Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Hardness Tests, "MetaIs Handbook," pp. 93-105, American Society for Metais, MetaIs Park, Ohio, 1948. Mott, B. W.: "Micro-indentation Hardness Testing," Butterworth & Ca. (Publishers), Ltd., London, 1956. O'Neil, H.: " Hardness Measurement of Metais and AlIoys," Chapman and Hall, London, 1967. Tabor, D.: "The Hardness of MetaIs," Oxford University Press, New York, 1951. Symposium on the Significance af the Hardness Test of MetaIs in Relation to Design, Am. Soe. Test. Mater. Prac., vaI. 43, pp. 803-856, 1943. 12 Fadiga dos Metais Desde 1850, é conhecido o fato de que um metal submetido a uma tensão repetida ou flutuante romperá a uma tensão muito inferior àquela necessária para ocasionar fratura devido à aplicação de uma carga estática. As falhas mecânicas decorrentes destas con- dições de carregamento dinâmico são chamadas falhas por fadiga, em virtude de serem observadas geralmente após um período de serviço considerável. Não existe uma variação marcante na estrutura de um metal que tenha rompido por fadiga, que possa servir como indício para nossa compreensão das razões que levam à ocorrência da fadiga. A fadiga tornou-se progressivamente importante à medida que a tecnologia desenvolveu um número maior de equipamentos, tais como automóveis, aviões, com- pressores, bombas. turbinas, etc., sujeitos a carregamento repetido e a vibração. Nos dias atuais, pode-se dizer que a fadiga é responsável por pelo menos 90 por cento das falhas de serviço relativas a causas mecânicas 1. Uma falha por fadiga é particularmente insidiosa porque acontece sem que haja qualquer aviso óbvio. A fadiga dá origem a uma fratura de aparência frágil, sem exis- tência de deformação macroscópica na fratura. A superfície de fratura. em escala ma- croscópica, é quase sempre normal à direção da tensão principal de tração. Uma falha por fadiga pode ser reconhecida, geralmente, a partir do aspecto da superfície de fra- tura, a qual apresenta uma região lisa decorrente da fricção que se verifica entre as superfícies durante a propagação da trinca através da seção do material (porção supe- rior da Fig. 12.1), uma região áspera na qual a peça rompeu-se de maneira dúctil, quando a seção transversal já não era capaz de suportar a carga aplicada. O progresso da fratura é freqüentemente indicado por uma série de anéis que se desenvolvem do ponto de início da trinca para o interior da seção. A Fig. 12.1 ilustra também uma outra caracierística da fadiga. ou seja. que a falha ocorre geralmente num ponto de concentração de tensão. tal como um canto vivo ou um entalhe, ou ainda num concen- trador de tensão metalúrgico como, por exemplo, uma inclusão. São três os fatores básicos necessários para causar falha por fadiga: (I) uma ten- são de tração máxima suficientemente alta, (2) uma variação ou flutuação na tensão aplicada suficientemente grande, (3) um número de ciclos de aplicação da tensão sufi- 'Vários exemplos de falhas mecânicas por fadiga são apresentados em Failure Analysis and Prevention, Me/ais Halldbook, vaI. 10, 8a ed., American Society for Metais, Metais Park, ühio. 1975. ::- I ~l :=.":...C'f" Fig. 12.1 Superfície de fratura de uma falha por fadiga que teve início num canto vivo de um rasgo de chaveta de um eixo (I X). cientemente grande. Além destas. existem outras diversas variáveis, tais como con- centração de tensão, corrosão, temperatura. sobrecarga, estrutura metalúrgica. ten- sões residuais e tensões combinadas, que tendem a alterar as condições de ocorrência da fadiga. Uma vez que ainda não possuímos um entendimento básico do que leva um metal a se romper por fadiga, será necessário que discutamos cada um destes fatores a partir de um ponto de vista essencialmente empírico. Devido ao grande número de dados experimentais existentes, será possível apenas descrever os pontos fundamen- tais da relação entre estes fatores e a fadiga. Para detalhes mais completos, o leitor poderá consultar as várias publicações excelentes alistadas no fim deste capítulo. Em princípio, seria interessante definir brevemente os tipos gerais de tensões flutuan- tes que podem ocasionar fadiga. A Fig. 12.2 ilustra ciclos de tensões típicas em fadiga. A Fig. l2.2a ilustra um cicio de tenS(les alternadas de forma senoidal. Esta é uma situação idealizada a qual é produzida por um máquina de fadiga! de viga rotativa do tipo R. R. Moore e que, em serviço, pode ser comparada a um eixo rotativo operando a velocidade constante e sem sobrecargas. Para este tipo de ciclo de tensões, as ten- sões máxima e mínima são iguais. Conservando as convenções estabelecidas no Capo 'Os tipos mais comuns de máquinas de fadiga são descritos nas referências alistadas no fim deste capítulo e no Manual on Fatigue Testing. ASTM Spec. TecI!. Pllbl. 91, 1949. 2. a tensão mlnIma é a tensão algebricamente menor no ciclo, as componentes de tração são posItIvas e as de compressão negativas. A Fig. 12.2h ilustra um ciclo de tensllo flutuante no qual a tensão máxima (T mflx. e a tensão mínima (T mino são diferentes. Nesta ilustração, ambas as tensões são de tração. embora um ciclo de tensão flutuante possa perfeitamente apresentar tensões máxima e mínima de sinais opostos ou ambas em compressão. A Fig. 12.2(' ilustra um ciclo de tensões complic"ldo que pode ser encontrado num componente como uma asa de avião, que está sujeita a sobrecargas periódicas imprevisíveis devido a correntes de vento. Um ciclo de tensão flutuante pode ser dividido em duas componentes, uma tensão média. ou estática, (TII/' e uma componente de tensão alternada. ou variável, UU' De- vemos considerar também o intervalo de tensões (T,,, Como pode ser visto na Fig. l2.2h, o intervalo de tensões é a diferença algébrica entre as tensões máxima e mínima em um ciclo. (Jr (J =- a 2 O"máx.+ O"mín. (J = ----- m 2 o ·ro "'c: QI >- o ·ro :!l QI Ci E o Ü I ~t= \J Ciclos ~ Fig. 12.2 Ciclos de tensão típicos em fadiga. (a) Tensão alternada; (b) tensão flutuante; (c) ciclo de tensão irregular ou aleatória. São utilizadas duas quantidades para apresentação dos dados de fadiga em termos da relação de tensões: R _ O"máx.--- O"mín. o método básico de apresentação de dados experimentais de fadiga é através da curva S-N, onde é lançada em gráfico a tensão S contra o número de ciclos necessários para a fratura N. Normalmente emprega-se uma escala logarítmica para N. O valor da ten- são lançada no gráfico pode ser CTa, CTmáx. ou CTmin, e são geralmente tensões nominais, isto é, não há um ajuste para concentração de tensões. A relação S-N é determinada para um valor específico de CTm• R ou A. A maioria das determinações de propriedades da fadiga dos materiais foram feitas em f1exão alternada, onde a tensão média é zero. A Fig. 12.3 mostra curvas S-N típicas de ensaio de viga rotativa. Posteriormente, neste capítulo, serão considerados os casos em que a tensão média é diferente de zero, já que são de importância considerável na engenharia. Poderemos notar que esta curva S-N está relacionada principalmente com falhas de fadiga para números grandes de ciclos (N > 10" ciclos). Nestas condições, a tensão, a grosso modo, é elástica, mas como veremos brevemente o metal se deforma plasti- camente de maneira altamente localizada. Para tensões maiores, a vida em fadiga de- cresce progressivamente, mas a deformação plástica generalizada torna difícil a inter- pretação em termos de tensão. Para a região de fadiga de baixo-ciclo (N < 10~ciclos), os ensaios são conduzidos com ciclos controlados de deformação elástica mais plás- tica, em vez de ciclos de tensão ou cargas controladas. A fadiga de baixo-ciclo será considerada na Seç. 12.5. Como pode ser visto na Fig. 12.3. o número de ciclos de tensão que um metal pode suportar antes de se romper aumenta com o decréscimo da tensão. A não ser que haja indicação em contrário, N é tomado como sendo o número de ciclos de tensão necessários para causar a fratura completa do corpo de prova. Os ensaios de fadiga a baixas tensões são geralmente levados até 10' ciclos. e algumasvezes. no caso de não-ferrosos. até 5 x 108 ciclos. Para alguns poucos materiais. muito importantes na 'iij c. 50 8~ ~40 :; "~ 30 o.., "~ 20 "u o '})l c 10 f!'. Fig. 12.3 Curvas de fadiga típi- cas para metais ferrosos e não- ferrosos. 106 107 108 Número de ciclos para fratura, N I engenharia, como o aço e o titânio, a curva S-N se torna horizontal em uma determi- nada tensão limite. Abaixo desta tensão limite, chamada limite de resistência àfadiga, o material pode presumivelmente suportar um número infinito de ciclos sem se rom- per. A maioria dos metais não-ferrosos, como alumínio, magnésio e ligas de cobre, apresentam uma curva S-N que decresce continuamente com o aumento do número de ciclos. Estes materiais não apresentam um limite de resistência à fadiga, uma vez que a curva S-N nunca se torna horizontal. Neste caso costumam-se caracterizar as proprie- dades de fadiga do material fornecendo-se a resistência à fadiga para um número arbi- trário de ciclos, como por exemplo, 10H ciclos. O procedimento usual para determinação de uma curva S-N consiste em se testar o primeiro corpo de prova a uma tensão alta na qual se espera que ocorra fratilra num número de ciclos bastante pequeno, por exemplo, cerca de dois terços do limite de resistência estático do material. A tensão do ensaio é diminuída gradativamente para cada corpo de prova que se sucede, até que uma ou duas amostras não se rompam no número de ciclos especificado, geralmente 107 ciclos. A maior tensão para a qual não se verifica fratura é considerada o limite de fadiga. Para os materiais que não apresen- tam limite de resistência à fadiga o ensaio é interrompido, normalmente, para consi- derações práticas, em uma tensão baixa onde a vida em fadiga seja cerca de 1()8 ou 5 x I()8 ciclos. A curva S-N é determinada geralmente com cerca de 8 a 12 corpos de prova. Normalmente se observa uma dispersão razoável nos resultados experimentais, embora seja possível, sem muita dificuldade, o