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( Julya Pavão - SEMIOLOGIA ) ( 1 ) EXAME FÍSICO GERAL EDEMA · É o excesso de líquido acumulado no espaço intersticial ou no interior das próprias células. · Pode ocorrer em qualquer sítio do organismo, mas, do ponto de vista semiológico, interessa-nos apenas o edema cutâneo. · A investigação semiológica do edema tem início na anamnese, quando se indaga sobre tempo de duração, localização e evolução. No exame físico completa-se a análise, investigando-se os seguintes parâmetros: · Localização: a primeira grande distinção a ser feita é se o edema é localizado ou generalizado. É nos membros inferiores que mais frequentemente se constata a existência de edema; todavia, duas outras regiões devem ser sistematicamente investigadas: face (especialmente regiões subpalpebrais) e região pré-sacra, esta particularmente nos pacientes acamados, recém-natos e lactentes. · Intensidade: com a polpa digital do polegar ou do indicador, faz-se uma compressão, firme e sustentada, de encontro a uma estrutura rígida subjacente à área em exame, seja a tíbia, o sacro ou os ossos da face. Havendo edema, ao ser retirado o dedo vê-se uma depressão, no local comprimido, que costuma ser chamada de fóvea. Estabelece-se a intensidade do edema referindo-se à profundidade da fóvea graduada em cruzes (+, ++, +++ e ++++). · Consistência: a mesma manobra adotada para avaliar a intensidade serve também para investigar a consistência do edema. Classifica-se em dois grupos: edema mole (observado em diferentes condições, significa apenas que a retenção hídrica é de duração não muito longa, e o tecido celular subcutâneo está infiltrado de água) e edema duro (traduz a existência de proliferação fibroblástica que ocorre nos edemas de longa duração ou que se acompanharam de repetidos surtos inflamatórios). · Elasticidade: esta é indicada não só pela sensação percebida pelo dedo que comprime, mas principalmente observando-se a volta da pele à posição primitiva quando se termina a compressão. Dois tipos são encontrados: edema elástico (a pele retorna imediatamente à sua situação normal) e o edema inelástico (é aquele cuja pele comprimida demora a voltar à posição primitiva). · Temperatura da pele circunjacente: usa-se o dorso dos dedos ou as costas das mãos, comparando-se com a pele da vizinhança e da região homóloga. Três possibilidades existem: pele de temperatura normal, pele quente e pele fria. Pele quente significa edema inflamatório e pele fria traduz comprometimento da irrigação sanguínea daquela área. · Sensibilidade da pele circunjacente: deve-se fazer a digitopressão da área que está sendo investigada. Doloroso é o edema cuja pressão desperta dor, e indolor quando tal não ocorre. Edema doloroso é o inflamatório. · Outras alterações da pele circunjacente: mudança na coloração (palidez, cianose ou vermelhidão). Alterações na textura e espessura da pele (pele lisa e brilhante acompanha o edema recente e intenso; pele espessa é vista nos pacientes com edema de longa duração; pele enrugada aparece quando o edema está sendo eliminado). · Fisiopatologia e causas de edema: · Edema generalizado: · As principais causas são: síndrome nefrítica, síndrome nefrótica, pielonefrite, insuficiência cardíaca, cirrose hepática, desnutrição protéica, fenômenos angioneuróticos (edema alérgico), gravidez, toxemia gravídica, período pré-menstrual e medicamentos. · Engloba-se sob a designação de edema renal o que se observa na síndrome nefrítica, na síndrome nefrótica e na pielonefrite. É um edema generalizado, predominantemente facial, acumulando-se de modo particular nas regiões subpalpebrais. Tal fato torna-se mais evidente no período matutino, e os pacientes costumam dizer que “amanhecem com os olhos empapuçados”. Na síndrome nefrótica, o edema é intenso (+++ a ++++) e acompanha-se frequentemente de derrames cavitários. Já na síndrome nefrítica e na pielonefrite, é discreto ou moderado (+ a ++). Além disso, o edema renal é mole, inelástico, indolor, e a pele circunjacente mantém temperatura normal ou discretamente reduzida. · O edema constitui um dos sinais cardiais da insuficiência cardíaca congestiva e caracteriza-se por ser generalizado, predominando nos membros inferiores. Diz-se que é vespertino por ser mais observado no período da tarde, após o paciente manter-se de pé por várias horas. Tanto é assim que, nos doentes acamados, a retenção hídrica se acumula na região pré-sacra. O edema cardíaco varia de intensidade (+ a ++++), é mole, inelástico, indolor e a pele circunjacente pode apresentar-se lisa e brilhante. · Na cirrose hepática, o edema é generalizado, mas quase sempre discreto (+ a ++). Predomina nos membros inferiores e é habitual a ocorrência de ascite concomitantemente. É mole, inelástico e indolor. · O edema da desnutrição protéica, também chamado edema carencial ou discrásico, é generalizado, predominando nos membros inferiores. É mole, inelástico, indolor e não costuma ser de grande intensidade (+ a ++). · O edema alérgico pode ser generalizado, mas costuma restringir-se a certas áreas, principalmente à face. Instala-se de modo súbito e