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1 CLASSIFICAÇÃO DE INFORMAÇÕES E SISTEMAS DE INFORMAÇÕES 2 INTRODUÇÃO Vivemos numa época caracterizada pelas profundas transformações marcada pela acelerada introdução, na sociedade, das novas tecnologias da informação e comunicação (TIC). “Aldeia global”, “Era Tecnotrônica”, “Sociedade Pós-Industrial”, “Era – ou Sociedade – da Informação” e “Sociedade do Conhecimento” são alguns dos termos utilizados com a intenção de identificar e de entender o alcance dessas mudanças. A informação sempre foi o insumo básico do desenvolvimento. Quando o homem associou a fala e a imagem e criou a escrita, ele permitiu a transmissão e a armazenagem de informações. A imprensa de Gutenberg, no século XV, o telefone, o rádio, a televisão e, agora, as tecnologias da informação e da comunicação, que revolucionaram os séculos XIX e XX, aceleraram o acesso e o intercâmbio de informações. Estes diversos meios de comunicação, em vez de se excluírem, potencializam-se, mutuamente. Na atualidade, o mundo está se preparando para dar mais um salto, por meio das novas tecnologias e das novas redes. Segundo Takahashi (2000), a sociedade da informação não é um modismo. Representa uma profunda mudança na organização da sociedade e da economia, havendo quem a considere um novo paradigma técnico- econômico. É um fenômeno global, com elevado potencial transformador das atividades sociais e econômicas, uma vez que a estrutura e a dinâmica dessas atividades inevitavelmente serão, em alguma medida, afetadas pela infraestrutura de informações disponível. 3 Objetivos: Identificar e diferenciar documento eletrônico, documento digital e documento arquivístico. Analisar o ciclo documental tradicional perante os documentos eletrônicos/digitais. Analisar a legislação geral e arquivística pertinente. Analisar as técnicas específicas para acesso e preservação de documentos arquivísticos eletrônicos, de acordo com as fases correntes, intermediária e permanente. 4 UNIDADE I A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO: APROFUNDANDO CONCEITOS E PROCESSOS CAPÍTULO 1 Evolução Tecnológica Segundo Abud (2010), a humanidade, no decorrer de sua história, foi obrigada a adaptar-se, de acordo com a sua necessidade de sobrevivência. E, no sentido de ilustrar tal adaptação, ou melhor, evolução, Toffler (1980), em seu famoso livro “A Terceira Onda”, traçou o caminho histórico pelo qual passou a humanidade e que culminou com a terceira onda, uma referência à Revolução da Informação. Seu início data da década de 1950, com a disseminação do computador, embora ainda acessível a uma pequena parcela de usuários. Associadas ao uso do computador, várias áreas do conhecimento foram alavancadas. Entre elas, a área das telecomunicações tem sido objeto de significativas transformações tecnológicas, desde, aproximadamente, a década de 1970, época em que o crescimento dos estudos na área da microeletrônica já predizia uma nova forma de união tecnológica entre as áreas da informação e das telecomunicações. Na década seguinte, 1980, pôde-se perceber que o desenvolvimento não se dava apenas na esfera tecnológica, mas também no mercado, pois as 5 indústrias das áreas da informática e de telecomunicações incorporaram os componentes da microeletrônica de forma crescente, o que propiciou o surgimento de novas e dinâmicas facetas mercadológicas e, consequentemente, revolucionou a base das telecomunicações na década que se iniciava (1990). E tudo aquilo que se investiu na área das telecomunicações estava cada vez mais perto dos indivíduos. Hoje, para se estar a par das informações que correm o mundo de forma acelerada, do conhecimento produzido, o indivíduo não necessariamente tem de estar ligado a uma instituição de ensino superior ou aos centros de pesquisa científica, basta ele ter acesso ao computador, às telecomunicações (ABUD, 2010). Ao final do século XX, com a facilidade de acesso a Word Wide Web (www) ou à Internet, o mundo, a população brasileira, neste caso, tem como acessar o conhecimento produzido nas academias e nos grandes centros de pesquisa com um simples CLICK. A Tecnologia da Informação (TI) revolucionou e vem revolucionando o trato da informação, que, com isso, chega de forma mais rápida e organizada à sociedade. Meirelles (1994) apud MANFRINATO (2002, p. 22) descreve TI como sendo: O conjunto de recursos não humanos dedicados ao armazenamento, ao processamento e à comunicação da informação, e a maneira pela qual esses recursos são organizados em um sistema capaz de desempenhar um conjunto de tarefas. [...] a Tecnologia da Informação difere-se de outras tecnologias por manipular um recurso identificado por Informação. E, ao mesmo tempo em que vem dando saltos gigantescos em favor da qualidade da produção e disponibilização da informação, a TI deve criar meios de gerenciar toda a informação que é veiculada nos meios de telecomunicação. A Gestão do Conhecimento (GC) entra nesse processo desempenhando um importante papel para a sociedade da informação, que é o de gerenciar 6 todas as informações, a fim de que sejam organizadas de forma a facilitar seu acesso. Além disso, pode contribuir para que se disponibilizem informações/conhecimentos fidedignos. A GC vem possibilitar que o conhecimento e a informação sejam aplicados de forma positiva, ou seja, sejam revertidos em benefícios para aquele que os utiliza. O fato de apenas disponibilizar a informação já não é mais o diferencial. É importante que ela seja tratada e mesmo adequada às pessoas que terão acesso a ela. Para dar suporte à gestão do conhecimento, a Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) tem um papel fundamental. Seu desafio é identificar e/ou desenvolver e implantar tecnologias e sistemas de informação que deem apoio à comunicação empresarial e à troca de ideias e experiências. Isso facilita e incentiva as pessoas a se unir, a tomar parte de grupos e a se renovar em redes informais de aquisição e troca de conhecimento, além de compartilhar problemas, perspectivas, ideias e soluções em seu dia a dia profissional (REVISTA HSM Management 42, janeiro-fevereiro 2004). A TIC, que está além dos limites das empresas, é cada vez mais presente no cotidiano das pessoas. Com a velocidade com que a tecnologia vem entrando nos lares brasileiros, é importante que ela seja acessível a todos, para que todos possam viver na sociedade do conhecimento. CAPÍTULO 2 Sociedade da Informação Para Abud (2010), com o advento da globalização, que produziu a eliminação das fronteiras e das barreiras comerciais, o aumento da concorrência e da competitividade e do acesso à informação, o trabalho e a empresa tornaram-se virtuais, mudando sua estrutura, sua relação espaço e tempo, promovendo uma inversão nos insumos da produção, uma vez que, agora, o conhecimento gera a matéria-prima, a energia e, por fim, o capital. 7 Hoje, o conhecimento é o aspecto diferencial e estratégico da produção, tratado com métodos, metodologias e ferramentas apropriadas, por meio do processamento de dados, do tratamento da informação e do gerenciamento do conhecimento, para melhor qualidade de vida. Para Cassiolato (1999, p.173): A codificação do conhecimento é, basicamente, um processo de redução e conversão que implica sua transformação em informação. Tal processo permite que a transmissão, o tratamento, o armazenamento e a reprodução do conhecimento se tornem tarefas simples. Tal tipo de conhecimento, codificado, expressa-se numa forma padronizada e compacta, de maneira a minimizar o custo de tais atividades, que, por sua vez, são radicalmente alteradas pela infraestrutura e pelas tecnologias de informação e de comunicação. Desta forma, o conhecimento passa a ser transmitido de forma rápida, para longasdistâncias, com custos mais baixos, facilitando as transações comerciais. O conhecimento produzido de forma coletiva exige uma complexa coordenação e produção sob sua elaboração, objetivando um trabalho inovador, competitivo, mas saudável. A organização deve aprimorar-se de forma contínua em suas atividades e no desenvolvimento de novas aplicações a partir de seus próprios sucessos e avanços. Neste sentido, as políticas de treinamento devem promover a capacitação para o uso e a administração das tecnologias nas pequenas e médias empresas. • Programas de capacitação tecnológica, para o aprimoramento, o monitoramento e o estímulo a alianças estratégicas e a transferência de tecnologia. • Programas que colocam especialistas técnicos nas organizações, para promover educação tecnológica e identificar melhorias. • Programas-ponte, em que o governo oferece educação técnica e vocacional, prescreve práticas baseadas em experiências de sucesso no uso das tecnologias de comunicação, desenvolve polos de ciência e tecnologia, define normas e coordena esforços entre as agências (ROVERE,1999, p.154). 