traçado de uma curva suave abran- gendo os pontos obtidos. No entanto. se vários corpos de prova forem ensaiados a uma mesma tensão, ocorrerá uma grande dispersão nos valores observados de número de ciclos para a fratura. dispersão esta que chega a atingir uma ordem de grandeza na escala logarítmica entre os valores máximo e mínimo. Além disso, foi mostradol que o limite de resistência à fadiga do aço está sujeito a uma variação considerável e que sua determinação da maneira descrita acima pode incorrer num erro bastante acentuado. A natureza estatística da fadiga será discutida na seção seguinte. A análise estatística dos dados experimentais de fadiga e as razões da variação dos resultados dos ensaios de fadiga têm sido objeto de vários trabalhos2. Uma vez que a vida em fadiga e o limite de fadiga são quantidades estatísticas, deve ser esperado que ocorra um desvio considerável de uma curva média levantada com apenas alguns pou- cos corpos de prova. É necessário que se raciocine em termos da probabilidade de um corpo de prova atingir uma certa vida a uma dada tensão, ou da probabilidade de ocorrer fratura a uma dada tensão nas vizinhanças do limite de fadiga. Para fazer isto, é necessário o ensaio de um número muito maior de corpos de prova do que anterior- mente. pois desta forma torna-se possível a determinação dos parâmetros estatísticos3 necessários para a estimativa destas probabilidades. O método básico para apresenta- ção dos dados experimentais de fadiga deverá ser, então, uma superfície tridimensional representando a relação entre tensão, número de ciclos para fratura e probabilidade da fratura. A Fig. 12.4 mostra como isto pode ser representado num gráfico bidimensio- na!. Nesta figura está ilustrada esquematicamente uma distribuição da vida em fadiga a tensão constante. e. tomando'-a como base. foram desenhadas curvas de probabilidade de ruptura constante. Assim. para (TI' seria de se esperar que I por cento dos corpos '1. T. Ransom e R. F. Mehl. TraI/S. A/ME, vol. 185. pp. 364-365. 1949. 'p, H. Armitage. Metal/. ReI' .. vol. 6, pp. 353-385. 1964: R. E. Little e E, H. Jebl). Slalislicai Desigl/ o/ Faligue Experimel/Is, John Wiley & Sons. lnc., New York, 1975. 30S principais parâmetros estatísticos a serem considerados sâo as estimativas da média e desvio padrão (me- dida da dispersão) da população. p ~ 0,01 I I I p ~ 0,99 P ~ 0,99 '<~ _~> P_~0,50 I P ~ 0,01 de prova se rompesse com N, ciclos. 50 por cento com Nz ciclos. etc. A figura indica um decréscimo de dispersão para a vida em fadiga com o aumento da tensão. o que geralmente se verifica na prática. A função de distribuição estatística que descreve a distribuição da vida em fadiga a tensão constante não é conhecida com precisão e. para tal, seria preciso que se ensaiassem mais de 1.000 amostras idênticas sob condições idênticas para uma tensão constante. Muller-Stock' ensaiaram 200 corpos de prova de aço para uma única tensão e verificaram que a freqüência de distribuição de N seguia a distribuição gaussiana. ou normal. se a vida em fadiga era expressa como log N. Para fins de engenharia, é suficientemente preciso assumir uma distribuição normal logarít- mica da vida em fadiga a tensão constante. no intervalo de probabilidade de ruptura de p = 0,\0 a P = 0,90. Todavia, freqüentemente, é importante que sejamos capazes de prever a vida em fadiga correspondente a uma probabilidade de ruptura menor ou igual a I por cento. A suposição de uma distribuição normal logarítmica neste limite externo da curva de distribuição não mais se justifica, embora seja comumente empregada. Para este caso. a distribuição do valor-extrem02 ou a distribuição de WeibulJ3 têm sido as alternativas utilizadas. Para que façamos a interpretação estatística do limite de fadiga devemos lidar com a distribuição da tensão para uma vida em fadiga constante. Anteriormente considerava-se que o limite de fadiga do aço fosse um valor limite bem definido. abaixo do qual todos os corpos de prova teriam vida infinita. No entanto, atualmente é reconhecido que o limite de fadiga é uma quantidade estatística que requer técnicas especiais para uma determinação precisa. No caso de um aço-liga fOljado tratado ter- micamente, por exemplo. o intervalo de tensões que incluiria os limites de fadiga de 95 por cento das amostras poderia ser pelfeitamente de 2X kg/mZ a 36,5 kg/m". A Fig. 12.5 ilustra um exemplo dos erros que poderiam ser introduzidos pelo ensaio comum com poucas amostras. Esta figura apresenta" 10 curvas S-N determi nadas da maneira con- 'H. Muller-Stock, Milt. Kohle Eisellforseh. GmbH. vol. 8. pp. 83-107.1938. 'A.M. Freudenthal e E. J. Gumbel. J. Am. 5/0/. Assoe .. vol. 49. pp. 575-597. 1954. 'W. Weibull. J. Appl. Meeh .. vol. 18, nO 3. pp. 293-297. 1951: W. Weibull. F{I(ig/le Tes/illg OIlC!lhe Alloluis (~r Res/ll/s, Pergamon Press, New York, 1961. 'J. T. Ransom, discussão em ASTM Spee. Teeh. P/lbl. 121. pp. 59-63. 1952. 105 106 Ciclos para romper Fig. 12.5 Resumo de curvas S-N, traçadas com 10 corpos de prova cada. retiradas da mesma barra de aço. (De J. T. Ransom, ASTM Spec. Tech. P"bl, 121, p. 61, 1952.) vencional para a lIIes/I/O barra de aço, sendo cada curva baseada em 10 amostras. Os corpos de prova eram tão idênticos quanto possível e não havia dispersão excessiva nos resu~tados que dificultasse o traçado das curvas S-N. Mesmo assim, como se pode observar na figura. existe uma diferença considerável nos valores medidos para o li- mile de fadiga do aço devido ao fato de que as curvas foram construídas com dados insuficientes, Quando se determina o limite de resistência à fadiga de um material, deve-se ter em mente que cada amostra possui seu próprio limite de fadiga e que para tensões acima ela se romperá e para tensões abaixo permanecerá em trabalho, No entanto esta tensão crítica varia de amostra para amostra por razões ainda muito obscuras. É sa- bido que as inclusões no aço exercem um efeito muito importante sobre o limite de fadiga e sua variação, mas mesmo os aços fundidos a vácuo apresentam dispersãono limite de fadiga, O problema da determinação precisa do limite de fadiga torna-se complexo devido ao fato de não podermos medir seu valor individual para um dado corpo de prova, pois podemos apenas ensaiá-Ia para uma tensão particular e, caso ocorra fratura, deduzirmos que esta tensão é superior ao limite de fadiga, U ma vez que o corpo de prova não pode ser reensaiado, mesmo que não se rompa para a tensão de ensaio. devemos estimar a estatística do limite de fadiga testando grupos de amostras a várias tensões para vermos quantas se rompem a cada tensão, i\ssim, próximo ao limite de fadiga, dependendo da amostra ela poderá romper-se ou não, e tudo que podemos fazer é estimar o comportamento deum universo de corpos de prova através de uma amostragem cuidadosa. Os dois métodos estatísticos utilizados para a estima- tiva do limite de fadiga são chamados probit al/a/vsis e lIlétodo da escada. Os proce- dimentos para a aplicação destes métodos de análise estatística já foram bem estabele- cidos'. Embora os estudos de fadiga estejam historicamente relacionados com condições de serviço nas quais a falha ocorria para ciclos de tensão superiores a 10'. existe um crescente interesse quanto a falhas por fadiga que ocorrem para tensões relativamente altas e baixos números de ciclos~. Este tipo de problema deve ser considerado nos projetos de vasos de pressão para indústria nuclear. turbinas a vapor e na maioria dos outros tipos de maquinaria mecânica. As condições para ocorrer fadiga de baixo-ciclo são freqüentemente criadas quando as tensões repetidas são de origem térmica3. Uma vez que as tensões térmicas devem-se à expansão térmica do material. podemos ver facilmente que neste caso a fadiga resulta de deformação cíclica em vez de tensão cíclica. A Fig. 12.6 apresenta um ciclo de tensão-deformação resultante de um ensaio de fadiga de baixo-ciclo~ onde a deformação cíclica era mantida constante. A curva tensão-deformação durante o carregamento inicial é O-A-B. Durante o descarrega- mento o escoamento se inicia em compressão a uma tensão menor C. devido ao efeito Bauschinger. Quando se recarrega em tração, desenvolve-se um ciclo de histereses que tem suas dimensões descritas por sua largura lie. o intervalo total de deformação, e por sua altura IiCT, que é o intervalo de tensões. O intervalo total de deformação <le consiste em um componente de deformação elástica liee = <lCT/E mais um componente de deformação plástica liel" A largura do ciclo de histereses dependerá do nível de deformação cíclica; com este nível pequeno. o ciclo de histereses torna-se muito es- treito. Para os ensaios realizados sob lie constante. o intervalo de tensão IiCT normal- mente varia com o aumento do número de ciclos. Os materiais recozidos experimen- tam endurecimento cíclico. o que significa que IiCT aumenta com o número de ciclos até Fig. 12.6 Ciclo de tensão-deformação para ensaio cíelico a deformação constante. I" A Guide for Fatigue Testing and the Statistical Analysis of Fatigue Data". ASTM Spec. Tech. PubJ.. 91-A. 2a ed., 1%3. • 'L. F. Coffin. Jr.. Mel. ElIg. Q .. vol. 3. pp. 15-24. 1963. 3S. S. Manson, Thermal Stress ,,"d Low-Cyc/e Fatigue. McGraw-Hill Book Company. New York. 1966. '''Manual on Low-Cycle Fatigue Testing", ASTM Spec. Tech. PubJ.. 465. 