rápido; por este motivo, a pele torna-se lisa e brilhante, podendo também apresentar-se com a temperatura aumentada e de coloração rubra. Trata-se de um edema mole e algo elástico. · Na gravidez normal, não é raro aparecer um discreto edema, principalmente nos membros inferiores. · Edema localizado: · As principais causas são: varizes, flebites e trombose venosa, processos inflamatórios, afecções dos linfáticos e postura. · O edema observado nos portadores de varizes (edema varicoso) localiza-se nos membros inferiores, preponderando em uma ou outra perna; acentua-se com a longa permanência na posição ereta, não é muito intenso (+ a ++); a princípio é de consistência mole, porém nos casos muito antigos, vai se fazendo cada vez mais duro; é inelástico, e, com o passar do tempo a pele vai alterando sua coloração até adquirir tonalidade castanha ou mesmo mais escura. Pode tornar-se espessa e de textura mais grosseira. · O edema da trombose venosa é mole, chega a ser intenso e a pele costuma estar pálida. · O edema da flebite caracteriza-se por ser localizado, de intensidade leve a mediana (+ a ++), elástico, doloroso, com a pele circunjacente se apresentando lisa, brilhante, vermelha e quente. · O edema postural é o que ocorre nos membros inferiores das pessoas que permanecem por longo tempo na posição de pé ou que ficam com as pernas pendentes por várias horas, como acontece em viagens longas. É localizado, discreto (+ a ++), mole, indolor e desaparece rapidamente na posição deitada. · Linfedema: edema originado nas afecções dos vasos linfáticos. Depende da obstrução dos canais linfáticos e caracteriza-se semiologicamente por ser localizado, duro, inelástico, indolor, e com francas alterações da textura e da espessura da pele, que se torna grossa e áspera. · Mixedema: é observado na hipofunção tireoidiana. É um edema pouco depressível, inelástico, não muito intenso, e a pele apresenta as alterações próprias da insuficiência tireoidiana. 1 Julya Pavão - SEMIOLOGIA EXAME FÍSICO GERAL EDEMA Ø É o excesso de líquido acumulado no espaço intersticial ou no interior das próprias células. Ø Pode ocorrer em qualquer sítio do organismo, mas, do ponto de vista semiológico, interessa - nos apenas o edema cutâneo. Ø A investigação semiológica do edema tem início na anamnese, quando se indaga sobre tempo de duração, localização e evolução. No exame físico completa - se a análise, investigando - se os seguintes parâmetros: · Localização: a primeira grande distinção a ser feita é se o edema é localizado ou generalizado. É nos membros inferiores que mais frequentemente se constata a existência de edema; todavia, duas outras regiões devem ser sistematicamente investigadas: face (especialmente regiões subpalpebrais) e região pré - sacra, esta particularmente nos pacientes acamados, recém - natos e lactentes. · Intensidade: com a polpa digital do polegar ou do indicador,faz - se uma compressão, firme e sustentada, de encontro a uma estrut ura rígida subjacente à área em exame, seja a tíbia, o sacro ou os ossos da face. Havendo edema, ao ser retirado o dedo vê - se uma depressão, no local comprimido, que costuma ser chamada de fóvea. Estabelece - se a intensidade do edema referindo - se à profundi dade da fóvea graduada em cruzes (+, ++, +++ e ++++). · Consistência: a mesma manobra adotada para avaliar a intensidade serve também para investigar a consistência do edema. Classifica - se em dois grupos: edema mole (observado em diferentes condições, signif ica apenas que a retenção hídrica é de duração não muito longa, e o tecido celular subcutâneo está infiltrado de água) e edema duro (traduz a existência de proliferação fibroblástica que ocorre nos edemas de longa duração ou que se acompanharam de repetido s surtos inflamatórios). · Elasticidade: esta é indicada não só pela sensação percebida pelo dedo que comprime, mas principalmente observando - se a volta da pele à posição primitiva quando se termina a compressão. Dois tipos são encontrados: edema elástico (a pele retorna imediatamente à sua situação normal) e o edema inelástico (é aquele cuja pele comprimida demora a voltar à posição primitiva). · Temperatura da pele circunjacente: usa - se o dorso dos dedos ou as costas das mãos, comparando - se com a pele da vizi nhança e da região homóloga. Três possibilidades existem: pele de temperatura normal, pele quente e pele fria. Pele quente significa edema inflamatório e pele fria traduz comprometimento da irrigação sanguínea daquela área. · Sensibilidade da pele circunjacente: deve - se fazer a digitopressão da área que está sendo investigada. Doloroso é o edema cuja pressão desperta dor, e indolor quando tal não ocorre. Edema doloroso é o inflamatório. · Outras alterações da pele circunjacente: mudança na coloração ( palidez, cianose ou vermelhidão). Alterações na textura e espessura da pele (pele lisa e brilhante acompanha o edema recente e intenso; pele espessa é vista nos pacientes com edema de longa duração; pele enrugada aparece quando o edema está sendo eliminado ). Ø Fisiopatologia e causas de edema: v Edema generalizado:
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