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Mediação de Conflitos

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Obra coletiva Mediação de conflitos - 2a. edição - versão digital
Data · July 2015
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1 author:
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Financial System and Sustainable Development View project
Luciane Moessa de Souza
Banco Central do Brasil
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https://www.researchgate.net/publication/295813265_Obra_coletiva_Mediacao_de_conflitos_-_2a_edicao_-_versao_digital?enrichId=rgreq-0459d9cac0082a5b411156f1e5e391c3-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5NTgxMzI2NTtBUzozMzI2MzYwNzA0MDAwMDVAMTQ1NjMxODAyODMzNg%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/project/Financial-System-and-Sustainable-Development?enrichId=rgreq-0459d9cac0082a5b411156f1e5e391c3-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5NTgxMzI2NTtBUzozMzI2MzYwNzA0MDAwMDVAMTQ1NjMxODAyODMzNg%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-0459d9cac0082a5b411156f1e5e391c3-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5NTgxMzI2NTtBUzozMzI2MzYwNzA0MDAwMDVAMTQ1NjMxODAyODMzNg%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Luciane_Moessa_De_Souza?enrichId=rgreq-0459d9cac0082a5b411156f1e5e391c3-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5NTgxMzI2NTtBUzozMzI2MzYwNzA0MDAwMDVAMTQ1NjMxODAyODMzNg%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Luciane_Moessa_De_Souza?enrichId=rgreq-0459d9cac0082a5b411156f1e5e391c3-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5NTgxMzI2NTtBUzozMzI2MzYwNzA0MDAwMDVAMTQ1NjMxODAyODMzNg%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/institution/Banco_Central_do_Brasil?enrichId=rgreq-0459d9cac0082a5b411156f1e5e391c3-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5NTgxMzI2NTtBUzozMzI2MzYwNzA0MDAwMDVAMTQ1NjMxODAyODMzNg%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Luciane_Moessa_De_Souza?enrichId=rgreq-0459d9cac0082a5b411156f1e5e391c3-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5NTgxMzI2NTtBUzozMzI2MzYwNzA0MDAwMDVAMTQ1NjMxODAyODMzNg%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Luciane_Moessa_De_Souza?enrichId=rgreq-0459d9cac0082a5b411156f1e5e391c3-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5NTgxMzI2NTtBUzozMzI2MzYwNzA0MDAwMDVAMTQ1NjMxODAyODMzNg%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf
1 1
Mediação 
de conflitos
Novo paradigma de acesso à justiça
Luciane Moessa de Souza
(Coordenadora)
De acordo com o novo CPC (Lei 13.105/2015) e a 
nova Lei de Mediação e Conflitos (Lei 13.140/2015)
2ª edição
2 3
2015
Santa Cruz do Sul
2ª edição
Mediação 
de conflitos
Novo paradigma de acesso à justiça
Luciane Moessa de Souza
(Coordenadora)
De acordo com o novo CPC (Lei 13.105/2015) e a 
nova Lei de Mediação e Conflitos (Lei 13.140/2015)
2 3
Prof. Dr. Alexandre Morais da Rosa – Direito – UFSC e UNIVALI/Brasil
Prof. Dr. Alvaro Sanchez Bravo – Direito – Universidad de Sevilla/Espanha
Profª. Drª. Angela Condello – Direito - Roma Tre/Itália
Prof. Dr. Carlos M. Carcova – Direito – UBA/Argentina
Prof. Dr. Demétrio de Azeredo Soster – Ciências da Comunicação – UNISC/Brasil
Prof. Dr. Doglas César Lucas – Direito – UNIJUI/Brasil
Prof. Dr. Eduardo Devés – Direito e Filosofia – USACH/Chile
Prof. Dr. Eligio Resta – Direito – Roma Tre/Itália
Profª. Drª. Gabriela Maia Rebouças – Direito – UNIT/SE/Brasil
Prof. Dr. Gilmar Antonio Bedin – Direito – UNIJUI/Brasil
Prof. Dr. Giuseppe Ricotta – Sociologia – SAPIENZA Università di Roma/Itália
Prof. Dr. Gustavo Raposo Pereira Feitosa – Direito – UNIFOR/UFC/Brasil
Prof. Dr. Humberto Dalla Bernardina de Pinho – Direito – UERJ/UNESA/Brasil
Prof. Dr. Ingo Wolfgang Sarlet – Direito – PUCRS/Brasil
Prof.ª Drª. Jane Lúcia Berwanger – Direito – UNISC/Brasil
Prof. Dr. João Pedro Schmidt – Ciência Política – UNISC/Brasil
Prof. Dr. Jose Luis Bolzan de Morais – Direito – UNISINOS/Brasil
Profª. Drª. Kathrin Lerrer Rosenfield – Filosofia, Literatura e Artes – UFRGS/Brasil
Profª. Drª. Katia Ballacchino – Antropologia Cultural – Università del Molise/Itália
Profª. Drª. Lilia Maia de Morais Sales – Direito – UNIFOR/Brasil
Prof. Dr. Luís Manuel Teles de Menezes Leitão – Direito – Universidade de Lisboa/Portugal
Prof. Dr. Luiz Rodrigues Wambier – Direito – UNIPAR/Brasil
Profª. Drª. Nuria Belloso Martín – Direito – Universidade de Burgos/Espanha
Prof. Dr. Sidney César Silva Guerra – Direito – UFRJ/Brasil
Profª. Drª. Silvia Virginia Coutinho Areosa – Psicologia Social – UNISC/Brasil
Prof. Dr. Ulises Cano-Castillo – Energia e Materiais Avançados – IIE/México
Profª. Drª. Virgínia Appleyard – Biomedicina – University of Dundee/ Escócia
Profª. Drª. Virgínia Elizabeta Etges – Geografia – UNISC/Brasil
CONSELHO EDITORIAL
Profª. Drª. Fabiana Marion Spengler – Direito – UNISC e UNIJUI/Brasil
Prof. Me. Theobaldo Spengler Neto – Direito – UNISC/Brasil
COMITÊ EDITORIAL
4 5
Bibliotecária responsável: Fabiana Lorenzon Prates - CRB 10/1406
Catalogação: Fabiana Lorenzon Prates - CRB 10/1406
Correção ortográfica: pelos autores
Diagramação: Daiana Stockey Carpes
Essere nel Mondo
Rua Borges de Medeiros, 76
Cep: 96810-034 - Santa Cruz do Sul
Fones: (51) 3711.3958 e 9994. 7269
www.esserenelmondo.com.br
www.facebook.com/esserenelmondo
Todos os direitos são reservados. Nenhuma parte deste 
livro poderá ser reproduzida por qualquer meio impresso, 
eletrônico ou que venha a ser criado, sem o prévio e ex-
presso consentimento da Editora. A utilização de citações 
do texto deverá obedecer as regras editadas pela ABNT.
As ideias, conceitos e/ou comentários expressos na presen-
te obra são criação e elaboração exclusiva do(s) autor(es), 
não cabendo nenhuma responsabilidade à Editora.
Prefixo Editorial: 67722
Número ISBN: 978-85-67722-42-9
M489 Mediação de conflitos: novo paradigma de acesso à justiça [recurso 
 Eletrônico] / coordenadora: Luciane Moessa de Souza – Santa 
 Cruz do Sul: Essere nel Mondo, 2015.
 345 p.
 Texto eletrônico
 Modo de acesso: World Wide Web.
 
 
 1. Mediação. 2. Acesso à justiça. 3. Resolução de disputa (Direito).
 4. Conciliação (Processo civil). 5. Justiça restaurativa. 6. Direito
 comparado. I. Souza, Luciane Moessa. 
 
 CDD-Dir: 341.4625
Bibliotecária responsável: Fabiana Lorenzon Prates - CRB 10/1406
Catalogação: Fabiana Lorenzon Prates
Revisão gramatical: Luciane Moessa de Souza
Diagramação: Daiana Stockey Carpes
4 5
Sumário
Apresentação
PARTE I
Noções Gerais
Fatores de efetividade de processos de resolução de disputas: uma 
análise sob a perspectiva construtivista
André Gomma de Azevedo
1 Introdução
2 Processos construtivos de resolução de disputas e fatores de efetividade de 
processos de resoluçãode disputas
3 Constatações empíricas referentes à efetividade processual
4 A perspectiva construtivista da resolução de disputas como forma de assegurar 
maior efetividade processual
5 Conclusão
Referências
Mediação, acesso à justiça e desenvolvimento institucional: análise 
histórico-crítica da legislação brasileira sobre mediação
Luciane Moessa de Souza
1 Introdução
2 Desenvolvimento institucional e crescimento econômico
2.1 Conceito de desenvolvimento e interdependência entre os diversos aspectos
2.2 Correlaçãoentre desenvolvimento institucional e atividade econômica
3 Obstáculos para o acesso à justiça no Brasil
3.1 Conceito de acesso à justiça
3.2 Os principais obstáculos para o acesso à justiça
3.3 Meios alternativos de resolução de controvérsias: incremento na celeridade e na 
qualidade dos serviços jurisdicionais
4 A legislação brasileira sobre mediação
4.1 Conflitos a que se aplica a mediação
4.2 Espécies de mediação
4.3 Quem pode ser mediador
4.4 Fiscalização das atividades de mediação
4.5 Prazo para realização da mediação e tutela de urgência
4.6 Incompatibilidades com a função de mediador
4.7 A figura do co-mediador
4.8 A participação do advogado na mediação
4.9 O conteúdo do acordo
4.10 Eficácia do acordo
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6 7
4.11 Suspensão da prescrição
5 Medidas necessárias para viabilizar a mediação no Brasil
5.1 As mudanças na cultura dos operadores jurídicos
5.2 Pontos a serem regulamentados 
5.2.1 Capacitação dos mediadores
5.2.2 Definição dos valores a serem cobrados e da responsabilidade pelo pagamento dos 
mediadores nas causas de justiça gratuita
6 Importante inovação: mediação on-line ou a distância 
7 Considerações finais: o potencial da mediação
Referências
Sustentabilidade do Poder Judiciário e a mediação na sociedade 
brasileira
Roberto Portugal Bacellar
1 Introdução
2 Um serviço judiciário com qualidades interdisciplinares
3 O poder jurisdicional típico e o dos métodos complementares
4 Conclusão
Referências
Mediação e conciliação: dois paradigmas distintos, duas práticas 
diversas
Tania Almeida
1 Considerações iniciais
2 A construção de acordos proposta pela conciliação e o privilégio da desconstrução 
de conflitos pretendida pela mediação
3 A busca da satisfação individual pretendida na conciliação e a procura da satisfação 
mútua demandada pela mediação
4 A repercussão das soluções sobre si mesmos cuidada pela conciliação e a repercussão 
das soluções sobre terceiros, investigada pela mediação
5 A coautoria de soluções construídas pelas partes com o conciliador e a privilegiada 
autoria das partes perseguida pelo mediador
6 A ótica monodisciplinar utilizada pela conciliação e a abordagem multidisciplinar 
proposta pela mediação
7 O presente e a culpa focados na conciliação; o futuro e a responsabilidade social 
objetivados pela mediação
8 A pauta objetiva destacada pela conciliação e a pauta subjetiva privilegiada pela 
mediação
9 A publicidade que caracteriza a conciliação e a confidencialidade proposta pela 
mediação
10 Os pareceres técnicos na conciliação e na mediação
11 Os advogados das partes na conciliação e na mediação
12 Considerações finais
Referências
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Ser um mestre em mediação?