1969. atingir a saturação arós cerca de 100 ciclos de deformação. O aumento no intervalo de tensões será maior quanto maior for o valor de ~s. Os materiais que previamente sofreram trabalho a frio experimentam amolecimento cíclico. isto é, ~(T decresce com o aumento do número de ciclos de deformação. A maneira usual de apresentação dos resultados dos ensaios de fadiga de baixo- ciclo consiste no lançamento em gráfico do intervalo de deformação plástica ~S1' con- tra N. A Fig. 12.7 mostra que em coordenadas log-Iog obtém-se uma linha reta cuja inclinação apresenta pequena variação entre os materiais e possui um valor médio de cerca de -0.5. Esta relação, muitas vezes chamada Lei de Cojfill-Mallsoll, tem a forma A constante C pode ser avaliada se consideramos que o limite superior do ensaio de fadiga de baixo ciclo corresponde à ruptura no ensaio de tração, onde ~S1' = Sf = In (I/I - q) e N = 1/4 ciclo. Tomando h = \12, encontramos que C = sf 1/41/2 = sf/2, e b sf 1 1 I1s N = - = - ln -- p 2 2 l-q O intervalo de deformação elástica está relacionado com o número de ciclos para rup- tu ra através da relação onde c = -0,08 e 5" é o limite de resistência à tração do material. U ma vez que o intervalo de deformação total é ~s = ~se + ~Sl" Fig. 12.7 Curva de fadiga de baixo-ciclo (/le" l"erSIIS N) para aço inoxidável do tipo 347. (De L. F. Coffin. Jr.. Met. Eng. Q.. vaI. 3. p. 22. 1963; COp'wight de American Society for Metais. 1963.) Multiplicando ambos os membros por E, obtemos uma tensão alternada nominal Sa' a qual é muito útil na comparação com tensões calculadas a partir da análise de tensão elástica Eef s = s NC + - N-b a u 2 Um aspecto interessante das Eqs. (12.9) e (12. 10) é o fato delas dependerem ue apenas duas propriedades do material sensíveis à estrutura: o limite de resistência à tração e a redução de área. Os estudos relacionados com as variações estruturais básicas' experimentadas por um metal sujeito a tensões cíclicas levaram à divisão do processo de fadiga nos seguintes estágios: I. lniciaçâo da trinca - inclui o desenvolvimento inicial dos danos causados por fadiga, os quais podem ser removidos através de tratamento térmico adequado. 2. Crescimento da trinca em banda de desli:amento - relativo ao aprofunda- mento da trinca inicial nos planos de alta tensão cisalhante. Este estágio é fre- qüentemente chamado estáRio 1de crescimento de trinca. 3. Crescimento de trinca nos planos de alta tensâo de traç'âo - envolve o cres- cimento de uma trinca bem definida em direção normal à tensão de tração má- xima. Este estágio é geralmente chamado estáRio II de crescimento de trinca. 4. Rllptllra final eSlâtica - ocorre quando a trinca atinge um tamanho tal que a seção transversal resistente não pode mais suportar a carga. A fração relativa do número total de ciclos para a ruptura. que está associada a cada estágio, depende das condições de ensaio e do material. Todavia. já se encontra bem firmado o fato de que uma trinca de fadiga pode ser formada antes que tenham decor- rido 10 por cento da vida total da amostra. Evidentemente. a decisão de quando uma banda de deslizamento aprofundada deva ser consideraua uma trinca pode ser bastante ambígua. De uma maneira geral, a propagação de trincas do estágio II consome uma fração relativa do número de ciclos total. que é maior no caso da fadiga de baixo-ciclo do que na fadiga de longa vida, enquanto que o estágio I de crescimento de trinca consome a maior parte da fadiga de alto-ciclo ou baixa-tensão. Caso o esforço de tração seja grande, como ocorre na fadiga de corpos de prova com entalhes finos, o estágio I pode não ser observado. Uma consideração estrutural marcante na fadiga é o fato das trincas de fadiga geralmente terem início numa supelfície livre. Nas raras oportunidades em que a trinca de fadiga principia no interior do material. sempre existe uma interface envolvida, como, por exemplo, a interface entre uma camada cementada e o metal-base. A fadiga apresenta determinados aspectos em comum com o escoamento plástico e a fratura sob deformação estática ou unidirecional. O trabalho de Gough2 mostrou que um metal sob carregamento cíclico se deforma por deslizamento nos mesmos planos atô- micos e nas mesmas direções clistalográficas que em deformação unidirecional. En- quanto nesta última o deslizamento ocorre geralmente espalhado em todos os grãos. na fadiga alguns grãos apresentam linhas de deslizamento ao passo que outros não mos- tram evidência de deslizamento. As linhas de deslizamento geralmente são formadas 'W. J. PllImbridge e D. A. Ryder, Melall. Rei'., vol. 14, nU 136. 1969. 'H. J. GOllgh, Am. Soe. Tes/. Maler. Proc., vol. 33. pt. 2. pp. 3-114. 1933. durante os primeiros poucos mil ciclosde tensão; os ciclos que se sucedem produzem bandas de deslizamento adicionais. mas o número de bandas de deslizamento não é diretamente proporcional ao número de ciclos de tensão. Em muitos metais o aumento do deslizamento visível atinge rapidamente um valor de saturação, o qual é observado como regiões distorcidas de deslizamento intenso. As trincas geralmente ocorrem em regiões de deformação intensa, paralelas ao que originalmente foi uma banda de desli- zamento. As bandas de deslizamento têm sido observadas para tensões inferiores ao limite de fadiga dos materiais ferrosos. Desta forma, a ocorrência de deslizamento durante a fadiga não significa por si só que irá se formar uma trinca. O estudo da formação da trinca em fadiga pode ser facilitado interrompendo-se o ensaio a fim de que a supelt'icie deformada seja removida por polimento eletrolítico. Normalmente existirão várias bandas de deslizamento que, por serem mais "persisten- tes" que as outras. permanecerão visíveis após o polimento. Bandas deste tipo têm sido observadas após terem decorrido somente 5 por cento da vida total da amostra'. Estas bandas de deslizamento persistentes são trincas de fadiga embrionárias, uma vez que após a aplicação de pequenas deformações de tração elas se transformam em trin- cas macroscópicas. As trincas de fauiga uma vez formauas tendem a se propagar ini- cialmente ao longo uos planos de deslizamento, embora em seguiua tomem a direção normal à maior tensão de tração aplicada. A propagação da tri nca ue fadiga é normal- mente transgranular. Uma característica estrutural importante que parece ser única para a deformação em fadiga é a formação ue ressaltos e reentrâncias na superfície, uenominadas intrtl- sril'S e I'xtrtlsril'S2. Metalografias realizadas cuidadosamente nas seções transversais dos corpos de prova mostraram que as trincas de fadiga têm início em intrusões e extrusões3. Várias eviuências experimentais indicam que o deslizamento cruzado de- sempenha papel importante para o processo de formação das e·xtrusões. Como exem- plo pouemos citar a dificuldaue de ocorrer falha por fauiga em certos cristais iônicos que não apresentam deslizamento cruzado com facilidade e também em cristais de zi nco que são orientados para se ueformarem apenas por deslizamento fácil. Por outro lado, o alumínio puro, no qual o deslizamento cruzado ocorre com extrema facilidade, não apresenta a formação de extrusões (em contraste com a maioria das ligas de alu- mínio). Cottrell e Hull4 propuseram um mecanismo para a formação de extrusões e intru- sôes que, como poue ser visto na Fig. 12.8, depende da existência de deslizamento em dois sistemas de deslizamento. Durante a atuação das componentes de tração do ciclo de tensões, os uois sistemas operam em seqüência produzindo dois degraus na supelfí- cie (Fig. 12.8b e e). Quando entra em atuação a componente de compressão, o desli- zamento uo primeiro sistema a operar dá origem à formação da intrusão (Fig. 12.8d), enquanto que uma extrusão é formada quando o outro sistema de deslizamento opera (Fig. 12.81'). W. A. Wood," pesquisador com muitas contribuições básicas para a compreensão do mecanismo da fadiga, também sugeriu um mecanismo para a formação das extru- sões e intrusões. Ele interpreta as observações microscópicas do deslizamento produ- zido por fadiga como indicativas de que as bandas de deslizamento sejam o resultado de um acúmulo sistemático de pequenos movimentos de deslizamento da ordem de 10-7 cm, ao contrário dos degraus do 10-" a 10-4 cm que são observados para as bandas dedeslizamento produzidas por solicitação estática. Este mecanismo pode ser IG. C. Smith. Proe. R. Soe. LOlldoll, vol. 242A, pp. 189-196. 1957. 2P. J. E. Forsyth e C.A. Stubbington, J. /IISI. Mel., vol. 83. p. 395,1955-1956. 3W. A. Wood, Some Basic Studies of Fatigue in MetaIs, em Fraclure, John Wiley & 'Sons, Inc., New York, 1959. 'A. H. CottrelI e D. HulI, Proc. R. Soe. LOlldoll, vol. 242A, pp. 211-217,1957. 5W. A. Wood, Bu/!. /lIsl, Mel., vol. 3, pp. 5-6, setembro de 1955. a b t c d e t / , /1Z , / Fontes de '>/ deslizamento /,,~ / , t Fig. 12.8 Mecanismo para formação de extrusões e intrusões. (De A.H. Cottrell e D. Hull, Prae. R. Soe. Lal/dol/. vol. 242A, pp. 211-213, 1957.) capaz de explicar a acomodação da grande deformação total (soma das microdeforma- ções de cada ciclo) sem causar um encruamento apreciável do material. A Fig. 12.9 ilustra o conceito de Wood que explica como a deformação sucessiva através de pe- quenos deslizamentos pode levar à formação de uma trinca de fadiga. As figuras ilus- tram esquematicamente a estrutura fina de uma banda de deslizamento observada com aumentos obtidos no microscópio eletrõnico. O deslizamento produzido por deforma- ção estática produziria um tontorno na superfície do metal similar àquele apresentado na Fig. 12.9a. Por outro lado, os pequenos movimentos de deslizamento de vai-e-vem ocorrentes na fadiga poderiam formar entalhes (Fig. 12.9b) ou ressaltos (Fig. 12.9c) na superfície. O entalhe seria um concentrador de tensões de dimensões atômicas, o qual poderia perfeitamente dar origem ao início da trinca de fadiga. Este mecanismo para a iniciação de uma trinca de fadiga está de acordo com as constatações de que as trincas de fadiga começam nas superfícies e, freqüentemente, em intrusões e extrusões. Existe uma grande similaridade entre as estruturas de discordâncias produzidas por fadiga e por deformação estática. A formação de uma estrutura celular de discor- dâncias é favorecida por uma grande amplitude de deformação e uma alta energia da falha de empilhamento, que são fatores facilitadores de deslizamento cruzado. Para amplitudes de deformilção pequenas prevalecem os anéis de discordância e os dipolos. Existe uma forte evidência experimental de que a formação de células esteja relacio- nada ao desenvolvimento de bandas de deslizamento persistentes, porém não estão ainda bem estabelecidos os detalhes exatos deste mecanismo'. No