8 O uso das Novas Tecnologias da Informação tem modificado o estilo da organização e da administração das empresas, integrando-se funções, estabelecendo-se novas relações com o mercado. “Velocidade, capacidade de armazenamento, flexibilidade e networking emergiram, portanto, ao longo dos anos 1980, como características fortemente inter-relacionadas do novo paradigma técnico-econômico.” (CASSILATO apud FREEMAN E SOETE,1994) Na sociedade do conhecimento, há conceitos básicos que precisam ser explicados. • Meios de comunicação: constituem-se em aparatos tecnológicos em que são divulgadas notícias e informações em nosso meio. • Meio: o que está entre o emissor e o receptor da mensagem, processo de mediação da informação. • Mídias: aparatos que servem de mediadores entre pessoas, formas de comunicação e informação. Com a proliferação das tecnologias e do acesso a elas, surgem os sistemas de comunicação, chamados de segmentos por atingirem parcelas específicas de consumidores e setores. Os processos educacionais mediados por computador também produziram a inclusão digital, com implicações culturais, sociais e econômicas no presente. No Brasil, a partir de 1980, as tecnologias educacionais ganharam maior impulso e investimento, com programas de ensino a distância, aperfeiçoamento, simulações e de aprendizagem por descoberta. Esta, por sua vez, tem como objetivo a linguagem, a partir das pesquisas autônomas do aluno e por meio dos processadores de textos, das planilhas eletrônicas, do banco de dados. Alavi e Leidner (2001) sugerem uma classificação com o objetivo de investigar o papel da Tecnologia da Informação no suporte aos processos de gestão de conhecimento. 9 • Processo de armazenamento/recuperação: relaciona-se ao conceito de memória organizacional, sendo o conhecimento acumulado a partir de documentação escrita, de sistemas de informação, de redes de indivíduos, da cultura organizacional, de processos produtivos de trabalho, de arquivos de informação etc. • Processo de transferência de conhecimento: ocorre entre indivíduos, de indivíduos para grupos, de grupos para a organização. O sucesso do processo de transferência engloba a riqueza dos canais de transmissão, o valor percebido pelo conhecimento, a motivação. • Criação do conhecimento: engloba a dimensão social da gestão, a estrutura dos processos organizacionais e pessoais. A relação entre as tecnologias de informação e a gestão do conhecimento está no uso dos sistemas de informação, no compartilhamento do conhecimento ou das informações. Alavi e Leidner (2001, p. 114) definem os sistemas de gestão de conhecimento como Uma classe de sistemas de informação aplicados à gerência do conhecimento organizacional, ou seja, são sistemas baseados em Tecnologia da Informação desenvolvidos para suportar e potencializar os processos organizacionais de criação, armazenamento/recuperação, transferência e aplicação do conhecimento. Portanto, os sistemas de gestão do conhecimento têm como funcionalidade principal o suporte aos processos de gestão de conhecimento, buscando, também, servir como meio de compartilhamento de conhecimento entre os indivíduos, assim como os sistemas de informação. Esses atributos da Tecnologia da Informação estão presentes nos bancos de dados, nos sistemas de aprendizado a distância, nos fóruns de discussão, na multimídia, nas videoconferências. Hansen et al. (1999, p. 107) propõe um modelo em que as organizações podem adotar diferentes estratégias de gestão de conhecimento, a partir da análise de suas próprias estratégias competitivas, desenvolvendo redes, para conectar pessoas e compartilhar o conhecimento tácito de pessoa para pessoa, 10 promovendo investimentos na infraestrutura, para conversação de compartilhamento do conhecimento tácito por meio das tecnologias de informação. Como exemplos dessas estratégias, temos a codificação, que focaliza o uso da Tecnologia da Informação, codificando e armazenando o conhecimento significativo para um negócio em bancos de dados eletrônicos. A estratégia de personalização, em que o conhecimento é entendido como centrado no indivíduo que o desenvolveu, dá-se pelo contato direto entre as pessoas, auxiliando na comunicação. A informação assume um importante papel na sociedade do conhecimento. Em uma organização, ela engloba desde as operacionais, aquelas necessárias à realização das operações, até aquelas necessárias ao controle gerencial e à tomada de decisões, sendo que está relacionada ao aumento do conhecimento. “O valor da informação está em sua utilidade ou no benefício que ela nos permite obter” (MATTOS, 1982, p. 109). Na abordagem histórica das organizações, podemos traçar um perfil do processo da informação. Segundo Laudon e Laudon (1996), nos anos 1950, a informação está associada a questões burocráticas, com o objetivo de reduzir o custo do processamento dos papéis e das rotinas administrativas. Nos anos 1960, já é abordada como suporte para a organização, contribuindo em seu gerenciamento, como, por exemplo, o desenvolvimento de hardwares para a execução de diferentes funções, sem a necessidade de se alterar os equipamentos. Nos anos 1970, ela passa a ser vista com o propósito de capacitar e realizar ajustes gerenciais sobre toda a organização. Dos anos 1980 até o presente, torna-se um recurso estratégico para a competitividade e a concorrência. A pergunta “o que queremos com a informação” tornar-se constante. Essa abordagem estratégica se caracteriza em três perspectivas, segundo Mcgee e Prusak (1994), sendo elas as seguintes: 11 • A informação e a definição da estratégia: ela age como recurso essencial para a definição de estratégias alternativas, que abordem o ambiente de trabalho, sua forma de organização, seus problemas, seus desafios e suas ameaças. • A informação e a execução da estratégia: a informação auxilia na criação de produtos e serviços alternativos aliados à Tecnologia da Informação; • A informação e a integração: o feedback é peça-chave para o aprendizado do desempenho da organização e a análise de seus objetivos. Para esses autores, existem, ainda, cinco estilos de gerência da informação, na comunicação e na frequência da informação, para desenvolver as competências essenciais de uma organização. • Utopia tecnocrática: de caráter tecnológico, refere-se ao gerenciamento da informação, sua modelagem e classificação para a produção de novas tecnologias; • Anarquia: não há controle ou gerência sobre a informação; cada um gerencia de forma própria a informação. • Feudalismo: as informações são gerenciadas por unidade ou polos que definem as necessidades a serem repassadas de forma limitada. • Monarquia: sãoos líderes da empresa que organizam o fluxo da informação; • Federalismo: baseada no consenso e na negociação dos elementos- chave da informação e no fluxo destes. Na Sociedade da Informação, conhecimento e informação dependem da qualidade de ambos, assim como de uma base conceitual para sua 12 interpretação e uso. Para Rebollo (2005, p. 194), “La información disponible em Internet es caótica para los que no tienen marcos de referencia”. CAPÍTULO 3 Tecnologia da Informação A Tecnologia da Informação ou Sistema de Informação alterou o mundo dos negócios, desde que foi introduzida de forma mais difusa nos anos 1950, inovando fronteiras sociais e culturais com novas possibilidades e necessidades, como, por exemplo, a rapidez na tomada de decisões, a inovação organizacional, o acesso à informação e a sua distribuição (ABUD, 2010). De acordo com Rezende (2003), a Tecnologia da Informação engloba um conjunto de recursos tecnológicos e computacionais para a geração e o uso da informação, os sistemas de informação, conjunto de partes que geram a informação (software e hardware), e os sistemas de conhecimentos, aqueles em que são geradas as informações com os conhecimentos agregados. Eles têm a função de coletar, processar, armazenar, analisar e distribuir informações com um fim específico, incluindo entradas, processamentos e saídas. Na Tecnologia da Informação, as comunicações significam as transmissões de sinais por meio de um emissor para o receptor. As telecomunicações referem-se às transmissões eletrônicas por sinais. As comunicações de dados referem-se ao subconjunto de telecomunicações ligado à coleta, ao processamento e à distribuição eletrônica de dados, principalmente, entre hardware. As principais TIs relacionadas à geração de informação, aplicadas ao sistema de informação, são: Executive Information Systems, Enterprise Resource Planning, Sistemas de Apoio a Decisões, Sistemas Gerenciadores de Banco de Dados, Data Warehouse, Recursos de 13 Inteligência Artificial, Sistemas Especialistas, Data Mining, Database Marketing, recursos da Internet, automação de escritórios (REZENDE, 2005). Os Sistemas de Informação Operacionais contemplam o processamento de operações e transações cotidianas, controlam os dados de planejamento, o controle, a produção de produtos e serviços. Sua função é dar suporte ao sistema operacional. Já os Sistemas de Informação Gerenciais abordam o processamento de grupos de dados das operações e transações operacionais, produzindo-os em informações agrupadas para a gestão, contendo informações mais completas e estruturadas. Os Sistemas de Informação Estratégicos contemplam o processamento de grupos de dados das atividades operacionais e das transações gerenciais, transformando-os em informações estratégicas (REZENDE, 2005). Toda organização deve readaptar, a todo o momento, o seu sistema de informação operacional, principalmente quanto às características de seu processamento de dados, o homeostato em relação ao controle; fornecer informações que permitem manter o valor de determinadas variáveis de estado, quanto ao processo decisório e seletivo da informação (MATTOS, 1982, p. 126). Para Laudon e Laudon (1996), com a globalização, o sucesso das organizações deve-se ao aumento de oportunidades, transformando a economia das indústrias e as formas de organização e gerenciamento das empresas. A Tecnologia da Informação trouxe uma nova estrutura e composição organizacional, como o hardware e seus acessórios (desktops, notebooks, mouses, processadores etc.) e os softwares (sistemas operacionais, planilhas, editores de textos, Internet) e seus sistemas de telecomunicação (modem, banda larga etc.). Esse conjunto integrado irá caracterizar os sistemas de informação, envolvendo, também, os aspectos humanos, administrativos e organizacionais (KENN,1993). O sucesso da produtividade está no alinhamento da Tecnologia da Informação com as estratégias traçadas pela organização e com sua estrutura, 14 utilizando com eficiência seus aspectos internos e com eficácia suas metas, seus objetivos, seus resultados e seus impactos (LAURINDO, 2001). Para Nolan (1979), existem seis estágios que auxiliam a verificar a evolução do uso da TI na organização, tais como iniciação, contágio, controle, integração, administração de dados e maturidade. Quanto aos seus impactos, Fernandes e Alves (1992) descrevem alguns, tais como nos produtos e serviços, alterando o ciclo de vida de um produto e, reduzindo o tempo de custo e distribuição; nos mercados, possibilitando a competição de forma global no mercado; nas forças competitivas-entrantes, aumentando a economia de escala com o controle e o acesso a mercados; nas forças competitivas-compradores e fornecedores, criando custos da mudança, incentivando a competitividade entre fornecedores; nas forças competitivas-substitutos, melhorando o preço e a performance do produto; nas forças competitivas-concorrentes, com o poder de diferenciar os produtos e os serviços e de controlar o acesso aos mercados. Também, alertam para os aspectos que podem impactar negativamente a gestão da tecnologia, como a inércia da organização, o pouco investimento em treinamento, a falta de alinhamento entre a tecnologia e a organização, o pouco comprometimento. Assim, a Tecnologia da Informação deve ter uma gestão dinâmica e flexível, atenta às mudanças internas e externas do mercado. O valor do ativo intelectual de uma organização será percebido no momento em que se distribuir a informação, aplicando-se o conhecimento de produtiva e criativa. McFarlan (1984) sugere que a organização formule algumas questões, para analisar os impactos da Tecnologia da Informação. • A TI pode criar barreiras de entrada? • A TI pode mudar a base da competição? • A TI pode alterar o relacionamento com fornecedores e clientes? 15 • A TI pode gerar possibilidades de novos produtos? O planejamento estratégico da Tecnologia da Informação dependerá do processo dinâmico e interativo da operacionalização das informações e de seus recursos, da tomada de decisão e das ações das pessoas envolvidas, o que irá gerar mudanças nos aspectos estruturais, funcionais e tecnológicos da organização (REZENDE, 2003). 16 UNIDADE II ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO CAPÍTULO I Identificação de necessidades de lidar com as informações Para Severino (S/D), a Tecnologia da Informação e seus recursos nem sempre resolvem os problemas das empresas e muito menos as organizam. Tecnologia por tecnologia, sem planejamento, sem gestão e ação efetiva não traduz contribuição para a empresa. É necessário elaborar a organização interna e externa da empresa, primeiramente as funções empresariais básicas. Tal organização compreende principalmente as funções empresariais e os respectivos procedimentos do negócio principal, contemplando as atividades de produção, comercial, financeira, de materiais, de recursos humanos e respectivos aspectos legais e jurídicos. A informação nos dias de hoje tem um valor altamente significativo e pode representar grande poder para quem a possui, seja pessoa, seja instituição. Ela possui seu valor, pois está presente em todas as atividades que envolvem pessoas, processos, sistemas, recursos financeiros, tecnologias etc. A rapidez com que as informações são obtidas e circulam atualmente nas empresas é impressionante. A cada dia somos defrontados com novos sistemas e novas tecnologias possibilitando a obtenção de informações estratégicas de mercado, de clientes, concorrentes etc., permitindo decisões mais rápidas em todos os níveis de uma organização. Mesmo por meio da Internet, em pouco tempo são obtidas informações as mais diversas. 17 Mas, será que todas essas informações que passam pelas nossas mãos são totalmente confiáveis? É importantelembrar que há pouco mais de 10 anos essa facilidade não existia. Há 15 anos, dependíamos de enormes computadores que exigiam um enorme tempo para processar a informação de que necessitávamos. E, há 20 anos, por incrível que pareça aos profissionais mais jovens do mercado, utilizávamos listagens com centenas de folhas no levantamento manual (isso mesmo, manual) de dados que se transformavam em informações desejadas para importantes tomadas de decisão. Afinal, não faz tanto tempo assim e até parece que vivíamos no tempo das cavernas! O que mudou nesses últimos anos? Obviamente não podemos mais perder tempo aguardando que uma máquina nos dê a informação de que necessitamos para fechar um negócio, agilizar um contato, atender um cliente ou eliminar custos indesejáveis. Seria um contrassenso querer voltar atrás e manusear listagens de computador. Mas o que devemos nos perguntar é: ainda temos a capacidade de analisar e de avaliar se os dados que estão sobre a nossa mesa de trabalho são totalmente confiáveis? O que eles nos revelam? Nós temos tempo para checar as informações obtidas, verificar sua consistência e detectar pequenos detalhes que podem trazer enormes diferenças nos resultados de vendas, finanças, desempenho de pessoas e outros aspectos relevantes para a continuidade dos negócios? Ou estamos apenas repassando uma folha de papel para ficarmos livres dela mais rapidamente? Se, há 15 ou 20 anos, perdíamos muito tempo no levantamento manual de dados, por outro lado, isso nos permitia a análise instantânea do que estava sendo transformado em informação. Estávamos ao mesmo tempo obtendo informações e analisando o seu conteúdo, avaliando detalhes que podiam influenciar decisivamente o negócio da empresa. Era justamente essa capacidade analítica que tornava um funcionário diferenciado e valorizado dos demais dentro de um ambiente organizacional. Essa facilidade se perdeu nos 18 dias atuais, uma vez que a nossa vida se transformou num grande computador. Hoje fazemos parte de processos nas organizações que nos cobram cada vez mais rapidez e menos tempo para analisar profundamente o que estamos fazendo e como estamos fazendo, em busca apenas de resultados. Estamos perdendo a capacidade de analisar números, dados, informações, tendências, históricos, transformando-nos num pacote de negócios. Perdemos a capacidade de demostrar, utilizar e desenvolver nossos talentos e habilidades no manuseio de informações, nos relacionamentos interpessoais e na melhoria dos sistemas de comunicação. A Tecnologia da Informação veio para ficar e facilitar a nossa vida, mas devemos ter discernimento quanto à sua aplicação, lembrando que ela deve ser utilizada para a nossa evolução profissional e intelectual. E, consequentemente, para o crescimento das organizações, da economia e do País como um todo. A configuração e a otimização dos sistemas de informação devem partir da identificação regular de necessidades de coletar, tratar, guardar e disponibilizar informação de três tipos principais: »» de apoio às operações diárias; »» de acompanhamento do progresso dos planos de ação; e »» de subsídio ao processo de tomada de decisões; Por mais simples que seja a organização, a informatização adquire um papel importante na configuração da maioria dos seus sistemas de informação, pois promove a produtividade dos processos e a integração e qualidade da informação, na sua produção e entrega. Por isso, um plano de informatização, ou similar, é elaborado, mantido atualizado e implementado periodicamente, considerando as necessidades dos usuários, que são consultados regularmente para expressarem suas necessidades. Para isso, são utilizados canais de comunicação entre os 19 usuários e os supridores dos sistemas de informação, como pesquisas, reuniões ou entrevistas. Esse plano também é mantido alinhado às estratégias da organização, incorporando projetos de sistemas de informação necessários à sustentação e ao desdobramento dessas estratégias. Tais projetos podem contemplar, por exemplo, novas necessidades emergentes do próprio modelo de negócio, necessidades de novos produtos, novos tipos de relacionamento com mercado, clientes e fornecedores. Projetos de sistemas de informação podem incluir também a melhoria da produtividade, reorganização do sistema de trabalho, aprimoramento do controle, gerenciamento de riscos e qualquer outra melhoria que exija o desenvolvimento ou a reconfiguração dos sistemas de informação. Por isso, a atualização desse plano costuma ser realizada em harmonia com a atualização das estratégias da organização para que o emprego da Tecnologia da Informação, que representa investimentos significativos, esteja a serviço das estratégias e não seja um fim em si mesmo. No preparo do plano, a Tecnologia da Informação tem papel destacado. O acompanhamento da evolução dessa tecnologia e sua incorporação contínua nos sistemas de informação requerem um gerenciamento adequado, em razão dos investimentos, dos prazos para incorporação, das alterações nos processos e das mudanças comportamentais exigidas. Esse gerenciamento, conforme o perfil da organização, pode requerer desde processos menos complexos, com um plano de atualização de tecnologia de hardware, software e telecomunicações, até abrangentes processos de governança de Tecnologia da Informação. O levantamento de necessidades para os sistemas de informação não informatizados deve seguir a mesma lógica. Os responsáveis consultam