Gladys Stella Álvarez
1 Conceito de maestria
2 Os estágios da profissão
3 Alguns indicadores de qualidade
4 Da teoria à prática e da prática à teoria
5 Conclusão
Referências
A ética na mediação
Tânia Lobo Muniz
1 Apresentação
2 A ética
3 A eticidade
4 Código de Ética
5 Valores a serem positivados
6 A atuação do mediador, a questão ética, o comprometimento de sua atuação e os 
reflexos na aceitação e permanência do instituto
7 Conclusão
Referências
Diretrizes éticas, capacitação, credenciamento e supervisão da 
atuação de mediadores e conciliadores: contribuições preliminares
Luciane Moessa de Souza
1 Introdução 
2 Diretrizes éticas
2.1 Imparcialidade
2.2 Dever de respeitar a autonomia das partes
2.3 Deveres de competência e diligência
2.4 Dever de alertar as partes sobre a necessidade de perícia técnica ou assessoramento 
de terceiros
2.5 Dever de zelar pelo equilíbrio de poder entre as partes
2.6 Confidencialidade
2.7 Transparência na condução do processo
2.8 Dever de zelar pela viabilidade do cumprimento do acordo
2.9 Dever de zelar pelos interesses de terceiros afetados
2.10 Remuneração do mediador
3 As qualidades necessárias para um bom mediador
4 Sobre a regulamentação (ou não) da atividade
4.1 Cadastro, registro ou certificação de mediadores – critérios apropriados 
4.2 A capacitação de mediadores 
5. Supervisão e aplicação de penalidades por desvio ético 
6 Conclusões
Referências
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PARTE II
Aplicação da Mediação
A mediação de conflitos no contexto empresarial
Adolfo Braga Neto
1 Introdução
2 Mediação comercial
3 Mediação organizacional
4 Mediação ambiental
5 Mediação trabalhista
6 Aspectos gerais e legais
7 Conclusão
Referências
Mediação e Estatuto da Criança e do Adolescente: práticas e 
possibilidades
Alexandre Morais da Rosa
1 Introdução
2 Quando se fala de criança e adolescente, de quem se fala?
3 O ato infracional
4 A Justiça Restaurativa
Referências
O componente de mediação vítima-ofensor na Justiça Restaurativa: 
uma breve apresentação de uma inovação epistemológica na 
autocomposição penal
André Gomma de Azevedo
1 Introdução
2 Justiça Restaurativa e mediação vítima-ofensor: conceitos
3 Características procedimentais da mediação vítima-ofensor
3.1 Pré-seleção de casos
3.2 Preparação para a mediação
3.3 Mediação vítima-ofensor
4 Conclusão
Referências
Mediação em relações de trabalho no Brasil
Antônio Rodrigues de Freitas Jr.
1 O papel da mediação na solução de conflitos de justiça
2 Conceituação de conflito
3 Conflitos aos quais se aplica a mediação
3.1 Relações entre sujeitos constitutivamente desiguais não comportam mediação?
4 Considerações finais
Referências
144
145
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146
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150
151
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8 9
Programa de mediação de Conflitos: uma experiência comunitária 
como política pública em Minas GeraisAriane Gontijo Lopes Leandro, 
Giselle Fernandes Corrêa da Cruz
1 Apresentação
2 Pressupostos conceituais: a base teórica da metodologia
3 O mediador
4 Mediação atendimento
5 Eixo Atendimento Coletivo
6 Organização da prática do Programa Mediação de Conflitos
7 Resultados alcançados pelo Programa Mediação de Conflitos
8 Conclusão
Referências
A Defensoria como agente na mediação de conflitos
Eduardo Antônio de Andrade Villaça, Michele Cândido Camelo
1 Introdução
2 Mediação de conflitos
3 A Defensoria Pública
4 A Defensoria Pública tutelando a mediação comunitária
5 A Defensoria Pública atuando como mediadora em conflitos coletivos
6 Considerações finais
Referências
Conflitos societários e empresariais: a conveniência da adoção da 
cláusula de mediação e arbitragem (“med-arb”)
Henrique Gomm Neto
1 Apresentação
2 Origem da cláusula “med-arb”
3 Conflitos societários: ênfase na empresa familiar
4 Inconveniência do recurso ao procedimento judicial
5 Aspectos positivos do processo de mediação para os conflitos societários
6 Objetivos que se pretendem alcançar com a aplicação da técnica de mediação
6.1 Construir um novo espaço adequado para uma negociação produtiva
6.2 Despersonalizar o conflito
6.3 Transformar uma negociação baseada em “posições” em uma negociação baseada 
em interesses
6.4 Adotar uma orientação com vistas ao futuro
7 Conclusão: a importância do “design” da cláusula med-arb.
Referências
197
197
199
205
205
210
213
215
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250
250
251
254
10 11
A mediação no direito de família e o acesso à justiça
Ivan Aparecido Ruiz
1 Introdução
2 Evolução histórica dos meios consensuais de resolução de conflitos
3 Notas introdutórias sobre a mediação
4 Processo judicial (ganha/perde) versus mediação (ganha/ganha)
5 Conceito de mediação
6 Mediação nas questões de família
6.1 Mediação e ações de estado
6.2 A separação consensual extrajudicial e o divórcio consensual extrajudicial
7 A contribuição dos meiosconsensuais de resolução de conflitos no acesso à justiça
8 Conclusões
Referências
Agir contra si – acrasia – e a mediação de conflitos
Célia Regina Zapparolli
1 Introdução
2 Akrasia ou acrasia
3 Caso em estudo no. 1
4 Caso em estudo no. 2
4.1 Reflexões técnicas preliminares
4.2 Seguimento do relato do caso em estudo no. 2 e outras considerações técnicas
5 Análise dos casos concretos 1 e 2 à luz da Teoria da Acrasia em Elster
6 Instrumentos propostos para superação da Acrasia
Referências
Mediação de conflitos envolvendo entes públicos
Luciane Moessa de Souza
1 Introdução 
2 Fundamentos para a adoção de métodos consensuais de resolução de conflitos na 
esfera pública 
2.1 Fundamentos constitucionais
2.2 Fundamentos infraconstitucionais 
3 Os princípios constitucionais que regem a atuação do Poder Público e suas 
consequências na resolução consensual de conflitos 
4 As medidas necessárias para a viabilização da resolução consensual de conflitos 
individuais envolvendo o Poder Público 
5 As medidas necessárias para a viabilização da resolução consensual de conflitos 
coletivos envolvendo o Poder Público 
6 O capítulo dos conflitos que envolvem o Poder Público na nova Lei sobre Mediação 
de Conflitos 
6.1 Seção I - Disposições comuns às três esferas federativas 
6.2 Seção II - Conflitos envolvendo entes públicos federais 
7 Conclusões
256
256
256
260
262
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312
316
10 11
PARTE III
Direito Comparado
Mediação: estudo comparativo
Déborah Lídia Lobo Muniz
1 Introdução
2 A mediação no direito alienígena
2.1 A mediação na União Européia
2.2 A mediação na América Latina
3 Estruturas selecionadas e variáveis de comparação
3.1 A legislação da França
3.2 A legislação de Portugal
3.3 A legislação da Costa Rica
4 Elementos passíveis de recepção pelo projeto de lei brasileiro
5 O projeto de lei 4827/1998
6 Resultados práticos da mediação
7 Conclusão
Referências
Mediação na China: passado, presente e futuro
Wei Dan
1 Apresentação
2 Evolução histórica da mediação na China tradicional
3 Mediação na República Popular da China: classificação e fontes
4 Regime legal da mediação popular
4.1 Histórico e desenvolvimento
4.2 Princípios básicos
4.3 Âmbito de aplicação
4.4 Procedimentos e características
4.5 Efeitos jurídicos do acordo obtido na mediação
5. Da mediação judicial
5.1 Vários ajustamentos da legislação e de políticas judiciais
5.2 Princípios básicos
5.3 Âmbito de aplicação
5.4 Procedimentos e características
5.5 Efeitos jurídicos
6 Problemas existentes nas diversas espécies de mediação
7 Futuro da mediação na China
Referências
Síntese curricular dos autores
317
318
318
318
320
320
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356
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12 13
Apresentação
A mediação se inscreve em diversas culturas e tradições legais como 
expediente ao mesmo tempo singelo e eficaz de resolução pacífica de conflitos. 