estágio I a trinca se propaga inicialmente ao longo das bandas de deslizamento persistentes. Num metal policristalino a trinca pode percorrer poucos diâmetros de Fig. 12.9 Conceito de Wood. Microdeformação levando à formação da trinca de fadiga. (a) De- formação estática; (b) deformação de fadiga originando um entalhe superficial (intrusão); (C) de- formação de fadiga originando extrusão. grãos antes que a propagação da trinca mude para o estágio I I. A taxa de propagação de trinca no estágio I é geralmente muito pequena, da ordem de angstrõns por ciclo, comparada com as taxas de propagação do estágio 11, da ordem de mícrons por ciclo. A supelfície de fratura do estágio I se apresenta praticamente sem propriedádes carac- terísticas. Por outro lado. a supelfície de fratura do estágio I I apresenta freqüentemente a formação de rugas ou estrias de fratura por fadiga (Fig. 12.10). Cada estria representa a posição sucessiva de uma frente de trinca que avança num plano normal ao da má- xima tensão de tração. Cada estria foi produzida por um único ciclo de tensões. A presença destas estrias define, sem dar margem a dúvidas, que a falha foi produzida por fadiga, mas sua ausência não exclui a possibilidade da fratura por fadiga. A não observação das estrias na supetikie de fratura por fadiga pode ser devido a um espa- çalllel/to muito pequeno que não pode ser resolvido pelos métodos de observação uti- lizados, por ductilidade na ponta da trinca insuficiente para produzir por deformação plástica uma ruga grande o bastante para ser observada, ou extinção das estrias por algum tipo de dano da superfície. U ma vez que a propagação do estágio II não ocorre para a vida total em fadiga, isto não significa que a contagem do número de estrias fornecerá a história completa dos ciclos para a ruptura. O estágio II de propagação de trinca ocorre por um processo plástico que torna a ponta da trinca rombuda'. o qual é ilustrado na Fig. 12.11. No início do carregamento cíclico a ponta da trinca é aguda (Fig. 12. I 1a). À medidaque o esforço de tração é aplicado o pequeno entalhe duplo na ponta da trinca concentra o geslizamento ao longo dos planos que fazem 45° com o plano da trinca (Fig. 12.llb). A proporção que a trinca se alarga para sua extensão máxima (Fig. 12. I le), ela caminha ainda mais por cisalhamento plástico ao mesmo tempo que sua ponta se torna rombuda. Quando a :;;;t (b) ~ (e) Fig. 12.11 Processo plástico de alargamento da ponta da trinca para o estágio I I de crescimento de trinca por fadiga. (De C. Laird. A5TM 5pec. Tech. Pub/. 415. 1967. p. 136.) ~ (a) carga muda para compressão as direções de deslizamento na extremidade são inverti- das (Fig. 12.1Id), as faces da trinca são compactadas e a nova superfície da trinca, criada na tração, é forçada para o plano da tri nca (Fig. 12.lle) onde é parcialmente dobrada por flambagem formando uma ponta de trinca novamente aguda. Desta forma. a trinca está pronta para avançar e se tornar rombuda no próximo ciclo de tensões. Existem várias indicações de que a deformação cíclica dá origem a uma maior concentração de lacunas do que a deformação unidirecional de um material a frio. A diferença na liberação de energia armazenada entre o cobre deformado a frio e o mesmo cobre submetido à fadiga vem corroborar esta afirmativa. O amolecimento que o cobre inicialmente deformado a frio experimenta quando submetido à fadiga' pode ser explicado pela geração de defeitos pontuais que permite que o metal se recupere parcialmente através da escalagem das discordâncias para fora do plano de desliza- mento. As ligas de alumínio suscetíveis a envelhecimento, que estejam nas condições de endurecidas por precipitação, ao serem deformadas por fadiga à temperatura am- biente podem ser superenvelhecidas. Isto sugere que as lacunas produzidas pela fadiga estejam disponíveis para participar da difusão necessária ao processo de superenvelhe- ciment02. Além disso, a resistência à fadiga aumenta consideravelmente à medida que a temperatura varia de 20 até -190°C. onde a movimentação das lacunas é pratica- mente desprezível. No entanto, a ocorrência de fratura por fadiga a 4°K indica que um processo termicamente ativado. tal como difusão de lacunas. não é essencial para a falha por fadiga3. A determinação das leis que regem a propagação da tri nca por fadiga no estágio IL te~ sido objeto de intensa pesquisa·. A obtenção de relações realísticas para a propagação de trinca permitirá a implementação de uma filosofia de projeto que reconhece a inevi- tabilidade de trincas nas estruturas de engenharia. mas que intenciona determinar a carga e o comprimento de trinca admissíveis para que não haja falha por fadiga num lN. H. Polakowski e A. Palchoudhuri, Am. Soe. Te51. Matei'. Proe .. vol. 54, p. 701,1954. 'T. Broom, J. H. Molineux e V. N. Whittaker.J. lI/sI. Mel., vol. 84. pp. 357-363, 1955-1~56. 3R. D. McCammon e H. M. Rosenberg, PrOL R. Soe. LOl/dOI/, vol. 242A. p. 203. 1957. 'Fatigue Craek Propagatiol/, ASTM Spee. Teeh. PI/b/. 415. 1967: D. Walton e E. G. Ellison./Il/. Metall. Rev., vol. 17, pp. 100-116, 1972. tempo de serviço preservativamente estimado. A taxa de propagação de trinca da/dN parece seguir uma equação do tipo da - = Cu ma" dN a onde C = constante (Ta = tensão alternada a = comprimento da trinca Nas diversas investigações, 1/1 está no intervalo de 2 a 4 e 11 varia de 1 a 2. A propaga- ção da trinca pode ser expressa também em termos da deformação total!, através de uma simples lei potencial que se aplica da região de deformação elástica até a plástica. da - = C emldN 1 A propagação da trinca por fadiga pode ser expressa em termos do fator de inten- sidade de tensão K, da frato-mecânica (Seç. 7.5), de acordo com da - = AtiKP dN onde p pode variar de I a 6 dependendo do material e do nível de tensão, A é uma constante, K = (TyÇ;i e M é o intervalo de intensidade de tensões calculado a partir de (T1I/f1.r do ciclo de fadiga (Kmáx), menos Kmín. calculado a partir de (TII/III.' A Fig. 12.12 mostra uma representação esquemática2 da relação entre o crescimento da trinca de fadiga e M para uma liga estrutural ensaiada num meio não-agressivo como. por exemplo, o ar. Para níveis de tensões baixos, t1K < 35 kgf/mm2ymm, existe uma região onde as trincas preexistentes não se propagam sob carregamento cíclico. A relação dada pela Eq. (12.13) se aplica na região 11. A região I I I é relativa ao cresci- mento instável da trinca pouco antes do corpo de prova se romper. Para uma determi- nada classe de ligas (aços, ligas de alumínio, etc.), a relação entre da/dN e M na região I I é essencialmente a mesma, independente do nível de resistência e da mi- croestrutura. Para o aço, a avaliação dos dados experimentais fornece a relação da/dN = 6,6 x 10-9 (t1K)2.5. Todavia, ensaios de fadiga realizados em meios agressivos (água salgada, hidrogênio, etc.) resultam em grandes variações na relação de propagação de trinca.3 Existe uma vasta literatura sobre métodos e procedimentos para projetos que se pre- cavenham contra a falha por fadiga. Os vários elementos levados em conta nu m pro- jeto deste tipo são objeto das seções restantes deste capítulo. No entanto, devido a limitações de espaço, não podemos incluir aqui um número suficiente de exemplos de projetos. Assim sendo, passamos a relacionar adiante algumas referências apropriadas que contêm um grande número de exemplos. 'T. W. Crooker e E. A. Lange, op. cit .. p. 94. 2W. G. C1ark jr., Mel. EI/g. Q .. vol. 14. pp. 16-22, 1974. 3C. J. McMahon, Jr.. TraI/S. ASME, Ser. H. J. EI/g. Mala. Techl/ol., vol. 95, pp. 133-149,1973. '"u o C Q) E .~ e "Q) u '"xr:. Região I Trincas de fadiga não- propagantes Fig. 12.12 Representação es- quemática do comportamento do crescimento da trinca de fa- diga em meio não-agressivo. (De W. G. Clark Jr., Met. Eng. Q.o vol. 14, 17, agosto de 1974; copyright de American Society for Metais. 1974.) Região 1I Relação linear entre log da tJ.K e log dN Região I1I Crescimento de trinca instável Ruiz, c., and F. Koenigsberger: "Design for Strength and Production," Gordon and Breach Science Publishers, Inc., New York, 1970. Pages 106-120 give a concise discussion 01' the general fatigue design procedure. Juvinall, R. c.: "Engineering Considerations of Stress, Strain, and Strength," McGraw- Hill Book Company, New York, 1967. Chapters 11 to 16 cover in considerable detail the machine design aspects of fatigue designo Graham, J. A. (ed.): "Fatigue Design Handbook," Society of Automotive Engineers, New York, 1968. Heywood, R. B.:' 'Designing- Against Fatigue of Metais," Reinhold Publishing Corpora- tion, New York, 1962. Heavily oriented toward stress-concentration calculations. Osgood, C. c.: "Fatigue Design," John Wiley & Sons, Inc., New York, 1970. An en- cyclopedic collection of data and design examples. Nas referências acima são apresentados dados experimentais de fadiga para vários materiais. Além destas. as referências que se seguem são fontes de consulta de grande utilidade quando se desejam obter dados sobre fadiga. MIL-HDBK-5A, "Metallic MateriaIs and Elements for Flight Vehicle Structures," Department of Defense, December 1968. Grover, H. J., S. A. Gordon, and L. R. Jackson: "The Fatigue of MetaIs and Structures," U.S. Government Printing Office, 1960 (revised). Properties and Selection of MetaIs, "Metais Handbook," vol. I, 8th ed., American. Society for MetaIs, MetaIs Park, Ohio, 1961. Horger, O. J. (ed.): "ASME Handbook: MetaIs Engineering-Design, 2d ed. McGraw- Hill Book Company, New York, 1965. A presença de um concentrador de tensões no material, como um entalhe ou um bu- raco, diminui seriamente a resistência à fadiga. Uma vez que os elementos de máquina contêm invariavelmente concentradores de tensões como adoçamentos, rasgos de cha- veta, filetes de rosca e furos, não causa surpresa o fato de as trincas de fadiga em partes estru tu rais pri nci piarem nestas irregularidades geométricas. U ma das melhores maneiras de minimizar a falha por fadiga é pela redução deste tipo de