os usuários e analisam se as estratégias demandam ações para ajustamento do sistema e se a incorporação de Tecnologia da Informação atualizada pode trazer ganhos para o sistema. Por exemplo, o sistema de gestão à vista em murais, cujas características seriam projetadas por um comitê da qualidade, considerando-se as demandas dos usuários e as estratégias de pessoal, de 20 processo e de produto, poderia passar para plataformas de Tecnologia da Informação quando sistemas de monitores eletrônicos se tornassem economicamente viáveis (SEVERINO, S/D). CAPÍTULO 2 Origem da Teoria Geral de Sistemas Por volta da década de 1950, o biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy elaborou uma teoria interdisciplinar para transcender os problemas exclusivos de cada ciência e proporcionar princípios gerais (sejam físicos, sejam biológicos, sejam sociológicos, sejamquímicos etc.) e modelos gerais para todas as ciências envolvidas, de modo que as descobertas efetuadas em cada uma pudessem ser utilizadas pelas demais. Essa teoria interdisciplinar – denominada Teoria Geral dos Sistemas (TGS) – demonstra a interação entre as ciências, permitindo a eliminação de suas fronteiras e o preenchimento dos espaços vazios entre elas. A TGS é essencialmente totalizante. A TGS baseia-se em três princípios básicos. a) Expansionismo. b) Pensamento sintético. c) Teleologia. Expansionismo: é o princípio que sustenta que todo fenômeno é parte de um fenômeno maior. O desempenho de um sistema depende de como ele se relaciona com o todo maior que o envolve e do qual faz parte. O expansionismo não nega que cada fenômeno seja constituído de partes, mas a sua ênfase reside na focalização do todos do qual aquele fenômeno faz parte. Pensamento sintético: é o fenômeno visto como parte de um sistema maior e é explicado em termos do papel que desempenha nesse 21 sistema maior. Os órgãos do organismo humano são explicados pelo papel que desempenham no organismo e não pelo comportamento de seus tecidos ou estruturas de organização. A TGS está mais interessada em juntar as coisas do que em separá-las. Teleologia: é o conjunto das especulações que se aplicam à noção de finalidade e às causas finais. É o princípio segundo o qual a causa é uma condição necessária, mas nem sempre suficiente para que surja o efeito. Em outros termos,a relação causa-efeito não é uma relação determinística ou mecanicista, mas simplesmente probabilística. A teleologia é o estudo do comportamento com a finalidade de alcançar objetivos e passou a influenciar poderosamente as ciências. A TGS permitiu o surgimento da Cibernética e influiu na Teoria Geral da Administração, redimensionando totalmente suas concepções. Foi uma verdadeira revolução do pensamento administrativo. A teoria administrativa passou a pensar sistemicamente. Três teorias são fruto da TGS: Tecnologia e Administração; Teoria Matemática da Administração e Teoria de Sistemas. Sistema é um conjunto de elementos dinamicamente relacionados, formando uma atividade para atingir um objetivo, operando sobre dados/energia/matéria para fornecer informação/energia/matéria. Principais Conceitos: 1. Informação: é tudo o que permite reduzir a incerteza a respeito de algo. 2. Energia: é a capacidade utilizada para movimentar e dinamizar o sistema, fazendo-o funcionar. 3. Materiais: são os recursos a serem utilizados pelo sistema, como meios para produzir as saídas (produtos e/ou serviços). 4. Saída (output): é o resultado final da operação de um sistema. 22 5. Retroação (feedback): é um mecanismo segundo o qual uma parte da energia de saída de um sistema volta à entrada. 6. Homeostasia: é um equilíbrio dinâmico obtido pela autorregulação, ou seja, pelo autocontrole. Teoria da Informação: A Teoria da Informação é um ramo da matemática aplicada que utiliza o cálculo da probabilidade. Originou-se, em 1920, com os trabalhos de Szilar e Nyquist, desenvolvendo-se, posteriormente, com as contribuições de Hartley, Shannon, Kolmogorov, Wierner entre outros. Consolida-se com os estudos de Shannon e Weaver, no campo da telegrafia e telefonia, em 1949. Formularam uma teoria para medir e calcular a quantidade de informação, com base em resultados da física e estatística. O sistema de comunicação tratado na Teoria da Informação consiste em seis componentes: fonte, transmissor, canal, receptor, destino e ruído. 1. Fonte: pessoa, coisa ou processo que emite ou fornece as mensagens por intermédio do sistema. 2. Transmissor: processo ou equipamento que opera a mensagem, transmitindo-a da fonte ao canal. 3. Canal: equipamento ou espaço intermediário entre o transmissor e o receptor. 4. Receptor: processo ou equipamento que recebe a mensagem no canal. O receptor decodifica a mensagem para colocá-la à disposição do destino. 5. Destino: pessoa, coisa ou processo a quem é destinada a mensagem no ponto-final do sistema de comunicação. 23 6. Ruído: quantidade de perturbações indesejáveis que tendem a deturpar e a alterar as mensagens transmitidas. CAPÍTULO 3 Estruturação de Sistemas de Informação, utilização e atualização de Tecnologia da Informação. Os Sistemas de Informação, independentemente de seu nível ou classificação, têm como maior objetivo auxiliar os processos e as tomadas de decisões na empresa. Se os sistemas de Informação não se propuserem a atender a esse objetivo, sua existência não será significativa para a empresa (SEVERINO, S/D). O planejamento dos Sistemas de Informação é uma atividade que define o futuro desejado para os sistemas da organização, o modo que deverão ser suportados pelas tecnologias. Os principais objetivos de se fazer um planejamento são: buscar maior eficiência interna, criando uma base de informações necessárias ao bom funcionamento operacional e gerencial; administração das informações do ambiente externo; planejamento dos recursos de Tecnologia da Informação para suportar o Sistema de Informação envolvendo qualidade de hardware e software; utilização da informação perante os concorrentes. Os Sistemas de Informação devem fazer parte integrante da atividade de planejamento estratégico da empresa, diante da sua importância. O planejamento ainda resulta inevitavelmente em mudanças na organização, que se manifestam principalmente nos funcionários, obrigando-os a refletir sobre a organização, a desejar acompanhar a evolução e a inovação organizacional da empresa. 24 Para o desenvolvimento dos Sistemas de Informação, é necessário um grande entendimento e detalhamento da composição de um projeto. Estes vêm ao encontro dos modernos conceitos de Engenharia de Software, qualidade e produtividade de projetos. Em razão da complexidade e dos altos custos envolvidos no processo de definição, desenvolvimento, implantação e atualização dos sistemas de informação, o emprego de mecanismos gerenciais assume um papel importante para evitar desperdícios e atender às necessidades da organização com sucesso. Existem aspectos críticos que podem, e devem, ser considerados para o sucesso de cada uma dessas atividades, conforme o porte do sistema. A estruturação dos sistemas de informação precisa ser gerenciada para atender plenamente às necessidades levantadas. Os métodos especializados de desenvolvimento e manutenção de sistemas de informação em aplicativos informatizados, em geral, abrangem, com seus elementos, o processo de desenvolvimento, implantação e atualização. Entre as ferramentas gerenciais relacionadas à estruturação desses sistemas, podemos citar as práticas proativas cobertas pelas normas ISO, relacionadas a software, bem como padrões mais detalhados para desenvolvimento e operação de sistemas, como o Capability Maturity Model Integration (CMMI) do Software Engeneering Institute da Carnegie Mellon. Muitas vezes, esse processo é gerenciado em conjunto com fornecedores externos especializados em serviços de informática, que, pela natureza de seu negócio, adota na gestão de seu processo de produção de soluções esse tipo de metodologia. De qualquer maneira, os métodos utilizados devem assegurar o atendimento das necessidades levantadas na organização cliente. Para o desenvolvimento e amanutenção dos sistemas de informação não informatizados, as práticas podem variar, mas também devem abranger as atividades de definição, desenvolvimento, implantação e atualização dos 25 sistemas, de forma a garantir o atendimento pleno das necessidades levantadas. Para essa finalidade, podem ser empregados métodos menos sofisticados de gestão de projetos, de melhoria contínua, de controle da qualidade e de tratamento de anomalias que incorporem, de uma forma ou de outra, os conceitos do PDCL. Utilização e Atualização de Tecnologia da Informação De acordo com Severino (S/D), primeiramente, é importante ressaltar que, em muitas empresas, Unidade de Tecnologia da Informação tem dado excessiva atenção para as tecnologias aplicadas à informática, tal como hardware, software e seus periféricos. Muitas vezes, esquecem-se de sua principal finalidade e utilidade, que é o desenvolvimento e a melhoria dos Sistemas de Informação, para auxiliar a empresa em seus negócios, processos e atividades. Pode-se conceituar a Tecnologia da Informação como recursos tecnológicos e computacionais para a geração e uso da informação. Esse conceito se enquadra na visão de gestão da Tecnologia da Informação e do Conhecimento. A manutenção do sistema envolve verificações, mudanças e aperfeiçoamentos no sistema para torná-lo mais propenso a atingir as metas dos usuários e da organização. A manutenção de software é uma grande preocupação para as organizações. Em alguns casos, os