Sua regulação por meio de instrumentos legais formais pode ou não ser 
considerada apropriada.
No Brasil, na esteira da bem sucedida regulação da arbitragem, por meio 
da Lei nº 9.307/96 1, bem como da jurisprudência e da prática subsequentes, 
entendeu-se que seria oportuna equivalente ordenação da mediação. Diante de 
tantas iniciativas de mediação já existentes tanto na seara judicial quanto no 
âmbito extrajudicial, durante muito tempo a comunidade que trabalha com o 
tema debateu se seria de fato necessária uma lei específica para fomentar a 
institucionalização da mediação no Brasil, sendo que o primeiro projeto de lei 
a respeito foi apresentado nos idos de 1998, pela deputada federal paulista 
Zulaiê Cobra (PL 4827/1998). A ele se seguiram diversos outros2 e agora, com a 
edição da Lei 13.140, de 26 de junho de 2015, esta questão resta prejudicada. 
Vale ressaltar que também o novo Código de Processo Civil contém um capítulo 
tratando da mediação e da conciliação de conflitos na esfera judicial.
Resta-nos agora, além de continuar a estudar e divulgar o instituto, sua 
importância e modo de funcionamento, analisar de forma crítica o conteúdo da 
lei que veio a disciplinar o tema, além das bases culturais que permitem melhor 
compreender e aplicar este instituto. A ideia dessa obra coletiva, nos idos de 
2006, partiu do Professor Paulo Borba Casella, um dos coordenadores de sua 
primeira edição, que por este motivo merece um agradecimento especial3.
A mediação deve ser compreendida no que concerne aos tipos de 
1 Recentemente, foi aprovada legislação atualizando a lei de arbitragem – por sinal recheada de 
polêmicas, tal como ocorreu quando a Lei 9.307 foi promulgada em 1996. A nova lei veio a so-
lucionar algumas dúvidas quanto à abrangência da arbitragem, mas faltou maior diálogo com a 
comunidade afetada no que concerne aos conflitos de natureza trabalhista e consumerista, para 
se chegar a um consenso quanto a uma solução viável e aceitável para todos. Também perdeu-se 
a oportunidade de avançar em alguns temas necessários, ensejando possivelmente nova reforma 
para breve.
2 No Senado, merece destaque o projeto de lei de autoria do Senador capixaba Ricardo Ferraço 
(PLS 517/2011), que contou com a assessoria de alguns especialistas no assunto na sua elabora-
ção (Prof. Humberto Dalla Bernardina de Pinho, mediadora Gabriela Asmar e Juíza Trícia Navarro). 
Esse projeto foi aproveitado em parte na redação final da nova lei. Existe também na Câmara 
um projeto de lei (PLC 4891/2005) que cria as profissões de mediador e árbitro, com parecer do 
relator favorável à sua aprovação, com exceção de alguns dispositivos eivados de inconstituciona-
lidade formal. Além destes, há diversos outros projetos de lei propondo a utilização da mediação 
para conflitos específicos.
3 Agradeço também de modo especial aos autores que, como eu, atualizaram seus artigos para 
esta edição: Tania Almeida, Roberto Bacellar, Adolfo Braga Neto, Wei Dan, Henrique Gomm Neto, 
Ariane Gontijo e Giselle Cruz e Ivan Ruiz. Já a mediadora Célia Zapparolli passou a integrar o gru-
po de coautores desta obra a partir desta segunda edição.
Apresentação
12 13
conflitos que por meio desta possam ser solucionados, assim como no que diz 
respeito à adequação da obrigatoriedade de realização da mediação em diversas 
situações, ou, ainda, no que tange a participação de advogados no processo — 
para mencionar apenas algumas das questões mais controvertidas e necessárias 
para que se compreenda a natureza da mediação e a suas possíveis aplicações. 
As vicissitudes por que passaram os diferentes projetos de lei a respeito da 
matéria em nada mudam o interesse e a relevância do tema. De fato, proliferam 
há muitos anos no Brasil, muitas vezes com grandes limitações, programas 
patrocinados por entidades, públicas e privadas, dispostos a trabalhar com a 
mediação, a qual acarreta grande mudança na compreensão do acesso à justiça, 
bem assim multiplicam-se as pesquisas acadêmicas que têm se dedicado ao 
estudo do instituto.
Afinal, os problemas que afligem os brasileiros carentes de meios eficazes 
de solução de “conflitos de justiça”, como os denomina o Professor Antônio 
Rodrigues de Freitas Jr. (USP), continuam presentes. O Judiciário se vê acuado 
por demanda crescente, ante a evidente impossibilidade do sistema contencioso 
tradicional sustentar, a longo prazo, tal volume de expectativas e necessidades 
sociais, como ressalta o Professor Roberto Portugal Bacellar (PUC/PR) em seu 
artigo.
O dado mais grave da situação, imperativo salientar, é que os problemas 
da solução judicial de conflitos não se restringem ao aspecto da morosidade, 
pois, muitas vezes, ao final do processo tradicional, não se obtém nenhuma 
pacificação social, não se resolve o problema que levou os envolvidos ao 
Judiciário, os quais são apenas substituídos e, algumas vezes, agravados, 
como mostra o ProfessorAndré Gomma de Azevedo (UnB) em seu trabalho, ao 
confrontar a perspectiva destrutiva dos métodos contenciosos tradicionais com 
a perspectiva construtiva dos métodos consensuais de resolução de conflitos. 
Todavia, como também demonstra este mesmo autor, se não adequadamente 
manejados, também os novos meios podem falhar em sanear o déficit de justiça 
que acomete os envolvidos em conflitos de natureza jurídica.
Meu primeiro artigo nesta obra busca mostrar como a mediação pode 
contribuir para sanear os diversos obstáculos para acesso à justiça em sentido 
pleno e como contribuição determinante para o desenvolvimento institucional 
– aspecto indispensável para qualquer país cujo desenvolvimento se entenda 
como criação de oportunidades para que as pessoas realizem o seu potencial. 
Nele, realizo ainda uma descrição crítica dos projetos de lei que tramitaram 
perante o Poder Legislativo no Brasil tratando da institucionalização da mediação, 
confrontando-os com a legislação argentina sobre o assunto, bem assim com 
a legislação colombiana sobre conciliação. Nesta nova edição, abordo, além 
do primeiro projeto de lei sobre o tema (PLC 4827/1998), os dois projetos 
que foram apresentados no Senado Federal bem mais tarde (PLC 517/2011 e 
405/2013), assim comoo anteprojeto elaborado por Comissão de Especialistas 
criada pelo Ministério da Justiça também em 2013 – culminando pela análise da 
redação final que constou na nova Lei de Mediação de Conflitos. Além disso, 
abordo os dispositivos do novo Código de Processo Civil que versam sobre 
o tema e, ainda, a Resolução 125, de 2010, do Conselho Nacional de Justiça, 
ressaltando que estes dois últimos diplomas normativos dispõem tanto sobre 
Apresentação
14 15
mediação quanto sobre conciliação de conflitos.
Também é importantíssimo distinguir, como faz muito bem o trabalho 
da mediadora Tania Almeida (Mediare), a mera obtenção do acordo, objetivo 
principal da conciliação, da pacificação do conflito, objetivada pela mediação.
Não se trata de tarefa fácil, dada a relevância da formação ética e do 
desenvolvimento de habilidades, necessárias no mediador, que a experiência na 
atividade pode vir a proporcionar, como se pode concluir da leitura dos capítulos 
da Professora Tânia Lobo Muniz (Universidade Estadual de Londrina), e da 
Professora Gladys Stella Álvarez (Universidade de Buenos Aires), uma de nossas 
convidadas internacionais da obra, ambas autoras de teses de doutoramento 
sobre mediação. O tema das diretrizes éticas e da capacitação de mediadores 
e conciliadores é também enfrentado ainda por mim em artigo acrescentado 
a esta segunda edição, que também enfoca os controversos assuntos do 
credenciamento e da supervisão da atuação destes profissionais, à luz sobretudo 
da farta experiência estadunidense.
É imprescindível analisar, ainda, a aplicabilidade da mediação a diferentes 
tipos de conflitos, como fazem os autores na Parte II da obra, dentre os quais 
o Professor Antônio Rodrigues de Freitas Jr., ao comprovar esta possibilidade 
na esfera trabalhista, o Professor Alexandre Morais da Rosa, ao enfocar a 
adequação da mediação aos conflitos envolvendo atos infracionais praticados 
por adolescentes, numa interessante abordagem que implica também a ótica 
psicanalítica, o Professor Ivan Aparecido Ruiz (Universidade Estadual de Maringá), 
que é autor de Tese de Doutorado sobre o tema e aqui explora o potencial da 
mediação nos conflitos que envolvem o direito de família, o Professor André 
Gomma de Azevedo, ao enfocar a mediação na área penal, e os mediadores 
Adolfo Braga Neto (CONIMA) e Henrique Gomm Neto (ARBITAC), os quais, sob 
diferentes prismas, mostram a ampla possibilidade de utilização da mediação 
no âmbito empresarial. Eu não poderia deixar de incluir também, ao final desta 
Parte, um artigo por mim escrito sobre a utilização da mediação no que se refere 
aos numerosos conflitos envolvendo o Poder Público, já que esse tema é recheado 
de controvérsias e, além de ter sido objeto de minha pesquisa de Doutorado, foi 
tratado em capítulo próprio pela nova Lei de Mediação de Conflitos.