concentradoresde tensões, evitáveis através de um projeto cuidadoso e pela prevenção dos concen- tradores de tensões acidentais, através da fabricação e usinagem adequada. Embora esta seção esteja relacionada com a concentração de tensões resultante de desconti- nuidades geométricas, ela também pode advir de rugosidade da superfície ou de con- centradores metalúrgicos com.o porosidade, inclusões, superaquecimento local durante esmerilhamento e descarbonetação. O efeito de concentradores de tensão é estudado geralmente através de ensaios de corpos de prova entalhados, sendo este entalhe, normalmente, em forma de V ou circular. No Capo 7, foi mostrado que a presença de um entalhe num corpo de prova sujeito a carregamento uniaxial. introduz três efeitos: (I) ocorre um aumento ou con- centração da tensão na raiz do entalhe; (2) ocorre a formação de um gradiente de tensão da raiz do entalhe para o centro do corpo de prova; (3) é produzido um estado triaxial de tensões. A razão entre a tensão máxima e a tensão nominal é denominadajátor de cOl1cel1- traí'rlO de lenSrlO leórico K(. Como foi discutido na Seção 2.16, os valores de K( podem ser determinados a partir da teoria da elasticidade para geometrias simples ou a partir de medidas fotoelásticas para situações mais complexas. A maioria dos dados experi- mentais sobre fatores de concentração de tensão foram coletados por Peterson I. O efeito do entalhe sobre a resistência à fadiga é determinado pela comparação das curvas S-N de corpos de prova entalhados e não-entalhados. Os resultados para corpos de prova entalhados são geralmente apresentados em termos da tensão nominal calculada nas suas seções resistentes reais (descontando o entalhe), O grau de efetivi- dade com que o entalhe contribui para o decréscimo do limite de fadiga é expresso pelo fator de red/lçâo da resistência ti fadiga. ou játor de entalhe na fadiga. Kf. Este fator é simplesmente a relação entre o limite de fadiga de um corpo de prova entalhado e o de um não-entalhado. Para os materiais que não apresentam um limite de resistên- cia à fadiga, o fator de entalhe na fadiga é baseado na resistência à fadiga para um número de ciclos previamente estabelecido. Os valores de Kf variam com: (I) severi- dade do entalhe. (2) tipo do entalhe. (3) material. (4) tipo do carregamento e (5) nível de tensão. Os valores de Kf publicados na literatura estão sujeitos a uma considerável dispersão e devem ser cuidadosamente examinados quanto as suas limitações e restri- ções. No entanto, podem ser observadas duas tendências gerais para condições de ensaio em "carregamento alternado". Primeiro, Kr é geralmente menor do que K" e, em segundo, a razão Kf/K/ decresce à medida que K/ aumenta. Desta forma, entalhes muito agudos (alto K/) exercem menos efeito sobre a resistência à fadiga do que se esperaria a partir do seu alto valor de K/. A sensibilidade ao entalhe de um material em fadiga é expressa por um fator q A Eq. (12.14) foi escolhida de maneira que um material que não experimente redução no limite de fadiga devido a um entalhe (Kf = I) possua um fator q = O, enquanto que um material no qual o entalhe exerça seu efeito teórico total (Kf = K/) possua um fator q = 1. No entanto, q não é uma constante verdadeira do material, uma vez que varia com a severidade e tipo do entalhe (Fig. 12.13), com o tamanho do corpo de prova e com o tipo do carregamento. Como pode ser visto na Fig. 12.13, a sensibilidade ao entalhe aumenta com a resistência à tração. Assim, em determinadas circunstâncias é possível diminuir o desempenho em fadiga de um material aumentando-se sua dureza ou resistência à tração. Uma outra abordagem da sensibilidade ao entalhe em fadiga foi proposta por Neuber'. Ele propõs que o "fator técnico de concentração de tensão", normalmente chamadojátor de Neuber, fosse dado por K,-l Kf = KN = 1 + ------- 1 + (n/n - w)J a/r onde r = raio da raiz do entalhe w ângulo interno dos flancos do entalhe. radianos a = metade da largura do bloco elelllentar Aço temperado e revenido Aço recozido e normalizado Liga de alumínio ,; ~ 0,8 1:' Q) o : 0,6 "C '":'< ~ 0,4 c Q) '" ~ 0,2 Q) "'õ.-" ° ° 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0.12 0,14 0,16 0,18 0,20r, in. Fig. 12.13 Variação do índice de sensibilidade ao entalhe com o raio do entalhe para materiais de diferente resistência à tração. (De R. E. Peterson. em G. Sines e J. L. Waisman (eds.). Metal Fatigue, p. 301, McGraw-Hill Book Company, New York, 1959. Com permissão dos editores.) Aço baixa-liga fI. = 56 kg/mm" fI. = 112 kg/mm" fI. = 140 kg/mm2 Chapa de liga de alumínio, 2024- T" 0,40 0,15 0,05 0,11 Neuber introduziu o conceito de bloco de tamanho elementar para contornar o fato de que a análise comum da elasticidade é interrompida na ponta de um entalhe pontiagudo muito longo. Ele admitiu que o material era composto de pequenos blocos elementares de largura 2(1 e que as tensões poderiam ser consideradas como uniformes nos lados de cada bloco. Atualmente, não há significado físico para o bloco elementar de Neuber que pode ser considerado um conceito empírico, porém, de grande utilidade. Peterson1 simplificou a Eq. (12.15); admitindo um ãngulo do tlanco do entalhe pequeno e substi- tuindo na Eq. (12.14), obteve 1 q = 1 + a/r A Tabela 12. I fornece algu ns valores típicos de a. Já vimos vários exemplos que demonstraram que, quando um corpo de prova entalhado for submetido a cargas axiais ou de tlexão, existirá um estado biaxial de tensões atuando na superfície do entalhe. Peterson aplicou o critério de escoamento de von Mises para desenvolver uma expressão para o fator de concentração de tensão teórico K" para condições biaxiais de tensões onde C = cr3/crj e cr2 = O. Uma vez que num entalhe, normalmente, cr3 é trativa, K/. é geralmente menor do que K" e esta correção pode ser desprezada num projeto preser- vativo. As equações apresentadas acima aplicam-se às condições de fadiga de baixa- tensão onde a fratura ocorre para mais de 10(; ciclos sob condições essencialmente elásticas. Na fadiga de alta-tensão ou baixo-ciclo, onde as tensões excedem o limite de escoamento, Kf é bastante inferior a K/. A aproximação de Neuber2 é que onde K. = fator de concentração de deformação plástica = el1l~X./f;1I011l. K" = fator de concentração de tensão plástica = crl1láx./crllom.= I + (K/ - 1)(Es/E) Es = módulo secante Quando se inicia o escoamento plástico na raiz de um entalhe, a deformação máxima local aumenta rapidamente e K< cresce. Por outro lado, se for admitido que o material seja elastoplástico ideal, a tensão máxima no entalhe não poderá exceder cro. À medida 'R. E. Pelerson, Fatigue of Metais in Engineering Design, (Edgar Marburg Leclure ;1 American Society for Testing and Materiais, Philadelphia, 1962. reeditado em Mater. Res. Stand., vol. 3, janeiro e fevereiro de 1963.) 'H. Neuber, Trans. ASME, Ser. E.: J. Appl. Mecll.. vol. 28, pp. 544-550, 1961. que aumentar a tensão, K" irá diminuir e atingirá o limite K" = I quando o escoamento plástico iniciado na raiz do entalhe se espalhar por todo o corpo de prova de modo que O"méd. 7' O"máx. = 0"0' Neste limite, da Eq. (12.18), K" = K/. A Eq. (12.18) pode ser reescrita! Isto mostra que uma função da tensão e deformação nominais (0"1/0111.SI/OIII. E)112 neces- sita apenas ser multiplicada por um fator de concentração constante para que sejam obtidos valores da tensão e deformação verdadeiras na raiz do entalhe. A Fig. 12.14 mostra o grau de correlação com a Eq. (12.19). A curva cheia é o resultado dos ensaios de fadiga em amostras não-entalhadas, enquanto que os pontos experimentais são rela- tivos a corpos de prova entalhados. Uma outra forma de interpretar esta correlação é que um corpo de prova entalhado e um não-entalhado formarão trincas detectáveis para a mesma vida em fadiga, desde que K!.O"I/om. SI/om. E)"2 para o corpo de prova sem entalhe seja' igual a (O"máx. Smáx. E)"2 para um corpo de prova entalhado. Assim sendo, os resultados de fadiga para amostras sem entalhe, em ciclos de tensões alternadas,podem ser usados para estimar a vida em fadiga de componentes entalhados. Quando a tensão e a deformação nominais são ambas elásticas, o resultado é uma simplificação adicional. Uma vez que O"lIIédio = Smédio E, a Eq. (12.19) se reduz a A previsão do desempenho em fadiga de grandes componentes de máquinas, a partir dos ensaios de laboratório de amostras pequenas, constitui um problema prático de "" <í 200 <ro <l ~ 100 7075-T6 -o K1 = 2,00, Kf = 1,92 • o Kt = 4,00, Kf = 3,00 Os símbolos abertos indicam 6. 5 = 6.e E Então, Kf (6.5 6.e E )112= Kf6.S v; 500 "" N, Fig. 12.14 Correlação entre resultados de fadiga em amostras lisas e polidas de acordo com a Eq. (12.19). (De T, H. Topper, R. M. Wetzel e J. Morrow, 1. Maler, , vol. 4. p. 204. 1969.) grande importância. A experiência tem mostrado que na maioria dos casos existe um efeito de tamanho. isto é, a resistência à fadiga de componentes grandes & inferior à das amostras pequenas. Um estudo preciso deste efeito torna-se dificultoso por diver- sas razões. E extremamente difícil, senão de todo impossível, preparar corpos de prova com diâmetros crescentes que sejam geometlicamente similares e que apresen- tem a mesma estrutura metallirgica e distribuição de tensões residuais através da seção transversal. São consideráveis os problemas resultantes do ensaio de fadiga de corpos de prova de tamanhos grandes e existem poucas máquinas de fadiga capazes de aco- modar corpos de prova com um intervalo grande de seções transversais. A mudança do tamanho de um corpo de prova de fadiga resulta, geralmente, na variação de dois fatores. Em primeiro lugar, aumentando o diâmetro, aumenta o vo- lume de área supelficial do corpo de prova. o que é de grande importância visto que as falhas por fadiga geralmente começam na supelfície. Em segundo, para amostras enta- lhadas ou não, carregadas em flexão ou torção, um aumento no diâmetro geralmente reduz o gradiente de tensões através do diâmetro e aumenta o volume de material que está altamente tensionado. Os dados experimentais relativos ao efeito do tamanho na fadiga são contraditó- rios e algo incompletos. Para os ensaios de flexão alternada e torção, alguns investiga- dores não verificaram alteração do limite de fadiga com o diâmetro do corpo de prova, enquanto o que normalmente se observa é o decréscimo do limite de fadiga com o aumento do diâmetro. Para o aço doce, o decréscimo do limite de fadiga em flexão, para diâmetros variando de 2 a 50 mm, não supera cerca de 10 por cento. Os dados de Horger', para eixos de aço ensaiados em flexão alternada (Tabela 12.2), mostram que o limite de fadiga pode ser bastante reduzido em seções de grandes tamanhos. 