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SEMIOLOGIA CAROLINA BORGES INTRODUÇÃO Excesso de líquido acumulado no espaço intersticial. Ponto de vista semiológico interessa-nos o edema cutâneo, a infiltração de líquido no espaço intersticial dos tecidos que constituem a pele e o tecido celular subcutâneo. INVESTIGAÇÃO SEMIOLÓGICA ✓ Tempo de duração ✓ Localização ✓ Evolução EXAME FÍSICO ✓ Localização e distribuição ✓ Intensidade ✓ Consistência ✓ Elasticidade ✓ Temperatura da pele circunjacente ✓ Sensibilidade da pele circunjacente ✓ Outras alterações da pele adjacente LOCALIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO O edema é localizado ou generalizado. Edema localizado: restringe-se a um segmento do corpo, seja a um dos membros inferiores/superiores. Não sendo essa possibilidade, considera generalizado. INTENSIDADE Para determinar: com a polpa digital do polegar ou do indicador, faz-se uma compressão, firme e sustentada, de encontro a uma estrutura rígida subjacente à área de exame, seja tíbia, o sacro ou ossos da face. Ao ser retirado o dedo, se há edema, vê-se uma depressão (fóvea). A intensidade se dá referindo à profundidade da fóvea graduada em cruzes (+,++,+++ e ++++) Outras 2 maneiras para avaliar: - variações muito acentuadas do peso > retenção ou eliminação de água. Todo paciente que apresenta edema deve ser pesado diariamente. - medindo-se o perímetro da região edemaciada, comparando-se um lado com o outro em dias sucessivos. CONSISTÊNCIA Mesma manobra adotada para avaliar a intensidade. EDEMA MOLE: facilmente depressível > retenção hídrica é de duração não muito longa e o tecido celular subcutâneo está infiltrado de água. EDEMA DURO: maior resistência para fóvea > existência de proliferação fibroblástica, que ocorre nos edemas de longa duração. ELASTICIDADE EDEMA ELÁSTICO: retorna imediatamente ao normal, fóvea perdura pouquíssimo tempo. Típico dos edemas inflamatórios. EDEMA INELÁSTICO: demora a voltar ao normal, depressão persiste. TEMPERATURA DA PELE CIRCUNJACENTE Usa-se dorso dos dedos ou as costas das mãos, comparando-se com a pele da vizinhança. Temperatura normal: frequentemente a região edemaciada não se altera. PELE QUENTE: edema inflamatório PELE FRIA: comprometimento da irrigação sanguínea daquela área. SENSIBILIDADE DA PELE CIRCUNJACENTE Manobra digitopressão da área, podendo ser doloroso ou indolor. OUTRAS ALTERAÇÕES DA PELE ADJACENTE MUDANÇA DE COLORAÇÃO: - palidez: maior intensidade em edemas que se acompanham de transtorno da irrigação sanguínea. - cianose: perturbação venosa localizada. - vermelhidão: processo inflamatório. TEXTURA E ESPESSURA: - lisa e brilhante: edema recente e intenso - pele espessa, aspecto de casca de laranja: edema de longa duração. FISIOPATOLOGIA E CAUSAS Sua formação depende de vários fatores como alterações: da pressão hidrostática, da pressão oncótica das proteínas, do fluxo linfático, da permeabilidade capilar e do balanço hidrossalino. Fator importante em todo edema generalizado: retenção de sódio e água. CAUSAS DO EDEMA Síndrome nefrótica Gravidez Síndrome nefrítica Toxemia gravídica Pielonefrite Obesidade SEMIOLOGIA CAROLINA BORGES Insuficiência cardíaca Edema pré- menstrual Cirrose hepática Climatério Hepatite crônica Medicamentos Desnutrição proteíca O edema constitui um dos sinais cardiais da insuficiência cardíaca congestiva, se caracteriza por ser generalizado, predominando nos membros inferiores, vespertino, varia de intensidade, é mole, inelástico, indolor, pele adjacente lisa e brilhante. CIRROSE HEPÁTICA Edema generalizado, discreto (+ a ++), predomina MMII, mole, inelástico e indolor. DESNUTRIÇÃO PROTEÍCA Edema carencial ou discrásico, generalizado, predomina MMII, mole, inelástico, indolor e discreto. EDEMA ALÉRGICO Fenômenos angioneuróticos, fator principal: aumento da permeabilidade capilar. Tipo generalizado, mas pode restringir-se, como face. Instala-se de modo súbito e rápido, pele lisa e brilhante, temperatura aumentada e coloração avermelhada, edema mole e elástico. EDEMA MEDICAMENTOSO Causa principal: retenção de sódio. Predomina MMII, mais intenso e pode ser facial. EDEMA RENAL Observado na síndrome nefrótica/nefrítica e na pielonefrite. - edema generalizado, predominantemente facial, acumulando-se nas regiões subpalpebrais. Na síndrome nefrótica: intenso (+++ a ++++), se acompanhada de derrames cavitários. Na síndrome nefrítica e na pielonefrite: discreto ou moderado (+ a ++), mole, inelástico, indolor, pele adjacente mantem temperatura normal ou pouco reduzida. Na formação do edema na síndrome nefrítica, ademais da retenção de sódio e água por desequilíbrio glomerulotubular, se destaca o aumento da permeabilidade capilar. EDEMA LOCALIZADO Principais causas: × Varizes × Flebites e trombose venosa × Processos inflamatórios × Afecções dos linfáticos × Postura. EDEMA VARICOSO Localiza-se nos MMII, acentua-se com longa permanência na posição de pé, discreto, mole, inelástico. EDEMA DA TROMBOSE VENOSA Consistência mole, chega a ser intenso, pele pálida ou cianótica em certos casos. Essas condições são chamadas de flegmasia alba dolens e flegmasia alba cerúlea. Mecanismo da formação desses 2 edemas: aumento da pressão hidrostática, seja por insuficiência das valvas das veias, seja por oclusão do próprio vaso. EDEMA DA FLEBITE Decorre do componente inflamatório que aumenta a permeabilidade capilar, localizado, leve a mediana (+ a ++), elástico, doloroso, pele lisa, brilhante, vermelha e quente. EDEMA POSTURAL Nos MMII de pessoas que permanecem muitas horas em pé ou pernas pendentes. Decorre do aumento da pressão hidrostática. Localizado, discreto (+ a ++), mole, indolor, desaparece rapidamente. LINFEDEMA E MIXEDEMA LINFEDEMA: edema originado nas afecções dos vasos linfáticos. Depende da obstrução dos canais linfáticos. Caracterizado por ser localizado, duro, inelástico, indolor. Casos avançados, quadro chamado de elefantíase. MIXEDEMA: observado na hipofunção tireoidina. Há deposição de substância mucopolissacarídica (glicoproteínas) no espaço intersticial e, secundariamente, retenção de água. Edema pouco depressível, inelástico, não muito intenso, pele apresenta alterações próprias da hipofunção tireoidiana. Edema generalizado ou anasarca (síndrome nefrótica)
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