Do ponto de vista da aplicação prática da mediação, convidei para 
apresentar à comunidade jurídica o seu trabalho duas mediadoras que integraram 
por muitos anos o Programa Mediação de Conflitos, desenvolvido no âmbito da 
Secretaria de Defesa Social do Estado de Minas Gerais, Ariane Gontijo Lopes 
Leandro e Giselle Fernandes Corrêa da Cruz, que descrevem aqui as diretrizes e 
a metodologia adotada numa experiência de inegável sucesso, como demonstra 
pesquisa de campo realizada por entidade externa contratada para este fim. Da 
mesma forma, os Defensores Públicos do Estado do Ceará Eduardo Antônio 
de Andrade Villaça e Michele Cândido Camelo narram a experiência pioneira 
de sua instituição na mediação comunitária e também os primeiros passos na 
mediação de conflitos coletivos. Também a experiente mediadora Célia Zapparolli 
apresenta em seu artigo suas recentes reflexões acerca da complexidade inerente 
à mediação de conflitos em situações de violência de gênero.
Por fim, contamos também com dois artigos que descrevem experiências 
de mediação em outros países: um de autoria da Professora Déborah Lídia Lobo 
Muniz, que estudou os sistemas de mediação de Portugal, França e Costa Rica, 
Apresentação
14 15
comparando os sistemas ali existentes com o primeiro projeto de lei brasileiro 
que propôs a institucionalização da mediação (PLC 4827/1998), e outro da 
Professora Wei Dan (Universidade de Macau), outra convidada internacional, no 
qual descreve a secular utilização da mediação para solução de conflitos na 
China.
Esperamos, assim, contribuir para difundir maior conhecimento e mais 
adequada implementação deste singelo mas revolucionário instrumento de 
realização do acesso à justiça que é a mediação, que se caracteriza sobretudo 
por seu caráter democrático (por buscar uma solução criada pelas próprias 
partes em conflito), pedagógico (por possibilitar às partes aprenderem a se 
comunicar e administrar os problemas em comum) e preventivo (ao evitar o 
surgimento de novos conflitos, em situações similares, por meio do aprendizado 
obtido pelas partes).
Fica cada vez mais evidente que a solução contenciosa deve ser evitada ao 
máximo: o processo judicial tradicional está para a realização de direitos como a 
cirurgia está para a conservação da saúde — trata-se de caminho caro, arriscado 
e ao qual somente se recorre quando falhou a prevenção e o diagnóstico do 
problema chegou muito tarde, não havendo mais condições de trabalhar nas 
causas. Aprender a exercer direitos de forma pacífica seria, assim, um pouco 
como aprender a cuidar da própria saúde: algo que se aprende um pouco mais 
a cada problema, e exige monitoramento constante, mas consiste em condição 
fundamental para o desenvolvimento pessoal, ao qual todos os seres humanos 
estão destinados — afinal, sem saúde e paz, é impossível alcançar a felicidade.
Brasília, julho de 2015. 
A coordenadora
Apresentação
16 17
PARTE I
Noções Gerais
16 17
Fatores de efetividade de 
processos de resolução de disputas: 
uma análise sob a perspectiva 
construtivista4
André Gomma de Azevedo
Sumário: 1 Introdução - 2 Processos construtivos de resolução de disputas e fatores de 
efetividade de processos de resolução de disputas - 3 Constatações empíricas referentes 
à efetividade processual - 4 A perspectiva construtivista da resolução de disputas como 
forma de assegurar maior efetividade processual - 5 Conclusão - Referências
1 Introdução
Refletindo característica de um moderno ordenamento jurídico (CARREIRA 
ALVIM, 1993, p. 14; CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2002, p. 20; COUTURE, 
1958, p. 10), o direito processual brasileiro, na sua vocação preponderante de 
servir como instrumento para a efetiva realização de direitos materiais (GRINOVER, 
1990, p. 7) e a pacificação social, tem gradativamente se aproximado de novos 
instrumentos de composição de disputas, inserindo-osnas tradicionais formas 
de resolução de conflitos: autocomposição (e.g., mediação) e heterocomposição 
(e.g., arbitragem). Todavia, como reflexo do amadurecimento no Brasil desses 
novos mecanismos de resolução de disputas, há crescente preocupação com 
a efetividade desses processos. Em alguns casos, há arbitragens cujos custos 
excederam aqueles projetados para a eventualidade da disputa ser conduzida 
no processo judicial, em outros as arbitragens são conduzidas por pessoas que 
se apresentam como “juízes arbitrais” conduzindo procedimentos de arbitragem 
travestidos de processos judiciais e há casos em que o desenvolvimento da 
arbitragem se elastece excessivamente.5 Há também alguns artigos doutrinários 
(FISS, 1984; HENSLER, 1994; KAKALIK, 1996; ASHWORTH, 2002; CARVER; 
4 Texto elaborado a partir de palestras proferidas no Curso de pós-graduação lato sensu em Arbi-
tragem e Mediação da Fundação Getúlio Vargas/SP (GVLaw), em 7.7.2004, e no 2º Congresso do 
Instituto Brasileiro de Estudos do Direito da Energia, em 9.11.2004, na Federação das Indústrias 
do Estado de São Paulo (FIESP), bem como em artigos publicados na Revista dos Juizados Espe-
ciais, do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e na obra Estudos em arbitragem, mediação e 
negociação, v. 3. Meus agradecimentos especiais ao Professor Ivan Machado Barbosa pelas críticas 
e comentários, bem como pelo trabalho de revisão de texto.
5 Recentemente, a Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras) firmou termo de conciliação encerrando 
uma arbitragem, conduzida pela Corte de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional (CCI), 
movida em desfavor de país do continente africano e que durava quase uma década. Os termos 
dessa conciliação não podem ser reproduzidos em razão da política de confidencialidade da CCI.
18 19
VONDRA, 1994) que começam a surgir em crítica à arbitragem e à mediação. De 
outro lado, há diversos programas de soluções “alternativas”6 de disputas que, 
mesmo ligados a tribunais estaduais e federais (AZEVEDO, 2004, p. 137), têm 
apresentado notáveis índices de satisfação de usuários.7 Neste contexto, mostra-
se necessária breve análise de alguns dos fatores que conduzem à efetividade 
de processos de resolução de disputas.
Referindo-se ao processo judicial, o mexicano Niceto Alcalá-Zamora Y 
Castillo (1991, p. 238) sustentava que este processo rende, com frequência, 
muito menos do que deveria, pois, em “função dos defeitos procedimentais, 
resulta muitas vezes lento e custoso, fazendo com que as partes, quando possível, 
o abandonem”. Cabe acrescentar a esses “defeitos procedimentais” o fato de 
que, em muitos casos, o processo, ao tratar exclusivamente daqueles interesses 
juridicamente tutelados, exclui aspectos do conflito que são possivelmente 
tão importantes quanto ou até mais relevantes do que aqueles juridicamente 
tutelados.
2 Processos construtivos de resolução de disputas e fatores 
de efetividade de processos de resolução de disputas
Quanto a interesses que não são necessariamente juridicamente tutelados, 
mas ainda assim permanecem relevantes no conflito, Morton Deutsch (1973), 
em sua obra The Resolution of Conflict: Constructive and Destructive Processes,8 
apresentou importante classificação de processos de resolução de disputas, ao 
indicar que esses podem ser construtivos ou destrutivos. Para Deutsch (1973, p. 
351), um processo destrutivo se caracteriza pelo enfraquecimento ou rompimento 
da relação social preexistente à disputa em razão da forma pela qual esta é 
conduzida. Em processos destrutivos, há a tendência de o conflito se expandir 
ou se tornar mais acentuado no desenvolvimento da relação processual. Como 
resultado, tal conflito frequentemente torna-se “independente de suas causas 
iniciais”, assumindo feições competitivas nas quais cada parte busca “vencer” a 
disputa e decorre da percepção, na mais das vezes errônea, de que os interesses 
das partes não podem coexistir. Em outras palavras, quando as partes estão em 
processos destrutivos de resolução de disputas, concluem tal relação processual 
com esmaecimento da relação social preexistente à disputa e acentuação da 
animosidade decorrente da ineficiente forma de conduzir o conflito.
Por sua vez, processos construtivos, segundo Deutsch (1973), seriam 
6 Cabe registrar que, segundo uma perspectiva tradicional de direito processual, a jurisdição é 
considerada como uma “atividade secundária”, sendo definida, portanto, como poder estatal atri-
buído a uma determinada autoridade para aplicar a norma ao fato concreto, visando à composição 
de lides em razão da inexistência dessa resolução de controvérsia ter sido alcançada espontanea-
mente pelas partes. Assim, o dever principal ou primário de resolução de conflito é considerado 
como sendo das próprias partes — devendo o Estado intervir tão somente quanto as partes não 
são bem sucedidas nesta atividade. Sob esta ótica da “substitutividade da jurisdição” (CHIOVEN-
DA, 2000, p. 17), pode-se afirmar que a principal forma de resolução de disputas é a negociação 
entre as partes e a forma “alternativa” seria a intervenção estatal por meio da jurisdição.
7 Cf. relatório de atividades do Programa de Estímulo à Mediação do Tribunal de Justiça do Distrito 
Federal e Territórios. Disponível em: <http://www.tjdf.gov.br>.
8 Cabe destacar que três capítulos desse trabalho foram traduzidos, e podem ser encontrados 
em: Azevedo (2003, v. 3).
