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Universidade Nove de Julho Campus São Bernardo do Campo INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO Larissa Rodrigues Santos Projeto de intervenção apresentado para conclusão na unidade curricular integrada “Projeto Integrador II”, da Graduação em Medicina no campus São Bernardo do Campo da Universidade Nove de Julho. São Bernardo do Campo 2019 2 Sumário 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 3 2. DESENVOLVIMENTO .......................................................................................... 4 2.1 Caso Clínico Integrador ................................................................................ 4 2.2 Análise Crítica do Caso Clínico Integrador .................................................... 6 2.3 Competência adquiridas nas unidades curriculares ....................................... 6 2.3.1 Bases morfofuncionais 2 (BMF 2) ........................................................... 6 2.3.2 Bases celulares e moleculares 2 (BCM 2) .............................................. 7 2.3.3 SCAPS ................................................................................................... 7 2.3.4 Mecanismos de agressão e defesa (MAD 1) .......................................... 8 2.3.5 Bioestatística .......................................................................................... 8 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 9 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 10 3 1. INTRODUÇÃO O infarto agudo do miocárdio (IAM) segundo dados epidemiológicos é a doença que possui uma taxa de mortalidade ao redor de 30%, sendo que a maioria dos óbitos acontecem nas primeira duas horas do evento e 14% morrem sem ao menos receber atendimento médico (PESARO et al., 2004). Essa doença é basicamente definida pela morte de cardiomiócitos causada por isquemia prolongada. Na maioria dos casos, essa isquemia é causada por trombose e/ou vasoespasmo sobre uma placa aterosclerótica. Os eventos mais comuns ocorrem por rotura súbita e formação de trombo sobre placas vulneráveis, inflamadas, ricas em lipídeos e com capa fibrosa delgada (PESARO et al., 2004). Um fator de risco independente para o IAM é o diabetes mellitus (DM), pois estão presentes alterações do endotélio arterial, aumento da agregação plaquetária, modificações lipídicas e lipoprotéicas, com aumento de LDL colesterol, diminuição do HDL colesterol e depósitos dessas substâncias no interior das artérias. Além disso, o DM interligado com a hipertensão arterial sistêmica (HAS) pode aumentar ainda mais o risco de morte por doenças cardiovasculares (GONDIM, et al., 2003). Os diagnósticos são feitos a partir da observação de alterações eletrocardiográficas e quando ocorre elevação de marcadores bioquímicos de necrose (MUSSI et al., 2007). O fato do IAM ser a causa líder de mortalidade no mundo ocidental, mostra que essa patologia deve ser extremamente olhada com atenção pela classe médica, pois essa doença não está só ligada ao paciente, mas, também, a fatores relacionados a um sistema médico-emergencial carente do ponto de vista dos recursos humanos e materiais necessários para que os pacientes não sejam tão lesados com o infarto. Visto isso, é necessário que se aprofunde os conhecimentos sobre o IAM para que ocorra diminuição de perda de vidas fora do hospital, como também a mortalidade hospitalar (GONDIM et al., 2003). Durante o segundo semestre do curso de medicina na unidade integrada “Projeto Integrador II”, foi proposto o estudo de quatro casos clínicos diferentes buscando aprofundar, conhecer seus agravantes e entender qual o melhor tratamento para a doença. O caso clínico escolhido para o desenvolvimento deste trabalho foi o de IAM, com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre o tema estudado e explorar as suas principais consequências no organismo humano. 