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Semiologia do edema

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Samara Pires- MED25
Semiologi� Médic�
Semiologia do edema
CASO CLÍNICO 6
Ernesto, 60 anos, hipertenso desde os 40 anos de idade, antecipa a sua
consulta com o cardiologista. Ele está muito incomodado com um inchaço nas
pernas, com sensação de peso, que apareceu no último mês. Faz uso de losartana,
hidroclorotiazida e amlodipina. Queixa-se também de ter engordado 3kg este mês,
mesmo comendo pouco. O irmão dele fazia hemodiálise e ele indaga ao médico se
está indo pelo mesmo caminho.
PALAVRAS DESCONHECIDAS DO CASO CLÍNICO 6
● Hidroclorotiazida: medicamento diurético com longo tempo de ação, sendo
eficaz na redução da pressão arterial a longo prazo. Aumenta a excreção de
sódio pelos rins.
● Amlodipina: atua no controle da hipertensão arterial pelo bloqueio da
entrada de íons cálcio nas células musculares do vasos sanguíneos (bloqueio
dos canais de cálcio), o que gera vasodilatação e reduz a resistência vascular
periférica, provocando a diminuição da pressão arterial.
● Hemodiálise: procedimento em que uma máquina filtra e limpa o sangue,
fazendo parte do trabalho que o rim doente não pode fazer.
● Losartana: medicamento utilizado no tratamento da hipertensão arterial
sistêmica, da hipertensão com hipertrofia ventricular esquerda e da
insuficiência cardíaca crônica. A losartana é o antagonista do receptor AT1 da
angiotensina II (bloqueia o receptor), inibindo a vasoconstrição e diminuindo
a síntese de aldosterona para diminuir a pressão arterial.
1. Conceito e tipos de edema
● Excesso de líquido acumulado no espaço intersticial ou no interior das
células. É um sinal de que as trocas normais entre os sistemas circulatório e
linfático estão alteradas;
● Edema cutâneo;
● Hidrotórax;
● Ascite;
● Hidropericárdio;
● Hidrartrose.
2. Semiologia do edema
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● Localização e distribuição: o edema é localizado ou generalizado (anasarca)?
● Intensidade
- Avaliar pela compressão firme e sustentada de encontro a uma estrutura
rígida subjacente à área do exame , como a tíbia, o sacro e os ossos da face
→ verificar se tem fóvea (graduar em cruzes).
● Consistência
- Edema mole: facilmente depressível → a retenção hídrica não é longa e o
tecido celular subcutâneo está infiltrado de água;
- Edema duro: mais resistente para formar a fóvea → provavelmente devido à
proliferação fibroblástica que ocorre nos edemas de longa duração.
● Elasticidade: depende do momento em que a pele volta após a formação da
fóvea.
- Edema elástico: a pele retorna à situação normal imediatamente após o sinal
da fóvea se formar;
- Edema inelástico: a depressão da fóvea persiste por um tempo.
● Temperatura
- Temperatura normal;
- Temperatura fria: redução da irrigação sanguínea daquela área;
- Temperatura quente: edema inflamatório.
● Dor: o edema doloroso é inflamatório.
● Cor: verificar se a pele está com palidez, cianose ou vermelhidão.
- Pele lisa e brilhante: edema recente;
- Pele espessa: edema de longa duração;
- Pele enrugada: edema está sendo eliminado..
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4. Fisiopatologia do edema
● Causas básicas do edema
(1) Drenagem inadequada da linfa: obstrução ou retirada dos linfonodos;
(2) Filtração capilar sanguínea que excede muito a absorção capilar.
- Aumento na pressão hidrostática capilar: por exemplo, por insuficiência
cardíaca → um ventrículo não pode bombear o sangue a outro ventrículo.
- Diminuição da concentração das proteínas plasmáticas: resultado, por
exemplo, de desnutrição severa ou insuficiência hepática, já que o fígado é o
principal local de síntese;
- Aumento das proteínas intersticiais: o vazamento excessivo de proteínas para
fora do sangue diminui o gradiente de pressão coloidosmótica.
- Síndrome nefrítica: redução da taxa de filtração glomerular (TFG), o que
reduz a excreção de água e de sal;
- Síndrome nefrótica: edema intenso. Com o aumento da permeabilidade
glomerular às macromoléculas (como a albumina), ela é filtrada em grandes
quantidades e perdida na urina (gera urina espumosa e hipoalbuminemia).