Fatores de efetividade de processos de resolução de disputas
18 19
aqueles em razão dos quais as partes concluiriam a relação processual com 
um fortalecimento da relação social preexistente à disputa. Para esse professor, 
processos construtivos caracterizam-se:
a) pela capacidade de estimular as partes a desenvolverem 
soluções criativas que permitam a compatibilização dos interesses 
aparentemente contrapostos;
b) pela capacidade das partes ou do condutor do processo (e.g. 
magistrado, árbitro ou mediador) de motivar todos os envolvidos 
para que prospectivamente resolvam as questões sem atribuição de 
culpa ou ao menos sem a percepção da existência de um vencido e um 
vencedor;
c) pelo desenvolvimento de condições que permitam a reformulação 
das questões diante de eventuais impasses; (DEUTSCH, 1973, p. 360) e
d) pela disposição das partes ou do condutor do processo para 
abordar, além das questões juridicamente tuteladas, todas e quaisquer 
questões que estejam influenciando a relação (social) das partes.9
Em outros termos, as partes, quando em processos construtivos de 
resolução de disputas, concluem tal relação processual com fortalecimento 
da relação social preexistente à disputa e, em regra, robustecimento do 
conhecimento mútuo e empatia. Exemplificativamente, mesmo um casal em 
via de separação pode ser orientado por meio de um processo construtivo, 
na medida em que o condutor desse procedimento estiver apto a motivar 
as partes para que, diante da inevitável ruptura do vínculo conjugal, estas 
possam desenvolver a melhor relação possível na fase posterior à separação — 
presumindo-se, no exemplo, que as partes manterão algum vínculo em razão 
da existência de filhos.
Assim, retornando ao conceito apresentado no início do século XX por 
Alcalá-Zamora Y Castillo (1991), o processo, de fato, rende com frequência 
menos do que poderia, em parte porque se desenvolve, quanto ao seu 
escopo social (DINAMARCO, 2000) (a pacificação), fazendo uso, em grande 
parte, de mecanismos destrutivos de resolução de disputas, a que esse 
autor mexicano denominou “defeitos procedimentais”. Diante disso, pode-
se afirmar que há patente necessidade de que os novos mecanismos de 
resolução de disputas, como a arbitragem, permitam que as partes possam, 
por intermédio de um procedimento participativo, resolver suas disputas 
construtivamente, ao fortalecer relações sociais, identificar interesses 
subjacentes ao conflito, promover relacionamentos cooperativos, explorar 
estratégias que venham a prevenir ou resolver futuras controvérsias (RHODE, 
2000, p. 132)e educar as partes para uma melhor compreensão recíproca 
(BARUCH BUSH; FOLGER, 1994).
A discussão acerca da introdução de mecanismos que permitam que os 
9 Por esse motivo, muitas instituições de arbitragem recomendam que, antes de iniciado o pro-
cedimento heterocompositivo propriamente dito, as partes sejam direcionadas a uma breve fase 
autocompositiva ou a um mediador para que estas possam dirimir eventuais questões que não 
sejam juridicamente tuteladas (e.g., falha de comunicação) ou especificamente objeto da arbitra-
gem, mas que tenham contribuído para o agravamento do conflito ou — na melhor das hipóteses 
— as próprias partes possam dirimir sua disputa, prescindindo do regular desenvolvimento da 
arbitragem.
André Gomma de Azevedo
20 21
processos de resolução de disputas tornem-se progressivamente construtivos 
necessariamente deve ultrapassar a simplificada e equivocada conclusão de 
que, abstratamente, um processo de resolução de disputas é melhor do que 
outro. Devem ser desconsideradas também soluções generalistas, como se a 
mediação ou a arbitragem fossem panacéias para um sistema em crise.10 Da 
mesma forma, conclui-se que não há como impor um único procedimento 
de mediação ou arbitragem, ante patentes diferenças nas realidades fáticas 
(fattispecie) (CARNELUTTI apud DINAMARCO, 2003, p. 21) do público alvo de cada 
centro. Vale ressaltar que frequentemente se encontram centros com diversos 
procedimentos distintos, que variam de acordo com o objeto da demanda ou a 
matéria central a ser debatida.
A experiência, aliada a pesquisas metodologicamente adequadas (RHODE, 
2000, p. 132), tem demonstrado que o que torna um procedimento efetivo 
depende das necessidades das partes em conflito, dos valores sociais ligados 
às questões em debate e, principalmente da qualidade dos programas ou das 
instituições. Um recente trabalho do instituto de pesquisa RAND constatou que não 
houve vantagens significativas para a mediação quando comparada ao processo 
heterocompositivo judicial e concluiu que esses resultados insatisfatórios 
decorreram de programas que não foram adequadamente desenvolvidos para 
atender os objetivos específicos que os usuários de tal processo buscavam. 
Esses projetos examinados pelo Instituto RAND tiveram, como conclui essa 
pesquisa, insuficiente treinamento de mediadores e oportunidades inadequadas 
para a participação dos envolvidos (HENSLER, 1997, p. 9).11
Segundo a professora Deborah Rhode (2000, p. 135), a maioria dos 
estudos existentes indica que a satisfação dos usuários com o devido processo 
legal depende fortemente da percepção de que o procedimento foi justo. 
Outra importante conclusão foi no sentido de que alguma participação do 
jurisdicionado na seleção dos processos a serem utilizados para dirimir suas 
questões aumenta significativamente essa percepção de justiça. Da mesma 
forma, a incorporação pelo Estado de mecanismos independentes e paralelos de 
resolução de disputas aumenta a percepção de confiabilidade (accountability) 
no sistema (LIND; TYLER, 1988, p. 64-67; STEMPEL apud RHODE, 2000, p. 135).
No Brasil, os resultados colhidos em alguns projetos-piloto de 
mediação forense demonstram que, após serem submetidas a esse processo 
autocompositivo, a maioria das partes acredita que a mediação as auxiliará 
a melhor dirimir conflitos futuros. Exemplificativamente, na pesquisa 
realizada no Programa de Mediação Forense do TJDFT com partes que não 
alcançaram acordo na mediação forense, constatou-se que mais de 85% dos 
entrevistados12 acreditam que o processo do qual participaram os ajudará 
a melhor resolver questões semelhantes no futuro.13 Programas similares 
10 De fato, há diversas situações em que a mediação ou a arbitragem podem não ser recomen-
dadas, como demandas que versem sobre interesses coletivos ou que requeiram elevado grau 
de publicização (e.g. Ações Civis Públicas ou ações de indenização decorrentes de danos à saúde 
causados pelo uso do amianto como isolante térmico).
11 No mesmo sentido, cf. Hensler (2003); Hensler (1999).
12 Na pesquisa realizada com partes que conseguiram transacionar, todos responderam acreditar 
que o processo do qual participaram os ajudará a melhor resolver questões semelhantes no futuro.
13 Para maiores detalhes quanto a esses resultados, vide relatório do Projeto Piloto em Mediação Fo-
rense do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Disponível em: <http://www.tjdft.jus.br>.
Fatores de efetividade de processos de resolução de disputas
20 21
em outros países (PLAPINGER, 1992; RHODE, 2000) também apresentam 
resultados semelhantes — dos quais se pode concluir marcante tendência 
nos ordenamentos jurídico-processuais de direcionar procedimentos para 
que tratem do futuro da relação social das partes em disputa (i.e., para que 
sejam prospectivos na forma de abordagem de questões) e para que sejam 
mais do que conjuntos de atos coordenados lógica e cronologicamente 
segundo brilhantes modelos teóricos que lamentavelmente se projetam na 
prática como morosos, ineficientes e, em relação à classificação de Deutsch, 
em regra, destrutivos.
3 Constatações empíricas referentes à efetividade processual
Em relevante artigo publicado na Harvard Business Review de maio/junho 
de 1994, os autores Todd B. Carver e Albert A. Vondra (1994)14 apresentam 
interessante perspectiva empírica quanto à efetividade dos novos mecanismos 
de resolução de disputas. Os autores indicam que a arbitragem e a mediação 
podem apresentar significativa probabilidade de fracasso quando:
a) as partes em conflito e respectivos advogados não tiverem 
adequada compreensão de como os processos de arbitragem ou 
mediação são distintos do processo judicial;
b) as partes em conflito adotarem RADs como uma alternativa 
secundária para tratar de questões de menor importância;
c) as partes considerarem uma vitória sobre a outra como a única 
opção adequada; e
d) as partes constituírem advogados excessivamente litigiosos.
a) As partes em conflito e respectivos advogados não têm adequada 
compreensão de como os processos de arbitragem ou mediação são distintos 
do processo judicial. No que concerne à adequada compreensão das partes e 
advogados quanto às características intrínsecas de cada um dos mecanismos 
de resolução de disputas, cumpre registrar que há uma prática profissional 
específica para cada um desses processos. Exemplificativamente, no processo 
judicial há o princípio da eventualidade,15 segundo o qual às partes compete 
alegar tudo o que pretendem no primeiro momento possível, sob pena de 
exaurirem-se suas oportunidades em razão da preclusão temporal. Como 
corolário lógico do princípio da eventualidade, há uma prática recorrente de 
advogados de apresentarem pedidos que excedem o que realmente acreditam 
que podem (e devem) receber. Da mesma forma, são suscitados incidentes que, 
segundo alguns causídicos, se mostrariam necessários tão somente em razão do 
dever de exaurir todas as possibilidades de defesa (e.g., falsidade documental). 
A adoção dessa conduta em uma arbitragem provoca uma elevação acentuada 
dos custos (e.g., honorários do árbitro e eventuais peritos) desse processo. A 
compreensão de que a arbitragem seria um processo judicial privatizado ou 
14 Este artigo encontra-se traduzido para o português em: Azevedo (2005, v. 4). 
15 Também conhecido como Princípio da Imutabilidade ou Princípio da Concentração ou ainda 
Princípio da Preclusão. Sobre esse tema, cf. Carreira Alvim (1993); e Cintra, Grinover e Dinamarco 
(2002).
