa-se uma ponta proximal (proximal ao paciente, será introduzido), uma curvatura maior e menor, uma conexão para acoplar os circuitos de anestesia inalatória, tem graduações e medições da traqueia (quanto maior o número, maior a sonda, varia de 0,5-0-5, ou seja, tem 2-2,5-3-3,5...). Na ponta proximal observa-se um Cuff (balonete para inflar após introduzir para garantir que os gases que entram e saem do trato respiratório passem pelo tubo orotraqueal), permitindo controle do anestésico e oxigênio, sempre testar o Cuff antes de intubar, pois ele rompe facilmente. Na ponta distal observa-se a válvula de controle que acopla uma seringa para introduzir e controlar o ar no Cuff, o Cuff não deve ficar muito inflado, pois pode promover pressão alta na traqueia e pode romper aneis traqueais, por isso nesta válvula observa-se um balonete que retrata a pressão no Cuff, ele deve estar macio e não rígido, usar o maior tubo possível para evitar inflar muito o Cuff. Passos para intubação: 1) Testar o Cuff sempre; 2) Separar sempre duas sondas de dois tamanhos, pois pode ser que o paciente tenha uma apneia e se for necessário trocar o tubo não terá tempo de buscar outro, sempre tentar intubar com o maior possível; 3) Amarrar a sonda primeiro e em seguida inflar o Cuff, pois a sonda pode ficar movimentando durante a amarração e o Cuff lesiona a traqueia; 4) Conferir se está intubado (o ar expirado é quente e úmido, portanto, observa-se um vapor na sonda, pode ser feito uma pressão no tórax para forçar a saída de ar), quando coloca-se o circuito anestésico é possível observar o movimento do balão. Para a intubação de pequenos animais utiliza-se o laringoscópio, coloca-se na base da língua (nunca na cartilagem, pode causar edema de glote). Nos cães coloca-se o paciente em decúbito external e observa-se a eversão da epiglote e permite a visualização das aritenóides, o gel de lidocaína é colocado na ponta da sonda. Para felinos também se utiliza o laringoscópio e o decúbito external, como os felinos são pacientes pequenos é preciso usar sondas pequenas (2,0-4,0) que são moles e podem dificultar a intubação fazendo com que a parede da traqueia seja lesionada por excesso de tentativas, é necessário ser preciso e pode-se utilizar um fio (de metal, não ultrapassar o tamanho da sonda) dentro do tubo para deixar o tubo mais rígido. Os gatos tem predisposição a edema de glote e espasmos laringeos, tornando importante esta precisão. Aplicar lidocaína spray 10% (felinos não perdem o reflexo laringotraqueal em estágio III planos 2 e 3, portanto, necessita aplicação da lidocaína spray). O fio guia deve ser retirado após ultrapassar as cartilagens aritenóides, pois ele é muito rígido e pode lesionar a traqueia. Em equinos utiliza-se o decúbito lateral, sempre lavar a boca antes, estica-se a cabeça para abrir as vias respiratórias, a entrada da traqueia não é visualizada, é feito às cegas até ele parar faz movimentos de vai e vem, enroscando, quando o equino inspirar abrirá as cartilagens, com movimentos suaves é raro a ocorrência de edema, coloca-se o abre bocas entre os incisivos e ele tem um furo onde será introduzido o tubo orotraqueal. A extubação do equino é tardia (não respira pela boca e normalmente as narinas ficam edemaciadas, portanto, espera-se o paciente estar mais acordado para extubar), e ele pode acabar deglutindo o tubo ou algo similar, pode-se amarrar o tubo no paciente, ou utilizar tubos com uma porção maior na entrada para evitar essa deglutição. Em bovinos é utilizado decúbito lateral ou external (preferencial), utilizar luva especial (vai introduzir a mão na boca), lubrificante e abridor de boca entre os incisivos inferiores e os coxins superiores. Introduz a mão dentro da boca e com a ponta dos dedos abaixa a epiglote para introduzir o tubo orotraqueal. Algumas particularidades são: braquicefálicos que a extubação deve ser feito de forma tardia quando o paciente mastigar a sonda, por ser um paciente com dificuldade respiratória; em gatos é feito uma extubação precoce devido as particularidades do seu reflexo laringotraqueal e edema de glote (retirar assim que voltar o reflexo de deglutição); em equinos é feito uma extubação tardia para esperar redução do edema de narina e se posicionar para respirar melhor; em bovinos é feito uma extubação tardia devido ao alto risco de regurgitação devido a sua alta capacidade de armazenamento de alimento (esperar o paciente deitar em decúbito external). Em bovinos há uma certa ocorrência de lesão de nervo radial por decúbito prolongado e em equinos de miosite compartimental por hipotensão (utilizar colchões). Os répteis e aves não tem epiglote, facilitando a visualização da entrada da traqueia ao abrir a boca, o 2 pode ser muito pequeno para aves menores, pode ser utilizado o catéter. Autor: Daniela Fonte Boa Melo Instagram: @daniela.f.b.m
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