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- Pielonefrite
Obs.: essas três são causas de edema renal, que é generalizado,
predominantemente facial, além de ser mole, inelástico, indolor e de temperatura
normal.
- Insuficiência cardíaca: edema generalizado, predominando nos membros
inferiores → mais observado no período vespertino após ortostase
prolongada. Caracteriza-se por ser mole, inelástico, indolor e a pele
adjacente pode se tornar lisa e brilhante. A principal causa é a retenção de
sódio e de água.
- Cirrose hepática: edema discreto que predomina nos membros inferiores. É
mole, inelástico e indolor. Ocorre hipoalbuminemia e hiperaldosteronismo
secundário.
- Hepatite crônica.
- Desnutrição proteica: devido à diminuição da pressão osmótica das proteínas
plasmáticas.
- Fenômenos angioneuróticos (edema alérgico): aumento da permeabilidade
capilar perante substâncias como a histamina e a cinina. Edema mole,
elástico que pode ter coloração avermelhada e temperatura aumentada,
pele lisa e brilhante.
- Gravidez
- Toxemia gravídica
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- Obesidade: edema quase sempre intenso que tem uma causa de fundo →
nefropatia gravídica.
- Hipotireoidismo
- Medicamentos (corticosteroides, anti-inflamatórios, antagonistas do cálcio):
predomina nos membros inferiores.
● Edema localizado
- Varizes: localizado nos membros inferiores, consistência mole, mas que
torna-se duro depois. É inelástico;
- Flebites: inflamação no trajeto de uma veia. O edema é localizado,
inflamatório (com aumento da permeabilidade capilar);
- Trombose venosa: aumento da pressão hidrostática por insuficiência das
valvas das veias ou por oclusão do vaso;
- Edema postural: ocorre nos membros inferiores das pessoas que
permanecem por longo tempo na posição de pé ou que ficam com as pernas
pendentes por várias horas, como acontece em viagens longas. Costuma ser
localizado, discreto, mole, indolor e desaparece na posição deitada;
- Linfedema: obstrução dos canais linfáticos. Localizado, duro, inelástico e
indolor. Estado grave: elefantíase.
● Edema generalizado: é aquele que, mesmo restrito a uma parte do corpo,
tem como causa uma alteração cardíaca, renal, hepática ou nutricional.
6. Hipóteses do caso clínico 6
● Edema por insuficiência cardíaca congestiva: a doença cardiovascular pode
gerar edema. A hipertensão arterial é um fator de risco controlável para a
doença cardiovascular.
- Hipertensão primária: nenhuma outra causa definida além da
hereditariedade → provavelmente associada ao aumento da resistência
vascular periférica (deficiência de óxido nítrico?);
- Hipertensão secundária: é a evidência de uma patologia subjacente (ex.:
doença endócrina que causa a retenção de líquido);
- A hipertensão aumenta a pós-carga do coração, pois o miocárdio deve
trabalhar mais para empurrar sangue dentro das artérias. O músculo
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cardíaco hipertrofia, aumentando o tamanho e o comprimento das fibras
musculares;
- Se o débito cardíaco do lado direito do coração permanece normal enquanto
o débito cardíaco do ventrículo esquerdo diminui, os pulmões acumulam
líquido e gera edema pulmonar → menos oxigênio no sangue.
Obs.: independentemente da causa da hipertensão, os barorreceptores carotídeos e
aórticos são adaptados à pressão mais alta (down regulation da atividade deles).
- Exames complementares: radiografia de tórax, eletrocardiograma,
ecocardiograma, exames de sangue para verificar PNA
● Edema medicamentoso por uso de Amlodipina: como a amlodipina bloqueia
os canais de sódio, cerca de 10% dos pacientes podem apresentar edema
de membros inferiores devido ao aumento da permeabilidade capilar.
Obs.: Os diuréticos não ajudam a controlar o edema da Amlodipina, mas sim a
associação com anti-hipertensivo da classe dos inibidores da ECA ou do receptor da
angiotensina II.
● Edema renal: edema palpebral matinal → diminuição da filtração
glomerular e incapacidade de excretar produtos de degradação do corpo.- Hipertensão é fator de risco;
- Exames: sangue e urina (ureia e creatinina estão aumentadas), ultrassom e
biópsia.
● Insuficiência venosa: exame complementar de ultrassom com Doppler para
verificar o tempo de fechamento das válvulas venosas.

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