7,62 38,10 152,40 Limite de fadiga kgf/,M,2 25,30 20,40 14,80 Não se encontrou efeito de tamanh02 para corpos de prova de aço-carbono sem entalhe, com diâmetros variando de 4 a 35 mm, quando ensaiados em carregamento axial de tração-compressão. Todavia, quando é introduzido um entalhe no corpo de prova, produzindo um gradiente de tensão, observa-se um efeito de tamanho definido. Estas experiências importantes suportam a idéia de que um efeito de tamanho na fa- diga se deve à existência de um gradiente de tensões. O fato de que amostras grandes, com gradientes de tensão pouco profundos no sentido da espessura, possuam limites de fadiga inferiores, é consistente com a idéia de que um valor crítico de tensão deve ser excedido sobre uma determinada profundidade finita do material. para que ocorra a falha. Este critério de efeito de tamanho parece ser mais realista do que simplesmente a razão entre a variação da área superficial e a variação do diâmetro da amostra. A importância dos gradientes de tensão no efeito de tamanho ajuda a explicar por que a correlação entre os resultados de laboratório e as falhas em serviço é, muitas vezes, bastante pobre. As falhas de grandes componentes ocorridas na prática. são direta- mente atribuídas. normalmente, a concentrações de tensões, sejam estas intensionais ou acidentais, e é geralmente impossível duplicar a mesma concentração e gradiente de tensões num corpo de prova pequeno de laboratório. 'o. 1. Horger. Fatigue Characleristics of Large Sections. em Faligue. American Sociely for Metais, Metais Park. Ohio. 1953. 'c. E. Phillips e R. B. Heywood. Proc. /l/sl. Mech. EI/g. (Lol/dol/), vol. 165. pp. 113:124. 1951. A análise de diversos dados experimentais para aços mostrou' a existência de uma relação de efeito de tamanho entre o limite de fadiga e o volume do material sujeito ao tensionamento crítico. ( V)-O,034 0"f1 = O"ro V o onde Ur, é o limite de fadiga para o volume crítico V e Uru é o limite de fadiga conhe- cido para um corpo de prova com volume Vo. O volume com tensionamento crítico é definido como o volume próximo da superfície do corpo de prova o qual é tensionado até pelo menos 95 por cento de Umá.r Praticamente todas as falhas por fadiga principiam na superfície do componente. Para muitos tipos comuns de carregamento, como flexão e torção, a tensão máxima ocorre na superfície, o que torna lógico que o início da trinca lá se verifique. Contudo, no carregamento axial, a falha por fadiga quase sempre começa na superfície. Existe ampla evidência de que as propriedades de fadiga são muito sensíveis às condições superficiais. A grosso modo, os fatores que afetam a superfície de um corpo de prova de fadiga podem ser divididos em três categorias: (I) rugosidade da superfície ou con- centradores de tensão na superfície, (2) variações na resistência à fadiga do metal na superfície e (3) variações nas condições de tensão residual da supelfície. Além disso, a superfície está sujeita à oxidação e corrosão. Desde que se iniciaram as investigações sobre a fadiga, foi constatado que os diferen- tes acabamentos superficiais produzidos pelos vários processos de usinagem emprega- dos, podem afetar apreciavelmente o desempenho em fadiga. Os corpos de prova poli- dos cuidadosamente, nos quais as finas marcas de polimento (concentradores de ten- são) são orientadas paralelamente à direção da tensão trativa principal, fornecem os valores mais altos de resistência nos ensaios de fadiga. Tais amostras cuidadosamente polidas são geralmente utilizadas nos ensaios de fadiga de laboratório e são conhecidas como par bars. A Tabela 12.3 indica como a vida em fadiga de corpos de prova "canti- lever" varia com o tipo de preparação da superfície. Siebel e Gaier2 publicaram vários dados experimentais sobre este assunto. A Fig. 12.15 mostra a influência, para o aço, de vários acabamentos superficiais, na redução do limite de fadiga de amostras de laboratório. Observe que o acabamento da superfície é caracterizado pelo processo utilizado para formá-Ia. Pode também ser observada a grande sensibilidade às condições superficiais apresentadas pelos aços de ~lta resistência. . Uma vez que a falha por fadiga é tão dependente das condições superficiais, qualquer coisa que mude a resistência à fadiga da superfície do material irá alterar muito as suas propriedades de fadiga. A descarbonetação da superfície de um aço tratado termica- mente é particularmente deletéria ao desempenho em fadiga. Da mesma maneira. a IR. Kuguel, Am. Soe. Tes/. Maler. Proe., vol. 61, pp. 732-748, 1961. 'E. Siebel e M. Gaier, VDIZ., vol. 98, pp. 1715-1723, 1956; sumariado em ElIgilleer's Diges/., vol. 18, pp. 109-112, 1957. Tabela 12.3 Vida em fadiga de amostras de aço SAE 3130 ensaiado em tensão alternada (UII! = O) a 67 kgf/mm2t RlIgosidade da slIpelfície, !J- Vida média em fadiga, ciclos Torneado Parcialmente polido manualmente Polido manualmente Retificado Retificado e polido Superacabado 0,15 0,13 0,18 0,05 0,18 91.000 137.000 217 .000 234.000 212.000 resistência à fadiga de uma chapa de uma liga de alumínio envelhecida é reduzida quando sobre ela é aplicada uma cobertura de alumínio mole. As propriedades de fadiga de componentes de aço podem ser bastante melhoradas a partir da formação de superfícies mais duras e resistentes, oriundas de cementação enitretação.! No en- tanto, uma vez que estes processos introduzem na supelfície tensões residuais com- pressivas favoráveis, não se pode considerar que as propriedades de fadiga sejam me" Ihoradas exclusivamente pela formação. na superfície, de um material de maior resis- tência. A eficiência da cementação ou nitretação na melhoria do desempenho em fa- diga de um material, é maior nos casos em que existe um grande gradiente de tensão, como na torção e na flexão, do que num ensaio de fadiga axia1. O maior percentual no desempenho em fadiga, é verificado para o processo de nitrefação de corpos de prova entalhados. A quantidade de aumento da resistência depen"de do diâmetro do corpo de 0,7 ü' '""u 06~ , g-05 ~ , u ~ 0,4 u. Fig. 12.15 Fator de redução para o limite de fadiga do aço devido a vários tratamentos superficiais. (De R. C. Juvinall, Stress, Strain, and Strength, p. 234, McGraw-Hill Book Company, New York, 1967. Com permissão dos editores.) prova e da profundidade do endurecimento superficial. O endurecimento por chama direta e o endurecimento com aquecimento por indução causam melhoras nas proprie- dade:,! de fadiga, similares às obtidas por cementação e nitretação. O fato da trinca de fadiga em componentes de superfície endurecida ter início na interface das camadas mole e dura, em vez de na superfície, constitui uma característica geral do seu compor- tamento em fadiga. A eletrodeposição na superfície do aço geralmente diminui seu limite de fadiga. A deposição de cromo é particularmente difícil de ser realizada sem causar piora das propriedades de fadiga, enquanto que uma deposição de cádmio, mais suave, pouco efeito exerce na resistência à fadiga. As condições do processo de deposição utilizado para obtenção da camada eletrodepositada podem ter grande influência nas proprieda- des de fadiga, porque podem produzir grandes variações nas tensões residuais, adesão, poros idade e dureza da cobertura. 1 O método mais efetivo de aumentar o desempenho em fadiga de um componente con- siste na formação de um espectro favorável de tensão residual compressiva. As ten- sões residuais podem ser consideradas como tensões aprisionadas, que estão presentes numa parte não submetida a uma força externa. Aqui serão consideradas apenas as macrotensões, as quais atuam sobre regiões que são grandes quando comparadas com o tamanho de grão. Elas podem ser medidas por métodos de raios X ou pelo registro de variações dimensionais que ocorrem quando uma camada fina de material é remo- vida da superfície. As tensões residuais aparecem quando a deformação plástica atra- vés da seção transversal total da parte deformada não é uniforme. Considere um corpo de prova metálico submetido a tlexão no qual a superfície foi deformada em tração, de maneira que parte dela tenha sido deformada plasticamente. Quando a força externa é retirada, as regiões que foram deformadas plasticamente impedem as regiões elásticas adjacentes de experimentarem uma recuperação elástica completa para a condição de não-deformadas. Desta forma, as regiões deformadas elasticamente são deixadas em tração residual e as regiões que foram deformadas plasticamente devem estar num estado de compressão residual, a fim de promover um balanço de tensões ao longo da seção transversal do corpo de prova. De uma maneira geral, para um caso em que parte da seção transversal é deformada plasticamente, enquanto que o resto sofre de- formação elástica, a região que foi deformada plasticamente em tração apresentará, após o descarregamento, um estado de tensão residual compressivo, enquanto que a região que foi deformada plas.ticamente em compressão apresentará um estado de ten- são residual de tração quando a força externa for retirada. O valor máximo de tensão residual que pode ser produzido é igual ao limite elástico do metal. As tensões residuais podem, para vários objetivos, ser consideradas idênticas às tensões produzidas por uma força externa. Então, a adição de uma tensão residual compressiva, que existe