André Gomma de Azevedo
22 23
“disfarçado” (litigation in disguise) (CARVER; VONDRA, 1994, p. 123) somente 
contribui para a imprópria condução da arbitragem e, por conseguinte, elevados 
custos, excessiva litigiosidade e, naturalmente, insatisfação das partes com seu 
desenvolvimento.
Cabe ressaltar que, além de cursos de capacitação em advocacia na 
arbitragem e na mediação, há substancial doutrina (BARBADO, 2003; COOLEY, 
2001; COOLEY; LUBET, 2001; AZEVEDO;SILVA, 2003) acerca da adequada técnica 
e conduta profissional do advogado nesses citados mecanismos de resolução de 
disputas.
b) As partes em conflito adotam RADs como uma alternativa 
secundária para tratar de questões de menor importância. A experiência 
dos últimos 20 anos tem mostrado que o comprometimento com a forma 
de resolução de disputa adotada (com respectivas características) influi 
significativamente para o adequado desenvolvimento do processo e, 
por conseguinte, para a satisfação das partes com a solução alcançada. 
Empresas e escritórios de advocacia que tratam arbitragem ou mediação 
como uma “forma secundária” de resolução de disputas tendem a não 
investir em treinamento de seus advogados e administradores. Como 
consequência, há o exercício intuitivo desses processos, que, em regra, se 
resume a aplicar a conduta profissional característica do processo judicial 
à mediação ou à arbitragem. Naturalmente, como visto acima, essa prática 
intuitiva em regra leva ao desvirtuamento da arbitragem e consequentes 
custos mais elevados (ou redução dos níveis de satisfação dos usuários). 
No que concerne à mediação, como registrado em outra oportunidade 
(AZEVEDO, 2003, p. 160), quando a autocomposição é desenvolvida 
intuitivamente, em razão da falta de técnica adequada, em regra, há por 
parte do mediador ou conciliador a imposição de um juízo de valor. Como 
consequência, há perda de legitimidade nessa “autocomposição intuitiva”, 
pois as partes muitas vezes não se sentem estimuladas a comporem seus 
conflitos e sim coagidas a tanto.
Destarte, mostra-se necessário o efetivo engajamento tanto por 
parte do departamento jurídico da empresa quanto por parte de advogados 
externos com a arbitragem e a mediação. Nesse intuito, algumas 
organizações têm desenvolvido projetos notáveis de conscientização 
quanto às novas formas de resoluções de disputas e seus resultados. O 
Centro de Recursos Públicos (Center for Public Resources), uma instituição 
sem fins lucrativos sediada em Nova Iorque, tem reunido, desde 1979, 
diretores de departamentos jurídicos de empresas, sócios de escritórios 
de advocacia, juízes, professores universitários e outras autoridades 
para identificarem, desenvolverem e aplicarem formas apropriadas de 
resolução de disputas que alcancem resultados melhores do que aqueles 
atingidos no processo judicial. Um dos principais projetos do Centro de 
Recursos Públicos consiste em reunir aproximadamente 4.000 empresas e 
escritórios de advocacia para subscreverem o “Pacto de RADs” (ADR Pledge), 
um acordo interinstitucional que moralmente obriga (e formalmente 
estimula) tais signatários a explorarem o uso de mediação, arbitragem e 
outros processos de resolução de disputas quando em conflito com outros 
Fatores de efetividade de processos de resolução de disputas
22 23
signatários.16
c) As partes consideram uma vitória sobre a outra como a única opção 
adequada. Segundo John Von Neumann, que primeiramente introduziu com 
adequada cientificidade o conceito de teoria dos jogos (ALMEIDA, 2003; 2009), 
dentre as várias classificações das diversas dinâmicas, relações ou jogos nos 
quais partes em conflito podem se encontrar, há uma que merece especial 
atenção: aquela que divide as relações (ou jogos) em “jogos de soma zero” e 
“jogos de soma não-zero”. Jogos de soma zero são aqueles em que há dois 
jogadores cujos interesses são absolutamente antagônicos (RAPOPORT apud 
ALMEIDA, 2003). Estas relações são aquelas nas quais o ganho de uma parte 
acarreta necessariamente a derrota da outra — não pode haver, por exemplo, 
em um jogo de xadrez, a vitória por parte dos dois lados. Em campeonatos, um 
empate equivale a uma meia derrota (ou meia vitória). Segundo Almeida (2003, 
p. 186):
[...] uma característica importante destes jogos é que eles são, necessariamente, jogos 
não-cooperativos — isto é, um jogador não agregará valor algum de utilidade se cooperar 
com o outro. Aliás, uma eventual cooperação é impossível, já que significa que o jogador 
cooperativo está colaborando para a vitória do outro, tendo em vista a impossibilidade de 
ambos ganharem.
Segundo esse mesmo autor, “Jogos de soma não-zero, por sua vez, 
representam a maior parte dos conflitos reais [...]”. Nestes jogos, os participantes 
têm interesses comuns e, concomitantemente, interesses antagônicos. O 
contrato de compra e venda pode ser apresentado como um exemplo de relação 
de soma não-zero — pois o comprador e o vendedor têm, em parte, interesses 
antagônicos, haja vista que o comprador quer adquirir o bem a um preço reduzido 
e o vendedor alienar a um preço elevado. Todavia, há um interesse comum: 
ambos querem concluir o negócio jurídico para com isso auferir seus ganhos 
16 O Centro de Recursos Públicos apresenta o Pleito de RADs por meio da seguinte proposta de 
política interna para empresas:
“Nós reconhecemos que para muitas disputas há um método mais eficiente e menos oneroso do 
que o processo judicial tradicional. Procedimentos de Resoluções Alternativas de Disputas (RADs) 
envolvem técnicas colaborativas que podem frequentemente proporcionar significativas economias 
para as empresas. Em reconhecimento ao que segue acima, nós subscrevemos a seguinte declara-
ção de princípios em nome de nossa empresa e suas subsidiárias domésticas: No caso de haver uma 
disputa comercial entre nossa e outra empresa que fez ou fará semelhante declaração, estamos 
preparados para explorar com a outra parte a resolução da disputa por intermédio da negociação 
ou alguma outra técnica de RAD antes de buscar a tutela estatal tradicional. Se alguma das partes 
acreditar que determinada disputa não se mostra adequada para RAD ou se tal mecanismo não 
produzir resultado satisfatório, qualquer parte poderá proceder com o processo judicial”.
De forma semelhante, essa mesma instituição promoveu semelhante pleito de RADs para escritó-
rios de advocacia:
“Nós reconhecemos que para muitas disputas há um método mais eficiente e menos oneroso do 
que o processo judicial tradicional. Procedimentos de Resoluções Alternativas de Disputas (RADs) 
— usados em conjunto com o processo judicial ou independentemente — podem reduzir signifi-
cativamente os custos e perdas decorrentes do processo judicial, bem como podem resultar em 
soluções não disponíveis em juízo estatal. Em reconhecimento ao que segue acima, nós subscre-
vemos a seguinte declaração de princípios em nome de nosso escritório de advocacia: Inicialmen-
te, adequados advogados de nosso escritório serão capacitados acerca de RADs. Ainda, quando 
apropriado, o advogado responsável discutirá com o cliente a disponibilidade de procedimentos 
de RADs para que o cliente possa tomar uma decisão informada referente à resolução da disputa” 
(Disponível em: <http://www.cpradr.org>).
André Gomma de Azevedo
24 25
individuais. Uma característica deste tipo de relação consiste na possibilidade de 
comunicação e cooperação, que, se desenvolvida adequadamente, proporciona 
ganhos mútuos.
Ao tratar o conflito como um jogo de soma zero, frequentemente as partes 
em conflito inadvertidamente abdicam de diversos interesses que possuem, 
como a manutenção do relacionamento social pré-existente com a outra parte 
ou a resolução dos pontos controvertidos como objetivamente apresentados 
no início do conflito e não em razão de um acirramento do conflito que se 
expandiu, tornando-se “independente de suas causas iniciais” (DEUTSCH, 1973, 
p. 351). A percepção de que se faz necessário em um determinado conflito que 
uma parte “vença a outra” (jogo de soma zero) — e não “objetivamente resolva 
os pontos em relação aos quais as partes divergem” — faz com que as partes 
envidem esforços para prejudicar uma à outra e não necessariamente apenas 
para resolver os pontos controvertidos.
Em processos privados, como a mediação e a arbitragem, que envolvem 
profissionais liberais que, em regra, estipulam honorários por hora trabalhada (ou 
considerando uma projeção de horas a serem trabalhadas),a abordagem pelas 
partes desses processos como se fossem relações de soma zero produz, em regra, 
dispêndio de tempo e, por consequência, elevação desnecessária de custos.
d) Os advogados adotam postura excessivamente litigiosa e adversarial. 
Muitos advogados, ao ponderarem sobre suas práticas profissionais, 
concluem que o efetivo “empenho” previsto no preâmbulo do Código de Ética 
e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil17 requer que desenvolvam o 
maior número de atividades dentro de suas relações processuais em curso, 
desde que estas não sejam expressamente proibidas em lei. Essa conduta 
estimula advogados a litigar de forma enfática, buscando auferir todas as 
formas possíveis de ganhos para seus clientes. Em regra, esta relação ocorre 
sob forma de jogo de soma zero — isto é, busca-se vencer determinada lide, 
derrotando a parte contrária.