4 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Caso Clínico Integrador Paciente, homem de 55 anos, com antecedente de obesidade, refere que há 6 meses vem apresentando cefaleia e mal-estar, notando um maior ganho de peso neste período. Informa que procurou atendimento médico na UBS de seu bairro algumas vezes, tendo sido informado que tanto sua glicemia como a sua pressão arterial se encontravam elevadas, mas considerou que isso fosse consequência do estresse decorrente de uma maior sobrecarga de trabalho, razão pela qual não fazia o uso do medicamento prescrito, conforme as orientações. Relata, ainda, que nas últimas semanas tem reparado que seu hálito se encontra muito forte e desagradável, mas que não costuma ir ao dentista. Nos últimos 2 meses, notou maior cansaço ao caminhar, chegando a apresentar dor em aperto no peito de moderada a forte intensidade, com sudorese fria e melhora ao interromper o esforço. Foi então encaminhado ao especialista da cidade vizinha. Há 3 semanas, no entanto, relata que vem apresentando os mesmos episódios de dor torácica, com cerca de 5 minutos de duração, mesmo em repouso. Neste momento, refere que está com a mesma dor por cerca de 20 minutos. Antecedentes pessoais: tabagista, 25 anos-maço. Antecedentes familiares: Pai falecido por infarto aos 55 anos Exame físico: REG, corado, PA 160 mmHg x 95 mmHg, P 130 bpm (taquicárdico), Peso 110 kg, Altura 175 cm; IMC 35,9, acantose nigricans cervical. Exames laboratoriais: Glicemia (jejum): 200 mg/dL; HbA1c 10%; DHL: 603 UI/L; CK- MB: 290 UI/L; Troponina: 1,5 ng/mL Bulhas rítmicas normofonéticas (BRNF) em 2T, ss Murmúrio Vesicular Presente (MV+), bilateralmente, sem ruídos adventícios Abdômen globoso, flácido, sem massas ou visceromegalias Membros inferiores: boa perfusão periférica, edema bilateral extremidades +/4. Exames Laboratoriais: 5 Glicemia (jejum): 200 mg/dL (referência: 70 -- 110 mg/dL); HbA1c 10% (referência: < 5,7%); DHL: 603 U/L (referência: < 248 U/L); CK-MB: 290 U/L (referência: < 24U/L); Troponina: 1500 ng/L (referência: < 14 ng/L); Colesterol total: 350 mg/dL (referência: < 190 mg/dL); LDLc: 200 mg/dL (referência: < 110 mg/dL); HDLc: 30 mg/dL (referência: > 40 mg/dL); TAG: 600 mg/dL (referência: < 150 mg/dL). Gasometria (arterial) em Ar ambiente pH = 7,30 (referência: 7,35 -- 7,45); [HCO3-] = 30 mEq/L (referência: 22 -- 26 mEq/L); paCO2 = 60 mmHg (referência: 35 -- 45 mmHg); paO2 = 40 mmHg (referência: 75 -- 100 mmHg); SatO2 = 85% (referência: 94 -- 100%). Eletrocardiograma Figura 1. Eletrocardiograma. Fonte: Caso clínico integrador. 6 2.2 Análise Crítica do Caso Clínico Integrador No caso clínico em questão, o paciente além de notar cansaço ao caminhar, também apresentava aperto no peito de moderada a forte intensidade, com sudorese fria e melhora ao interromper o esforço. Tais sintomas estão ligados ao Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), pois o quadro clínico típico é caracterizado por dor precordial em aperto à esquerda, irradiando para o membro superior esquerdo, de grande intensidade e prolongada (maior do que 20 minutos). E em pacientes diabéticos, idosos ou no período pós-operatório, o infarto pode acontecer sem sintomas de dor, mas com náuseas, mal-estar, dispneia, taquicardia ou até mesmo confusão mental (PESARO et al., 2004). Analisando isso, pode-se enquadrar o paciente dentro de uma emergência médica relacionada ao IAM e é importante que tenha um atendimento rápido e de qualidade. Pois sabe-se que mais de dois terços de todas as mortes súbitas por IAM acontecem fora do ambiente hospitalar, e a grande maioria é dentro das duas primeiras horais iniciais após os sintomas, sendo a causa mais comum afibrilação ventricular (PESARO et al., 2004). Dentro da minha análise, os exames que foram realizados estão corretos, contundo, o paciente deveria ter sido mais bem orientado sobre a sua real situação de saúde e quais os tratamentos adequados para que sua qualidade de vida pudesse ser melhor. Afinal, o IAM neste individuo é resultado de uma má qualidade de vida, pois ele é diabético, tabagista e sofre de hipertensão arterial sistêmica, sendo esses fatores importantes para desencadear doenças cardiovasculares (PESARO et al., 2004). 2.3 Competência adquiridas nas unidades curriculares 2.3.1 Bases morfofuncionais 2 (BMF 2) O paciente em questão apresenta sinais clínicos característicos de Infarto agudo do miocárdio (IAM). Isso pode ser identificado por conta da taquicardia em conjunto com a hiperglicemia, que é um sintoma de IAM para pessoas portadoras de diabetes. Além disso, há alterações em seu eletrocardiograma (ECG). 