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Resumo do Livro Objetos de Desejo Capítulo 2: Os primeiros designers industriais O capítulo trata das mudanças na organização das etapas de produção nas indústrias, que ocorreram no século XVIII (18), destacando o papel do design, e do designer, nesse período onde todas as atividades da produção deixam de ser de responsabilidade de uma única pessoa, um único artesão. Dando foco ao trabalho de Josiah Wedgwood, já que, embora ele não tenha sido o primeiro mestre ceramista a separar as etapas da produção, ele atribuía grande valor ao trabalho dos designers na produção. Valor maior até que os artesãos que produziam as peças cerâmicas. Com a intenção de produzir “ampla recompensa”, ou seja, ganhar mais dinheiro, ele traçou três objetivos que condicionaram as mudanças que ele implantou na produção de cerâmica depois: ser capaz de produzir mais, vender mais e lucrar mais. Wedgwood adotou uma nova técnica de venda, além de normalmente enviar peças prontas para comerciantes e mercados como outros ceramistas faziam. Ele montou vitrines de exposição com amostras dos seus produtos, em Londres e em outros lugares, sem estoque para venda. Os clientes podiam somente encomendar a partir dessas amostras. Depois ampliou o sistema, enviando viajantes com amostras para todo o país e o exterior, e também com a publicação de catálogos dos produtos. Esse método de venda prevenia riscos de gastos com estoque e produtos que não seriam vendidos por falta de procura. O único problema desse método era ser capaz de manter a qualidade e a fidelidade às amostras. Nenhum cliente quer encomendar um produto e receber uma cópia mal feita do produto pelo qual ele pagou. E manter a uniformidade era um problema na produção de cerâmica. A cerâmica verde não era adequada para o tipo de produção uniforme e padronizada que Wedgwood pretendia, já que os vidrados podiam ser alterados facilmente não só dependendo da habilidade dos artesãos como da temperatura do forno. Então a cerâmica de vidrado creme, de massa de barro branco foi a escolhida por apresentar resultados consistentes e constantes com condições variadas de forno, era mais difícil de sair do padrão. Mas ainda assim, levaram anos até se aperfeiçoar para resultados completamente uniformes. Também para manter a uniformidade das peças, Wedgwood adotou padrões simples e uso de decalques no lugar das decorações intrincadas e cheias de floreios. A intenção de Josiah era “transformar homens em máquinas”, ou seja, projetar produtos e processos de maneira que diminuísse ao máximo os riscos de mudanças no padrão das peças, fosse por erro ou interferência dos trabalhadores. Há pelo menos 30 anos antes das fabricações de Wedgwood, os ceramistas já haviam se especializado em processos específicos e era comum nas oficinas de cerâmica que as tarefas estivessem divididas em várias etapas, no geral no mínimo sete. Mas Wedgwood dividiu em ainda mais etapas e fez com que cada uma fosse supervisionada de perto. Nesse período, o trabalho de projetar ganhou destaque nas etapas de produção. Em 1750 já havia artesãos especializados em fazer protótipos que serviriam de base para os demais, os chamados modeladores. Wedgwood entendeu que seu objetivo de “transformar homens em máquinas” exigia instruções muito precisas, o que tornava os modeladores, os bons modeladores, peças de altíssima importância na produção e absolutamente essenciais para atingir a uniformidade pretendida. A quantidade de peças produzidas a partir de um modelo, estava diretamente ligada ao valor monetário, ao pagamento, do seu modelador. Devido essa importância, os modeladores se tornaram os trabalhadores mais bem pagos do ramo das cerâmicas, chegando a ganhar até o dobro dos demais artesãos. Além da divisão das etapas, profissionais que atendessem às mudanças de estilo necessárias à produção de Wedgwood o fizeram ver ainda mais claramente a importância essencial dos modeladores. Visto que muitos se recusaram a fazer tais mudanças, Josiah decidiu também contratar artistas de fora da indústria cerâmica para fazer a modelagem de seus artigos, tanto ornamentais quanto utilitários. Mais tarde, incomodado que a “liberdade artística”, que não obedecia padrões, horários ou rotinas, desses profissionais pudesse perturbar a disciplina dos outros trabalhadores, passou a encomendar ou comprar desenhos, sem mais trazer os artistas para dentro da fábrica. Embora a demanda de Wedgwood fosse um grande propulsor para contratar artistas para desenhar seus produtos de cerâmica, o design como uma atividade de especialista já começava a ser essencial globalmente em todo tipo de manufatura, juntamente com a divisão de etapas de produção. O designer podia ser um artista de uma cidade distante, um profissional especializado ou um artesão que trabalhava em outra função dentro da fábrica no restante do tempo. Mas em quase todas as indústrias, este teria que seguir a condição de desenvolver um projeto capaz de ser reproduzido com uniformidade. Essa “limitação” fez com que muitos dos desenhos tivessem características comuns, já que o objetivo era utilizar os meios de produção disponíveis, fossem artesãos ou máquinas, de modo a eliminar ao máximo possível as chances de erro e variações no produto. Muitos historiadores apontam que a introdução de máquinas foi o motivo principal que causou mudanças no design, mas no entanto, não há provas de que qualquer revolução mecânica tenha acontecido na época de Wedgwood. Sua fama se deu não por causa de máquinas, mas pela forma que organizou seus trabalhadores em sua fábrica. Pode-se dizer que sua façanha, e de seus modeladores, foi alcançar formas que satisfizesse tanto as exigências da produção quanto do consumo.
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