problemas são tão sérios que podem ser necessários reciclar todo o processo de desenvolvimento do sistema. O Mizuho, um banco japonês formado pela fusão de duas companhias, encarou grandes problemas computacionais que atrapalharam milhões de clientes e que poderiam ter afetado a reputação do banco. Em outras situações, pequenas modificações são suficientes para remediar os problemas (SEVERINO, S/D). Uma vez que o programa tenha sido desenvolvido, é provável que eleprecise de manutenção. Comparativamente, um programa é como um carro que precisa de troca de óleo, regulagem de motor e reparos em certas 26 ocasiões. A experiência mostra que se forem feitas pequenas manutenções com frequência, podemos evitar grandes problemas no sistema mais tarde. São estas algumas razões para a manutenção de um programa. »» Mudanças nos processos de serviço. »» Novos requisitos de acionistas, usuários e gerentes. »» Falhas ou erros no programa. »» Problemas técnicos e de hardware. »» Fusões e aquisições de empresas. »» Regulamentos governamentais. »» Mudanças no sistema operacional ou nos dispositivos em que a aplicação é executada. »» Eventos não esperados, como, por exemplo, o ataque terrorista de 11 de setembro. Muitas companhias modificam os programas existentes em vez de os desenvolverem, já que eles executam muitas funções importantes e as empresas podem possuir milhões de dólares investidos em sistemas legados. Assim, logo que novas necessidades de sistemas são identificadas, o fardo de suprir essas necessidades geralmente cai em cima dos sistemas antigos. Programas antigos são modificados repentinamente para suprir essas novas carências. O ambiente empresarial está mudando continuamente, tornando-se mais complexo e menos previsível, e cada vez mais dependente de informação e de toda a infraestrutura tecnológica que permite o gerenciamento de enormes quantidades de dados. A tecnologia está gerando grandes transformações, que estão ocorrendo a nossa volta de forma ágil e sutil. É uma variação com 27 consequências fundamentais para o mundo empresarial, causando preocupação diária aos empresários e executivos das corporações, com o estágio do desenvolvimento tecnológico das empresas e/ou de seus processos internos. A convergência dessa infraestrutura tecnológica com as telecomunicações que aniquilou as distâncias está determinando um novo perfil de produtos e de serviços. Nos dias de hoje, a indústria de Tecnologia da Informação, muito competitiva, evolui rapidamente, a fim de proporcionar soluções cada vez melhores para o gerenciamento da informação nas organizações. A promoção de canais de comunicação suportados pela Tecnologia da Informação com clientes, fornecedores e parceiros devem estar voltados para permitir alavancar o negócio e promover a integração das informações. A atualização tecnológica dos sistemas de informação é um grande desafio, não só em razão da complexidade da tecnologia e velocidade do desenvolvimento, mas, principalmente, por causa da dificuldade de avaliar as tecnologias necessárias para sustentar as estratégias e produzir diferenciais competitivos para a organização. A organização Classe Mundial incorpora práticas para monitorar a Tecnologia da Informação emergente e avaliar e selecionar aquelas que se tornarão úteis, a fim de assegurar a sua atualização. Para isso, recorre a especialistas internos ou externos, que acompanham, sistematicamente, o estado da arte da Tecnologia da Informação em publicações especializadas, feiras e congressos; analisam experiências de outras organizações, dentro ou fora do ramo; e estudam os benefícios que esses aceleradores tecnológicos podem adicionar às estratégias da organização para que tenham êxito, recomendando soluções e compatibilizando com o nível de investimentos em Tecnologia da Informação. Esse monitoramento deve ser considerado, portanto, nos ciclos de formulação das estratégias, para assegurar que possam ser definidas as estratégias para os sistemas de informação, considerando a integração das informações e dos sistemas (SEVERINO, S/D). 28 CAPÍTULO 3 Disponibilização e Segurança das Informações O controle de acesso às informações pode ser elaborado por meio de senhas (ou passawords) específicas para cada cliente/usuários, as quais devem ser alteradas com certa regularidade. Sua principal função é permitir ou não o acesso a determinado sistema, mas não controla o nível de acesso às informações do sistema (SEVERINO, S/D). Os níveis de acesso às informações requerem organização de alçadas, restrições e responsabilidade pelo acesso, que determinam onde e como cada cliente e/ou usuário pode acessar informações específicas. Preferencialmente, devem ser distribuídas para atendimento das funções empresárias, considerando os níveis de informação (estratégico, gerencial e operacional). A disponibilização das informações aos usuários tem a característica de uma prestação de serviço, cuja complexidade varia de acordo com o perfil da organização. Eventuais deficiências nesse serviço podem gerar impactos adversos generalizados nas operações diárias, no acompanhamento dos planos de ação e na tomada de decisões em todos os níveis. Os usuários internos e externos, clientes desse serviço, podem, em muitos casos, até paralisar suas atividades em razão dessas deficiências. Por essa razão, a organização Classe Mundial gerencia os recursos necessários ao serviço de informações aos seus usuários, projetando, implementando, avaliando e assegurando o pleno funcionamento da infraestrutura necessária à geração e à disponibilização de informações. O parque de hardware, software e de comunicação de dados é administrado tal que os canais – redes ou dispositivos de entrada, 29 armazenamento e saída de dados – sejam compatíveis com as demandas e estejam disponíveis e acessíveis para responder, ágil e prontamente, às necessidades dos usuários. Essa administração, quase sempre terceirizada, em razão da especialização necessária, incorpora, frequentemente, mecanismos proativos, como para monitorar a disponibilidade dos sistemas e do tempo de acesso e resposta ao usuário, e o estabelecimento de acordos de nível de serviço entre áreas provedoras e áreas usuárias, incluindo serviços regulares de suporte e resposta a problemas – help desk. A segurança da informação é constituída por um conjunto de controles, incluindo política, processos, estruturas organizacionais, normas e procedimentos de segurança. A vulnerabilidade das redes corporativas cresce em ritmo mais acelerado do que as atualizações e correções dos Sistemas de Informação. Apesar dos antivírus e firewall (para barrar invasões externas) estarem em todas as empresas, isso não é suficiente para que o sistema esteja livre de vírus, cavalos de troia, ataques combinados, vazamento de informações ou fraudes. A complexidade das estruturas das corporações em função dos números de periféricos, redes, banco de dados e outros aplicativos exige proteção de toda a infraestrutura. Pois cada usuário é um ponto fixo nas redes IP de alta velocidade, pois estão sempre conectados on-line e acabam nem percebendo quando são vítimas de um ataque. Por esse motivo o gerenciamento e a gestão da segurança são duas modalidades apontadas como as principais fontes de negócios nesse mercado e andam na contramão da queda de investimentos da área de Tecnologia da Informação. A Gestão da Segurança das Informações abrange os aspectos necessários para garantir a atualização e preservação da confidencialidade, a integridade e disponibilidade das informações. A organização Classe Mundial estabelece políticas de segurança das informações; avalia e trata os riscos 30 relativos a essa segurança; estabelece responsabilidades e estruturas para viabilizar a política; define níveis de classificação, acesso e propriedade das informações; e implementa ferramentas de proteção de instalações e de banco de dados, além de mecanismos que assegurem a continuidade dos serviços de informação em situações emergenciais. A inexistência da prática do gerenciamento da segurança das informações pode expor a organização a situações adversas, como: »» criação de gargalos ou problemas operacionais para clientes e outras partes interessadas em razão de atrasos ou descompassosnos ciclos de atualização de suas informações; »» perdas de competitividade ou de ativos resultantes de ocorrência de roubo ou fraudes de informações em decorrência da proteção inadequada de suas informações em relação à confidencialidade; »» descontinuidade operacional causada por perda irreversível de suas informações, incluindo bibliotecas de aplicativos de software, em consequência de desastres; e »» interrupções de acesso às informações decorrentes de falhas de infraestrutura e do serviço de geração de comunicação de dados. O nível de atualização das informações pode variar de acordo com a necessidade dos usuários: informações para apoiar os processos; acompanhamento dos planos de ação ou tomada de decisões, atualizadas em tempo real ou em uma frequência maior, conforme o processo. Por outro lado, podem existir limites técnicos ou financeiros, de áreas abastecedoras de dados ou de áreas geradoras de informações para poder atender às necessidades de atualização na frequência ideal. Sabe-se, por exemplo, que atualizações de dados e recuperação de informações de forma on-line consomem mais recursos computacionais para assegurar bom tempo de resposta ao usuário do 31 que se forem efetuadas em pacotes (batch), que consomem menos recursos e, em compensação, aumenta esse tempo. Frequentemente, uma área abastecedora de