Todavia, sob a ótica do próprio Código de Ética e Disciplina, constata-
se que a advocacia zelosa resume-se a buscar os meios mais eficientes para 
atender da melhor forma possível aos interesses da parte que está a representar 
(MNOOKIN; PEPPET; TULUMELLO, 2000, p. 292). A presunção de que este meio 
mais eficiente equivale ao exercício profissional por intermédio de litigiosidade 
excessiva contraria esse próprio Código de Ética e Disciplina que, em seu artigo 
2º, parágrafo único, VI, estabelece o dever de “estimular a conciliação entre os 
litigantes, prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios”.
Percebe-se, assim, que os advogados detêm bastante flexibilidade ao 
definir qual conduta reflete a “advocacia zelosa”, podendo estes optar tanto 
por uma que reflita uma “litigiosidade eficiente” quanto por uma que apresente 
uma litigiosidade excessiva (e ideofrênica). Os interesses do cliente (tanto 
aqueles juridicamente tutelados como aqueles outros que não o são) podem ser 
melhor atendidos por uma perspectiva mais racional e planejada sobre a forma 
de resolução do conflito. Segundo William Ury (1991), trata-se de “atacar” as 
questões controvertidas e não a pessoa com quem se interage.
17 Publicado pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil no Diário da Justiça, 
Seção I, 1º.3.1995, p. 4.000-4.001.
Fatores de efetividade de processos de resolução de disputas
24 25
4 A perspectiva construtivista da resolução de disputas 
como forma de assegurar maior efetividade processual
Possivelmente uma das mais importantes atribuições de qualquer terceiro 
imparcial atuante em processos de resolução de disputas (juiz de direito, 
mediador ou árbitro) consiste precisamente em contribuir para que um processo 
destrutivo de resolução de conflitos se transforme em um processo construtivo. 
Para tanto, mostra-se fundamental a adequada preparação quanto às técnicas 
de resolução de disputas necessárias para estimular as partes a desenvolverem 
soluções criativas que permitam a compatibilização dos interesses aparentemente 
contrapostos e para motivar todos os envolvidos para que prospectivamente 
resolvam as questões sem atribuição de culpa. Da mesma forma, mostra-se 
necessário o desenvolvimento de condições que permitam a reformulação das 
questões diante de eventuais impasses (DEUTSCH, 1973, p. 360) e a abordagem 
de, além das questões juridicamente tuteladas, todas e quaisquer questões que 
estejam influenciando a relação (social) das partes.
Como exemplo de uma dessas técnicas construtivistas, tanto no processo 
de mediação como no de arbitragem (quando desenvolvidos adequadamente), 
recomenda-se a identificação de questões controvertidas e o estabelecimento 
de meios de prova a serem utilizados para dirimi-las. Desta forma, o mediador 
ou árbitro deve estimular as partes a abordarem os pontos em relação aos quais 
há real controvérsia. Assim se evita que as partes ataquem umas às outras ou 
estabeleçam como causa do conflito a personalidade, a etnia, a religião, a raça, o 
gênero, a conduta social ou qualquer outro fator personalíssimo na outra parte.
Cumpre registrar que, no nosso ordenamento jurídico processual, há 
previsão dessa técnica específica no artigo 331, §2º, do Código de Processo 
Civil, segundo o qual “se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o 
juiz fixará os pontos controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes 
e determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução 
e julgamento, se necessário”. Todavia, cabe mencionar que esta é uma técnica 
fortemente recomendada também para processos autocompositivos, não 
havendo motivo para proceder-se a essa organização de questões a serem 
debatidas somente após a conciliação mostrar-se frustrada.
Ademais, a moderna doutrina (GOLANN, 1995; COOLEY, 2000; SLAIKEU, 
2004; MOORE, 1998) recomenda a identificação não somente de questões, 
mas também de interesses e sentimentos. Essa corrente tem sustentado que a 
identificação de interesses permite que se explorem aspectos não jurídicos do 
conflito (e.g., vizinhos que têm o interesse de manter uma adequada ou cordial 
relação ou um casal que está a se separar e que tem o interesse de proceder a 
tal rompimento da relação sem prejudicar a imagem que seus filhos terão do 
casamento enquanto instituição familiar). Da mesma forma, faz-se necessário 
também identificar quais são as disposições emocionais das partes em conflito, 
pois frequentemente seus sentimentos alteram suas percepções a ponto de 
impedi-las de apreciar objetivamente os pontos controvertidos (PERRONI, 2003; 
BIRKE; FOX, 1999).
A partir dos novos desenvolvimentos em arbitragem e mediação e em 
razão dos resultados das pesquisas de avaliação de qualidade de programas de 
RADs (e pesquisas de satisfação dos usuários quanto a esses novos processos) 
André Gomma de Azevedo
26 27
(BARUCH BUSH, 2003-2004; ROLPH; MOLLER, 1995; RESNIK, 1994-1995; 
AZEVEDO, 1998), pode-se afirmar que há crescente tendência das instituições 
provedoras de arbitragem e mediação em direcionar seus esforços para capacitar 
árbitros e mediadores a conduzir seus procedimentos estimulando as partes a 
transformá-los em processos construtivos.
5 Conclusão
Diante da significativa contribuição de Morton Deutsch (1973) ao 
apresentar a definição de processos construtivos de resolução de disputas, 
pode-se afirmar que ocorreu uma recontextualização acerca do conceito 
de conflito, na medida em que se registrou ser este um elemento da vida 
que inevitavelmente permeia todas as relações humanas e contém potencial 
de contribuir positivamente nessas relações. Nesse sentido, com base em 
construções teóricas de caráter multidisciplinar corroboradas por projetos-
piloto existentes no Brasil, pode-se afirmar que, se conduzido construtivamente, 
o conflito pode proporcionar crescimento pessoal, profissional e organizacional 
(DEUTSCH; COLEMAN; MARCUS, 2000). A abordagem do conflito no sentido de 
que este pode, se conduzido com técnica adequada, ser um importante meio de 
conhecimento, amadurecimento e aproximação de seres humanos, impulsiona 
relevantes alterações quanto à ética e a responsabilidade profissional.
Semelhantes alterações ocorreram em meados do século XIX, período 
no qual muitos médicos ainda vestiam, no exercício de seus ofícios, pesados 
casacos de pele e roupa preta como sinal de distinção. Nesta época, o médico 
húngaro Ignaz Semmelweis, ao perceber que muitos profissionais saíam da 
sala de autópsia para a sala de parto do Hospital Geral da Viena sem trocar 
de roupa ou sequer lavar as mãos, concluiu que algum desconhecido “material 
cadavérico” causava a elevadíssima taxa de mortalidade em parturientes de 
aproximadamente 13% (GILLESPIE, 1980). Ao propor que os médicos lavassem 
as mãos com uma solução a base de cloro, Semmelweis constatou queda de 
aproximadamente 85% na taxa de mortalidade, reduzindo esta para 2% dos casos. 
Posteriormente, quando voltou para a Hungria e conseguiu persuadir colegas 
médicos a abandonarem os trajes de peles escuras e utilizarem roupas brancas, 
alcançou nova redução do índice demortalidade de cerca de 60%, chegando a 
níveis de letalidade de 0,85% dos casos. As ideias acerca da transmissibilidade 
de microorganismos patogênicos (germes) por intermédio dos médicos foram 
recebidas com muito cepticismo na Áustria onde Semmelweis desenvolveu tal 
teoria. Em parte, muitos médicos resistiram à ideia de terem que mudar diversas 
convenções sociais e utilizarem roupas brancas — vestimentas inusitadas para 
a época. Por outro lado, muitos não acreditavam que poderiam estar servindo 
como meio de transmissão de doenças.
Semelhantemente à relação de médicos com agentes patológicos, no 
Direito moderno, em especial diante do conceito apresentado por Morton Deutsch 
de processos construtivos de resolução de disputas, constata-se que em grande 
parte o ordenamento jurídico processual, que se dirige predominantemente à 
pacificação social, organiza-se, em especial na sua feição pública (i.e., processo 
judicial), em torno de processos destrutivos, lastreados em procedimentos 
Fatores de efetividade de processos de resolução de disputas
26 27
fundados, em regra, somente no direito positivo. Pode-se afirmar que, mesmo 
na iniciativa privada (i.e., mediação e arbitragem), em função da falta de 
preparo técnico e desnecessária judicialização desses processos,18 ainda há 
com frequência processos destrutivos. As partes, quando buscam, para solução 
de seus conflitos, auxílio do Poder Judiciário ou de entes privados que servem 
para resolver litígios “sob os auspícios do Estado”19 frequentemente têm o 
conflito acentuado ante procedimentos que abstratamente se apresentam como 
brilhantes modelos de lógica jurídico-processual, mas que na prática acabam por 
se mostrar ineficientes e enfraquecer os relacionamentos sociais preexistentes 
entre as parte em conflito.
Quando um árbitro sentencia, determinando quem deve indenizar 
e o quantum a ser indenizado a título de danos materiais, põe fim, sob a 
perspectiva do direito positivado, a um determinado litígio. Todavia, pode não 
estar resolvendo a relação conflituosa se, e.g., deixar de suscitar o debate de 
como eventual falha de comunicação poderia ser evitada para que as partes 
possam evitar novos problemas no futuro ou deixar de estimular o debate sobre 
pontos que não sejam juridicamente tutelados. De fato, ainda há com frequência 
julgadores que, inadvertidamente, acirram o próprio conflito, criando novas 
dificuldades para as partes em disputa (COSTA, 2004). Torna-se claro que o 
conflito, em muitos casos, não pode ser completamente resolvido tão somente 
por abstrata aplicação da técnica de subsunção. Ao considerar que sua função 
consiste somente em examinar quais fatos encontram-se demonstrados para, 
em seguida, indicar o direito aplicável à espécie (subsunção), o operador do 
direito muitas vezes deixa de fora um componente fundamental ao conflito e 
sua resolução: o ser humano.