7 Segundo o que foi estudado na disciplina Base Morfofuncionais 2 (BMF 2), pode-se dizer que nesse ECG o ritmo se encontra sinusal, pois apresenta a onda P. Além disso, esse paciente pode estar com o débito cardíaco afetado negativamente, pois apresenta hipertensão arterial, que aumenta o trabalho do miocárdio para vencer a pressão arterial aórtica que está elevada (MUSSI et al., 2007). Outros pontos observados que são compatíveis com a doença coronariana, é o cansaço aos esforços, mas principalmente as dores torácicas ligadas à sudorese, que acontecem com a prática de exercícios, sendo aliviadas com o repouso. Conforme a doença avance, a dor torácica tende a acontecer mesmo no repouso, pois a patologia começa no estágio de angina estável (dor alivia com o repouso), migra para angina instável (não alivia com o repouso) e o infarto propriamente dito, que ocorre pela necrose do músculo cardíaco (SILVERTHORN, 2017). Fora isso, o paciente se declara tabagista, fator que causa um desequilíbrio do sistema nervoso autônomo, com alta estimulação simpática, elevando então a pressão pela ação de vasoconstrição nos vasos periféricos (SILVERTHORN, 2017). 2.3.2 Bases celulares e moleculares 2 (BCM 2) Juntamente com a disciplina de Bases Celulares e Moleculares 2 (BCM 2), podemos observar que o paciente apresenta alto índice de colesterol que influencia na restrição do fluxo sanguíneo e do aporte de oxigênio e nutrientes do coração causando a morte celular por necrose. Pois ocorre, um processo inflamatório no local, com a liberação dos padrões moleculares associados a danos pela célula necrosada, com isso ocorre a ativação do sistema imune com intuito de eliminar o tecido que sofreu o dano, a consequência é o processo de cicatrização e perda de função (LEHNINGER; COX, 2014). O paciente também apresenta hiperglicemia, que favorece a presença de produtos de glicação avançada (AGEs) nos vasos sanguíneos, que pode resultar em arteriolosclerose hialina. Além disso, os AGEs favorecem a ocorrência de Lipoproteínas de baixa densidade (LDL), que favorecem a formação de placas de aterosclerose (LEHNINGER; COX, 2014). 8 2.3.3 SCAPS Com base na disciplina de SCAPS que o paciente foi atendido seguindo o princípio de Regionalização do SUS, pois ele foi atendido na UBS e posteriormente encaminhado para um especialista na cidade vizinha. Além disso o núcleo ampliado de saúde da família (NASF) também poderá ajudar o indivíduo com ações em grupo de promoção e prevenção à saúde, nesse caso com auxílio nutricional para melhora do seu quadro de diabetes e hipertensão arterial sistêmica. Outro dado importante, é que segundo os dados epidemiológicos da Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são principal causa de morte que predomina atualmente no Brasil, mostrando a importância de se estudar epidemiologia para que se possam criar medidas para que esse número diminua conforme os anos passem, além de melhorar a capacitação de profissionais de saúde (GORDIS, 2017). 2.3.4 Mecanismos de agressão e defesa (MAD 1) Na disciplina de Mecanismo de Agressão e Defesa 1 (MAD 1), foi aprendido que células do sistema imune, como monócitos, macrófagos, neutrófilos se apresentam na fase aguda do processo inflamatório e linfócitos na fase crônica da inflamação. O paciente em questão também é portador de obesidade, que acarreta o excesso de tecido adiposo, que secreta as adipocinas (proteínas sintetizadas e secretadas pelo tecido adiposo) e são responsáveis por desencadear ainda mais o processo inflamatório crônico, envolvendo as citocinas IL-1, IL-2, IL-6, IL-8, TNF-alfa e leptina. A obesidade é caracterizada como uma inflamação crônica (ROBINS, et al., 2016). 2.3.5 Bioestatística Para terminar, na disciplina de Bioestatística, envolvemos as variáveis preditoras que são os sintomas do paciente como pressão arterial e IMC elevados e o tabagismo que desembocam na varável desfecho, o infarto agudo do miocárdio. (VIEIRA, 2008). 