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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS PERÍCIA CONTÁBIL DOCENTE: Mariana Siqueira Vilela marianasiqueiravilela@gmail.com • AULA 04: Planejamento da Perícia NBC 113 Conceito e objetivos Planejamento Execução Procedimentos Laudo contábil pericial Parecer pericial PLANEJAMENTO DA PERÍCIA • É a etapa do trabalho pericial que antecede as diligências, pesquisas, cálculos e respostas aos quesitos; • Nessa etapa estabelece-se a metodologia que será utilizada e os procedimentos a serem aplicados. • O perito não pode errar, tem para isto que precaver-se de todos os meios a seu alcance; • O erro do perito pode levar a falsa prova e prejudicar um dos demandantes. • Deve levar em consideração: ▫ Objetivo da perícia; ▫ Limitação da matéria; ▫ Prazo; PLANEJAMENTO DA PERÍCIA • Características de um bom plano de perícia: ▫ Unidade (técnica); ▫ Precisão (segurança); ▫ Especificidade; ▫ Clareza; ▫ Capacidade de distribuição; ▫ Capacidade de síntese; ▫ Segurança. PLANEJAMENTO DA PERÍCIA • Fatores relevantes: ▫ Conhecer bem o objetivo da perícia e ter domínio acerca da área e dos procedimentos necessários; ▫ Ter capacidade de estimar precisamente o tempo de duração do trabalho e o valor a ser cobrado; ▫ Ter capacidade de prever e calcular eventuais problemas durante a execução; ▫ A natureza, a oportunidade e a extensão dos procedimentos de perícia a serem aplicados; PLANEJAMENTO DA PERÍCIA • OBJETIVOS: ▫ Conhecer o objeto; ▫ Definir a natureza e extensão; ▫ Estabelecer condições para o cumprimento do trabalho no prazo; ▫ Identificar problemas e riscos; ▫ Identificar fatos importantes para a solução da demanda; ▫ Identificar legislação aplicável; ▫ Realizar a divisão de tarefas; ▫ Facilitar a execução e a revisão do trabalho. PLANEJAMENTO DA PERÍCIA • Conhecer o objeto: ▫ É fundamental para que haja a adoção de procedimentos que conduzam à revelação da verdade, a qual subsidiará o juízo, o árbitro ou o interessado a tomar a decisão a respeito da lide; • Definir a natureza e a extensão: ▫ Essencial para o perito compreender o que deve ser explorado e não exceder esse limite; PLANEJAMENTO DA PERÍCIA • Identificar potenciais problemas e riscos ▫ Alguns problemas podem acontecer no decorrer da perícia como ausência de algum documento contábil necessário ao exame ou dificuldade de acesso a esses materiais; ▫ O perito necessita ter ciência disso para estabelecer um prazo possível de ser cumprido. • Identificar fatos importantes para a solução da demanda ▫ O perito tem que conseguir visualizar eventuais detalhes pois muitas vezes são eles que fazem a diferença. PLANEJAMENTO DA PERÍCIA • Realizar a divisão de tarefas ▫ Algumas vezes o perito possui uma equipe que mutuamente realiza a perícia; ▫ É essencial que no planejamento da perícia haja a determinação das tarefas de cada um, evitando que ocorra confusão na execução das atividades. • Facilitar a execução e revisão do trabalho ▫ O objetivo do planejamento é que ele facilite a perícia ao máximo; ▫ Assim, cabe ao perito procurar a forma mais eficiente de realizar cada etapa; ▫ Também é essencial que o perito determine alguém para revisar o seu trabalho e que seja disponível para realizar alterações caso seja necessário. ETAPAS DO PLANO DE TRABALHO • Pleno conhecimento da questão (se for judicial, pleno conhecimento do processo, incluindo os quesitos); • Pleno conhecimento de todos os fatos que motivam a tarefa; • Levantamento dos elementos disponíveis para exame; • Prazo para a execução da tarefa e para a entrega do Laudo ou parecer; • Acessibilidade aos dados necessários (diligências, deslocamentos, etc.); • Pleno conhecimento dos sistemas contábeis adotados e confiabilidade na documentação; • Natureza dos apoios, caso sejam necessários. ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO DA PERÍCIA • Os documentos dos autos servem como suporte para obtenção das informações necessárias à elaboração; • Deve ser mantido por qualquer meio de registro que facilite o entendimento dos procedimentos a serem adotados e sirva de orientação adequada à execução do trabalho; • O planejamento deve ser revisado e atualizado sempre que fatos novos surjam no decorrer da perícia; • O planejamento deve ser realizado pelo perito-contador, ainda que o trabalho venha a ser realizado de forma conjunta com o perito-contador assistente, podendo este orientar-se no referido planejamento. ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO DA PERÍCIA • O perito, na fase de elaboração do planejamento, com vistas a elaborar a proposta de honorários, deve avaliar os riscos decorrentes de responsabilidade civil, despesas com pessoal e encargos sociais, depreciação de equipamentos e despesas com manutenção do escritório; • Quando a perícia exigir a necessidade de utilização de trabalho de terceiros, o planejamento deve prever a orientação e a supervisão do perito, que assumirá responsabilidade pelos trabalhos executados exclusivamente por sua equipe de apoio. ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO DA PERÍCIA • Quando a perícia exigir a utilização de perícias interdisciplinares ou trabalho de especialistas, estes devem estar devidamente registrados em seus conselhos profissionais, quando aplicável, devendo o planejamento contemplar tal necessidade. ELEMENTOS DISPONÍVEIS PARA EXAME • É necessário conhecer-se os elementos disponíveis para exame, para se elaborar um plano de trabalho pericial; • Nem sempre os elementos que se encontram à disposição do perito são suficientes para se realizar a tarefa; • Se por exemplo for solicitado pela parte um exame de custos e a empresa não possui contabilidade de custos, faltarão elementos para a realização do trabalho. ACESSO AOS DADOS NECESSÁRIOS • Para planejar o trabalho pericial é necessário conhecer a facilidade ou dificuldade que se pode ter para chegar até os dados que são objeto de exame, assim como a qualidade para leitura e manuseio desses elementos; • Em certos casos, os dados se encontram em péssimo estado de conservação, dificultando seu manuseio; • Outras vezes ainda, dependem de informes de terceiros não implicados na questão que procrastinam ou tendem a procrastinar o seu fornecimento. SISTEMAS CONTÁBEIS ADOTADOS E CONFIABILIDADE • Para um plano pericial surtir efeito é necessário conhecer os sistemas contábeis adotados e o grau de confiabilidade na documentação, para que se possa identificar os recursos tecnológicos que deverão ser empregados; • O Perito precisa ter um conhecimento razoável de sistemas contábeis, principalmente em relação à informática, utilizado na maioria das entidades; • Não havendo confiabilidade é preciso encontrar o caminho que a ela conduza, ou então, declarar a impossibilidade de obtenção de elementos que produzam uma opinião de qualidade. CONTEÚDO DO PLANO PERICIAL • Os planos periciais têm o conteúdo compatível com o objeto de exame, adaptando-se a cada caso de acordo com os sistemas contábeis, a documentação existente e a natureza do serviço; • Por exemplo: ▫ Uma Empresa com três sócios em partes iguais, em determinado momento há uma divergência séria de um deles contra os demais, levando-o a querer sair da sociedade. A proposta dos dois sócios remanescentes para o sócio dissidente é, segundo este, inferior ao que julga ter direito. Em vista disso, inicia uma ação judicial para apuração de haveres, na qual é solicitada a perícia, que é aceita pelo juiz. CONTEÚDO DO PLANO PERICIAL (EXEMPLO) • CASO: Apuração de haveres CONTEÚDO DO PLANO PERICIAL (EXEMPLO) • CASO: Apuração de haveres CONTEÚDO DO PLANO PERICIAL • Em perícia judicial, o juiz determina o levantamento de balanço patrimonial de uma das partes envolvidas (pessoa jurídica), em data de O perito indicado deverá organizar, no mínimo, o seguinte planejamento: ▫ Solicitação à parte envolvida dos livros diário e razão do ano de 2004, bem como da documentação contábil relacionada.▫ Estimar, com base no porte da pessoa jurídica e suas atividades, o número de horas necessárias aos procedimentos de levantamento do balanço, para que o cumprimento do prazo fixado pelo juiz seja executado a contento. CONTEÚDO DO PLANO PERICIAL ▫ Verificar, nos autos, a causa que deu origem ao pedido do juiz, para conhecer os detalhes. ▫ Se as atividades da pessoa jurídica envolverem alguma especialidade técnica no ramo contábil (como, por exemplo, se a parte for uma cooperativa), o perito deve ter os conhecimentos pertinentes à legislação específica da matéria. ▫ Verificar no próprio local da perícia (contabilidade da empresa), se esta possui estrutura adequada para atendimento e execução dos procedimentos, disponibilidade de acesso aos arquivos, etc. CONTROLES DOS PLANOS PERICIAIS • Quanto mais deficientes forem os controles internos mais riscos tendem a agravar a opinião dos peritos, exigindo cautelas especiais; • Nem todas as perícias precisam que se façam verificações no grau de confiabilidade dos controles internos; • Nos casos em que isto ocorrer, é preciso que o perito adote procedimentos semelhantes aos de auditoria e faça sondagens nos itens mais vulneráveis do sistema para estabelecer o grau de confiabilidade sobre esses controles internos. PRAZO PARA EXECUÇÃO DA TAREFA • É comum nas perícias, os juízes, os administradores e os interessados fixarem prazos para a realização do trabalho; • No caso das perícias judiciais, os prazos são fatais. A lei fixa esses limites; • Em vista disso, além de conhecer as razões, os fatos e os elementos é preciso mensurá-los