dados não possui recursos suficientes para alimentar os sistemas de informação em tempo real para atender às necessidades de usuários da informação gerada com esses dados. A organização deve gerenciar o nível de atualização requerida vis-à-vis e os investimentos necessários para que isso seja possível, minimizando os impactos decorrentes do não atendimento a essas necessidades. Por meio do planejamento da integração dos sistemas de informação, com envolvimento dos usuários das diversas áreas, o nível de atualização requerida e as prioridades devem, para isso, ser estabelecidas proativamente, em tempo de projeto dos sistemas, visando a harmonizar os interesses e a minimizar impactos da não atualização sistemática de informações críticas de acordo com o requerido. A disponibilização de acesso aos sistemas de informação a clientes e a fornecedores promove a utilização de informações atualizadas, evitando-se atrasos e filas, decorrentes da reentrada de dados. A adoção de sistemas de informação integrados com bancos de dados também integrados proporciona agilidade na atualização das informações entre os diversos sistemas da organização. O gerenciamento da confidencialidade das informações da organização abrange o estabelecimento e a implementação de políticas de controle do acesso autorizado aos seus sistemas de informação, o que inclui também as informações impressas em documentos. O controle de acesso autorizado aos sistemas e banco de dados inclui regras de uso de senhas e outros dispositivos de reconhecimento do usuário autorizado, bem como de atualização sistemática de ferramentas de proteção do acervo de informações contra apropriação indébita de documentos ou fraude eletrônica. 32 A administração de acesso a documentos impressos inclui regras de classificação no ato da geração, manuseio e cópias desses documentos, bem como de mecanismos de controle de posse de documentos classificados por meio de inspeções regulares – por exemplo, por auditorias de segurança. A classificação de documentos pode incluir categorias diferenciadas, como, “somente uso interno”, “confidencial”, “confidencial restrito” ou “confidencial registrado”, de acordo com o tipo de informação e do perfil da organização, e permite estabelecer salvaguardas para defesa jurídica contra eventuais vazamentos não autorizados. Na organização Classe Mundial, é comum as regras de confidencialidade serem incorporadas em códigos de conduta de sua força de trabalho, em cláusulas de confidencialidade de contratos com fornecedores, parceiros e clientes, e, eventualmente, conforme o perfil da organização, até na forma de codificação e exibição de informações, interna ou externamente, por exemplo, das formulações secretas de componentes de seus produtos, de acordo com condições previstas nas políticas. A organização Classe Mundial possui mecanismos para assegurar o uso de informações corretas e confiáveis que buscam a salvaguarda da exatidão e integridade da informação e dos métodos de processamento. Essas salvaguardas são implementadas na forma de mecanismos de: »» verificação de autenticidade de documentos de entrada e saída, eletrônicos ou impressos; »» checagem de consistência, integridade e exatidão de dados de entrada no sistema de informação; »» controle de arquivos armazenados, magnéticos ou não; »» controle de modificações e de autoria de registros; 33 »» inspeção de qualidade de relatórios, controle de versões e licenças dos aplicativos informatizados e de qualquer outra ferramenta que promova a garantia da qualidade da informação. O gerenciamento da disponibilidade visa a garantir que os usuários autorizados obtenham acesso à informação e aos ativos correspondentes sempre que necessário. Isso é promovido por meio de mecanismos que assegurem pronto acesso às informações desejadas, como o emprego de sistemas on-line, canais de acesso via Internet, disponibilização de computadores e dispositivos de acesso remoto para os usuários, proteção física de instalações de hardware e utilização de sistemas redundantes, além dos mecanismos que propiciem o pronto restabelecimento do acesso e a continuidade do serviço de informações, no caso de perdas de informações ou de desastres, como ocorre nas sistemáticas de manutenção de cópias de segurança dos registros vitais e nos procedimentos e ensaios de recuperação de desastre (SEVERINO, S/D). 34 UNIDADE III O TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO DE DOCUMENTOS ELETRÔNICOS CAPÍTULO I – INFORMAÇÃO Conceitos A informação como conceito carrega uma diversidade de significados, do uso quotidiano ao técnico. No dicionário do Aurélio a informação é definida como: “Ação de informar ou informar-se. Notícia recebida ou comunicada; informe. Espécie de investigação a que se procede para verificar um fato...”1 Segundo o Dicionário brasileiro de terminologia arquivística2, é o “elemento referencial, noção, ideia ou mensagem contidos num documento.”. Para Silva (2014), é “o conjunto estruturado de representações codificadas (símbolos, significantes) socialmente contextualizadas e passíveis de serem registadas num qualquer suporte material (papel, filme, disco magnético, óptico etc.) e/ou comunicadas em tempos e espaços diferentes.” De acordo com a Lei no 12.527 de 2011, a Lei de Acesso à Informação, podemos entender por informação os “[...] dados, processados ou não, que podem ser utilizados para produção e transmissão de conhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato”. Note-se que a informação é relacionada com noções de dados, controle, comunicação e conhecimento. Assim, podemos dizer que todo dado produzido, processado, manipulado e organizado é considerado informação, esteja ele registrado em papel, em arquivos de computador, em filmes ou em 1 Disponível em: <http://www.dicionariodoaurelio.com/Informacao.html>. 2 Arquivo Nacional, 2005, p. 107. http://www.dicionariodoaurelio.com/Informacao.html 35 qualquer outro meio. Mas, é importante estabelecer a diferença clara entre dados, informação e conhecimento. Pois, a produção de dados não estruturados não conduz automaticamente à criação de informação, da mesma forma que nem toda a informação é sinônimo de conhecimento. Toda a informação pode ser classificada, analisada, estudada e processada a fim de gerar saber. Hoje, a informação é parte integrante de toda atividadehumana, individual ou coletiva. Assim, temos uma mudança de paradigma de Sociedade Industrial para Sociedade da Informação em que a ênfase está nas tecnologias intensivas em informação, flexíveis e computadorizadas3. Essa Sociedade da Informação representa uma profunda mudança na organização social e econômica, a ponto de ser considerada um novo paradigma técnico- econômico. É um fenômeno global, com elevado potencial transformador das atividades sociais e econômicas, uma vez que a estrutura e a dinâmica dessas atividades inevitavelmente serão, em alguma medida, afetadas pela infraestrutura de informações disponível. (MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2000. p. 5). Essa importância da informação como elemento-chave inicia-se com o grande progresso tecnológico dos anos 1970 favoreceu um desenvolvimento espantoso das telecomunicações e da informática. E, hoje, essa Sociedade da Informação permite estabelecer as comunicações em condições surpreendentes de quantidade, rapidez e fidedignidade, permite que a informação circule sem obstáculos para todos os destinos. Nesse novo paradigma, a informação é sua matéria-prima, é um dos fatores essenciais nas organizações, tanto pública quanto privada, pois ela é a base para o processo decisório.4 Como constatamos, nessa nova sociedade, a informação encontra- se presente, de maneira intensa, na vida social dos povos de todos os países, independentemente do seu nível de desenvolvimento, tamanho, ou filosofia 3 Werthein, 2000. 4 Cavalcanti; Damasceno; Neto, 2013. 36 política, desempenhando um papel central na atividade econômica. A informação tornou-se uma necessidade crescente para qualquer setor da atividade humana e é indispensável. Contudo, essa sociedade traz no seu bojo questões que apresentam contrastes marcantes do ponto de vista social.5. O acesso à informação, nos novos tempos, significa o investimento adequado para diminuir as desigualdades sociais. Afinal, sem informação uma sociedade jamais terá a oportunidade de entender seus direitos e deveres. INFORMAÇÃO ORGÂNICA REGISTRADA Segundo Lousada e Valetim (2011), a informação que é produzida internamente na organização é denominada informação orgânica, e é gerada em decorrência do cumprimento das funções organizacionais, pelos próprios colaboradores da organização que, ao mesmo tempo, são produtores e consumidores. Isto é, a informação orgânica é intrínseca à organização que a gerou e pode gerar novas informações de caráter orgânico. A informação orgânica registrada é aquela gerada em decorrência do exercício das funções e atividades próprias de uma organização ou entidade. Ela constitui o fundamento dos documentos arquivísticos, que incluem todos os registros de qualquer espécie ou natureza, sejam eles digitais ou analógicos. E é fundamental para atingir missão, funções e objetivos de uma entidade, devendo ser gerenciada de modo apropriado, da mesma forma que os demais recursos. Portanto, sua gestão deve ser específica, conforme teorias e métodos arquivísticos.6 Este tipo de informação um recurso importante para os processos organizacionais, inclusive o decisório. Contudo, nem todas as informações orgânicas podem ser utilizadas para um processo decisório, daí a necessidade de reconhecer quais possuem tal valor. Nesse sentido, elas devem ser: “[...] selecionadas, tratadas, organizadas e acessíveis, de forma que propicie a redução das incertezas. Portanto, é de suma 5 Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000. 