9 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS O portfólio desenvolvido permitiu o desenvolvimento de muitas habilidades, não apenas do tema em si, mas na organização de pesquisas científicas sobre um tema que eu tenho muito interesse e que gostaria muito de estudar mais profundamente no futuro. É muito importante que o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) seja estudado com atenção, pois ele é a causa líder de mortalidade mundial. Com isso, devemos entender que o paciente necessita saber do seu real problema de saúde e que a classe médica, deve cada vez mais aprofundar os seus conhecimentos sobre o assunto para que a população não seja tão lesada com essa patologia. Entretanto, pessoalmente esse semestre para mim foi muito difícil, não pelo conteúdo acadêmico, mas durante os últimos meses desenvolvi o distúrbio de ansiedade com o qual eu nunca havia me deparado antes. Fator esse que me deixou um pouco desesperada em certos momentos achando que eu não daria conta de estudar tudo o que eu necessitava, mas ao longo do período eu fui conhecendo melhor o meu corpo e consegui conclui-lo com êxito. No presente trabalho consegui atingir as seguintes competências do ANASEM 8, 9 e 13 porque consegui realizar objetivos como a busca, organização, relação e aplicação de todos os dados e informações que foram pesquisados com base em evidências científicas, garantido assim que todas as informações passadas são seguras para um desenvolvimento apropriado no processo de atenção à saúde. O Projeto Integrador 2 foi muito parecido com o do primeiro semestre. Mas o que com certeza mudou foi a minha maturidade para com a faculdade, hoje me sinto mais segura para o desenvolvimento de pesquisas e trabalhos, mesmo sabendo que ainda tenho muito a aprender para aprimorar cada vez mais minhas técnicas em pesquisa para um melhor aproveitamento no meu aprendizado acadêmico. 10 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GONDIM, Leandra de Gouveia Pacheco; DE OLIVEIRA, Wanderson Almeida; GROSSI, Sonia Aurora Alves. A diferenciação da dor do infarto agudo do miocárdio entre pacientes diabéticos e não-diabéticos. Rev Latino-am Enfermagem. vol. 11, n. 6, p. 720-6. São Paulo, 2003. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/26366976_A_diferenciacao_da_dor_do_in farto_agudo_do_miocardio_entre_pacientes_diabeticos_e_nao-diabeticos>. Acesso em: 12 nov. 2019. GORDIS, Leon. Epidemiologia. 5 ed. Brasil: Thieme Revinter, 2017. LEHNINGER, David; COX, Michael. Princípios de Bioquímica de Lehninger. 6 ed. Brasil: Artmed, 2014. MANSUR, Paulo Henrique Garcia et al. Análise de Registros Eletrocardiográficos Associados ao Infarto Agudo do Miocárdio. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. vol. 87, n. 2, p.106-114. Uberlândia, 2005 Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abc/v87n2/a07v87n2.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2019. MUSSI, Fernanda Carneiro et al. Entraves no acesso à atenção médica: vivênciasde pessoas com infarto agudo do miocárdio. Rev Assoc Med Bras. vol. 53, n. 3, p. 234-9. Bahia, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ramb/v53n3/a21v53n3.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2019. ROBINS, Stanley L et al. Robins e Cotran Patologia – bases patológicas das doenças. 9 ed. Brasil: Guanabara Koogan, 2016. PESARO, Antônio Eduardo Pereira; JR, Carlos Vicente Serrano; NICOLAU, José Carlos. Infarto agudo do miocárdio: síndrome coronariana com supradesnível do segmento ST. Rev Assoc Med Bras. vol. 50, n. 2, p. 214-20. São Paulo, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ramb/v50n2/20786.pdf>. Acesso em: 08 nov. 2019. SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia Humana: Uma abordagem integrada. 7 ed. Brasil: Artmed, 2017. https://www.researchgate.net/publication/26366976_A_diferenciacao_da_dor_do_infarto_agudo_do_miocardio_entre_pacientes_diabeticos_e_nao-diabeticos https://www.researchgate.net/publication/26366976_A_diferenciacao_da_dor_do_infarto_agudo_do_miocardio_entre_pacientes_diabeticos_e_nao-diabeticos http://www.scielo.br/pdf/abc/v87n2/a07v87n2.pdf http://www.scielo.br/pdf/ramb/v53n3/a21v53n3.pdf http://www.scielo.br/pdf/ramb/v50n2/20786.pdf 11 VIEIRA, Sonia. Introdução a bioestatística. 4 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
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