num ponto da superfície, a uma tensão trativa externamente .aplicada sobre esta superfície, diminui a probabilidade de ocorrer falha por fadiga neste ponto. A Fig. 12.16 ilustra este efeito. A Fig. 12.16a mostra a distribuição de tensão elástica numa viga na presença de tensões residuais. A Fig. l2.16b apresenta uma distribuição típica de tensão residual, tal como seria produzida por jacto- percussão. Observe que altas tensões residuais compressivas na superfície devem ser equilibradas por tensões residuais trativas no interior da seção transversal. Na Fig. 12.16c é mostrada a distribuição de tensões devido à soma algébrica das tensões de flexão externas e das tensões residuais. Note que a tensão trativa máxima na superfí- cie é reduzida de uma quantidade igual à tensão residual compressiva que atua nesta IUma revisão detalhada do efeito da eletrodeposição na resistência à fadiga é dada por R. A. R. Hammond e C. Williams, Metal/. ReI'., vol. 5, pp. 165·223, 1%0. Fig. 12.16 Superposição das tensões aplicada e residual. supeliície. O pico de tensão trativa foi deslocado para um ponto no interior do corpo de prova, sendo sua magnitude uma função do gradiente de tensão aplicado e da distri- buição de tensões residuais. Desta forma é possível, sob estas condições, que o início da falha ocorra abaixo da superfície. Em vista do que vimos acima, deveria ser claro que as melhorias no desempenho em fadiga, decorrentes da introdução de tensões residuais compressivas na superfície, seriam maiores no caso de um carregamento em que existisse um gradiente de tensão do que para um tipo de carregamento que não resultasse na formação de um tal gradiente. Todavia, a introdução de tensões residuais compressivas na supeli"ície de corpos de prova ensaiados em fadiga sob carregamento axial promove uma melhoria acentuada nos seus desempenhos, provavelmente porque a supeliície é, em potencial. uma fonte de baixa resistência. Os principais métodos comerciais de introdução na superfície de tensões residuais compressivas favoráveis são a laminação supeliicial com cilindros especiais e a jacto- percussão.1 Embora durante estes processos ocorram algumas variações na resistência do metal devido ao encruamento, a melhoria no desempenho em fadiga deve-se fun- damentalmente à formação de tensões residuais compressivas na superfície. O pro- cesso de laminação superficial é particularmente adequado para o caso de peças gran- des. sendo utilizado freqüentemente em regiões críticas, tais como os adoçamentos dos eixos de manivelas e as superfícies de apoio de eixos de estrada de ferro. O processo de jacto-percussão consiste no jateamento, ou bombardeamento, de partículas finíssi- mas de aço ou ferro fundido contra a superfície da peça. A jacto-percussão é particu- larmente adequada para peças de pequeno porte produzidas em massa. A severidade da tensão produzida neste processo é normalmente cDntrolada pela medição da defor- mação residual por ele introduzida em barrotes chamados tiras de Almen. As princi- pais variáveis deste processo são a velocidade do jato e o tamanho. formato e dureza das partículas, mas deve-se tomar cuidado para que toda a drea tratada receba um jateamento uniforme. O polimento das superfícies submetidas a jacto-percussão. com o intuito de diminuir a sua rugosidade, resulta freqüentemente em melhoria adicional das propriedades de fadiga. Outros métodos capazes de introduzir tensões residuais compressivas na supeIikie são através de tensões térmicas produzidas pela 'têmpera do aço a partir da temperatura de revenimento e das tensões decorrentes das variações volumétricas que acompanham as mudanças metalúrgicas resultantes da cementação. nitretação e endurecimento com aquecimento por indução. É 'importante que se compreenda que a aplicação de jacto-percussão ou laminação supelficial não resulta automaticamente numa melhoria das propriedades de fadiga. É possível que a superfície seja danificada por jateamento ou laminação excessivos, sendo por isto necessáriopesquisas e ensaios para estabelecer as condições próprias que produzem a distribuição ótima de tensões residuais. Além do mais, certos proces- sos metalúrgicos produzem tensões residuais trativas supeli'iciais, como é o caso da têmpera de aços altamente endurecíveis, e este tipo de estado de tensões pode persistir para temperaturas de revenimento baixas. A retificação de aços endurecidos exige que se tenha muito cuidado em sua execução. pois caso contrário pode promover grandes decréscimos das propriedades de fadiga. Foi mostrado por pesquisadores' que, depen- dendo das condições de retificação. podem advir tensões residuais supeIi'iciais com- pressivas ou trativas. Também os métodos de polimento usualmente empregados na preparação dos corpos de prova de fadiga podem causar o aparecimento de tensões residuais na superfície. As distribuições de tensões residuais podem ser modificadas por deformação plás- tica ou ativação térmica. Quando ocorre deformação plástica considerável, estas ten- sões podem atingir o limite de escoamento. Desta forma, os períodos de sobrecarga nos ensaios de fadiga alto-ciclo ou os ensaios a altas tensões na região baixo-ciclo podem alterar a distribuição de tensões residuais através de deformação plástica. A este efeito se denomina degradação das tellsôes residllais. As tensões residuais exer- cem sua maior influência próximo do limite de fadiga, onde ocorre pequena degrada- ção. Por outro lado, a vida em fadiga é pouco afetada pelas tensões residuais em condições de aplicação de tensões altas. A ação simultânea de tensões cíclicas e ataque químico é conhecida como fadiga por corrosão.2 O ataque corrosivo sem tensão superimposta produz, muitas vezes, O apa- recimento de pites nas superfícies dos metais. Os pites atuam como entalhes e causam a redução da resistência à fadiga. No entanto, quando o ataque corrosivo ocorre simul- taneamente com o carregamento em fadiga, há uma redução muito superior das pro- priedades em fadiga, redução esta que é maior do que a produzida pela corrosão prévia da superfície, Quando a corrosão e fadiga atuam simultaneamente, o ataque químico acelera muito a taxa de propagação das trincas em fadiga. Os materiais que apresen- tam um limite de fadiga definido quando ensaiados ao ar na temperatura ambiente não apresentam indicação do limite de fadiga quando o ensaio é realizado em meio corro- sivo. Uma vez que o ataque corrosivo é um fenômeno que depende do tempo, quanto mais rápido for o ensaio menor será o dano devido à corrosão. Os ensaios de fadiga por corrosão podem ser realizados de duas maneiras. O método usual consiste em submeter o corpo de prova, continuamente, às influências combinadas de corrosão e 'L.P. Tarasov, W. S. Hyler e H. R. Letner, Am. Soe. Test. Mater. Proc., vol. 57, pp. 601-622, 1957. 'A. J. McEvily e R. W. Staehle, eds., Corrosioll Fatigue, Na!. Assoe. Corrosion Eng., I-Íouston, 1972. tensão cíclica, até que ocorra a ruptura. No ensaio de duplo-estágio, o ensaio de fadiga por corrosão é interrompido após um determinado período e o dano introduzido é avaliado através da determinação da vida restante ao ar. Este último tipo de ensaio ajudou a determi nar o mecanismo de fadiga por corrosão. J A ação da carga cíclica causa uma destruição localizada do filme de óxido superficial, permitindo que possam ser produzidos pites. É muito maior ó número de pites produzidos na fadiga por corro- são do que num ataque corrosivo sem a ação de tensões. Outro efeito da tensão cíclica é remover ou desalojar quaisquer produtos de corrosão que possam de alguma maneira impedir o avanço da corrosão. Os fundos dos pites são mais anódicos do que o resto do metal e, desta forma, a corrosão prossegue para o interior, ajudada pela destruição do filme de óxido decorrente da deformação cíclica. Quando o pite se torna pontiagudo o bastante para produzir uma grande concentração de tensões, a trinca é nucleada. Existem evidências indicando que mesmo os ensaios de fadiga realizados ao ar na temperatura ambiente são influenciados pela fadiga por corrosão. Ensaios de fadiga em cobre mostraram que a resistência à fadiga em vácuo parcial era superior à resistência na atmosfera.2 Ensaios realizados separadamente em oxigênio e vapor d 'água mostra- ram pouca redução da resistência em fadiga quando comparada àquela obtida no vá- cuo. Concluiu-se que o vapor d'água age como catalisador para reduzir a resistência à fadiga ao ar, indicando que a umidade relativa pode ser uma variável a considerar no ensaio de fadiga. Um trabalho subseqüente realizado em cobre3 mostrou que a vida em fadiga era muito mais longa em atmosfera de oxigênio puro (sem nitrogênio) do que no ar. A observação metalográfica mostrou que o desenvolvimento de bandas de desliza- mento persistentes era desacelerado quando os ensaios eram realizados em nitrogênio. Estudos adicionais sobre o efeito do meio nas tli ncas de fadiga foram realizados por Acter.4 Existem vários métodos disponíveis para minimizar o dano causado pela fadiga por corrosão. De uma maneira geral, a escolha'de um material para este tipo de ser- viço deve ser baseada nas suas propriedades de resistência à corrosão, em vez das propriedades de fadiga convencionais. Desta maneira, o aço inoxidável, bronze ou cobre-berílio prestariam, provavelmente, melhor serviço do que o aço tratado termi- camente. A proteção do metal contra o contato com o meio agressivo pode ser feita com sucesso através de cobertura metálica ou não-metálica, desde que esta não se rompa como conseqüência da deformação cíclica. As coberturas de zinco e cádmio no aço e coberturas de alumínio em ligas de alumínio Alclad podem obter sucesso em muitas aplicações de fadiga por corrosão, apesar destas coberturas poderem causar redução na resistência à fadiga quando os ensaios são conduzidos ao ar. A formação de tensões residuais compressivas na superfície tende a impedir que os entalhes super- ficiais se abram dando acesso ao meio corrosivo. A nitretação é particularmente efe- tiva no combate à fadiga por corrosão, e a jacto-percussão tem sido usada com êxito sob determinadas condições. Em sistemas fechados, é possível reduzir o ataque corro- sivo com a adição de um inibidor de corrosão. Finalmente, a eliminação de concentra- dores de tensão, através de projetos cuidadosos, é muito importante quando a fadiga por corrosão deve ser considerada. . Quando duas superfícies em contato experimentam periodicamente um pequeno mo- vimento relativo, tem origem um defeito superficial denominado dano por fricção. Este fenômeno está mais relacionado ao desgaste do que à fadiga por corrosão. No entanto, 'U. R. Evans e M. T. Simnad, Proc. R. Soe. LOlldOll, vaI. 188/ .. p:J72, 1947. 