6 Rousseau; Couture, 1998, p. 61-69. 37 importância que o acesso à informação seja no tempo certo, que a informação seja confiável, bem como seja consistente.” (LOUSADA; VALETIM, 2011, p. 156) Os arquivos, ou melhor, a informação orgânica registrada colabora para que os objetivos de uma organização ou empresa possam ser atingidos, garantindo, assim, melhores resultados. Além disso, é acessível somente pela própria organização, fato que a torna um recurso estratégico. Principalmente após análises diferenciadas em que é possível agregar valor à informação original, transformando-a em um insumo informacional diferenciado. Os arquivos colaboram com o desenvolvimento e o aperfeiçoamento do trabalho dos gestores. INFORMAÇÃO ORGÂNICA PÚBLICA Os servidores públicos produzem diariamente uma grande quantidade de informações na forma de planilhas, atas de reuniões, editais, contratos, processos, projetos de leis, decisões judiciais, bancos de dados eletrônicos, relatórios, pareceres, pesquisas – todas para propósitos públicos. Por isso ao longo das últimas décadas, tratados internacionais, decisões judiciais e o próprio contexto social de diversos países têm contribuído para um cenário favorável ao reconhecimento do acesso à informação, sobretudo em posse dos órgãos públicos, como um direito humano fundamental. Conforme verificamos a seguir. Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e de expressão; esse direito inclui a liberdade de ter opiniões sem sofrer interferência e de procurar, receber e divulgar informações e ideias por quaisquer meios, sem limite de fronteiras. (Declaração Universal dos Direitos Humanos, da Organização das Nações Unidas, art. 19, 1948). Toda e qualquer pessoa tem direito à liberdade de expressão; este direito compreende a liberdade de procurar, receber e expandir informações e ideias de toda a espécie, sem consideração de fronteiras, sob forma oral ou escrita, impressa ou artística, ou por qualquer outro meio à sua escolha. (Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, da Organização das Nações Unidas, art. 19, 1966) 38 O acesso à informação em poder do Estado é um direito fundamental do indivíduo. Os Estados estão obrigados a garantir o exercício desse direito. Este princípio só admite limitações excepcionais que devem estar previamente estabelecidas em lei para o caso de existência de perigo real e iminente que ameace a segurança nacional em sociedades democráticas. (Declaração Interamericana de Princípios de Liberdade de Expressão, da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, item 4, 2000). No Brasil, a Constituição da República Federativa, de 1988, reconhece o direito de acesso a informações públicas como um direito fundamental do indivíduo. E, em seu art. 5o, o texto constitucional afirma: [...] XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; [...] XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Em 1991, a Lei no 8.159 instituiu a Política Nacional de arquivos públicos e privados e dispôs claramente sobre o dever do Poder Público de cuidar da gestão documental e da proteção a documentos de arquivos. E afirma em seu art. 4o: Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular ou de interesse coletivo ou geral, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, à inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas. Mas, faltava no Brasil uma lei que regulamentasse esse direito, definindo procedimentos a serem observados tanto pela Administração Pública, quanto pela sociedade, para a entrega das informações. Para preencher essa lacuna, foi publicada, em 2011, a Lei no 12.527, a Lei de Acesso à Informação (LAI). Essa Lei se propõe a regulamentar o acesso à informação pública no Brasil, com a finalidade de incrementar os meios para que a população possa fiscalizaros instrumentos de controle da gestão pública. A ideia geral da LAI é que as informações produzidas pelo Estado dizem respeito ao interesse público e, portanto, devem estar acessíveis a todas as pessoas. Nessa nova lógica, o acesso à informação pública passa a ser a regra e o sigilo, a exceção. Logo, as 39 informações produzidas pela administração pública são públicas e podem ser acessadas por toda sociedade. Cavalcanti, Damasceno e Neto (2013, p. 115) ressaltam que não se trata apenas da abertura em termos informativos, mas, também, em termos interativos. De acordo com os autores, “os cidadãos precisam de informação para ver o que está acontecendo dentro do governo e de voz para participar e expor suas opiniões.” Assim, voz e visão se unem na ideia de debate informado. No entanto, disponibilizar a informação não confere ao usuário a compreensão e, sobretudo, a capacidade de fazer conclusões acerca de seu conteúdo. Para tanto, segundo os autores acima, é necessário “estabelecer uma transparência clara da informação de modo que seja possível fazer inferências, os governos terão que aprender a registrar, catalogar e organizar as informações, além de disponibilizá-las de maneira mais adequada na Internet”. (Idem, p. 117). O direito ao acesso à informação assegura que qualquer cidadão que deseje receber informações públicas não classificadas como sigilosas possa obtê-las conforme determinam os art. 1o, art. 2o, art. 8o § 2o , art. 23 e art. 24 da Lei Federal no 12.527, de 2011. Contudo, essa Lei vai além, pois provoca uma mudança paradigmática nas Organizações Públicas e na forma de geri-la, transformando o amplo acesso às informações como regra e o sigilo a exceção. A implementação de ações concretas na promoção da transparência governamental e o incentivo à participação social na gestão governamental têm ganhado espaço na agenda pública em diversos países ao redor do Mundo. Como podemos constatar a seguir: “Cada Estado-Parte deverá […] tomar as medidas necessárias para aumentar a transparência em sua administração pública […] procedimentos ou regulamentos que permitam aos membros do público em geral obter […] informações sobre a organização, funcionamento e processos decisórios de sua administração pública [...]” (Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, arts. 10 e 13, 2003) 40 As transformações sociais ocorridas no final do século XX têm contribuído para o reconhecimento do acesso à informação como um direito. A democratização de vários países e regiões, a partir dos anos 1980, e os grandes avanços nas tecnologias de informação e comunicação iniciadas a partir do pós-guerra mudaram completamente a relação das sociedades com a informação e o uso que fazem dela. O acesso às informações públicas é fundamental para consolidação das democracias, pois possibilita aos cidadãos participarem efetivamente das decisões que os afetam. Por isso, os órgãos e entidades públicas devem se esforçar continuamente para aprimorar sua comunicação com a sociedade e para divulgar as informações em uma linguagem acessível. Afinal, utilizando as informações públicas de maneira eficiente, o cidadão amplia suas possibilidades de participar do debate público e da gestão do Estado. A INFORMAÇÃO NA NOVA ADMINSTRAÇÃO PÚBLICA VOLTADA PARA O CIDADÃO A queda do Keynesianismo7 a partir de 1970 provocou uma mudança na atuação do Estado em grande parte dos países do mundo. Castro e Gomes (2011) ressaltam que como resultado os tradicionais paradigmas organizacionais da empresa pública e os do padronizado Ministérios do Bem- Estar Social foram modificados com o advento de novas formas, novos papéis e novas culturas organizacionais. Como, por exemplo, o movimento destinado a introduzir, nos órgãos públicos, padrões de gestão semelhantes aos adotados pelas empresas privadas. 7 A doutrina keynesiana é uma teoria econômica que ganhou destaque no início da década de 1930, no momento em que o capitalismo vivia uma de suas mais graves crises. Segundo o pensamento keynesiano, a premissa fundamental para se compreender uma economia encontrava-se na simples observação dos níveis de consumo e investimento do governo, das empresas e dos próprios consumidores. O keynesianismo defende a necessidade do Estado em buscar formas para se conter o desequilíbrio da economia (SOUSA, s/d). 41 A Administração pública que visa a modernização do Estado tornando-o mais eficiente e voltada pra o cidadão-usuário8 teve início em países da Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE)9, principalmente no Reino Unido, Nova Zelândia, Austrália, e se estendeu nos anos 1990 para os Estados Unidos e Brasil. A administração burocrática perde lugar para esse novo modelo gerencial da Administração Pública em que o foco é o cidadão e um serviço público de melhor qualidade com participação da sociedade e controle social da gestão.10 Qualidade e inovação são conceitos-chave muito utilizados por essa Administração voltada para o cidadão. A qualidade é o “conjunto de características de um produto ou serviço que satisfazem as necessidades e as expectativas do cliente”, e passa a fazer parte da esfera pública na medida em que o cidadão passa a ser considerado um usuário e receptor da ação das organizações públicas. “Assim, qualidade passa a significar a satisfação das necessidades e expectativas dos cidadãos, supondo, ainda, a redução dos custos e a melhora permanente dos processos de acordo coma as exigências da sociedade.”11 No Brasil, a partir de 1990, a necessidade de nova reforma no sentido de modernizar e dar racionalidade e eficiência ao Estado e uma administração pública mais voltada para o cidadão-usuário foram debates em diversas esferas do governo e da sociedade brasileira. E a Reforma da Gestão Pública brasileira foi iniciada em 1995/1998.12 Nesse modelo de administração pública gerencial, adotado pelo Brasil, o sucesso depende do conhecimento sobre as informações mantidas pelos órgãos públicos. Além disso, as novas tecnologias intensificaram a velocidade com que os poderes públicos e outros setores da sociedade produzem, circulam e demandam informações. Logo, 8 O modelo de administração pública gerencial inspirou-se na administração privada, mas manteve uma distinção fundamental que é a defesa do interesse público. Um exemplo disso é o termo cliente substituído por cidadão. Isso ocorre pela percepção crescente, de que, no setor público o critério de eficiência está subordinado ao critério democrático e que a administração pública não pode ser compreendida fora dos princípios do poder e da legitimidade. Afinal um cidadão pleno é o objeto dos serviços públicos e também seu sujeito (COUTINHO, 2000). 