Com a incorporação de diversos processos ao sistema processual, 
constata-se que o operador do direito deve passar também a:
a) preocupar-se com a litigiosidade remanescente — aquela que pode 
persistir entre as partes após o término de um processo de composição 
de conflitos em razão da existência de conflitos de interesses que não 
foram tratados no processo judicial — seja por não se tratar de matéria 
juridicamente tutelada (e.g., vizinhos que permanecem em posições 
antagônicas em razão de comunicação ineficiente entre ambos), seja 
por não se ter aventado tal matéria juridicamente tutelada no curso do 
processo;
b) voltar-se, em atenção ao princípio do empoderamento (BARUCH 
BUSH; FOLGER, 1994), a um modelo preventivo de conflitos, na medida 
em que capacita as partes a melhor comporem seus conflitos educando-
as com técnicas de negociação e mediação; e
18 No Brasil, há diversas instituições autodenominadas de “Tribunais Arbitrais” que, compostas 
por “juízes arbitrais”, insistem em judicializar a arbitragem. De um lado, seguindo a linha de Car-
ver e Vondra, essas instituições se encontram desenvolvendo técnica imprópria, por não terem a 
adequada compreensão de como os processos de arbitragem ou mediação são distintos do pro-
cesso judicial. De outro lado, se seus usuários forem induzidos ou mantidos em erro, mediante 
intimações ou citações obscuras, poderá restar caracterizado o crime de estelionato (artigo 171 
do Código Penal).
19 Mauro Cappelletti e Bryant Garth (1988, p. 8), ao conceituarem o “Acesso à Justiça”, apresen-
taram “duas finalidades básicas do sistema jurídico — o sistema pelo qual as pessoas podem 
reivindicar seus direitos e/ou resolver seus litígios sob os auspícios do Estado”.
André Gomma de Azevedo
28 29
c) atuar como instrumento de pacificação social para que haja 
uma maior humanização do conflito (i.e., compreensão recíproca), 
em atenção ao princípio da validação ou princípio do reconhecimento 
recíproco de sentimentos (BARUCH BUSH; FOLGER, 1994, p. 191). 
Na medida em que esse novo paradigma de ordenamento jurídico se 
desenvolve, nota-se a necessidade da adequação do exercício profissional de 
árbitros, mediadores e magistrados, para que estes assumam cada vez mais 
uma função de gerenciamento de disputas (ou gestão de processos de resolução 
de disputas). Naturalmente, a mudança de paradigma decorrente dessa nova 
sistemática processual atinge, além de magistrados, todos os operadores do 
direito, já que, quando exercerem suas atividades profissionais, devem se 
voltar para uma atuação cooperativa enfocada na solução de controvérsias de 
maneira mais eficiente e construtiva. Criou-se a necessidade de um operador 
de processos de RADs que aborde questões como um efetivo pacificador ou no 
mínimo como um solucionador de problemas (ou questões).
A análise da efetividade de processo de resolução de disputas reflete uma 
crescente tendência de se observar o operador de processos de RADs como um 
pacificador — mesmo em processos heterocompositivos, pois começa a existir a 
preocupação com o meio mais eficiente de compor certa disputa, na medida em 
que esta escolha passa a refletir a própria efetividade do trabalho do profissional. 
A composição de conflitos “sob os auspícios do Estado”, de um lado, impõe um 
ônus adicional ao magistrado, que deverá acompanhar e fiscalizar seus auxiliares 
(e.g., mediadores e árbitros), ainda que somente quando requisitado — como no 
exemplo da demanda anulatória de arbitragem.
Por outro lado, a adequada sistematização e desenvolvimento de 
mecanismos voltados a aumentar a eficiência desses processos e o estímulo 
para que estes se tornem processos construtivos é marcante tendência do 
direito processual, na medida em que “vai ganhando corpo a consciência de que, 
se o que importa é pacificar, torna-se irrelevante que a pacificação venha por 
obra do Estado ou por outros meios, desde que eficientes” (CINTRA; GRINOVER; 
DINAMARCO, 2002, p. 29).
Ao se proceder alegoricamente ao conceito de higiene pessoal apresentado 
por Semmelweis, conclui-se que se de um lado os operadores da área de saúde 
têm a responsabilidade profissional voltada ao prolongamento da vida, por outro, 
os operadores da área do direito estão deontologicamente ligados à pacificação 
social e à preservação e aperfeiçoamento de relações sociais. Ainda, da mesma 
forma com que muitos médicos, principalmente no passado, a despeito da 
evidente boa intenção de preservar a vida, infectavam pacientes com agentes 
patológicos, operadores do direito — na maior parte das vezes muito bem 
intencionados — têm grandes dificuldades (por falta de treinamento técnico) em 
auxiliar as partes em disputa a construtivamente resolverem disputas. Como 
exemplificado em outra oportunidade (COSTA, 2004, p. 161), quando um juiz 
de direito sentencia determinando com quem ficará a guarda de um filho ou 
os valores a serem pagos a título de alimentos, encerra, para fins do direito 
positivado, um determinado litígio. Todavia, além de não resolver a relação 
conflituosa, muitas vezes acirra o próprio conflito, criando novas dificuldadesentre os divorciandos/separandos, bem como para os filhos.
Conclui-se dos resultados em pesquisas de mensuração de qualidade 
Fatores de efetividade de processos de resolução de disputas
28 29
de programas de mediação e arbitragem (DEUTSCH, 1973) que as instituições 
provedoras desses serviços com notáveis índices de satisfação dos usuários têm 
em comum:
a) árbitros e mediadores adequadamente formados que exercem 
suas funções em instituições que planejaram seus procedimentos para 
a satisfação de todos os seus usuários;
b) foram utilizadas, mesmo em arbitragens, algumas 
técnicas autocompositivas próprias por intermédio de operadores 
adequadamente treinados;20
c) muitos programas foram desenvolvidos com claras orientações 
qualitativas (i.e., dirige-se o processo não apenas visando elevado 
número de sentenças ou transações, mas sim elevada satisfação dos 
usuários quanto ao processo e ao seu resultado) (DEUTSCH, 1973); 
d) houve direcionamento para que a satisfação de usuários fosse 
um dos principais fatores de divulgação da instituição; e
e) houve a aproximação de técnica própria para que todos os 
operadores de processos de resolução de disputas efetivamente 
atuassem como agentes catalisadores de pacificação social e fossem 
capazes de resolver lides construtivamente ao fortalecer relações sociais, 
identificar interesses subjacentes ao conflito, promover relacionamentos 
cooperativos, explorar estratégias que venham a prevenir ou resolver 
futuras controvérsias (RHODE, 2000, p. 132), e educar as partes para 
uma melhor compreensão recíproca (BARUCH BUSH; FOLGER, 1994).
No que concerne ao papel de magistrados, árbitros e mediadores diante 
dessa nova realidade do ordenamento jurídico processual, cabe mencionar que 
essa nova conduta profissional está tão somente adequando-se à nova concepção 
de Direito apresentada contemporaneamente por diversos autores, entre eles 
Boaventura de Sousa Santos (1988, p. 72), segundo o qual:
[...] concebe-se o direito como o conjunto de processos regularizados e de princípios 
normativos, considerados justificáveis num dado grupo, que contribuem para a 
identificação e prevenção de litígios e para a resolução destes através de um discurso 
argumentativo, de amplitude variável, apoiado ou não pela força organizada.
No atual ordenamento jurídico processual brasileiro e, por conseguinte, 
nas diversas instituições provedoras de serviços de mediação e arbitragem no 
Brasil, há amplas oportunidades de melhoria e concretas demonstrações de 
que processos construtivos são não apenas viáveis, mas determinantes para 
a efetividade do sistema processual e dessas instituições individualmente. 
Aos diligentes e engenhosos operadores de tais processos, tal como feito 
por Semmelweis na área de saúde, compete examinar com muita atenção o 
quanto suas atuações e técnicas estão produzindo resultados construtivos, 
ao aproximar as partes em disputa e melhorar a relação social entre estas 
existentes, ou destrutivos, ao aplicar cruamente as normas processuais a ponto 
20 Como indicado acima, sobre as diversas técnicas existentes, cf. o endereço eletrônico do Gru-
po de Pesquisa e Trabalho em Resolução Apropriada de Disputas na Faculdade de Direito da Uni-
versidade de Brasília (disponível em: <http://www.unb.br/fd/gt>, seção Bibliografia) onde poderá 
ser encontrada lista detalhada de obras. Destacam-se, contudo, os seguintes trabalhos: Moore 
(1998); Slaikeu (2004); Cooley (2000); Goldberg et al. (1992); e Golann (1995).
André Gomma de Azevedo
30 31
de eventualmente permitir que entre as partes em conflito subsista litigiosidade 
após a prolação de uma sentença, o que seguramente produz o enfraquecimento 
da relação social que vincula as partes.
Diante da teoria de conflito existente (DEUTSCH, 1973; DEUTSCH; 
COLEMAN; MARCUS, 2000; BUNKER; RUBIN, 1995; MAYER, 2000; 2004) não 
cabe mais aos operadores desses processos de resolução de disputas (nem a 
magistrados, promotores ou advogados) se posicionarem atrás de togas escuras 
e agir sob um manto de tradição, mas sim permitirem que partes, quando 
busquem auxílio (do Estado ou de uma instituição que atue sob seus auspícios) 
para a solução de conflitos, recebam tratamento voltado a estimular maior 
compreensão recíproca, humanização da disputa, manutenção da relação social 
e, por consequência, maior realização pessoal, bem como melhores condições 
de vida.
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