diante do tempo disponível; • O melhor critério é realizar um cronograma, comparando o tempo necessário para a execução, com o prazo estipulado. CRONOGRAMA DA PERÍCIA O perito-contador deve levar em consideração que o planejamento da perícia, quando for o caso, inicia-se antes da elaboração da proposta de honorários, considerando-se que, para apresentá-la ao juízo, árbitro ou às partes no caso de perícia extrajudicial, há necessidade de se especificar as etapas do trabalho a serem realizadas; O planejamento da perícia deve evidenciar as etapas e as épocas em que serão executados os trabalhos, em conformidade com o conteúdo da proposta de honorários a ser apresentada, incluindo-se a supervisão e a revisão do próprio planejamento, os programas de trabalho quando aplicáveis, até a entrega do laudo. CRONOGRAMA DA PERÍCIA No cronograma de trabalho, devem ficar evidenciados, quando aplicáveis, todos os itens necessários à execução da perícia, de forma a assegurar que todas as etapas necessárias à realização da perícia sejam cumpridas; Para cumprir o prazo determinado ou contratado para realização dos trabalhos de perícia, o perito deve considerar em seus planejamentos, quando aplicáveis, entre outros, os seguintes itens: ▪ O conteúdo da proposta de honorários apresentada pelo perito-contador e aceita pelo juízo, pelo árbitro ou pelas partes no caso de perícia extrajudicial ou pelo perito-contador assistente; ▪ O prazo suficiente para solicitar e receber os documentos, bem como para a execução e a entrega do trabalho; ▪ A programação de viagens, quando necessárias. CONCLUSÃO DO PLANEJAMENTO DE PERÍCIA A conclusão do planejamento da perícia ocorre quando o perito-contador completar as análises preliminares, dando origem, quando for o caso, à proposta de honorários (nos casos em que o juízo ou o árbitro não tenha fixado, previamente, honorários definitivos), aos termos de diligências e aos programas de trabalho. MODELO DE PLANEJAMENTO MODELO DE PLANEJAMENTO METODOLOGIA EM PERÍCIA CONTÁBIL O método depende sempre do objeto do exame; Quando a matéria é parcial, examina-se tudo, ou seja a globalidade do universo de exame; Quando a matéria é demasiadamente ampla, utiliza-se a amostragem (mas sempre como exceção); Ao contrário da auditoria, o método básico da perícia é o analítico e de maior abrangência; METODOLOGIA EM PERÍCIA CONTÁBIL Por este motivo é necessário que: ▪ O objetivo seja bem identificado; ▪ O trabalho seja planejado de forma competente; ▪ A execução deve ser baseada em evidências inequívocas, plenas e totalmente confiáveis; ▪ A conclusão deve ser emitida somente com absoluta segurança e com muita cautela; ▪ O laudo deve ser redigido de forma clara, precisa e inequívoca. ELEMENTOS MATERIAIS DO EXAME PERICIAL DOCUMENTAL: ▪ Todos os elementos ao alcance do perito devem ser utilizados, preferencialmente, os que tenham capacidade legal de prova; ▪ Assim, livros comerciais e fiscais, listagens de computador e documentos em geral, são elementos essenciais para exame; ▪ Os documentos precisam estar revestidos das características legais e de acordo com os princípios e normas contábeis; ▪ Indícios, suspeitas e tendências devem ser analisadas para que se confirmem ou não como provas. ELEMENTOS MATERIAIS DO EXAME PERICIAL PESSOAL: ▪ O Perito pode utilizar auxiliares e especialistas, porém, não transfere sua responsabilidade por delegar tarefas. ▪ O Perito deve ter o máximo de cautela e rigor na escolha de especialistas ou auxiliares, pois corre todos os riscos. DIFERENÇAS ENTRE PERÍCIA, AUDITORIA E DEVASSA São três, as principais diferenças entre perícia e Auditoria: ▪ Objetivo – Enquanto a auditoria se caracteriza em uma revisão e atestação, a perícia é produção de prova; ▪ Método - enquanto a Auditoria consagra o exame por amostragem a Perícia tem como escopo a totalidade do universo para produzir prova; ▪ Periodicidade – Enquanto a auditoria é cíclica (anual) a perícia é eventual e pode nunca mais se repetir. PERÍCIA X AUDITORIA PERÍCIA • Serve a uma necessidade; • Realizada apenas por pessoas físicas; • Repele a amostragem; • Não é preventiva; • É mais uma produção de prova; • Partes e justiça. AUDITORIA • É uma necessidade constante; • Realizada por pessoa física ou jurídica; • Utiliza a amostragem; • É preventiva; • É mais uma revisão; • Sócios, investidores e administradores. DIFERENÇAS ENTRE PERÍCIA, AUDITORIA E DEVASSA Existem muitos pontos em comum, mas são diferentes na essência; A perícia contábil pode se transformar em devassa, mas também não se confunde com tal tarefa; A devassa é um exame integral, sem nada excluir, com maior tempo de execução, interessada em conhecer todas as irregularidades que um evento tenha provocado.
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