9 A OCDE é uma organização internacional de 34 países que aceitam os princípios da democracia representativa e da economia de livre mercado, que procura fornecer uma plataforma para comparar políticas econômicas, solucionar problemas comuns e coordenar políticas domésticas e internacionais (WIKIPÉDIA, 2014). 10 Coutinho, 2000, pp. 40-41. 11 Idem, p.48. 12 Silva (2004). http://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_internacional http://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia_representativa http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_de_livre_mercado http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica_econ%C3%B3mica 42 tornou-se mais fácil e legítimo a sociedade solicitar mais informações para controlar os atos governamentais, cobrar dos líderes ações corretas e contribuir para os processos decisórios dos seus representantes. Grandes são os desafios postos às instituições públicas num mundo cada vez mais inserido na sociedade da informação. Saber organizar, utilizar e disponibilizar as informações, sobretudoas arquivísticas e, mais ainda, contribuir para que a informação recebida transforme-se em conhecimento, melhorando a qualidade de vida dos cidadãos é um dos principais desafios da nova Administração Pública. A gestão documental é um importante instrumento para a modernização administrativa, e precisa de uma intervenção articulada e integrada para criar novos sistemas de valores. GESTÃO DOCUMENTAL De forma genérica, a Gestão Documental é o conjunto de procedimentos e operações técnicas para o tratamento da informação orgânica registrada. Mas antes precisamos entender alguns conceitos e termos importantes, como documento, arquivo e documento arquivísticos, entre outros, conforme veremos adiante. DOCUMENTO Segundo a conceituação clássica, “documento é qualquer elemento gráfico, iconográfico, plástico ou fônico pelo qual o homem se expressa” .13 Nessa perspectiva, o documento pode ser o livro, o artigo de revista ou jornal, o relatório, o processo, o dossiê, a carta, a legislação, a estampa, a tela, a escultura, a fotografia, o filme, o disco, a fita magnética, o objeto utilitário 13 Belloto, 2004, p. 35. 43 etc., enfim tudo o que seja produzido, por motivos funcionais, jurídicos, científicos, técnicos, culturais ou artístico, pela atividade humana. Para alguns profissionais, como, por exemplo, o historiador, praticamente tudo pode ser considerado um documento, desde que forneça informação sobre algum problema sujeito à investigação histórica. O documento no senso comum costuma ser entendido “como tudo aquilo que possa registrar (e atestar) o cumprimento de deveres do indivíduo, como cidadão, ou mesmo servir como garantia de direitos; e, em geral, “documento” também costuma estar identificado a “documento escrito”14. Diante das grandes inovações tecnológicas dos últimos tempos a noção de “documento” ampliou enormemente. Uma definição de documento bastante curta e simples, mas contendo o essencial ao conceito é: “Unidade de registro de informações, qualquer que seja suporte ou formato.”15. Portanto, qualquer suporte contendo uma informação constitui um documento. Temos, nesta definição, dois elementos sem os quais não teremos um documento, o suporte16 e a informação. Uma segunda definição de documento, que, repetindo o essencial amplia suas características de uma forma bastante interessante, é dada pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (2002): [...] toda informação registrada em um suporte material, suscetível de consulta, estudo, prova e pesquisa, pois comprova fatos, fenômenos, formas de vida e pensamentos do homem numa determinada época ou lugar. O documento digital, como todo documento é, antes de tudo, uma informação registrada. O que o leva a ser denominado de digital é o fato de que a informação nele contida está registrada por meio de dígitos binários e é acessada e interpretada por meio de um sistema computacional. Na definição do CONARQ, Resolução no 20 de 2004, o documento arquivístico digital é um 14 Gonçalves, 1998, p. 16. 15 Arquivo Nacional, Dicionário brasileiro de terminologia arquivística, 2005, p. 73. 16 Os suportes são os materiais sobre os quais a informação está gravada, isto é, registrada, como, por exemplo: papel, madeira, metal, pedra, couro, películas de filmes e microfilmes, fitas K7, suporte magnético para disquetes, suporte ótico para CDs e DVDs etc. (GONÇALVES, 1998). 44 “[...] documento codificado em dígitos binários, produzido, tramitado e armazenado por sistema computacional.”. Como exemplos, podemos citar textos, imagens fixas e em movimento, gravações sonoras, mensagens de correio eletrônico, páginas web, bases de dados etc. Em resumo, qualquer informação registrada é um documento. Não importa qual é a informação. Como, também, não importa como está registrada ou em que tipo de suporte foi feito o registro. Mas, a variedade dos documentos não impede de identificar elementos característicos comuns, tais como: suporte, forma, formato, gênero, espécie, tipo, contexto. A seguir, temos um quadro para elucidar esses elementos. Quadro 1 – Os elementos característicos dos documentos. Definição Técnica Exemplos SUPORTE “Material sobre o qual as informações são registradas.” Fita magnética Filme de nitrato Papel FORMA “Estágio de preparação e de transmissão de documentos.” Original Minuta Cópia Rascunho FORMATO “Configuração física de um suporte, de acordo com a natureza e o modo como foi confeccionada.” Caderno Cartaz Folha Livro Mapa Planta Rolo filme Diapositivo GÊNERO “Configuração que assume um documento de acordo com o sistema de signos utilizado na comunicação de seu conteúdo” Textual Fotográfica Audiovisual Fonográfica Iconográfica ESPÉCIE “Configuração que assume um documento de acordo com a disposição e a natureza das informações nele contidas.” Boletim Certidão Relatório Declaração TIPO “Configuração que assume uma espécie documental, de acordo com a atividade que o gerou.” Boletim de ocorrência Boletim de frequência Rendimento escolar Certidão de nascimento Certidão de óbito Declaração de bens Declaração de imposto Tabela construída por Gonçalves (1998 p. 19), a partir das definições encontradas no Dicionário de Terminologia Arquivística (AAB-SP, 1996). 45 ARQUIVO Embora os arquivos estejam presentes em nossa vida e estejamos com frequência utilizando documentos arquivísticos, a maioria das pessoas não têm uma noção clara do que é um arquivo e um documento de arquivo. Um arquivo é um conjunto de documentos. Mas, não é todo ou qualquer conjunto de documentos que pode ser considerado um “arquivo”. Há distintas definições na literatura arquivística para o conceito de arquivo, mas há um consenso nessa literatura de que existem elementos fundamentais que independem do contexto temporal dos arquivos. Um desses elementos é a organicidade. Logo, a análise da organicidade pode ser uma referência segura para definirmos o conceito de arquivo. Pode-se definir o termo “organicidade” como a “característica de um todo que é formado por partes inter-relacionadas que concorrem para um mesmo fim”17,.Assim, arquivo pode ser considerado um todo formado por partes inter-relacionadas que concorrem para um mesmo fim. Outro passo para compreender o conceito de “arquivo” é entender o sentido da palavra. Segundo o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, publicado pelo Arquivo Nacional, a palavra “arquivo” tem quatro sentidos: 1) conjunto de documentos, mas não um conjunto qualquer; 2) móvel que guarda os documentos; 3) instituição/repartição que cuida dos documentos; 4) prédio onde se localiza a instituição/repartição. A palavra, ou termo, é uma representação de um conceito. Assim, o conceito de arquivo que corresponde à palavra arquivo, tomada no sentido de um conjunto de documentos de acordo com a Lei no 8.159/1991 em seu art. 2o é: [...] os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, instituições de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física, qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos. 17 Rodrigues, 2004, p. 2. 46 Essa mesma lei federal de Arquivos também conceitua o que são os arquivos públicos em seu art. 7o , § 1o : Os arquivos públicos são os conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas atividades, por órgãos públicos de âmbito federal, estadual, do Distrito Federal e municipal em
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