21.1. Gaugh e D. G. Sapwith,J. /IlSr. Me/., vaI. 72, pp. 415-421,1946. 'N. Thompson, N. Wadswarth e N. Lauat. Phil. Mag., vaI. I, pp. 113-126, 1956. 'M. R. Achter, Fa/igue Craek Propaga/iall, ASTM Spee. Teeh. Publ., 415, pp. 181-204, 1967. ele difere do desgaste pelo fato de que a velocidade relativa das duas superfícies é muito inferior à que normalmente se encontra no desgaste e também porque, como as duas superfícies nunca perdem o contato, não há possibilidade dos produtos de corro- são serem removidos. O dano por fricção é bastante encontrado na superfície de um eixo com um mancal ou com um cubo de roda montado sob pressão. Geralmente ocorre a formação de pites na superfície e também uma certa deterioração superficial, que normalmente é acompanhada por detritos de óxido (avermelhados para o aço e pretos para o alumínio). As trincas de fadiga quase sempre se iniciam na superfície danificada, embora- possam ser ocultadas pelos detritos de óxido. Os danos de fricção são causados por uma combinação de efeitos mecânicos e químicos. O metal é remo- vido da superfície por uma ação de esmerilhamento ou através de um processo alter- nado de descolamento e "soldagem" dos ressaltossuperficiais. As partículas removi- das se tornam oxidadas e formam um pó abrasivo que continua o processo de destrui- ção.Ocorre, então, a oxidação da superfície do metal e o filme de óxido é destruído pelo movimento relativo das superfícies. Embora a ocorrência de oxidação não seja essencial para o processo, como foi inclusive demonstrado pelo movimento relativo entre duas superfícies de ouro não-oxidáveis, este se desenvolve com intensidade muito maior quando as condições são tais que permitem sua presença. Não existem métodos de prevenção contra o dano por fricção que sejam comple- tamente satisfatórios. No entanto, ele não ocorrerá se o movimento relativo puder ser eliminado. O acréscimo da força normal às superfícies pode atingir este objetivo, porém o dano aumenta com a força normal até o ponto em que cessa o movimento relativo. Caso este movimento não possa ser eliminado, então a redução do coeficiente Ide atrito entre as partes acopladas poderá ser benéfica. Uma vez que o problema principal consiste em manter um filme lubrificante por um longo período de tempo, os lubrificantes sólidos como o MoS são os que obtêm maior sucesso. Outra maneira de .abordar o problema é aumentar a resistência ao desgaste das superfícies a fim de redu- zir o caldeamento superficial. O dano por fricção será diminuído caso a atmosfera seja excluída das duas superfícies, no entanto, isto é muito difícil de ser conseguido com um grau de efetividade alto. Foram publicadas diversas revisões excelentes sobre este assuntol,2. A maioria dos dados de fadiga existentes na literatura foram obtidos em condições de ciclos de tensões alternados onde (TIII = O. Todavia, na prática da engenharia, freqüen- temente deparamos com condições em que o carregamento consiste em uma tensão alternada superimposta a uma tensão média ou estática. A possibilidade desta situação de tensões já foi considerada na Seç. 12.2, onde foram dadas várias relações entre (TIII e Existem vários métodos de determinações de um diagrama S-N para a situação em que a tensão média é diferente de zero. A Fig. 12.17 mostra os dois métodos mais comuns utilizados para apresentação dos dados experimentais. Na Fig. 12.170 são lançados em gráficos a tensão máxima contra log N, para valores constantes da razão de tensões R = (Tlllín.!(Tlllá.r .. Este tipo de curva é obtido aplicando-se uma série de ciclos de tensão, com a tensão máxima decrescente, e ajustando-se a tensão mínima em cada caso de maneira que ela seja uma fração constante da tensão máxima. O caso da tensão completamente invertida é dado por R = - 1,0. Observe que à medida que R se torna mais positivo, o que equivale a aumentar a tensão média, o limite de fadiga medido aumenta. A Fig. 12.17b mostra os mesmos dados apresentados em termos de IR. B. Waterhouse, Proc./nst. Mech. Eng. LOlldon, vol. 169, pp. 1157-1172, 1955. 'P. L. Teed, Metal/. Rev., vol. 5, pp. 267-295, 1960. ~ ~ R=-O,3 R=-IO 106 Ciclos para romper (al Fig. 12.17 Dois métodos de apresentar os dados de fadiga quando a tens'ão média não é zero. 106 Ciclos para romper tensão alternada \'erslIs nú mero de ciclos para a frat-ura, para valores de tensão média constante. Observe que à medida que a tensão média se torna mais positiva, a tensão alternada permitida diminui. Outras maneiras de apresentar estes resultados são os gráficos da tensão máxima l'erSII.I' número de ciclos para a ruptura, para tensão média constante, e tensão máxima \'erSlIs ciclos para a ruptura, à tensão mínima constante. Para cada valor de tensão média existe um válor diferente do intervalo limite de tensões, O"máx. - O"míll., que pode ser suportado sem que ocorra a fratura. As primeiras contribuições a este problema foram feitas por Goodman', razão pela qual as curvas que apresentam a dependência do intervalo limite de tensões na tensão média são chamadas freqüentemente de diagramas de Goodmall. A Fig. 12.18 mostra um tipo comum de diagrama de Goodman que pode ser obtido a partir de dados de fadiga iguais aos que foram ilustrados na Fig. 12.17. Basicamente, este diagrama apresenta a variação do intervalo limite de tensão. O"lIui,r. - O"míll.' com a tensão média. Observe que à medida que a tensão média se torna mais trativa, o intervalo de tensões permitido é diminuído, até se tornar zero quando o limite de resistência 0"11 é atingido. Todavia, para fins práticos, o ensaio é geralmente interrompido quando é ultrapassado o limite de escoamento 0"0' Os pontos experimentais encontram-se um pouco acima ou abaixo das linhas O"mfi.r. e O"míll.' razão pela qual estas linhas mostradas na Fig. 12.18 podem Compressão -+-- ~ Tração /Tu /TO o <li '"e f- i ! -Tensão alternada - os o dados são plotados aqui ~ ea. E o tl / / Fig. 12.18 Diagrama de Goodman. ser, na realidade, curvas. Desta forma, tendo em vista esta natureza dos pontos expe- rimentais reais, uma aproximação segura do diagrama de Goodman pode ser obtida, traçando-se linhas retas a partir do limite de fadiga para tensão alternada (que normal- mente são disponíveis na literatura) até o limite de resistência à tração. Um diagrama similar ao da Fig. 12.18 pode ser construído para a resistência à fadiga em qualquer número de ciclos determinado. Existem muito poucos resultados experimentais para condições onde a tensão média é compressiva. Os dados' para o aço SAE 4340 en- saiado em fadiga axial indicam que o intervalo de tensões permitido aumenta com o acréscimo da tensão média compressiva até o limite de escoamento em compressão. Esta indicação está de acordo com o fato de tensões residuais compressivas aumenta- rem o limite de fadiga. . Um método alternativo para apresentação dos dados de tensão média está mos- trado na Fig. 12.19. Este método é às vezes conhecido como diagrama de Haig- Soderberg2. A componente de tensão alternada é disposta em gráfico contra a tensão média. A relação representada por uma linha reta segue a sugestão de Goodman, en- quanto a curva parabólica foi proposta por Gerber. Os dados experimentais para me- tais dúcteis caem, geralmente, mais próximos da curva parabólica. No entanto, devido à dispersão nos resultados e também porque os ensaios realizados em corpos de prova entalhados aproximam-se mais da reta de Goodman, a relação linear é mais utilizada nos projetos de engenharia. Estas relações podem ser expressas pela seguinte equação: onde x = 1 para a linha de Goodman, x = 2 para a parábola de Gerber e Up é o limite de fadiga para carregamento alternado (um = O). Se o projeto for baseado no limite de escoamento, como indicado pela linha pontilhada de Soderberg na Fig. 12.19. então u" deverá ser substituída por Uo na Eq. (12.22). 'J. T. Ransom, discussão em Am. Soe. Tes/. Maler. Proc., vol. 54, pp. 847-848, 1954. 'c. R. Soderberg, Tralls.ASME, vol. 52. APM-52-2, 1930. pp. 13-28. '-': "..•..•.. ..•..•.. ..•..•.. ..•..•.. Soderberg -"" ..•..•.. ..•..•.. ..•..•.. Fig. 12.19 Método alternativo de apresentar o diagrama de Goodman . A Fig. 12.19 pode ser obtida através de ensaios com tensões alternadas axial ou de tlexão com tensão ou compressão estática, ou por torção alternada com tração estática. Todavia, para torção alternada com torção estática ou para flexão alternada com torção estática, não existe efeito da tensão estática sobre o intervalo permitido de componente' de tensão alternada, desde que o limite de escoamento estático não seja ultrapassado!. Não existe um consenso geral quanto ao método adequado para aplicação de fato- res de concentração de tensões em casos de tensões média e alternada combinadas. Enquanto todas as autoridades no assunto aplicam para a componente de tensão alter- nada um fator Kf, existem controvérsias sobre quando deva ser aplicado um fator para a tensão média. Outro problema que pode gerar dúvidas está no tratamento a ser utilizado quanto às tensões residuais resultantes das tensões máximas, ou picos de tensões, que excedem o I.imite de escoamento. Estes pontos são abordados por luvi- nalF em diversos exemplos de projetos. Fuchs3 propôs uma teoria analítica da falha por fadiga em metais dúcteis. Embora esta teoria não seja peli'eita em todos os
Compartilhar